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Experimento A5 – Colisões

Gabriela Rodrigues, Maria Clara Coutinho e Silas R Falcao


Curso Engenharia Elétrica, Departamento Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Espírito Santo,
Caixa Postal 9011, Vitória, Espírito Santo, 29060-970, Brasil
e-mail: gabriela.r.carvalho@ufes.br, maria.c.medeiros@ufes.br, silas.r.silva@ufes.br
Código da Disciplina: FIS09057

Resumo. Visando estudar as colisões elásticas e inelásticas, utilizou-se o trilho de ar, carrinhos com
aparato que tornava a colisão elástica ou perfeitamente inelástica e, com o auxílio do
multicronômetro digital, calculou-se as velocidades anteriores e posteriores à colisão. Verificou-se a
conservação da energia cinética em colisões elásticas e a conservação do momento linear para ambas
as colisões.

Introdução
exemplo, quando dois corpos em movimento
O momento linear é uma grandeza vetorial
relativo se encontram, ocorre uma mudança de suas
relacionada a um corpo ou conjunto de corpos. Para
velocidades e, consequentemente, de seus momentos
um único corpo é dado por:
lineares.
𝑝⃗ = 𝑚 ⋅ 𝑣⃗
As colisões, do ponto de vista teórico, são
Em um sistema de n partículas, o momento linear
divididas em colisões elásticas e inelásticas. Na
total é a soma dos momentos individuais:
𝑛 primeira, a energia do sistema é conservada, na
segunda, ocorre conversão da energia mecânica em
∑ 𝑝⃗𝑖
outras formas de energia.
𝑖=1
Por meio desta definição de momento linear é Considere a situação da Figura 1. Um corpo de
possível reescrever a segunda Lei de Newton para massa m1 com velocidade inicial v1i colide com um
um caso mais geral, que não dependa da massa do corpo de massa m2 em repouso.
corpo ser constante. Assim, Se a colisão for elástica, a informação das
𝑑𝑝⃗ velocidades iniciais dos corpos é suficiente para
∑𝐹⃗ = determinar a velocidade final deles. Usando as
𝑑𝑡
Dessa forma, considerando um sistema sujeito equações de conservação do momento linear e da
apenas a forças internas (ou tal que as forças externas energia cinética encontra-se que:
𝑚1 − 𝑚2
estejam presentes, mas sempre se anulem), a força 𝑣⃗1𝑓 = 𝑣⃗1𝑖
resultante será dada pela soma de forças internas. 𝑚1 + 𝑚2
Pela terceira Lei de Newton, para toda força aplicada 𝑣⃗ = 2𝑚1 𝑣⃗
2𝑓
existe uma reação oposta a ela. Portanto, ao realizar 𝑚1 + 𝑚2 1𝑖
o somatório das forças no sistema, a resultante será Se a colisão for uma colisão perfeitamente
sempre o vetor nulo. Segue então que: inelástica, os dois corpos saem com a mesma
𝑑𝑝⃗ velocidade (“grudados”) e é possível determinar esta
= 0 ⇒ 𝑝⃗ = 𝑝⃗0 velocidade final através da conservação do momento
𝑑𝑡
Ou seja, o momento linear se conserva na linear.
𝑚1
ausência de forças externas. 𝑣⃗1𝑓 = 𝑣⃗2𝑓 = 𝑣⃗1𝑖
A energia mecânica por sua vez, é a soma da 𝑚1 + 𝑚2
energia cinética e potencial e sua conservação ocorre A energia cinética inicial do sistema é:
1
na ausência de forças dissipativas. Exemplos de 𝐾 = 𝑚 𝑣⃗ 2
𝑖
dissipação de energia em colisões são emissões de 2 1 1𝑖
Na situação da colisão elástica a energia cinética
calor e de ruído no choque.
final será igual à inicial e na colisão inelástica:
David Halliday define a colisão como uma
𝑚12
situação na qual “a força exercida sobre o corpo é de 𝐾𝑓 = 𝑣⃗ 2
curta duração, tem um módulo elevado e provoca 2(𝑚1 + 𝑚 2) 1𝑖
uma mudança brusca do momento do corpo”. Como Assim, a variação de energia cinética é:
𝑡𝑖𝑚2 [𝑠] → 𝑡𝑓𝑚1 𝑒 𝑚2 [𝑠] →
𝑡1[𝑠] 0,05395 2,00830
𝑡2[𝑠] 0,10820 2,18350 são acionados pelos retângulos opacos e contam o
𝑡3[𝑠] 0,16290 2,36090 tempo entre uma passagem e outra. Foram utilizados
𝑡4[𝑠] 0,21790 2,53875 dois sensores ao todo.
Para a simulação de uma colisão elástica, o
𝑡5[𝑠] 0,27145 2,71435
primeiro sensor foi posicionado para contabilizar os
𝑡6[𝑠] 0,32780 2,88880
tempos de ida e volta do primeiro carrinho e o
𝑡7[𝑠] 0,38290 3,06240
segundo sensor contabilizou o tempo de travessia do
𝑡8[𝑠] 0,43860 3,23545 segundo carrinho após a colisão.
𝑡9[𝑠] 0,52930 3,40685 O lançamento foi feito na extremidade do trilho
𝑡10[𝑠] 0,71400 3,57560 com o auxílio de uma mola impulsionadora, para
isso, garantiu-se que o trilho estava na horizontal
𝑡𝑖𝑚1 [𝑠] → 𝑡𝑓𝑚1 [𝑠] ← através de um medidor de nível e que o mesmo
𝑡1[𝑠] 0,06085 1,63900 estava em repouso.
𝑡2[𝑠] 0,12165 1,81445 Para a colisão inelástica, utilizou-se a mesma
𝑡3[𝑠] 0,18270 1,99420 disposição de sensores e foram adicionados suportes
𝑡4[𝑠] 0,24405 2,17390 nas extremidades dos dois carrinhos. Na colisão,
𝑡5[𝑠] 0,30505 2,35460 estes suportes se acoplarão, simulando desta forma
𝑡6[𝑠] 0,48910 2,53270 uma colisão inelástica. A massa dos carrinhos foi
𝑡7[𝑠] 0,65920 2,72180 mensurada novamente para incluir a mudança de
massa causada pela troca dos suportes.
𝑡8[𝑠] 0,82800 2,90815
𝑡9[𝑠] 0,99700 3,09845
Resultados e Discussão
𝑡10[𝑠] 1,16560 3,10050

𝑚2
Δ𝐾 = 𝐾𝑖
𝑚1 + 𝑚2

Tabela 1 - Tempo de passagem para cada


detecção no sensor S0 na ida e volta do carrinho 1.
A massa do carrinho1: = (225,12 ± 0,01) g

𝑡𝑖𝑚2 [𝑠] →
Figura 1 – Representação da colisão entre dois 𝑡1[𝑠] 1,42755
corpos 𝑡2[𝑠] 1.53645
𝑡3[𝑠] 1,64655
𝑡4[𝑠] 1,75755
𝑡5[𝑠] 1,86740
Procedimento Experimental
𝑡6[𝑠] 1,97745
Para esse experimento, utilizou-se um trilho de ar 𝑡7[𝑠] 2,08695
comprimido e dois carrinhos capazes de percorrer 𝑡8[𝑠] 2,19650
sobre ele sem atrito. Os carrinhos possuem uma 𝑡9[𝑠] 2,30600
sequência de retângulos com mesmo espaçamento, 𝑡10[𝑠] 2,41400
que varia entre material transparente e opaco. Em um Tabela 2 - Tempo de passagem para cada
dos carrinhos, adicionou-se seis massas adicionais. detecção no sensor S1 pelo carrinho 2. A massa do
Após, as massas de ambos os carrinhos foram carrinho 2: = (545,86 ± 0,01) g
mensuradas utilizando uma balança digital.
Foram posicionados sensores fotoelétricos que,
ao serem conectados a um multicronômetro digital,
Carrinho 2:

Tabela 3 - Tempo de passagem entre os sensores


S0 e S1 para colisão inelástica. Diante a esses dados a velocidade média obtida
no carrinho 1 e 2 foi respectivamente:
Resultados e Discussão
0.200 ± 0.004 e 0.1641 ± 0.0007 [m/s]
A partir das medições realizadas, calculou-se a
velocidade média, energia cinética e o momento Com a velocidade média e sua incerteza obtidas
linear, bem como as incertezas desses valores. foi possível calcular o momento linear juntamente
com a energia cinética, utilizando as fórmulas:
Para colisão elástica
𝑄 = 𝑚 ∙ 𝑣⃗ e 𝐸𝑐 = 1 𝑚 ∙ 𝑣⃗2
2

Utilizando a formula E os seguintes valores foram obtidos:


0.018 𝑚
𝑣⃗𝑖𝑠 𝑜 = [ ]
𝑡𝑖 𝑠 Carrinho 1:

Foram obtidos os seguintes resultados: 𝑝⃗𝑖 = 0,0480 ± 0.0001 𝑝⃗𝑓 = −0,023 ±


0.0005
Carrinho 1:
𝐸𝑐𝑖 = −0,004 ± 0,0001 𝐸𝑐𝑓 = 0.001 ±
v (antes da colisão) [m/s] 0.00006
𝑣⃗1 0,30 ± 0.09
𝑣⃗2 0,30 ± 0.09 Logo:
𝑣⃗3 0,29 ± 0.09
𝑣⃗4 0,29 ± 0.09 ∆𝑝⃗ = −0,0716 ± 0,0005
𝑣⃗5 0,30 ± 0.09
𝑣⃗6 0,30 ± 0.09 e
𝑣⃗7 0,1 ± 0.1
𝑣⃗8 0,1 ± 0.1 ∆𝐸𝑐 = −0,0036 ± 0,0002
𝑣⃗9 0,1 ± 0.1
𝑣⃗10 0,1 ± 0.1 Carrinho 2

𝑝⃗𝑖 = 0 𝑝⃗𝑓 = 0,0890 ± 0.0004

𝐸𝑐𝑖 = 0 𝐸𝑐𝑓 = 0.00730 ± 0.00006

Logo:

∆𝑝⃗ = 0,0890 ± 0,0004

∆𝐸𝑐 = 0,00730 ± 0,00006


Assim, foi possível calcular o p e Ec resultantes: 𝐸𝑐𝑖−𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0.023 ± 0.0003
𝐸𝑐𝑓−𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0.006 ± 0.0005
∆𝑝⃗ = 0,0173 ± 0,0008
Logo:
∆𝐸𝑐 = 0,0036 ± 0,0003
∆𝑝⃗ = 0,0022 ± 0,0005

∆𝐸𝑐 = −0,0087 ± 0,0001

Conclusão
Colisão inelástica
Buscou-se analisar, através deste relatório, as
consequências de colisões elásticas e inelásticas.
v (antes da colisão) [m/s]
Um carrinho foi impulsionado sobre um trilho de ar
𝑣⃗1 0,333 ± 0.007
para colidir com um outro carrinho de menor massa
𝑣⃗2 0,332 ± 0.005
que estava estático.
𝑣⃗3 0,330 ± 0.002 Para a colisão elástica, uma mola foi posicionada na
𝑣⃗4 0,327 ± 0.003 extremidade do primeiro carrinho. Já na inelástica,
𝑣⃗5 0,336 ± 0.009 um sistema de acoplamento foi utilizado.
𝑣⃗6 0,319 ± 0.008 Através de sensores fotoelétricos, mediu-se a
𝑣⃗7 0,327 ± 0.0003 velocidade inicial e final do sistema.
𝑣⃗8 0,323 ± 0.004 Os resultados de momento linear e de energia foram
𝑣⃗9 0,2 ± 0.1 diferentes do esperado pelos cálculos teóricos. Essa
𝑣⃗10 0,1 ± 0.2 diferença se deu pela variação da velocidade do
carrinho 1 antes da colisão. Esse erro pode ter sido
v (depois da colisão) [m/s] causado por um problema no multicronômetro,
𝑣⃗1 0,1027 ± 0.0004 visto que as últimas medições de tempo
𝑣⃗2 0,101 ± 0.002 apresentaram uma variação irregular (o que
𝑣⃗3 0,101 ± 0.002 implicou em uma percepção de velocidade variada).
𝑣⃗4 0,1025 ± 0.0007 Outra hipótese é a de, durante o experimento, ter
𝑣⃗5 0,103±0 ocorrido um impacto com a mesa que alterou a
𝑣⃗6 0,1036 ± 0.0005 velocidade do carro.
𝑣⃗7 0,1040 ± 0.0008
𝑣⃗8 0,105 ± 0.002
𝑣⃗9 0,106 ± 0.0003
Referências
Onde, as velocidades médias obtidas foram:
[1] NUSSENZVEIG, Herch Moysés. Curso de
𝑣⃗ = 0,327 ± 0,003 Física Básica: Mecânica. Volume 1, Editora Blucher
𝑣⃗ = 0,103 ± 0,002 [2] H. D. Young & R. A. Freedman, "Física I:
Mecânica, 14a. ed." Pearson, São Paulo, Brasil,
E os seguintes valores foram obtidos: 2009.
[3]HALLIDAY, David, "Física: Volume 1, 4a
Carrinho 1: 𝑄𝑖 = 0.105 ± 0.0008 ed", Livros Técnicos e Científicos editora, 1983.
𝑄𝑓 = 0.030 ± 0.0004
𝐸𝑐𝑖 = 0.023 ± 0.0003 Crédito - Este texto foi adaptado do modelo de
𝐸𝑐𝑓 = 0.002 ± 0.0005 relatório usado em http://fisica.ufpr.br/LE/.

Carrinho 2: 𝑄𝑖 = 0 ± 0
𝑄𝑓 = 0.069 ± 0.0009
Respostas:
𝐸𝑐𝑖 = 0 ± 0 1) Conservação se refere a algo que não muda. Isto
𝐸𝑐𝑓 = 0.004 ± 0.0001 significa que a variável de uma equação que
representa uma grandeza conservada é constante ao
𝑄𝑖−𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0.105 ± 0.0008 longo do tempo. A variável tem o mesmo valor
𝑄𝑓−𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0.998 ± 0.0004 antes e depois de um evento. Como exemplo de
grandeza não conservada podemos citar o volume e
a entropia.
2) A Lei da conservação da energia diz que a 6) Em física, o termo conservação refere-se a algo que
energia nao se perde, e sim se transforma não muda. Isto significa que a variável de uma
de um tipo para outro, e pode ser equação que representa uma grandeza conservativa é
armazenada. A energia se conserva quando constante ao longo do tempo - A variável tem o
por exemplo, a energia potencial ou mesmo valor antes e depois de um evento. Em suma,
energia potencial gravitacional é uma a energia normalmente varia em colisões e isso faz
energia armazenada em um corpo de massa com que tenhamos que considerar alguns pontos
m a uma altura h da superfície da terra e importantes: A energia, refere-se à energia total de
seu valor é calculado pela equação Ep = um sistema á medida que os objetos movem-se ao
mgh, onde g é a constante da gravidade. longo do tempo, a energia associada a eles, como a
Essa quantidade energia independe de o cinética, a potencial gravitacional, e o calor, pode
corpo está em movimento. Por outro lado mudar de forma, mas se a energia é conservada,
temos uma energia associada a qualquer então a energia total permanecerá a mesma.
corpo em movimento com relação a um
dado referencial, que é a Energia Cinética A conservação da energia aplica-se somente a
do corpo. Quão mais rápido se move um sistemas isolados e quando nenhuma força
corpo de massa m, maior a energia cinética dissipativa atua sobre um corpo, toda a sua energia
do corpo. Essa quantidade é calculada pela relativa ao movimento é mantida constante. Isso
equação Ec = mv2/2, onde v é a velocidade equivale a dizer que a energia cinética e a energia
do corpo. A composição (soma aritmética) potencial do corpo nunca mudam - o que não
dessas quantidades dá origem a uma aconteceu nesse sistema, pois a energia cinética não
energia total chamada Energia Mecânica. se conserva. Portanto, podemos dizer que nesse caso,
Então temos que Emec = Ec + Ep. Com houve trabalho de forças não conservativas, assim a
isso podemos dizer que a energia que se energia não se conservará, podendo diminuir ou
conserva no sistema não é a energia aumentar. As forças não conservativas cujo trabalho
cinética ou a potencial, a energia que se provoca diminuição da energia mecânica são
conserva é a energia total do sistema, ou denominadas forças dissipativas.
seja, a energia mecânica.
A lei da conservação do momento diz que Sim, pois o momento linear total do sistema formado
sempre que um corpo ganha quantidade de pode ser conservado se a força total externa que age
movimento, outro corpo perde igual sobre eles é nulo, mas não nas outras direções e, de
quantidade de movimento. acordo com a lei da conservação da energia, sua
energia relativa ao movimento só é constante se
3) As forças de interação entre os corpos que nenhuma força dissipativa atua sobre o corpo.
constituem o sistema são determinadas
como forças internas. Considerando um
exemplo de colisão entre dois veículos,
tanto a força feita pelo veículo A no
veículo B, quanto a força efetuada pelo
veículo B no veículo A, são consideradas
forças internas. Essas forças, provocam
variações iguais e contrárias nas
quantidades de movimento das partículas
do sistema, que se anulam e, assim, a
quantidade de movimento total, permanece
constante.

Forças internas não são capazes de alterar a


quantidade de movimento de um sistema,
pois se isso fosse possível, um motorista
com o carro enguiçado poderia, sentado no
banco, colocar as mãos no painel e
empurrar o veículo. Como dentro do
veículo o motorista faz parte do sistema
(carro), a força exercida é interna, logo, não
haverá movimento. Dessa forma, podemos
dizer também, que as forças internas não
podem mudar o momento linear total do sis-
tema.

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