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Introdução
No dia 16 de janeiro o nosso grupo visitou o Museu Nacional de História Natural e da
Ciência (MNHNC), onde pudemos ver tanto o jardim como as diversas exposições e
também as experiências interativas na sala Bragança Gil.
Dessas experiências apresentadas na sala selecionamos a experiência da Roda de Maxwell
(Figura 1), uma roda com duas fitas presas ao seu eixo e ao suporte que tem uma altura
considerável.
Esta experiência consiste em enrolar as duas fitas em torno do eixo da roda, o que a vai
deixar no topo do suporte, a roda é então largada o que faz com que a mesma desça
enquanto as fitas se desenrolam causando uma rotação.
Preferimos esta experiência por ter um efeito surpreendente, embora já antecipado, quer
por conhecermos os conceitos de conservação de energia que a justificam, ou pela sua
semelhança com o yo-yo (Figura 2).
Neste trabalho vamos apresentar os conteúdos teóricos que tornam esta experiência
possível, nomeadamente a Conservação da Energia Mecânica de um sistema, vamos
também descrever o procedimento experimental e justificar os seus resultados. Depois
disso, vamos ainda dar alguns exemplos de aplicações destes conceitos no nosso dia a dia.
Energia cinética
A energia cinética é a energia associada ao movimento de um corpo. Aumenta em função
da massa e do quadrado da velocidade do corpo. A sua unidade SI é o Joule.
1 2
𝐸𝑐 = 2
𝑚𝑣
Energia mecânica
A energia mecânica é uma grandeza escalar que resulta da soma das energia cinética e
energia potencial de um corpo. Quanto maior for a energia mecânica de um corpo, maior
capacidade este tem para realizar trabalho A sua unidade SI é o Joule. Quando só há
interações gravíticas, pode ser expressa da forma seguinte:
𝐸𝑚 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝
1
Energia num movimento de rotação
Um corpo em movimento de rotação tem energia cinética, tal como num movimento de
translação, no entanto, esta energia é calculada de forma diferente.
A energia cinética de um corpo é igual à soma das energias cinéticas de todas as suas
partículas:
𝑛
1 2
𝐸𝑐 = ∑ 2
𝑚𝑖𝑣 𝑖
𝑖=1
𝑣𝑖 = 𝑟𝑖ω
( )
𝑛 𝑛
1 2 2 1 2 2
𝐸𝑐 = ∑ 2
𝑚𝑖ω 𝑟𝑖 ⇔ 𝐸𝑐 = 2
∑ 𝑚𝑖𝑟𝑖 ω
𝑖=1 𝑖=1
(Figura 3) [2]
2
Experiência
Material
Procedimento
Esta experiência inicia-se com o enrolar das fitas presas ao eixo da roda e à estrutura de
modo a levantar a roda (figura 4). Após isto, larga-se a roda que irá descer até desenrolar
as fitas totalmente, (figura 5) e de seguida voltará a subir (figura 6), repetindo este ciclo de
subidas e descidas, atingindo alturas cada vez menores, até ficar suspensa em repouso.
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Fundamento teórico
Agora que observamos a experiência na sua parte prática vamos proceder à sua análise
para entendermos o que ocorre a nível energético, tendo isso em vista vamos ignorar as
forças dissipativas nos cálculos seguintes.
Partindo da energia mecânica da roda, sabemos que é igual à soma da energia potencial,
energia cinética de translação e energia cinética de rotação:
1 2 1 2
𝐸𝑚 = 𝐸𝑝 + 𝐸𝑐 ⇔ 𝐸𝑚 = 𝑚𝑔ℎ + 2
𝑚𝑣 + 2
𝐼ω
Assim no instante inicial (1), a roda está em repouso (v=0, ω=0) e está na altura máxima,
logo a sua energia Mecânica está toda na forma de energia potencial:
𝐸𝑚(1) = 𝐸𝑝 + 0 ⇔ 𝐸𝑚(1) = 𝑚𝑔ℎ
Ao largarmos a roda, ela inicia um movimento de translação acelerado, com direção
vertical e sentido de cima para baixo, e um movimento de rotação sobre o seu eixo
enquanto as fitas se desenrolam por ação da força gravítica.
Com a diminuição da altura, diminui a energia potencial, e com o aumento da velocidade
no movimento de translação e o aumento da velocidade angular no movimento de rotação,
aumenta a energia cinética (Figura 7).
Assim que as fitas se desenrolam totalmente (2), ficando esticadas, a roda atinge a sua
posição mais baixa (h=0), na qual que toda a sua energia mecânica inicial está toda na
forma de energia cinética.
1 2 1 2
𝐸𝑚(2) = 0 + 𝐸𝑐 ⇔ 𝐸𝑚(2) = 2
𝑚𝑣 + 2
𝐼ω
4
Neste instante, as fitas aplicam forças de tensão na roda que impossibilitam o seu
movimento de translação para baixo. No entanto, como a roda ainda possui energia
cinética, a velocidade angular ainda existe e o movimento de translação inicia-se no
sentido oposto.
O movimento de rotação da roda continua e esta agora sobe com o enrolamento das fitas,
mas a velocidade vai diminuindo até chegar à altura inicial. Neste movimento de subida, a
energia cinética é transformada em energia potencial (Figura 8).
A roda volta a atingir a sua altura inicial, como não existem forças dissipativas, a energia
mecânica no instante final (3) é igual à inicial. Podemos concluir que a energia mecânica
manteve-se ao longo do movimento, verificando a lei da conservação da energia mecânica.
𝐸𝑚(1) = 𝐸𝑚(2) = 𝐸𝑚(3)
Acabamos por perceber que os resultados práticos não coincidem com os teóricos
comprovando a existência de forças dissipativas.
5
Exemplos da utilidade do estudo da energia e da sua
conservação
Energia Hídrica
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Volante do motor (flywheel)
O volante do motor (Figura 10) é uma peça utilizada em motores de combustão de carros.
Tem a função de transferir o torque produzido pelo motor para a caixa de velocidades, de
forma suave e equilibrada.
Figura 10 [5]
A produção de torque pelo motor não é constante, tem um pico muito elevado na etapa de
combustão (Figura 11). Por este motivo, é necessário haver um volante do motor ligado à
cambota (componente do motor que transmite o torque) que suavize a curva (Figura 11)
devido ao seu momento de inércia. Sem esta peça o carro teria um arranque brusco e um
pico de torque exagerado, acabando por ser mais difícil e perigoso de conduzir.
Figura 11 [6]
O volante do motor é um disco largo e pesado, consequentemente tem um momento de
inércia elevado. Este momento de inércia permite que o disco acumule energia cinética de
rotação e que resista a alterações da velocidade angular (proporcional ao torque). Desta
forma, o movimento de rotação do volante do motor é quase constante ao longo dos 4
tempos do motor. Por outro lado, a sua velocidade angular não atinge um valor tão elevado,
dado o seu peso.
7
1 2 2𝐸𝑐
𝐸𝑐 = 2
𝐼ω ⇔ ω = 𝐼
Portanto, quanto maior for a massa e o raio do volante do motor (maior momento de
inércia), mais suave é a entrega de torque à caixa de velocidades. Mas, simultaneamente, a
energia necessária para aumentar o torque é mais elevada.
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Conclusão
Através da observação da experiência e da sua posterior conceptualização, fomos capazes
de fundamentar as conclusões que tiramos diretamente do resultado observado.
Teoricamente, se existir conservação da energia mecânica, é possível conceber um sistema
que mantenha uma roda em constante subida e descida, atingindo sempre a mesma altura
inicial, através da contínua transformação de energia cinética em potencial e vice-versa.
Para tal não poderiam existir forças dissipativas, tais como a força de atrito entre as fitas e
os eixos da roda e força de resistência do ar (embora menos significativa), pois estas
acabam por dissipar a energia mecânica do sistema. Eliminando esse erro, pudemos
verificar a existência da conservação da energia mecânica de uma forma empírica.
Dada a vertente da conservação da energia mecânica deste trabalho apresentamos o
exemplo das barragens que geram eletricidade com a passagem da água nas suas turbinas,
através da transformação de energia potencial em cinética. Referente ao momento de
inércia, exploramos o volante do motor (flywheel), presente nos nossos carros permitindo
arranques mais suaves, ao manter a peça em rotação enquanto o carro está parado.
Com este trabalho estudamos a aplicação da conservação da energia mecânica em casos do
dia-a-dia como na criação de energia elétrica e em componentes mecânicos de veículos,
bem como em objectos de lazer, como um yo-yo. Aprendemos também como a
experiência da roda de Maxwell idealiza uma roda capaz de manter o seu ciclo de subidas e
descidas permanentemente, que seria interessante caso fosse capaz de se realizar dado que
seriamos capaz de eliminar o atrito entre duas superfícies mantendo o movimento para
sempre.
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Referências bibliográficas
[1] Oliveira A., Moura C., Leme J.C., Cunha L., Silva P.C. (2015). Física 10. Lisboa: Raiz
Editora.
[2] Young, H. D., Freedman, R. A., Ford, A. L., & Sears, F. W. (2004). Sears and
Zemansky's university physics: With modern physics. San Francisco: Pearson Addison
Wesley.
[3] APREN, Balanço da Produção de Eletricidade de Portugal Continental (janeiro 2022),
https://www.apren.pt/pt/energias-renovaveis/producao; acedido a 27/02/2022
Phywe. (1994). University laboratory experiments : physics : vol. 1-5. Göttingen: Phywe
Systeme.
[4] Rebollar, Paola & Andrade Guerra, José Baltazar & Youssef, Youssef. (2011). Energia
Hídrica.
[5] Nancy Hall, Beginner's Guide to Propulsion (agosto 2021),
https://www.grc.nasa.gov/WWW/K-12/airplane/powert.html; acedido a 27/02/2022
[6] Gérémy Bourgois, Dual Mass Flywheel for Torsional Vibrations Damping – Parametric
study for application in heavy vehicle (2016), Dual Mass Flywheel (DMF) –
x-engineer.org, acedido a 20/03/2022
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