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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (UFMS)

(INFI) INSTITUTO DE FÍSICA – LABORATÓRIO DE FÍSICA F I

PROF° DR. HEBERTON WENDER DOS SANTOS

DANILO SOUZA AMORIM DIAS, CARLOS MATHEUS SILVEIRA DA SILVA

COLISÕES INELÁSTICAS

CAMPO GRANDE - MS

10 DE ABRIL DE 2023
I – Introdução
A colisão inelástica é um fenômeno que ocorre quando dois corpos se chocam e
se deformam, resultando na perda total de energia do sistema. Neste tipo de colisão, a
energia mecânica não é conservada, uma vez que parte da energia é convertida em outras
formas de energias, como energia térmica e a energia dos corpos envolvidos.

A colisão inelástica é um tema importante no estudo da física, com aplicações em


diversos campos. Nesse sentido, a compreensão dos princípios da colisão inelástica é
fundamental para o estudo da física e áreas afins.

Neste trabalho, será apresentado um experimento com o objetivo de medir e


calcular o coeficiente de restituição e a variação da energia cinética de uma colisão, além
de apresentar os conceitos fundamentais da colisão inelástica, como a conservação do
momento linear e a variação da energia cinética. Desse modo, espera-se por meio de um
experimento resultados que mostrem os conceitos da colisão inelástica.

II – Fundamentos Teóricos
No estudo de colisões, podemos separá-lo em três tópicos: as colisões elásticas,
colisões inelásticas e colisões perfeitamente inelásticas. As colisões elásticas são aquelas
em que há conservação de momento linear e conservação de energia cinética, enquanto
nas colisões inelásticas, há apenas conservação do momento linear. A diferença entre a
colisão inelástica e perfeitamente inelástica é apenas que na colisão perfeitamente
inelástica os corpos do sistema permanecem grudados após a colisão. Neste trabalho,
iremos nos preocupar apenas com a colisão inelástica, que pode ser calculada através da
equação de variação de energia (equação 1).

Para estudar se uma colisão é elástica ou inelástica, podemos calcular o coeficiente


de restituição, dado pela equação 2. Se o coeficiente for igual a 1, podemos assumir que
a colisão é elástica. Se o coeficiente estiver entre 0 e 1, podemos assumir que houve perda
da energia cinética e, portanto, é uma colisão inelástica.

1 1
∆𝐾 = 𝑚(𝑣𝑓2 − 𝑣𝑖2 )
2

𝑣𝑓 2
𝑟=
𝑣𝑖
Substituindo 2 em 1, temos:

1 3
∆𝐾 = 𝑚𝑣𝑖2 (𝑟 2 − 1)
2

Para colocar as equações 2 e 3 em função de uma altura, quando há uma queda de


um corpo, basta assumir que a energia potencial antes da queda é igual a energia cinética
imediatamente antes da colisão e que a energia cinética imediatamente depois da colisão
é igual a energia potencial da altura que o corpo alcança após colidir com o chão. Assim,
temos:

1 4
𝑚𝑣𝑖2 = 𝑚𝑔ℎ𝑖
2

1 5
𝑚𝑣 2 = 𝑚𝑔ℎ𝑓
2 𝑓

Substituindo as equações 4 e 5 na equação 2 e na equação 3, podemos calcular o


coeficiente de restituição e a variação de energia cinética em função da altura.

6
ℎ𝑓
𝑟= √
ℎ𝑖

∆𝐾 = 𝑚𝑔∆ℎ 7

III – Materiais e Métodos


Para a realização do experimento, foi utilizado uma pequena bola de pula-pula,
uma fita métrica grudada na parede para a medição da altura e um celular smartphone.

O experimento inicia-se colocando a bola em uma altura ℎ0 de 2 metros. Após


soltar a bola, o celular captura a altura em que a bola alcança após colidir com o chão.
Depois de repetir o mesmo procedimento cinco vezes, é calculado uma média entre as
alturas atingidas após a colisão e a bola é colocada a uma nova altura ℎ1 , que resulta da
média das alturas. O procedimento repete-se até chegar a uma altura ℎ6 .

Figura 1: Demonstração da bola de pula-pula antes e depois da colisão.

IV – Resultados
Os dados obtidos do experimento foram calculados através das equações 6 e 7 e
podem serem vistos através da tabela 1.

Tabela 1: Resultados do experimento.

Fração Percentual da
Coeficiente de Variação da Energia
Número de Colisões Altura (ℎ𝑛 ) (m) Energia Cinética
Restituição Cinética
Dissipada
1 2.0000 ± 0.0005 0.8602 ± 0.0049 240.5490 ± 0.3698 26.00% ± 5.48%
2 1.4800 ± 0.0172 0.8738 ± 0.0029 161.9080 ± 0.3329 23.65% ± 3.46%

3 1.1300 ± 0.0075 0.8774 ± 0.0020 120.2740 ± 0.3329 23.01% ± 5.10%

4 0.8700 ± 0.0172 0.8710 ± 0.0083 97.1447 ± 0.2650 24.14% ± 1.73%

5 0.6600 ± 0.0120 0.8790 ± 0.0051 69.3891 ± 0.1360 22.73% ± 1.41%

6 0.5100 ± 0.0102 0.8856 ± 0.0075 50.8853 ± 0.1924 21.57% ± 2.00%


7 0.4000 ± 0.0049
Gráfico 1: Gráfico do coeficiente de restituição em função do número de colisões

Através do gráfico 1, podemos perceber que a equação que gera o gráfico possui
uma tendência linear positiva, ou seja: conforme o número de colisões aumenta, o
coeficiente de restituição tende a 1. Isso representa que a bolinha em algum momento terá
uma altura ℎ𝑥 , tal que lim ℎ𝑛 = 0 e que, portanto, as alturas ℎ𝑓 e ℎ𝑖 serão praticamente
ℎ𝑛→ℎ𝑥

iguais.
Gráfico 2: Gráfico da variação de energia cinética em função do número de colisões.

Através da equação que gera o gráfico 2, podemos perceber que a variação da


energia cinética decai de forma polinomial, de acordo com o número de colisões. Este
resultado está de acordo com o gráfico 1, pois quando o coeficiente de restituição tende a
1, o valor de ∆𝐾 tende a 0.
Gráfico 3: Gráfico da fração percentual de perda da energia cinética em função do número de colisões.

O gráfico 3 mostra o percentual de energia cinética perdida em cada colisão. Com


isso, podemos perceber que esse percentual decai conforme o número de colisões
aumenta.

V – Conclusão
O experimento obteve resultados que estão de acordo com uma colisão inelástica
e demonstrou-se capaz de ser realizado para medir tal tipo de colisão. Os valores do
coeficiente de restituição e da variação da energia cinética se encaixam dentro da teoria,
de acordo com a seção de II (fundamentos teóricos). Vale ressaltar que o experimento
pode obter valores poucos precisos, pois o chão no qual ocorre as colisões não é ideal e
precisa ser mais plano, de acordo com o eixo de queda da bolinha.

V - Referências
Universidade de São Paulo. Propagação de Incertezas. São Paulo: USP, e-Disciplinas,
2013. Disponível em: Propagação de Incertezas (usp.br)

Universidade de São Paulo. Orientação para Cálculo de Incertezas. São Paulo: USP,
DFEP, 2015. Disponível em: Orientação para Cálculo de Incertezas

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Prática 5. Mato Grosso do Sul: UFMS,
Laboratório de Física F I, 2023. Disponível em: Prática 5 - Colisões Inelásticas

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Precisão, incertezas e erros em medidas.


Mato Grosso do Sul: UFMS, Introdução ao Laboratório de Física. Disponível em:
Precisão, incertezas e erros em medidas.

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