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Discussão complementar
Prof. Diefferson Rubeni
Uma vez que o movimento ocorre na horizontal, podemos considerar apenas as componentes
ao longo do eixo 𝑥. O sistema considerado é formado pelos dois carros (linha tracejada vermelha).
As forças internas do sistema são as forças exercidas de um carro sobre o outro:
1
• 𝐹𝐵→𝐴,𝑥 : força que o carro 𝐵 exerce sobre o carro 𝐴;
• 𝐹𝐴→𝐵,𝑥 : força que o carro 𝐴 exerce sobre o carro 𝐵.
Lembre-se que as forças internas satisfazem à terceira lei de Newton: 𝐹𝐴→𝐵,𝑥 = −𝐹𝐵→𝐴,𝑥 .
Por outro lado, as forças externas ao sistema são as forças de atrito que atuam sobre cada carro:
• 𝑓 𝐴 = 𝜇 𝐸 𝑚 𝐴 𝑔: força de atrito sobre o carro 𝐴;
• 𝑓 𝐵 = 𝜇 𝐸 𝑚 𝐵 𝑔: força de atrito sobre o carro 𝐵;
Nas Notas de Aula 02 reescrevemos a segunda lei de Newton em termos do momento linear:
Õ 𝑑𝑝 𝑥
𝐹𝑥 =
𝑑𝑡
Í
onde 𝐹𝑥 é a força resultante que age sobre o corpo na direção do eixo 𝑥 e 𝑝 𝑥 é o momento
linear do corpo ao longo do mesmo eixo. Vamos aplicar a segunda lei de Newton para cada carro
do sistema.
• Carro 𝐴: a força resultante que atua sobre o carro 𝐴 é a soma entre a força interna 𝐹𝐵→𝐴,𝑥 e
a força externa 𝑓 𝐴 :
Õ 𝑑𝑝 𝐴,𝑥 𝑑𝑝 𝐴,𝑥
𝐹𝐴,𝑥 = ⇒ 𝐹𝐵→𝐴,𝑥 + 𝑓 𝐴 = (1)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Se a intensidade da força interna for muito maior que a intensidade da força externa (𝐹𝐵→𝐴,𝑥
𝑓 𝐴 ), então a soma entre elas é aproximadamente igual à força interna:
Portanto, de acordo com as equações (1) e (2), se a força interna é muito mais intensa do que
a força externa, a taxa de variação do momento linear do carro 𝐴 é aproximadamente igual
à força interna somente:
𝑑𝑝 𝐴,𝑥
𝐹𝐵→𝐴,𝑥 ≈ (3)
𝑑𝑡
• Carro 𝐵: a análise para o veículo 𝐵 é precisamente igual a realizada para o carro 𝐴. Assim,
𝑑𝑝 𝐵,𝑥
𝐹𝐴→𝐵,𝑥 ≈ (4)
𝑑𝑡
A taxa de variação do momento linear total do sistema 𝑃𝑥 é a soma das equações (3) e (4):
𝑑𝑃𝑥 𝑑𝑝 𝐴,𝑥 𝑑𝑝 𝐵,𝑥
= + ≈ 𝐹𝐵→𝐴,𝑥 + 𝐹𝐴→𝐵,𝑥 (5)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Mas, de acordo com a terceira lei de Newton, 𝐹𝐴→𝐵,𝑥 = −𝐹𝐵→𝐴,𝑥 . Logo,
𝐹𝐵→𝐴,𝑥 + 𝐹𝐴→𝐵,𝑥 = 𝐹𝐵→𝐴,𝑥 + −𝐹𝐵→𝐴,𝑥 = 0
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Portanto, mesmo na presença de força resultante externa, o momento linear total de um sistema
pode ser aproximadamente constante, desde que as forças internas sejam muito mais intensas do
que as forças externas.
Exemplo.
Suponha que, na colisão ilustrada na Fig. 1, a massa do carro 𝐵 seja 𝑚 𝐵 = 1000 kg, sua veloci-
dade imediatamente antes da colisão era 𝑣 𝐵𝑖,𝑥 = 20 m/s e após a colisão o carro 𝐵 fica em repouso
(𝑣 𝐵 𝑓 ,𝑥 = 0 m/s). A colisão demora Δ𝑡 = 0, 08 s e o coeficiente de atrito cinético entre os pneus do
carro e o asfalto é 𝜇 𝐸 = 0, 8. Compare a intensidade das forças interna e externa.
Podemos calcular a intensidade da força resultante que atua sobre o carro 𝐵 utilizando o Teo-
rema do impulso:
Õ Δ 𝑝 𝐵,𝑥 𝑚𝑣 𝐵 𝑓 ,𝑥 − 𝑚𝑣 𝐵𝑖,𝑥 (1000 kg) (0 m/s) − (1000 kg) (−20 m/s)
𝐹𝐵,𝑥 = = = = 250.000 N
Δ𝑡 Δ𝑡 0, 08 s
Uma vez que a força resultante é a soma entre a força interna e a força de atrito, segue que
Õ Õ
𝐹𝐵,𝑥 = 𝐹𝐴→𝐵,𝑥 + 𝑓 𝐵 ⇒ 𝐹𝐴→𝐵,𝑥 = 𝐹𝐵,𝑥 − 𝑓 𝐵
= 250.000 N − 7840 N
= 242.160 N