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Nada Pessoal - Jaci Burton

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Não foi nada pessoal, apenas um acordo comercial. Ryan McKay é um


multimilionário com um problema. Ele precisa de uma esposa para cumprir os
termos da vontade de seu avô. Infelizmente, aquela que ele escolheu somente caiu
fora horas antes de perder sua companhia. Ryan convence sua acanhada e
dedicada assistente Faith Lewis para se casar com ele, garantindo-lhe que o
casamento é apenas um negócio. Ryan está certo de que ele pode manter isto
estritamente impessoal. Afinal, ele é o produto de um casamento sem amor e
por anos lacrou seu próprio coração em uma pedra glacial. Apesar do calor de
Faith, compaixão e atratividade, ele está seguro que é imune aos seus encantos.
Faith faria qualquer coisa por seu chefe, mas casar com ele? Tímida e virgem ela
se vê como simples e pouco atrativa, um produto de uma mãe amarga que
colocou em sua cabeça que ela não era digna do amor de um homem. Mas ela
concorda em ajudar Ryan, em cumprir com os termos da vontade de seu avô,
esperando ela não perder o seu coração no processo. Mas o amor raramente
ouve a lógica e o que segue é qualquer coisa, exceto negócios.

Tradução mecânica: M.Mell


Revisão Inicial: Ester Aliria
Revisão Final: Roze Are
Formatação: Roze Are

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— Se você acha Ryan McKay tão quente, Faith, então case você com ele.

Faith Lewis assistiu em silêncio atordoado quando a noiva do seu chefe saiu de safanão
do apartamento de cobertura, o rabo de seu vestido de noiva de desenhista arrastando
gloriosamente atrás dela.

Não mais do que um momento depois que Erica Stanton saiu pela porta em um acesso
de raiva, Ryan McKay entrou.

Ele lançou um olhar a Faith. O olhar irritado, aquele quando as coisas não estavam indo
a seu modo e ele não tinha muito prazer nisso. A mesma expressão cruzava seus traços
bonitos em reuniões de negócios incontáveis.

— Eu vi Erica partindo — ele disse. — Eu chamei por ela, mas ela deslizou no elevador
antes de eu poder chegar lá.

Meras polegadas os separavam. Sua estrutura de 1,83 elevava-se acima dela, seu odor
limpo lembrando brisas de montanhas cobertas de neve. Nenhum homem devia ter
permissão para cheirar tão bem. Cabelo preto, olhos cinzentos e ombros largos, ele era o
retrato de elegância bonita. Seu coração tremeu apesar de sua carranca brava.

— Faith, o que está acontecendo? — Ryan perguntou.

Oferecendo um silencioso muito obrigado para a ex-noiva de Ryan, ela se preparou para
entregar as notícias ruins. Isto era muito além de seu trabalho como sua assistente
executiva. — Umm, Senhorita Stanton mudou de ideia sobre casar com você.

Preparou-se para o discurso inevitável de um McKay, Faith não podia acreditar na


decepção sombreando seus traços poderosos. — Entendo. — ele disse. — Você não
conseguiu convence-la?

Ela nunca tinha visto aquele olhar derrotado antes. Ryan McKay nunca desistia. Mas ele
estava rapidamente ficando sem opções e tinha aproximadamente cinco horas para se casar
ou perder o controle da Corporação McKay e era agora

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Uma certeza era que Erica Stanton não seria noiva. Isso significava que estava na hora
de executar o Plano B. Ela se perguntava se realmente existia um Plano B.

— Eu tentei Sr. McKay, realmente eu fiz. Ela mudou de ideia sobre ter seu filho. — Faith
tentou seu melhor, mas a rainha de gelo recusou escutar a razão. Não importa o que ela
sugerisse, Erica rebatia. Faith imaginou que Erica simplesmente não quis arruinar seu corpo
de garota da capa com uma gravidez.

— Nós examinamos cuidadosamente umas cem vezes e ela me assegurou que ela podia
lidar com isto. — Ryan olhou em seu relógio, então de volta para Faith. — Eu não entendo
isto. Eu sou o CEO da Corporação McKay. O Chalet Cassino Hotel é o hotel mais proeminente
em Las Vegas e eu sou um multimilionário. Então por que eu não posso achar uma única
mulher disposta a casar comigo?

Faith abriu sua boca para falar, então fechou. Pensamento tolo, de qualquer maneira.

— Diga-me, Faith. Por que inferno eu esperei até o último minuto quando eu tive um
ano para conseguir isto feito?

Ela estudou seus sapatos confortáveis e apertou suas mãos atrás dela. — Realmente, Sr.
McKay, eu… um, lembrei a você do fato, vários meses atrás.

— Sim, sim, eu sei. — Ele suspirou. — Eu pensei que eu podia achar uma brecha no
testamento do vovô, que conseguiria cairia fora de precisar casar. Depois de desperdiçar
quase um ano, eu ainda não achei uma. — Ryan se estatelou no sofá perto, o couro italiano
dando com um assobio. Ele inclinou a cabeça para trás e fechou seus olhos.

Ela queria oferecer a ele conforto, queria sentar, puxar ele em seus braços e o
tranquilizar. Mas claro que nunca aconteceria. Ela não ousaria. Eles não tinham aquele tipo
de relação. Eles não tinham esse tipo de relacionamento mesmo. Ela era uma empregada e
nada mais.

Ao invés, ela ficou próximo ao sofá e esperou, perguntando se existia qualquer outra
coisa que ela pudesse ter dito para Erica, para convencer a mulher ir em frente com o
casamento. Certamente apelar para o lado suave de Erica teria sido inútil, ela não tem um.

Alta, loira e quase perfeita, Erica tinha uma falha fatal, na opinião de Faith. Ela era
totalmente fria. Como uma estátua de pedra, uma Vênus de beleza incrível, mas destituída

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de vida ou qualquer emoção. Por que Ryan escolheu casar com Erica era algo que Faith
nunca entenderia. Então, novamente, este negócio não era exatamente por amor,
realmente não importava quem ele escolhia para casar.

Mas Erica? A senhora sem teto que vagava nas ruas teria sido uma escolha mais certa.

Ryan abriu seus olhos e olhou fixamente para ela. O coração de Faith saltou. Ele ouviu
sua risada tranquila?

Seu olhar segurou o seu e calor infiltrou em seu meio. Ela nunca teve um homem fixo
em sua vida, mas se ela tivesse uma fantasia com um sujeito, ele se pareceria com Ryan
McKay. O cabelo da cor da meia-noite e olhos turbulentos, como das tempestades de
Oklahoma que ela gostava de criança.

Ela amava aquelas que surgiam do nada em rajadas enquanto crescia em sua cidade
pequena. Sempre que uma tempestade se aproximava, ela corria do lado de fora na varanda
da frente e assistia como as nuvens ganhavam força, movendo cada vez mais perto até que o
vento a empurrava para dentro da casa, para assistir da segurança das janelas.

A energia sempre a carregou. As tempestades a agitavam por dentro, despejam a


energia ao redor ela e a levavam com elas em um turbilhão de fúria e paixão.

Os olhos do Ryan eram assim. Mudando como as nuvens rodantes e carregadas com o
rastro de um fogo devastador. Ela viu aqueles flashes de olhos com brilho, luz com raiva e
brilho de diamante reluzente quando ele fechava um negócio. Ela nunca os viu com a faísca
da paixão, mas ela podia imaginar isto.

— Faith, você está escutando?

— Oh. Oh, Sr. McKay, eu sinto tanto. — Ela escapou do sonho. Quantas vezes ao longo
dos anos ela fantasiou sobre ele? Ela achou que finalmente o tinha segurado em seu punho
e podia agora pensar sobre ele só como seu chefe. Ele era, afinal, tão inacessível quanto um
homem podia ser.

Pelo menos para ela.

— Eu disse a você para se sentar. — Ele bateu levemente a almofada do sofá, próximo a
ele.

Ela se sentou. Claro, no oposto.

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— Faith.

— Sim? — Ela puxou um notepad fora de sua bolsa, pronta para instruções.

— Venha para mais perto. Você está longe. Eu não mordo. — Ele relampejou seu
encantador sorriso que fez seu interior derreter. Talvez ele não mordesse, entretanto, bem
que ela gostaria.

Realmente, ela teve que parar seus pensamentos errantes. Ryan era seu chefe. A pessoa
que nunca a notou. Ela lembrou bem das lições da sua mãe. Não passou um dia, durante sua
infância, que sua mãe não a lembrou para não se misturar e não chamar atenção sore ela
mesma, para ficar longe dos homens, porque eles só a machucariam. Ela foi clara, sua mãe
disse a ela, que tinha pouco para oferecer e seria melhor usar seu cérebro, porque sua
aparência não a levaria a lugar nenhum em sua vida.

Ela gastou vinte e seis anos acreditando naquelas palavras por ser verdade. Toda vez
que ela olhava no espelho, ela recordava as advertências da sua mãe.

Por insistência de Ryan, ela chegou um pouco em direção ao centro do sofá, puxando
sua saia de lã ainda mais para abaixo de suas canelas. Ele apontou mais perto. Ela moveu.
Outra polegada.

— Isto é ridículo. — Ryan fechou a distância, ficando próximo a ela no centro do sofá.
Suas coxas tocaram. Queimaram Faith. O quarto estava definitivamente ficando quente.

— Eu não posso conversar com você tão longe. — ele disse. — Como eu disse antes,
quando você claramente não estava escutando, eu preciso de sua ajuda.

Desesperadamente tentando ter foco, ela movimentou a cabeça. — Claro. Qualquer


coisa que eu posso fazer para ajudar você, você sabe que eu irei.

Ele balançou sua cabeça, examinando-a com olhos inquisitivos. — Você é solteira, não
é?

— Sim.

— Namorado?

— Não.

— Envolvida? Saindo com alguém?

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Sobre o que isto era? Ele nunca fez perguntas pessoais sobre ela. Nos cinco anos em que
ela trabalhou para ele, ela descobriu todo detalhe de sua vida, de sua infância até hoje. Mas
ele nem uma vez perguntou sobre a sua. Por que ele perguntava? E por que ele estava
perguntando agora?

— Não, não estou saindo com ninguém. Não estou envolvida. Sr. McKay, eu posso
perguntar por que você está curioso sobre minha vida pessoal?

— Eu tenho uma solução, mas queria estar certo que não estava pisando no pé de
alguém, primeiro.

Uma dor rodante formou na boca de seu estômago. Ela tragou. — Uma solução?

— Sim. Você sabe como eu dependo de você para me ajudar com a Corporação McKay.
Eu preciso de sua ajuda para segurá-la.

— O que eu posso fazer? — Ela realmente queria a resposta? Um fio de uma ideia
rastejou em sua cabeça, mas seguramente Ryan não sugeriria isto. Não com ela. O próprio
pensamento era absurdo e ela depressa baniu isto de sua mente.

Ryan tomou a caneta de seus dedos e pegou suas mãos. Faith olhou para abaixo. Sua
mão parecia tão pequena encaixada dentro da sua. Seu corpo inteiro tremia com a reação
de sentir em contato sua pele contra a sua, pela primeira vez. Diferente de o breve roçar de
dedos quando eles passavam um arquivo de um para o outro, ele nunca a tocaria. E
definitivamente não como este.

— Case comigo, Faith.

A Terra parou de girar. Sua mente girou com suas palavras de fala mansa e seu coração
bateu em um ritmo rápido, ameaçando enviá-la em um espiral de esquecimento. Ela se
sentiu mal do estômago.

O desmaio seria uma ideia ruim agora mesmo. Então, iria vomitar. Ela provavelmente
ouviu errado, de qualquer maneira. — Você podia repetir isto?

— Case comigo.

Sua respiração sussurrada acariciou seu rosto. Ele fez a pergunta que ela achou que
nunca ouviria de um homem. Qualquer homem. E nunca em seus sonhos mais selvagens de
Ryan McKay.

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Ela tragou. — Você não pode estar falando sério. — Sua voz não estava funcionando,
terminando em um guincho que não soou nada como ela. Ela estava certa que Ryan estava
perto o suficiente para ouvir as batidas de seu coração, que tentava escapar de seu peito.
Seu corpo vibrava com suas respirações rápidas, enquanto ela lutava em controlar seus
pensamentos errantes.

Se ela continuasse assim, ela logo estaria respirando em um saco de papel.

— Eu sou sempre sério sobre qualquer proposta que eu faça. Isto faz sentido para mim e
devia para você, também. Você sabe tanto sobre este negócio quanto eu. Você sabe sobre a
vontade do avô, os ridículos aros que o homem velho está me fazendo saltar para manter
controle desta companhia e você sabe o que acontece se eu falhar.

Tudo que ela podia era movimentar a cabeça. Ela tinha ficado sem fala e duvidava que
pudesse falar novamente.

— Ajude-me, Faith. Case-se comigo. É só por um ano e então nós pedimos o divórcio.
Você é a pessoa ideal para me ajudar com isto. Você sabe quanto a Corporação McKay
significa para mim e você pode fazer isto sem ficar envolvida. Entre você e eu, nada mudará.

Nada mudará. A realidade a atingiu com um bofetão frio, eficazmente quebrando o


feitiço induzido pela proposta de Ryan. Claro. Esta proposta era apenas negócios. Não era
uma declaração de amor. Não existia nada pessoal em seus motivos.

O calor estendeu através de suas bochechas. Como ela podia ter pensado que alguém
como ele poderia possivelmente ter algum sentimento por ela? Um toque simples de sua
mão e ela imaginou uma fantasia de amor e casamento. Sua mãe teria rido se ela pudesse
ver agora. Rido e dito como ela era ridícula.

O que ela estava pensando? Ela tinha vinte e seis anos de idade, não dezesseis. O tempo
de sonhos de menina ficou para trás, há muito tempo substituído por uma realidade arenosa
que não tinha nada a ver com romance e o amor.

— Faith?

Ela levantou seus olhos para ele. — Sim?

Ryan apertou suas mãos. — Você está bem?

— Eu estou bem.

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— Se você tem certeza…

— Sim, Sr. McKay, eu tenho certeza. — Ela manteve o olhar com o seu e quase sorriu em
seu olhar de preocupação. Provavelmente não serviria que sua próxima noiva pretendida
caísse morta, considerando que ele estava ficando rapidamente sem tempo e ela era,
obviamente, sua última escolha.

— Então, você casará comigo?

— Qua... Quais eram as condições, novamente? — Ela devia saber as condições. Ela
citou toda linha do contrato para Erica não mais que uma meia hora atrás, freneticamente
tentando conseguir que a noiva de Ryan mudasse de ideia sobre cair fora do casamento.
Mas por alguma razão, sua mente acabou de ficar completamente em branco.

— Eu conseguirei o contrato.

Seus olhos seguiram sua forma se afastando, o smoking sob medida ajustava em seus
ombros largos perfeitamente. Ela realmente podia fazer isto? Ela podia casar com Ryan
McKay, se tornar sua esposa, ter sua criança, e então um ano mais tarde voltar para o modo
como coisas eram antes? Como ela podia dormir com alguém, compartilhar sua vida todo
dia por um ano e então divorciar como se nada tivesse acontecido?

Mas isto era exatamente o que ele esperava dela. Ela tentou seu melhor para parecer
tranquila e profissional quando ele retornou para os documentos.

— Aqui está o documento. Leia isto cuidadosamente, porque você tem que estar certa
que pode lidar com todas as estipulações.

Faith movimentou a cabeça e, com as mãos trêmulas, pegou o contrato dele. Tentando
chutar seu cérebro a funcionar, ela cuidadosamente leu cada palavra. Não levou muito
tempo para refrescar sua memória. Afinal, ela leu do início ao fim isto o que pareceu como
mil vezes com Ryan, tentando achar o furo que o livraria da ordem de casamento de Quentin
McKay.

— Eu não posso acreditar que seu avô está forçando você a casar só para manter
controle da Corporação McKay. É tão idade Média — ela murmurou, de repente sentindo
um interesse pessoal nisto.

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Ryan abriu um sorriso e Faith puxou uma respiração. Foi-se o homem de negócios
austero, substituído ao invés por um encantador, incrivelmente homem bonito. Seu coração
levantou seu passo frenético novamente.

Ele era um destruidor de corações. Ele literalmente podia quebrar o seu se ela deixasse
as emoções entrarem nesta relação. Admitia, ela estava atraída por ele, mas o que
aconteceria se ela se apaixonasse? Seu coração podia tomar uma chance em cuidar de
alguém que não tinha a capacidade de se importar de volta? E que tal o sexo?

— Que tal o sexo? — Ele perguntou.

Ela disse aquela última oração em voz alta? Oh, não, ela tinha! — Desculpe?

— Você perguntou a mim sobre sexo. O que você quer saber sobre isto?

Depressa ela procurou por uma emergência de um pouco de tipo que desenredaria seu
pé de sua boca errante. Até um fogo pequeno no lixo ajudaria. Nada. — Hum, eu assumo
que nós estaremos tendo isto?

Ele movimentou a cabeça, seu sorriso mau levando a escuridão em seus olhos,
revelando que a paixão que ela sempre suspeitava escondida por baixo. Só que nunca
dirigido a ela. Até agora.

— Sim, Faith, nós teremos que fazer sexo para fazer um bebê. Começando hoje à noite.

Um formigamento começou em sua garganta e moveu firmemente para baixo, tocando


cada parte feminina sua. Pela primeira vez em sua vida ela estava ciente dela mesma como
uma mulher e corou com calor súbito. Sua mente entrou em ritmo sexual, imaginando os
dois enroscados juntos, debaixo de lençóis de cetim, compartilhando sussurros e carícias
íntimas até…

Oh, não, isto nunca faria. Ela não podia fazer amor com ele. Ela precisava de tempo.
Tempo para proteger seu coração em se apaixonar. — Isso não funcionará para mim.

Ele relampejou seu sorriso devastador. – É um tanto quanto duro de cumprir as


condições do acordo sem a parte de sexo.

— Eu podia ser inseminada. — ela deixou escapar, então se encolheu. Ela não pode
deixar de enrugar o nariz com o pensamento. Tão clínico. Mas, ainda... sexo com Ryan
McKay?

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— Não, nós não podemos. Você esqueceu? O avô especificou que a concepção podia
acontecer só por método natural, quer dizer, a menos que medicamente fosse preciso.

— Certo. Eu esqueci. De qualquer maneira, eu não estou pronta para que aconteça…
hoje à noite. – Será que ela nunca estaria pronta?

— Isto não é uma situação típica, Faith. Não existe nenhuma regra sobre quanto tempo
nós temos que estar juntos. Nós não vamos ir para vários meses e fazermos coisas do modo
tradicional.

— Eu sei, mas...

— Serão estritamente negócios, com sexo associado à mistura. E sexo é nada além de
biologia, de qualquer maneira.

O calor esfumaçado de seu olhar viajando sobre seu corpo se sentia tangível como se ele
realmente a tocasse. Ela estava agradecida pelo terno pesado de lã que ela vestia,
eficazmente mascarando o momento que endureceu seus mamilos.

Seu corpo escolheu um tempo bom para vir para vida sexual. — Eu preciso de algum
tempo, Ryan. Eu não estou acostumado a… a…

— Não está acostumada a fazer sexo? — Seus olhos continham um brilho brincalhão.

— Não é isso que eu quis dizer. — Como ela podia ter deixado este assunto surgir?

— Você fez sexo antes, não é?

Ela atirou de volta sem pensar. — Claro que eu tenho. Muitas vezes!

— Faith. — Ele levantou sobrancelhas severas, desafiando—a a mentir. Uma tática inútil
de sua parte. Ela nunca foi boa nisso de qualquer maneira.

— Sim? — Ela contemplou suas mãos, apertado firmemente junto em seu colo.

— Não evite o assunto. Você fez sexo antes?

Ela não podia responder. Estava muito envergonhada.

— Você é uma virgem.

O dia podia conseguir ficar pior? Quanta mais de humilhação ela podia sofrer? Ela
movimentou a cabeça, mortificada que ele descobriu isso sem sua admissão.

— Bom Deus, Faith, por quê?

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— Eu estava esperando.

— Para que? O próximo milênio?

Para que, realmente. Para um homem, obviamente. Ela nem sequer teve um namorado
sério. Ela tentou encontros algum tempo, mas miseravelmente falharam.

E agora, ouvindo isto de Ryan, ela se sentiu mais do que um pouco ridícula. Uma virgem
de vinte e seis anos de idade. Quem iria casar—se com um homem que teve provavelmente
mais mulheres em sua cama do que ela se importaria saber.

— Eu estava esperando por amor. Pelo o homem certo. Eu não sei. Eu estava só
esperando. — Ela se levantou e caminhou até a janela, as luzes de Las Vegas zombando dela.
Elas eram brilho e deslumbramento, oferecendo todo pecado delicioso disponível, para
qualquer um que quisesse. Ela era pequena, simples e indesejável, com absolutamente nada
de valor para oferecer.

Ele andou atrás dela, sua respiração soprando contra seu pescoço. — Não esteja
envergonhada. É cativante. Refrescante, na verdade.

— É patético. — Ela se sentia miserável, não cativante. Algo tão pessoal, tão íntimo e de
todas as pessoas no mundo para descobrir sobre isto, teve que ser Ryan.

Ele tocou em seus ombros ligeiramente e faíscas voaram. Um choque, uma picada e
então calor.

— Não é patético. Vire-se e olhe para mim.

Ela não podia. Ele a forçou suavemente girando seus ombros. Ela ergueu suas pestanas,
esperando ver zombaria em seus olhos, mas achou só compaixão. E interesse.

— Eu penso que você precisa considerar esta proposta mais seriamente. —Ele olhou
para seu relógio a milionésima vez, na última hora. — Eu não quero que você faça algo que
você lamentará.

Ele estava dando a ela uma saída. Ela podia recusar a oferta e ainda manter seu
trabalho.

Mas em cinco anos ela nunca desapontara Ryan McKay. E ela não iria deixar uma coisa
tola, como sua virgindade, permanecer no meio. Além disso, estava na hora de ela ter uma

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vida, não é? Isto não era o que ela tinha em mente, mas era melhor do que ficar sentada em
seu apartamento, lendo livros toda noite.

Então, ele não a amava. E daí? Ela teve uma oferta melhor pousando na mesa no
momento? Alguns prospectos? Dificilmente. E esta era sua chance de ganhar um pouco de
experiência, sabendo o que ela sabia sobre Ryan, muita experiência, no departamento de
sexo. Ela não tinha nada a perder e tudo para ganhar. Desde que ela lembrasse que isto era
um assunto somente de negócio. Desde que ela se lembrasse de guardar seu coração.

— Não existe nada adicional para considerar, Sr. McKay. Como você declarou, isto é
estritamente negócios. Vamos voltar para o contrato, não é?

— Você está certa?

Ela movimentou a cabeça depressa antes de mudar de ideia. Por sugestão de Ryan, eles
se moveram para a mesa no centro da sala ampla e espalharam o contrato em cima da
tampa de vidro grande.

Ela recitou as condições que ela já sabia muito bem. Elas soaram completamente
diferentes quando ela os relacionou para si mesma. — Nós temos que ficar casado por um
ano e durante este tempo nós devemos dormir junto no mesmo quarto. — Ela se forçou a
bloquear as imagens de suas mãos, sua boca, seu corpo.

— Correto.

— E eu tenho que ficar grávida dentro deste ano.

— Certo. Se nenhuma gravidez acontecer, nós temos que gastar outro ano juntos e
passar por testes de fertilidade até que você conceber. E se você não puder até lá, nos
divorciamos, você consegue um acordo e este circo pela busca por uma noiva começa tudo
de novo, para mim.

Ele declarou as condições impessoalmente, ainda que Faith soubesse quanto esta farsa
o aborrecia. Mais de uma vez, durante o último ano, ele esbravejou para ela sobre a
manipulação do seu avô. Se ele quisesse uma esposa, ele disse a ela, ele teria achado uma,
ele mesmo.

— Eu só vou que esperar que você possa ter filhos. — ele adicionou.

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Faith encolheu os ombros. — Obviamente, eu não tenho nenhuma ideia. E você tem que
poder… hum…

— Fornecer o fertilizante? — Ele ofereceu um sorriso torto. — Eu já examinei isso como


uma possível brecha. Se eu fosse estéril, este negócio inteiro estaria fora. Infelizmente, ou
felizmente, dependendo de como você olha para isto, eu tenho nadadores bastante fortes
em mim.

Faith escolheu ignorar as implicações daquela declaração e enfocar ao invés no


contrato. — Quem monitorará nosso casamento?

Olhos de Ryan escureceram com sua carranca. — Meu primo, James, que herdará os
negócios se eu falhar, como também o advogado do avô, Stan Fredericks. Eles serão as
nossas sombras como um par de PI em um filme ruim de Bogart. Assistindo nosso
movimento, tendo certeza que nós durmamos no mesmo quarto, assegurando que nós
estejamos sempre juntos.

Maravilhoso. Seria como viver com uma máquina fotográfica em seu rosto pelo próximo
ano. — E se você viajar, eu tenho que ir com você.

— Está certo. Tal como James e Stan. E não se esqueça, nós temos que aparecer diante
da diretoria todo mês, para informar sobre o estado de nosso casamento.

— Sim, eu lembro essa parte. — Ela deu o papel de volta para ele. — E a criança que
gerarmos. Você não quer nenhuma parte disto.

Ele movimentou a cabeça. — Eu não quero uma criança, nem eu preciso de uma família.
Este calvário todo é porque meu avô teve alguma noção extraviada enquanto em seu leito
de morte, que ele precisava se redimir. E, então, ele pensou que podia me mostrar o amor
que nunca teve, me forçando a um casamento que não quero e me exigindo ter uma criança
que não tenho nenhuma intenção de criar.

Ryan encolheu os ombros e girou para a janela. Ele estava tão cansado de tocar este
ridículo jogo. E agora ele tinha que envolver Faith nisto.

Ela era a única que entendeu e o aceitou. Que não tinha nenhuma expectativa dele.
Diferentemente de seu avô.

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Como se Quentin McKay conhecesse o que era o amor. Seu avô nunca mostrou um
vislumbre dele para o menino de oito anos de idade assustado, cujo pai morreu e cuja mãe
decidiu que ela preferia ser uma socialite a ser mãe.

Ele testemunhou o casamento sem amor de seus pais e seus avós, e nunca
pessoalmente quis experimentar isto para ele mesmo. Agora, seu avô o estava forçando a
fazer a mesma coisa, casar por qualquer motivo, exceto amor. Esta era à maneira de Quentin
McKay de fazer as pazes?

— Eu sinto muito. — A voz suave de Faith o devolveu para realidade. Ele girou em
direção a ela e ofereceu um sorriso. Ela sempre o fazia sentir melhor.

O casamento com Faith, por um ano, seria fácil. Apesar dos trajes desalinhados e óculos
enormes que ela usava e o modo em que ela tentava esconder seu cabelo negro naqueles
coques horríveis, ela era atraente.

Não bonita como Erica, entretanto Erica era tão distante que ela era praticamente
intocável. Se ela não estivesse tão faminta pelo dinheiro do acordo, ela nunca teria
alimentado a ideia de casar—se com ele. Não era como se ela concordasse com o casamento
por carinho ou amor por ele.

Mas Faith? Ela faria isto porque ela era leal a ele. Dedicada e com uma qualidade tímida
que Ryan achava estranho em seu habitual círculo social. Ela escorria caráter de um modo
que não tinha nada a ver com roupas caras, maquilagem ardilosamente aplicada ou
linhagem.

Faith era genuína, honrada e atenciosa. E uma beleza natural. O pensamento de fazer
amor com ela correu por sua mente. E não simplesmente para o ato de procriação. Ele podia
já imaginar desvendar os segredos que ela tentou tão duramente esconder.

Ele pegou vislumbres deles. O modo como ela olhava para ele quando pensava que ele
não estava olhando. O modo que seus olhos iluminavam quando ele entrava em uma sala.
Sua vontade em fazer qualquer coisa para ajudá-lo com os negócios. O modo como sua voz
suavizava quando falava com ele.

— Tem certeza em ceder por escrito seus direitos por nosso filho?

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A dura realidade de sua pergunta o agitou fora de suas fantasias de fazer amor com ela.
O que ele faria com uma criança? Tratá-lo do jeito que ele foi tratado? Ele nunca faria uma
criança passar por aquilo que ele tinha passado. O que ele estava pensando ao pedir a Erica
para casar-se com ele? Que tipo de mãe ela teria sido? O mesmo tipo de pai que ele seria,
sem nenhuma dúvida. Este era o problema com este negócio. Ele não tinha pensado direito
desde que foram lidas as condições da vontade do seu avô.

Ryan já aceitou o fato que ele não tinha capacidade para amar. Ele não teve nenhum
modelo amoroso. Não, ele não era talhado para ser um pai. Ele sentiu uma pontada, algo
pouco conhecido quando ele olhou para Faith e imaginou aquele sorriso de fada em um
menino pequeno. Seu menino. Deles.

Depressa e friamente ele baniu a imagem de sua mente e tratou da pergunta de Faith.
Ela, pelo menos, seria uma boa mãe para a criança que eles gerassem. Isso aliviou sua
consciência um pouco.

— Eu cederei os direitos por escrito e você conseguirá um acordo bom, suporte para as
despesas para o resto da vida da criança. Você estará financeiramente bem cuidada Faith.
Você e sua criança.

Faith o estudou, sua voz tão fria e destacada. Ele não podia nem se referir ao bebê que
eles fariam como sua filha ou seu filho. Até nisto, ela estaria sozinha. Como ela sempre
esteve. Não desejada, mal amada. Como uma criança cujo pai não amou ou quis. Ela podia
fazer isto?

Então, novamente, esta criança teria uma mãe que a amaria e quis isto. Isto é onde as
coisas seriam diferentes. Ela daria a sua criança todo o amor que ela nunca recebera de sua
própria mãe. E duas vezes aquela quantia para igualar ao seu pai perdido.

— Existe também o dinheiro. — ele continuou. — Não esqueça sobre os cinco milhões
de dólares que você receberá quando o casamento terminar. Você e sua criança nunca
precisarão de qualquer coisa.

— O dinheiro não é relevante. Eu tenho tudo que eu preciso agora no momento. — As


coisas que ela ansiava e sempre tinha desejado, tinham muito pouco a ver com dinheiro.

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Então, por que ela estava pensando em fazer isto? Para ajudar Ryan, claro. Ela faria
qualquer coisa por ele, sempre tinha. Isso era seu trabalho, não era?

Enfrente isto. Seu trabalho era sua vida. Ela era patética.

— Tudo isso soa muito bem, Sr. McKay.

— Eu penso que é hora de você me chamar de Ryan.

— Certo. Ryan. — Que estranho, depois de todo estes anos, chamá-lo por seu primeiro
nome.

— Então, está resolvido.

— Humm, existe só mais uma coisa.

Ele esperou.

A coisa de sexo a incomodava. Ela estava hesitante em tocar no assunto, mas o mero
pensamento provocava náuseas que subiam em sua garganta. Ela teve que levantar a
questão. — Antes de nós continuarmos, nós precisamos discutir a parte do sexo.

— A parte do sexo?

Como ela iria abordar isto? Ela nunca pedira a Ryan McKay qualquer coisa o tempo
inteiro que ela trabalhou para ele. E agora ela estava indo bagunçar com suas intenções para
este acordo.

— O sexo é algo que eu não tomo levianamente. Isso significa algo para mim. Uma troca
de sentimentos, de emoção profunda.

Seus olhos estreitaram e viraram um glacial cinza. — Eu não tenho sentimentos, Faith.
Para você ou qualquer outra. Não entenda mal qualquer desejo físico que eu posso mostrar
como emoção ou carinho. Você só vai acabar se machucando.

Ela já imaginara isto, embora sua proximidade a enervasse e acordasse anseios que ela
nunca teve antes. Ele estava certo sobre biologia e sexo. Ela podia já vê-los nus juntos, seus
corpos entrelaçados em um ritual mais velho que eles dois. Mas não hoje à noite.

— Eu sei. Mas ainda sim, eu gostaria de um pouco de tempo. Pode ser puramente físico
e sem emoção para você, Ryan, mas sexo nunca será desse modo para mim. Eu sinto muito,
mas eu só não estou pronta.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ryan olhou para seu relógio, seu rosto desenhado em uma linha dura. A culpabilidade a
esmurrou no intestino. Ela o desapontou. Mas o que ela podia fazer?

— Sobre que tipo de período de tempo você está falando? — Ele perguntou.

Que tal para sempre? Certo, isso não era realista. Mas ela tomaria o máximo que ele
desse. Ela precisava de tempo para compreender como ela podia permitir ele fazer amor
com ela sem deixar sentimentos atrás, quando estiver tudo terminado. — Três meses.

— Eu esperava ter você grávida em três meses.

Ela sempre havia se impressionado por sua confiança. — Eu sinto muito, mas eu só não
posso fazer isto imediatamente. Todo o resto no acordo parece bem. Mas eu tenho que ter
três meses.

— Eu darei a você dois.

Dois meses. Pelo menos compraria algum tempo para se ajustar. – Tudo bem. Dois
meses.

— Nós temos um acordo?

Não era bem a proposta de casamento que Faith sempre sonhou, entretanto
novamente sua vida não saiu como ela imaginou. — Sim, eu casarei com você.

— Grande. Eu conseguirei Stan aqui em cima imediatamente, com um novo contrato.

Telefone celular contra sua orelha, ele já a despedira. Não era de estranhar. Ela sabia no
que ela estava entrando quando concordou com isto, então ela não devia estar desapontada
na falta de romance em sua proposta. Este era o modo que seu casamento seria e ela fez o
negócio com seus olhos bem abertos.

Afinal, para Ryan não era nada pessoal. Mas para Faith era muito mais. Ela acabou de
concordar em assinar sobre sua vida e se ela não fosse cuidadosa, seu coração, para Ryan
McKay.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Faith se debruçou sobre os vestidos de noiva que as senhoras da boutique trouxeram. A


última hora tinha sido um vendaval de atividades, de assinar o contrato a selecionar um
vestido. Ela quis se beliscar, estar certa que isto não era um sonho—alguma fantasia que ela
preparou em sua mente sobre o casamento que sempre quisera, mas nunca pensou que
teria.

Ela olhou para Ryan. Ele parecia perfeitamente à vontade, debruçando contra o bar e
tomando uma bebida. — Como souberam que tamanhos trazer? — Ela perguntou.

Ele encolheu os ombros, claramente desinteressada na seleção do vestido. — Eu olhei


para você e fiz uma suposição.

Boa suposição. Mas como ele soube? Ela achou que ele nunca olhou para ela. Ela sentiu
seus olhos nela agora, assistindo como ela escolhia um vestido.

O vestido de renda, lantejoulas e pérolas que ela selecionou tinha um corpete de cetim
e ombros caídos. A cintura era confortável e seguia para uma saia de sino que parecia com
algo que Cinderela vestiria. O véu tinha uma tiara com as mesmas pérolas e lantejoulas do
vestido.

Quando era uma criança, ela sonhou com seu dia do casamento—que menina não
tinha? Nunca em sua imaginação mais ousada isto teria sido qualquer coisa grandiosa. Ela
era a princesa a caminho do baile. Existia até um príncipe bonito esperando por ela.

As senhoras da boutique trouxeram uma seleção de sapatos, meias e roupas de baixo.


Faith selecionou um par de sapatos de cetim e alguma roupa de baixo de seda. Não que ela
tivesse muita escolha. Estas pessoas não faziam nada de algodão?

Ryan a abordou. — Eu fiz acordo com o funcionário do tribunal para emitir nossa licença
de casamento imediatamente. Você tem meia hora para preparar-se. Eu voltarei para pegar
você. — Ele colocou seu copo vazio no bar e encaminhou em direção à porta.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ela movimentou a cabeça e ele partiu. Tanto para desempenhar o papel do príncipe.
Estava na hora de conseguir o controle. Isto era negócio, não um conto de fadas. E ela tinha
meia hora para transformar de secretária desalinhada em uma noiva corada. Era uma boa
coisa que seu cabelo já estava para cima e ela não usava maquilagem.

Elma e Vivian, da loja de noivas, ofereceram ficar e ajudar com o vestido. Ela estava
agradecida, porque suas mãos tremiam e ela não podia abotoar uma coisa. Os botões de
pérola minúscula atrás iam abaixo até o fim do traseiro, eram impossíveis para ela alcançar.
Ela nunca teria entrado nele sozinha.

Quando ela deslizou no sutiã de cetim tomara-que-caia, Faith estava envergonhada que
Ryan adivinhou seu tamanho de busto pequeno. Ela lançou um suspiro saudoso em suas
dimensões mínimas e silenciosamente agradeceu a Ryan por evitar a mortificação de ter que
encher com meias em um vestido que era muito grande. Ela parou de fazer aquilo quando
ela tinha doze anos, depois que sua mãe descobriu e a puniu por tentar ser algo que ela não
era.

Depois que as mulheres partiram, Faith tomou uns minuto para olhar fixamente para
seu reflexo nas portas do armário espelhado da suíte. Ela não podia acreditar na
transformação. O vestido ajustava como se tivesse sido costurado para ela. A saia era cheia,
com colocação de perolas e strass espalhado ao longo do tule, como pó de fada. O espartilho
era apertado e com o sutiã que ela escolheu, pelo menos empurrava seus peitos minúsculos
para cima, o suficiente para gerar uma divisão. O decote era baixo, mas não o suficiente que
ela precisasse de um grampo para segura-lo.

As mulheres insistiram em um pouco de maquiagem, apesar das objeções de Faith.


Admitia que elas estivessem certas. Pelo menos ela agora tinha alguma cor em suas
bochechas. Antes, ela parecia menos como uma noiva e mais como um prisioneiro sendo
levado à forca.

— Certo, Faith. — ela disse para seu reflexo. — Isto é o melhor que você pode fazer
com o que Deus lhe deu. Eu espero que você não desaponte seu futuro marido.

— Acredite—me. Eu não estou desapontado.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ela girou ao som da voz de Ryan. — Eu não vi você, aí. — ela disse, sentindo como se ela
tivesse sido pega vestindo roupas de outra pessoa.

Seu coração disparou à vista dele, tão elegantemente perfeito em seu smoking sob
medida que ela se esqueceu de respirar. A camisa branca em contraste com seu rosto e
pescoço bronzeados.

Seus olhos nunca deixaram os dela quando ele ergueu sua mão. Uma onda de ansiedade
tremulou dentro dela que pouco tinha que ver com acordos de negócios estressantes ou
casamentos de conveniência.

— Você está linda — Sua voz vibrou através de suas terminações nervosas que ela
passou de aquecida a tremer em um instante.

Mas ele estava só sendo educado. As roupas não podiam mudar a sua aparência, mas
ela apreciou a tentativa. – Obrigada. — ela respondeu. – Assim como você.

Ele riu então, profundo e masculino, e seu corpo formigou em resposta.

— Mas algo está faltando em seu guarda-roupa.

— É? — Faith olhou abaixo. Ela tinha o vestido, sapatos, roupa íntima. Tudo parecia
perfeitamente no lugar.

— Sim. Isto. — Ryan tirou uma caixa aveludada preta de seu bolso do peito.

Fé olhou para ele, sem saber o que fazer. Ele abriu a caixa para revelar uma gargantilha
de diamante que devia valer uma fortuna. Seguramente ele não estava dando para ela.

— São emprestados de Lucy?

— Não, eles são meu presente de casamento para você. Vire-se.

Um presente de casamento. Ela não esperava isso e não podia parar seu coração de
subir rapidamente. Este conto de fadas podia ser real?

Faith girou para enfrentar o espelho, assistindo como Ryan tirou o colar da caixa e
segurou os ganchos em cada mão. Ele chegou ao redor dela e colocou o colar contra sua
clavícula, ligeiramente roçando a elevação pequena de seus seios com os lados de suas
mãos. Quando ele puxou o colar e o fixou, ela tomou uma respiração rápida e trêmula.

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Em vez de remover suas mãos depois que o colar firmou, Ryan descansou elas
ligeiramente nos topos de seus ombros, apertando seus dedos em sua carne. Faith estava
certa que ele podia ouvir seu coração batendo, sua rápida batida que ecoava em suas
orelhas como trovão.

— Aqui. — Ele andou longe para examinar. — Isto está melhor.

Sua mão rastejava para os diamantes cintilantes em sua garganta. Isto não podia estar
acontecendo para ela. Era outra pessoa na frente do espelho, parecendo com uma princesa
em um vestido de noiva magnífico e reluzindo diamantes. Se ela não soubesse, ela pensaria
que era o dia do seu casamento real e ela era uma mulher com o rubor de amor tingindo
suas bochechas. Mas ela sabia bem.

— Obrigada. — ela disse para Ryan quando se afastou do espelho para enfrenta-lo. — O
colar é adorável, o vestido é bonito e eu me sinto como Cinderela.

O rastro de um sorriso em seus lábios generosos desapareceu. Ele andou longe dela. —
Não é um conto de fadas, Faith. Isto são negócios. Não ponha seu coração nele ou você
acabará sendo machucada.

Muito tarde. Ela se machucara já da mordida de suas palavras. Mas elas também eram
verdadeiras. Este não era seu casamento de conto de fadas e Ryan McKay certamente não
era seu Príncipe Encantado.

— Eu estarei fora do apartamento. Termine quando você estiver pronta. — ele disse e
então saiu do quarto.

Apenas negócios. Isto é tudo que seria. Eles não eram duas pessoas apaixonadas
fazendo, hoje, o compromisso de suas vidas. Eles eram colegas de trabalho fechando um
negócio.

Ela não podia evitar, mas queria que fosse mais. Este era, afinal, seu primeiro
casamento. E ainda que fosse uma farsa, ela iria apreciar isto como se fosse real.

***

Eles tomaram o elevador no térreo. Os sussurros e parabéns foram dirigidos a eles


enquanto andavam em torno do labirinto complicado pelo cassino e para o salão de entrada.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Faith sorriu timidamente para as pessoas que pararam para oferecer parabéns. Ela nunca
tinha sido notada antes e ter este tipo de atenção era esmagadora. Tinha que ser o vestido e
os diamantes cintilantes em sua garganta. Até o manequim mais enfadonho seria notado
com um vestido de desenhista e joias no valor de uma fortuna, estivessem cobrindo—o.

O salão de entrada fervilhava com atividade. Era sexta à noite e os jogadores do fim de
semana encheram o hotel e cassino. Faith amou este hotel, com suas estatuetas de
alabastro e as cortinas douradas perfeitamente complementando o ouro atordoante e chão
de mármore branco. Pela primeira vez ela sentiu que pertencia aqui. Ela deslizou através do
salão de entrada, os saltos de seus sapatos de cetim branco batendo com a batida frenética
de seu coração.

Ryan parou na escrivaninha do porteiro e sussurrou para o rapaz jovem a trabalho. O


homem movimentou a cabeça para as ordens de Ryan e desejou a eles sorte.

Eles entraram em um segundo conjunto de elevadores que levariam eles para a capela.
O que Ryan estava pensando sobre tudo isso? Este momento era tão especial para ela e ela
queria lembrar esta noite como se fosse na realidade o casamento que ela sonhou. Era,
possivelmente, o único casamento que ela teria. Mas que tal ele? Ele temia o momento
quando ele estaria destinado a ela pelo próximo ano?

O elevador abriu em um salão de entrada escura, madeira polida e metal sólidos. As


portas duplas enormes os saudaram com a Capela do Casamento de Chalé, estampadas em
palavras douradas no topo da arcada. Ryan a levou pelas portas, a última vez em que ela
entraria em uma sala como uma mulher solteira. Pelo próximo ano, de qualquer maneira.

Uma mulher pequena, com cabelo escuro, se apressou até eles. Miriam Snelling era a
eficiente e coordenadora do casamento da Capela de Chalé.

— Sr. McKay, — ela esguichou com entusiasmo enquanto ela agitava a mão de Ryan —
eu estou tão contente que você decidiu ter seu casamento conosco.

As sobrancelhas da mulher ergueram em surpresa quando ela viu Faith, mas diferente
de uma saudação cortês, a mulher não verbalizou qualquer opinião que ela tinha sobre a
escolha de Ryan da noiva.

Faith conheceu o pensamento da mulher.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Obrigado, Senhorita Snelling. — ele respondeu. — Nós estamos ficando sem tempo.
Tudo está pronto?

— Sim, claro. — A senhorita Snelling os conduziu até uma sala de espera. — O ministro
estará preenchendo brevemente os formulários e então nós podemos iniciar.

Eles esperaram em silêncio constrangedor, pelo ministro. Faith entrelaçou seus dedos
juntos, seu olhar viajou para sua mão esquerda.

Nenhum anel.

— Ryan, nós não temos anéis de casamento.

— Foi tudo resolvido. — ele respondeu. — Não se preocupe.

Ela devia ter sabido que ele teria tudo detalhado. Um senhor chegou carregando um
estojo de couro marrom. Faith o reconheceu como Bradley Peters, o gerente de Lucy
Diamonds, uma joalheria do hotel. Ryan o instruiu para pôr o estojo na escrivaninha do
ministro e acenou a Faith para vir depois.

— Sr. McKay gostaria que você selecionasse os anéis. — Bradley disse quando ele abriu
o estojo para revelar dúzias de anéis de casamento de diamante.

Faith olhou para Ryan.

— Vá em frente, escolha algo que você gosta. Mas seja rápida sobre isto. — ele disse.

Ela perscrutou no estojo e examinou os anéis dos homens. Não levou muito tempo para
achar um que ela gostasse, uma aliança de ouro amarelo e brancos simples com nós de amor
tecidos ao longo e dois diamantes pequenos aconchegados dentro dos laços de um círculo
infinito.

— Eu gosto deste aqui. — ela disse quando ela segurou para cima, para inspeção do
Ryan. – E você?

Ele encolheu os ombros. — Qualquer um que você gostar, está bem para mim.

— Por favor, pelo menos olhe para ele. Experimente e tenha certeza que serve. — Sua
aprovação de sua seleção significava algo, ainda que a troca de anéis significasse um laço
para sempre tão falso quanto seus sentimentos por ela.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ryan suspirou e tomou o anel de seus dedos. Ajustava-se perfeitamente e parecia como
Faith imaginou que ficaria. Masculino, não muito delicado ou extravagante.

— É muito bom. — ele disse quando ele tirou o anel fora e deu para o joalheiro. —
Agora, escolha um para você mesmo.

— Para mim? Eu possivelmente não poderia. Você faz isto.

Ele olhou para ela, mas ela resistiu. Ela não poderia absolutamente escolher seu próprio
anel. Finalmente, ele curvou em cima da caixa de jóias. Faith ficou surpreendida que ele não
escolhesse o primeiro anel ao alcance da sua mão, considerando que eles tinham apenas
meia hora antes do prazo final, junto com sua falta completa de interesse. Mas ele examinou
todos eles, então segurou sua mão para examinar seus dedos. Depois de olhar vários, ele
selecionou um.

— Você gosta deste aqui?

O que tinha para não gostar? Ela se surpreendeu que ele escolhesse o mesmo que tinha
chamado sua atenção. A faixa de ouro combinou com o anel que ela selecionou para ele,
exceto os laços de amor cercavam um diamante em forma de marquesa, enorme que devia
ter mais de dois quilates. Faith nunca teria selecionado um anel assim para ela mesma, ainda
que ele fosse o mais bonito no estojo.

— É de tirar o fôlego. Claro, eu gosto. Mas é um pouco caro, não?

Sr. Peters abafou uma tosse e Ryan acabou sorrindo. — Nós levaremos estes dois,
Bradley.

— Sim, senhor. — O joalheiro pegou duas caixas pretas, deslizando os anéis dentro e os
deu para Ryan. Então, ele depressa fez sua saída quando o ministro entrou.

— Oi, Ryan. — Reverendo Dodd disse em uma voz amigável quando ele girou para Faith.
— E você deve ser… oh. Senhorita Lewis.

Obviamente, o ministro esperava por Erica e ficou bastante surpreendido por descobrir
Faith de pé lá.

— Reverendo, houve uma ligeira mudança de noivas. – O tom de Ryan não admitia
nenhuma conversa adicional.

— Bem. Eu posso ver isto. — ele disse com um sorriso.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Certo, pensou Faith. Erica, a grande estrela, não podia fazer a apresentação então Faith,
a atriz substituta, entrou.

Eles terminaram a papelada em minutos, Faith mal foi capaz de dar seu nome completo
para Reverendo Dodd e muito menos se lembrar de sua data de nascimento. Ela só ouviu
pequenos pedaços do discurso do ministro e de como a formalidade prosseguiria, seus
pensamentos enfocando principalmente nesta decisão e que ela conseguiria.

Depois que Reverendo Dodd partiu com Ryan, Miriam apareceu.

— Bem, querida, — Miriam disse quando retornou. — eu devo dizer que você está
absolutamente deslumbrante hoje à noite. Você está uma noiva magnífica e eu estou certa
que você e Sr. McKay serão muito felizes juntos.

Faith tentou um sorriso, mas seus lábios tremeram quando a realidade bateu. Ela estava
casando. Não o homem que ela desejou por tanto tempo, mas o homem que era seu chefe.

Miriam lhe deu um buquê de rosas brancas. Faith, com as mãos trêmulas o ergueu para
seu nariz. Sua fragrância doce trouxe lágrimas para seus olhos por tantas razões diferentes.
Ela desejou que este fosse um casamento baseado em amor e compromisso de vida em vez
do contrato que ela assinou.

Algum dia, talvez, seus sonhos de conto de fadas se realizariam.

A capela era decorada em branco e azul pastel suave. Os lírios brancos presos a tiras de
cetim azuis, adornando cada fila. Faith não podia ter escolhido um lugar mais bonito para
seu casamento.

Ela esperava que não entrasse em colapso, desmaiasse, vomitasse ou virasse as costas e
corresse gritando da sala. Ao invés, ela segurou com um aperto de morte buquê de rosa,
administrou um sorriso trêmulo e se dirigiu ao corredor, em direção ao seu marido
pretendido.

O ministro sorriu indulgente, Ryan parecia impaciente e Faith estava tentando lembrar
como respirar. Flash cegou seu progresso quando o fotógrafo seguia todo seu movimento,
disparando fotos a cada segundo. Ela detestava ser fotografada, mas ela sabia que todas as
medidas tomadas, desde o seu vestido ao smoking de Ryan para a capela e fotografias, era

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Nada Pessoal - Jaci Burton

tudo sobre Relações Públicas. Serviria para a empresa e é isso que importava. Ela tentou
sorrir e não parecer doente.

Foi a caminhada mais longa de sua vida. Quando ela finalmente alcançou o altar, Ryan
tomou a sua mão trêmula e colocou-a na dobra do seu braço esquerdo.

Era isso.

O ministro falou sobre amor, honra, compromisso e fidelidade eterna. Ela tentou se
concentrar nas palavras e seu significado, mas ela estava distraída pela mão morna do Ryan
cobrindo a sua, seu polegar traçando círculos preguiçosos por cima de sua mão. Sua
proximidade a enervava e tudo que ele estava fazendo era estar próximo a ela. Como ela iria
lidar vivendo com ele? Dormindo com ele?

Ela se forçou a voltar para o aqui e agora. O reverendo Dodd disse algumas palavras
sobre a santidade de seu casamento, e então…

— Pelo poder investido em mim pelo Estado de Nevada, eu agora os declaro marido e
mulher. Sr. McKay, você pode beijar sua noiva.

Era isso? Eles estavam casados?

Ryan girou para Faith e ela se forçou a encontrar seu olhar. Ele agraciou—a com um
sorriso generoso e se inclinou para ela.

Ela deveria beijá-lo. O homem que ela trabalhou lado a lado nos últimos cinco anos e
mal tinha apertado às mãos, e ela deveria beijá-lo. Seu chefe. Sua queda, seu chefe lindo,
sensual e viril. Que também era agora seu marido. Seguramente ele lhe daria um rápido
beijo nos lábios e isso seria tudo.

Ela estava errada.

Ele deslizou seus braços ao redor ela e a trouxe contra seu tórax, cortando eficazmente
o oxigênio restante que abastecia seu cérebro entorpecido. Seus olhos cinza escureceram ao
mesmo tempo em que ele apertou seus lábios contra sua boca.

Sua respiração ficou presa em um suspiro quando seus lábios macios acariciaram sua
boca trêmula antes de captura-la em um beijo firme, que mexeu com Faith até seus dedões
dos pés. Um raio atingiu seu coração, eletricidade passou por ela quando sua língua entrou
em sua boca e corajosamente enroscou com a sua.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Era uma promessa de coisas deliciosas por vir. Coisas que Faith queria neste momento,
mas também temia mais que pesadelos na escuridão.

Este teve ter sido o beijo mais apaixonado que Faith já recebeu.

Assim como começou, tinha terminado. Ainda que o beijo fosse breve, pareceu durar
uma eternidade. Ryan a soltou e deu um passo para trás, parecendo inalterado por seu beijo
à medida que ele se virou.

Era como se eles tivessem se beijado mil vezes em vez de ser seu primeiro. Faith, por
outro lado, permanecida como uma estátua, completamente atordoada com toda a
cerimônia e o beijo resultante.

— Você está bem? — Ryan perguntou.

Seus lábios ainda queimavam, mas ela conseguiu um aceno com a cabeça. — Sim, eu
estou bem. Só estranhando um pouco.

— Tem sido um dia agitado para você.

— Isto é um eufemismo.

— Bem, acabou agora. Vamos.

Faith o parou. — Onde nós estamos indo?

— Para minha casa.

— E as minhas coisas em meu apartamento?

— Eu já fiz arranjos para eles serem embalados e movidos para a casa. Você os terá pela
manhã.

— Mas eu não tenho nada para vestir além das roupas que eu trabalhei hoje e este
vestido. Eu não tenho uma escova de dente, pente, xampu...

— Relaxe, Faith. — ele interrompeu quando agarrou sua mão e encaminhou em direção
à porta. — Eu já antecipei as coisas que você precisará e elas estarão na casa quando nós
chegarmos.

O advogado de Ryan estava fora da capela, sorrindo brilhantemente.

— Parece que você fez no prazo final, Ryan. Quase.

— Sim, está feito, Stan, e foram atendidas as condições do acordo.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Stan movimentou a cabeça. — Até aqui tudo bem. Mas ainda existe mais por vir para
completar as condições.

— Eu estou completamente ciente disto. — Ryan disse decisivamente. – Agora, se você


não se importar, tem sido um maldito longo dia e eu gostaria de sair daqui.

— Claro. — Stan disse e girou para Faith. — Parabéns, Sra. McKay, eu desejo a você
muitas felicidades em seu casamento. — Ele depressa fez sua saída da sala.

Sra. McKay. A realidade a atingiu. Ela estava casada. Com Ryan McKay. E agora ela
estava indo para casa com ele, para começar um ano cheio de incertezas.

Por que ela fez isto? Para ajudar seu chefe? Ou porque no fundo, ela ansiou por isto,
esperando por alguém que algum dia a pediria para casar com ele?

Não importava agora. A ação estava feita. Ela esperava que tivesse tomado à decisão
certa, porque sua vida inteira acabou de mudar drasticamente.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Nenhuma dúvida sobre isto, Faith se transformou da menina do trabalho em uma


princesa diante de seus olhos. Ryan assistiu o balanço de seu quadril quando ela se dirigiu
para o corredor, em direção aos elevadores. Ela caminhava com um rebolado sexy e aquele
vestido acentuava isto.

O que ele estava fazendo? Já salivando atrás de sua esposa e eles ainda não tinham
estado casado nem por uma hora. Ele forçou seus olhos longe de seu traseiro e pensou
sobre os negócios que teve que adiar por causa deste ridículo e falso casamento. Era nisso
que ele precisava se concentrar. Os negócios eram seu único desejo. Não o traseiro daquela
morena atraente.

Mas sim que era um bom traseiro. Mesmo coberto com todo aquele material de vestido
de noiva branco e rendado. Ou quando ela escondeu isto debaixo das longas saias de vovó e
jaquetas de terno muito grande para sua constituição delicada. Ryan tinha um olho treinado
e uma imaginação muito vívida. Uma imaginação que já tinha Faith despida e esperando por
ele em sua cama.

Se ele fosse honesto consigo mesmo, admitiria que se encantou quando caminhou no
quarto da cobertura para encontra-la de pé lá, em seu vestido de noiva. Ele nunca se
preocupou em perguntar a ela por que escondia sua beleza debaixo de óculos espessos que
não combinavam com seu rosto ou manteve seu cabelo severamente puxado para trás em
um coque feio.

Ele nunca perguntaria. Isso seria pessoal e Ryan nunca foi pessoal.

Mas, apesar de seus melhores esforços em camuflagem, ela era incapaz de esconder sua
beleza natural. E o vestido de noiva de alguma maneira a transformou. Seus olhos brilhavam
como um oceano iluminado pelo sol e suas bochechas arderam com um rubor natural, que
não teve nada a ver com a maquiagem. Ela até parecia feliz. Uma ideia ridícula desde que
seu casamento era nada além de um casamento de negócios.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Quando ele pegou seu reflexo no espelho do apartamento, Ryan sentiu como ele fosse o
homem para quem ela estava destinada. Aquele cujo toque incendiaria seu desejo. Como ela
incendiou o seu. Ele sentiu como se hoje fosse seu casamento e Faith sua esposa realmente.
E hoje era sua noite de núpcias.

O apertar em suas calças o incomodava mais que seus pensamentos errantes. Ele nunca
teve mais que um interesse passageiro por uma mulher. Para dar mais que atenção fortuita
significava envolvimento sentimental e ele aprendeu bem com seus pais e avô que a emoção
levava ao sofrimento.

Onde ele teria aprendido a gostar de alguém? Sua mãe era uma madame inútil para
uma criança, seu pai um compulsivo trabalhador que dirigiu a si mesmo a sepultura e seu
avô necessitava de um conhecimento rudimentar de calor e amor. Ele não teve nenhum
modelo, então onde ele teria aprendido como dar seu coração?

As mulheres só serviam para liberação física ou para enfeitar seu braço em uma função
social ou de negócios. E era isso. Mulheres assim estavam disponíveis em abundância em Las
Vegas. Elas nunca ocupavam seus pensamentos por mais tempo do que o necessário para
lidar com elas. Então, elas iam embora. Elas conseguiam o que queriam da relação e ele
também, e ninguém ficava machucado.

Exceto Faith, ela era diferente. Ela não iria embora. E, aparentemente, não iria deixar
seus pensamentos de qualquer jeito, apesar de seus esforços para dirigir sua mente para
negócios em vez de imaginar o que ela vestia debaixo de seu vestido de noiva.

Por que agora? Ela esteve com ele por cinco anos, diariamente. Ele a contratou porque
ela veio recomendada diretamente da academia, formada no topo de sua classe da
Universidade de Las Vegas. Ela era afiada, despretensiosa e sem contar que não mostrou
interesse nele. De fato, ela até evitou qualquer tipo de contato pessoal acidental, como uma
praga.

Exatamente o que ele precisava de uma assistente executiva. Negócios somente.

Mas debaixo de seu exterior existia uma inocência que ele desconhecia. E isso o
intrigou.

Por que Faith ainda era virgem? E por que o pensamento de sexo a apavorava?

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Isto, ele definitivamente queria mudar.

Eles pararam no elevador e Faith virou para ele, seus olhos azuis olhando fixamente,
esperançosamente.

— Nós estamos indo para sua casa agora? — Ela perguntou com aquela voz suave que
derramou sobre ele como um conhaque bem envelhecido.

— Sim.

Ela engoliu em seco e se virou esperando pelo elevador. Sem mais discussão na descida
do elevador, eles caminharam pelo hotel e para fora, no ar fresco de abril.

Faith inalou profundamente, saboreando o oxigênio e segurou suas mãos para parar de
tremer. Os calafrios involuntários começaram assim que eles caminharam do lado de fora. O
vento soprou em cima e seu vestido sem manga não fez nada para evitar o frio.

— Frio? — Ryan perguntou.

— Um pouco.

— Aqui. Coloque isto. — Ele removeu seu casaco e deslizou acima de seus ombros. Faith
sentiu o calor de seu corpo que irradiava do forro de seda e instintivamente puxou a jaqueta
mais apertada ao redor dela, para ficar mais perto do seu calor. Sentiu seu cheiro, uma
combinação de água de almíscar e algo puramente Ryan.

A limusine preta e lustrosa parou e Ryan a ajudou a entrar.

— Estas coisas sempre me lembram de quartos de hotel, menos a cama. — Faith disse
quando ela se acomodou inspecionando o interior expansivo da limusine.

Ela tinha estado em muitas delas antes, mas sempre como assistente de Ryan. Ela nunca
tinha prestado muita atenção em como elas pareciam. Ela estaria andando nelas mais
frequentemente agora?

Os assentos eram de couro macio, almofadado, que ela afundou. Seu vestido volumoso
ondulou ao redor dela até que estava cercada por tule. Era uma limusine com serviço
completo, com televisão, bar e telefone ao alcance.

— Tem seus luxos. — Ryan secamente respondeu.

— Por que nós não pegamos seu carro?

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Eu pensei que você estaria mais confortável na limusine, considerando seu vestido,
em lugar de tentar colocar você no BMW.

— Oh. Isso faz sentido. — Ele pôs seu conforto em primeiro lugar. Ele realmente pensou
nela. Incrível. Assim como no decorrer da noite, simplesmente incrível.

Faith olhou para fora das janelas escuras, assistindo os carros com passageiros parando ao
lado. Ela sorriu quando as pessoas nos outros carros apertavam os olhos tentando descobrir
que celebridade estava do lado de dentro. Ela fez a mesma coisa antes, perguntando-se
como seria a vida no outro lado dos vidros escuros. Engraçado, ela ainda sentia como uma
daquelas pessoas no lado de fora.

— Você gostaria de alguma música?

Ela assentiu com a cabeça e Ryan bateu um dos muitos botões localizados no console na
porta da limusine. Um clássico suave saiu dos autofalantes. Ela respirou e se forçou a relaxar,
fechando seus olhos e escutando o som calmante. Ela tentou não pensar sobre onde estava
indo ou que tipo de vida ela estava começando pelo próximo ano.

Eles viajaram para fora dos limites da cidade e para as áreas residenciais da região. A
limusine diminuiu a velocidade no condomínio onde a mansão de McKay estava localizada.
Era de alta segurança, com câmeras de vigilância eletrônica e um guarda de olhar feroz, na
entrada.

Ryan abriu a janela e o guarda o abordou. Ele sorriu quando viu Ryan.

— Boa noite, Sr. McKay. — o guarda disse. — Vá para a direita, no meio.

— Obrigado, Tom. — Ryan disse e rolou a janela de volta.

Uma vez atravessado o portão, Faith perscrutou pelas janelas escurecidas para ver
melhor as enormes casas quando eles passaram abrindo passagem pelas ruas do
condomínio. Era escuro, mas as casas estavam todas bem iluminadas. Ela esteve ali várias
vezes, mas nunca prestou atenção ao ambiente. Até então, este bairro não significava nada.
Agora era a sua casa.

A limusine parou na frente de uma imponente estrutura familiar, a mansão McKay.


Como algo saído de um filme, a fachada de tijolo e torres parecia mais um castelo que uma
casa.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ryan saiu do veículo e estendeu sua mão para Faith, que aceitou para ajuda-la a sair da
limusine. Não era fácil manobrar neste vestido grande.

A porta de madeira pesada apareceu diante dela. Ela tentou engolir, mas sua garganta
estava seca.

Quando se aproximaram da porta, esta automaticamente abriu. Dirigiu-a para dentro e


Leland Banks, Mordomo de Ryan, os saudou.

— Boa noite, Senhor McKay. — o homem disse formalmente em seu acento muito
britânico.

— Boa noite, Leland. — Ryan respondeu.

— E uma muito boa noite para você, Sra. McKay. Eu posso oferecer o meus parabéns
para você dois?

Ryan deve ter notificado Leland de seu casamento. Seja qual pensamento o mordomo
tinha sobre isso, estava mascarado completamente por seu comportamento estoico.

— Obrigado, Leland. Você podia mostrar a Sra. McKay o segundo quarto? É tarde e eu
ainda tenho algumas coisas para colocar em dia.

— Mas eu pensei que o contrato dizia que… — Faith apertou os lábios fechados e olhou
para Ryan, não sabendo quanto ele revelou para Leland, sobre as condições do testamento.

— Eu sei que diz no contrato que nós temos dormir no mesmo quarto. — Ryan explicou
— Mas Stan e James não chegarão até amanhã e eu não quero manter você acordada a
noite toda. Eu tenho trabalho a fazer.

O que significou que ele realmente não a queria em seu quarto. Faith empurrou de lado
o sentimento de ser esvaziada. Afinal, este período de espera de dois meses tinha sido sua
ideia. Mas de qualquer jeito, eles teriam que dormir juntos, então, por que não hoje à noite?

Ela estava sendo tola. Em vez de se sentir rejeitada, ela devia estar contente pelo
adiamento de uma noite.

Ryan desapareceu no corredor e Leland levou Faith para a escadaria enorme, além do
foyer de mármore. — Venha por aqui, madame.

Faith tinha estado na casa algumas vezes para ajudar Ryan com funções de negócios,
mas nunca tinha estado em mais de um dos quartos, no andar de baixo.

34
Nada Pessoal - Jaci Burton

Eles tomaram a escadaria espiral para o segundo andar. Leland a levou para o lado
direito do corredor, em direção a um conjunto de portas duplas. Ele as abriu para ela e saiu
do caminho, acenando para Faith entrar no quarto.

Quando ela fez, sua boca abriu em choque. Isto não era um quarto, era uma casa. O
espesso tapete se sentia como travesseiros debaixo de seus pés. No centro do quarto estava
uma cama king size coberta com um edredom creme e rosa suave, com um dossel. Parecia
um paraíso de harém, com um tapete creme e rosa pálido, com uma cabeceira
intricadamente trabalhada.

— Você gostaria de algo para comer, Sra. McKay?

Faith havia esquecido que Leland estava no quarto. — Não, está bem. Está tarde. Eu
esperarei até manhã.

— Tolice. — Leland disse. — Você comeu hoje à noite?

Agora que ela pensava sobre isto, Faith não teve uma coisa para comer desde o almoço.
— Para falar a verdade não.

— Eu vou trazer algo, então.

Enquanto ela esperava, explorou o quarto. O banheiro era separado do quarto por
portas duplas brancas. Faith caminhou pelas portas e ofegou quando ela andou em um
armário maior que seu apartamento inteiro.

Ela podia ter colocado sua mobília da sala de estar lá. E estava completamente vazio,
com exceção de uma impressionantemente camisola de cetim.

Nenhuma outra roupa. Grande problema.

A batida de Leland na porta trouxe sua atenção do armário até seu estômago. A bandeja
que ele trouxe estava cheia com mais comida que Faith poderia comer em um dia, muito
menos agora.

— Obrigada por isto, Leland. — A boca de Faith encheu de agua no banquete que Leland
colocou na mesa.

— Seja bem-vinda, Sra. McKay.

— Por favor. — ela disse, oferecendo um sorriso pequeno. — Chame-me Faith.

35
Nada Pessoal - Jaci Burton

Leland agitou sua cabeça. — Não seria apropriado.

Faith franziu o cenho. — Por que não?

— Porque não. Você é a dona desta casa e eu sou um empregado.

— Bem, isto é bobagem.

— É o modo como as coisas sempre foram feitas. Todos nós temos nossa função aqui.

O homem já sorriu? Faith, sentada na extremidade de sua cama, estudou o mordomo do


McKay. — Isto é tão idade Média. Isto é o século XXI, Leland. Eu penso que as linhas entre as
classes sociais mudaram mais que um pouco. Além disso, não é como se você não me
conhecesse. Eu não sou diferente agora do que eu era antes.

Leland apertou suas mãos atrás de suas costas, sua postura rígida e inflexível. — Oh,
mas você é, senhora. Talvez em seus círculos os patrões e empregados se misturem, mas
não no meu. Eu tenho sido mordomo dos McKay por mais de trinta e cinco anos e sempre
tem sido deste modo.

Faith ergueu seus ombros atrás e soprou um suspiro frustrado. Ela podia dizer que não
chegaria a nenhum lugar com Leland hoje à noite e estava muito cansada para discutir.

— Aprecie seu jantar, madame. — ele disse quando ele inclinou sua cabeça em direção a
ela e deixou o quarto.

A comida fez seu estômago roncar, mas primeiro uma coisa. Uma mudança de roupa.
Ela não queria tentar fazer uma refeição com tule obstruído seu queixo.

No momento que ela andou no quarto de vestir, a bateu. Não existia nenhum modo que
ela poderia sair de seu vestido de noiva sem ajuda. Era depois de uma da manhã e ela não
tinha nenhuma ideia onde Leland foi ou no que diz respeito a esse assunto, seu novo
marido. Então, quem podia ajudar?

Talvez, se ela abrisse a porta e gritasse por ajudar, alguém viria correndo. Faith
ponderou aquela opção à medida que ela saia.

O corredor era longo e levava a outro conjunto de portas duplas no fim. Era o quarto de
Ryan?

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ela andou pelo corredor escuro até alcançar a porta no lado oposto ao seu. Ela colocou a
orelha contra a porta, escutando por quaisquer sons. Nada. Bem, quem estava lá dentro
seria acordado, porque ela não iria comer ou dormir com seu vestido de noiva.

Três golpes rápidos e ela deu um passo para trás, para esperar. Nenhuma resposta.
Talvez o quarto estivesse vazio e ela estava desperdiçando seu tempo. Ela bateu novamente,
mais forte dessa vez e a porta abriu trazendo a luz brilhante sobre ela vindo do quarto
iluminado.

Ryan estava ainda em suas calças, mas ele removeu a jaqueta e a gravata, sua camisa
completamente desabotoada.

Faith tentou achar sua voz, mas a visão do peito nu de seu marido a deixou sem fôlego.
Ele tinha um porte impressionante e um tórax musculoso, com um pouco de pelos
enrolados.

Ele se debruçou contra a entrada esperando por ela falar. — Você quer algo? — Ele
perguntou.

— Eu… eu preciso de alguma ajuda. — Agora ela gaguejou como uma adolescente. A
impressão maravilhosa que ela estava fazendo ao seu marido.

— Que tipo de ajuda?

Ele não a convidou a entrar. Ela se sentiu como um vendedor tentando vender um
aspirador de pó, esperando ter a porta completamente fechada em seu rosto, a qualquer
momento.

— Eu não posso desabotoar meu vestido.

Ela estava falando outro idioma? Por que ele estava franzindo a testa?

— O que você quer dizer? — Ele perguntou.

— Eu quero dizer isto. — ela disse com mais que um pouco de frustração. Ela estava
cansada, faminta e queria sair do vestido agora mais do que qualquer coisa no mundo. –
Olhe. — ela disse e girou ao redor para ele ver seu dilema.

— Entendo. Certo, vamos.

— Vamos? Vamos onde? — Quando ela teve as palavras saindo, Ryan estava
caminhando para seu quarto. Ela ergueu sua saia e apressou atrás dele.

37
Nada Pessoal - Jaci Burton

Ele entrou em seu quarto e esperou por ela. – Vire-se. — ele comandou.

Faith fez como foi informada, mais que um pouco envergonhada por ter seu marido a
despindo, apesar do fato que era exatamente o que devia acontecer em sua noite de
casamento. Em uma noite de casamento normal, talvez, mas não este aqui.

Ela tentou ficar quieta, pacientemente, enquanto Ryan lentamente deslizava cada botão
de pérola de seu furo minúsculo. Mas seu toque fez coisas para sua sensação de equilíbrio.
Ela estremeceu cada vez que suas juntas dos dedos mornos roçaram a pele nua de suas
costas.

— Você está com frio? — A voz do Ryan sussurrou suavemente contra sua orelha.

— Para falar a verdade não.

— Você está tremendo.

— Hum… sim.

— Por quê?

— Eu não sei. — Mentirosa.

As mãos de Ryan pararam. — Meu toque incomoda você?

Seu toque mais que definitivamente a incomodava. Mas não no modo que ele pensava.

— Não, está bem. Vá em frente.

Ela se preparou contra mais sinais externos de seu efeito nela. Não iria cair na cama com
ele, não importa quanta sua pele formigasse. Ela fez uma barganha por dois meses e
precisava daquele tempo para chegar a conhecer seu marido.

Estas eram novas sensações, novos sentimentos e seus sentidos já estavam em


sobrecarga dos eventos de dia. Ela não podia lidar muito mais sem um colapso completo.

Entretanto, suas mãos moviam mais para baixo quando ele livrou os botões próximos a
sua parte inferior. Os tremores retornaram.

— Eu penso que tem suficiente desfeito, agora eu posso sair desta coisa. — ela
gaguejou.

— Só alguns mais. — ele disse, ignorando seu pedido. Obviamente seu toque em sua
pele não o afetou. — Você precisa de mim para ajudar você a sair disto?

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Não! — Faith se encolheu, sentido sua negação soar tão forte. Ela girou para Ryan.
Seus olhos cinzentos escurecidos como nuvens de tempestade. Talvez ele não fosse tão
inconsciente do contato entre eles. — O que eu quis dizer era que eu posso sair dele
sozinha. Mas obrigada, de qualquer maneira.

Ele lançou um sorriso torto. Agora que seu vestido estava quase escorregando de seu
corpo, por que ele não partia?

— Eu só esperarei um pouco aqui enquanto você se troca, no caso de você precisar de


mim, novamente. Não há necessidade de andar seminua pelo corredor para pedir ajuda.

Seminua. Suas bochechas esquentaram com calor. O vestido estava completamente


aberto atrás e ela tinha suas mãos firmemente apertadas contra seu tórax, para evitar cair
para o chão. — Está quase saindo, Ryan. Eu dificilmente penso que precisarei de ajuda. Mas
obrigada, boa noite.

Esperando que ele pegasse a pista que ela queria estar só para se despir, ela fugiu para a
área de vestir.

A camisola de cetim. Ela não tinha nenhuma outra escolha. Era isso ou comia seu
sanduíche totalmente; nua. Aposto que Ryan gostaria disso. O modo como seus olhos
cintilaram quando ele a viu em seu vestido de noiva a levou a acreditar que poderia haver
uma faísca de interesse.

Ela empurrou o pensamento de lado. Ridículo. Ryan McKay nunca tinha estado
interessado nela. Por que ele estaria? Ela não era nada como as mulheres que ele andava.
Nem mesmo perto.

Tentando redirecionar seus pensamentos para sua fome, ela removeu suas roupas de
baixo e deslizou a camisola por cima de sua cabeça. Incapaz de resistir, ela correu as mãos
para baixo do cetim fresco. Um olhar rápido no espelho a chocou. O vestido moldava seu
corpo como a mão de um amante, claramente mostrando todas as curvas que ela tinha.

Por que ela não ouviu a porta fechar? Seguramente Ryan partiu agora. Faith esperou
alguns segundos mais para o som da porta fechando, mas não ouviu nada.

— Ryan?

— Sim?

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ele estava ainda lá, mas sua voz estava amortizada.

— O que você está fazendo?

— Comendo.

— Oh. — Ela perscrutou em torno da entrada no quarto. Ele se sentou à mesa, próximo
a sua cama, comendo um dos sanduíches que Leland trouxe para ela.

— Você não comeu ainda, Faith. Termine e pegue um destes sanduíches.

— Não, isto está bem. Eu não estou tão faminta, realmente. — Certo. Ela não ficaria
surpreendida se Ryan pudesse ouvir seu estômago roncando, do outro quarto.

— Não seja ridícula. Termine aí e coma comigo.

Felizmente, a camisola tinha um robe de cetim que vestiu depressa. A fome conseguiu
vitória acima da modéstia. Ela queria ter alguma comida antes dele comer tudo. Ela apertou
o cinto da bata e entrou no quarto.

Quando ela cruzou na frente dele, seus olhos se arregalaram. Faith fechou as
extremidades da bata acima de seu tórax, sentindo menos que adequada em uma roupa que
devia ter sido vestida por uma deusa como Erica, não por ela. Ela não fazia justiça.

— Faminta? — Ele perguntou.

Faith movimentou a cabeça. — Faminta. Eu não percebi que não comi até que Leland
mencionou algo sobre comida.

Ryan sorriu. — Eu sei. Quando eu vi a comida na mesa meu estômago me lembrou de


que eu não comi desde o café da manhã. Você não se importa, não é?

— Por que eu me importaria? — Ela agarrou um sanduíche e tentou não empurrar em


sua boca. Com tanta dignidade quanto ela podia reunir, considerando a profundidade de sua
fome, ela tomou uma mordida do sanduíche de peru delicioso.

Ele tomou um gole de chá e a assistiu comer. A princípio ela estava tímida, entretanto
seu apetite assumiu o comando e ela terminou o sanduíche num instante.

Satisfeita, Faith se sentou de volta e tomou um gole. E ainda ele olhava fixamente para
ela.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Algo está errado? — Ela soube que ele queria dizer algo, mas não o fez. Ela mastigou
seu lábio em antecipação.

Sem uma palavra ele alcançou através da mesa e desenhou seu dedo polegar contra o
canto de sua boca, então, lentamente, arrastou através de seu lábio na parte inferior. Faith
assistiu em êxtase quando ele trouxe seu dedo polegar à boca e lambeu com lentidão
agonizante.

— Você tinha maionese no canto de seu lábio. — ele disse sua voz baixa e oh-tão-
sensual.

Ele estava deliberadamente tentando deixá-la louca? Ela agarrou o guardanapo e passou
através de sua boca. — Obrigada.

Seus olhos escuros aqueceram. — O prazer foi todo meu.

Ela não podia desviar o olhar longe dele, apesar de saber que ela devia parar o que
estava acontecendo entre eles. Ela simplesmente não podia lidar com mais hoje.

Felizmente, Ryan também. — Estou certo que você está cansada. Eu deixarei você ter
algum sono.

Levantou da mesa, movimentando a cabeça. — Obrigada por sua ajuda com o vestido.

— De nada. — ele respondeu e andou em direção a ela, pegando as suas mãos. Ele a
puxou contra seu tórax e deslizou seus braços ao redor dela.

Os cabelos encaracolados de seu tórax esfregaram em seus seios. A seda do vestido e da


bata pouco fez para evitar o calor de seu corpo no seu. Seus mamilos endurecidos contra
ele, a corrente de desejo quase a fazendo cair. Seus membros viraram gelatina e se sentiu
leve e com vertigens

— Dois meses, Faith. — ele disse suavemente enquanto sua cabeça mergulhava em sua
direção. — Isto é um tempo muito longo. Você está certa?

Isto não era justo. Ninguém nunca a segurou desse jeito, a fez sentir tal necessidade
incontrolável. Ela queria muito experimentar estes sentimentos, andar em direção àquele
desejo e conhecer o que ela nunca havia conhecido antes. Sangue bateu em suas têmporas e
um calor líquido se reuniu dentro dela. Ela estava certa que Ryan podia sentir sua reação,

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Nada Pessoal - Jaci Burton

porque ele apertou seu controle sobre ela, suas mãos suavemente amassando os seus
músculos das costas, gradualmente deslizando mais e mais para baixo.

— Eu… é… você concordou com isso. — Desculpa lamentável.

— Eu sei. Muito estúpido da minha parte.

A profundidade esfumaçada de seus olhos a atraía, hipnotizando seus sentidos,


correndo sobre ela como um incêndio fora de controle.

Se seu lábios chegassem mais próximo eles tocariam os seus. Faith estava certa que
morreria se eles fizessem. Ela já estava perdendo o controle, inalando seu odor com
respirações rápidas, suas mãos queimavam contra a seda de seu vestido, puxando-a cada
vez mais próximo para o calor de seus lábios.

Então, da mesma maneira repentina que começou, o ataque infernal estava terminado.
Ryan se afastou, seus lábios se separaram e a sugestão de um sorriso cruzou suas feições.

— Amanhã, você se muda para meu quarto. Boa noite, Faith.

Ele girou ao redor e saiu, fechando a porta atrás dele.

Faith permanecida no meio do quarto, perguntando-se o que acabou de acontecer. Sua


respiração ainda não retornando ao normal. O ritmo de seu coração continuava a bater sua
batida destacada. Ela ainda o sentia, cheirava ele, tudo menos o sabor de seus lábios quando
a memória de seu dedo polegar contra sua boca chamuscava sua pele.

Apesar de seus pensamentos sobre precisar esperar, querendo esperar, ela tinha estado
pronta para saltar nos braços do seu marido.

Ela pensou que tinha mais autocontrole que isto. Era óbvio que sua inexperiência não
era páreo para o charme poderoso de Ryan McKay. Ela teria que ser extremamente
cuidadosa no decorrer dos próximos dois meses e manter distância dele. Mais dessa
sexualidade avassaladora dele ela iria arder. Claramente, ela não estava pronta para um
encontro íntimo com Ryan.

Dois meses não era tempo suficiente.

E, no entanto, dois meses eram um tempo muito longo.

****

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ryan estava irritado pra caramba, enquanto ele analisava os documentos, quando Faith
bateu à porta.

O que ele tinha pensado? Ele não teve intenção de ficar em seu quarto e comer. E ele
certamente não teve intenção de seduzi-la. Embora, certamente, pareceu que ela estava
disposta. E sua meta principal era conseguir engravidá-la.

Então, por que ele parou? Ele a teve, literalmente, pronta para cair na cama com ele.
Suas pupilas dilatadas ao seu toque e quando a puxou contra ele seus mamilos endurecidos
como minúsculos seixos. Com um pouco de persuasão de sua parte, ela poderia ter
concordado em fazer amor.

Deus sabe que ele estava pronto. O toque mais leve de sua pele o tinha deixado
dolorido. Mas em vez de pressionar sua vantagem, ele foi embora.

Isto foi um movimento estúpido.

Em negócios, quando ele via uma abertura, ele ia para a garganta. Ele devia ter feito
aquilo com Faith. Afinal, era o mesmo que negócios. Tudo tinha uma meta. Sua meta com
Faith era: um, casar-se com ela, o que ele fez e dois, conseguir engravidá-la, que ele podia
ter tido a chance esta noite.

Era por causa de sua admissão de ser uma virgem? Ele nunca teve uma virgem em sua
vida, preferindo a facilidade e conforto de mulheres bem experimentadas. Nenhuma ligação
desse modo. Ele teria que andar cuidadosamente com ela.

Que era mais provável por que ele recuou esta noite. Inferno de hora para ter
escrúpulos.

Talvez fosse estúpido, mas ele descobriu uma coisa esta noite. Eles tinham química.
Muita. Além de ganhar o controle da Corporação McKay, se nada mais resultasse deste
casamento, Ryan estava certo que algum sexo seriamente grande seria uma parte disto.

Ele não queria muitas coisas, mas quando ele via algo que queria, ele fazia qualquer
coisa para ter.

E ele queria Faith. Oh, ele sempre a achou atraente e sua inocência e vulnerabilidade só
adicionaram a sua atratividade. Como sua assistente, ele não teria considerado isto por um
minuto. Como sua esposa, agora era diferente.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Amanhã ela mudaria para seu quarto. Em sua cama. Então, era só uma questão de
tempo. Se o modo como ela reagiu esta noite era qualquer indicação, não levaria dois
meses.

Afinal, dois meses eram um tempo muito longo.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Faith se espreguiçou bocejando, seu corpo morno da luz solar que entrava pelas janelas,
próximo a sua cama. Por um momento ela não conseguiu entender em torno do sonho que
ela teve. Mas assim que ela conseguiu abrir um olho, a realidade a bateu.

Nenhum sonho. Isto era sua nova realidade. Ela realmente era esposa de Ryan.

Ela podia ficar na cama até tarde, o dia todo até que ela compreendesse como lidar com
a falta de familiaridade disso tudo ou ela podia abraçar a mudança como uma nova
aventura.

Ou possivelmente uma combinação de ambos. Ela livrou-se das coberturas e andou para
a janela, admirando a beleza da paisagem do lado de fora.

Um semicírculo de palmeiras incidia acima do gramado, habilmente cuidado. As flores


brilhantemente coloridas e arbustos ofereciam um efeito de arco-íris através da área.
Realmente era adorável. Ela fez uma nota mental para excursionar pela casa e terreno hoje e
se familiarizar com o plano.

Mas primeiro ela tinha que se vestir e ir no andar de baixo. Já eram dez horas, muito
mais tarde do que ela normalmente dormia. Apesar do tumulto de ontem, ela dormiu como
um bebê. A cama era suave e confortável, os lençóis de cetim suaves como sua camisola.

Ela tomou banho, secou seu cabelo e o prendeu em um coque apertado, atrás de seu
pescoço.

Mas agora um dilema. O que ela deveria vestir? Ontem à noite existia nada mais do que
a camisola no armário enorme. E ela, certamente, não estava deixando seu quarto vestindo
isso.

Talvez ela devesse ter pedido alguma coisa. Uma calça jeans ou um moletom. Qualquer
coisa.

Ela abriu o armário, chocada ao encontrar várias roupas penduradas lá. Pilhas bem
arrumada de lingerie forravam as cômodas parcialmente abertas. Alguém deve ter posto as

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Nada Pessoal - Jaci Burton

roupas lá enquanto ela estava dormindo. Ela realmente deveria estar morta para o mundo
por não estar ciente que alguém entrou em seu quarto.

Pelo menos ela tinha algo para vestir. As calças de linho creme e blusa correspondente
não se ajustaram soltas como suas roupas habituais, mas estava melhor do que passear no
andar de baixo em uma camisola de seda.

A cozinha estava vazia. Ela sentiu uma punhalada momentânea de culpabilidade e


esperava que o pessoal não pensasse que ela era o tipo de vadiar na cama o dia todo.

Uma jarra de café pegou seu olho e ela começou uma procura desesperada pelos
armários antes de achar as xícaras. Ela se sentou a mesa de vidro retangular e tomou um
gole de sua bebida, enquanto olhava para fora, pela grande janela.

Tudo era estranho para ela, do café saboroso até a visão da mesa da cozinha. Levaria um
tempo para se acostumar, mas ela se recusava a olhar para a situação com temor. Mais
como umas férias, umas férias realmente longas.

— Você está acordada.

Faith saltou ao som da voz de James McKay e girou ao redor, para achar o primo de
Ryan em pé, na entrada.

James era um ano mais jovem que Ryan. Eles eram ambos altos e usavam seu cabelo do
mesmo modo, curto e um pouco espetado no topo. James era diferente, entretanto,
principalmente em atitude. Ryan era todo empresário enquanto James era todo jogador.

Faith raramente o via nos escritórios da McKay. Ryan disse que James estava mais
interessado em viajar, tênis e diversão do que em trabalho real. Mas quando os eventos
sociais ocasionais aconteciam, ele sempre conseguia aparecer.

— Bom dia, James. — ela disse, tentando soar agradável. Faith nunca gostou dele. Ele
era enjoativamente doce a ponto de assustá-la. O olhar malicioso que ele lançou a fez
querer se coçar por toda parte. Apesar de sua simpatia evidente, James McKay não tinha um
osso sincero em seu corpo. Faith sabia que a única razão porque ele queria o controle da
empresa McKay era porque ele odiava Ryan. Não tinha nada a ver com a unidade ou
ambição pessoal.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Ouvi dizer que você casou com meu primo ontem à noite. — James se serviu de café
e sentou na cadeira próxima a Faith. — Como você conseguiu isso?

O que ela deveria dizer? Era um fato conhecido por quase todo mundo que as condições
do testamento de Quentin McKay eram forçar Ryan a casar, então James sabia que não era
por amor.

— Infelizmente, Erica não podia casar com Ryan, então ele me pediu para ajudá-lo.

— E como a assistente fiel que você é; claro que não podia dizer não. — James lançou
um sorriso condescendente. Ele a estava manipulando para ter informações. Ela estava
determinada a não dar nada a ele.

— Claro.

James circulou seu dedo ao redor de sua xícara. — E o pão duro nem se quer a levou
para uma lua de mel? Ele estava planejando levar Erica para o Havaí. Eu tinha pensado que
ele levaria você. Acho que não, né?

Ela tentou ignorar a espetada de James. Então, ela não era Erica, e de fato era apenas a
última e única esperança de Ryan para atender as condições do testamento. Obviamente,
ele e Erica tinham uma relação muito diferente. É por isso que ele não levou Faith para o
Havaí.

Não que ela realmente quisesse ir. Não muito, de qualquer maneira. Certo, ela teria
muito prazer se ele sugerisse isto.

— Nós temos muito trabalho na segunda-feira. Obviamente, casando comigo é bastante


diferente que casando com Erica.

— Obviamente. — James sorriu.

Não se admirava que Ryan não gostasse dele.

— Então, agora eu serei seu cão de guarda pelo próximo ano. Estou esperando
ansiosamente por isso.

— Eu aposto que você está. — Ryan disse quando ele caminhou na cozinha.

Os olhos de Faith encontraram os de Ryan e ele sorriu quando ele se encaminhou em


direção a ela. Ela estava chocada até as pontas de seus dedões do pé quando ele se abaixou
e roçou um beijo leve, no topo de sua cabeça.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Bom dia, esposa. — Sua voz era baixa e morna.

Seus olhos demoraram nele. — Bom dia. — ela finalmente administrou um sussurro
gutural que soou mais sensual que chocado.

— Bem, se isto não é agradável? Os recém-casados todos quentes e fofinhos depois de


sua primeira noite juntos. — James se debruçou de volta na cadeira e apertou seu olhar
neles, arqueando uma sobrancelha. — Deve ter sido uma noite de lua de mel significativa.

Oh Deus. Lua de mel. Faith olhou Ryan com horror quando ela percebeu que todas as
suas coisas estavam ainda no outro quarto. A última coisa que eles precisavam era James
descobrir que eles não ficaram em sua noite de casamento no mesmo quarto.

Mas Ryan tinha uma tranquilidade que Faith não possuía, ele ligeiramente acariciou o
lado de seu pescoço com suas pontas do dedo. Apesar do fato que ela sabia que isto era
para o benefício de James somente, seu corpo respondeu, apertando e inundando com
desejo.

— Sim, foi uma noite significativa. — ele disse em uma voz grossa que até Faith
acreditou ser genuína.

— Este parece o lugar certo. — Stan Fredericks entrou na cozinha.

Faith sempre gostou de Stan. Ele tinha um rosto aberto, honrado e era afiado como uma
navalha em assuntos de negócios. Além disso, ele era dedicado ao Ryan. Como advogado da
família McKay, Stan tinha estado ao redor por mais de vinte e cinco anos e os McKay o
consideravam um amigo assim como parceiro de negócios.

— Você pode juntar-se a nós. — Ryan convidou. — James já nos manipulou com
algumas perguntas. Agora é sua vez.

Stan sorriu para Ryan, claramente inalterado pelo tom grosseiro do seu cliente. — Eu
não tenho quaisquer perguntas agora. Só parei para cumprir meus deveres oficiais antes de
ir jogar tênis. Eu estou mudando minhas coisas nesta tarde, então você pode coloca-las em
qualquer quarto que você escolher.

Ryan movimentou a cabeça e Stan partiu.

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— Este deverá ser um ano divertido, todos nós amontoados juntos, como uma família
grande e feliz. — James se inclinou para trás e cruzou seus braços, um sorriso satisfeito em
seu rosto.

— Sim. Certo. Muita diversão. — Ryan respondeu.

O tom cortante de Ryan alertou Faith para seu estado de irritação. Ninguém conseguia
irritá-lo mais que seu primo.

— Bem, acho que caminharei até meu quarto e tirarei um cochilo. Eu pegarei o do final
do corredor. — James disse, com um bocejo enquanto ele levantava da mesa.

Final do corredor? Mas isso era onde ela dormiu ontem à noite. Onde suas coisas ainda
estavam. Faith ficou de pé e pronta para correr se necessário. — Espere!

James girou e ergueu uma sobrancelha. — Algo errado com aquele quarto?

Ryan apertou o ombro de Faith. – De modo nenhum. Minha esposa pensa que talvez ela
faça barulho demais a noite e mantenha você desperto, sendo muito perto de nosso quarto.

Suas bochechas incendiaram. James riu.

— Eu vou manter minhas orelhas abertas para barulhos suspeitos então. — James disse,
com uma piscada em sua direção.

Assim que ele saiu da cozinha, Faith girou para Ryan. — Minhas coisas estão ainda lá!
Meu vestido de noiva e...

— Não se preocupe. — ele disse, colocando as mãos em seus ombros. — Assim que
você deixou o quarto o pessoal moveu suas coisas para meu quarto, mudou os lençóis, fez a
cama e limpou o banheiro. Parecerá que ninguém dormiu naquele quarto em anos.

Faith exalou com alívio. — Oh. Isso foi por pouco.

Ryan riu. — Para falar a verdade não. Eu percebi que James apareceria mais cedo que o
esperado. Ele pode pensar que é mais esperto que eu, mas ele não é. Se você não dormisse
como morta esta manhã, eu teria feito isto muito mais cedo.

A culpabilidade imediatamente aparecer. — Eu sinto muito, eu sou normalmente


madrugadora. Eu não sei o que aconteceu. Você devia ter me despertado.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Hey, relaxa. Eu estava brincando com você. Você teve um dia longo ontem. Fiquei
surpreendido que você não dormisse até mais tarde.

Ela não estava comprando isto. — Você teve um dia longo também, mas eu aposto que
você não dormiu.

Ele encolheu os ombros. — Eu não durmo muito.

— Por que não?

— Eu só não faço. Eu tenho muitas coisas para fazer e uma quantia igual de energia
nervosa para gastar. Eu não sei. Talvez eu só não saiba como relaxar.

— Você devia tentar ler. Isso me ajuda a relaxar.

— Eu leio bastante.

Faith agitou sua cabeça. — Não propostas e contratos, Ryan. Livros. Ficção. Por diversão
e prazer.

Ele puxou uma mecha de seu cabelo que estava escapando por seus dedos. — Eu tenho
outra coisa em mente para diversão e prazer e não envolve ler.

Com um passo rápido atrás, Faith pegou sua xícara de café e caminhou em direção a pia.
— Eu gostaria de olhar ao redor da casa e jardins hoje, se isso está bem.

Ryan surgiu atrás dela e colocou sua xícara na pia. Mas em vez de se afastar ele ficou
onde estava, sua respiração provocando os cabelos minúsculos na nuca de seu pescoço. Ele
arrastou um dedo ao lado de seu pescoço. Segura que iria desmoronar, ela se concentrou
em respirar normalmente.

— Eu penso que você está evitando o assunto do sexo. — ele brincou, ligeiramente
soprando em seu pescoço.

Ela sentiu um frio na barriga descendo até enrolar os dedões do pé. — Não, eu não
estou.

Ele pegou seus ombros e a girou. — Eu concordei em não fazer sexo com você por dois
meses, Faith. Eu não concordei em não conversar sobre isto.

A última coisa em sua mente era conversar sobre isto, pensar sobre ele ou experimentar
isto. Não agora. O mero pensamento de estar perto de Ryan derretia suas entranhas. Os

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toques e olhares casuais que ele deu ontem à noite e esta manhã, incendiou um desejo que
ela não sabia que existia. Agora era tudo o que ela poderia lidar.

Seu corpo pairou polegadas do seu, suas mãos acariciando seus braços. Não era ela
quem ele queria, ela lembrou a si mesmo. Era seu corpo, uma máquina de fazer bebê que o
livraria dos laços da vontade do seu avô. E isso era tudo que ela seria para ele. Pensar
qualquer outra coisa seria tolo.

— Eu não posso agora, Ryan. Nós… nós concordamos em esperar.

Ryan deixou cair suas mãos e deu um passo atrás. Ela virou-se para encará-lo agora que
ele tinha dado a ela um pouco de espaço para respirar.

O calor que esperava ver, que ela sentiu em sua voz quando ele a tocou, tinha ido
embora. Ela o machucou com sua rejeição? Como ela deveria saber o que fazer? Isto era
território pouco conhecido e ela não sabia as regras do jogo.

— Bem. Olhe em volta. — ele disse. — Se você tiver perguntas, Leland ajudará você.

Faith movimentou a cabeça e Ryan foi embora. Ela notou sua testa enrugada e soube
que ele estava desapontado. Agora ela se sentiu culpada, embora ela não soubesse por que.

Tantas coisas para aprender. É por isso que ela precisava de tempo para compreender
como deveria agir ao redor dele. Tudo tinha mudado ontem, o casamento, então, ambas as
vidas seriam diferentes agora.

Ela gastou o resto da manhã vagando pela casa e terreno. Era verdadeiramente um
lugar magnífico, com cinco quartos e quatro banheiros, cada quarto maior do que os
apartamentos da maioria das pessoas. Pelo menos maior que o seu.

O pessoal tinha sua própria casa adjacente a principal, com exceção de Leland e sua
esposa Margaret, a governanta. Eles ficavam na casa principal, no andar térreo.

Faith encontrou Margaret quando ela entrou no quarto de Ryan, ou melhor, seu quarto.
Melhor não pensar sobre isso agora, embora ela soubesse que teria hoje à noite.

— Bom dia, Sra. McKay. — Margaret disse brilhantemente. Uma mulher delicada em
seus cinquenta anos, Margaret era amigável e acolhedora. Faith sempre tinha gostado de
Margaret. A mulher não sabia franzir a testa. Permanentemente alegre, ela era o oposto do

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comportamento sisudo de Leland. Talvez fosse por isso que eles faziam um bom par e se
complementavam um ao outro.

— Bom dia, Margaret. — Faith disse quando ela entrou timidamente no quarto. — Só
pensei em aparecer e olhar ao redor.

— Claro que você pode. Este é seu quarto. Eu estou só arrumando aqui. Você gostaria
que eu saísse?

Faith agitou sua cabeça. — De modo nenhum. Vá em frente e continue o que você
estava fazendo. E me chame Faith, por favor.

O quarto de Ryan era muito maior do que o que Faith dormiu ontem à noite. Uma cama
com dossel, do tamanho king size, no centro do quarto. A área de vestir e banheiro eram
separados do quarto. Dois enormes armários estavam posicionados em lados opostos da
área de vestir. Faith entrou no de Ryan, maravilhada com sua coleção de roupas, tanto para
os negócios como casuais. Que significava que o outro armário era seu. Quando ela entrou,
Margaret estava pendurando as roupas de Faith.

— Eu não sabia que minhas coisas chegaram. — Faith disse e levantou um par de
cabides. — Deixe-me ajudar você.

Margaret pareceu horrorizada. — Não, Sra. McKay, eu cuidarei disto.

Obviamente, Margaret não a iria chamar por seu primeiro nome, tampouco. Apesar dos
protestos contínuos da mulher, Faith a ajudou a desempacotar. Pareceu bom estar fazendo
algo normal novamente, algo familiar. Não demorou de qualquer maneira, o guarda-roupa
da Faith era bastante limitado para ela trabalhar, ternos e algumas roupas casuais.

Quando acabaram, Margaret partiu e Faith pode explorar o resto do quarto de Ryan.

Existia uma pequena sala de estar à esquerda da cama, com um assento almofadado
colocado em uma janela de sacada. Duas luminárias pequenas foram colocadas na parede
adjacente à janela. Existia até uma estante aconchegada debaixo do assento de janela,
embora estivesse vazio.

Faith já podia se imaginar relaxando na frente da janela, lendo e bebendo uma xícara de
chá. Ela suspirou de prazer no pensamento. Ler era sua paixão e ela gastava quase todo seu
tempo livre no mundo de fantasia de vida de outra pessoa. Seus favoritos eram os romances,

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onde a heroína encontra o homem que ela sonha e apesar de provações e tribulações,
sempre acaba sendo feliz pra sempre.

Não era como a vida real funcionava, por isso é que ela amava ler eles. Pelo menos seus
personagens favoritos achavam suas almas gêmeas.

Mas a leitura poderia esperar para mais tarde. Agora mesmo ela planejava apreciar o dia
quente e a piscina morna. Ela mudou para seu traje de banho, vestiu um longo vestido de
verão e saiu.

Foi com felicidade morna que ela abriu a porta e andou sobre o pátio coberto. Flores
fragrantes floresciam. Faith inalou o jasmim doce enroscando em torno do caramanchão de
treliça. O verão estava vindo e apesar do tempo desagradavelmente quente durante aqueles
meses, era sua época favorita do ano.

Ela não podia esperar para dar umas braçadas. Um olhar rápido ao redor mostrou que
não havia ninguém, então ela soltou seu vestido de verão e mergulhou.

A água estava perfeita. Uma de suas coisas favoritas para fazer era ir para o clube depois
do trabalho e nadar até ir embora à tensão do dia. Era um grande exercício e nunca falhava
em renová-la.

Depois de várias braçadas, ela parou no centro da piscina e flutuou de costas,


apreciando o calor do sol em seu rosto e o absoluto silêncio de estar parcialmente submersa
na água silenciosa.

Ryan achou Faith, que estava de costas no meio da piscina, completamente inconsciente
para o mundo ao redor ela. Ela apenas se movia ocasionalmente, tremulando seus braços ou
pernas, para manter o equilíbrio enquanto permitia o sol adorar seu corpo.

Ele nunca a viu desnuda tão de perto antes. Por que em nome do céu fez a mulher
esconder debaixo de ternos de negócios dois tamanhos maiores? Ela tinha um corpo
magnífico, perfeitamente proporcional. Macio, elegante e atlético, com quadris e pernas
esbeltas. Tentar esconder sua figura debaixo daquele terno feio era inútil. Abraçava seu
corpo como um carro esporte em uma curva fechada.

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Ele sempre teve uma queda por mulheres delicadas e Faith era pequena e perfeita, com
suas unhas dos dedos do pé pintadas de rosa. Fofa. Incongruente em uma mulher que fazia
parecer seu olhar uma forma de arte.

Seu cabelo escuro flutuou ao redor dos lados de seu rosto e ele pegou uma cor
minúscula de sardas através de suas bochechas e nariz, virados para cima. Ele se perguntou
quanto tempo poderia ficar na extremidade da piscina e assisti-la antes dela notar que ele
estava lá?

Por que cargas d’agua ele estava aqui embaixo e em seu calção de banho? Ryan nunca
teve tempo para nadar. De fato, era a primeira vez em anos que ele contemplou dar um
mergulho. Seu uso normal para a piscina era como decoração para eventos sociais,
realizados na mansão.

Mas isso foi antes dele avistar a ninfa da água de sua janela do escritório. Sem pensar,
ele pegou seu calção de banho e fez uma corrida louca para a piscina.

Agora que ele estava aqui, o que ele iria fazer?

Uma ideia estalou em sua cabeça. Ele não podia. Realmente não era uma coisa madura
para se fazer e Deus sabe que tinha sido anos desde que ele fez isto. Ele ainda se lembrava
do olhar duro no rosto do seu avô, quando seus companheiros de golfe ficaram molhados.
Ryan recebeu um sermão de trinta minutos, por ter agido como uma criança. Entretanto,
novamente, ele era uma criança quando aconteceu.

Mas ela estava ali, parecendo tranquila e pacífica no centro da piscina, implorando para
alguém a espirrar. Ele sorriu.

Dane-se. Ele estava pulando. Dando alguns passos para trás, ele correu em direção à
água, saltou no ar e dobrou ambos os joelhos até seu peito. Ele bateu no fundo como uma
bala de canhão enorme.

Ele caiu sobre a parte inferior e depressa subiu para a superfície, sacudindo para o lado
a cabeça para expulsar a água fora de seus olhos, antes de abri-los.

Na frente dele permanecia uma seriamente encharcada ninfa da água.

Faith cuspiu água através do cabelo que caiu em seu rosto. Quando ela conseguiu puxar
as mechas de lado e abrir os olhos, Ryan quase riu do retrato que ela apresentou. Quase.

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Ela soprou as mechas de cabelo fora de sua boca. — Você quase me matou de susto!

Ele tentou não deixar seus lábios enrolar. — Desculpe, eu não pude resistir.

— Bem, da próxima vez tente mais forte.

Os olhos de Ryan arregalaram quando ele ouviu Faith reclamar pela primeira vez. Em
cinco anos trabalhando com ela, ele nunca ouvira uma palavra atravessada ou protesto dela.
Às vezes, ela podia ser irritantemente agradável ou se ela tivesse uma opinião diferente, ela
diplomaticamente apresentava seu caso, mas sempre aceitava a decisão de Ryan no final.

Agora, ela parecia chateada como inferno. Certamente realçava sua aparência
consideravelmente, seus peitos pequenos, altos, levantados em indignação e seu rosto
brilhante cremoso do sol. Ela parecia quente e luxuriante e totalmente deleitável. Ele lutou
com o desejo de lamber as gotas d’água fora de cada polegada de sua pele.

— Se eu prometer me comportar, você ficará e nadará comigo? — Ele perguntou.

— Se eu prometer ficar e nadar com você, você prometerá não agir como uma criança
de oito anos de idade?

Era tudo que ele podia fazer para não rir alto com a pura alegria do momento. Ele tinha,
de fato, oito anos de idade a última vez que ele tentou o truque da bala de canhão. E há
muito tempo que ele não sentia a liberdade de infância, quando ele velejou no ar antes de
cair na rede de proteção das profundidades da piscina.

— Eu tentarei. — ele disse, desesperadamente tentando manter seu sorriso escondido.

— Faça isso.

Ela parecia com uma professora dando uma palestra. Exceto que ela não parecia com
qualquer um dos professores que ele teve, nem fazia sua aparência atual refletir o modo que
ela se apresentava no trabalho. Sem aqueles óculos semelhantes à coruja, para esconder por
trás seus olhos azuis brilhantes como safiras. Engraçado, como eles sempre pareceram uns
azuis mais enfadonhos atrás de seus óculos.

Seus ombros estavam jogados para trás, empurrando seu peito. Ele gostou do olhar
indignado, especialmente quando ela apontou seus mamilos eretos em sua direção.

— Você está com frio? – Dessa vez ele não podia lutar contra o sorriso.

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Faith agitou sua cabeça, aparentemente confusa. Então, ela baixou seus olhos para seu
peito e depressa colocou seus braços ao redor de seus peitos.

Ela estava tentando esconder seu corpo dele? Ela já não fez de forma adequada naquela
versão antiquada de traje de banho?

— Então, você está apreciando a piscina? — Ele perguntou.

— Eu… Hum… eu desci aqui para dar algumas braçadas e ler. Sozinha.

— Isto é seu modo não tão sutil de dizer que você gostaria que eu fosse embora?

Um olhar de alarme cruzou seu rosto. — Oh, não! Eu quero dizer, esta é sua casa e sua
piscina. Eu certamente não me atreveria a dizer a você que não poderia estar em qualquer
lugar que escolhesse.

Existia a Faith sempre agradável, afetada e adequada. Por um momento ele se


perguntou onde ela estava quando se transformou em uma oh-tão-irritada beleza do banho.
Ele apreciou aquele vislumbre pequeno de coragem.

— Eu só queria um mergulho rápido, de qualquer maneira. — Com uma virada, ele


cortou pela água e se içou. Ele agarrou uma toalha da pilha e se secou. — Eu tenho algum
trabalho para fazer no escritório, no andar de baixo, hoje à noite, então eu provavelmente
não aparecerei até mais tarde. Leland verá seu jantar.

— Certo.

Seu olhar caiu para a água, se de decepção ou alívio, ele não podia dizer. Ela deixou
claro que não queria ele ali, então, por que ela parecia infeliz com o fato que ele estava
partindo?

— Eu tendo a perder a noção do tempo quando estou trabalhando, então não me


espere acordada. Eu provavelmente irei para a cama tarde.

Ele esperou por suas palavras penetrarem e tentou não sorrir quando ela ergueu sua
cabeça, seus olhos cautelosos.

Eles poderiam não estar fazendo sexo, mas eles estariam dormindo juntos. Por alguma
razão ele a queria desconfortável sobre a situação como ele iria estar, por razões
completamente diferentes, é claro.

Agora mesmo, ela parecia malditamente desconfortável.

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Satisfeito, ele girou em direção a casa.

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Não espere acordada por mim. As palavras de Ryan ficaram com Faith o resto do dia e
naquela noite. Ela caminhou pelo amplo quarto, lançando olhares frequentes em direção ao
relógio, na mesa ao lado da cama. Quando ela não estava olhando para o relógio, ela estava
contemplando a cama de Ryan. Não, não a cama do Ryan. Sua cama. A que ela teria que
compartilhar com ele, hoje à noite.

Ela não iria hiperventilar. Ela simplesmente se recusava em admitir que uma coisa
simples como dormir com Ryan deixava sua garganta seca e seu coração acelerado como em
uma maratona.

Era depois da meia-noite e ainda nenhum sinal dele. Ele achou que só iria dormir,
sabendo que num certo ponto ele entraria e deslizaria debaixo dos lençóis com ela? Talvez
não fosse um grande negócio para ele, mas era para ela.

Para uma mulher que apenas teve um punhado de primeiros encontros em sua vida
inteira, ela certamente fez alguns saltos importantes nesses dias.

Não era como se ela tivesse que fazer sexo, hoje à noite. Seu acordo era bastante claro.
Tudo que ela iria fazer hoje à noite era dormir com ele. Ryan prometeu honrar seu desejo
por um pouco de tempo, então não existia nenhuma razão para ficar em pânico. Ela devia
relaxar e deixar de fazer um buraco no tapete.

Oh, certo, assim iria acontecer. A palavra relaxa não estava em seu vocabulário, ainda.

Ela olhou para a cama de tamanho king size, sua colcha âmbar pálida puxada para trás.
Seus dedos traçaram um padrão ausente acima dos lençóis de cetim.

Certo, nenhum sexo. Mas ela estaria mais perto de um homem como ela jamais tinha
estado antes. Um homem que também era seu marido. Um homem que, apesar de seu
acordo em esperar, ela iria eventualmente fazer sexo.

Forçando sua respiração para desacelerar, ela afastou a sensação incômoda, restando
apenas algo como uma indigestão.

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Ela estava sendo ridícula e ingênua. Já era hora de crescer. Ela concordou com este
casamento. Realmente não era um grande negócio. Além disso, aos vinte e seis anos de
idade, ela descobriu o que estava perdendo durante todos esses anos.

— O que você estava perdendo todos esses anos?

Ela parou em seu caminho e girou para ver Ryan na entrada. Sua entrada, com certeza,
fez sua respiração desacelerar. De fato, ela estava certa que parou completamente de
respirar. Realmente, ela deveria parar de refletir alto.

— Você sempre conversa com você mesma? — Ele lançou uma pilha de documentos na
escrivaninha, antes de parar na frente dela.

— Às vezes. — Maravilhoso. Não só ele a pegou conversando sobre sexo, mas em voz
alta. Para ela mesma.

— Você não respondeu minha pergunta.

Será que nunca teria aparência desleixada? Era meia-noite e ele ainda parecia fresco e
oh-tão-bonito. O suéter de casimira preta acentuava o prateado refletido em seus olhos
escuros.

— Que pergunta? — Ela perguntou.

— O que você tem perdido todos esses anos?

— Oh, isso. — Ela esperou que ele esquecesse o que escutou. Obviamente não. — Você
conseguiu ter seu trabalho terminado?

— Sim, eu fiz, e você está evitando minha pergunta. — Ele deslizou seu dedo indicador
para baixo de seu braço.

Faith bocejou. — Uau, olhe como tarde é. Estou cansada.

Ele sorriu. — Eu fiquei surpreso que você não está na cama. E você está ainda vestida.

Depois do chuveiro, ela teve medo de mudar para pijama. O pijama significava cama e
ela não poderia envolver sua mente em torno disso. Ela olhou abaixo em sua grande calça de
moletom e camisa enorme. — Oh. Eu estava lendo e perdi a noção do tempo.

— Entendo. Bem, eu concordo com você. Estou acabado. Penso que tomarei um banho
e irei para a cama. — Ele se sentou na cama e removeu seus sapatos.

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Enquanto ele seguia para a área de vestir, Faith sentou na cortina de brocado contra a
parede, sua cabeça descansando em suas mãos. Como ela iria lidar com isto? Esta
intimidade, este compartilhamento de espaço pessoal?

Ela pausou quando os sons da água corrente e o fechamento da porta do chuveiro


fixaram sua atenção. Uma imagem cristalina de Ryan desnudo estalou em sua cabeça. Ele
estaria girando seu rosto para o spray do chuveiro, deixando a comporta de água vaporosa
acima de seu cabelo escuro. Ele agarraria o sabonete e ensaboaria suas mãos, então correria
suas mãos acima de seu tórax e mais abaixo, até...

Com esforço desesperado ela tentou empurrar a visão de sua mente.

Sua mente traiçoeira se recusou a cooperar. E então, ela ouviu novos sons. Sons bonitos,
melódicos. Ela andou mais perto da porta e escutou.

Era Ryan. Ele estava cantando no chuveiro, sua voz de tenor perfeito e sem defeito. Qual
era aquela canção?

Oh, Deus. Não admira que fosse tão familiar. Ele cantava uma de suas canções favorita
de amor, sua voz clara, bonita, alta e afinada apesar da água corrente.

— Ohhhh, meu amor, minha querida, eu anseio seu toque, nesta noite longa e solitária.

A assombrosa letra de “Unchained Melody” varreu sobre ela. A voz de Ryan a tocou
como se suas mãos abrissem uma trilha de seus lábios trêmulos até seu coração batendo
freneticamente.

Ele a hipnotizou com seu canto, capturando-a em um feitiço. Quando ele cantou “Eu
preciso de seu amor” no alto de sua voz, seu corpo derreteu. Sem pensar ela entrou na área
de vestir, louca para entrar no banheiro e ouvi-lo, vê-lo, tocá-lo.

Ela hesitou.

Então, o que a impedia? Ela era sua esposa. Qual seria o problema em ir ter com ele, em
permitir que ele a tocasse, deixa-lo a levar em seus braços e a beijar, segurá-la como ela
esperou sua vida inteira para ser segura?

Para sentir o toque de um homem, para finalmente experimentar uma união tão íntima
que os poetas lutavam para achar as palavras certas para descrever isto.

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Ela foi até a porta de banheiro, sua mão na maçaneta, pronta para girar e escancarar a
porta para o desconhecido. Então, ela se lembrou da advertência de sua mãe.

Nunca se apaixone Faith. Os homens só querem sexo. Se você der a eles seu coração,
eles esmagarão e você nunca conhecerá dor mais forte.

Após tantos anos aquelas palavras ainda a influenciavam, paralisavam.

E olhe para você. Você não tem nenhuma beleza, claro, assim como eu. Os homens a
usarão e descartarão como seu pai fez comigo.

Ela já podia imaginar Ryan rindo dela. Ele era o retrato do macho perfeito. Magnífico,
inteligente, bem educado, capaz de escolher mulheres do calibre mais alto. Mulheres
bonitas, com posição social igual a sua.

Ao invés disso, ele casou com sua assistente. Não uma menina deslumbrante ou
socialite. Mas uma Faith pura e simples. Não por amor, mas um negócio.

Ela empurrou a mão da maçaneta e fugiu. Tão depressa quanto possível ela pegou seu
pijama e retrocedeu para o quarto.

Quando Ryan saiu do banheiro, Faith estava sentada na poltrona. Suas mãos apertavam
a extremidade do braço como se ela estivesse oscilando de um precipício.

Ela parecia apavorada.

Ele nunca vira ninguém tão adorável em sua vida.

Em seu pijama de algodão com as mangas e pernas compridas em padrão de nuvem


gordinha azul, ela parecia com uma criança assustada. Ela puxou seu cabelo atrás em um
rabo-de-cavalo e mastigava seu lábio nervosamente.

Ah sim, sua noiva tranquila, serena. Aquela com o aperto da morte na poltrona.

Ele era tão imponente?

— Eu vejo que você está pronta para a cama. — ele disse.

Ela olhou para cima, aparentemente terminando com seu exame do tapete. Ela
empalideceu e parecia que poderia desfalecer.

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Agora, o que estava errado? Ele colocou uma boxers em vez de sair do banheiro
totalmente nu, como ele estava acostumado. Sabendo os problemas de intimidade de Faith,
ele não quis dar um ataque cardíaco em sua primeira noite dormindo juntos.

Então, por que ela parecia que estava para saltar fora na janela?

— Você está bem? — Ele perguntou.

Ela assentiu com a cabeça.

— Tem certeza?

Ela movimentou a cabeça novamente.

— Nós devemos ir para a cama, então? — Era como um jogo de charadas. E ele não
estava nem recebendo sinais para pistas.

Ela não movimentou a cabeça. Ela simplesmente assentiu como um prisioneiro rumo à
guilhotina e não indo para a cama.

— Bem? — Ele perguntou.

— Eu estava esperando pra ver qual lado você prefere dormir, assim eu posso deitar no
lado oposto.

Alguém tem que se sacrificar, não é?

— Em qual lado você dorme? — Ele contestou.

— O direito.

Ryan deslizou debaixo das cobertas e segurou o cobertor aberto para ela. — Entre,
então.

Com lentidão agonizante ela deitou, virando suas costas e equilibrando-se


precariamente em aproximadamente quatro polegadas da cama. Tão longe dele quanto
possível.

Ryan se escorou em seu cotovelo e assistiu ela tentar entrar em uma posição
confortável. Se ele não pensasse que a assustaria fora de sua pele ele teria rido. Como agora,
ele estava quase com medo de respirar e ela pularia direto para cima, ou pior, fora da cama.

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Era como ter uma tábua de passar na cama com ele. Ela estava apenas respirando e
certo como o inferno não estava se mexendo. E ele podia jurar que a cama tremia. Ela estava
com frio? Ou só morta de medo?

Pelo menos ele podia suportar isso como um insulto na cama, a menos que a crítica
aplicada fosse simplesmente sobre compartilhar o espaço.

— Boa noite, Faith. — Ryan se esticou e desligou a luz acima de seu lado da cama. E
esperou.

— Noite, Ryan. — ela finalmente respondeu, tão quieta que ele apenas a ouviu.

Ele rolou sobre suas costas e olhou fixamente para o teto enluarado.

Ele não estava na cama com uma adolescente de dezesseis anos de idade, disso ele
estava certo. Faith era adulta o suficiente para saber de algumas coisas, ainda que fosse uma
virgem. E não era como se ele dissesse a ela que ele estava planejando atacá-la na sua
primeira noite juntos.

Eles não eram estranhos, então ela devia saber que ele sempre mantinha sua palavra.
Sua palavra nos negócios, era tão boa quanto um contrato escrito. E Faith sabia disto.

Então, será que ele a assustou? Era isso? Seu medo era completamente antinatural dado
às circunstâncias. Ele já tinha concordado em dar seus dois meses.

Qualquer outra coisa a aborreceu, algo a deixou com tanto medo que ele soube que se
ele sugerisse para ela acampar no chão do quarto ela teria saltado na primeira chance.

Ele quis descobrir o que era.

***

Não tinha sido como Faith pensou que seria. O mais íntimo que chegou foi na hora de
dormir, porque ficou tão nervosa afinal, com tanto medo, ela não tinha nenhuma ideia, mas
ela chegou à conclusão que seus medos eram infundados.

Ela se preparou para as tentativas de Ryan para convencê-la a fazer sexo. Certo, talvez
ela pudesse ter sido persuadida, se ela chamasse atenção para a sua pele e se ele quisesse
tocar.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Mas ela não precisava ter se preocupado. Dentro de vinte minutos ela ouviu sua
respiração profunda e soube que ele estava adormecido.

Então, ela finalmente relaxou. E tentou ignorar a punhalada de decepção.

Que idiota. Primeiro morreu de medo que ele a tocaria. E agora, ela estava chateada
porque ele não o fez? O que ela queria dele afinal?

Se ela soubesse.

Pelo menos na segunda noite ela não estaria tão apavorada quanto ela tinha estado na
primeira, sabendo que ele não saltaria em cima dela.

Então, ela não ficou se equilibrando na extremidade de uma corda bamba, e realmente
conseguiu dormir.

Boa coisa, também, porque hoje eles voltariam para o escritório, essas primeiras noites
desajeitadas quase uma memória distante já. No resto do fim de semana ela dificilmente
veria Ryan, só nas refeições e na hora de dormir. Ele se trancaria em seu escritório cuidando
da papelada, mas ela sabia que era porque ele realmente não tinha nenhuma ideia do que
fazer com uma esposa ao redor.

Pelo menos eles teriam trabalho para fazer hoje. Quando acordou esta manhã, Ryan já
tinha se vestido e deixado o quarto. Se isso era sua rotina habitual ou ele fez isto como uma
cortesia para ela, ela não sabia. De qualquer modo ela se vestiu apressada, e então foi para o
andar de baixo para encontrar ele sentando à mesa, lendo o jornal e terminando seu café da
manhã.

— Bom dia. — Ela disse, sentando-se sorridente e agradecendo quando Margaret trouxe
uma xícara de café.

— Dia. — Ele resmungou por detrás do Diário de Wall Street.

Agora sim, este era o Ryan que ela conhecia. A pessoa que raramente olhava por cima
de qualquer documento que estava analisando, até para reconhecer sua presença.
Indiferente, com este Ryan ela podia lidar.

Ela foi para preparar seu café da manhã, mas Margaret disse a ela que se sentasse.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

O pensamento de outras pessoas fazendo coisas para ela não parecia certo, mas se
sentou à mesa. — Eu posso cozinhar Margaret e eu estou certa que você tem outras coisas
para fazer.

Margaret agitou sua cabeça. — A senhora da casa não cozinha. Este é meu trabalho.

— Mas... — Ela estava protestando e parou quando a mão de Ryan ligeiramente tocou
na sua. Ele derrubou o jornal e entortou um sorriso para ela, agitando sua cabeça.

— Não se aborreça discutindo com Margaret. — ele disse. — Ela é maligna e sempre
consegue o que quer.

— Eu ouvi isto. — Margaret disse acima do som de chiar do bacon. Margaret lançou um
olhar acima de seu ombro a Ryan, que piscou. E Faith pegou o sorriso da empregada antes
dela voltar para a comida.

Interessante. Faith pensou que Ryan não tinha paciência com ninguém. Aparentemente
ela estava errada sobre isto. Sua relação com Margaret pareceu amistosa, quase familiar.

Eles foram para o escritório no carro de Ryan, mas não falaram. Ele começou cuidando
dos seus negócios no trajeto e ficou a maior parte do tempo no telefone.

— O que você vai dizer ao pessoal do escritório? — Ela perguntou quando ele concluiu
seu telefonema.

— Sobre o que?

— Sobre nós. Você não acha que eles vão estranhar você saindo do escritório na sexta-
feira solteiro e retornando da lua de mel, hoje? E pior, que sua mulher não é Erica e sim eu?

Ryan não respondeu.

— Você não tem que dizer a ninguém que casou comigo. — ela continuou. — Eu
certamente entendo que você não quer que ninguém saiba.

Ele fez uma carranca. — Por que eu não iria querer que soubessem de você?

— Isto é bastante óbvio, você não acha?

— Não para mim.

Ele iria força-la a dizer isto? — Porque você casou comigo. Não com a Erica, não com
uma de suas amigas. Eu..

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Ele fez um desvio em um estacionamento de comida rápida, virou o carro em um parque


e olhou para ela. — E?

— Eu só estou declarando o óbvio. Eu quero saber como você deseja que eu lide com as
perguntas inevitáveis.

— Diga a qualquer um que perguntar que Erica caiu fora e você foi gentil o suficiente
para casar comigo.

Ele só estava brincando. — Desculpe?

— Você me ouviu.

— Você quer que eu diga a todo mundo que eu fui gentil o suficiente para casar com
você.

— Sim.

Certo. Prontamente seguido por seu riso histérico. — Eles vão fazer perguntas. Vão
querer saber por que.

— Se eles quiserem mais informações que isto, diga que não é da maldita conta deles. E
se eles ainda persistirem, então me deixe saber e eu lidarei com isto de um modo que eu
estou certo que eles não gostarão.

Ele acelerou fora do estacionamento e continuou o caminho para o escritório. E foi isso.
Fim de discussão. Ela deveria dizer a todos os empregados e associados que ele casou com
ela.

E então, não oferecer nenhuma explicação sobre nada mais.

Às vezes, ele fazia seu trabalho difícil.

— Além disso, — ele adicionou — todo mundo no hotel nos viu sexta à noite. Nós nos
casamos lá, lembra? Até agora, todos sabem.

Claro, ele estava certo. Ela se perguntou que tipo da recepção ela conseguiria quando
eles aparecessem no trabalho juntos.

***

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Eles foram saudados com aplausos quando entraram no escritório. E Faith estava
atordoada. Ryan acertou. Todo mundo já sabia.

Sua mesa repleta com cartões de felicitações, lembrancinhas de casamento e confetes.


Ela tentou mascarar sua excitação, mas não pode evitar a risadinha tola que escapou. Que
divertido!

Quanto do entusiasmo de todos era sincero e quanto era devido às tentativas dos
empregados de bajular Ryan ela não soube, e francamente não se importava. Até com os
olhares frios e irônicos ela não se importou.

Ryan tolerou isto por mais ou menos quinze minutos antes dele colocar sua mão no
ombro de Faith, ligeiramente apertando. Ela girou sua cabeça em sua direção e ele colocou
um beijo suave em sua bochecha, completamente surpreendendo ela. E produzindo mais
aplausos da multidão.

— Eu tenho alguns telefonemas para fazer, então os deixarei em suas mãos capazes. —
Ele sussurrou, antes de retroceder para seu escritório e fechar a porta.

Ela ficou mais alguns minutos socializando e então implorando a todos que a deixassem
cuidar da papelada em sua mesa. Em alguns minutos eles se foram.

Faith sorriu e suspirou quando ela se sentou em sua mesa, girando o enorme diamante
ao redor do seu dedo. Não foi tão ruim quanto ela esperou. Todo mundo tinha sido
agradável.

Pelo menos, ninguém riu na frente dela. Mais tarde, quando ela não estivesse ao redor,
ela estava certa que a fofoca começaria.

***

— Você acha que ele estava embriagado aquela noite?

— Quem sabe? Ele só tinha que estar para ter se casado com ela.

Ryan parou na entrada da cozinha.

— Ela é tão deselegante. E o que é aqueles ternos feios que ela veste?

— E aquele cabelo, você pode imaginar? Parece um ninho do pássaro.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Bem, o ninho do pássaro combina com aqueles óculos. Eles a deixam parecendo uma
coruja.

O riso estourou quando a fofoca continuou. Com cada palavra, a pressão sanguínea de
Ryan subia. Ele odiava fofoca. Era malicioso, cruel, e frequentemente escutada pela pessoa
sendo discutida, acarretando muita dor.

Neste momento, ele não era o assunto sendo discutido. Deus sabe o quanto ele ouviu os
empregados fofocando sobre ele antes e ele apenas dava as costas sem se importar. Afinal,
era o chefe da companhia e geralmente quando tomava decisões que alguém não gostava,
inevitavelmente seu pessoal murmurava pelos corredores.

Mas estas pessoas estavam falando sobre sua esposa. E ele não gostou na disto,
maldição.

— Eu aposto que ele tem que pôr um saco na sua cabeça para dormir com ela.

Isso conseguiu gritinhos loucos de alegria e muitas risadas.

E era o estopim que quebrou a ira do chefe. Ele teve o suficiente.

Assim que ele entrou na cozinha, todo o riso e conversa cessou.

— Boa tarde a todo mundo. — ele disse, tentando soar alegre. Por dentro, ele estava
fervendo. Ele quase entrou praguejando, mas decidiu ir por uma tática diferente.

Ryan reabasteceu seu café, tendo a certeza de tomar seu tempo. Então, ele girou para
eles.

— Eu quero agradecer a vocês todos por receberem Faith tão bem, esta manhã.

Os sorrisos intranquilos encheram a cozinha.

— Ela estava tão nervosa sobre o que vocês pensariam. E eu disse a ela para não se
preocupar, que os empregados da McKay eram os melhores dos melhores e estariam mais
que felizes com nosso casamento.

Pessoas se remexiam em suas cadeiras.

— É bom saber que eu não estava errado. Eu tive um pouco de receio que algumas
pessoas sentiriam inveja de Faith ou que fariam comentários maldosos sobre nosso

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Nada Pessoal - Jaci Burton

casamento e as razões por trás disto. Mas eu sei que vocês todos veem nela o que eu
sempre vi.

Mais gente desconfortável em suas cadeiras. Desviando o olhar para as janelas, olhando
para o chão.

— Sua generosidade. Sua inteligência. O modo que ela aceita todo mundo não
importando sua posição. — Seu olhar esquadrinhou o ambiente. — Ou seus olhos. Maldição,
eu sou um homem sortudo não acham?

Nenhum comentário. Alguns acenos com a cabeça e murmúrios de acordo.

— Um ótimo almoço para todos. — Ryan pegou sua xícara e saiu da cozinha assobiando.

Ele sorriu a distância toda até seu escritório. Agora isso sim era divertido.

Bando de fofoqueiros desprezíveis. Ele fez uma nota mental para solicitar avaliações de
seus empregados assim que possível. Estava na hora de tirar o lixo fora.

Às vezes, era bom ser o rei.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Nós vamos fazer o quê? — Faith perguntou.

— Compras. — Ryan notou seus braços cruzados e a posição teimosa. Isto ia ser uma
batalha.

— Por quê? — Ela desafiou.

— Faith, nós temos que discutir sobre isto? Eu pensei que as mulheres amassem fazer
compras. — Ryan se debruçou contra a porta do seu quarto, completamente espantado com
a relutância da sua esposa.

— Esta aqui não ama.

Ele quase riu de sua indignação, mas sua boca apertou firmemente e seus olhos se
estreitaram em acusação.

— Por que não?

— Eu não estou precisando de nada. — Ela já tinha descartado a ideia e se enfiou no


banheiro puxando seu cabelo naquele coque horrível de sempre.

— Então? — Ele continuou determinado a convencer.

— Então, por que fazer compras se eu não preciso de nada?

Nunca em sua vida ele teve que convencer uma mulher a gastar seu dinheiro. Faith era
de outro planeta?

Tempo para mudar de tática.

— Eu preciso comprar algumas coisas e gostaria que você fosse comigo.

Ela parou de mexer em seu cabelo e virou para ele. — Oh. Tudo bem, então.

Besteira, a última coisa no mundo que Ryan queria fazer num sábado era compras. Mas
depois de gastar a semana refletindo sobre a fofoca do escritório, sua irritação aumentou
toda a vez que ele se lembrou.

Eles julgaram Faith pela sua aparência e ele estava determinado a mostrar o quão
errados estavam.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Então, ele decidiu que Faith precisava de uma mudança. Não ela precisava mudar. Mas
depois de ponderar sobre os comentários do pessoal, ele perguntou-se o quanto do que eles
disseram eram uma reflexão de como ela se sentia sobre si mesma.

Ela se via como uma mulher sem atrativos? Ela se vestia daquele modo deliberadamente
a fim de enterrar suas inseguranças?

Em algum lugar, debaixo daquele disfarce de solteirona, existia uma borboleta bonita,
que Ryan tinha toda a intenção de desembrulhar do casulo.

***

Isto não estava sendo as compras que Faith imaginou. Eles acabaram na Saks da Quinta
Avenida, no Departamento de Mulheres.

— Eu não sabia que você usava roupas femininas. — Ela o olhou com suspeita.

— Eu não sabia que você tinha senso de humor debaixo de todas essas roupas folgadas.

— Eu não uso roupa assim. — ela disse, ajustando os quadris de sua calça jeans solta e
puxando a bainha de sua camisa abaixo dos quadris. — Eu gosto destas roupas.

— Sim, elas… uh… parecem confortáveis. Porém, agora que você é minha esposa eu
apreciaria se você me deixasse comprar algumas coisas apropriadas para a Sra. Ryan McKay.

Ela não podia discutir com isto. A última coisa que ela queria era envergonhar Ryan. Ela
deixou que ele a arrastasse para uma boutique famosa. O lugar estava virtualmente vazio
com exceção de duas vendedoras ávidas que prontamente voaram em cima de Ryan,
lançando olhares desaprovadores em direção a Faith.

— Minha esposa precisa de um novo guarda-roupa. — Ele disse para as senhoras que se
apresentaram como Margo e Marie.

— Obviamente. — Margo respondeu, olhando de nariz empinado.

Estas mulheres viviam de comissões?

Margo estava perto dos quarenta, seu loiro cabelo varrido em cima em uma torção
elegante. Marie era uma versão menor de Margo, com mechas loiras e um corpo que podia
facilmente sair nos pôster de revistas masculinas.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— O que você gostaria de ver? — Margo pediu a Ryan, aparentemente já agarrando


uma pista sobre que segurou o cartão de crédito.

— Tudo. Comece com o básico. Negócios, casuais e sociais, junto com acessórios.

Ambos os olhos das mulheres iluminaram como luzes de Natal. Elas pegaram cada uma
em um dos cotovelos de Faith e a guiaram em direção do provador. Ela virou sua cabeça e
olhou para Ryan. Ele sorriu e levantou o controle para a televisão na área de espera. Já
esquecido dela.

Num instante as mulheres a avaliaram. Ela se sentiu como um item de leilão. Margo
falava e Marie tomava notas.

— Cinquenta e dois, trinta e quatro de busto, vinte e quatro de cintura, trinta e cinco de
quadris. Definitivamente um tamanho pequeno e delicado.

Pequena? Delicada? Sobre quem elas estavam conversando? Seguramente não ela.
Ruim o suficiente para estar de pé lá em nada além de sua calcinha e sutiã, sendo analisada.
Por que no mundo ela concordou com isto?

— A primeira coisa que tem que ir é as roupas íntimas de algodão repugnante.

O quê? Isto não era um desfile de roupa íntima e ela estava despida ao máximo que elas
iriam conseguir. Ela as deixou cutucarem e a medirem, mas ela estava permanecendo firme
em suas calcinhas. A roupa íntima ficava onde estava.

Mas ela menosprezou seu poder de persuasão. Em um piscar de olhos a deixaram em


sedas e rendas pretas. Era um sutiã, isto é, para olhos de Faith. Passava na cintura e
amarrava em cima.

— É muito pequeno. — Ela olhou no espelho e experimentou o pequeno acima de seus


quadris. A coisa agarrou tão apertado que ela não podia respirar. Ela preferia sua roupa
íntima e suas roupas ajustavam mais livremente.

— Ele abraça seu corpo perfeitamente. Espere até que seu marido veja você nisto.

Não em um milhão de anos.

Então, trouxeram roupas para ela experimentar e mais lingerie escandalosa. Tudo era
muito pequeno. Faith discutiu com ambas as mulheres por mais de dez minutos, firmemente
recusando a colocar um pedaço único de roupa que não era seu tamanho habitual.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

A carranca de Margo fixou nela. — Você é um tamanho menor, Sra. McKay, não três
tamanhos maiores.

— Este é o tamanho que eu normalmente compro e ele serve.

— Claro que ele serve. Se tivessem duas de você dentro.

Ela queimou com a necessidade de esticar sua língua para Margo, mas ela socou abaixo
o desejo infantil e ergueu seu queixo. — Eu não estou usando nenhuma destas roupas. É um
desperdício do meu tempo e do seu. Elas não ajustarão.

— Nós veremos isso. — Margo respondeu antes de espernear para fora. Marie
permaneceu no provador, seus braços cruzados na frente de seu tórax e um satisfeito olhar
em seu rosto perfeito.

Faith suspirou. Margo iria conseguir os tamanhos corretos para ela. Seu suspiro virou
para uma careta quando ela voltou com Ryan a reboque.

Não existia nenhum lugar para correr e absolutamente nenhum lugar para se esconder.
Ela não tinha nem suas próprias roupas porque aquelas vendedoras malignas esconderam.
As mulheres sorriram e a deixaram com Ryan.

A sós com seu marido e lá ela estava em nada além de um pedaço de renda preto.

Ryan estava lá, boquiaberto, e a olhou da cabeça até o dedão do pé. Seus olhos
queimando enquanto passeavam por seus peitos, quadris e pernas.

Com nada para se cobrir, ela não tinha como se esconder, exceto suas próprias mãos.
Isto era o pior momento que já aconteceu com ela.

— Uau. — Ele disse rouco, seus olhos quentes em cima dela.

Pronta para entrar em combustão agonizante, Faith não podia fazer nada além de
permanecer sendo inspecionada por seus olhos intensos.

Ryan limpou sua garganta. — Margo disse que você estava discordando sobre
tamanhos.

Disposta a desaparecer, ela suspirou. — Não existe nenhuma discordância. Eu sei qual
tamanho uso.

73
Nada Pessoal - Jaci Burton

Uma mão feminina deslizou pela porta e deu a Ryan um vestido. Ele pegou e andou em
direção a ela.

— Por que você não experimenta este? — Ele deu a Faith o vestido preto que ela já
disse às mulheres que não serviria.

Ela agarrou e segurou na frente dela, agradecida que pelo menos tinha algo a
protegendo. — Está no tamanho errado.

— Eu lidarei com você. Vista. Se ele servir, você vai experimentar o resto das roupas. Se
ele não ajustar, eu vou devolver a Margo e pedir para trazer o tamanho que você quer.

Agora sim ele estava fazendo sentido. Ela movimentou a cabeça e esperou por ele sair.
Ele ficou.

— Eu disse que experimentaria. — ela disse.

— Faça isto agora.

Com um suspiro frustrado, ela entrou no vestido, virando suas costas assim ele podia
fechar o fecho.

Ele deslizou o zíper para cima em um movimento e Faith se virou para olhar no espelho.

Deus querido. Isso era seu corpo? O vestido ajustava como uma segunda pele,
abraçando suas curvas. Era feito de seda e suave casimira. Com mangas longas e justas. E em
vez de ir até o meio da canela, como suas roupas habituais, parava no meio de sua coxa,
deixando suas pernas longas e esbeltas em vez de curtas.

— Uau. — Ryan comentou.

Ele permaneceu atrás dela e a avaliou de seu rosto até seus pés.

— Uau. — ele disse novamente.

Ele parecia sem palavras. Admitidamente, ela se via do mesmo modo pelo espelho. Ela
nunca imaginou na vida que alguém diria uau para seu reflexo.

Seus olhos se encontraram e se fixaram. O provador de repente pareceu encolher.

— O vestido serve Faith. Perfeitamente.

Ela não podia acreditar, não acreditaria que era realmente ela no espelho.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Olhe como ele abraça seus ombros e braços, encaixa na cintura e desliza em seus
quadris. — Ele arrastou sua mão por seus braços, circulando sua cintura brevemente antes
de acariciar seus quadris e prolongar seu toque lá.

Ela respirou tentando controlar a resposta do seu corpo para seu toque. Suas mãos
cravaram em seus quadris, a puxando sutilmente contra a frente dele. Seu alvo conectando
com seus quadris e ela chupou em uma respiração surpreendida no chiar do contato.

Ela assistiu os dois pelo espelho, sua enorme mão apertando e amassando a carne em
seus quadris. Ela soube que ele podia sentir suas inalações rápidas contra seu tórax, mas
pela sua vida ela não podia regular sua respiração. Não quando ele a tocava assim.

— Este vestido favorece seu corpo, — ele murmurou. Sua respiração morna arrepiando
contra seu pescoço. — Você está linda.

Ele a tinha e ele sabia. Então, ela concordou.

— Eu... Eu acho que o tamanho é esse mesmo, afinal. Você pode falar com Margo que
eu experimentarei o resto.

Ele não a deixou sozinha ainda, parecendo apreciar o momento. A evidência do quanto,
quando ele a apertou duro.

Sua mão desceu mais abaixo. Ela inalou e segurou sua respiração, suspendendo o
tempo, não querendo que este momento acabasse nunca. Nenhum homem a olhou do
modo que Ryan fazia, com calor puro, sem falsidade em seu olhar. Se ela fosse experiente,
saberia o que fazer sobre isto. Mas desde que ela não era, tudo o que podia fazer era olhar
fixamente de volta para ele, desejando que ela fosse uma pessoa diferente, mais mundana,
então poderia cumprir a promessa em seus olhos.

As pernas de Faith cambalearam. Ryan podia sentir seu tremor?

Com um suspiro, ele andou para trás e saiu do quarto, dissolvendo o feitiço. E então, ela
pode respirar novamente. Maldição, mas o homem fazia coisas estranhas para ela. Ela
pulsava como se tivesse corrido uma maratona e tudo que ele fez foi olhar para ela.

O que aconteceria quando eles fizessem amor?

Ela não estava certa que sobreviveria a experiência.

75
Nada Pessoal - Jaci Burton

As vendedoras masoquistas retornaram e a sujeitaram a tortura novamente. Dos ternos


de trabalho para vestidos de eventos casuais e sociais, ela estava certa que experimentou
todas as peças do terceiro andar. Todas no tamanho que Margo escolheu. E de estilistas que
ela só leria sobre eles em revistas de moda.

Então, ela foi obrigada a desfilar na frente de Ryan, assim ele podia ver cada modelo. Ela
podia dizer quando ele gostava porque seus olhos iluminavam e queimavam como chamas,
totalmente familiares para ela já. O homem tinha bom gosto. Todos que ela amou, ele
amou. Aquelas que ela ficou indecisa no pensamento de vestir não trouxe nenhuma faísca
em seus olhos.

Quando ela achou que tinha acabado o desfile, as mulheres trouxeram os acessórios.
Lingerie em todos os estilos e tecidos, cores e padrões múltiplos. Sutiãs, calcinha, ligas,
meias-calças, bustiês, chemises, corpetes e camisolas. Faith teve que escolher aqueles que
ela gostou enquanto não conseguia pensar sobre qualquer coisa exceto o fato que seu
marido a veria neles.

Quando eles mudaram para sapatos e bolsas, tentando conjuntos diferentes para
combinar com modelos diferentes, ela estava pronta para gritar de esgotamento.

Quando a provação terminou, Faith foi vestir suas roupas antigas.

— O Sr. McKay nos pediu para dizer que você deve vestir estes. — Margo disse. E
estendeu não suas roupas velhas, mas a pequena saia preta justa e blusa de seda branca
com lingerie combinando. Claro que com os sapatos juntos.

Agora o que? Claramente, Ryan a levou nesta expedição para comprar roupas novas. Ela
o decepcionaria aparecendo em sua roupa velha e larga. Afinal, veio junto e pacientemente
esperou enquanto ela experimentou todas as roupas.

Com um último olhar de desejo para suas velhas roupas confortáveis, ela escolheu o
modelo novo, recebendo uma erupção de elogios de Margo.

Ela saiu do provador para encontrar Ryan no caixa com Margo.

— Os quero entregues hoje à noite. — Ele instruiu enquanto assinava as vendas.

— Absolutamente. — Margo respondeu, não sendo capaz de afastar o sorriso do seu


rosto irritantemente perfeito.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Quando eles foram embora, Faith agarrou o braço de Ryan. — Quanto daquilo você
comprou?

— Só alguns.

Com certeza, as roupas eram maravilhosas. E não eram confortáveis como suas roupas
normalmente eram e ela se sentiu um pouco escandalosa vestindo a pequena saia justa.
Mas ela também se sentiu bem. Muito bem. Assim, com muito estilo.

Ainda, ela agradecia que a provação estava terminada.

Eles almoçaram no bistrô da loja e Faith não percebeu o quão faminta estava até que o
garçom colocou sua salada de camarão na frente dela. Comprar abria o apetite. E causava
esgotamento ao extremo. Ela estaria contente quando fosse para casa.

Mas Ryan tinha outra surpresa para ela. Depois do almoço eles desceram. Em vez de
deixarem a loja, ele a levou ao salão de beleza.

Isto não estava acontecendo.

Eles foram recebidos pelo dono do salão, um homem alto, magro, muito entusiasmado
chamado John, que aparentemente os esperava.

— Você deve ser Faith. — John disse, pegando seu braço e a levando ao salão principal.
Ele analisou seu cabelo puxado no coque, então virou para Ryan. — Isto pode demorar
várias horas.

— Tudo bem. — Ryan disse e deu a John seu cartão. — Chame no celular quando você
acabar.

Antes de ela abrir a boca, Ryan partiu e John a levou para a sua cadeira, tagarelando em
como eles deveriam fazer algo com seu ninho de cabelo.

Eles discutiram penteados e ela resistiu. Eles conversaram sobre mechas, e ela
empacou. Mas John era inexorável e Faith estava cansada. Sinceramente, suas sugestões
tinham algum mérito. Ela precisava de um corte de cabelo fazia algum tempo, mas adiou,
pois achava algo tão frívolo. Quem iria ver seu cabelo, de qualquer maneira? E quem se
importaria? Mas agora que John a tinha prisioneira em seu salão, talvez algo novo não fosse
uma ideia ruim.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Pelas próximas duas horas ela suportou coloração, corte, shampoo, secador e escova.
Ela foi sujeita a toda forma de tortura cruel que John e sua tripulação podiam pensar. As
mulheres achavam isto fascinante?

Mas quando ele terminou e virou o espelho para ela, sua boca abriu em choque.

Quem era aquela mulher olhando fixamente de volta no espelho? Seguramente, não
ela.

John cortou seu longo cabelo no comprimento do ombro. Ele deu franjas que
escovavam em suas sobrancelhas, que eram duas agora em vez de uma. Não interessa que
era devido à cera e em vez de sua cor marrom enfadonha, ele adicionou um tom sutil que
destacava seu cabelo contra a luz. Ele disse a ela que só tomaria alguns minutos para
arrumar seu cabelo todo dia. Ele também a advertiu que se continuasse a torcer seu cabelo
para cima em um coque pouco apresentável, provavelmente estaria calva aos trinta e cinco
anos.

Faith lançou a John um olhar duvidoso, mas ele devolveu o olhar fixamente e
eficazmente. Certo, então tá. Não mais coque. Ela não o tinha mais longo o suficiente para
puxar acima de qualquer maneira.

Estava espantada com o que um pouco de maquiagem podia fazer para ela. Vanessa, a
menina da maquiagem, disse que seu rosto tinha uma beleza natural, que Faith imaginou
que era seu modo de conseguir um grande cliente. Vanessa mostrou como se aplicar uma
quantia pequena de sombra no olho, rímel e uma sugestão de blush para destacar a cor
cremosa em sua aparência.

Faith teve que admitir, a menina fez maravilhas. Ela não pareceu vulgar ou sexy demais,
apenas natural. E, quase atraente. Tipo isso. Entretanto, novamente ela estava em um salão
de beleza, onde eles podiam fazer até a mulher mais rústica parecer passável.

Faith esperou por Ryan na recepção. Quando ele retornou, ele caminhou direto,
passando por ela para o corredor. Talvez ela tenha se escondido demais no canto e ele não a
notou. Ela assistiu quando ele pagou a John e então a procurou.

— Onde está minha esposa? — Ele pediu a John.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Como se ela fosse um fantasma, John varreu sua mão na frente de Ryan. — Bem na sua
frente.

Ryan girou e seus olhos arregalaram. Faith permaneceu onde estava quando ele a
abordou, se sentindo de repente nervosa.

Ele não disse nada, só virou sua cabeça de lado e olhou para ela. Faith sentiu seu rosto
quente debaixo de seu escrutínio.

Ryan não gostou do modo que ela parecia, era óbvio. Suas sobrancelhas vincaram como
se ele estivesse tentando compreender um quebra-cabeça complicado.

— Você está atordoante. — ele disse, seus olhos piscaram com prazer.

Tentando não sorrir, nem cair em lágrimas. Faith respondeu. — Obrigada.

Ele alcançou seu rosto e arrancou seus óculos fora antes dela poder articular um
protesto.

— Você realmente precisa disto para enxergar?

Ela tentou não encontrar seus olhos enquanto olhava as paredes do salão. — Algo como
isso.

— O que isso quer dizer?

— Eu preciso deles, mas só para leitura.

— Então, por que você os usa o tempo todo?

— Eu não sei. Para não perder eles?

Ryan agitou sua cabeça e dobrou seus óculos, guardando em sua bolsa. — Você não vai
precisar deles para caminhar comigo. Vamos.

Ele agarrou sua mão e eles caminharam em silencio para fora da loja. Faith roubou
olhares ao perfil de Ryan. Suas sobrancelhas juntaram naquele modo familiar. Ele estava
aborrecido?

E agora o que? Ele não gostou do modo que ela ficou, era isto.

Esta maratona da beleza não tinha sido sua ideia de qualquer maneira. Ela estava muito
contente do jeito que era antes. Suas roupas, seu cabelo, tudo. Ela não quis mudar qualquer
coisa, ele quis.

79
Nada Pessoal - Jaci Burton

Ela mordeu a parte inferior de seu lábio enquanto pensava por que ele estaria
aborrecido. Talvez fosse decepção. Talvez ele achasse que ela se transformaria em uma
deusa delirante, só para ver que ela não parecia diferente de antes. Oh, ele foi legal dizendo
que estava atordoante, mas ele estava provavelmente sendo mais cortês que honrado.

Ele saiu apenas para se aborrecer hoje, só para descobrir que ela não era mutável.

Lembrou-se da velha declaração de sua mãe, Você não pode fazer uma bolsa de seda de
uma cesta de sementes. Faith realmente não gostava da ideia de cestas e sementes, mas ela
certamente não era nenhuma bolsa de seda.

Eles chegaram a casa no final da tarde e Ryan foi direto ao escritório e fechou a porta.
Faith teve que suportar o pessoal da casa com seus elogios sobre o quão adorável ela
parecia, sabendo que eles estavam simplesmente sendo agradáveis. Ela agradeceu, então
escapou para a segurança de seu quarto, para estar só.

Por um longo tempo ela ficou na frente do espelho analisando suas roupas novas e sua
aparência. Ela meneou sua cabeça e foi embora.

Algumas coisas eram melhores continuarem inalteradas.

***

Ryan tentou pela décima quinta vez ler a mais nova proposta para as melhorias e
expansão no hotel, mas ele não podia se concentrar nos negócios.

Ao invés, sua mente vagou para a incrivelmente morena bonita com quem ele casou.
Seu cabelo brilhante e seus olhos azuis que faiscavam como diamantes. Aquelas pernas bem
torneadas o arreliaram, espiando por debaixo da pequena saia que ela vestiu da loja para
casa.

Ele esfregou suas mãos em seu cabelo e apertou a testa. O que ele fez?

Quando ele a viu no salão, ele sentiu uma pressão imediata de calor que quase o bateu
abaixo. A transformação tinha sido incrível. Tudo o que ele realmente quis fazer era dar a ela
uma elevada na autoestima, fazer ela se sentir melhor sobre ela mesma e acabar com as
fofocas no escritório que a insultaram.

Ao invés, ele virou Frankenstein e criou um monstro. Um monstro delicado, magnífico


que o ameaçava tornar em maníaco por sexo delirante, no meio do salão de beleza.

80
Nada Pessoal - Jaci Burton

Era demais. Primeiro, tentando ter uma conversa normal no provador enquanto ela
vestia aquela roupa íntima de renda preta, quente e sensual o tiveram duro e em agonia
imediatamente. Então, aquele vestido que ela experimentou moldando todas as suas curvas,
que ele quis desnudar e transar ali mesmo.

No momento que seu olhar a encontrou no salão, ele a quis puxar contra ele e arrastar
seus dedos por seu lindo cabelo, enrolar em suas mãos e puxar sua boca contra a dele. Ele
lutou furiosamente contra o desejo de fazer exatamente assim.

Saquear seus lábios carnudos com beijos e serpentear sua língua quente por seu corpo,
descendo por aquelas pernas deliciosas até…

Até o que? Obviamente, ele não podia ter feito nada daquelas coisas em público. Mas
ele quis. Deus, como ele quis.

Bem, agora ele fez isto. Ele deixou sua esposa desejável. Muito mais do que ela já era.
Pelo menos antes era mais sutil. Agora, ela foi direta para o topo. E ele teria que esperar dois
meses para poder fazer amor com ela.

Ele se remexeu desconfortável em sua cadeira. Ele estava duro e doendo, usando todo o
controle que possuía para não levantar e ir até ela, pondo fim a esta espera ridícula. Seu
corpo pulsava com a necessidade de saltar em cima dela, penetrar em seu calor úmido e
sentir o prazer agonizante do seu lançamento.

Ele levantou sua cabeça, de repente chocado para onde seus pensamentos foram.

Ele precisava engravida-la logo. Era isto. Não porque ele a desejava. Ele não tinha
aqueles tipos de necessidades. Era apenas uma coisa física somente. E um acordo de
negócios. Nada mais.

Mas ele quase deixou se tornar algo pessoal. E se envolver com Faith, ou com qualquer
mulher, no que diz respeito a esse assunto, ia completamente contra seus padrões. De
nenhum modo ele se apaixonava. Nunca.

Ele foi uma testemunha pessoal do sofrimento causado por algo denominado amor e
não queria nenhuma parte disto.

81
Nada Pessoal - Jaci Burton

Então, algo teria que mudar. Ryan teria que convencer Faith para fazer sexo com ele
mais cedo. Ele precisava dela grávida, assim ele podia deixa-la só, pararia de pensar sobre
ela, de querê-la.

Era simples, realmente. Ryan era um perito em conseguir mulheres na cama. E Faith era
uma mulher, como qualquer outra. Tudo o que ele teria que fazer era bolar um plano em
movimento e seria questão de tempo até ela saltar na cama com ele, satisfazendo assim
ambos seus desejos físicos e suas necessidades de negócios.

Sedução. Ryan bateu seus lápis contra a escrivaninha e formulou um plano, sorrindo
quando veio com ele.

Num instante ele teria Faith em sua cama e então rapidamente depois disso ela estaria
fora de seus pensamentos.

Seu plano estava para começar.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Não cogitou nos homens ansiosos, rastejando pelos corredores.

Ryan espiou do lado de fora sua porta. Faith trabalhando distraidamente, inconsciente
do número de sujeitos passeando de cima abaixo pelo corredor. Vestida de Armani e sapatos
no pé combinando, ela era o epítome da moda.

A blusa de seda azul destacou a cor azul safira de seus olhos. As meias-calças de seda e
saltos a deixaram em pernas espetaculares, como nunca viu antes. Especialmente desde que
a saia de seu terno terminava algumas polegadas acima de seu joelho.

Ela estava toda montada no estilo, classe e elegância.

Foi-se a lagarta e em seu lugar ficou uma linda e desejável borboleta.

Ryan não tinha percebido os muito caçadores de borboleta povoando seus escritórios
de executivo. Os homens que raramente saiam de suas mesas antes, de repente acharam
motivos para passear pela sala da Faith, parando para um oi e dizer a ela o quão bonita ela
estava.

Eles pensaram que ele não notaria?

Faith não deu qualquer atenção para eles. Sempre que alguém vinha ela sorria,
conversava o mínimo e então retomava seu trabalho.

Ela não percebeu que os sujeitos estavam babando nela?

Nela. Na esposa. Uma mulher reivindicada, indisponível, casada. Com ele.

Certo, então eles eram casados apenas no contrato. Mas os malditos farejando ao redor
dela não sabiam isto. E ele não gostou nada deles cobiçando-a. De fato, ele estava
completamente irritado sobre isto.

Talvez ele enviasse um memorando.

Ele divagou em seus pensamentos errantes. Ele podia ver isto agora.

Memorando para todos os membros do executivo: Parem de olhar para minha esposa.
Ela é minha. Minha, minha, minha, minha, minha.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Sim, isso seria bem profissional, bem maduro.

Repugnado, ele lançou sua papelada de lado e andou para a entrada pela quinta vez, na
última meia hora. Faith o viu e sorriu.

— Você precisa de algo? — Ela perguntou.

Sim. Eu preciso de você. Nua. Em meu escritório, na minha mesa, agora mesmo. — Não,
obrigado. — Ele girou e voltou para dentro.

Que ridículo. Ele estava perdendo sua mente, agindo como um colegial apaixonado. De
onde no inferno esta raia possessiva veio? Ele nunca se importou que a mulher que ele
estava saindo era admirada por outro sujeito.

Então, novamente, Faith não era uma mulher que ele estava tendo um caso. Ela era sua
esposa.

Apenas no nome.

Ele realmente odiou a voz verbalizando dentro de sua cabeça agora.

Esta tinha que parar. Estava na hora de pôr seu plano em ação.

Faith achou o comportamento de Ryan muito estranho. Ela não estava certa do que o
aborrecia, mas ultimamente ele a esteve rodeando como um guarda-costas pessoal.

Não podia ser porque ele estava atraído por ela. Ela sabia de sua decepção com a
transformação não saindo do modo que ele esperou. Mas ela ficou quieta e aceitou o novo
penteado e guarda-roupa.

Não que ela teve uma escolha. Quando eles retornaram das compras naquele dia, todas
as suas roupas velhas estavam faltando, substituídas por quase tudo que ela experimentou
na Saks. E Margaret fechou o bico sobre onde suas roupas velhas foram.

Então, ela vestiu o novo e teve que admitir; apreciou-os. Eram mais leves dos que ela
costumava vestir e ergueram sua energia consideravelmente. Ela amou colocar os estilos e
texturas diferentes, sentir a seda luxuriosa contra sua pele ou a casimira tocando seu
pescoço.

Apesar do fato que ela agora vestia roupas de designers e não prendeu seu cabelo para
cima, nada tinha mudado.

84
Nada Pessoal - Jaci Burton

Somente um fato interessante, que o pessoal do escritório dava mais atenção para ela
agora. Especialmente os homens. E Faith não tinha a mínima ideia do que fazer sobre isto.
Talvez eles estivessem puxando seu saco agora e sendo agradáveis porque ela era casada
com o chefe e eles não queriam ativar seu lado ruim.

Ela não tinha um lado ruim. Nem precisou de qualquer tipo de atenção dos homens
antes. E, certamente não agora.

Casamento por contrato ou não, ela era casada. Ela jurou levar isso seriamente, ainda
que seu casamento não fosse real. E ela não aceitaria atenções de quaisquer outros homens.
Ela mal podia compreender o próprio marido.

— Faith.

Ryan olhou para fora de seu escritório direto para ela. Novamente. — Sim?

— Nós temos um jantar de negócios hoje à noite no Restaurante do Markham. Oito


horas. Eu gostaria que você me acompanhasse. Paul Worthington está trazendo sua esposa,
Jenelle.

Faith movimentou a cabeça. — Certo, eu farei uma nota disto.

Um jantar de negócios. Seu primeiro evento social como esposa de Ryan.

Seu estômago tremulou no pensamento de sair em público como esposa de Ryan. Ela
esperou que ela agisse apropriadamente. Pelo menos ela tinha algo decente para vestir.

Faith alisou o vestido Chanel bege que vestia com a gola em concha, acentuado com um
cinto de ouro largo na cintura. Ela deslizou nos sapatos combinando e ajeitou seu cabelo em
cachos, caindo em espirais ao redor de seu rosto.

Ela teve que admitir que o resultado ficou ótimo. Desde o novo corte de cabelo, ela
comprou algumas revistas de moda para se atualizar com alguns penteados fáceis e
elegantes para seu cabelo mais curto, até o vestido maravilhoso em seu corpo.

Mas debaixo das roupas e cabelo era a velha Faith ainda. Você pode mudar a
embalagem na medida em que você quer, mas o produto permanece o mesmo.

— Você está pronta? — Ryan saiu do quarto, impecável, vestido em um terno preto e
camisa branca.

Faith suspirou. — Sim.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Seus olhos viajaram no comprimento de seu corpo, aquecendo ela ao avesso. Seus
lábios na sugestão de um sorriso.

— Você parece bem. — Ele disse em uma voz tão profunda que vibrou em seus nervos.

— Obrigada.

Eles se encaminharam para a porta, mas Ryan a parou. — Espere um segundo, eu


esqueci algo. — Ele foi até sua cômoda e voltou com uma caixa preta longa. — Isto é para
você.

Faith ofegou. Dentro da caixa, um lindo colar em diamante princesa amarelo, com
brincos em forma de gota combinando. Ela olhou no rosto satisfeito de Ryan.

Seguramente ele não quis dizer que esta bela joia era para ela. Valia uma pequena
fortuna. Lá estava mais de cinquenta diamantes cintilantes cravados no pingente do colar,
seguros por uma elegante corrente de ouro.

— Você quer que eu use hoje à noite? — Eles combinavam com seu vestido
perfeitamente.

— Claro.

Ela olhou para o colar e depois em Ryan, agitando sua cabeça.

Suas sobrancelhas enrugadas. — Eles são um presente, Faith. Para você.

— Por quê?

— Porque você é minha esposa. E porque eu quis dar a você um presente.

Seus olhos eram uma fogueira ardendo em fúria, já escurecendo e a hipnotizando.

— Dê a volta e eu colocarei em você.

Então, ela se virou e ele pôs o lindo colar nela e fechou o gancho, seu tórax roçando
contra ela por trás. Suas mãos tocando sua pele, ligeiramente acariciando o lado de sua
garganta com os polegares.

Era impossível se concentrar quando ele a tocava assim. Ela esperou ele se distanciar,
mas ele não fez. Ao invés, ela sentiu o toque de seus lábios em seu pescoço, evocando um
desejo tão feroz que ela se apavorou. Ela se moveu depressa e girou, escapando daquele
fogo só para ver ele ainda refletindo em seus olhos esfumaçados.

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— O colar é adorável, Ryan. Obrigada.

Ele deu um sorriso e um movimento de cabeça. — De nada. Use os brincos. E vamos


nos apressar senão chegamos atrasados.

— Paul e Jenelle Worthington são casados e estão frequentemente ocupando a página


principal da revista de Estilo de Las Vegas. — Ryan explicou a caminho do restaurante. —
Eles são ambos carregados com dinheiro velho.

— Dinheiro velho?

— Sim. A família de Paul tem construído hotéis e cassinos na área de Las Vegas por
quase sempre, desde que os hotéis têm estado ao redor.

— Então, por que o jantar hoje à noite?

Ele trocou a marcha do Ferrari. — Paul está querendo se aposentar. Os Worthingtons


não tem herdeiro para assumir o comando deles, então ele quer vender a propriedade e
alguns hotéis a fim de deixar seus negócios mais manejáveis.

— E a Corporação McKay quer alguns daqueles hotéis.

Ryan sorriu. — Você entendeu isto.

Faith não iria se incomodar no restaurante. Ela frequentemente acompanhava Ryan nos
eventos de negócios. Mas eram negócios. Mas na sua primeira aparição social como sua
esposa ela não quis se intrometer nesses assuntos.

— O que está errado? — Ryan perguntou quando entrou com o veículo em uma
avenida.

O restaurante estava só a alguns quarteirões adiante. Faith inalou profundamente,


tentando suprimir o tremular em seu estômago. Este era um daqueles momentos que ela
desejava que Ryan não fosse tão perspicaz. Ela sorriu. — Nada.

— Você não está nervosa, não é?

Ela manteve seus olhos colados na estrada, assistindo todos os sinais, todas as placas,
passando em alta velocidade.

— Eu? Nervosa? Claro que não. Porque estaria nervosa sobre isso? É apenas um jantar,
certo? Apenas os Worthingtons. Eu sei o quão importante este jantar é e eu tentarei o meu

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melhor para fazer tudo direito. Quer dizer, eu sei que Worthington tem vários hotéis e se
você comprasse, eles seriam um ótimo benefício para a Corporação McKay. Eu devia
provavelmente ter feito alguma pesquisa sobre eles antes de deixar o escritório, então
talvez...

— Faith. — Ryan interrompeu.

Ela olhou para ele e desenhou uma respiração precipitada. —Sim?

— Pare de tolices, seja apenas você e relaxe. — Ele colocou a mão em seu joelho e
apertou suavemente.

Certo, ela iria fazer isso, se acalmar. Como se o seu coração já não estivesse acelerado
com o calor que emanava da sua mão queimando a pele nua de sua perna.

Então, ficou pior. Seus dedos arrastaram ligeiramente acima de seu joelho. Ela quis
saber se Ryan mantinha alguma sacola no carro. Ela sentiu um ataque de ansiedade
aparecendo e soube que iria hiperventilar logo. Ou talvez ela só vomitasse.

— Se acalme. Não existe nada para estar nervosa.

Fácil para ele dizer. Ele fazia essas manobras sociais o tempo todo. Social para Faith era
uma ida semanal ao supermercado e uma conversa com o gerente sobre o preço dos
tomates. Aquelas viagens não requeriam uma conversa inteligente.

— Eu não estou nervosa.

Ele sorriu. — Sim, você esta. E pare com isto. É apenas um jantar.

O restaurante do Markham estava próximo, era um estabelecimento bem requintado


que atraia a clientela de elite, um dos chefes de cozinha era o melhor da Cidade de Nova
Iorque. Conseguir uma reserva era preciso nada menos que um mês de antecedência que
era o mais próximo do impossível. A menos que você seja Ryan McKay.

O portão foi aberto e eles entraram para estacionar o carro. Ryan colocou a mão em
suas costas e a levou para dentro. A intimidade daquele toque possessivo não foi perdida
nela.

O restaurante estava escuro, um lugar para conversas íntimas, sem medo de ser
escutado. Ryan se dirigiu a anfitriã, que sorriu em reconhecimento.

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— Sr. McKay. — a jovem com a voz doce e belo cabelo longo o cumprimentou. — Muito
bom vê-lo aqui novamente.

Ryan agradeceu com a cabeça. — Michelle. Nossa mesa está pronta?

— Claro. — Michelle agarrou dois menus e os levou para a parte de trás. Garçons em
suas roupas formais discretamente parados, mas sempre disponíveis.

— Os Worthingtons estarão se juntando a nós brevemente. — Ele disse para Michelle,


ela respondeu a Ryan que assim que chegassem os traria a mesa deles.

Assim que se acomodaram o garçom chegou e Ryan ordenou uma garrafa de vinho.

Faith esfregou suas pontas do dedo contra a toalha de mesa de linho branco. Um vaso
de rosas enfeitava a mesa, junto com duas pequenas velas vermelhas. Ela nunca esteve no
Markham antes. O restaurante era acolhedor e íntimo, um lugar perfeito para os amantes e
namorados se sentarem no escuro. Ela tomou um gole da água de um vidro de cristal, sua
garganta completamente seca.

O garçom logo retornou com uma garrafa de vinho branco, algo francês que Faith nunca
ouviu falar. Ela leu o rotulo, Chardonnay seco.

— Você gostou da joia? — Ryan perguntou.

Honestamente, ela esqueceu tudo sobre isto. Ela não era realmente um fã de joias, de
fato raramente usava. — Sim, é adorável. Obrigada, novamente.

— Parece bem contra sua pele. — Seus olhos insistindo em seu pescoço. Faith se
retorceu.

— Obrigada. — Ela desejou que ele não olhasse para ela assim. Seus olhos intensos se
escureciam sempre que vagavam acima de seu corpo. — Eu normalmente não uso joias.

Ele ergueu uma sobrancelha. — Realmente? Eu pensei que os diamantes eram os


melhores amigos de uma menina.

Isso a fez sorrir. —Não esta menina. Eu não sou de usá-las. Uma, por causa do preço, e
dois, só acho, sei lá, supérfluo de alguma maneira.

Ele olhou em direção à frente do restaurante e não disse nada. Mas pareceu
desapontado.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Antes de ela poder perguntar o que disse de errado, Paul e Jenelle Worthington foram
escoltados até a mesa. Ryan se levantou, apertou a mão de Paul e plantou um beijo na
bochecha de Jenelle.

— Paul, Jenelle, esta é minha esposa, Faith.

Faith se ergueu para saudar os convidados de Ryan, colando o seu maior sorriso
profissional no rosto. — Eu estou muito contente em conhecê-los. — Ela disse e estendeu
sua mão.

Paul a aceitou. Um homem robusto, ele parecia mais um lutador profissional do que um
bem sucedido hoteleiro. Grande e forte com um pescoço espesso, ele tinha seu cabelo
prateado para trás em ondas e uma bela aparência de bronzeado obviamente pelas horas
gastas no sol, durante o ano inteiro em Nevada.

Jenelle era alta e esbelta, roupa impecável e adornada em diamantes. Seu cabelo loiro
meio preso e varrido atrás de suas orelhas e sem uma ruga em seu rosto. Se for devido à
cirurgia plástica ou genética, Faith não podia dizer.

— Bem, é tão bom encontrar você. — Jenelle disse para Faith. Ela bateu na mão de
Ryan. — Por quanto tempo estão casados e por que nós não soubemos sobre isto antes?

Ryan sorriu. — Nós mantivemos em segredo.

— Obviamente. — Jenelle disse, olhando entre Ryan e Faith como se ela estivesse
procurando por mensagens escondidas. — E você era uh... Secretária de Ryan?

As sobrancelhas levantadas e olhar curioso disseram a Faith o que Jenelle pensou sore
isso. — Sua assistente executiva. E ainda no cargo. — ela respondeu.

— Você quer dizer que ainda está trabalhando? — A mão de Jenelle voou para sua
garganta em horror.

Faith tentou não sorrir. — Sim, eu estou.

— Deixe de incomodar a menina, Jen. — Paul advertiu. O garçom trouxe um drink duplo,
que ele prontamente tragou e pediu outro.

— Eu não estou incomodando ela, querido. — Jenelle atirou para seu marido e voltou
seus olhos marrons inquisitivos para Faith. — Eu estou apenas me familiarizando com
adorável nova esposa de Ryan.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Faith recuou quando Jenelle se debruçou nela, então seus narizes praticamente colados.

— Diga-me, querida. — Jenelle sussurrou. — Esse menino mau do Ryan casou com você
porque ele conseguiu engravidá-la?

Ia ser uma noite longa. E Faith respirou fundo e se preparou para a inquisição.

A caminho de casa, Faith repassou mentalmente os eventos da noite. Ela esperava que
tivesse dito e feito tudo certo. Ryan e Paul ficaram entretidos em seus negócios durante boa
parte do jantar, enquanto Faith suportou as perguntas curiosas de Jenelle sobre sua vida,
seu passado, sua educação e ambições sociais.

Ambições sociais? Ela não tinha nenhuma. Quando ela não pode apresentar uma lista de
obrigações sociais, Jenelle tinha ficado horrorizada.

Ela era voluntária em alguma organização? Era sócia de algum Clube? O que? Ela fez
uma nota mental para perguntar a Ryan sobre isso mais tarde.

Quando eles chegaram a casa, Faith foi para cima se preparar para dormir e Ryan
marchou ao escritório sem uma palavra para ela.

Ela fez algo que o chateou? No inicio da noite, quando ele deu a joia, ela podia ter
jurado que viu desejo em seus olhos.

Obviamente ela se enganou. Como ela saberia sobre os olhares de desejo nos homens.
Ela certamente não era nenhuma perita.

Então, por que ele tinha estado tão quieto a caminho de casa? Ela foi tão atenciosa para
os Worthingtons e não fez ou disse qualquer coisa que o tenha envergonhado.

Talvez homens ficassem mal-humorados também, não só as mulheres.

Faith pendurou seu vestido no armário e deslizou em sua camisola. Ela deitou na cama
e desligou a luz.

A cama pareceu grande demais sem Ryan, apesar do fato que ela continuava a manter
distância dele. Ela não estava pronta ainda para nenhuma intimidade com seu novo marido.

Mas, ainda, a cama era muito grande para ela dormir só. Engraçado como as coisas
mudam rapidamente.

Faith precisava de seu marido na cama com ela.

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Ryan se sentou em sua mesa, ponderando onde sua missão deu errado.

Ele comprou a joia. Mulheres amavam brilhantes. Elas gritavam ooohhh e aaahhh, então
elas saltavam contentes na cama com você.

Então, por que Faith não agiu assim?

Maldição, ela estava incrível hoje à noite. Aquele vestido agarrado em suas curvas,
acentuando um corpo que ele morria para colocar suas mãos e não tinha permissão para
tocar. Ainda. Ele deu um último gemido tentando dissipar sua luxuria longe.

Eles não estavam juntos agora. Apesar do seu cuidadoso planejamento, ele estava no
andar de baixo em seu escritório e ela em cima, em sua cama.

A cama onde obviamente nenhuma ação de amor aconteceria hoje à noite.

A ideia dos diamantes tinha sido um fracasso completo. Faith agiu como se ele tivesse
comprado algo nas compras online na televisão, por vinte dólares. Nada. Um cortês obrigado
e isso fora tudo.

Por que ele não notou que a única joia que ela usava era seu anel de casamento?

Faith não era como as outras mulheres. Obviamente.

Ele permaneceu na penumbra do escritório, sentado em sua poltrona próximo a mesa


enorme. Ele escorou seus pés na mesa de vidro, se inclinou atrás e atou seus dedos juntos,
atrás de seu pescoço.

Joias não fizeram nada para ela. Então, o que faria, ele tinha outras ideias. Qual
estratégia ele empregaria em sua próxima missão?

Ele folheou o calendário na parede e pensou por um momento. Sim, isto seria um bom
passeio. As coisas estavam indo bem no trabalho. Nada urgente surgindo. Ele tinha
condições de tomar alguns dias.

Ele soltou a gravata, voltou para sua mesa e olhou sua agenda.

Alguns telefonemas e logo estaria em ação.

Este plano funcionaria. Agora ele conseguiria Faith nua em sua cama e não existiria mais
qualquer desejo dormente. Com um sorriso satisfeito, ele levantou o telefone.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Faith não podia acreditar que ela estava realmente indo para o Havaí. E não em uma
linha aérea comercial qualquer, mas no jato da McKay corporação.

Ryan era cheio de surpresas. Ela foi surpreendida cedo esta manhã quando ele anunciou
que eles iriam tomar alguns dias de folga e iriam para o Havaí.

A princípio ela pensou que ele estava brincado, mas ele não estava. Com um olhar duro
e uma olhada em seu relógio, Ryan a informou que ela tinha aproximadamente uma hora
para jogar algumas coisas em uma mala e se preparar para partir.

Por que ele decidiu esta viagem, ela não sabia. Mas, ela tinha que ir junto, assim como
James e Stan.

James chegou com o humor não muito agradável. Eles partiriam às sete da manhã e
James normalmente não acordava antes do meio-dia. Entretanto, novamente, Ryan disse a
ela, James sempre ficou se divertindo até quase amanhecer. Nenhuma maravilha que ele
estava cansado.

Stan parecia descansado e pronto para ir, aparentemente mais do que feliz com a
viagem para o Havaí. Isso não a surpreendeu desde que ele trabalhava só para a McKays e
podia conduzir seus negócios de qualquer lugar.

Agora, os quatro aterrissavam sobre a ilha de Oahu. Stan trabalhou em seu laptop,
James adormeceu e roncou ruidosamente, Ryan em seu telefone.

Faith olhava estupidamente pela janela, pasma com a imensidão do oceano abaixo dela.
Ela nunca esteve no Havaí, embora sempre sonhasse com isto. Ela expressou isso para Ryan,
que só sorriu enigmaticamente e retornou aos seus negócios.

Quando ela perguntou se a viagem era negócios ou prazer ele apenas comentou, —
Prazer, eu espero. E muito disto. — Ele disse isto com um sorriso enorme como se fosse
comer a melhor sobremesa da sua vida.

Os homens eram tão estranhos.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

O piloto anunciou que estava na hora de aterrissar. Faith assistiu a descida do avião nas
ilhas com a excitação de uma criança, ansiosa para sair e explorar.

As ilhas pareciam tão pequenas, ela pensou quando eles circularam em preparação para
a aterrissagem. Era duro de acreditar que estas minúsculas pequenas ilhas continham tanta
atração para os milionários. Entretanto, novamente, seu próprio coração pulava em
antecipação de por os pés naquele paraíso tropical.

O avião aterrissou e Faith, Ryan e suas duas aias desembarcaram para aguardar a
limusine.

Seu hotel, propriedade dos McKays, eram duas opulentas torres localizadas na Praia de
Waikiki. Quando eles saíram da limusine, Faith não soube onde por seus olhos primeiros. Ela
inalou, enchendo seus pulmões com a fragrância arrojada do gengibre abundante
penetrando na entrada do hotel.

Eles foram apresentados aos seus quartos imediatamente pelo gerente. O apartamento
de Faith e Ryan era no último andar e com vista para o oceano. Observou a decoração,
obviamente o melhor no hotel.

— Este apartamento não devia ficar disponível para os hospedes? — Ela perguntou
quando ela e Ryan seguiram sobre a sacada.

— Não. Este é o meu apartamento pessoal. Nunca foi alugado. Existe outro
apartamento igual na torre adjacente.

Apartamento pessoal? Era mais como uma mansão e maior que a maioria das casas. O
corredor longo estirou até onde ela podia ver e Faith contou pelo menos quatro quartos
além da enorme sala, que tinha sua própria sacada privada com vista para o mar.

Ela amou a decoração tropical, com cadeiras de vime e sofás, ventiladores de teto e
flores frescas em todo quarto. Os travesseiros florais com hibisco e pássaros do paraíso
decoravam a mobília bem almofadada.

Agora mesmo ela olhava no oceano azul cintilante. Ela nunca havia visto tal beleza. Já se
via dormindo com os sons do oceano entrando através da janela do quarto.

Era quase muito perfeito, muito inspirador. — É bonito.

— Sim, é. — Ele a puxou contra seu tórax e embrulhou seus braços ao redor ela.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Apesar do coração acelerado, ela descansou contra ele, o barulho rítmico do mar a
acalmando. Os odores florais a intoxicando e o corpo forte de Ryan a fizeram se sentir
segura como nunca sentira antes. Era perfeito e ela não queria sair dali nunca.

— Diga novamente o que nós estamos fazendo aqui? — Ela perguntou.

— Nós temos trabalhado com afinco nos negócios com o Worthington. As coisas estão
fluindo bem no trabalho, e até agora eu não tive uma chance para curtir nossa lua de mel.

Lua de mel. A que ele iria ter com Erica. Aquela que Faith achou que jamais teria. Ela
sorriu.

— O que você gostaria de fazer primeiro? — Ele perguntou.

Sua voz enviou calafrios abaixo de sua espinha, excitando seus sentidos.

— Eu não tenho nenhuma ideia. Você já esteve aqui antes, o que você normalmente
faz? — Ela se debruçou contra ele.

Ele sorriu e encolheu os ombros. — Nada, realmente. Eu normalmente venho aqui a


negócios, às vezes trago algum cliente para conhecer, geralmente um barco é um evento
garantido.

Ela mordeu seus lábios. — Isso não soa como diversão. E se nós sairmos e explorarmos a
ilha?

Ela quase riu do olhar de horror em seu rosto. Obviamente ele não estava acostumado a
se entrosar com a população de turista.

— Vamos, — ela persuadiu. — Será divertido.

— Se você diz.

Faith mudou para um calção cáqui e uma regata branca. Ela saiu de suas sandálias e
calçou tênis. Quando terminou, Ryan já estava esperando por ela, tendo trocado para um
calção e uma camisa polo. Ela parou e riu.

— Qual é a graça?

— Olhe para nós. Nós somos os turistas típicos, até vestimos as mesmas cores.

Ryan olhou para seu calção cáqui e polo branca, então em Faith. — Se importa com
isso?

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ela riu. — Nem um pouco, vamos?

Ele organizou um carro de aluguel depois de Faith objetar em viajar pela ilha de
limusine, reivindicando que ela acabou de dizer que eram turistas. Ryan não entendeu por
que eles não podiam ser turistas de limusine, mas ela disse que metade da aventura estava
em agarrar um mapa, dirigir você mesmo e descobrir onde a estrada leva você.

— Então, você é uma navegante experiente? — Ele perguntou quando saiu pela estrada
principal.

— Você está brincando? Eu mal posso me achar ao redor de Las Vegas e olha que eu
moro lá há alguns anos.

— Grande. Nós estaremos perdidos com certeza.

— Pelo que eu vejo no mapa, — ela disse, esquadrinhando o jornal incômodo em seu
colo — nós temos que ir nesta estrada e dirigir ao redor em um círculo. Seria difícil se
perder.

— Eu espero que você esteja certa.

Eles gastaram as próximas horas dirigindo ao redor da ilha. Faith o parou várias vezes a
fim de olhar uma parte em particular do oceano ou assistir aos surfistas montarem as ondas,
ou porque certa loja chamou sua atenção e ela queria entrar e conhecer.

Enquanto ela fez compras, ele esperou. E, ela sempre era amigável com todo mundo
que encontrava; então Ryan se viu esperando, enquanto ela paparicava com a maior parte
dos lojistas.

Nem uma vez ela pediu a Ryan para lhe comprar qualquer coisa. Ele achou tão estranho.
Claro que muitas das coisas que eles olharam eram bugigangas, mas para Faith pareceu
como uma caça ao tesouro. Cada loja era melhor que a última, cada artigo que gostava era
algo que nunca tinha visto antes.

Eles passaram por vários centros comerciais de luxo e shoppings famosos, mas Faith não
deu a eles um segundo olhar. Ela parecia obcecada em olhar e conhecer.

Que mulher incomum.

E o tempo todo ele não podia tirar seus olhos dela.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Eles pararam para assistir os veleiros no ar, com suas velas abaixo só para impactar para
trás, abaixo e habilmente cortar pela água. Faith agarrou sua mão e o arrastou para a praia.

Enquanto ela focou nos veleiros, ele focou nela.

Seus olhos azuis como o mar abertos com prazer quando ela plantou seus pés na areia
próxima à água. Inconsciente para o vento chicoteando seu cabelo ou o spray de sal em suas
roupas, ela levantou seu rosto e deixou os elementos lavarem acima dela, e então gargalhou
alto quando uma onda colidiu nela, a derrubando.

Ryan se apressou em ajuda-la, ela deu uma risadinha e o puxou para a água. Ele tossiu
cuspindo um bocado de agua do mar e ela riu dele.

Ele olhou para baixo, deitada como uma sereia na água e areia. Seu cabelo enrolado e
roupas encharcadas.

O desejo o bateu com tal força que ameaçou derrubá-lo. Nunca antes ele sentiu esta
apunhalada, esta necessidade e dolorida feroz. Ele endureceu imediatamente, apesar do
desconforto e do ambiente.

Faith deve ter sentido isto também, porque o sorriso morreu em seu rosto e seus olhos
escureceram como o céu ao entardecer. Ela não se moveu para levantar ou ficar longe dele,
apesar do fato que ele estava deitando sobre ela.

Ryan tomou sua falta de objeção como um convite e curvou sua cabeça para a boca que
ele esteve morrendo para beijar por semanas.

Faith não podia objetar nem se ela quisesse. Este era simplesmente um glorioso
momento, um que ela se lembraria enquanto vivesse. Os olhos de Ryan foram do cinza clara
a escuridão esfumaçada em uma tempestade de paixão violenta. Ela não podia mover um
músculo, hipnotizada pelo desejo quente em seu rosto.

Oh Deus, ele ia beija-la. Mas em vez de achar um caminho para evitar isto, ela congelou
como se qualquer movimento de sua parte o faria parar. Ela não queria que ele parasse. Ela
quis este beijo mais do que qualquer coisa em sua vida.

Ele pegou seu rosto com as palmas de suas mãos e a puxou em direção a ele. Sua boca
reivindicou a sua e balançou seus sentidos para uma temperatura febril apesar da água que
os rodeava. Ele tinha gosto do ar salgado e selvagem, girando ao redor, ela gostava de um

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Nada Pessoal - Jaci Burton

furacão. Seu corpo flutuava na paixão, incendiando todos os nervos e terminando com um
furioso e descontrolado fogo.

Nada mais importava naquele momento. Tudo o que ela conhecia era este homem e
esta necessidade sem precedente para tocá-lo, beijá-lo, saboreá-lo.

Ela o deixou controlar o apaixonado assalto a sua boca, incapaz de fazer qualquer coisa,
apenas esperar. Ele trancou suas mãos em seu cabelo, puxando para mais perto. Mas ainda
não era suficiente. Ela queria mais. Podia ter recusado o prazer do seu beijo, mas quieta ela
quis mais. Pela primeira vez em sua vida, Faith queria algo. E o que ela queria era Ryan.

Queria ele com todo o desejo que a consumia; o que era terrivelmente impróprio
considerando onde eles estavam. Ryan enterrou o rosto em seu cabelo molhado e
posicionou seu corpo sobre o dela.

A realização súbita bateu nela sobre o que eles deveriam estar parecendo em uma praia
pública?

Ela pegou em seus ombros e o afastou suavemente. Ele puxou de volta, chocando ela
com a intensidade queimando em seu olhar.

— O que está errado? — Ele grunhiu. Sua voz rouca quase a levando ao chão de costas
novamente, mas o bom senso disse a ela que não era o tempo ou lugar.

Se eles continuassem, ela sabia que ele não conseguiria parar. E ela não tinha força
suficiente para resistir. Ela queria isto tanto quanto ele.

— Nós estamos em público, Ryan. Por favor, me solte.

Ele fez uma carranca, então concordou com a cabeça e se ergueu, pegando as mãos de
Faith para puxá-la acima.

— Melhor voltarmos para o hotel e ver se conseguimos tirar esta areia e água salgada
fora. — ele disse.

Faith não pode evitar no vazio que ela sentiu em perder aquele contato íntimo que eles
brevemente compartilharam. — Eu acho que você esta certo.

No passeio de volta ela não teve nenhuma pista de como ele de sentia. Nem feliz nem
bravo, sua expressão estava limpa de qualquer emoção. Ela suspirou, sabendo de alguma
maneira que ela estragou o momento mais intensamente erótico de sua vida.

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Eles se limparam e se prepararam para jantar. Stan e James apareceram para verificar
neles, mas ambos anunciaram que tinham outros planos para a noite.

Faith estava contente que eles não teriam companhia no primeiro jantar deles no Havaí.
Esta noite era especial.

Ryan queria que o jantar fosse trazido para o seu quarto, que fechassem o restaurante
no andar de baixo assim eles poderiam comer em privado, mas Faith tinha uma ideia
diferente. Armada com o guia de restaurantes da cidade ela saiu do hotel, ela foi firme que
escolheria onde eles jantariam. E ela queria que fosse uma surpresa.

Ryan não ficou feliz, mas disse que a viagem era para ela e podia escolher qualquer lugar
maldito que ela quisesse comer.

Menino, ele estava irritado!

Depois do beijo aquela tarde ele ficou silencioso e evitou a todo custo qualquer
proximidade íntima com ela.

Faith não tinha nenhuma ideia na terra do que ela fez de errado. Tinha que ser porque
ela parou o beijo.

Se tivesse acontecido em qualquer outro local e não no meio de uma praia pública, ela
teria dado boas-vindas à oportunidade para continuar o beijo apaixonado e possivelmente o
que poderia ter seguido. As sensações que ela nunca soube que existiam, de repente,
estavam disponíveis e tudo o que ela precisava fazer era estender a mão.

Pouco a pouco, a ideia de fazer amor com seu marido se tornou mais atraente. Não que
o pensamento não tivesse lhe ocorrido antes. Mas sua vida tinha mudado e a relação com
Ryan a assustava. Que só fez isto mais assustador ainda, mas de um modo diferente.

Apesar da intenção em permanecer afastada, ela caiu fundo e se tornou


emocionalmente amarrada a Ryan. Seu envolvimento era puramente sexual. Negócios, claro.

Não importava. Ela sabia o que era exigido dela neste casamento, porém ela sentia uma
reserva sobre isto, mas sabia que cumpriria suas obrigações.

Mas não agora. Agora ela tinha uma surpresa para Ryan. Uma surpresa que esperava
que o fizesse sorrir novamente.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ryan resmungou debaixo de sua respiração. Ela o fez vestir esta camisa havaiana
horrível. Ele saiu do quarto vestido na camiseta de manga curta e lá estava ela em seu
vestido de alças finas, azul claro com flores brancas por toda a parte, uma gardênia em seu
cabelo e sandálias em seus pés.

Ela deveria parecer ridícula, mas não estava. Que o condenassem se ele não achasse seu
pequeno plano agradável. Ela parecia uma das nativas da ilha, com seu nariz cremoso
bronzeado e queimado pelo sol.

Então ela o presenteou com a camisa que ela comprou. Uma camisa vermelha. Com
pássaros grandes tropicais, muitos.

Jesus Cristo!

Ela insistiu que ele colocasse aquilo e um calção, então explicou que o levaria para jantar
hoje à noite e ele teria que estar apropriadamente vestido.

Isto era apropriado? Onde inferno eles estavam indo, numa competição de Pior Turista
Vestido? Faith provavelmente pensaria que era engraçado. Ele tentou esconder seu rosto
quando foram para fora do hotel. Deslizou em seus óculos de sol e tentou se misturar com
os outros turistas. Nada muito difícil considerando como ele estava vestido.

Faith deu uma risadinha. — Só falta um chapéu de palha.

Ele lançou uma carranca para ela. — Nem pense nisto.

Ela riu. — Certo. Nós devemos ir.

Pelo menos ela concordou com a limusine. Faith se torceu em seu banco o passeio
inteiro, até deu risadinha em alguns momentos. Ele jurou que estava viajando com uma
criança e não uma mulher adulta.

Ela até comprara uma daquelas máquinas fotográficas de viagem barata. Ele teria
comprado uma Nikon ou Minolta se ela tivesse pedisse. Entretanto, novamente, ela nunca
pediu a ele qualquer coisa.

A limusine puxou para uma parada na frente do Pássaro de Oahu, oh, um Luau.

Não um luau! Ele abafou um gemido quando saíram da limusine e juntaram-se as


multidões aguardando na entrada do portão.

Faith deu os ingressos que ela comprou do concierge no hotel. E ela ainda estava rindo.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Surpreso?

— Uh, sim, você pode dizer isto.

— Eu estou tão excitada, Ryan. Meu primeiro luau. Eu sei que isto deve ser
provavelmente velho para você, mas é algo que eu sempre quis fazer.

Ele encolheu os ombros. — Eu nunca estive em um.

Seus olhos alargaram em choque. — Nunca? Realmente?

— Realmente. — Ele teve sorte até agora. Todas as suas viagens para o Havaí e ele
nunca teve que lidar com esse tipo de socialização sentimental. Parece que sua sorte
acabou.

— Então, é o primeiro para nós dois! — Ela agarrou sua mão e se apressou pelo portão.

Ryan marchou ao lado dela, procurando desesperadamente por uma saída deste dilema,
mas finalmente renunciou ao fato que ele iria ter que suportar as próximas horas sem
reclamar.

Afinal, esta viagem era para Faith. Ele quis dar a ela um bom tempo e esperava que,
esperançosamente, fora a gratidão, ela o premiaria com sua virgindade. Se ele tivesse que
suportar um luau para ter isto, ele suportaria. Sua meta era fazer amor com sua esposa.

Para consegui-la grávida, claro. Isto era tudo. Para cumprir as condições. Nada mais.
Negócio justo.

Então, por que de alguma maneira parecia estar ficando pessoal?

Talvez fosse o beijo de hoje. Se eles estivessem em qualquer lugar e não na praia, Ryan
teria deslizado suas roupas fora e transado finalmente. Julgando a sua reação ao beijo, ele
pensou que ela não teria objeções. Não, ele tinha certeza que ela não teria objeções. Seu
corpo derreteu contra o dele e os sons que ela fez, disse que queria a mesma coisa que ele.

Nunca antes ele esteve tão incrivelmente excitado por uma mulher. Ele estava
confundindo desejo sexual com apego sentimental, isto é tudo. Ele nunca conseguiu se
envolver emocionalmente.

Mas o que ele sentiu com Faith hoje tinha sido diferente. Quando sua boca encontrou a
dele, ficou atordoado pelo desejo poderoso, sua mente ficou fora de sintonia e só pensou no
que sua parte de baixo queria, de um jeito insano como ele nunca experimentara antes. Ele

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conseguiu se por quente tão rápido que esqueceu até de onde eles estavam. De fato, ele
podia ter se importado menos se tivessem chegado as vias de fato lá mesmo na praia, com
ou sem malditos espectadores..

Mas não teria sido certo. Não para Faith, não sua primeira vez.

Faith andou perto da fogueira onde o porco estava assando. Ela procurou por ele, então
sorriu e acenou quando o pegou olhando. Ela usava aquela máquina fotográfica barata ao
redor do pescoço como se fosse um prêmio, tirando fotos dele, do porco, dos outros
turistas, até do cozinheiro. Suas bochechas estavam rosadas do calor, seus olhos azuis
surpreendendo em sua intensidade. Ela nunca parecera tão feliz.

Ou mais bonita. Ou mais desejável.

Ryan mudou seu humor ao longo do caminho, mesmo com a camisa horrorosa e
sentindo a agitação em sua calça jeans. Nem uma vez, desde esta tarde, ele teve um
pensamento coerente. As visões deles rolando nas ondas da praia ficaram navegando
através de sua mente.

Ele ainda a queria. Mais agora do que antes.

— Ryan, se apresse! — Faith o atropelou e arrastou sua mão, excitadamente o puxando


junto. — Dave e Terey concordaram em tirar uma foto nossa e então nós tiramos deles.

Oh grande. Agora ela fez amigos.

Dave e Terey se aproximaram, eram de Minnesota e estavam celebrando seu décimo


quinto aniversário de casamento com uma viagem ao Havaí.

— Agora ponha seu braço ao redor de mim e sorria. Você parece com que está com dor.
— Faith instruiu deslizando seu braço ao redor da cintura de Ryan e sorriu.

Ele fez o seu melhor para dar um sorriso genuíno tanto quanto pode considerando as
circunstâncias, mas estava certo que terminou parecendo mais como se ele tivesse uma
úlcera.

Para piorar, depois das fotos que Faith tirou deles, convidou Dave e Terey para se sentar
com eles durante o jantar.

Terey era uma mulher alegre e gostava de conversar. Muito. E ela era solta quanto o
enorme vestido havaiano florido que ela vestia.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Seu marido vestido como um típico turista nato. A camisa florida em vários tons de rosa
do Dave era até mais horrorosa que a de Ryan, adicione a isso calção branco ofuscante,
meias e sandálias pretas. Na cabeça chapéu de palha.

Ryan precisava de uma bebida.

— Há quanto tempo você dois estão casados? — Terey perguntou.

— Pouco mais de um mês. — Faith respondeu, olhando para Ryan com um sorriso
tímido.

— Recém-casados! — Terey exclamou alto o suficiente para que as outras quinhentas


pessoas ouvissem. — Que maravilhoso! Isto é sua lua de mel, então?

— Uh...

— Sim é. — Ryan respondeu quando Faith vacilou. — Infelizmente, eu tive alguns


assuntos de negócios urgentes surgindo logo depois do casamento, então nossa lua de mel
teve que ser adiada.

Faith sorriu agradecida e deslizou para perto dele. Seu corpo respondeu ao toque casual
como um soco em sua virilha.

A batida do coração disparou quando ele inalou uma brisa o seu cheiro quando ela se
debruçou em direção a ele. Ela cheirava a gardênias e mar, estimulando sua sensualidade e
fazendo ele se retorcer. Ele tomou vantagem e apertou um beijo leve contra seus lábios.
Deus, ela tinha um sabor doce. Como um pêssego maduro estourando na boca. Ela sorriu e
não se afastou. Um sinal muito bom.

Ryan forçou seus pensamentos para longe dele despindo sua esposa para áreas não
sexuais, como as declarações financeiras da Corporação McKay.

Ele bebericou seu drink que continha mais fruta que álcool. Eles até vieram com guarda-
chuvas de enfeite, que Ryan jogou fora antes de abaixar sua bebida em um trago grande.
Então, ele pediu outro. E outro.

Depois de uma espera longa e agonizante, o jantar estava pronto. Eles foram
encaminhados para a longa fila, pessoas com as bandejas na mão e olhando para a comida
como se fosse um pelotão de soldados sem comida por um mês. Julgando pelos montes em
alguns dos pratos dos convidados, muitos iriam comer por um, hoje à noite.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Faith colocou pequenas porções de várias coisas em sua bandeja. O tempo todo, ela e
Terey, conversaram e riram como se elas se conhecessem por anos.

Ryan desejou que Faith não fosse tão amigável e quisesse ir logo. E ele foi pego
tentando entender as brincadeiras de Dave sem parar sobre as chances dos Gêmeos de
Minnesota na próxima Série Mundial de Esporte, e como ele pessoalmente encontrou uma
antiga relíquia sobre um time regional na sala de jogos. Obviamente o ponto alto da vida de
Dave.

Terminado outra daquelas bebidas misteriosas, Ryan rezou para chover.

Mas o céu estava claro e quase todas as estrelas eram visíveis.

Maravilha.

Quando o jantar estava terminado, Ryan quis partir, mas Faith agarrou seu braço e
lançou a bomba.

— Onde você está indo? A diversão está para começar.

Ryan rolou seus olhos para os céus celestiais e ordenou outra bebida.

Quando eles se sentaram para assistir os dançarinos na Hula, intervalo, fogos e mais e
vinte canções havaianas diferentes, Ryan estava feito. Oh, homem, ele estava feito. Talvez
fosse os dez drinks que ele bebera, lutando para entorpecer os sentidos. Infelizmente, não
funcionou. Ele ainda estava consciente.

Faith pareceu adorar. Ele pegou seus olhares, muitas vezes durante o show, sorrindo
com uma expressão esperançosa em seu rosto. Ele tentou o seu melhor para parecer
entusiasmado, embora conseguir se intoxicar de álcool não estaria ajudando na situação.

Pelo menos o show estava terminado. Eles disseram adeus para Terey e Dave. Mas não
antes de Faith trocar números de telefone e prometer que os quatro se reuniriam
novamente logo. Ryan segurou sua língua e sorriu um cortês adeus, movimentando a cabeça
quando o casal disse que os veriam em sua próxima viagem, porque eles planejavam ir para
Las Vegas.

Terey e Dave. Em Las Vegas. Visitando ele?

Não nesta vida.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ele teceu seu caminho para a limusine. Faith, do outro lado, parecendo pedra de tão
sóbria. Ele jurou que ela bebera pelo menos a metade do que ele bebeu. Seguramente ela
devia estar sentindo algo. Talvez ela se soltasse o suficiente para uma folia nos lençóis.

Ele riu silenciosamente. Talvez seu plano estivesse funcionando afinal.

— O que é tão engraçado? — Ela perguntou quando eles entraram em seu quarto no
hotel.

Ryan colidiu seu ombro esquerdo na porta e gesticulou. — Nada.

Ela parecia estrábica, bem, realmente as duas pareciam.

— Ryan, você está bem?

Por que existiam dois sofás neste quarto quando só tinha um antes deles saírem mais
cedo? Ele abriu seus olhos mais largos para focar, pulando quando ele se sentou naquilo,
realmente era um sofá e não o chão.

— Eu estou bem. Por quê? — Oh que bom. Um sofá.

O quarto começou a girar. Interessante e tipo meio repugnante, também.

— Eu acho que aqueles coquetéis estavam um pouco fortes hoje à noite, não é? — Ela
perguntou.

Grande. Ela estava martelada, também. Tempo para a cama. Ele perguntou onde seu
quarto estava. Provavelmente muito longe. Eles teriam que fazer isto no sofá mesmo,
porque ele estava certo que não podia se levantar.

— Venha aqui e se sente comigo, aqui no sofá, sim, aqui mesmo. — Ele bateu levemente
na almofada próximo a ele. E bocejou.

Faith andou e se sentou. — Você está realmente bem?

Por que ela não estava bêbada? — Por que você não ficou bêbada?

Ela encolheu os ombros e sorriu. — Eu nunca fico. Por alguma razão eu metabolizo
álcool muito bem.

Ele agitou suas mãos no ar. — Eu também. Eu metabolizo álcool bem também. — Ele
perguntou se ela estava ciente que tinha duas cabeças agora.

— Eu acho que nós devíamos colocar você na cama.

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— Agora não, bebê. Estamos conversando, vamos continuar. — Ele tentou sentar, mas
caiu sobre o sofá. Ele enrugou seu nariz, olhando para Faith e então encolheu os ombros. —
Certo eu não posso sentar. Melhor ficar aqui mesmo.

Uh oh. Ela estava desvanecendo longe, perdida no enorme quarto. Ele tentou levantar
sua mão para acenar adeus para ela, mas tudo ficou escuro.

***

Ele estava morto. Muito morto, obviamente alguém o assassinou em seu sono. Com
uma marretada na cabeça, julgando pela dor excruciante de uma orelha até a outra.

Oh Deus, ele foi para céu! Uma luz ofuscante em seus olhos, fazendo a dor migrar de
entre suas orelhas para a parte de trás da cabeça. Ele se sentiu miserável. Morto, miserável
e cego pela luz.

Correção. Ele estava no inferno. Tinha que ser. O céu nunca seria doloroso assim.

— Bom dia.

Não, era o céu sim, ele decidiu. Só assim ele ouviria essa voz de anjo sussurrando
suavemente em sua orelha.

— Bom dia, anjo. — Ele sorriu e murmurou em seu travesseiro. — Estou no céu?

— Eu duvido que você pense que é o céu quando acordar completamente. Eu aposto
que tem uma enxaqueca miserável esta manhã.

Ele lentamente abriu um olho e perscrutou fora.

Isto não era o céu. Embora Faith parecesse um anjo em sua camisola de seda branca.
Talvez se ele a agarrasse…

— Ugh. Eu me sinto horrível! — Ele se sentou quando uma dor afiada apunhalou seu
cérebro.

— Não é nenhuma novidade considerando o quanto você bebeu ontem à noite. — Seu
anjo misericordioso segurou um copo de água e duas aspirinas na mão.

— Obrigado. — Ele tragou e olhou para ela. — Eu me embriaguei, não é?

Ela sorriu para ele. — Eu acredito que sim. E desmaiou no sofá.

— Então, como eu cheguei aqui?

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Ela colocou o copo na cabeceira, então se sentou na frente dele, um rubor rosa em seu
rosto. — Eu persuadi você com a promessa de sexo. Você pelo menos quis fazer isto antes
de desmoronar no meio da cama.

Ele balançou sua cabeça quando um pensamento o atingiu. — E nós fizemos?

— Fizemos o que?

— Sexo.

Seus lábios enrolaram para cima. — Não. — Sua voz era quase um sussurro. Ryan achou
sua timidez adorável. Mas, maldição. Nenhum sexo.

— E você teria feito? Se eu tivesse sido capaz de fazer?

Seus olhos azuis claros focados nos seus. — Honestamente? Eu não sei.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ela teria feito amor com Ryan? Faith não tinha uma resposta. A pergunta ocupou sua
mente na viagem de volta para Las Vegas.

Talvez, se ele tivesse estado sóbrio ela teria considerado isto. Depois do beijo que eles
compartilharam na tarde do luau, ela soube sem dúvida que ela teria caído facilmente na
cama com Ryan à noite.

Mas o destino conspirou contra eles e talvez fosse um sinal que ainda era cedo.

Eles tiveram três dias maravilhosos no Havaí, passearam sob o sol, fizeram turismo e
apreciaram as lindas paisagens e cheiros maravilhosos. Tinham relaxado, acalmado e acima
de tudo, tempo para pensar sobre Ryan.

Sem dúvida, ela sentia atração por seu marido. Ele acordou uma necessidade que ela
não percebeu que possuía. A necessidade de ser querida e desejada.

Ele tem sido bom para ela, muito bom para ela, desde que eles se casaram. Atencioso,
considerado e divertido. Não o que ela esperava. E eles iriam eventualmente ter que fazer
amor. Era ridículo adiar isto por mais tempo, então por que ela adiava depois do luau que
Ryan tinha desmaiado. Por que não hoje à noite? Ou alguma noite depois? O que a
segurava?

Ela teve um bom tempo. E Ryan pareceu relaxar, embora não completamente. Depois
da noite que se ele embriagou e desmaiou, ele nunca tocou no assunto do sexo novamente.

E isso a desapontou.

Tempo para pôr ela se importando com alguma outra coisa. Trabalhando no abrigo de
animais que era voluntária. Ela tem estado fora muito tempo e sentia falta de abraçar os
cachorros e especialmente os gatinhos.

— Onde seu marido foi esta manhã? — James passeou na cozinha, vestido para um jogo
de tênis.

— Ele está lá em cima no escritório, cuidando da papelada.

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— Entendo. E como anda o casamento?

— Bem. — Ela precisava ser cautelosa e não dizer a James nada que causasse a
impressão que a relação dela e do Ryan não estava prosseguindo de acordo com as
condições impostas por Quentin McKay.

— Você sabe que ele vai largar você assim que te engravidar, não é? — James disse com
um sorriso.

Sua irritação cresceu quando ela percebeu o que ele estava fazendo. Ela empurrou o
jornal de lado e deu a ele sua atenção total. — Eu sei sobre as condições do testamento.

— Existem muitas coisas sobre Ryan que você não sabe. — Ele puxou uma cadeira e se
sentou próximo a ela. Seu rosto, tão semelhante ao de Ryan, estava nublado com
preocupação. Ela não acreditou nisto nem por um segundo. Faith sabia muito bem como ele
era afinal.

— Eu não tenho que saber tudo sobre a vida dele.

— Mas existem coisas que você deveria saber. Por exemplo, sua quase esposa Erica. Eu
aposto que você não sabe que os dois...

— Ei, Faith está aqui? — Ryan entrou na cozinha e a viu, sentada na cadeira, pensando
que ela deveria ter ficado na cama até tarde em vez de ficar aqui escutando James em
primeiro lugar. Embora ela realmente tivesse gostado de ouvir o restante da fofoca. Erica?
Ela não estava fora do jogo? Seguramente Ryan não teve mais nenhum contato com ela
depois que ela o largou na mão no último minuto quando precisou dela.

Ryan pegou uma xícara e encostou-se ao balcão da cozinha, seu olhar esvoaçando nela e
em James. Faith evitou seus olhos, apreensiva com a conversa com o primo de Ryan.

— Sobre o que você dois estavam conversando? — Ryan perguntou.

James encolheu os ombros e levantou da mesa. — Só nos familiarizando. Eu vou jogar


tênis. Até mais.

Depois que ele partiu, Ryan se sentou na cadeira que James desocupou. — O que foi isso
tudo?

— Uhh, nada. Eu acho que ele estava pescando informações sobre nós. Eu não estou
certa.

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Ryan movimentou a cabeça. — Não me surpreende. É do seu melhor interesse se nosso


casamento falhar. Não o deixe pegar você com a guarda-baixa. Ele continuará a insistir,
querendo apanhar você dizendo qualquer coisa que invalidará nosso casamento. Seja
cuidadosa. Existe muita coisa em jogo aqui.

— Sim. Eu estou completamente ciente do que está em jogo.

— Bom. Eu sabia que podia contar com você.

Nenhuma emoção qualquer. Para Ryan, seu casamento era como outro negócio, como
um trabalho, outra negociação, outra posse. E claro, ele planejou ganhar.

Faith se levantou e pôs sua xícara na máquina de lavar, então se virou ao redor. — Eu
estarei fora a maior parte do dia hoje.

— Aonde vai? — Ele riu. — As compras?

— Esqueça esse pensamento. —Ela estremeceu e deu ênfase na frase. Seu armário
transbordava da sua primeira expedição de compras. Era duvidoso que ela já precisava fazer
compras novamente. Com exceção de roupas de maternidade. O pensamento trouxe um
sorriso.

Claro, para ficar grávida, ela teria que fazer sexo.

Logo.

— E eu aqui pensando que você gostou de fazer compras.

— Não, eu estou indo para o abrigo de animais.

— Para que?

— Eu sou voluntária lá nos fins de semana. Eu não fui às últimas semanas por causa de
tudo que andou acontecendo. Eu realmente preciso ir hoje.

— Amante dos animais, não é? — Ele se debruçou na cadeira, o Jean revestindo suas
coxas se estendeu. O suéter abraçou seu tórax de um jeito que fez seu ventre contrair em
necessidade.

Ela suspirou. Que belo homem ele era. Se só..., ela não pensaria sobre isto agora. — Eu
preciso ir. Eles estão esperando que eu chegue as dez.

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— Divirta-se, então. — Ele disse e levantou o jornal que ela descartou, já a despedindo
de seus pensamentos.

Ryan assistiu ela partir, então jogou o jornal. Abrigo animal? Ele não conhecia nada
sobre esse lado dela.

E que tal a culpa em seu rosto? Quando ele entrou e a achou na cozinha com James, ela
estava vidrada na conversa de seu primo, que era o mais talentoso dos contadores de
histórias.

Sim, certo. James apenas passeou pelo segundo grau e se formou na faculdade graças às
doações dos McKay. Ele definitivamente não era nada talentoso. Então, o que James disse
para Faith que capturou seu interesse? Ela não quis compartilhar nada com ele sobre isto.

Sua esposa era um enigma. Uma inocência doce que ele nunca veria em uma mulher da
sua idade. Mas também envolta em mistério. Existiam tantas coisas sobre ela que ele não
sabia.

E aparentemente ela era completamente imune a ele. Nem uma única vez ele recebeu
qualquer sinal de que ela estava pronta ou disposta a fazer amor com ele. Com exceção
daquele beijo na praia. Até que ela parou. E justo quando as coisas estavam ficando
interessantes, também.

Ele fez tudo em seu poder para convencê-la. Ele comprou um novo guarda-roupa, a
encorajou para mudar seu cabelo e usar maquiagem. Inferno, ela até parou de usar aqueles
óculos tenebrosos que ela realmente não precisava.

Então, ele comprou a joia e a levou para o Havaí.

Mas ele tinha sido recompensado com o presente de sua virgindade em agradecimento?

Não.

Embora ela tivesse insinuado que se ele não tivesse bebido na noite do luau, algo
poderia ter acontecido. Mas teria, realmente? Duvidoso.

O que precisaria para seduzir aquela mulher? Um ato de caridade?

Ele estava sem ideias.

E o relógio estava correndo.

111
Nada Pessoal - Jaci Burton

***

Faith enxugou seu nariz com o lencinho que cavou em sua bolsa, secando as lágrimas
enquanto entrava em casa.

Ela fungou, querendo nada além de se sentar na varanda se inclinar e chorar como um
bebê. Realmente, ela veio fazendo isso por anos. E pensava que estava endurecida para o
que via lá.

Mas ela não estava. Toda vez ela quebrava seu coração, rasgava ela e levava dias para se
recuperar.

Se Ryan a visse assim, saberia as razões por trás disto, pensaria que ela era uma criança
tola. Ela era uma adulta e precisava ser mais ponderada.

Ela largou sua bolsa na varanda e sentou em uma das cadeiras de vime, focando na
paisagem como uma distração esperançada. A vista de Las Vegas era empolgante. A mansão
McKay situada sobre uma colina tendo vista para a melhor visão da cidade.

As luzes não eram visíveis agora, pois não havia escurecido, mas o sol já tinha começado
a sua lenta descida no horizonte, iluminando as placas dos hotéis no centro. E no meio de
toda aquela grandeza se assentava O Chalé, suas torres totalmente brancas apontadas para
o céu como um portão no meio da Babilônia.

Ela secou as lágrimas continuando seu inexorável abrir de boca, disposta a parar de
chorar. Ela realmente precisava aprender a segurar suas emoções.

— Sra. McKay, algo está errado?

Faith virou para ver Leland de pé na porta da frente, sempre formal. Ela não ouviu
quando ele abriu a porta.

— Não. — ela fungou. — Eu estou bem.

Ele andou para fora e puxou a porta da frente fechada. — Você está chorando.

— Só um pouco.

— Existe algo que eu possa fazer?

— É algo tolo, realmente.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Leland puxou uma cadeira e se sentou próximo a ela. Engraçado, ele nunca se sentou
quando ela estava sentada.

— Você gostaria de falar sobre isto? — Ele perguntou.

Ela sorriu para ele, tocada que ele considerou perguntar. — Eu sou voluntária no abrigo
de animais.

Ele movimentou a cabeça.

— Alguém trouxe uma ninhada de gatinhos hoje, a mãe junto.

— Continue.

Ela fungou novamente. — O veterinário os verificou e diagnosticou que todos tinham


leucemia felina, eles tiveram que ser mortos.

— Entendo.

As lágrimas caíram novamente, apesar de seus esforços para manter elas à distância.
Leland ofereceu um lenço, que ela alegremente aceitou.

— Eu disse a você que era tolice. — Ela disse.

— Não é para você.

— Eles eram tão doces, até a mamãe. Mas, por culpa do dono que não fez os testes e as
vacinas, ela passou isso para seus filhotes. Oh, Leland, — ela disse e se virou descansando a
mão em seu joelho — eles eram adoráveis. Laranjas e brancos, como pequenos tigres. — Ela
não podia segurar mais. Repentinamente em lágrimas, enterrando seu rosto no lenço do
Leland.

Leland colocou o braço ao redor dos seus ombros e bateu levemente, oferecendo o que
para ele deveria uma quantia sem precedente de emoção.

— Obrigada. — ela falou quando conseguiu pegar uma respiração. — Eu não sei o que
acontece comigo hoje, mas toda vez que eles põem uma daquelas pequenas coisas para
morrer, uma parte de mim morre também.

— Você ama os animais.

Ela movimentou a cabeça. — Eu nunca tive permissão para ter bichinhos de estimação
quando criança e no meu apartamento atual é proibido, então eu nunca tive um. É por isso

113
Nada Pessoal - Jaci Burton

que eu me voluntariei. Assim, posso pelo menos estar ao redor deles uma vez por semana,
entretanto quando eles tiverem que ser...

Lá foi ela novamente. Ela era um caso perdido, pura e simples. Leland continuou a dar
batidinhas levemente de volta. Ele realmente era um doce para ela. Ele e Margaret. Durante
as últimas semanas ela veio pensando neles como família. Verdade seja dita, eles eram a
única família que ela tinha.

Leland ficou com ela quando a escuridão cresceu e a segurou até que ela terminou de
chorar pelos gatinhos perdidos.

Agradeceu a Deus que Ryan não tinha vindo para fora e a pegou berrando como um
bebê por causa de alguns gatinhos mortos.

***

Faith não viu seu marido durante a noite. Depois da crise de choro, ela foi para seu
quarto lavar seu rosto. No jantar, Margaret disse que Ryan foi para o escritório da empresa
fazer algumas coisas e voltaria mais tarde, à noite.

Margaret e Leland foram ao cinema e Faith se viu só em casa. Depois de um chuveiro


relaxante, ela se enrolou na poltrona perto da janela com um livro.

Engraçado como só algumas semanas atrás isto era sua rotina normal. Agora parecia
só...

A porta da frente abriu e ela ouviu passos seguidos pela voz de Ryan nos degraus. Em
vez de abrir a porta ele falou com ela do lado de fora.

— Faith? Você está aí?

Que estranho. — Sim, claro. A porta está trancada? — Ela foi em direção à porta para
verificar.

— Não se mova!

Ela se deteve a meio passo. — Tudo bem. O que está errado?

— Nada. Fique longe da porta e feche seus olhos.

114
Nada Pessoal - Jaci Burton

Agora o que? Mais joias? Faith suspirou, rezando que ele não fosse extravagante com
ela novamente. Realmente, imaginou que ele soubesse que joias não eram muito seu estilo.
Ela fez como ele pediu e se virou para enfrentar a janela.

— Você se virou?

Sua voz continha uma nota excitada. Não importa o que fosse ela iria fingir surpresa e se
encantar, não querendo o desapontar. — Sim, eu estou de costas.

— Seus olhos estão fechados?

— Sim, Ryan, eles estão fechados.

Ela esperou no meio do quarto, se sentindo um pouco boba. Ouviu a porta abrir e
estremeceu quando sua respiração morna acariciou seu ombro.

— Ainda fechados? — Ele sussurrou.

— Sim.

Nada aconteceu por alguns segundos. Ela sentiu uma cócega em seu nariz e então em
sua bochecha, algo suave e macio foi passado contra seu rosto. Ela se concentrou, tentando
imaginar o que no mundo ele tinha em suas mãos.

Então, ela ouviu o som.

Um suave miado.

Seus olhos abriram de repente e na palma da mão de Ryan estava um gatinho rajado.
Ela ofegou e girou para seu marido.

Ryan sorriu como um homem que sabia que acabou de achar o presente perfeito para
sua esposa.

— Oh, meu Deus! — Ela exclamou quando ele deu o gatinho para ela. Ela embalou isto
em seus braços e correu sua mão contra suas costas, sentindo seu rítmico ronronando. Seus
olhos traiçoeiros encheram com lágrimas novamente, mas agora eram lágrimas de alegria.

— Eu não posso acreditar que você fez isto. Como você soube?

— Eu ouvi você e Leland hoje. — Ele deslizou uma mecha solta atrás de sua orelha. — Eu
sinto muito sobre os gatinhos, Faith. Eu sei que deve ter sido difícil para você.

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Ele acariciou sua bochecha muito suavemente, sua voz tão sincera que ela sabia que
precisaria de mais lenços, logo. Ela levantou o gatinho e o segurou no nível do olho. Seus
olhos azuis claro contratavam contra seu pelo laranja.

— Ele é meu? Eu posso ficar com ele?

— Claro que você pode. — ele disse enquanto acariciava a cabeça do gatinho com a
ponta do dedo. — Lindo, não é?

Ela fungou muito emocionada até para fazer uma tentativa de disfarçar. Um empresário
duro como Ryan McKay comprou um gatinho para sua esposa. — Sim. Sim, ele é. Eu ainda
não posso acreditar em que você fez isto para mim. Onde você conseguiu?

— No abrigo de animais.

— Oh, Ryan. — Mais lágrimas derramadas. — Isto é simplesmente perfeito.

— Eu também comprei uma cama, caixa de areia, comida e alguns brinquedos. Se não
forem os tipos certos de coisas, você pode aceitar trocar na loja.

— Eu tenho certeza que são os corretos. — Ela agitou sua cabeça, incapaz de acreditar
neste lado dele. Ele tocou seu coração com este gesto, mais do que qualquer joia ou viagem
a paraísos tropicais.

Eles instalaram Tiger, como Faith passou a chamá-lo, no banheiro de cima. Lá havia
espaço para brincar e para sua caminha, comida e caixa de areia. Eles se sentaram no chão e
riram das artes do gatinho, inclusive suas tentativas inúteis para puxar o papel higiênico
completamente fora do rolo.

Apesar de Ryan repreender suavemente o gatinho, Tigre era desobediente. Ele tocou
tudo o que estava à vista como um selvagem durante os trinta minutos, até que acabou o
gás. E deitado de barriga, ele desmaiou para o mundo em sua minúscula cama.

Ryan fechou a porta no banheiro e se virou para Faith.

— Eu acho que ele está fora pela noite.

Ela movimentou a cabeça, tão cheio de alegria que seu coração não podia conter isso
tudo. Ela olhou para seu marido com uma nova luz. — Sim, eu acho que está. — Ela andou
em direção a ele, parando bem perto. Os grandes olhos em Ryan.

— Obrigada. — Ela depositou um suave beijo em seus lábios.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— De nada, Faith. — ele respondeu seus olhos cinza escurecendo.

— Eu não posso acreditar que você fez isto por mim.

— Meu prazer.

Certa agora mais que nunca em sua vida que hoje a noite ela tinha a intenção de dar o
primeiro passo, ela deslizou as mãos por seus ombros e se aproximou mais, moldando seu
corpo no dele até estarem colados, assistindo seus olhos abrindo em surpresa. — Seu
prazer? Eu não acho. Isto está apenas começando.

Sem vacilação ela deslizou uma mão atrás do seu pescoço e puxou sua cabeça,
apertando sua boca contra a dele.

117
Nada Pessoal - Jaci Burton

Ryan estava sonhando tudo isso. A boca morna de Faith suavemente contra a sua, a
ponta de sua língua dançando ligeiramente ao longo da costura de sua boca.

Ele podia dizer que ela não era experiente na arte da sedução. E isso o excitou, sabendo
que o que ela daria a ele nenhum outro homem teve. Esse pensamento era arcaico, mas ele
não podia se impedir de imensa satisfação em ser o primeiro homem a fazer amor com ela.

Ela enroscou seus dedos no cabelo dele e apertou seu corpo mais intimamente, um
convite não dito que ele não iria recusar.

Em menos de um segundo ele estava duro e pronto para ela. Ele deslizou suas mãos ao
redor sua cintura, puxando-a contra seu calor torturado.

Como a inocência podia ter um gosto tão erótico? Talvez fosse completa falta de
vacilação no beijo. Ela não segurou nada de volta, deu tudo dela livremente, se
abandonando ao momento.

Ele escovou seus lábios no dela, procurando sua língua e achando, saboreando,
correndo acima da sua em uma intensa interação erótica que deixou ambos ofegantes.

— Faith, você tem certeza? — Ele puxou de volta e procurou em seu rosto por
incertezas, mas não achou nenhuma.

Ela movimentou a cabeça. — Sim, absolutamente certa. Faça amor comigo, Ryan.

Ele não precisou de nenhum convite adicional e a varreu em seus braços, seu vestido de
seda drapejando acima dele. Ele a deitou na cama e permanecida em pé, olhando-a.

Seu cabelo espalhado como seda no travesseiro. Uma alça de renda do vestido deslizou
por seu ombro, expondo o topo suave e redondo do seu peito. Ela parecia completamente
relaxada, um braço abandonado em sua cabeça e o outro descansando através do seu corpo.

Naquele momento desejou que fosse um artista, assim ele podia capturar o olhar em
seu rosto. Seus olhos faiscando tentadoramente, como se ela segurasse todos os segredos
que ele ansiava descobrir.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

A abertura lateral no vestido aberta, mostrando uma perna esbelta. Ryan tragou, sua
garganta seca na visão desta bela criatura espalhada na frente dele.

Seus olhos famintos fixos nos seus quando ele removeu seus sapatos e puxou o suéter
acima de sua cabeça. Sua respiração acelerou e seus olhos focaram naquela pequena língua
rosa lambendo sua boca.

Ele não pode ficar nu rápido o suficiente.

O pensamento de rasgar suas roupas passou por sua cabeça, mas ele não quis assustá-
la. Ao invés, ele lentamente escapou de sua calça jeans e boxer e se aproximou da cama. Ele
esperou por uma reação, mas em vez de medo, seus expressivos olhos azuis brilhavam em
antecipação. Seu coração martelou no tórax em um esforço para bombear a corrida de
sangue por seu corpo.

Ele nunca desejara outra mulher mais do que Faith. Apesar de seus protestos sobre ser
nada além de sexo, ele se sentiu conectado a ela. As linhas invisíveis que eles saltaram
juntos. O pensamento devia tê-lo assustado, deixado ele cauteloso. Não aconteceu. Parecia
simplesmente, certo.

Ela tragou, seguido por um suspiro trêmulo.

— Você está nervosa? — Ele sussurrou chegando mais perto dela.

— Na verdade, não. Eu esperei muito tempo para este momento, Ryan. — Ela se
aconchegou contra ele e arrastou a ponta do dedo por seu braço, pelos seus bíceps e
lentamente deslizou para o seu pulso.

Ela não tinha noção do que isso fazia nele? Aquele toque, suave e gentil, suas mãos
correndo como seda acima de sua pele sensível. Ele quis que ela o tocasse em todos os
lugares, só assim.

Especialmente no lugar que estava duro e pulsando.

Ela continuou o assalto em sua pele. — Eu sei que para você não é nada, mas para mim
é algo único. Besteira, eu sei, mas é importante.

Nada para ele? Ela estava brincando? Fazer amor com Faith era tudo para ele. Ele quis
fazer este momento especial para ela, queria que ela soubesse que não estava levando esse
momento levianamente, não importa o que ela pensava.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— É importante para mim também. Mais do que você imagina.

Seus olhos o cativaram, então abriram com seriedade. — Eu sei. Isto é sobre as
condições do testamento do seu avô.

Ela pareceu se resignar com este fato. Ela pensou que isto era sobre o testamento?

Ele se debruçou em seu cotovelo e a acalmou com a mão. — Isto não tem nada a ver
com nosso acordo. Não esta noite. Hoje à noite é pessoal. Somos nós dois, homem e mulher.
É sobre paixão e nada mais.

Seus olhos brilharam e uma única lágrima deslizou pela sua face.

— O que você quer que eu faça? — Ela perguntou.

A pergunta fez seu coração se desintegrar. Ele ouviu ansiedade misturada com alguma
incerteza.

Enrolando os dedos em seu cabelo, ele respirou seu doce cheiro. — Isto não é um script.
Não existe nenhuma regra. Nós vamos nos tocar lentamente, beijar e deixar acontecer
naturalmente.

— Eu tentarei.

Mas seu corpo estava tenso. Se ela continuasse nervosa assim, não iria ser prazeroso
para ela. E ele quis dizer isso sabendo que faria de tudo para que essa primeira vez dela
fosse inesquecível e lembrada com ternura, sem remorso.

— Fique sentada. — ele comandou com um gentil puxão em suas mãos.

Ele a colocou no meio da cama e se posicionou atrás dela, massageando a tensão em


seus ombros. Sussurrou para ela suavemente, reassegurando como era bonita e desejável.
Eventualmente ela relaxou e ele continuou seu trabalho vagaroso nos nós.

Quando sua ereção apertou contra seu traseiro, ela fugiu dele, se afastando. O roçar
contra ele era uma doce tortura. Ele queria, precisava estar dentro dela, mas suas
necessidades teriam que esperar.

Agora, o mais importante era que ela relaxasse. Quando ele estava certo que ela se
tranquilizou, se debruçou para frente e beijou a parte de trás de seu pescoço. Ela se
arrepiou.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Isso é bom. — ela disse.

— Bom. — Ele murmurou, sua boca correndo acima daquele lugar delicioso entre seu
pescoço e ombro, ligeiramente beijando e beliscando a carne tenra. Ele ouviu a subida e
descida de sua respiração, sentido seu tremor.

Ele pegou a alça de renda em seus ombros e a puxou, trazendo até a cintura.

— Suas costas são lindas. — ele disse e seus dedos deslizaram por sua espinha, sorrindo
quando sentiu as pancadas do seu coração. — Sua pele é incrivelmente suave.

— Suas mãos são quentes. —Ela disse, sua voz rouca.

Ele se moveu na cama para enfrentá-la.

E o tempo parou.

Um leve rubor cobria sua pele, só adicionando mais beleza ao seu corpo. Seu olhar
viajou acima de sua clavícula esbelta, as sardas no topo de seu tórax, a perfeição de seus
peitos. Seus mamilos enrugados que ela trouxe a mãos para cobrir. Ryan a impediu.

— Não Faith, você é linda.

O olhar em seus olhos o despedaçou. O desejo descarado colorindo suas profundidades


até que eles eram como um céu azul ao entardecer. Ela demonstrava abertamente toda a
emoção em seus olhos. Levou todo o seu controle não jogá-la na cama e mergulhar em seu
calor, mas ele sabia que seria só para ele, não para ela.

Hoje, à noite era dela.

Com toda a paciência que ele pode reunir, ele ergueu sua mão e circulou um peito,
tocando o mamilo tenso até que ela ofegou.

Os olhos seguiram seus dedos, aparentemente hipnotizada com o efeito em seu corpo.

Ele se debruçou e sacudiu ligeiramente sua língua em um mamilo, ela praticamente se


atirou da cama. Suas costas arquearam e ela deu um gemido longo e baixo.

— Ryan, isso é tão... Maravilhoso.

Ela o estava matando. Ela arqueou e expôs seu pescoço enquanto ele pegava ambos os
peitos em suas mãos, alternando sua boca em cada um até os bicos ficarem duros. Ele tirou

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Nada Pessoal - Jaci Burton

sua boca e olhou para o seu trabalho, supremamente satisfeito à vista dos mamilos
brilhando, umedecidos de sua língua e apertados com desejo.

Ele suavemente a apertou contra a cama e deslizou o vestido por seus quadris e abaixo
pelas suas pernas longas.

Este era o corpo que ela escondeu durante esses anos? Este tesouro perfeitamente
esculpido? Seus quadris cheios foram feitos para as mãos de um homem. Ele doía com a
necessidade de agarrá-los e puxá-la para ele. Mas ele lutou pelo controle, sabendo que se
ele movesse muito rápido arruinaria o momento.

O toque de sua pele contra ele quase o levou para a borda. Ela era suave onde ele era
duro. Ele quis entrar nela, duro e rápido e dar fim a essa tortura que o vinha matando todo
esse tempo.

Mas ele não fez.

— Diga o que está pensando. — Ele disse, acariciando seus peitos e barriga, seus dedos
viajando sempre mais baixo para a escuridão enrolada entre suas coxas. Ela estava tão
molhada, que seus dedos umedeceram.

Seus olhos se alargaram. — O qu... O que?

— Eu quero saber o que você está pensando agora. —Ele não se reconhecia. Isto não
era como ele era geralmente. Suas correrias habituais em sexo consistiam em apenas transar
e somente isso. Sem conversas, sem sussurros, nenhuma persuasão.

Mas esta era Faith. E ela era especial.

— Eu estou pensando que o seu corpo é lindo. E como...

Um rubor manchou suas bochechas. Condenado se ela não parecia como uma daquelas
pinturas de querubim.

— Continue, está tudo bem, Faith. Diga a mim qualquer coisa que você quiser.

Ela hesitou e seus cílios tremularam contra sua bochecha. — Eu nunca... Isto é, eu
gostaria... — Ela gaguejou, olhando para seu pênis.

Sua inocência o humilhou, o fez perceber o que este momento realmente significava
para ela. E onde ela estava olhando? Maldição, o fez quente só de pensar em suas mãos
sobre ele.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Isto iria exigir a paciência de um santo. — Vá em frente. Toque-me.

Quando sua palma circulou sua carne dura, ele arqueou em prazer. Ele friccionou seus
dentes e a deixou explorar, sua mão correu por sua carne em leves movimentos.

— Mais duro - ele disse. — Eu não quebrarei.

Ela apertou, acariciou e torceu, movendo sua mão de cima abaixo em seu pênis. O som
de um suspiro escapando dela apertou seu desejo e ele soube que se ela não parasse, tudo
terminaria antes de começar.

Tremendo, ele puxou sua mão de sua carne torturada.

— Eu fiz algo errado? — Ela perguntou.

— Oh, inferno não. Você fez tudo direito. Tão direito, de fato, que eu não quero
terminar muito rápido.

— Oh.

Aquele doce rubor manchado suas bochechas novamente. Deus, ela era irresistível. Ele
capturou sua boca em um lento beijo devastador que balançou seus sentidos, então deslizou
sua boca até seu pescoço e atrás novamente, beliscando e lambendo até que ela empurrou
sua cabeça em direção a seus peitos. Ele concordou feliz, chupando primeiro um e depois o
outro mamilo. Com paciência deliberada ele arreliou e rolou sua língua ao redor de cada
crista rosada até que ela gritou. Seus dedos agarrando seu cabelo, puxando ele mais perto
dela, implorando sem palavras por alguma realização.

O mundo de Ryan explodiu diante de seus olhos. Ele nunca se sentiu deste modo sobre
uma mulher antes. Ele queria possuí-la. E não só por essa à noite. O pensamento de
qualquer outro homem a tocando, reivindicando o que era dele, era inimaginável.

Ela era sua.

Faith queria morrer. Ela queria gritar, o que Ryan estava fazendo para ela era criminoso.
A necessidade e desejo que ela nunca sentiu antes, nem sequer soube que existia saltou por
ela em ondas de felicidade sensual. Ela subiu e mais alto com o toque de suas mãos
aquecidas, cada golpe de sua língua contra seus mamilos a inflamava. Sua mente e corpo

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Nada Pessoal - Jaci Burton

gritando, querendo mais, até que ela estava soluçando de necessidade. Então, ele
reivindicou seus lábios mais uma vez.

Seu corpo era a perfeição. Ela só desejou ter braços longos o suficiente para alcançar e
tocar em cada polegada dele. Mais tarde ela exploraria. Parte dela reconhecendo aquele
fato. Mas no momento ela queria tudo.

Este era o homem que ela quis por anos. Desde o primeiro dia que ela nervosamente
entrou em seu escritório para a entrevista. Naquele dia ela se apaixonou por ele.

Hoje ela o amava muito mais. Hoje à noite ela se tornou sua esposa, oficialmente, e com
todos os direitos aos prazeres que ela se negou por tantos anos.

As palavras de sua mãe se tornaram apenas uma sombra distante na memória. Ela
merecia isto que estava acontecendo, ela merecia se sentir deste modo. Bonita, desejada e
querida. Ryan disse isso a ela e ela acreditava nele. Pela primeira vez em sua vida ela
acreditou.

— Você é perfeita. — Ele murmurou contra sua garganta. Ele arrastou beijos em cima de
seus seios e barriga, então desceu mais abaixo, chocando ela quando sua língua circulou seu
umbigo e viajou mais abaixo.

Ela não ousou abrir seus olhos, com medo do que ela veria e muito curiosa para não
olhar. Os olhos escuros de Ryan, um prata tempestuoso, um sorriso diabólico em seu rosto
quando segurou seu olhar e tomou um gosto, longo e lento.

Se ela estava no céu ou no inferno, ela não sabia. Ela balançou seus quadris e agarrou os
lençóis quando sua língua e lábios davam prazer a ela, deixando-a quase louca com a
sensação. Era como uma febre, uma loucura que enrolava dentro dela. Ela gemeu e ofegou
em um estado próximo ao delírio, esquecendo qualquer coisa exceto aquela boca em seu
sexo. Ela sentiu seu desejo úmido fluindo acima da língua.

No meio de uma nuvem de paixão sua voz aveludada a persuadia, encorajando ela para
deixar ir, deixa-lo possuir esta parte secreta sua. O êxtase ficou insuportável dentro dela e
não conseguiu mais se conter e finalmente explodiu. Ela arqueou suas costas e gritou
quando um orgasmo a assaltou. Seu corpo retorceu contra sua boca voraz, como se ela
pudesse de alguma maneira escapar da intensidade do presente que ele deu a ela.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ele a segurou, acariciando-a até que um pouco da sanidade retornou. Sua respiração
terminou em gemidos roucos, enquanto lutava por um pensamento coerente.

Antes dela se recompor completamente ele se deitou sobre ela, sua expressão satisfeita
refletida em seus olhos. Ele posicionou seu pênis pulsante contra sua abertura, levando-a
novamente ao prazer enquanto deslizou devagar e delicadamente em suas dobras lisas.

— Eu esperei uma eternidade para fazer amor com você, Faith.

Suas palavras trouxeram lágrimas para seus olhos com a sinceridade delas, rasgando seu
coração. Ela levantou seus quadris e embrulhou suas pernas ao redor dele, sentindo a ponta
de seu pênis a penetrando, seu calor úmido dando as boas-vindas até que em uma
punhalada dura ele deslizou dentro dela completamente.

Não houve muita dor. Ela estava além de sentir qualquer coisa exceto a satisfação
abundante quando ele se retirou e entrou novamente.

Incapaz de palavras, ela tentou agarrá-lo, mas só pode ofegar com o prazer, tanto que
lágrimas molharam seu rosto. Ela esperou que ele entendesse a intensidade da experiência e
o que significava para ela. Essas não eram lágrimas de tristeza, mas de alegria e felicidade
que esse prazer existia. Que podia ser assim entre duas pessoas.

— É o céu na terra estar dentro de você. — Ele gemeu contra sua orelha.

Ela enroscou seus dedos por seu cabelo e o puxou mais perto. Seus olhos se
encontraram, suas bocas e línguas enroladas em selvagem abandono enquanto ele
continuamente aumentou suas estocadas.

Ela sentiu aquela tensão doce construir novamente quando afundou mais dentro dela,
seus golpes constantes e respiração acelerando, levando ela com ele em uma tempestade
selvagem de paixão. Ele se retirava e ela encontrava suas punhaladas com os quadris. As
mãos varriam por sua pele aquecida em uma carícia reverente, persuadindo a tempestade
furiosa dentro dela. O ritmo era rápido, mas ansiavam por mais velocidade. Quando ela
choramingou, sentindo a tempestade abordando, ele rugiu seu nome quando se derramou
dentro dela. Ela foi com ele alegremente, ambos, seu corpo e seu coração, para sempre uma
parte dele.

Ela era sua.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Depois de longos momentos Faith pode respirar normalmente. O suor deles misturando
enquanto permaneciam juntos. Ela não quis se separar dele.

Pela primeira vez em sua vida, ela pertencia a alguém.

Ela pertencia a Ryan. Talvez não para sempre, mas no momento ela era sua e ele era
dela. Só dela.

Ele varreu um cacho úmido de cabelo longe do seu rosto e sorriu para ela. — Você está
bem?

Ela movimentou a cabeça e acariciou suas costas. — Nunca estive melhor.

— Eu machuquei você?

— Nem um pouco.

Ele embalou seu rosto em suas mãos. — Eu preciso te perguntar uma coisa.

Ela movimentou a cabeça.

— Por que agora? Por que hoje à noite? Porque mudou de ideia?

— Você quer dizer sobre fazer amor?

Ele movimentou a cabeça e sorriu timidamente. — Eu tenho que admitir, eu tentei tudo
para conseguir você na minha cama. Joias, um novo guarda-roupa, a viagem para o Havaí. E
nada. Então, por que agora?

Ela devia ter ficado brava com ele, tentando comprar sua virgindade assim, mas ela não
ficou. Era uma artimanha que geralmente o via usando com determinados tipos de mulheres
que normalmente ele se associava. Ele podia comprar elas com isso para transar. Mas nunca
funcionaria nela.

— Foi o gatinho.

Seus olhos se alargaram em surpresa. — O gatinho? Sério?

Ela sorriu e correu o dedo pela sua mandíbula, amando o erótico raspar do restolho de
sua barba contra sua pele. — Você me trouxe o gatinho porque eu me senti mal e você quis
me deixar melhor. É isso que eu entendi.

— O gatinho?

— Sim.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Eu não te dei o gatinho para conseguir você na cama, Faith.

— Eu sei. Mas Ryan, o melhor presente é sempre o que vem do coração.

Seus olhos escureceram e ele se curvou para baixo, tocando a sua testa com a dele.
Então, ele pegou seus lábios em beijo tenro. Ela sentiu seu coração naquele beijo, o
sentimento profundo que ele era incapaz de verbalizar.

— Você me espanta, Faith. Todo o condenado dia você me espanta.

— Isto é uma coisa boa?

Ele movimentou a cabeça. — É uma coisa muito boa sim. Ele se afastou e arrastou seu
dedo por seu estômago e quadris. Ela estremeceu na perda do calor contra sua pele.

— Você está certo que eu não machuquei você?

— Pelo contrário, eu nunca me senti tão bem. Agora eu penso que não deveria ter
esperado tanto. Por que você não me disse que queria?

Ele rolou seus olhos e a agarrou pela cintura, conferindo ela. Ela gritou rindo e se
agarrou nele, descobrindo que ele era extremamente brincalhão. Ele saltou fora da cama e
foi para o banheiro.

Ela seguiu atrás dele, admirando o traseiro magnífico com uma nova visão de esposa. —
Bem, você é o perito aqui. Como eu saberia que seria tão fantástico?

Ele ligou o chuveiro e encostou-se ao Box, cobiçando ela. Ela devia ter se sentido um
pouco tímida, mas não. Ele já viu tudo de qualquer maneira, tocou nela em modos mais
íntimos que qualquer coisa que ela podia ter imaginado. A modéstia seria sem sentido aqui
agora.

— E se eu dissesse a você o que queria você teria acreditado?

Sua boca torceu em uma tentativa fútil para permanecer indiferente. — Provavelmente
não. Eu não achei que você realmente me desejava de qualquer maneira.

— Não desejava você? Eu quis você no minuto que a vi naquele vestido de noiva,
parecendo uma princesa. Assim que eu toquei em você, soube que eu tinha que tê-la.

Ele agarrou sua mão e a puxou no chuveiro enorme, virando-a de costas para ele assim
ele podia ensaboa-la. —Além disso, — ele continuou e a ensaboou de volta — você insistiu

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Nada Pessoal - Jaci Burton

em um período de carência, assim podia estar segura do meu charme incrível antes de
concordar em me dar virgindade.

Ela riu dele, metade do riso tirando sua língua. — Eu ainda estou esperando para ver
esse charme incrível seu.

Ele a puxou ao redor, deslizou suas mãos ensaboadas nela e apertou, puxando-a contra
ele. Seus olhos alargaram quando sentiu sua ereção crescente.

— Está aqui mesmo. — Ele disse com um sorriso rebelde.

Ela se afastou rindo e então se virou deslizando seus braços ao redor do pescoço dele,
se roçando contra seu comprimento endurecido. — Encantador. — ela respondeu quando
abriu sua boca para um beijo. — Incrivelmente encantador.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ele criou um monstro do sexo.

Ryan escorou sua cabeça exausta nos travesseiros e escutou Faith cantando no
chuveiro. A luz do sol se infiltrando pelas cortinas do quarto, prometendo um dia quente e
ensolarado.

Ele desejou poder ficar na cama o dia inteiro e recuperar o sono que ele perdeu nessas
semanas.

A mulher era insaciável, querendo ele todas as horas do dia e da noite. Escandalosa
também, seduzindo ele em seu escritório em pleno dia, com a maioria dos funcionários no
corredor abaixo.

Ele tentou resistir, ele realmente tentou, mas finalmente acabou desistindo, percebendo
que ele teria que estar pronto para satisfazer a luxúria que ele mesmo sofreu quando casou.

Nenhuma dúvida sobre isto, ele estava tendo o tempo de sua vida.

Ele sorriu quando escutou ela cantando, tão alegre como sempre era. Ela não estava
tendo qualquer sono também, mas não pareceu se importar.

A vida com Faith era cheia de surpresas e Ryan pensou que ele se enganou em varias
coisas. Ele conhecia bem as mulheres. Sabia como as seduzir, o que as deixava felizes, quais
palavras às desapontavam, quais os presentes para fazê-las irem sem nenhum transtorno.
Sim, ele sabia como suborná-las. Ele pensou que sabia tudo.

Errado. Ele não conheceu Faith.

O fato de ela fazer amor com ele porque ganhou o gatinho o tocou. Mas ele não disse
nada sobre isto. Ele foi ensinado desde cedo a nunca revelar suas emoções para ninguém.
Seu avô nunca tinha ficado confortável com qualquer tipo de explosão ou expressão de
afeto, sempre que Ryan reagiu emocionalmente ao seu avô, ele recebia uma advertência.
Emoções deixavam as pessoas vulneráveis.

E Ryan McKay nunca foi um homem vulnerável.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Então, ele apreciou o tempo que ele teve com Faith. Que não significou que ele tinha o
que dar a ela. Ele não podia oferecer nada para ela, não permitiria isto. A última coisa que
ele precisava era se apaixonar por sua esposa. Isso não estava no plano.

— Manhã, tigre. — Ela ronronou quando veio enrolada em uma toalha que mal a cobria.
Ela se abaixou e o beijou.

Ele admirou suas pernas. — Você falando comigo ou essa besta feroz tentando agarrar
sua toalha?

Ela desviou seus olhos para o gatinho que se pendurava numa ponta solta da toalha,
atacando isto com toda a ferocidade de um gato selvagem. Tiger até rosnou, mais como um
choramingo, mas para o gatinho era seguramente um rugido feroz.

Ela riu. — Você é meu tigrão, ele é o pequeno.

— Seu grande tigre está seco. Você está tentando me matar, assim poderá ficar com
todo meu dinheiro?

Ela deu a ele um olhar que o derreteu no colchão. O mesmo que cruzou seu rosto três
ou quatro vezes por dia. O que nunca falhou em excitá-lo. Ela o acariciou acima das cobertas,
uma vez mais despertando sua paixão. Com um suspiro ele rolou e caiu em cima dela.

— Pelo menos nós dois morreremos satisfeito. — Ela disse com um sorriso mau e
embrulhou sua mão ao redor do pênis endurecendo, ele soltou um grunhido baixo.

Oh, os sacrifícios que um faz para manter sua esposa feliz.

***

Eles iriam ter um encontro misterioso. E Faith não podia estar mais excitada, como se
tivesse dezessete anos de idade. Ryan disse a ela que a pegaria as oito e que vestisse roupa
confortável, casual.

E então, ele disse que ela o esperasse na frente, em vez do lado de dentro.

Qual era o plano deste homem?

Ela estava para descobrir quando viu os faróis surgindo na entrada.

Esse não era o seu carro. Era um grande SUV.

Ryan puxou na frente e pulou fora para abrir a porta do carro.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Boa noite, esposa. — Ele disse com um sorriso juvenil.

Entretanto, quando ele disse a palavra esposa havia um novo significado agora. Antes
parecia uma fraude. Depois de fazer amor com Ryan, parecia real.

— Noite, marido. — ela respondeu. — Onde nós estamos indo?

— É uma surpresa. Pule dentro.

Ela deslizou do lado de dentro, puxando o cinto de segurança do banco de couro. O


veículo tinha todo o tipo de mecanismo imaginável do lado de dentro. Se ele fosse um
pouquinho maior poderiam mora nele. — De quem é este Suv?

Ele encolheu os ombros. — Nosso. Eu comprei hoje. Gostou?

Ela pensou um pouco. — Sim, mas é enorme. — Ela encontrou o olhar divertido. — Você
comprou hoje? Por quê?

— Eu preciso dele para o nosso encontro de hoje à noite.

— Você precisava dele para... Você comprou um carro monstruoso só para o nosso
jantar?

— Uh... Huh.

Ela não podia sequer imaginar por que eles precisavam de uma casa em rodas. O que na
terra ele planejou para a noite?

Ele manteve a conversa enquanto dirigia para fora da cidade indo em direção a cidade
vizinha, pequena para os padrões de Las Vegas. Mais como uma comunidade, onde todas as
gentilezas da vida suburbana podiam ser achadas.

Tais como os velhos cinemas em telões.

Ela nunca teria imaginado. — Você está brincando.

— Não, eu não estou. Você já foi a um cine drive antes?

— Claro que já. — Ela mentiu.

— Quando?

— Uhh…

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Foi o que eu imaginei. — Ele puxou em um lugar mais no fundo, centralizando o


carro na frente da telona. Ele beijou sua bochecha. — Você sabe que eu amo ser o primeiro
das suas primeiras vezes.

Ela estremeceu quando a respiração raspou sua orelha. O calor em sua voz segurava
uma promessa que ela já tinha se acostumado e reconhecia.

Eles tiveram pipoca, refrigerantes e doces. Ele a fez sentir como uma adolescente em
seu primeiro encontro. O filme começou e ele segurou sua mão. Era um filme de romance,
sobre um casal obviamente errado um para o outro. Eles perderam oportunidades incríveis,
inclusive seus próprios corações teimosos, até que finalmente perceberam seu amor e não
puderam viver sem o outro.

Faith assistia concentrada, apreciando o momento romântico.

Até que de repente uma mão serpenteou em um seio e suavemente apertou.

— Ryan!

Ele riu. — Você não gostaria de uma ação no banco traseiro?

— Você não pode estar falando sério.

Ele se aproximou mais, correndo a mão por sua coxa, seu sorriso lascivo fazendo-a rir.

— Não seja assim, bebê. — Ele arreliou. — São só alguns beijos. Você sabe que eu te
respeitarei amanhã.

Como ela podia resistir a um convite assim? Seu charme ultrajante a emocionou. —
Tudo bem, certo, mas só se você prometer se comportar.

Ele às pressas rastejou para o espaçoso banco de trás e Faith se surpreendeu por se
encontrar de repente um pouco tímida. Como se ela realmente fosse uma adolescente na
agonia de seu primeiro romance.

Entretanto realidade evaporou quando a pegou em seus braços e abaixou a boca para
sua.

Ela suspirou e deixou se arrastar. Pelo romance, a excitação, o coração e a intensidade


do beijo. Ela não se importava mais com o filme. O herói e heroína confessaram seu amor
um ao outro e os tolos, eles já sabiam que não podiam viver um sem o outro.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ela agiu como sempre.

Ryan apertou suas costas sobre o banco de couro e deslizou em cima dela, sorrindo na
escuridão, seus olhos cintilando com antecipação. Seus pensamentos estavam
desordenados. E se alguém caminhasse perto? As janelas eram escuras ou alguém podia ver.
E se alguém ouvisse? O filme era alto suficiente para bloquear quaisquer sons de outros
veículos. E se…

Oh, o inferno com isto.

Ela rodeou suas pernas ao redor de suas costas e o puxou contra o calor dela,
umedecendo. Em necessidade desesperada, ela lutou com os botões da camisa com uma
mão, até que ele arrancou por cima da cabeça. Ela raspou as unhas nos cachos
encaracolados do seu peito, ligeiramente arranhando seus mamilos.

Ele chupou uma respiração e colidiu abaixo nela, esmagando-a com seu peso. Ele
balançou contra ela, o sentimento era erótico porque eles ainda estavam em parte vestidos,
quase como se eles estivessem fazendo algo que eles não deviam.

Realmente, eles estavam fazendo algo que não deviam. O que fez tudo mais
emocionante.

Suas mãos vagaram por seu corpo, acima de suas roupas, sacudindo seus mamilos com
as pontas dos dedos, então com um toque gentil, acariciando eles com as pontas do dedo.
Ela morreu em êxtase. O calor de suas mãos passando pelo sutiã e a pequena regata. Ele
seguiu seu toque com a boca, beijando e mordiscando seus seios. Sua língua quente
derretendo suas roupas, incendiando seus sentidos até que ela delirou.

— Ryan, por favor.

Ele se debruçou de volta e varreu seu olhar por cima dela, sua respiração tão quebrada
como a sua. — O que você quer Faith?

Ela agarrou o cós do seu calção. Nenhum zíper, graças. Ela puxou abaixo por seus
quadris e ele sorriu.

— Me quer?

—Sim. — ela respirou rápido. — Agora, Ryan. Agora.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ele atendeu sua exigência fervorosa e puxou sua bermuda abaixo, assim como a dele
estava.

Não existia tempo para se despirem completamente. Ela precisava, o queria, agora
mesmo.

Com um gemido selvagem ele mergulhou dentro dela, cobrindo seus gemidos com sua
boca. Sua língua combinando os movimentos, as sensações selvagens os quebrando na alma.
Ela apertou suas pernas ao redor dele e subia para encontrar cada estocada até que ambos
encharcaram de suor, correndo em direção à linha final, juntos.

Com um gemido amortecido ela enterrou o rosto em seu pescoço e gemeu seu nome na
intensidade furiosa do orgasmo, levando ele junto com ela em uma pressa fantástica de
prazer.

Seu suor encharcando os corpos agarrados um ao outro. Com Ryan imóvel em cima,
Faith foi incapaz de se mover.

À noite, o filme, o sexo, tudo foi perfeito. Ryan se tornou totalmente impossível de
predizer e não parava de surpreendê-la.

Ele lhe deu leves beijos contra sua sobrancelha e tocou sua boca suavemente. — Que
tal um cachorro quente? Eu estou morrendo de fome.

Ela riu, seu coração totalmente cativado pele homem que mudou seu mundo.

Ryan não tinha a mínima ideia de como o filme terminava. Nem onde eles conseguiriam
os cachorros quentes. Mas Faith exclamou com grande orgulho que eles agora tinham sexo
no banco de trás.

Eles voltaram para casa bem depois da meia-noite, ainda rindo das tentativas
desajeitadas para achar as roupas dispersas na parte de trás do SUV.

— Parece que a noite foi boa para os dois.

James permaneceu na entrada, encarando eles.

— Nós ficamos fora depois do toque de recolher? — Ryan estava com muito bom humor
para se irritar com seu primo. À noite com Faith foi melhor até do que ele podia ter
imaginado.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Dificilmente. — James disse tentando soar engraçado. — Eu mesmo acabei de entrar.


Então, onde foram hoje à noite?

— Nós fomos passear. — Faith disse.

James levantou uma sobrancelha. — Realmente? Onde?

Ela virou para Ryan e os dois quase caíram na risada.

— Assistir um filme, claro. — Ela respondeu, abafando suas risadinhas atrás de sua
mão.

— E que filme era?

Eles o passaram e engancharam os braços.

— Eu não lembro. — Ela disse e ondulou um boa-noite.

Ryan parou para assistir seu rebolado no quarto, lembrando como era sentir seu traseiro
em suas mãos, o modo que ela gemeu e rebolou audaciosamente e... Condenado se ele não
teve um grande tempo hoje à noite.

Ele queria fazê-la se divertir, porque ela merecia depois de tolerá-lo por tanto tempo. E
ela fez sua vida agradável pela primeira vez em… Bem, sempre.

Antes de Faith, a vida de Ryan não tinha sido nada sobre diversão. Viver com seu avô
não teve nenhum momento para risos e brincadeiras. A diversão era fechar um contrato ou
expandir as empresas, sem frivolidade.

Hoje à noite ele se divertiu e apreciou cada minuto disto. Mas o que ele também queria
era um encontro quente, apaixonado, com sua esposa, que deixou seu coração, sem
mencionar suas outras partes, tremendo. Quem teria imaginado que a tímida e afetada Faith
se transformaria em tal furacão?

Ryan reparou que James olhou fixamente para eles. Seu primo não pareceu nada feliz.

Ah, sim. O final perfeito para uma noite perfeita.

***

135
Nada Pessoal - Jaci Burton

Faith deixou o consultório do doutor e sentou em um banco fora do edifício. Ela


precisava de um minuto para conseguir funcionar normalmente novamente. Agora ela
estava muito entorpecia até mesmo para pensar em dirigir.

Ela estava grávida. De um mês já.

Como isto aconteceu tão rápido? Ryan disse a ela que ele era bastante fértil. Isso era
mais do que apenas virilidade julgando pelos cálculos ela ficou grávida na primeira noite que
eles fizeram amor ou imediatamente depois disso.

Ela rachou em um sorriso, seguido por uma risada enorme. Alguém caminhando por ali
poderia pensar que ela era louca, sentanda em um banco e rindo sozinha.

Quem se importa? Ela estava grávida! Ela e o homem que amava criaram uma vida. Ela
se lembraria deste momento para o resto de sua vida, do sentimento maravilhoso de alegria
que a inundou quando o doutor deu a ela a notícia. Oh, ela suspeitou disto por umas
semanas, mas não quis se pronunciar. Não até o doutor dar a sua palavra oficial.

Mas junto com a alegria veio á dúvida. O que sua gravidez faria com a relação com
Ryan? Ela lembrou muito bem das palavras de James, aquele dia na cozinha.

Você sabe que ele vai te largar assim que conseguir engravidá-la.

Ela não acreditou. Não acreditaria nele. Ela viu a mudança em Ryan durante esses meses
que passaram. Ele se divertia mais, sorria mais. Parecia feliz ao lado dela.

Faith estava começando a esperar que talvez este casamento pudesse se transformar
em algo mais. Não só um acordo de conveniência, mas um acordo entre dois corações.

Admitiu que para ela sempre fosse pessoal. Talvez se tornasse daquele modo para Ryan,
também. Ele nunca disse qualquer coisa que a fez acreditar que ele queria um casamento
permanente. Era mais o jeito que ele agiu ao redor ela. Ela esperou que sua intuição
estivesse certa.

Agora, ela decidiu que diria a ele sobre o bebê. Então, veria como ele sentia sobre isto.
Mas de alguma maneira, em sua alma, ela sabia que ele gostava dela, soube que ele não a
chutaria fora.

Ela dirigiu para casa cuidadosamente, tendo consciência da carga preciosa que levava.
Ela se apressou para casa, largou sua bolsa no chão e foi procurar por seu marido.

136
Nada Pessoal - Jaci Burton

Ele não estava em seu escritório, nem em seu quarto. Ela chocou-se com James quando
voltou na cozinha.

— Você viu o Ryan? — Ela perguntou.

Ele negou com a cabeça. — Não recentemente. Por quê?

— Eu estou procurando-o, porque preciso conversar sobre algo.

— Qualquer coisa que eu posso ajudar?

— Não. Não, obrigada. — Ela não tinha tempo para sentar ao redor e decifrar as
conversas de James. Ela queria conversar com Ryan.

— Eu acho que ele mencionou que iria estar no escritório hoje à noite. Algo sobre uma
reunião que estaria trabalhando até tarde.

— No escritório? Ele não disse nada sobre uma reunião. — Então, novamente, ela tem
estado tão distraída e nervosa sobre a consulta que pode não ter o ouvido.

— Talvez você devesse ir lá. — James sugeriu.

— Talvez eu vá. — Ela agradeceu a James e decidiu fazer uma visita surpresa a Ryan no
escritório, mais tarde. Então, ela o levaria para jantar e contaria a ele as novidades.

Ela sorriu nos degraus. Iria ser um dia memorável.

Já passava das oito quando Faith chegou ao escritório. Ela estacionou do lado de fora e o
guarda liberou sua entrada.

O escritório estava escuro quando ela entrou na porta principal. Ela seguiu pelo
vagamente iluminado dos escritórios executivos, a única área sem luz era o chão.

Ela andou nas pontas dos pés pelo escritório exterior onde sua mesa ficava. Ela ouviu
vozes e imediatamente se empurrou para trás desapontada que Ryan não tinha concluído
seus negócios ainda. Ela praticamente estava estourando com as notícias.

Não obstante, ela o esperaria ali fora. Ele iria fica tão feliz quando soubesse. Ela se
sentou em sua mesa e puxou alguns arquivos para trabalhar em enquanto esperava.

Levou alguns momentos, mas Faith finalmente prestou atenção na conversa


acontecendo do lado de dentro. Suas orelhas queimaram ao som de uma voz resolutamente
feminina.

137
Nada Pessoal - Jaci Burton

— Bem, quanto mais isso vai demorar?

Uma angústia quente a inundou. Ela reconheceria aquela voz lamentosa em qualquer
lugar. Era Erica Stanton, a ex-noiva de Ryan.

Faith não podia acreditar que Erica teve a audácia de aparecer depois do que fez para
Ryan. Pronta para defender seu marido, ela levantou da mesa e foi em direção à porta,
então parou e espiou da entrada. Ryan de costas para ela, com Erica pendurada ao redor do
seu pescoço, arrastando seus dedos por seu cabelo escuro.

— Você sabe como eu odeio esperar, amor. Este joguinho tem sido miserável desde o
começo. Agradeço aos céus que essa secretária apaixonada e idiota mordeu a isca, anzol e
linha. Nem acredito que teve que suportar transar com esta criatura lamentável! Eu mal
posso imaginar as misérias que você teve que sofrer.

O mundo de Faith afundou em um nebuloso vermelho com o choque das palavras


daquela mulher. Erica estava falando sobre ela! Ela segurou a alça da entrada como suporte,
tentando fazer a tontura passar.

Ryan se curvou acima da orelha de Erica e sussurrou algo. Ela não podia ouvir o que ele
disse, mas Erica gemeu tão alto que foi fácil compreender pelo menos um lado da conversa.

Ela esperou Ryan se afastar da mulher.

Ele não o fez. De fato, ele deslizou seus braços ao redor da cintura de Erica, puxando seu
corpo para mais perto dele.

Isto não era real. Não podia estar acontecendo.

— Eu sei amor. — Erica disse, seus lábios perfeitos fazendo um praticado beicinho. —
Mas pelo menos nós não estaremos assumindo a responsabilidades de um pirralho que
ambos não queremos. Assim que você conseguir a pequena rata grávida, você pede o
divórcio e nós ficamos juntos. Então, teremos tudo o que sonhamos, sem filhos
atrapalhando nossa vida e sem as restrições do testamento do seu avô.

Erica se arqueou nas pontas dos pés e enterrou seu rosto no pescoço de Ryan. Ele a
puxou mais apertado.

138
Nada Pessoal - Jaci Burton

Os joelhos de Faith perderam as forças e ela se encostou contra a parede da entrada


tentando suprimir as respirações rápidas. Ela se sentiu atordoada, desorientada e
totalmente doente.

Precisava sair de lá antes de eles a verem. Antes de dizer ou fazer algo para alertá-los de
sua presença.

Lutando com a bílis em sua garganta ela agarrou sua bolsa e tropeçou corredor abaixo.
Os elevadores pareciam que estavam a quilômetros de distância, apesar do fato dela estar
quase correndo.

Ela não podia respirar. A pressão em seu peito constringindo seus pulmões. As lágrimas
cegaram seu progresso visual para os elevadores e ela segurou na parede para se guiar.

Só mais alguns passos e estaria quase lá. Ela se forçou a fazer isto apesar da punhalada
de dor rasgando seu coração em pedaços.

A porta do elevador abriu e ela se apressou para o lado de dentro, furiosamente


enxugando as lágrimas e rezando para que nem Ryan ou Erica a vissem.

Levou uma eternidade para o elevador descer até o saguão de entrada. Ela mudou em
ambos os pés e olhou os andares mudando lentamente, tentando pensar. Ela não sabia qual
seria seu próximo movimento.

Como era possível se sentir assim e sobreviver? Miserável, só, um vazio a corroendo por
dentro. Sabendo que ela tinha sido usada, sabendo agora que ele nunca a amou ou até
mesmo gostou dela.

Finalmente, no saguão. Ela caminhou aparentando normalidade passando pelo guarda,


acenando em reconhecimento mais incapaz de olhá-lo. Ela deslizou no banco do seu carro e
se sentou lá, tentando controlar a respiração.

Ela tinha que se acalmar, ficar tranquila. Não seria nada bom dirigir nestas condições.

Afinal, ela tinha outra pessoinha para se preocupar.

O bebê. Correção, seu bebê. Ryan não queria esta criança, mas ela sim queria.

Como ela pode ter sido tão burra? Como ela pode deixar o amor cegar a sua realidade?

Se a situação inteira não fosse tão patética ela riria.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

A primeira coisa a fazer seria ir para casa. Não, ela se corrigiu. Não sua casa. Para a
mansão dos McKay.

Que nunca tinha sido sua casa. Ela teria que achar outra. Outra com espaço maior para
ela e sua criança.

140
Nada Pessoal - Jaci Burton

Ryan estava no quarto há mais de uma hora já. Ele estava cansado de esperar, de se
preocupar.

Onde estava Faith?

Ele voltou para casa do centro da cidade onde foi para se encontrar com um cliente em
potencial, só para descobrir que sua esposa tinha sumido. Nenhuma nota, nenhuma
mensagem.

Era mais de dez horas.

O pânico apareceu imediatamente.

Ele disse a si mesmo que estava sendo ridículo. Ela estava provavelmente fazendo
compras e estaria em casa logo. Mas normalmente ela ligava se fosse para outro lugar.

E ela não estava atendendo seu celular.

Não era típico de Faith sair sem avisar.

Ele se sentou na cama e forçou a si mesmo a pensar logicamente. Curvou sua cabeça
para massagear suas têmporas. Então, começou a rir.

Se alguém o visse assim jurariam que era outra pessoa, não o frio e prático Ryan McKay.

O Ryan McKay frio não se importava com ninguém. Ele se recusou a ficar envolvido,
nunca abriria seu coração. Ele era frio, insensível.

E cento e dez por cento apaixonado por sua esposa.

Ele deitou na cama e contemplou o teto.

Ele estava apaixonado. Pela Faith.

Tanto para não se envolver. Ele fez isto tão pessoal quanto pode conseguir. Ele abriu seu
coração e a deixou entrar.

E agora que a deixou entrar, ele a manteria lá.

Para sempre.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ele tinha uma leve suspeita que quando confessasse que a amava, ela retornaria as
palavras. Pela primeira vez, felizmente não sentiu que estava sendo forçado como pensou.

Talvez ele não fosse como seus pais. Talvez seu avô só não soubesse como expressar seu
amor. Isso não significava que Ryan seguiria seus passos. E Faith deu a ele algo que ele nunca
achou que teria antes, algo que agora almejava mais que tudo.

Amor. Amor incondicional.

Ele saltou da cama com som da porta da frente.

— Faith? — Ele gritou do topo dos degraus.

Nenhuma resposta, mas ele viu sua cabeça.

— Você está bem? Eu estava preocupado.

Pareceu que ele estava correto em se preocupar. Lágrimas secas manchavam seu rosto
e ela caminhou direto por ele, sem uma palavra.

Ele a seguiu para o quarto, seu coração acelerado. — O que aconteceu?

Nenhuma resposta. Ela nem se dignou a olhá-lo, indo para o closet. Ele se arrastou atrás
dela, imagens horríveis na sua cabeça dela batendo o carro ou estar com alguma dor. Ele
parou seu progresso no guarda-roupa agarrando suavemente seu braço. — Faith. Fale
comigo. O que aconteceu?

Ela o enfrentou e ele deu um passo para trás com a fúria em seus olhos azuis. Eles
escureceram como um céu em tempestade e embaixo disso uma tristeza que perfurou seu
coração.

— Não aconteceu nada, Ryan.

Sua voz era neutra. Nenhuma emoção. Essa não era a Faith que conhecia.

— Você está furiosa e claramente chateada. O que está errado? James disse algo para
você?

Ela pegou uma mala e jogou na cama. — Não, James não disse nada para mim.

— O que você está fazendo?

— Arrumando as malas.

— Porque você esta arrumando as malas?

142
Nada Pessoal - Jaci Burton

— Estou indo embora.

Seu coração parou. — Como assim está indo embora?

Dor cauterizou em seu rosto e ela agitou sua cabeça para ele. — Isto não está dando
certo.

Medo formou um caroço em seu estômago. — O que?

— Eu não posso mais ficar aqui, Ryan. Eu... Eu só não posso.

Ele a agarrou, mas ela o empurrou longe, atirando nele um olhar glacial. Ryan passou as
mãos por seu cabelo, nervoso. Seu comportamento não tinha nenhum sentido. — Pare com
isso e converse comigo.

Ela negou com a cabeça e continuou a embalar. — Não há nada para conversar. Eu
realmente tentei, mas eu não estou interessada em continuar fingindo.

— Fingindo? — Ele pressionou seu dedo acima de sua sobrancelha em uma tentativa
para apagar uma enxaqueca chegando. — Eu não entendo. Algo aconteceu para deixá-la tão
chateada. Diga-me o que é.

Ela encolheu os ombros como se não se importasse. Mais ele a conhecia.

— Eu só não quero ficar mais aqui. Eu estou cansada, Ryan. Cansada de fingir ser alguém
que não sou. — Ela lançou algumas coisas adicionais em sua mala e a fechou. O estalo do
fecho ecoando como a fatalidade de uma porta de prisão fechando.

Ela levantou a mala, com apenas alguns artigos de roupa e voltou ao quarto.

— Eu volto para pegar Tiger assim que encontrar algum lugar bom para ele. Por favor,
peça a Margaret para cuidar dele até que eu venha.

Isto era ridículo. Ele a agarrou suavemente para não a machucar, mas com um aperto
firme apesar do olhar o queimando. — Eu não estou deixando você sair. Não sem uma
explicação.

Ela abriu a boca como se fosse dizer algo, então a fechou.

— Faith, diga o que fiz de errado.

— Solte-me.

143
Nada Pessoal - Jaci Burton

Ele a soltou. Ela endireitou a blusa e respirou fundo. — Você quer uma explicação? Aqui
vai a única que conseguirá de mim. Eu sou uma pessoa, Ryan. Com um coração, não alguém
que você pode brincar, usar e depois me descartar quando eu servi aos seus propósitos. Eu
posso não ser linda e maravilhosa, e talvez eu tenha deixado os sermões da minha mãe
influenciarem minha vida por muitos anos, mas eu mereço ser amada. E eu não mereço isto.

— Merece o que? — Ele ouviu sua voz se alterando, mas não pode se conter. Ele estava
ficando mais frustrado e furioso a cada minuto. Ele se culpava de muitas coisas no passado,
coisas que ele não queria pensar agora. Ele machucou pessoas sem pensar. Mas Faith, ele
nunca fez nada para fazê-la se sentir assim. Mas, ainda assim, o modo que ela olhou para
ele, seus olhos tão cheios de dor e angústia, o fez parecer culpado.

— Não finja que não sabe do que estou falando, Ryan. Está me insultando. E eu não vou
me dignar a mencionar isto.

Ele suspirou e passou a mão por seu cabelo. — Faith. Eu não tenho a mínima ideia do
por que você está tão chateada. E o que você está pensando que eu fiz para você? Se você
parar por um minuto e conversar comigo nós podemos resolver isto.

Por um segundo ela pareceu considerar. Então, rapidamente seus olhos endureceram e
ela levantou a mala. — Eu sinto muito, Ryan. Desculpe pelo transtorno que isto trará para
você, mas eu não posso mais ficar aqui.

Ela realmente ia deixá-lo. Ele foi condenado por qualquer crime que seja que ela pensou
que ele cometeu. E ela nem mesmo deu a ele uma oportunidade para se defender.

De repente algo lhe ocorreu. Ele sabia o que era.

As roupas novas, o cabelo, maquiagem, a atitude confiante. Aquelas coisas a mudaram.


Agora que ela percebeu que tinha algo para oferecer, também descobriu que não precisava
mais dele.

Ela não se importava com ele. Ela quis cair fora.

Era simples, e oh, tão claro.

Ele a seguiu escada abaixo e a parou. — Eu sei o que está acontecendo aqui.

Ela se virou. — É mesmo?

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ele se recusou a comprar o olhar triste em seus olhos. Era uma artimanha e uma que ele
viu incontáveis vezes no passado. Francamente, ele se surpreendeu por vê-la tão fria e
calculista, entretanto, ele estava acostumado, todos que algum dia ele se importou, no final,
o trataram assim, não é mesmo?

— Sim. É óbvio. Você se transformou numa linda borboleta que de repente descobriu
que quer voar. Exibir suas belas asas e voar para longe, conhecer o mundo lá fora e ver se
existe algo melhor do que tem aqui.

Suas palavras o cortaram. — Isto é besteira!

— É? Então explique por que você de repente decidiu partir, quando teria feito qualquer
coisa que eu pedisse... Antes de você...

Ela terminou para ele. — Antes de você me transformar?

— Sim. — Não era verdade o que ele disse, mas se ela achasse, melhor.

— Isto é um absurdo, Ryan. Obviamente, é a sua tentativa patética para remover


qualquer culpa de seus próprios ombros e jogar no meu. Sim, você planejou tudo tão bem
não foi? Exceto que dessa vez você não vai ganhar. Eu não estou continuando com essa
farsa.

Ela levantou a mala e abriu a porta da frente.

— Vá em frente, Faith. Corra. Corra para seu novo amante ou a nova vida, ou qualquer
coisa que exista lá fora. Duvido que você encontre algo melhor do que tem aqui.

Mas ela não o ouviu porque a porta bateu antes dele poder terminar.

O silêncio era ensurdecedor. Ele permaneceu na sala, a escuridão, o vazio penetrando o


ar ao redor dele.

Certo, ela se foi. Melhor. Ele devia ter preservado o seu coração.

De repente, ele era aquele garotinho novamente que escutava seu pai reclamando que
era muito ocupado para dar atenção a ele. Seu pai se foi. Sua mãe se foi. E seu avô não
serviu de nada para aquela criança emocionalmente carente.

Então, ele aprendeu a não se apegar a ninguém. O amor machucava seu coração e sua
alma sangrava. Dói quando você ama alguém. Porque eles nunca amam você de volta.

145
Nada Pessoal - Jaci Burton

Ryan cometeu um engano fatal. Ele se apaixonou por Faith e deu o poder para ela o
machucar.

Ele enterraria essa dor novamente. Ele conseguiu fazer isto antes.

***

Ela não podia ficar quieta. O quarto de hotel era como uma caixa minúscula, a
encarcerando. Ela queria ir para casa.

Mas onde era sua casa? Ela não tinha uma mais.

Como ela pode ter estado tão cega? Como ela permitiu que Ryan rastejasse em seu
coração, só porque ele a tocava com desejo? Ela não devia ter ficado surpreendida com isto.

A voz da sua mãe tocou em suas orelhas, aquelas tortuosas conversas que ouviu
repetidas vezes. Os homens machucavam. Ela era pálida e comum demais para algum
homem se interessar.

Por algum tempo ela não acreditou nisto. Mas sua mãe estava certa.

Como Ryan e Erica riram às custas dela nos últimos meses. Ela era tão ingênua. Quando
ela aprenderia?

E desde que ela partiu, nem uma palavra dele. Tinham se passado vários dias e nem uma
única palavra. Ela realmente esperou que ele fosse atrás dela? Provavelmente estava louco
de contente que ela se foi.

Claro, ela não foi para o escritório. Ela tinha que achar outro trabalho agora. De jeito
nenhum ela podia continuar trabalhando para ele, não depois de tudo o que aconteceu.

E então, existia o bebê.

A única luz brilhando nestes dias escuros.

As torres gêmeas do Hotel Chalé brilharam de sua janela do hotel. Ela se perguntou
como Ryan agiria se soubesse que ela se instalou em um dos seus concorrentes.

Ela não pediu um apartamento, embora ela possuísse uma conta considerável como
esposa do Ryan. Ela não iria tocar em seu maldito dinheiro.

Assim que ela se recuperasse, acharia um novo trabalho e um novo lugar para morar,
ela nunca usaria uma mísera moeda de dez centavos do dinheiro dos McKay.

146
Nada Pessoal - Jaci Burton

Eles iriam se divorciar e ela não receberia nada. Afinal, ela partiu antes que as condições
do contrato fossem cumpridas. Isso significava que ela sairia de mãos vazias.

Claro, ela podia contar a ele sobre o bebê. Então, manteriam a parceria e ela seria
intitulada novamente no contrato. Mas ela teria que viver com ele, dormir com ele, pelo
resto do ano. Nenhum modo dela fazer isto. Seu coração não suportaria.

Além disso, isso significaria que ele ganhou. E então, Erica também. E eles gastariam o
resto de suas vidas rindo de sua estupidez.

Ela seria maldita se os deixasse ganhar. Ele que perca a empresa McKay. Ela era o seu
grande amor de qualquer maneira. Deixe-o sentir um pouco da dor que ela estava sentindo
por agora, saber como era perder algo que amava.

Apesar de perder o controle majoritário da companhia, ele ainda estaria rico. Ele podia
começar algo novo. Ela empurrou de lado a culpa invadindo suas entranhas. Ela não se
sentiria culpada. Não era culpa dela.

E enquanto isso, ela procuraria por outro trabalho. Em uma empresa que não se
importaria dela tomando a licença maternidade. Ela e a criança estariam bem.

Seu coração curaria. Eventualmente.

Um golpe na porta interrompeu a sessão de auto piedade. Ela abriu e sua mandíbula
caiu quando deu de cara com Leland parado lá. Como diabos ele a achou?

Margaret, claro. Ela era a única que sabia onde Faith estava.

— Margaret disse que eu estava aqui.

Ele movimentou a cabeça quando ela abriu a porta e o levou para a pequena sala. —
Sim.

Ela indicou o sofá para ele. — O que eu posso fazer por você, Leland?

— Volte para casa, Senhora.

Ela agitou a cabeça. — Eu não posso. Meu casamento com Ryan está acabado.

— Eu sei que você pensa que acabou, mas eu devo dizer que você está errada.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Não, você não sabe o que aconteceu, embora eu aprecie você vindo até aqui. Pode
voltar para Ryan e dizer a ele que eu não estou voltando e eu sinto muito que ele vai perder
a empresa.

— Ele não se importa com a empresa, Sra. McKay. Ele já está agendando uma reunião
ao meio-dia de hoje para anunciar o fim do casamento.

Ela franziu a testa. — Eu pensei que ele esperaria até a diretoria se reunir para verificar
as condições do nosso casamento. Por que a pressa?

— Ele está muito infeliz, Senhora.

Certo. Ele estava provavelmente infeliz sobre perder a companhia, não sobre perder
Faith.

— Sua felicidade não é mais meu problema, Leland. — Ela virou a cabeça para a janela,
batendo longe o cabelo caindo na frente do seu rosto.

— Ele a ama.

Ela olhou ao redor desesperada precisando refutar a declaração de Leland. — Isto não é
verdade!

Leland permaneceu impassível por sua negação apaixonada. — Ele a ama.

Lágrimas ameaçaram, mas Faith se recusou a amolecer. — Ele é um bom ator, Leland.
Ele até conseguiu me enganar.

— Você não entende, Senhora. Eu sei por que você partiu. Se você me deixar explicar...

— Explicar o que? Explicar o quanto Ryan está chateado com o pensamento de perder
sua preciosa companhia? — Ela cruzou seus braços, tentando segurar a dor miserável
ameaçando despejar fora. — Quanto ele está pagando a você para vir aqui e implorar?

Leland endureceu. — Isto é um insulto.

Ela encolheu os ombros e acenou com a mão. — Só diga a ele que não funcionou,
Leland. Eu não estou interessado em ouvir nada. — Quanto mais ela podia resistir? Ela já se
castigou o suficiente por sua estupidez. Quando essa tortura terminaria?

— Me desculpe senhora, mas você vai escutar sim!

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ela se virou surpresa, nunca ouviu Leland levantar a voz antes. Ele estava parado no
meio do quarto, rígido e com as sobrancelhas enrugadas, raiva cruzou em seu rosto
normalmente sereno.

— Eu escutei James esta manhã. — Ele disse.

— Então?

— Ele estava falando com a Senhorita Stanton no telefone. Normalmente eu não espio,
seria impróprio, mas eu pausei quando ouvi a discussão.

Apesar de querer fechar suas orelhas e seu coração para a explicação, algo sobre sua
declaração tremulou ao longo das extremidades de sua memória. — Continue.

— Ele estava rindo. De você. Ele estava conversando com a Senhorita Stanton sobre
como eles enganaram você quando a levaram a confundir James com o Senhor Ryan. James
disse que o plano funcionou perfeitamente, na noite que você saiu.

Não. Não foi como aconteceu. Ela não acreditaria nisto. Ela viu Ryan naquela noite. Ela o
ouviu, viu ele com seus próprios olhos.

Ou não?

— Eu fui para o escritório na semana passada para surpreender Ryan. — ela explicou. —
Eu o encontrei com Erica, os dois abraçados. Rindo da minha ingenuidade.

Olhos marrons de Leland suavizaram. — Você viu o rosto do Senhor Ryan?

Ela pensou. Ryan estava de costas para ela o tempo inteiro. — Não, só suas costas.

— E ele falou alguma coisa?

— Sim, mas agora pensando sobre isto, eu só o ouvi sussurrar algo na orelha de Erica.

De repente o quarto girou de modo selvagem. Faith agarrou o sofá para se segurar e
agarrou a mão de Leland. — Oh, não. Oh, Leland. Eles me enganaram?

Sua expressão suavizou quando ele a persuadiu para uma cadeira. — Parece que sim.

Choque, dor, culpa se misturavam com a raiva dentro dela. Como ela pode fazer isto
para Ryan? Como ela pode fazer isto com eles?

Como James e Erica podiam ter feito isto? Aqueles malditos!

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ela enterrou o rosto em suas mãos, incapaz de acreditar no que permitiu acontecer. Sua
falta de convicção nela mesma destruiu tudo. Ela não conteve as lágrimas e finalmente
quebrou. Leland a juntou em seus braços e a segurou contra ele quando despejou fora todo
o seu pesar.

Quando ela não parou, ele deu um lenço. Ela riu.

— Parece que você está sempre perto quando desmorono.

Ele movimentou a cabeça, sua voz suave e paterna. — Eu não me importo, realmente.
Margaret e eu nunca tivemos filhos e o senhor Ryan foi o mais próximo disso que já tivemos.
Mas ele nunca permitiu que alguém se aproximasse.

Ela olhou para ele, a realização a batendo assim que as palavras saíram de sua boca.

— Até você. — Ele disse com um sorriso.

Oh, não. O que ela fez? — Leland, eu cometi um engano terrível. Eu machuquei Ryan
profundamente.

— Não, Senhora, o erro foi cometido pelo James e a Senhorita Stanton. Eles a
manipularam e ao Sr. McKay. E agora os dois estão em conflito e ele está preparado para
desistir da Corporação McKay.

A raiva e desespero a encheram. Ela causou um dano irreparável e tudo porque ela
acreditou que Ryan não podia realmente a amar. E maldição se James não soube disso,
também.

— Leland, o quão mal está Ryan?

Ele agitou a cabeça. — Sr. McKay não está nada bem. Ele sofre, só trabalha e não fala
com ninguém. É bastante óbvio que ele não dorme ou come desde que você partiu. Ele está
tentando demonstrar indiferença, mas está machucado.

A dor era quase insuportável. Ela quis correr para Ryan, lançar seus braços ao redor dele
e implorar seu perdão. Então ela queria dizer o quanto o amava, o quanto o adorava. E
contar sobre o bebê.

O bebê!

Ela olhou para o relógio. — Que horas é a reunião da diretoria?

150
Nada Pessoal - Jaci Burton

— Meio-dia. Por quê?

— Eu tenho que me apressar.

— O que você vai fazer, Senhora?

Ela devia ter acreditado em Ryan, em vez de deixar as palavras de sua mãe envenenar
sua consciência. Ela deixou suas próprias inseguranças decidirem seu futuro. Agora ela
perdeu sua chance no amor.

Mas ela ainda podia fazer o certo por Ryan, pelo menos profissionalmente. Faith
agarrou as mãos de Leland. — Eu preciso salvar a companhia para Ryan! Ajude-me, Leland,
nós temos que fazer isto na hora certa!

151
Nada Pessoal - Jaci Burton

Ryan estava na frente da Diretoria, uma sensação de fatalidade escurecendo ainda mais
seu humor. Esta seria a última vez que ele ficaria perante eles como CEO. Menos de uma
semana atrás tudo mudou. Inferno, menos de uma semana atrás ele não se importava em
nada sobre a companhia. Tudo o que importava era Faith e a ceteza que ele a amava.

Agora tudo que ele se importava se foi.

Não havia razão para atrasar o inevitável. Faith o deixou antes de completar um ano,
antes de ela engravidar, antes deles construírem uma vida juntos. Uma vida real. As
condições não foram cumpridas.

James ganhou.

E James soube disto também, julgando pelo sorriso arrogante em seu rosto. Matou Ryan
entregar esta companhia para James, sabendo que seu primo não tinha nenhuma intenção
de manter isto rentável. Ele provavelmente poria no mercado dentro de uma semana,
vendendo a para quem pagasse o preço mais alto.

Doeu mais do que Ryan ousou admitir. Não a perda do seu trabalho, ele realmente não
se importava com isto. Mas a perda da empresa McKay, a companhia que seu avô construiu
do nada. Ryan tinha grandes planos para melhorias no futuro.

Agora tudo estava perdido.

Alguns meses atrás, o pensamento de perder o controle da companhia o teria


devastado. Agora, tudo o que podia pensar era sobre Faith.

— Nós iremos começar logo? — Lincoln Simmons, um dos diretores, olhou para seu
relógio. — Já passou do horário e eu tenho outra reunião.

Ryan respirou fundo. Ele esteve na frente destas reuniões milhares de vezes e nunca
ficou nervoso. Hoje, sua pulsação acelerou, seu intestino parecia que tinha engolido uma
bola e sua cabeça pulsava.

Pelo que estava esperando? Um milagre? Um anjo que desceria faria tudo melhorar?

152
Nada Pessoal - Jaci Burton

Não iria acontecer. Ryan não acreditava em milagres.

— Sim, vamos começar. — Ele tossiu para limpar sua garganta, tomou um gole da água,
e começou. — Como vocês todos sabem, Quentin McKay deixou em testamento condições
específicas relacionadas à minha competência em assegurar minha posição como CEO e
dono da maioria das ações da Corporação McKay.

— Sim, sim, nós sabemos de tudo. Vá direto ao ponto.

Todos os olhos focaram em James. Ele não era bem quisto por nenhum dos membros da
diretoria. Pelo menos Ryan podia ter alguma satisfação nisto. Eles olharam fixamente,
censurando sua explosão imprópria.

James olhou para a mesa e se contorceu em sua cadeira.

— Continue Ryan. — Stan disse e seus olhos estavam cheios de compaixão.

— Eu casei com Faith Lewis há três meses, com o objetivo de cumprir minhas obrigações
relacionadas à vontade do meu avô. As estipulações impostas eram que nós deveríamos
permanecer casados e dentro de um ano produzir um filho.

— Você está declarando o óbvio. — James interrompeu. — Todos nós sabemos o que foi
exigido. Termine com isto.

Ryan ferveu com raiva que ele não pudesse socar seu primo. Oh, mas ele realmente
gostaria disso. Ao invés, pelos poucos minutos restantes que ele tinha no controle da
companhia, ele o faria sofrer.

— Se você não se recorda James, eu ainda sou o CEO desta companhia e o maior
acionista. Ou segure seus comentários até que eu termine ou eu terei você removido da
sala.

James abriu sua boca para falar, então olhou nos rostos hostis à mesa. Ryan reprimiu
um sorriso. Aparentemente James não era tão estúpido como ele pensou. Ele manteve sua
boca fechada e atirou um olhar maldoso em Ryan.

Não que importasse. Em meros minutos seria Ryan saindo por aquela porta e James,
Deus ajudasse a eles, assumiria o comando.

Ryan tragou. — Eu tenho um anúncio para fazer. É necessário que todos estejam cientes
que...

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Que as condições exigidas foram cumpridas conforme o testamento. — Faith disse


alto suficiente para todos na sala ouvirem. Todas as cabeças viraram em sua direção.

A entrada dramática de Faith pelas portas duplas chocou a todos, especialmente Ryan,
que olhava fixamente estupefato para ela. Ela parou assim que entrou, respirando com
dificuldade, como se tivesse corrido a distância dos vinte andares até a Torre McKay.

O coração de Ryan batia loucamente. Ele não soube se era de prazer em vê-la ou raiva.

Que diabos ela estava fazendo aqui? E por que agora? Ela veio para se regozijar por seu
fracasso?

Ela cautelosamente o abordou na frente da sala e se aproximou de Ryan, sorrindo como


se eles não tivessem terminado sua relação. O que estava pretendendo?

O próximo choque para o seu sistema veio quando ela deslizou sua mão dentro da dele
e apertou.

— Por favor, confie em mim. — ela sussurrou em sua orelha. — Eu sinto muito,
explicarei em um minuto.

Ryan se abaixou e olhou atentamente em seu rosto, procurando por alguma explicação.
Suas bochechas coradas e olhos vítreos com excitação e qualquer outra coisa. Espere?

Ela pediu para confiar nela. Como ele podia? Ele colocou seu coração em suas mãos e
olhem o que ela fez.

Seus olhos permanecem bloqueados por mais alguns segundos. E Faith nunca desviou o
olhar, apesar do olhar fixo penetrante de Ryan.

Não importava, de qualquer maneira. Nada que ela dissesse mudaria as coisas. Ele saiu
do pódio e deixou Faith ter o microfone.

— Minhas desculpas pela correia desta tarde. — ela disse. — Eu tive um compromisso
importante esta manhã e vocês sabem como são os médicos. Eles nunca atendem na hora
marcada.

O que ela planejava? Seus olhos azuis faiscavam com alegria e existia um brilho em seu
rosto que ele viu muitas vezes, normalmente logo depois deles fazerem amor.

— Você quer dizer a eles, meu amor ou digo eu? — Ela perguntou.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Dizer para quem o que? Ela completamente o perdeu agora. — Uhh, vá em frente. Você
diz a eles.

— Com muito prazer. — Ela se virou para a diretoria com um sorriso intenso de orelha a
orelha. — Eu estou mais que feliz em anunciar que Ryan e eu estamos esperando um filho.

Seu coração saltou uma batida antes de esmurrar seu peito. Que diabos? Ela estava
louca? Ryan a puxou de lado enquanto os membros da diretoria aplaudiam e gritavam
parabéns. — Que diabos você pensa que está fazendo? — Ele silvou.

Ela aparentava total confusão e inocência em seu rosto. — Eu estou comunicando a


diretoria como você falou que eu podia.

— Você não pode mentir para eles, Faith. Eles saberão. Eu estava planejando dizer a eles
sobre o nosso rompimento. Por que você está aqui?

— Por favor, Ryan, se você já teve qualquer confiança em mim antes, então me dê uma
chance. Eu explicarei tudo assim que nós acabarmos aqui.

— Por que eu deveria confiar...

— Isto é mentira! — James bateu na mesa de conferência, o som ecoando na enorme


sala.

Uma vez mais, James silenciou a todos com sua explosão. Ele permaneceu em pé, mãos
em punhos, seu rosto avermelhando.

Com assombrosa tranquilidade, Faith colocou a mão em seu quadril e levantou suas
sobrancelhas. — Realmente, James. E o que faz você achar que isto é mentira?

— Porque eu sei que você dois não estão mais juntos!

— Para mim nós estamos juntos, você não concorda Ryan?

Ela olhou para ele com tal amor que isto o atordoou. Amor que ele sabia que ela não
sentia, era pena provavelmente. Era tudo uma farsa. Não era?

Mas ela pediu a ele para confiar. Não é? Ele nunca pode confiar em ninguém antes dela.
E ela o deixou. Como todos que ele amou.

Ele podia dar outra chance?

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Oh, o inferno com isto. — ele murmurou e deslizou seu braço ao redor de Faith. Ele
lamentaria isto mais tarde, mas no momento ele tocaria o jogo. — Sim, nós estamos
obviamente juntos. E eu estou contente que não tive que fazer o anúncio sem a presença de
Faith.

— E se existem quaisquer preocupações sobre a veracidade da minha gravidez, eu terei


muito prazer em fornecer o nome e o telefone do meu obstetra para verificação.

— Mas, mas… — James estalou.

— James, — Faith disse casualmente. — Você realmente quer que eu conte sobre suas
indiscrições a Ryan e seus diretores, não é?

— O que? Que indiscrições? — Ryan perguntou, tentando pensar além dos sussurros
excitados dos membros da diretoria.

— Seu primo decidiu tentar me trapacear um pouco. — ela disse, atirando dardos em
James. — Eu o encontrei, devo dizer, se esfregando promiscuamente em Erica Stanton. Em
seu escritório.

O quarto silenciou, todos os olhos focados em Faith.

— Com Erica? Quando? — Ryan atirou um olhar rápido em direção a James. Seu rosto
estava avermelhando e ele estava lambendo seus lábios como um animal encurralado. Algo
começou a ferver dentro de Ryan. Os pedaços do quebra-cabeça estavam começando a se
encaixar.

— Alguns dias atrás. Eu vim ao escritório para surpreendê-lo uma noite e eu pensei que
era você. James estava em seu escritório Ryan, com ela. — Faith disse, acentuando o ela com
uma antipatia resolutamente feminina.

Ryan não podia acreditar nisto. Entretanto, ele podia acreditar em qualquer coisa vinda
do James. Mas Faith. O que ela pensou quando viu James fingindo ser ele? Claro. É por isso
que ela o deixou!

— Não é verdade! — James disse seu rosto contorcido com ira e frustração.

Stan Fredericks se pronunciou. — Você sabe a penalidade por tentar manipular o


resultado do casamento, não é, James?

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Ryan esqueceu aquele pequeno detalhe do testamento de Quentin McKay. Qualquer


um que tentasse manipular ou prejudicar Ryan como CEO e fosse descoberto, perderia sua
posição de sócio.

— Ela não pode provar. — James zombou.

— Oh, não? — Os olhos de Faith cintilaram. — Sabe, estou surpresa, eu pensei que Erica
Stanton fosse mais inteligente. Ultimamente ela tem andado numa escassez financeira e
aparentemente ela adora uma fofoca. Erica estará muito disposta em confirmar minha
acusação.

Ryan teve que admitir, ficou surpreso com a firmeza de Faith. Ela olhou fixamente para
James e eles se encararam como dois cachorros famintos disputando o mesmo osso. Quem
teria pensado que o gatinho tímido se transformaria nessa tigresa selvagem?

James baixou a cabeça e respirou fundo, mas não disse uma palavra.

— Existe algo que você gostaria de adicionar, James? — Ryan perguntou, todas as
tentativas de cortesia suspensas.

James parecia uma beterraba gigante prestes a estourar. Ryan quis rir dele, mas se
conteve. Sem outra palavra, James empurrou sua cadeira para trás e saiu da sala.

Estava terminado. Ryan exalou um suspiro de alívio. — Se não existe mais perguntas ou
comentários nós adiaremos a reunião e nos veremos no próximo mês. Obrigado a todos por
vir.

Ryan teve que esperar pelos parabéns dos membros da diretoria antes de poder
conseguir Faith só para ele. Depois que todo mundo saiu eles permaneceram.

— Agora, por favor, me diga que diabo está fazendo? Por que você mentiu para a
diretoria assim?

— Eu não menti.

— Sim, você fez. Você mentiu quando disse que estávamos ainda juntos e que você
estava grávida.

O rosto de Faith ruborizou. Não era assim que ela planejou dizer a ele, entretanto
novamente nada foi como planejou na última semana. E a maior parte tinha sido sua culpa.

Não, tinha sido culpa do James.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Eu acho que você terá que decidir a parte sobre nós, mas a parte da gravidez é
verdade. Eu vou ter seu filho, Ryan.

— O que?

O choque em seu rosto era inestimável. Outra memória para guardar e recordar
ternamente quando ela ficar mais velha. — Você me ouviu.

— Você realmente está grávida?

Ela não podia tirar o sorriso do rosto. — Sim, eu realmente estou grávida.

Ele pareceu distraído, seus pensamentos a milhas de distância. — Quando você


descobriu?

— Desde a noite que eu fui ao seu escritório e achei que era você com Erica. Na noite
que eu fui embora.

Ele correu os dedos por seu cabelo. — É isso que eu não entendi como aconteceu. Eu
não posso acreditar que James fez isto.

Ela movimentou a cabeça. — Eu fui ao médico aquele dia, porque eu não me senti bem,
meu período estava atrasado e já desconfiava de uma gravidez, mas quis fazer um teste de
sangue para estar absolutamente certa. Quando eu descobri, voltei para casa procurando
por você, mas James disse que você estaria no escritório até tarde.

— Eu estava no centro da cidade com um cliente, mais fui para casa cedo.

— Eu sei disto agora. Eu não sabia quando caminhei no escritório e achei Erica agarrada
no pescoço de alguém, que na hora eu pensei que era você.

Ele olhou fixamente abismado. — James e eu somos parecidos, especialmente de


costas.

— Sim. Eu acabei assumindo que era você. Estupidez minha, eu sei. E Erica falou sobre
como vocês dois me enganaram, como você iria me abandonar assim que eu engravidasse e,
então, você voltaria com ela sem ter que criar um pirralho.

— Eu vou mata-los. — Ele disse por entredentes.

Ela tocou em seu braço. — Não, você não vai. Você já ganhou de James. Ele nunca terá a
companhia agora e ele sabe disto.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Aquele bastardo. — Seu rosto se contorceu com raiva. Faith tocou em seu ombro e
ele vacilou se virando para ela.

— Você achou que eu a trairia com Erica.

Ela concordou com a cabeça. — Eu… Eu não sabia o que pensar.

— Por que você não disse a mim? Confrontou-me em vez de se demitir e partir? Por que
não teve um pouco de confiança em mim?

O pânico se rebelou em sua garganta. — Eu… Eu não achei que você me queria.

— Por que inferno você pensaria isto? — Ele empurrou os dedos por seu cabelo. —
Maldição, Faith, você não podia me ler? Você não podia ver como eu me sentia sobre você?
Como você podia ter me deixado sem explicação?

Ela caiu na cadeira mais próxima e apertou as mãos juntas. Como ela podia explicar para
ele que nunca na vida imaginou que a desejaria? Que era mais fácil acreditar que ele
preferiu correr de volta para Erica a construir uma vida com ela? Aquela noite, ela quase
confessou que o viu com Erica. Mas toda vida deu ouvidos as lamentações de sua mãe em
sua cabeça, tendo que enfrentar seus olhares desaprovadores… Não, ela não podia
enfrentar o homem que ela amava. Então, tomou a saída mais covarde e acabou indo
embora, cometendo o maior engano de sua vida.

— Entendi. — Ele disse, empurrando documentos em sua pasta.

— Ryan, por favor. Deixe-me explicar.

Ele olhou para ela, seus olhos frios e distantes. — Como você me deixou explicar na
noite que você partiu? Você fez sua parte, Faith. Você ficou grávida. Obrigado por vir me
salvar aqui, mas eu penso que nós já dissemos tudo. É claro que você nunca confiará em
mim e você não tem o que eu preciso. Eu não viverei assim.

Ele se virou e saiu da sala. O corpo de Faith pesou como cimento, deixando-a incapaz de
um movimento, de segui-lo.

Ela o machucou. Aquela coisa que precisava era sua confiança e lealdade para ele. E
então, quando ele precisou disto ela o desapontou. Ela não acreditou nele. Ela podia culpá-lo
por não acreditar nela agora?

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Nada Pessoal - Jaci Burton

Não importa. Nada importava mais. Ela fez a Corporação McKay prosseguir intacta, mas
não pode ganhar de volta o homem que ela amava.

***

Ryan bateu a porta da frente e lançou sua pasta na mesa. Ele entrou em seu escritório e
fechou a porta, indo diretamente para o bar conseguir uma bebida.

Abaixando dois tiros rápidos, ele deu boas-vindas a queimadura em peito. Qualquer
coisa para matar a dor.

Um golpe suave soou na porta.

— Vá embora! — Ele berrou.

— Sr. Ryan, eu posso entrar?

— Não agora, Leland. O que for pode esperar. — Ryan livrou-se de sua jaqueta e
deslizou abaixo sobre o sofá de couro, caindo para trás e fechando seus olhos.

Era de uma dose que ele precisava. Mascarava a dor, o fazia esquecer.

O clicar da abertura na porta o teve saltando para fora do sofá. — Eu disse que não
queria ser incomodado.

Leland entrou e fechou a porta atrás dele. Ryan fuzilou seu mordomo.

— Eu sinto muito, senhor, mas você realmente deve me escutar.

Leland nunca desobedeceu a uma ordem antes. Em todo o tempo que Ryan o conheceu,
ele tem sido o epítome do profissionalismo. De fato, ele reparou que Leland não o chamou
Senhor Ryan. Ele o fez desde que ele era um menino.

— O que acontece? — Ryan andou até o bar e despejou outra bebida.

— Beber não fará que você a esqueça. — Leland permaneceu no centro do quarto, suas
mãos apertadas atrás dele.

—Não estamos falando sobre isso. — Ryan disse, agarrando a garrafa.

Em dois passos rápidos Leland pegou a garrafa e puxou longe. Se Ryan não viu isto com
seus próprios olhos ele não teria acreditado. Nem podia acreditar no olhar desaprovador
que Leland deu a ele.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Você teve o suficiente de álcool. — Leland disse, deslizando a garrafa sobre uma
estante.

— Não me diga o que fazer. — Ryan moeu fora, seus dentes rangendo de tão duro que
sua mandíbula pulsou.

— Alguém precisa dizer a você o que fazer. Eu estou cansado de ver um McKay atrás do
outro fazendo uma bagunça total em suas vidas. Eu permiti a seu pai fazer isto, mas eu não
vou deixar você cometer os mesmos enganos.

Que diabos? Ryan estava emudecido. Leland avançou e Ryan deu um passo atrás,
incapaz de assimilar este lado do mordomo da família.

— Leland, o que...

— Suficiente. — Leland levantou a mão para silenciar Ryan. — A Sra. McKay o ama. Ela
sempre amou. O fato que você está com muito medo para assumir isso é algo que eu não
permitirei. Isto tem que acabar uma hora.

Ryan se sentou de volta. Leland permaneceu acima dele, seus olhos ferozes com raiva.

— Eu assisti o que seu pai e mãe e avô fizeram para você. Assisti eles manipularem você
e o tratarem como nada além de um recurso para a Corporação McKay. Assisti um menino
sensível, maravilhoso, crescer sem qualquer amor ou afeto.

Como Leland notou todas estas coisas? Ryan se sentiu tão isolado, tão só, e pensando
sobre isto, a generosidade de Leland e Margaret em direção a ele tinha sido a coisa mais
brilhante em sua infância.

— Eu o amei desde que era uma criança, Senhor Ryan. Margaret também, você tem a
capacidade para amar, apesar de suas negações. Você demonstrou amar a Sra. McKay de um
jeito que me fez incrivelmente orgulhoso. Mas agora, quando ela precisa de você, você a
abandona.

— Eu a abandonei? Agora espere um minuto, Leland. — Ryan começou a levantar, mas


Leland empurrou seu ombro até que ele se sentou.

— Fique ai, eu não acabei.

Ryan estava muito atônito para se mover.

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Nada Pessoal - Jaci Burton

— Como eu estava dizendo, ambos eu e Margaret amamos você. Você é a criança que
nós nunca tivemos. Claro que com nossas profissões nós não podíamos mostrar a você. Nós
ficávamos tristes que não podíamos dar a você o amor que desesperadamente precisava,
mas nos encorajamos quando a Sra. McKay entrou em sua vida. Finalmente, nós pensamos
que alguém o amava do modo que merecia ser amado. Nós não podíamos mostrar a você,
mas ela podia.

As revelações rasgaram seu intestino. Leland e Margaret o amaram? Toda a vida? E


Faith o amava?

Ele não gostava de lembrar-se do passado, era doloroso, por isso era tão insistente em
recusar qualquer tipo de afeto, que não percebia?

— Eu não tinha nenhuma ideia, Leland. Eu sinto muito. — Ele andou para o homem que
veio a ser mais pai para ele que qualquer McKay foi.

Leland colocou a mão no ombro de Ryan e Ryan podia jurar que viu umidade juntar nos
olhos do velho homem. — Os McKays fizeram bagunça por muitos anos… Ryan. Veja se você
pode mudar isto agora. Com Faith. Ela ama você.

Essa foi a primeira vez que Ryan ouviu Leland usar seu primeiro nome. — Faith não me...

— Não pense com a cabeça, Ryan. Pense com seu coração. Você sabe que ela ama você.
Não a deixe escapar por entre seus dedos ou lamentará até o dia que morrer.

***

Faith esperou que ninguém a encontrasse no escritório. Ela foi até lá passando pelo
guarda com um pequeno desafio que ela mesma criou, rezando que ele não veria sua
miséria e dor.

Ela quis retirar suas coisas pessoais antes de Ryan entrar. Com sorte, ela escaparia antes
de qualquer empregado aparecer para trabalhar.

Depois do desgaste na conferência ontem, Faith voltou para o hotel e esperou,


esperando que Ryan mudasse de ideia e fosse atrás dela. Ele não foi.

Estava terminado. Ela tentou seu melhor para reconquistá-lo e não deu certo. Ele não a
amava o suficiente para perdoar.

162
Nada Pessoal - Jaci Burton

Lutando com as lágrimas escurecendo sua vista, ela cavou na gaveta de sua mesa pelas
de suas coisas.

— O que você pensa que está fazendo?

Ela saltou com a voz de Ryan. Maldição. Maldição, maldição, maldição! Isto não deveria
acontecer. Ela secou as lágrimas com a parte de trás de sua manga e se virou.

— Eu sinto muito. — ela disse apenas capaz verbalizar. — Eu pensei que terminaria
antes de você chegar.

Ele parecia lindo, sua calça jeans apertada contra a coxa musculosa, a camisa preta
destacando o fogo naqueles olhos tempestuosos que ela amava tanto. Ela lutou de volta
conta o soluço dolorido que ameaçava escapar.

O olhar de Ryan viajou para a caixa em cima de sua mesa. — Indo a algum lugar?

Ela movimentou a cabeça, incapaz de falar.

— Eu não quero que você vá. — Ele disse, sua voz apenas acima de um sussurro.

Seus olhos encontrando os seus e ela não podia acreditar no que ela viu lá. A
determinação e algo quente morno e tenro que quase rasgou seu coração em dois.

— Você quer sim. — Ela disse, sua voz rouca.

Ele agitou a cabeça. — Eu sou um bobo estúpido. Agradeço a Deus que Leland teve
presença de espirito de apontar isso para mim.

— Leland? — Ela viu a sugestão de um sorriso no rosto dele e seu coração se encheu de
esperança e amor. — Ele o ama sabia?

— Sim, acredite ou não. O velho me ensinou uma lição ontem à noite. Era como um pai.
Um pai verdadeiro.

Então, o sorriso apareceu por completo. — Agora eu tenho uma ideia do que isso
significa.

Faith sorriu. —Eu sei que ele ama. E eu esperei que um de dia você percebesse que é
mais pai e filho que mordomo e empregador.

Ryan andou em direção a ela. — Meus olhos foram abertos ontem à noite, Faith. Para
muitas coisas. Uma é como eu tratei você mal.

163
Nada Pessoal - Jaci Burton

— Não foi você, Ryan, era eu. Eu acreditei que o homem em seu escritório com Erica era
você. Eu devia ter reconhecido.

Ele agarrou suas mãos e a puxou contra ele, segurando apertado. — Um engano fácil de
fazer. Nenhuma dúvida do porque você estava tão chateada aquela noite. Como você
descobriu que era James?

— Leland o escutou no telefone com Erica e ele me contou o que aconteceu. Eu sinto
muito, também, Ryan, pelo modo que eu tratei você aquela noite. Deveria ter sido perfeito.
Eu iria dizer sobre o bebê, dizer o quanto o amava e perguntar se você queria continuar
casado comigo.

Seus olhos alargaram. — Você ia dizer que me amava?

Ela movimentou a cabeça. — Claro que eu amo você. Eu amei você desde o dia que eu
te vi. Eu quero uma vida com você, Ryan. Um casamento real, não um acordo de negócios.
Mas só se for o que você quer, também.

Ele entortou sua cabeça de lado como se avaliando sua declaração.

— Eu sinto muito que eu não exigi uma explicação. — ela disse. — Você é um homem
honrado, Ryan, e você nunca teria feito algo assim. É minha culpa. — Ela olhou para baixo,
muito envergonhada para admitir que ela não confiasse em sua própria habilidade de ser
amada.

— O que você pensou quando você viu aquela cena?

Ela suspirou e puxou seu cabelo atrás de suas orelhas, então apertou seus braços ao
redor de sua cintura. — Eu pensei o de sempre. Que você possivelmente não podia estar
interessado em alguém como eu.

Ele a puxou contra ele. Seus rostos estavam tão perto que ela podia ver as manchinhas
em seus olhos escuros.

— Eu amo você, Faith. — Sua respiração era um sussurro quente de promessas contra
seus lábios.

Ela não esperou ele terminar. Seu coração apertou. — Você não tem que dizer isto só
por que...

164
Nada Pessoal - Jaci Burton

Ele tocou sua boca com os dedos. — Escute e olhe em meus olhos. Acredite; Eu amo
você.

Ela escutou. Ela entendeu. E ela acreditou.

Então, ela chorou. Ele a segurou ternamente quando soltou sua emoção. Chorava
porque ela acreditava que finalmente teria o que esperou a vida inteira.

— Eu não pensei que fosse capaz de amar alguém até que eu encontrei você. — Ele
disse baixinho, acariciando suavemente suas costas.

Faith enxugou as lágrimas com a manga de seu vestido. — Eu não pensei que era
merecedora de amor, até que você me amou.

Ele se debruçou de volta e agitou sua cabeça, rindo. — Que par nós somos. Duas
pessoas miseravelmente solitárias, tentando não se envolver, envoltas em um casamento
que fez isso tão pessoal quanto podia conseguir.

Então, ele a varreu em seus braços e apertou um longo, glorioso e apaixonado beijo em
sua boca. Faith suspirou em sua boca aberta, sua respiração uma mistura de amor e desejo.

— Vamos para casa, esposa. Eu quero entrar na cama com a mulher que eu amo.

— São sete horas da manhã, Ryan. — Ela disse com um sorriso.

Ele sorriu e arqueou uma sobrancelha. — Que só nos dá mais tempo, não é?

Ela engatou seu braço no dele e saiu do escritório.

— Eu acho que em alguns meses você terá que achar alguém para me substituir no
trabalho. — Ela disse quando alcançaram o corredor abaixo.

— Alguns meses? Que tal agora?

Faith riu. — Eu acho que ficarei por algum tempo. Eu tenho que manter um olho em
você.

Ele se virou em direção a ela e curvou uma sobrancelha. — Em mim? Por quê?

Ela parou e enroscou seus dedos por seu cabelo. — Rico, magnífico e empresário bem
sucedido? Você é um candidato cobiçado por todas as cavadoras de ouro lá fora.

— Você se preocupa sobre a minha fidelidade?

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— Não. — Que sentimento maravilhoso era saber isto, estar certo do amor do seu
homem. Ela nunca pensou que experimentaria isto em sua vida, especialmente com alguém
como Ryan. Mas ela conseguiu isto.

— Bom. — Enquanto eles esperavam pelos elevadores, ele deslizou os braços ao redor
de sua cintura e a puxou contra ele. Ela sentiu seu calor e desejo e contou os minutos até
que pudessem fazer amor novamente.

Quando suas mãos rastejaram para suas nádegas, ela ganiu. — Sr. McKay! — Ela
protestou fingindo ultraje. — Isto não é um pouco pessoal demais?

Com um sorriso mau ele murmurou contra seus lábios. — É meu por direito, maldição.
Se acostume com isto. — Então, ele reivindicou sua boca e conseguiu algo muito, muito
pessoal.

Exatamente como ela gostava.

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