Você está na página 1de 2

A ideia de um grupo de freiras guerreiras contra seres sobrenaturais parece uma premissa

vinda de um filme B dos anos 70. Warrior Nun, série original da Netflix, entrega não só a
premissa, como consegue entregar mais. Apesar de ter sido prematuramente cancelada, com
apenas duas temporadas disponíveis, segue sendo uma pérola no catálogo do streaming.

Na série, acompanhamos Ava, uma jovem espanhola que volta a vida após se tornar
portadora de uma relíquia conhecida como Auréola, um artefato que vai permitir ela se tornar
a Warrior Nun, a líder de um grupo de freiras que luta contra forças do infernos. A trama
inicia-se com uma corrida atrás do Divinium, um metal com propriedades sobrenaturais e que
pode ser usado para abrir um portal até o inferno, o que liberaria os demônios no mundo.

Apesar de soar como uma trama galhofa, a estética e o cenário de Warrior Nun é seu ponto
mais forte. Ver como elementos do cristianismo e das cruzadas se mesclam com cenas de luta
estilo filmes de kung-fu e armas de fogo cria essa ambientação bem única.

Outro ponto de acerto é como mesmo a série pontuando seus momentos dramáticos, ainda
somos tratados com momentos de humor e que também refletem um pouco do lado absurdo
inteiro da história. Essa junção dá bem o tom da série, que sabe que é uma série de ação e
fantasia e busca poder tirar o máximo possível da premissa.

Apesar dessa originalidade estética, a série ainda cai muito em alguns tropos de jornada do
herói, o que pode fazer alguns momentos serem arrastados e bastante desinteressantes. No
entanto, a série consegue compensar esses pontos fracos de narrativa e sair no saldo positivo
por conta do seu elenco excepcional.

A atriz portuguesa Alba Baptista, que na série faz a Ava, consegue trazer muito bem o
espírito da personagem. Não só ela consegue interpretar muito bem os momentos de dúvida,
medo e preocupação da personagem, mas como também dar muito bem o tom para as cenas
dramáticas.

O mesmo elogio vale para as outras atrizes que interpretam as outras freiras da ordem. Com
um elenco formado majoritariamente por atrizes desconhecidas, com pouco tempo de tela
conseguimos ter a dimensão das relações e tensões entre as freiras com poucas cenas. Todas
elas têm seu espaço para poder brilhar e é bem fácil criar um laço com as personagens.

Uma das partes de Warrior Nun que merece mais elogios é nas cenas de ação. Não só são
muito bem coreografadas, como conseguem utilizar bem do cenário para construir excelentes
momentos.

Um exemplo é logo na primeira temporada que há uma cena de luta em um banheiro de uma
ferryboat. Não só o jogo de câmeras consegue enquadrar bem essa luta em uma espaço
apertado, sem o uso da câmera tremida, como também a coreografia da luta usa muito bem os
recursos do cenário claustrofóbico.
Um ponto de destaque na série também é sua ambientação na Espanha. Não só o país ibérico
é perfeito para a série pela sua tradição católica, como também pela sua mescla de
arquitetônica. São igrejas e vilas medievais que contrastam com prédios e laboratórios sci-fi.
Essa variedade condiz muito com toda a vibe da série, que mescla histórias da antiguidade
com a modernidade.

Esse contraste está muito bem presente também na música. São usados coros gregorianos,
artistas atuais, como Billie Eilish, e até mesmo hyperpop são usados para compor a trilha da
série. Assim como no caso arquitetônico, a música serve muito bem para mostrar a
contraposição entre as personagens, que são majoritariamente jovens de 20 e poucos anos,
com toda aquela ordem e código de conduta milenar.

Apesar de seu cancelamento prematuro e nenhuma perspectiva no momento para ser revivida,
Warrior Nun é uma série que ainda merece ser vista. Mesmo com seus pontos baixos, a força
de seu elenco, cenas de ações maravilhosas e uma trama descompromissada tornam a série
uma excelente fonte de diversão e entra na lista de pérolas escondidas no catálogo da Netflix.

Você também pode gostar