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Síntese 1-a por Tiago Freire

O processo da evolução cinematográfica não é dada uma forma linear, mas sim por uma rede
de influências e colaborações entre diferentes elementos que compõem a produção
cinematográfica (atores, roteiristas, editores, produtores, cinematográfos etc).

Diferentes críticos e escritores falam sobre como a “evolução” da arte é dada. Richard
Dawkins irá apontar que assim como biologicamente existem os genes, as menores unidades
que carregam informações biológicas, na sociedade e nas artes existem os memes, que
igualmente se replicam e evoluem.

O cinema evoluiu através de memes, mutando-se, evoluindo e replicando. Mark Cousins


também irá argumentar que essa evolução do cinema não está nos filmes famosos como
Casablanca, mas sim naquele que buscavam se aproximar o máximo possível da alma
humana.

Apesar de começar falando sobre o aspecto emocional sobre o cinema, seu começo foi muito
mais direcionado para o documentário. Os irmãos Lumiére usam das primeiras gravações
para retratar a vida cotidiana na França do fim do século XIX, o que encantou muito a classe
trabalhadora da época. Com filmes como “A Chegada do Trem na Estação”. “O Almoço do
Bebê” e o “Regador Regando”.

Esses primeiros filmes, que hoje seriam chamados de curtas, foram sucesso na época,
circulando não só dentro da França, mas sendo exibido na Alemanha, na Rússia, nos Estados
Unidos e até no Japão.

Além dos irmãos Lumiére, outro expoente nesse momento inicial do cinema foi George
Melies. Durante uma gravação, por conta de um problema técnico com a sua câmera, Melies,
após muita tentativa e erro após, descobriu a possibilidade de introduzir cortes na gravação.

Nos EUA, Enoch Rector ao gravar uma luta de box ocorria, ao invés de usar o filme de
35mm, que era o padrão usado, resolveu gravar em 63mm de largura, usando um formato que
mais de 50 anos depois se tornaria o widescreen.

Outra experimentação que viria no futuro ser base para o cinema é o curta “O gatinho doente”
de George Smith, que introduziu o close up. Essa mudança, que na época foi tida como
arriscada por medo de “desorientar” o público, foi uma escolha derradeira na total separação
entre o cinema e o teatro. Se antes as gravações, os cenários e o enquadramento precisavam
emular um “teatro gravado”, agora não era mais necessário. Poder dar um enfoque em algum
item ou em alguém rompia com a linguagem teatral.

Se fosse possível descrever a principal característica desse momento inicial dos cinema seria
esse gradativo distanciamento da linguagem teatral e o começo de um ensaio para sua
autonomia. Esse distanciamento foi muito gradual e muito lento, em especial pelas limitações
tecnológicas da época. Começando com os cortes e os jump cuts, depois do close up, da
mudança de ângulos de câmera na mesma cena, essas linguagens do cinema que iam se
estabelecendo em meio de casas de shows e shows de variedades foram a base para o que
viria a ser o cinema atual.

E apesar de serem hoje técnicas triviais, serviram como um passo importante para que esse
cinema inicial passasse a criar técnicas próprias e não precisasse se somente se basear no
teatro para conseguir ter algum respaldo artístico.

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