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Breaking Bad é sem dúvidas uma das melhores e mais marcantes séries já feitas em

todos os tempos, e muito disso é dado aos seus personagens complexos e carismáticos, como
o protagonista central, o gênio da química Walter White. A forma em que as camadas e
nuances da sua personalidade são desenvolvidas e, por certa ótica, até deformadas até se
tornar o temido Heisenberg é uma das coisas mais fantásticas que eu já pude presenciar em
uma de ficção. (como o ego e a ganância de Walter White destruiu seus escrúpulos mais e mais
a cada nova disputa que ele tinha que travar, ou que às vezes nem precisava, mas desejava)
Mas, apesar de que a transformação de Walter White em Heisenberg seja genial como
o é de fato, não é isso o que me vêm à mente quando penso na genialidade máxima de
Breaking Bad. Ainda não tenha muita longevidade cultural e intelectual (dado que sou muito
jovem), mas *possível citação a Nietzsche* talvez o fenômeno que mais me chamou a atenção
não só em obras de ficção, mas também na vida, traduzida em obras de caráter filosófico, é o
vazio. É um sentimento bastante presente no mundo contemporâneo em filósofos como
Kierkegaard, Schopenhauer, Camus, e em personagens da literatura como Victor
Frankenstein..., e o vazio aparece de forma visceral em Jesse Pinkman, sócio e parceiro de
Walter White.
Minha relação com Jesse Pinkman foi da água para o vinho do início ao fim da série.
Ele teve um dos melhores e mais geniais desenvolvimentos de personagem que já pude
presenciar até hoje.
Jesse é um jovem produtor e traficante de drogas de 25 anos, e é ex-aluno de Walter
White nos tempos de ensino médio. *Apesar de que no início não aparentar gostar de Walt,
posteriormente vemos que ele foi importante na vida de Jesse*. Jesse é filho de um casal
aparentemente correto e conservador, mas que por nunca ter suprido as expectativas de seus
pais, se tornou cada vez mais problemático, e acabou se tornando uma decepção e um fardo, e
isso com toda a certeza marcou e definiu a pessoa que Jesse se tornou.

Há paralelos que podem ser feitos do jesse com personagens como Raskolnivov, Victor
Frankenstein e Mersault.

Já se sentiu perdido? Uma das piores sensações que me lembro de ter, é me sentir à deriva,
vazio, me sentir insuportável.

Às vezes a vida se torna uma pista vazia de kart, dar voltas e voltas sem parar, sem pensar,
apenas para ocupar a mente por alguns momentos, por já não se aguenta a própria presença.

Uma das cenas mais pesadas e marcantes para mim é quando Jesse promove uma festa sem
fim para moradores de rua e viciados, pois já não aguenta ficar na presença de si mesmo.
A vida pode chegar a isso. Você não ter ninguém com quem se importe de verdade, e ninguém
que se importe de verdade com você. E a única coisa que nos resta é pilotar por uma pista de
kart vazia.

A trajetória de Walter White é enganosa, pois ela nunca foi uma trajetória de ascenção, mas
de queda. Com o gradual nascimento de Heisenberg, Walt trouxe destruição e dor para todos
a sua volta, sem excessão. Walter é a realização do pecado, da maldade, travestida por uma
coisa boa

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