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Práticas Seguras no Laboratório Microbiológico

Cada um dos quatro Grupos de Perigo está associado a um grau de contenção


laboratorial equivalente ao risco de exposição ocupacional e comunitária de
organismos dentro do Grupo.

1. LABORATÓRIO DE CONTENÇÃO NÍVEL 1


O Nível de Contenção de Laboratório 1 é adequado para trabalhar com agentes do
Grupo 1 e deve estar em conformidade com as Boas Práticas de Laboratório. As
principais características de uma instalação de Contenção Nível 1 são descritas na
íntegra, uma vez que existem elementos pertinentes ao projeto do laboratório e
ao estabelecimento de Regras Locais.
1 O laboratório deve ser fácil de limpar. Os acentos devem ser impermeáveis à
água e resistente a ácidos, álcalis, solventes e desinfetantes.
2 Desinfetantes eficazes devem estar disponíveis para uso imediato em caso de
derramamento.
3 Se o laboratório for ventilado mecanicamente, é preferível manter um fluxo
interno de ar enquanto o trabalho está em andamento, extraindo o ar ambiente
para a atmosfera.
4 Todos os procedimentos devem ser realizados de forma a minimizar a produção
de aerossóis.
5 A porta do laboratório deve ser fechada quando o trabalho estiver em
andamento.
6 Jalecos ou batas de laboratório devem ser usados no laboratório e removidos ao
sair da área do laboratório.
7 O equipamento de proteção individual, incluindo roupas de proteção, deve ser
armazenado em local bem definido, verificados e limpos em intervalos adequados
e reparados ou substituídos se estiverem defeituosos.
8 Equipamentos de proteção individual que possam estar contaminados devem
ser removidos da área de trabalho, mantidos afastados de roupas não
contaminadas e descontaminados e limpos ou, se necessário, destruídos.
9 Comer, mastigar, beber, tomar medicamentos, fumar, armazenar alimentos e
aplicar cosméticos devem ser proibidos.
10 A pipetagem oral deve ser proibida.
11 O laboratório deve conter uma cuba ou pia que possa ser utilizada para a
lavagem das mãos.
12 As mãos devem ser descontaminadas imediatamente quando houver suspeita
de contaminação e antes de sair do laboratório.
13 As bancadas devem ser limpas após o uso.
14 Vidrarias usadas e outros materiais que aguardam desinfecção devem ser
armazenados em local seguro. As pipetas, por exemplo, se colocadas em
desinfetante devem ser totalmente imersas.
15 Materiais contaminados, sejam para reciclagem ou descarte, devem ser
armazenados e transportados em recipientes robustos e estanques sem
derramamento.
16 Todos os resíduos, se não forem incinerados, devem ser descartados com
segurança por outros meios apropriados.
17 Acidentes e incidentes devem ser imediatamente comunicados e registrados
pela pessoa responsável pelo trabalho ou outra pessoa designada.

2. LABORATÓRIO DE CONTENÇÃO NÍVEL 1


O Nível de Contenção de Laboratório 2 deve ser usado para trabalhar com agentes
do Grupo de Perigo 2.
Como alguns organismos usados em procedimentos farmacêuticos de controle de
qualidade estão no Grupo de Perigo 2, este Nível de Contenção representará o
padrão mínimo para manuseio seguro de microrganismos. Existem alguns pontos
adicionais que são requisitos estatutários para operar um laboratório neste nível,
além daqueles descritos para o Nível de Contenção de Laboratório 1, e, além disso,
algumas medidas de controle mudam de 'pode' - para 'deve' indicando a forte
recomendação em seguir um requisito definido na legislação. Os recursos
adicionais necessários para um laboratório operar no Nível de Contenção 2 são os
seguintes:
1 O acesso ao laboratório é restrito a pessoas autorizadas.
2 Deve haver procedimentos de desinfecção especificados.
3 Se o laboratório for ventilado mecanicamente, deve ser mantido a uma pressão
de ar negativo para a atmosfera enquanto o trabalho está em andamento.
4 As superfícies das bancadas devem ser impermeáveis à água, fáceis de limpar e
resistentes a ácidos, álcalis, solventes e desinfetantes.
5 Deve haver armazenamento seguro de agentes biológicos.
6 Os procedimentos laboratoriais que dão origem a aerossóis infecciosos devem
ser realizados em cabine de segurança microbiológica ou isolador, ou ser contido
de outra forma.
7 O laboratório deve conter um lavatório próximo à saída. As torneiras devem ter
um design que pode ser operado sem ser tocado pelas mãos.
8 As mãos devem ser descontaminadas imediatamente quando houver suspeita
de contaminação, após manipulação de agentes infecciosos e antes de sair do
laboratório.
9 Uma autoclave para a esterilização de materiais residuais deve ser facilmente
acessível no mesmo prédio do laboratório, de preferência na suíte do laboratório.
10 Os materiais para autoclavagem devem ser transportados para a autoclave em
recipientes robustos sem derramamento.
11 Deve haver meios seguros para a coleta, armazenamento e descarte dos
descartes contaminados.

3. DESIGN DAS INSTALAÇÕES DOS LABORATÓRIOS


Já deve estar claro que a avaliação de riscos e as técnicas seguras de manuseio
microbiano não são dispensáveis ou “complemento”, simplesmente para
minimizar o risco em um ambiente abaixo do ideal. Em nenhum lugar isso é mais
importante do que no projeto da instalação em que o manuseio de micro-
organismos deve ser realizado. Uma série de elementos fundamentais de projeto
são requisitos legais para operar um laboratório no nível 2, enquanto outros
recursos de projeto, como aquecimento e ventilação, iluminação, posicionamento
de bancadas, etc., podem contribuir significativamente para práticas seguras.

3.1. Fluxo de Trabalho


No contexto dos procedimentos microbiológicos dentro da indústria farmacêutica,
deve-se considerar não apenas os detalhes dos laboratórios de contenção, mas
também as suítes de 'sala limpa' para testes de esterilidade e o projeto geral da
instalação em que os laboratórios irão operar. Boas Práticas de Fabricação (BPF)
exigem que a instalação seja separada das áreas envolvidas na Produção. Os
padrões lógicos de fluxo de trabalho implícitos no GMP minimizam o risco de
contaminação cruzada de amostras e asseguram a segregação de material estéril
de resíduos contaminados e material em quarentena daquele que passou para
liberação.
Os princípios essenciais envolvidos no planejamento da infraestrutura são:
• O laboratório deve ser projetado para impedir o acesso de pessoas não
autorizadas.
• As áreas dos escritórios devem ser separadas dos laboratórios.
• Deve haver uma área claramente definida para chegada e documentação das
amostras.
• As amostras devem seguir um caminho definido pelo laboratório:
preparação/pesagem de amostras, incubação, exame de culturas, autoclavagem
de resíduos contaminados e lavagem.
Um esquema hipotético é mostrado a seguir:

Figura 1. Instalação hipotética de laboratório de controle de qualidade (QC),


mostrando acesso restrito ao laboratório e design de fluxo de trabalho para
minimizar o risco de contaminação cruzada.

3.2. Cabines de Segurança Biológica


Existem três classes de cabine: I, II e III. Estas não devem ser confundidas com as
cabines de fluxo laminar (CFL) que, por exemplo, podem ser usadas para criar um
ambiente asséptico numa instalação de sala limpa de fabricação farmacêutica ou,
alternativamente, ser usados para procedimentos de teste de esterilidade. Tais
cabines (CFL) protegem apenas o produto, não oferecem proteção ao operador e
nunca devem ser utilizados para manipulação de microrganismos.
Numa cabine Classe I, o ar é aspirado pela abertura frontal onde o operador está
sentado, passa sobre os microrganismos que estão sendo manipulados e é
expelido para a atmosfera através de um filtro HEPA (filtro de alta eficiência para
materiais particulados).
Uma cabine de segurança Classe II difere daquela de uma cabine Classe I porque
70–80% do ar que passa pelo filtro HEPA é recirculado, com o restante sendo
expelido para a atmosfera. Assim, o material de teste/microrganismo é envolto em
ar filtrado por HEPA. Por esta razão, estes armários são amplamente utilizados
para cultura de tecidos. Uma dessas cabines, ou ambas, seriam normalmente
encontrados em instalações de Contenção Nível 2 e devem ser usados onde
houver risco de aerossóis e contaminação do ar.
A cabine Classe III é totalmente fechada, o ar é aspirado através de um filtro HEPA
e expelido por um, e geralmente dois filtros HEPA. O operador trabalha através de
luvas que são parte integrante da cabine. Essas cabines são usadas para manusear
organismos de Nível de Contenção 4 e, portanto, seriam localizados dentro de uma
instalação de Nível 4 de Contenção.

3.3. Esterilização, Desinfecção e Descontaminação


Uma regra fundamental, a ser adotada, é que nenhum material infectado deve sair
do laboratório. Este elemento fundamental para a prática segura na gestão de um
laboratório de controle de qualidade microbiológico deve ser projetado em todos
os POPs e avaliações de risco associadas. Resumidamente, todo material infectado
deve ser segregado e facilmente identificado. A separação primária é em
descartáveis e reutilizáveis. Cada um deve então ser autoclavado ou desinfetado.
Os reutilizáveis seriam então lavados e esterilizados para retornar ao laboratório,
enquanto os descartáveis desinfetados seriam incinerados e enviados para um
aterro sanitário. Os descartáveis autoclavados podem não ser necessariamente
incinerados antes do aterro. A codificação por cores de resíduos de laboratório
deve ser usada.
3.3.1. Autoclavação
A autoclavação é o método de escolha para o tratamento de resíduos
contaminados, embora a desinfecção possa ser usada no laboratório para reduzir
a contagem viável antes da autoclavagem. Na maioria dos casos, a esterilização é
alcançada pela exposição do material contaminado a 121°C por 20 minutos. Isso
deve sempre ser verificado inserindo um termopar calibrado na parte mais densa
da carga. A cronometragem só deve começar quando a temperatura for atingida).
REFERÊNCIA:
, , & (Eds.). (2000). Handbook of Microbiological Quality Control in
Pharmaceuticals and Medical Devices (1st ed.). CRC Press.
https://doi.org/10.1201/9780203305195

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