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MATERIAL DE APOIO

LIVE: REURB EM BENS PÚBLICOS E ART. 195-A DA LEI 6.015/73


Disponível em: Conexão CORI-MG - Regularização Fundiária Urbana (corimg.org)
Autora: Michely Freire Fonseca Cunha – Registradora de Imóveis em Virginópolis-MG.

I - REURB EM IMÓVEIS DE TITULARIDADE DO ESTADO

✓ O Estado solicita a instauração da REURB ou o Município instaura de


ofício;
✓ Município instaura a REURB;
✓ Classifica a modalidade dos ocupantes;
✓ Identifica o grau de complexidade da REURB;
✓ Identifica o marco temporal (Núcleo existente antes de 1979 aplica-se o
Rito da Inominada; Núcleo Existente após 19.12.1979 aplica-se o Rito
Administrativo. Atentar que se a existência do núcleo é posterior a
22/12/2016 não poderá titular por Legitimação Fundiária e nem
Legitimação de posse.
✓ Se não couber LF, poderá fazer compra e venda, doação, a alienação de
imóvel pela administração pública diretamente para o seu detentor, nos
termos da alínea “f” do inciso I do caput do art. 17 da Lei nº 8.666, de 21
de junho de 1993;
✓ Se o Estado é notificado poderá: Escolher a titulação e o direito real a ser
outorgado, podendo fazer uso da LF (art. 16, §4º do Decreto). Poderá fazer
venda e cobrar o justo valor (art. 9º do Decreto)
✓ Se o Estado fica silente: O Município fica autorizado a expedir LF na
REURB (S ou E). Se não couber LF, apenas o Estado poderá emitir outro
título.

II - REURB EM IMÓVEIS DE TITULARIDADE DA UNIÃO

PORTARIA 2.826/2020 – Ministério da Economia.

Michely Freire Fonseca Cunha


Diretora de Reurb do CORI-MG
1. Imóveis que podem ser objeto de REURB: Os que estão sob gestão da
Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União – SPU e os
imóveis provenientes de entidades federais extintas ou cuja gestão tenha sido
transferida para a SPU na forma da lei.

➢ Grupo 1: Imóveis individuais cadastrados na SPU e com matrículas


individualizadas correspondentes aos cadastros;

➢ Grupo 2: Imóveis individuais cadastrados na SPU e sem matrículas


individualizadas correspondentes aos cadastros;

➢ Grupo 3: Áreas cadastradas na SPU sem matrículas correspondentes ou com


matrículas, e cujos parcelamentos e aberturas de matrículas individualizadas
encontram-se pendentes; e

➢ Grupo 4: Imóveis não cadastrados na SPU

➢ Imóveis de Terreno de marinha e seus acrescidos em qualquer dos grupos acima


desde que:

 fora da faixa de segurança


 fora da faixa de fronteira
 não estejam localizados em áreas de preservação permanente:
área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico
de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas;
 não estejam localizados em áreas em que seja vedado o
parcelamento do solo, na forma do art. 3º e do inciso I do caput
do art. 13 da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979:

Michely Freire Fonseca Cunha


Diretora de Reurb do CORI-MG
a) em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes
de tomadas as providências para assegurar o
escoamento das águas;
b) em terrenos que tenham sido aterrados com material
nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente
saneados;
c) em terrenos com declividade igual ou superior a 30%
(trinta por cento), salvo se atendidas exigências
específicas das autoridades competentes;
d) em terrenos onde as condições geológicas não
aconselham a edificação;
e) em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a
poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a
sua correção;
f) quando localizados em áreas de interesse especial, tais
como as de proteção aos mananciais ou ao patrimônio
cultural, histórico, paisagístico e arqueológico, assim
definidas por legislação estadual ou federal.

2. Formas de Fazer REURB:

2.1 Forma Direta: a SPU é a responsável pelas ações necessárias à titulação ao(s)
ocupante(s);
2.2 Forma Indireta: a SPU delega de forma expressa a um agente intermediário
(legitimado) as ações necessárias à titulação do(s) ocupante(s). MODO: por
formalização contratual com base nos instrumentos previstos na legislação
patrimonial; Recebe a obrigação de divulgar a informação de que a
regularização fundiária ocorreu em área da União, com o apoio do Governo
Federal.

3. Se o Município notifica a União em REURB:

➢ a SPU deverá levantar as informações cadastrais relativas à área com fins a


determinar a situação dominial do imóvel;
➢ A SPU deverá informar o Município que a REURB nas áreas da União
somente poderá ser feita mediante celebração de acordo de cooperação

Michely Freire Fonseca Cunha


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técnica, ou de instrumento congênere, ou ainda, por meio da transferência
formal da área ao Município;
➢ Nos casos em que o Município não tiver interesse na celebração de ACT ou
na transferência formal da área, a SPU deverá impugnar o processo de
REURB;
➢ A SPU deverá solicitar ao Município os documentos previstos no inciso II do
art. 35 da lei 13.465/2017 (planta de sobreposição/mosaico registral)
➢ A titulação dos beneficiários de baixa renda poderá ser feita por meio da
legitimação fundiária.
➢ Para que o Município possa expedir LF: dever firmar acordo de cooperação
técnica ou de instrumento congênere, dispensada a necessidade de doação do
imóvel para o Município.
➢ Nos casos em que não for possível a titulação via legitimação fundiária abre-
se as matrículas em nome da União. (ocupação após 22/12/2016 ou se incidir
nas restrições da LF para REURB-S)
➢ União pode doar o imóvel para o Município desde que a eventual arrecadação
com venda onerosa das unidades seja aplicada na infraestrutura, equipamentos
básicos ou de outras melhorias necessárias ao desenvolvimento do projeto;
➢ Imóveis sem parcelamento do solo e sem registro (grupos 3 e 4) podem ser
objeto de legitimação fundiária, desde que observado o marco temporal
(22/12/2016).

4. Classificação de Modalidade:

I - REURB de Interesse Social (REURB-S):


- ocupante com renda familiar mensal de até 05 salários mínimos;
- não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural;

II - REURB de Interesse Específico (REURB-E), destinada aos ocupantes que não


se enquadrem em REURB-S.

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5. Cadastro de Ocupantes: serão considerados ocupantes regulares aqueles que
comprovarem efetiva ocupação e a existência de vínculo com a SPU, com órgãos
extintos ou aqueles cujo patrimônio seja gerido pela SPU, na forma das
legislações patrimonial e/ou específicas.

➢ - Admite-se a utilização da cadeia sucessória que remonte ao ocupante que


estabeleceu o vínculo inicial com a SPU, com os órgãos extintos ou aqueles cujo
patrimônio seja gerido pela SPU.
➢ - Aplicam-se aos ocupantes dos imóveis da União, oriundos da extinta Rede
Ferroviária Federal S/A - RFFSA, cujas ocupações tenham se dado por meio dos
instrumentos previstos na Instrução Normativa SPU nº 01 de 13 de maio de 2010.
➢ - Não exime o adquirente original e, se for o caso, o sucessor autorizado e o
terceiro ocupante de responder por possíveis débitos em aberto na SPU.

6. Registro do Parcelamento do Solo:

➢ Reurb da Forma Indireta (pelo Legitimado): Após o registro do


parcelamento do solo, a SPU fará cadastro dos imóveis para fins de
controle patrimonial e receberá a listagem de ocupantes vinculados à
unidade para análise.
➢ Abertura de Matrícula diretamente pela SPU: (art. 88 da lei)

 I - Planta e memorial descritivo do imóvel, assinados por


profissional habilitado perante o Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia (CREA) ou o Conselho de
Arquitetura e Urbanismo (CAU), condicionados à
apresentação da Anotação de Responsabilidade Técnica
(ART) ou do Registro de Responsabilidade Técnica
(RRT), quando for o caso;

 II - Ato de discriminação administrativa do imóvel da


União para fins de REURB-S, a ser expedido pela SPU.

Michely Freire Fonseca Cunha


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 Parágrafo único. O ato de discriminação deverá ser
emitido pelo Superintendente do Patrimônio da União
nos Estados e no Distrito Federal, fazendo constar o
título aquisitivo do imóvel e tendo como anexo a
documentação inerente à respectiva forma de aquisição,
nos termos da Instrução Normativa SPU n° 22/2017, ou
normativo que vier a substituí-la.

7. Titulações Disponíveis:

7.1 EM REURB-S:

I - Concessão de uso especial para fins de moradia - CUEM, nos termos da Medida
Provisória nº 2.220/2001, da Lei nº 9.636/1998, e da Lei nº 10.257/2001;

II - Autorização de uso para comércio, nos termos do art. 9º da Medida Provisória nº


2.220/2001;

III - Concessão de direito real de uso - CDRU, nos termos do Decreto-Lei nº 271/1967,
da Lei nº 11.952/2009 e da Lei nº 9.636/1998;

IV - Cessão, nos termos do Decreto-Lei nº 9.760/1946 e da Lei nº 9.636/1998, na seguinte


modalidade: sob regime de Concessão de Direito Real de Uso - CDRU, nos termos do
Decreto-Lei nº 271/1967, da Lei nº 9.636/1998 e da Lei n° 10.257/2001;

V - Doação, nos termos da Lei nº 9.636/1998; e

VI - Certidão de Autorização de Transferência para fins de REURB de Interesse Social -


CAT-REURB-S, nos termos do art. 86 da Lei nº 13.465/2017
Será concedida de forma GRATUITA quando:

➢ Para os imóveis do Grupo 1 e 2 – há parcelamento do solo concluído com ou sem


matrícula aberta;
➢ A transferência pode ser de domínio pleno ou de CDRU transferível aos herdeiros
por sucessão legítima ou testamentária;

Michely Freire Fonseca Cunha


Diretora de Reurb do CORI-MG
➢ Ocupantes que utilizem o imóvel até 22/12/2016 para fins de moradia e estejam
isentos do pagamento de qualquer valor;
➢ Ocupante com renda familiar de até 5 salários-mínimos;
➢ Ocupante não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural;
➢ O documento pode ser solicitado individualmente pelo ocupante no sítio
eletrônico da SPU ou por iniciativa da SPU;
➢ Será concedida uma única vez por beneficiário;
➢ Independe de avaliação prévia do imóvel;
➢ Independe de prévia autorização legislativa;
➢ Independe de Portaria autorizativa;
➢ Será aposta restrição para venda pelo prazo de 05 (cinco) anos;
➢ O título é hábil ao registro (art. 87 da Lei nº 13.465/17)
➢ Tem rito do procedimento de titulação no art. 11 da portaria.

VII – Legitimação Fundiária:

➢ caso o Município instaure REURB


➢ faça termo de cooperação com após notificar a SPU
➢ os imóveis sejam do Grupo 03 e 04 (sem registro do parcelamento e sem registro)
➢ ocupação existente até 22/12/2016.

7.2 EM REURB-E: pode ser em todos os imóveis dos grupos 01 a 04.

➢ I - Venda direta

 Imóveis ocupados até 22/12/2016;


 O imóvel seja cadastrado na SPU;
 Ocupante regularmente inscrito na SPU, admitida a contagem de tempo de
ocupações anteriores por meio de cadeia de ocupação até o ocupante atual;
 Ocupante esteja em dia com as obrigações perante a SPU;
 Será outorgada para no máximo 2 imóveis (1 residencial e outro não
residencial);

Michely Freire Fonseca Cunha


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 Autorizada mesmo que a inscrição da ocupação tenha se dado em nome
do condomínio ou de associação;
 Os beneficiários deverão assumir o custo do PRF, da infraestrutura e de
eventuais compensações urbanísticas e ambientais quando os imóveis
estão classificados em Grupo 03 (pendente de parcelamento do solo);
 A venda pode ser à vista (art. 11 da lei 13.240/2015);
 A venda pode ser parcelada: (§§4º e 5º do art. 84 da Lei nº 13.465/17)

a) Renda familiar de 05 a 10 salários-mínimos: até 240 parcelas mensais;


sinal de 5% da avaliação; a parcela não pode ser inferior ao que seria
devido por foro ou taxa de ocupação
b) Renda familiar superior a 10 salários-mínimos: até 120 parcelas
mensais; sinal de 10% da avaliação do imóvel; a parcela não pode ser
inferior ao que seria devido por foro ou taxa de ocupação.

 O Ocupante que não quiser adquirir o imóvel será cadastrado na SPU com
ocupante desde que a ocupação tenha ocorrido até 10/06/2014. (art. 108
do Decreto nº 9.310/18 e art. 9º, I da Lei nº 9.636/98)

➢ II - Concessão de direito real de uso onerosa - CDRU, nos termos do Decreto-Lei


nº 271/1967, da Lei nº 11.952/2009 e da Lei nº 9.636/1998;
➢ III - concessão de uso especial para fins de moradia - CUEM, nos termos da
Medida Provisória nº 2.220/2001, da Lei nº 9.636/1998 e da Lei n° 10.257/2001;
➢ IV - Autorização de uso para comércio, nos termos do art. 9º da Medida Provisória
nº 2.220/2001.

8. Registro da Titulação Final: Após o registro da titulação o Oficial deve


comunicar a SPU em 30 dias o número da matrícula e o número do RIP que consta
do título.

Michely Freire Fonseca Cunha


Diretora de Reurb do CORI-MG
III - Abertura de matrícula pelo rito do art. 195-A da Lei nº 6.015/73

1. Quem pode pedir a abertura da matrícula: Município.

2. Situações que autorizam a abertura de matrícula para imóvel público:


➢ Oriundos de parcelamento do solo com ou sem registro (caput)
➢ Adquiridos por qualquer meio legalmente admitido (§7º)
➢ Independe do regime jurídico do bem (uso comum do povo, especial)
➢ Para abertura de matrícula do sistema viário

3. Documentos a serem apresentados:


➢ Unidade oriunda de parcelamento do solo:
 Requerimento
 planta e memorial descritivo do imóvel público a ser
matriculado
 comprovação de intimação de confrontante ou anuência
expressa
 planta do parcelamento do solo assinada pelo loteador ou
elaborada por agente público da Prefeitura
 Se o parcelamento do solo não estiver registrado, apresentar
declaração que o parcelamento está implantado

➢ Unidade adquirida por meios legalmente admitidos:

 Requerimento
 planta e memorial descritivo do imóvel público a ser
matriculado
 comprovação da intimação dos confrontantes ou anuência
expressa

Michely Freire Fonseca Cunha


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➢ Para abertura de matrícula do sistema viário

 Requerimento
 planta e memorial descritivo do imóvel público a ser
matriculado
 intimação por edital (art. 92, §5º do Decreto nº 9.310/18)

Michely Freire Fonseca Cunha


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