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26/09/2022 18:14 A estruturação da Defensoria Pública como instrumento de efetivação de direitos

ANADEF DEBATE

A estruturação da DPU como instrumento de efetivação de


direitos
Valor destinado à Defensoria Pública em 2022 foi 288,9% menor que o orçamento do MP e 1.539,3% menor que o do
Judiciário

MARIA PILAR PRAZERES DE ALMEIDA

Crédito: Unsplash

Atenta ao debate público que ocorre no período eleitoral, a sociedade brasileira


almeja que os seus direitos sejam garantidos e que os avanços sociais
conquistados permaneçam, incrustados na vida e no dia a dia dos cidadãos.

Hoje, 85% da população é potencial usuária dos serviços da Defensoria Pública


brasileira, revelando a importância do fortalecimento da instituição para o acesso
à justiça.

A Constituição Federal de 1988, além de elencar os direitos fundamentais dos


cidadãos, garantiu a existência de uma instituição que, em sua essência, existe
para democratizar o acesso a direitos básicos, como saúde, segurança alimentar,
seguridade social e direitos trabalhistas, dentre outros.

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26/09/2022 18:14 A estruturação da Defensoria Pública como instrumento de efetivação de direitos

Durante a pandemia, por exemplo, a Defensoria Pública da União (DPU) foi a


responsável pela concessão de mais de 1 milhão de benefícios de auxílio
emergencial, garantindo a revisão de injustos indeferimentos à parte da
população brasileira. Só em 2021, resgatou 611 trabalhadores em situação
análoga à escravidão. No mesmo ano, prestou mais de 1,7 milhão de
atendimentos nas demandas previdenciárias e de saúde.

Entretanto, em que pese o esforço para alcançar cada vez mais seu público-alvo,
a missão institucional da Defensoria Pública da União não pode ser plenamente
executada sem o fortalecimento institucional.

E passados mais de 33 anos da promulgação da Constituição Federal, a DPU


ainda não foi verdadeiramente estruturada. A instituição, apesar de ser
reconhecida pelos brasileiros, só se encontra presente em menos de 30% das
Seções Judiciárias da Justiça Federal. Ademais, em razão das restrições
orçamentárias, não consegue atuar na Justiça do Trabalho.

Nenhuma instituição pública sobrevive sem investimento público. Atualmente, o


orçamento da DPU é, em média, seis vezes menor do que o da Advocacia-Geral
da União (AGU), 12 vezes menor do que o do Ministério Público da União (MPU) e
24 vezes menor do que o da Justiça Federal.

Importante relembrar que a Defensoria Pública da União foi a instituição pública


que mais sofreu impactos com o Regime Fiscal criado pela Emenda
Constitucional 95/2016 (Emenda do Teto de Gastos da União). Em 2016, quando
a EC 95 foi aprovada, a Defensoria Pública da União estava iniciando seu
processo de estruturação e expansão, já que conquistou sua autonomia apenas

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com a EC 74/2013 – ao contrário das demais instituições do sistema de justiça,


que já estavam plenamente implementadas há algum tempo.

Desde então, o orçamento anual da DPU, de pouco mais de R$ 600 milhões, foi
praticamente congelado, inviabilizando sua expansão, determinada
expressamente pela Constituição Federal, que obriga que no prazo de oito anos,
contados a partir de 2014, a União, os estados e o Distrito Federal devam contar
com defensores públicos em todas as unidades jurisdicionais.

Neste ano completamos o prazo de oito anos sem o devido cumprimento do que
está expresso em nossa Constituição.

Vale lembrar que, em 2022, por exemplo, os valores destinados à Defensoria


Pública foram 288,9% menores que o orçamento do Ministério Público e 1.539,3%
menores que o do Poder Judiciário.

O investimento na expansão da Defensoria Pública é essencial para a garantia e


ampliação do acesso à justiça e efetivação dos direitos constitucionais da
população economicamente vulnerável, priorizando aqueles que mais precisam
de políticas públicas.

MARIA PILAR PRAZERES DE ALMEIDA – Defensora Pública Federal. Vice-Presidenta da Associação


Nacional de Defensoras e Defensores Públicos Federais. Foi também Defensora Pública do Estado da
Bahia e do Estado do Espírito Santo

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