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Cosmologia da Filosofia Chinesa e I Ching

Para falar de filosofia chinesa, um dos conceitos mais importantes é o Tao. O começo de tudo. Também chamado de “o

caminho”, é a base dos pensamentos filosóficos taoístas. Mas para compreender o Tao, temos que ir pelo princípio, através

dos estudos da cosmologia da filosofia chinesa.

Na cosmologia chinesa tudo começa no WuJi. WuJi é uma definição cósmica para o “ilimitado”, o princípio de todas as coisas.

Essa ideia remete à origem do cosmos, e de nosso universo. E ao infinito. É relatado pela primeira vez no século IV a.C. nos

textos do livro do caminho e da virtude Tao Te Ching (DaoDeJing) de Lao-Tsé. E é citado por diversos filósofos e pensadores

taoístas.

Do WuJi (o ilimitado) surge o TaiJi (aquilo que tem limites, o delimitado). Do TaiJi se originam o Yin e o Yang, definições dos

conceitos para a dualidade, oposta e complementar, que existe no universo.

Para entender melhor essa cosmologia, temos o diagrama TaiJiTu Shuo, o “Diagrama Supremo”, da cosmologia neo-

confucionista de Zhou Dunyi (1017 a 1072 d.C.). Nesse diagrama entendemos que o WuJi gera o TaiJi, que gera o Yin e o

Yang. E então os 5 elementos. E assim formam todas as coisas do cosmos, natureza e universo.

Segundo o Mestre Wu Jyh Cherng, O Tao é o absoluto. É a verdade. O Tao pode ser compreendido como a consciência que

está em todas as partículas, em todas as coisas. O Tao está em todo lugar. Não está dentro e nem fora de nós.

E sobre o escritor do livro Tao Te Ching, Lao-Tze, podemos dizer que ele foi um mestre, filósofo chinês, fundador do Taoismo,

historiador e guardião das escrituras da dinastia Zhou.

Uma das outras bases da filosofia chinesa é o I Ching, o Livro das Mutações (ou Tratado das Mutações). Criado por Fu Xi, que

foi um sábio dedicado a observar os movimentos do céu e da terra, e dos seres vivos. Ele foi autor dos trigramas e dos

hexagramas, com base no mapa do rio que encontrou nas costas de uma tartaruga, ele descobriu que as energias Yin e Yang

estariam presentes em todas as existências do universo.

Na cosmologia da filosofia chinesa também podemos abordar da seguinte forma o Yin e Yang: Linhas partidas e inteiras. Uma

linha cheia representa o Yang e uma linha partida o Yin. O que remete à binaridade. O Yin e Yang geram os 4 diagramas

formados por combinações das duas linhas (Yang máximo, Yin máximo, Yang dentro do Yin e Yin dentro do Yang). Estes
formam os 8 trigramas (formados por combinações de 3 linhas), que são o céu, a terra, a água, o fogo, a montanha, o lago, o

trovão e o vento. E os 8 trigramas formam os 64 hexagramas (formados por combinações de 6 linhas). Do Wu Ji aos

Hexagramas podemos correlacionar com o seguinte padrão numérico: 0; 1; 2; 4; 8; e 64.

Os 8 trigramas podem ser apresentados na forma do BaGua (do céu primordial ou do céu posterior), no qual observamos

que se apresentam em pares Yin e Yang também (como o céu em par e oposição à terra, o fogo e a água, a montanha e o

lago, e o vento e o trovão).

Uma curiosidade é que devido a essas aplicações, os chineses inventaram e sofisticaram a bússola (séc. I d.C.), que percebe os

campos magnéticos da terra, muito antes dela ser usada no ocidente (séc. XIII d.C.).

No período dos estados combatentes se desenvolveram diversas escolas de pensamento. Dentre elas destacamos o

Confucionismo, Legalismo, Taoismo, Moísmo e a Escola do Yin e Yang.

O Confucionismo, Escola dos Eruditos, tende a focar nos problemas morais da sociedade e no comportamento correto dos

indivíduos. Está voltado para questões da harmonia na vida cotidiana. Seus estudos se baseiam em: I Ching, Ritos e

Cerimônias, Poesia, Literatura, Música e História.

O Taoísmo, Escola do Caminho, está mais interessado no poder transformativo do indivíduo que se harmoniza com os

processos sutis da realidade e que cultiva seus atributos espirituais (como o qì). Está voltado para a compreensão dos
mistérios do Universo. Seus estudos se baseiam nos 3 tratados clássicos: I Ching, Tao Te Ching e Livro da Flor do Sul.

Pode-se caracterizar o confucionismo como “humanista” e o taoísmo como “holístico”.

Os princípios do confucionismo são: Ren, humanidade (altruísmo); Li, ou cortesia ritual; Zhi, conhecimento ou sabedoria

moral; Xin, integridade; Zhing, fidelidade; Yi, justiça, retidão, honradez.

Legalismo, a escola da lei. “Natureza humana egoísta.” É uma corrente intelectual do período dos Estados Combatentes

(Zhanguo, 453-221 aC), porém não foi uma corrente autoconsciente e organizada.
O legalismo é comparado às ciências sociais modernas. Os legalistas são os primeiros filósofos políticos na China “a começar

não como a sociedade deveria ser, mas como ela é”. Na verdade, essa foi a mais prática de todas as correntes intelectuais

pré-imperiais. Seu objetivo proclamado era criar um "Estado rico e exército poderoso “.

Moísmo. Escola de Mo. “Todos são iguais diante do Céu”. A filosofia de Mozi defendia que seus missionários ensinassem o

que quer que fosse mais eficiente para manter a ordem social, de forma que todos deveriam obedecer sem questionar e

desempenhar sua função corretamente (população obedecer aos seus líderes e estes ao céu). Pregava a prática do amor

coletivo, universal. Questionava a parcialidade da compaixão.

Escola do Yin e Yang, dos naturalistas. Sintetizou os conceitos do Yin e Yang e dos 5 elementos (Wu Xing). Seu principal

pensador foi Zou Yan (350 a 270 a.C.). Na imagem vemos o diagrama das linhas do Yin e Yang.

A Escola do Yin e Yang usa as leis da natureza para obter vantagens para o ser humano, agindo em harmonia com suas leis.

As suas teorias interpretaram os fenômenos naturais, incluindo o organismo humano, saúde e doença.

Sobre o Yin e o Yang: O Yin é representado pela parte escura e o Yang pela parte clara da figura representando o símbolo. É o

conceito mais importante da Medicina Tradicional Chinesa. Ele é ao mesmo tempo simples e profundo. E representa

principalmente as qualidades opostas e complementares. Yin contém a semente do Yang e Yang contém a semente do Yin.

Podem ser vistos como dois estágios de um movimento cíclico (como o dia e a noite), e, também como dois estágios de

mudança e transformação da matéria (líquido e vapor). Yin sendo mais denso e Yang menos denso.

As relações do Yin e Yang são de: Oposição; Interdependência; Consumo Mútuo; e Inter transformação. Eles se relacionam

com o cosmos e a natureza. Nada é, tudo está em relação a algo.

No quadro 1 a seguir vemos algumas correlações com o Yin e o Yang.


Quadro 1 – Correlações com o Yin e o Yang.

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