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MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

PROFESSOR: MÁRCIO MASSAO TOKURA


I
CHING
A civilização chinesa é uma das mais antigas formações humanas ainda
existentes, remontando seu passado há mais de 5 mil anos. O I Ching teria
sido produzido em uma época mística por um imperador legendário da
China, chamado Fu Xi (Imperador Vermelho), livro das mutações ou
transmutações, foi trazido por uma tartaruga negra e entregue a Fu Xi,
através do seu casco onde estavam gravados os 64 hexagramas e uma
outra lenda diz que o I Ching foi trazido por um cavalo alado e o livro estava
gravado no dorso contendo inúmeros símbolos, sem texto. Esses símbolos
representam o chamado “estágio da mutação”, que são elucidados como
fases da vida e os ciclos da natureza dos seres. A partir de 1150 a.C, o
duque Chou e seu pai, o rei Wên, incluíram textos aos símbolos, pois
consideravam-nos muito difíceis de serem compreendidos, e a escrita seria
a solução para esse caso. Foram acrescentados também apêndices
explicativos pelo filósofo chinês Confúcio.
Essa é a grande tônica do I Ching: a mudança. Não por acaso, ele também
é conhecido como “o livro das mutações”, pois falará que no mundo
manifestado não há absolutos, tudo está em constante movimento. Mas
para entendermos essa ideia é preciso que saibamos minimamente como
essa doutrina filosófica chinesa pensa a própria formação do Universo e
suas leis. Sendo assim, vamos à cosmogonia chinesa. Para os antigos
chineses, o Universo era representado como um grande dragão dourado.
O dragão era um símbolo de força e poder, mostrando assim a grandeza e
valor dos elementos do cosmos; já a cor dourada estava associada
diretamente ao espírito, ao divino. Assim, esse grande dragão dourado era
o princípio universal, a grande potência formadora de todos os aspectos
da matéria e que em sua essência contém todo o espírito universal. É,
portanto, a causa primeira da criação.
A partir desse princípio universal, cria-se a primeira dualidade: os
princípios Yin e Yang. Podemos associá-los a outras oposições como
“céu” e “terra”, “positivo” e “negativo”, mostrando assim a primeira forma
de relação entre essas forças. Dessa maneira, o princípio Yin está
relacionado com a receptividade, é um movimento interior, às vezes tido
como passivo. Já o princípio Yang é o expansivo, é a polaridade ativa e
que tende a caracterizar mais força e ímpeto. É a partir desses dois
princípios que todo o Universo irá tomar forma, pois só há movimento
quando existe dualidade. Na Unidade, quando tudo é Um, não há
movimento, pois tudo já o é. Graças a oposição é que podemos nos
movimentar e, por isso, mudar, desenvolver-se e criar novas relações.
Nesse sentido, o I Ching vai mostrar como essa dualidade manifestada
faz com que possamos nos mover.
Na perspectiva do I Ching, a partir desses dois princípios quando combinados
surgem 4 bigramas, como são chamados. A nível de representação, os antigos
chineses colocaram um traço inteiro ( -) como o princípio Yang e o traço
segmentado (- -) como Yin. Devido a essa forma de representar, é comum
vermos os hexagramas do I Ching como uma série de traços, ora inteiros, ora
segmentados. Mas vamos explicar antes como se formam estas combinações.
Como falamos, do Yin e Yang surgem 4 bigramas. Estes são: positivo-positivo
(duas barras inteiras), negativo-positivo (barra segmentada e barra inteira),
positivo-negativo (barra inteira e barra segmentada) e negativo-negativo (duas
barras segmentadas). Diferentemente da matemática convencional, a ordem
dos bigramas afeta no resultado final, pois a maneira que se combina gera
uma nova forma de energia.
Assim, dos quatro bigramas irão surgir novas combinações. Formam-se então
trigramas e estes, quando combinados entre si, vão gerar novas formações
até chegar ao número 64 hexagrama, ou seja, seis “linhas” que combinadas
formam uma ideia. Para se ter um hexagrama, forma-se dois trigramas, um
superior e outro inferior, como no exemplo abaixo :
Os 64 símbolos
O Livro é constituído essencialmente por 64 símbolos, que revelam
detalhadamente as 64 etapas dos ciclos universais, tais como os santos sábios
observaram no céu e na terra. Traduzidos genericamente por hexagramas (guà,
em chinês), cada um desses símbolos inclui os seguintes textos e elementos:
o ideograma, o nome escrito em chinês, é por si só repleto de significados
simbólicos. Nos exemplos abaixo, Tai é o nome do hexagrama 11, que se traduz
por Paz. Jia Ren é o título do hexagrama 37, traduzido ao português como
Família.
o hexagrama propriamente dito é o símbolo constituído por 6 linhas (inteiras e
cortadas). Ele é a representação abstrata, simbólica, de cada estágio de
transmutação. Recebeu esse nome, nas línguas europeias, por ser constituído de
seis (hexa) linhas. Abaixo, dois exemplos de combinação de linhas inteiras e
quebradas: hexagramas 11 – Paz e 37 – A Família.
- o texto, também chamado julgamento ou oráculo, revela em linguagem
simbólica o significado do hexagrama. O texto tradicional tem poucas frases
e, para ajudar o leitor a traduzir o ensinamento ancestral, vem
acompanhado de comentários e interpretações adicionados no correr dos
séculos.
- a imagem ou símbolo traz uma mensagem adicional, que oferece um
modelo de conduta ou um conselho estratégico para lidar com a situação
indicada pelo hexagrama.
- os textos das linhas, em número de seis, indicam alternativas ou
transformações possíveis das condições retratadas no hexagrama

Por fim, é importante entendermos que o I Ching nasce de uma observação


ativa da natureza, da compreensão dos seres humanos de como o
Universo, em suas expressões, foi manifestado a partir destes princípios.
Logo, conhecer a fundo a doutrina do livro das mutações é, em grande
parte, buscar retornar até a origem do Cosmos e tentar enxergar como
estes princípios são, ao mesmo tempo, o meio e o fim de tudo que está
expressado na existência. O I Ching, portanto, é muito mais que somente
desenhos e uma forma de pensamento, é a própria lei do Universo em
marcha, engendrando todas as forças que a constituem e a mantêm.
 https://www.youtube.com/watch?v=_t42YcyQF18&t=2s

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