Você está na página 1de 4

Estudo de gêneros

Turma Ita/Ime (2023) 1


Prof. Carol Lucena
AULA 02
COMO LER TEXTOS ORIENTADORES?

Texto I
Mulheres ocuparam menos de 10% dos cargos de comando do Congresso nos últimos 20 anos
Apenas Maria do Rosário terá cargo na Mesa Diretora da Câmara; não foram eleitas mulheres para essas posições no
Senado

BRASÍLIA
Nos últimos 20 anos, mulheres ocuparam menos de 10% dos assentos das Mesas Diretoras da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal. Realizada na semana passada, a eleição dos cargos para este biênio elegeu apenas
a deputada Maria do Rosário (PT-RS), que será a 2ª secretária na Câmara. No Senado, não foram eleitas mulheres.

Esse cenário não difere do das últimas dez eleições das Casas.

Levantamento da Folha com dados oficiais do Congresso aponta que dos 121 cargos disponíveis na Câmara nos
últimos 20 anos, apenas 10 foram ocupados por mulheres. No Senado, elas ficaram com apenas 11 dos 121 cargos.

Nenhuma mulher, na história, foi eleita presidente da Câmara ou do Senado.

Fachada do Congresso Nacional, em Brasília - Roque de Sá-13.jan.2022/Agência Senado


Quem chegou mais alto nos postos de comando foram as ex-senadoras Rose de Freitas (ES) e Marta Suplicy (SP),
em 2011. Rose, à época deputada federal, foi 1ª vice-presidente da Câmara. Marta foi 1ª vice do Senado, mas deixou
o cargo no ano seguinte para ser ministra da Cultura no governo Dilma Rousseff (PT).

Na Câmara, o biênio com maior representatividade das parlamentares foi há dois anos, com três mulheres na Mesa
em 2021: Marília Arraes (2º secretária), Rose Modesto (3º secretária) e Rosângela Gomes (4º secretária).

Marília Arraes e Rose Modesto, no entanto, não terminaram o período nos cargos porque trocaram de partido e
perderam as vagas. Elas foram substituídas por Odair Cunha (PT) e Geovânia de Sá (PSDB), respectivamente.

No Senado, 6 dos 11 cargos ocupados por mulheres no período foram de suplentes. O biênio com maior participação
de mulheres foi 2011-2012, com três delas: Marta Suplicy (1ª vice-presidência), Maria do Carmo Alves (3ª suplente) e
Vanessa Grazziotin (4ª suplente).

Embora a decisão final seja no voto, a indicação do parlamentar que vai disputar o cargo normalmente é feita pelo líder
do partido —e de forma já acordada com os demais líderes da Casa.

A participação de mulheres pode ainda subir ligeiramente neste ano com a escolha dos suplentes no Senado, já que
lá apenas os titulares foram definidos até o momento.

Para a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), líder da bancada feminina do Senado, a escolha de mulheres para as
vagas de suplência não resolve nem minimiza o problema, já que as parlamentares só vão assumir os cargos se e
quando os titulares estiverem ausentes.

"Eu tenho muita convicção hoje: a gente não vai avançar sem ser através do sistema de cotas, de uma ação mais
coercitiva para ocupar espaços de poder. [A indicação de mulheres para a Mesa] não vai ocorrer a bel-prazer dos
líderes do Congresso Nacional", afirma.

Como, segundo ela, a situação não vai mudar se depender apenas da vontade dos homens —que estão em ampla
maioria na Câmara e no Senado— é preciso aprovar projetos como a PEC (proposta de emenda à Constituição)
apresentada em 2015 pela deputada Luiza Erundina (PSOL-SP).
Estudo de gêneros
Turma Ita/Ime (2023) 2
Prof. Carol Lucena
O texto garante a representação proporcional de mulheres na composição das Mesas e das comissões. Eliziane Gama
também defende um projeto de sua autoria que estabelece que, a cada eleição com duas vagas para o Senado, uma
delas seja reservada pela chapa a mulheres.

Mesmo com a maior bancada feminina da história do Senado —com 15 das 81 vagas—, as mulheres também não
conseguiram "chegar lá" neste ano. A falta de representatividade foi motivo de reclamação durante a eleição da Mesa
Diretora, após a vitória de Rodrigo Pacheco (PSD).

"Estamos no século 21 e não é mais possível, toda vez em que se tem um processo nesta Casa, uma senadora ter
que se levantar e dizer: presidente, nós existimos!", protestou a senadora Leila Barros (PDT-DF) na sessão do último
dia 2.

Em resposta, Pacheco pediu para que os líderes indiquem senadoras para os cargos de suplência. Para Leila, o apelo
do presidente mostra que o machismo ainda está enraizado no Congresso Nacional —e que o processo de mudança
será árduo.

"O Brasil ainda está muito atrasado com relação à igualdade entre homens e mulheres. Nós estamos vivendo um
processo de mudança que começou em 1979, com a posse da primeira senadora eleita, Eunice Michiles. De lá para
cá, conquistamos espaços, mas o Brasil ainda é uma nação machista", diz.

Única mulher na Mesa Diretora da Câmara desse biênio, Maria do Rosário diz que é preciso realizar mudanças legais
para alterar esse cenário, como aplicação de um critério crescente de cotas para alcançar a paridade de gênero, e que
o tema seja discutido na sociedade "como elemento constitutivo da democracia".

Ela será a 2ª secretária, cargo responsável pelas relações internacionais da Casa com as embaixadas e o Ministério
das Relações Exteriores, auxiliando na emissão dos passaportes diplomáticos, passaportes oficiais e vistos para
missão oficial concedidos a parlamentares e servidores.

Para a parlamentar, é preciso aumentar muito o número de mulheres na representação política "para que sejamos
vistas igualmente como capazes e confiáveis para o exercício de cargos de poder".

"Vemos que no Judiciário as mulheres obtiveram esse avanço, porque o acesso é por critérios mais técnicos do que
políticos e culturais. Por isso é preciso superar as visões de gênero na própria sociedade, elegendo mais mulheres, e
reunir forças para promover sua ascensão nestas instâncias políticas", diz.

Para Flávia Biroli, professora do Instituto de Ciência Política da UnB, a sub-representação de mulheres nos cargos das
Mesas Diretoras é um efeito da falta de representatividade delas nas próprias Casas.

"Mulheres têm dificuldades para se eleger e, uma vez eleitas, são mantidas em posições periféricas do ponto de vista
das hierarquias internas das Casas. O que é necessário para uma mulher ocupar um espaço de destaque não é o
mesmo que é necessário para os homens."

Ela afirma que isso passa pelos partidos políticos —e defende a adoção de um mecanismo de cotas. "Se não tiver
reserva e cotas os partidos seguem com as mesmas práticas. O que muda é quando tem uma regulamentação", diz
Biroli.

Desde os anos 90, cotas eleitorais de gênero e raça surgiram visando elevar a participação feminina e de negros na
política. Apesar de serem maioria na sociedade, são minoria no Legislativo e no Executivo. Em 2022, por exemplo, dos
513 deputados federais eleitos, 422 eram homens.

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/02/mulheres-ocuparam-menos-de-10-dos-cargos-de-comando-do-
congresso-nos-ultimos-20-anos.shtml?origin=folha

comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.

1. MARCELO GALVAO DE OLIVEIRA

Ontem às 19h04

Existe alguma lei impedindo mulheres de ocupar cargos de liderança? O eleitorado feminino poderia eleger
mais representantes. Porque não o faz?
Estudo de gêneros
Turma Ita/Ime (2023) 3
Prof. Carol Lucena
Texto II

https://www.jorgesoutomaior.com/blog/a-contrarreforma-na-perspectiva-da-mulher-trabalhadora-quando-reformar-
significa-precarizar

Texto III

http://sindae.org.br/noticias/6-de-setembro-dia-internacional-de-acao-pela-igualdade-da-mulher/

Texto IV

Ai Que Saudades da Amélia


Canção de Ataulfo Alves

Nunca vi fazer tanta exigência Amélia não tinha a menor vaidade


Nem fazer o que você me faz Amélia é que era a mulher de verdade
Você não sabe o que é consciência É você só pensa em luxo e riqueza
Não vê que eu sou um pobre rapaz? Tudo o que você tem você quer

Você só pensa em luxo e riqueza Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Tudo o que você vê você quer Aquilo sim é que era mulher
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia Amélia não tinha a menor vaidade
Aquilo sim é que era mulher Amélia é que era a mulher de verdade

Às vezes passava fome ao meu lado Amélia não tinha a menor vaidade
E achava bonito não ter o que comer Amélia é que era a mulher de verdade
Quando me via contrariado Fonte: Musixmatch
Dizia: Meu filho, o que se há de fazer?
Compositores: Ataulpho Alves / Mario Lago
Letra de Ai Que Saudades da Amélia ©
Estudo de gêneros
Turma Ita/Ime (2023) 4
Prof. Carol Lucena
Texto V

A liberdade guiando o povo,

de Eugène Delacroix (1789-1863)

Pintura que retrata a Revolução de 1830, importante acontecimento histórico ocorrido na França no mesmo ano em
que a obra foi realizada. O trabalho, cujo nome original é La Liberté guidant le peuple, pertencente ao período do
Romantismo, é um óleo sobre tela com grandes dimensões de 2,6 m x 3,25 m e pode ser visto no Museu do Louvre,
em Paris, na França.

https://www.culturagenial.com/a-liberdade-guiando-o-povo-de-eugene-delacroix/

Você também pode gostar