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Niklas Luhmann - Introdução e Biografia

Niklas Luhmann (8/12/1927 – 6/11/1998) sociólogo e filósofo alemão. Um dos


maiores expoentes da sociologia alemã do século XX, Luhmann desenvolveu à
sociedade a teoria geral dos sistemas sociais.

Em 1943 ele foi recrutado para a Força Aérea Nazista. Em setembro de 1946,
ele foi libertado de um campo de prisioneiros dos aliados, onde esteve preso. Logo
em seguida entrou para a faculdade de Direito na Alemanha e em 1949 ele obteve
seu diploma de direito na Universidade de Freiburg, e logo depois começou a
exercer a advocacia.

Ele inicialmente trabalhou no Tribunal Superior Administrativo de Lüneburg


lidando com o sistema de arquivamento de decisões do tribunal e mais tarde tornou-
se um funcionário público no Ministério da Educação e Cultura da Baixa Saxônia,
onde participou de um dos projetos de reconstrução do pós-guerra destinados a
estudar sistemas de compensação por injustiças perpetradas durante o período
nazista.

Sua formação teórica foi influenciada tanto por essas leituras quanto por sua
participação, como funcionário público, nas atividades de reconstrução pós-guerra
da Alemanha.

Em 1960 casou-se com Úrsula Von Walter. Durante os anos sessenta, as


tarefas administrativas confiadas a ele começaram a abordar seus interesses
intelectuais. Passou um ano (1960 - 1961) nos Estados Unidos em Harvard para
estudar a Teoria dos Sistemas com Talcott Parsons. Pouco depois de seu retorno à
Alemanha, ele começou sua atividade acadêmica, juntando-se à Faculdade da
Escola de Ciências Administrativas em Spira.

Nestes anos, Luhmann começou a refletir sobre o refinamento da teoria de


Talcott Parsons à luz dos avanços nos campos da cibernética e biologia. Em 1966,
após estudar sociologia por um semestre, obteve um doutorado na Universidade de
Münster. Dois de seus livros já publicados foram aceitos como teses de doutorado e
como volume válido para a qualificação docente. O professor Luhmann começou
assim em 1968, a convite de Helmut Schelsky, sua atividade de ensino na
Faculdade de Sociologia da recém-formada Universidade de Bielefeld.

A partir do início dos anos 80, Luhmann desenvolveu uma relação especial
com o sul da Itália e Raffaele De Giorgi, que culminou na publicação da Teoria della
Società, e no estabelecimento em 1988 do Centro de Estudos de Risco da
Universidade de Salento. A bibliografia completa de Luhmann inclui 40 livros e 350
artigos científicos escritos em seus quarenta anos de carreira. A razão para tais
mentiras prolíficas - como o próprio Luhmann sempre argumentou - no arquivo de
referências cruzadas a cuja organização e reorganização ele alegou dedicar mais
tempo do que escrever os próprios livros. Somente após sua aposentadoria formal e
a concessão do status de professor emérito ele encontrou tempo para publicar o
compêndio de sua teoria nos volumes de Die Gesellschaft der Gesellschaft (1997).

Em 6 de novembro do ano seguinte, pouco antes de seu aniversário de 71


anos, Niklas Luhmann morreu de um tumor. Embora o diagnóstico oficial tenha sido
o do câncer, muitas fontes diretas dizem que o próprio Luhmann estava longe de
estar convencido disso. Ele considerou a possibilidade de que a causa de sua
doença foi devido a um vírus tropical contraído durante uma viagem anos antes ao
Cairo, no Egito. No entanto, parece que o Instituto Tropical de Hamburgo, ao final de
um check-up, não conseguiu identificar esse suposto vírus.
Uma breve introdução a Teoria Geral dos Sistemas

A criação intelectual de Luhmann consiste em ter aplicado à sociedade a teoria


geral dos sistemas, que deve ser distinguida da teoria dos sistemas sociais de
Talcott Parsons. Luhmann parte da premissa de que os elementos primários e
únicos de qualquer sistema social não são os principais agentes, ou seja, os
homens, mas os efeitos da comunicação, ou seja, as comunicações que produzem
outra comunicação. Sem comunicação não há forma de sistema social, na verdade o
fechamento operacional do sistema social é operado precisamente no conceito de
comunicação. Tudo no sistema social é única e exclusivamente comunicação.

Um sistema social é capaz de ser constituído, reconstituído, mas sobretudo de


autogestão (autopoiesis). Isso só é possível através da comunicação perene.
Luhmann ressalta que o homem não pode ser considerado tal sistema, pois na
realidade ele representa outro tipo de sistema mais complexo; o sistema psicológico
(consciência), que ao contrário do primeiro é capaz de pensar. Os sistemas sociais,
por outro lado, não pensam, mas agem, na forma de: segundo Luhmann, a
observação sociológica contém um elemento problemático.

Ele alcança o que é descrito porque a observação em si é parte do objeto que


pretende descrever. Como parte da sociedade, a observação deve conter um
componente autológico (também deve descrever-se sob a forma de auto-
observação). Luhmann radicaliza o conceito de comunicação. E define-a como uma
unidade ou síntese de três seleções: emissão (Mitteilung), informação e
compreensão (esta última entendida como observação da diferença das duas
seleções anteriores). Irreverente também esse conceito que o define como uma
forma de reduzir a complexidade da realidade: ou seja, que o ato epistemológico e
permite reduzir a (também) grande variedade de opções em que você pode "se
perder ou se distrair", e isso deve ajudar a focar na essência do objeto teórico do
pensamento.

Características dos Sistemas

Para Luhmann há quatro tipos de sistemas: não-vivos, vivos, psíquicos e


Sociais:

- Não-vivos: incapazes de produzirem a si mesmos, dependem do ambiente


para se manter, logo, não são autopoiéticos;

- Vivos: Operações basais. Sua função é manter o sistema vivo – Ex: corpo
humano;

- Psíquicos; é a consciência. É composto de pensamentos – ele mesmo


reproduz seu elemento;

- Social: composto de comunicação. Todos os sistemas sociais formam a


sociedade.

É o mais importante, visto que a intenção do autor era elaborar uma teoria
geral da sociedade.

Dentro do sistema social, que é o foco, existem subsistemas, onde um


influencia o outro.

Esses três últimos sistemas, além de autopoiéticos, são também


autorreferentes e operacionalmente fechados.

- Do grego, auto quer dizer “mesmo” e poien significa “produzir”. Pode-se dizer
que um sistema é autopoiético quando ele produz sua própria estrutura e todos os
elementos que o compõem, incluindo o último elemento não mais passível de
decomposição que, no caso dos sistemas sociais, é a comunicação e dos sistemas
psíquicos é o pensamento.

Um sistema torna-se um sistema ao tentar diminuir a complexidade do


ambiente.

Irritação

A evolução do sistema acontece através da irritação que um ambiente


consegue causar (que faz parte do sistema). Irritações são diferenciações e
comparações com estruturas internas aos sistemas. Tudo o que chama a atenção
do sistema é uma irritação.

- O passo seguinte seria, então, a seleção de elementos, de acordo com o


sentido atribuído pelo sistema (não pelo ambiente) a tais elementos. Algo que não
faz sentido hoje, pode fazer amanhã, então não é descartado, apenas armazenado;

- Ao invés de limites territoriais ou materiais, o sistema tem limites de sentido.

Não é o ambiente que tem o poder de irritar, o sistema que seleciona de acordo
com seus critérios, as possibilidades que estão à disposição no entorno - Um
mesmo elemento pode ser selecionado por sistemas diversos.

Diferença entre sistema e ambiente

O sistema deve se adaptar a uma dupla complexidade: a do ambiente e a dele


mesmo. O sistema tem a necessidade de se diferenciar do ambiente, através das
irritações, com novas possibilidades sempre, senão seria apenas a mesma coisa.

O sistema precisa se preocupar em diminuir a complexidade do ambiente,


senão seria diluído em caos pelas inúmeras possibilidades. E não pode selecionar
tudo, senão seria idêntico ao ambiente.

Comunicação

A teoria sistêmica de Luhmann enfatiza os sistemas autopoiéticos, ou seja, os


sistemas vivos, psíquicos e sociais. Um do seu principal sistema é a comunicação,
para Luhmann a comunicação vive sofrendo diversas mudanças principalmente
quando são transmitidas, para ele a sociedade é formada de comunicação de não
por pessoas, as vezes uma mensagem é transmitida para um ouvinte mais nem
sempre ela chega de acordo com o sentido a ser passado, claramente não há uma
comunicação sem seres humanos., nem sempre participam, mas causam
comunicação.

Para que haja essa conversa é preciso haver duas consciências, o Ego e o
Alter. Primeiramente é o ego que tem que verbalizar uma mensagem e pensar como
pode transmitir da melhor maneira para que haja entendimento do Alter. Já o Alter
tem a tarefa de entender e capitar a informações passadas pelo ego, nem sempre a
mensagem passada consegue ser completamente entregue causada por irritações.
Sendo assim, temos que a comunicação é dividida em 3 sínteses:

*seleção de uma informação;

*seleção de um dar a conhecer;


* A seleção de um entender a diferença entre informação e mensagem.

Para Luhmman a comunicação que possa existir é interna ao sistema em que


vivemos ‘’sistema social’’. No ambiente em que estamos não há a conversa, mas
pode se servir de assunto para haver uma comunicação. Mesmo sendo emitida de
forma incompreensível onde o receptor não consiga compreender, é uma
comunicação, não chega ser necessariamente sempre uma compreensão do
receptor para haver a comunicação. O sistema não importa a informação, porque as
vezes precisa se reformular por conta da presença da comunicação, uma ideia pode
ser formada quando a comunicação passada chega a ser entendida. Luhmman
entendia que quando o provável não acontece, e surge uma diferença, faz com que
o sistema mude seu modo de raciocínio, por conta de serem coisas novas, fazendo
assim novamente repensar seu ponto de lógica, podendo se dizer que a informação
é uma diferença, por conta de sofrer constantes alterações em seus contextos, as
vezes a informação de um aumento do produto desejado, passar a não ser mais
desejado pela informação passada. Nem sempre a informação de um sistema é a
mesma do outro.

As pessoas não fazem parte da sociedade, elas estão entorno dela, sem
comunicação não há uma sociedade, a linguagem aumenta a irritabilidade da
consciência através da comunicação, e a irritabilidade da sociedade através da
consciência. Normalmente o aumento da capacidade de difusão da mensagem leva
ao aumento de destinatários. As vezes nem sempre entender é aceitar. Isto significa
que entender não implica evolução social que o autor considera a única que é
socialmente pertinente e por isso produzida pelos sistemas sociais.

Relacionando o sistema político e a sociedade


O sistema social global autodiferencia-se em subsistemas tais como o direito, a
ciência, a religião e a política.

Ao contrário do que se possa imaginar, um Estado não corresponde a um


sistema político, e sim a um subsistema de um único sistema político existente no
sistema social global.

O sistema político aumentou sua complexidade interna, autodiferenciando-se


em subsistemas que são os Estados, e cada um desses também autodiferenciaram-
se em outros subsistemas, como a União, os Estados e os Municípios.

Os limites do sistema político, portanto, não são territoriais, mas determinados


por uma rede de comunicações que versa sobre temas relacionados com a função
do sistema.

O governo representa quem detém cargos políticos e governa quem exerce o


poder e, através dele, emite decisões coletivamente vinculantes. A oposição
representa quem não detém, mas almeja, cargos políticos e o poder, e para isso
estabelece estratégias diversas das implementadas pelo governo.

Por um lado, a oposição aponta alternativas ao programa do governo, tentando


substituí-lo, por ocasião das eleições, e por outro, o governo empenha esforços para
manter-se no poder.

No caso do sistema político, essa complexidade pode ser comparada ao


Leviatã imaginado por Tomas Hobbes, no qual todos são contra todos, cada um é
movido por suas paixões, e impera o caos.
Pois bem, o sistema político reduz a complexidade do ambiente, ou seja,
mantém uma ordem na sociedade, uma vez que suas decisões são obedecidas por
todos. Para que essas comunicações tenham maior probabilidade de aceitação, o
sistema político utiliza um meio de comunicação simbolicamente generalizado que é
o poder.

Entender não significa captar exatamente a realidade objetiva da informação,


significa distinguir a emissão e informação como seleções distintas. Baraldi (1996,
p.106) os exemplifica: “Ego aceita a afirmação de Alter de que a Terra gira ao redor
do sol porque é uma verdade científica, aceita um pedido extravagante por parte de
Alter porque o ama, aceita a ordem de Alter de pagar uma multa porque Alter detém
poder”. Cabe salientar que nem todas as comunicações do sistema político baseiam-
se no poder, os debates acerca de um projeto de lei no parlamento, por exemplo,
são comunicações que não envolvem esse meio de comunicação simbolicamente
generalizado.

A eventual emenda a algum projeto de lei não configura em uma decisão


coletivamente vinculante, prescindindo da aceitação do ambiente, sendo, portanto,
desnecessário o uso do poder. Assim como as decisões políticas podem ser aceitas
ou recusadas pelo ambiente, também o sistema político pode aceitar ou recusar
comunicações do ambiente (dos sistemas que fazem parte dele).

Segundo Esteves (1993), “o que o código não tolera é um ‘terceiro fator’, isto é,
tudo aquilo que escapa à bipolaridade do próprio código constitui, para o sistema,
ruído”. Desse modo, o sistema político vai selecionar no ambiente somente as
informações que sirvam para manter o governo no poder, ou seja, que sirvam para
que o ambiente continue obedecendo às decisões políticas.
Fechamento Operacional

O ambiente não pode operar no sistema, nem o sistema pode operar no


ambiente. A observação, a irritação, a seleção e a informação são consideradas
operações internas do sistema – o ambiente não participa desse processo.

“Porque o sistema nunca chegaria a construir sua própria complexidade e o


seu próprio saber se fosse confundido com o ambiente” (LUHMANN, 1997, p. 44).

Esse fechamento é condição para o conhecimento. Conhecer é designar algo


como isto e não aquilo. Todo o resto não designado remanesce no ambiente.

O conhecimento é possível justamente pela falta de contato entre o ambiente e


o sistema – não há interferência do ambiente.

Unip

1°Período Direito

Prof.ª Carolina Pontes

Alunos participantes do trabalho: Gabrielly Dantas RA N84856-1, Júlia Caroline


RA N738FD-8, Flávio Henrique RA T14950-9, Richard Peterson RA T084DE-0

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