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POESIA ANTIRRACISTA

PRETO MICHEL
POESIA ANTIRRACISTA
PRETO MICHEL
PROJETO GRÁFICO
Letras Periféricas
Resid. Parque Yara Alameda 05 Nº 103
Tapanã - Belém - PA CEP: 66820-000
CNPJ 31.529.495/0001-74
E-mail: seloletrasperifericas@gmail.com (91) 984978776

EditoraLetrasPerifericas

Michel, Preto
Lutar e Resistir, Preto Michel – 1ª Edição –
Letras Periféricas – 2022

Poesias

1. Poesias 2. Poesia Periférica 4. Preto Michel.


5. Letras Periféricas

Revisão
Valda Maria
Capa e Ilustração
Michel Sarmento
POESIA ANTIRRACISTA

PRETO MICHEL

BELÉM - PA
2022
Poesias Antirracistas
Apresentação
Eu sou neguinho sim, sou preto
com muito amor
Daqueles que olha no espelho e acha
foda sua cor
Não nasci pra tá chamando ninguém de
doutor
A minha meta é levantar a cada irmão
que tombou

Demorou ai, o mundo é nosso neguinho


Eu quero é tudo como quem não quer
nada e no sapatinho
Eu vou chegando de mansinho sei que eu
não tô sozinho
Me esquivando da ilusão pra não ficar
pelo caminho

Sou neguinho sim, então vê se num dá


pala
Chega de falar que meu lugar é na
senzala
Te cala, se liga agora no que o preto
fala
O cheiro da revolta quilombola aqui
exala
Sei que você odeia o estilo do gueto

Mas hoje vai ter que fingir que gosta


de preto
Diz que acha foda o meu cabelo duro
Diz que adora meus pano e os graffiti no
muro....

Pelé do Manifesto
A ESCUTA E a ORALIDADE
É ANCESTRAL
A PALAVRA SE FEZ ARMA
A POESIA PARA NOSSO
POVO FEZ MORADA
E A HISTÓRIA DOS NOSSOS
ANCESTRAIS SERão DECLAMADAs
PRETO MICHEL
LUTAR
Não chora preta
Quero ver o sorriso
No teu rosto
O brilho lindo
Que eu gosto
Que fortalece
O meu caminhar.

8
Chora não
Nega
Serão dias
De resistência
Luta
É a nossa fortaleza
Somos fortes
Temos uns aos outros
unifica a coletividade

9
A força
Do nosso povo
Vem de muito
Longe
Com a nossa
Ancestralidade
Somos
Pretas
Pretos
Pretes
Um olhar
Sereno
De responsabilidade
Que a poesia
Negra
Periférica
Seja
Nossa
Arma de
Liberdade.

10
Sorriso Negro

A periferia
amanhece
hoje não tem
morte
nem doença
ninguém amanheceu
com febre..

11
O céu ta lindo
Eu vejo alegria
Na cara dos
Moleques

Sorrisos
E a felicidade
De viver
Vencer
Os desaos
De uma sociedade

12
Que em parte
Legítima
Fortalece
A cultura
Da crueldade

Que na periferia
Só tem coisa
Feia
Matança
E maldade

13
Não conhecem
O quanto é
Belo
As quebradas
As cantorias
A criançada
A mulecada

Que nas baixadas


Acordam todos
Os dias
Com suas almas
Abençoadas.

14
O PODER
DE UM
OLHAR

15
QUE TEM A AUTOESTIMA
ELEVADA
O SER PRETO
PRETA
CONSCIÊNCIA
AFIADA

16
17
18
Periferia
Gueto
Viela
ponte
Baixada

19
Orgulho
autoestima
Resiliência
Ubuntu
Irmandade

20
Ogum
exu
OXALÁ
SÃO JORGE
SEU ZÉ

21
Samba
rap
REGGAE
CARIMBÓ
BREGA

22
Maniçoba
tacacá
PATO NO TUCUPÍ
CAÇÃO
ACARAJÉ

23
A Literatura
Negra
Que liberta
Consciência
Inteligência

24
25
Cruel Realidade
Não vejo felicidade
Quando encontro uma
criança
Pedindo dinheiro no sinal
Ou dormindo na rua
Coberta com jornal
Não vejo felicidade
Vendo criança descalça
No afasto quente

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Com roupa rasgada
E seus pais
Fumando crack
Ou porre de cachaça
e água ardente
O que fazer o que
pensar
Dar logo um Real
Talvez pode amenizar
Será ?

27
Qual será o problema
Miséria
Fome
Ou falta de lugar para morar!
Qualquer resposta
Não pode maquiar !

28
Uma resposta o poder público
Precisar me dar
Um lugar pra morar
Um lugar pra estudar
Lazer, brincar
Uma clinica para seus
Pais se tratar

29
Não vejo felicidade
Quando poucas crianças
Brincam no chafariz da
cidade
Nas esquinas
Crianças sendo violadas
Sem seus direitos
Sem sua dignidade.

30
31
Toque de Recolher

O toque de recolher
Foi anunciado
Todo mundo em silêncio
Todo mundo trancado

32
Mãe triste chorando
Corações destroçados
Nos grupos do Whatsapp
O povo anuncia
Já mataram 3
Na ocupação da Olaria

33
Já passa das 21:00
E meus filhos na rua
Eu pegada na oração
Minha mãe manda mensagem:
Tenha fé em DEUS e não se
preocupa não

34
Vento, chuva
O silencio é perturbador
Nas mensagens mais 3
mortos
No Conjunto Salvador
Não sei como começou
Essa guerra
Só sei quem atira tem um
alvo certo e nunca erra

35
Culpados ou inocentes
Para eles não tem perdão
Na manhã seguinte
Cartuchos no chão
sangue no portão

Desesperada não consigo


Me controlar
São Jorge Ogum
Tragam meus filhos tá na
hora de chegar
Um barulho na porta
aumentou o pavor
Mãe somos nos
Viemos de carona
com o vovô

36
O toque de recolher foi
anunciado
Se existe uma guerra
Somos nós os sentenciados
Presos em uma sela de madeira
Culpados de um crime
Que não cometemos
Mas porque somos favelados
Fomos sentenciados a viver
trancados
No silêncio angustiado
E a qualquer momento uma
desgraça anunciar
Em todo caso
É melhor ficar em casa com a
família
Esperando o próximo capitúlo
Da insegurança e do descaso.

37
38
39
Civilidade

Eles me cobram
Civilidade
Mas me xigam de preto
Sujo ladrão
Me chama de covarde
Fazem piadas com a cor
Cabelo e o narigão
Fazem piadas
Com a doença da minha mãe
E minha família
do meu corpão

40
Agora querem que eu
Seja educado, civilizado
Que eu respeite no dia à dia
Os preconceituosos e racistas
E querem que fiquemos calado
Ora civilizado
Vão pra casa do caralho !

41
Tenho que aturar calado
Há muito tempo sendo
Humilhado
E na hora de explodir
Sou cobrado, censurado
E ainda tenho Que pedir desculpas
Chorar e dizer que sou retardado
Ei vai se tratar
E prometer que de violência
Nunca mais vou usar
Só para legitimar

42
Os racistas que fazem piadas
Para você civilizado ri e se alegrar.
Nesse mundo racista
Não temos direito
De defender nossa dignidade
Defender nosso povo
Da crueldade disfarçada de civilidade

43
Quando eles querem
Os pretos são prioridades
Na hora da piada
Esculacho
Humilhação
Acusação
Nas risadas, nas sacadas
Então

44
Por favor não peça civilidade
Quando eu for defender
Minha cor
Minha auto estima
Minha família
Minha ancestralidade.

45
46
Minha Voz
Minha voz
Eu uso para dizer
O que está
Guardado
Calado
Quebrado
Enquadrado
Nas palavras
Do quadro
Do quarto

47
A madeira
A penteadeira
A chuva
O pingo da goteira
Da solidão
Que foge da cegueira

48
Ao nascer do dia
Ter força para lutar
A voz que declama
Pro meu povo escutar
Palavras de vitória
E a guerra sabemos
Que vamos ganhar.

49
SUSPEITO
Eles pensaram
Que a corrida
Para um abraço
Seria mais assalto
No meio dia de verão
Em pleno asfalto
Mãos pra cima
Ladrão

50
Mãos pra cima
Ladrão
Porque tu estas correndo?
Cala a tua boca
Não quero ouvir explicação
Suspeitos
Por ser preto
Nem pude abraça-la
Também ia ajudar a
carrega
A sua mala

51
Depois de 2 horas de
constrangimentos
O Pela fala:
- Se safou dessa hein...
NEGUINHO
Na próxima não vai ter
advogado
Nem vai ter esse teu
chorinho..

52
52
54
DESCONTO

A vida nem sempre te dá


descontos
Ela te mostra desafios
Te mostra as amarras
E cria seus próprios monstros
Ela também
Te mostra aprendizados
Para nossos pretos
Um dia de vitória
Outro de descaso

55
A vida nem sempre te dá
descontos
A vida do preto no Brasil
É ter comida
Outro dia
Ter trabalho
Essa é a meta
INFELIZMENTE
A vida não dá
Desconto..
Para alguns muito
Corres
Outros o privilégio
De viver de sonhos

56
Identidade

Não queremos armas


Não queremos esmolas
Queremos educação
Queremos escolas
56
QUEREMOS SER CHAMADOS
PELO NOSSOS NOMES
O PRIMEIRO DA IDENTIDADE
OU PELO PRONOME

58
SUJEITO HOMEM
OU MULHER
QUE RESPEITE MEU AXÉ
DO POVO DA RUA
DOS ORIXÁS E CANDOmBLÉ
57
MINHA DIGNIDADE
ESCRITA NO DIA À DIA
NOS CONTOS
DAS QUEBRADAS
INSPIRADAS NA POESIA
60
Malcolm X
Falou

61
Dr. KING
Profetizou

62
ANGELA DAVIS
IA ATIÇAR

63
Lu
64
tar
61
e
FORA BOZO

66
re
61
sis
68
t ir

61
Letras Periféricas
Resid. Parque Yara Alameda 05 Nº 103
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