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Faculdade Integral Cantareira

Cultivo de Tulipa

Elisa de Carvalho - 8º sem.


Prof. º Takane
São Paulo, 04 de novembro de 2004

O CULTIVO DA TULIPA

1. ORIGEM

A tulipa é originária principalmente da área mediterrânea e do nordeste asiático,


embora a maioria das variedades cultivadas atualmente procede das regiões montanhosas
da Ásia Menor, Pérsia, Cáucaso e Turquistão. As primeiras sementes de tulipa chegaram
na Europa no final do século XVI, procedentes da Turquia.
O nome tulipa vem da palavra "dulban", que significa em turco turbante, fazendo
referência à semelhança de formato.
O botânico Carolus Clusius iniciou ou cultivo da tulipa no jardim botânico de
Leiden (Holanda), a partir de sementes e de bulbos enviados da Turquia.

2. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA.

Devido às exigências agroecológicas específicas da tulipa, a produção de seus


bulbos está limitada a escassas regiões do mundo.
A Holanda é a líder absoluta nesta atividade por causa das condições climáticas e
de um excelente perfil comercial. Não só conta com mais de 55% da área cultivada no
mundo (mais de 10.000 hectares), mas também é a moderadora do intercâmbio comercial.
Trata-se do único país capaz de criar uma organização baseada principalmente em:
1. - Controle do material vegetal, como conseqüência da especialização, pesquisa e
desenvolvimento tecnológico.
2. - Estabelecimento de grandes superfícies dedicadas à produção de bulbos.
3. - Consolidação de uma estrutura comercial que distribui ou produto através de licitações
e de numerosos exportadores.
Seus concorrentes no cultivo da tulipa são: Grã Bretanha, Estados Unidos, Japão,
Polônia e França.
Austrália e Chile são os principais produtores de tulipa do Hemisfério Sul, muitos
dos quais foram criados pelos próprios produtores e empresários holandeses. Devido à
defasagem produtiva com ou Hemisfério Norte, a Austrália e ou Chile produzem tulipas
quando esta está em recesso (entressafra), fundamentalmente por causa da disponibilidade
de terras e do clima aptos para seu desenvolvimento.

3. TAXONOMIA E MORFOLOGIA

Família: Liliáceas.
Espécies: Tulipa gesneriana, de origem oriental, e Tulipa suaveolens, originária do
sul da Europa.
Planta: planta bulbosa de constituição herbácea e vivaz, com um curto período de
floração, normalmente na primavera e de bulbos tunicados.
Bulbo: é ou órgão de reserva e multiplicação, formado por um talo axial, curto e
carnoso e cuja parte inferior se denomina placa basal, e uma superior ou ápice que envolve
um meristema recoberto com escamas grossas, situado no eixo do bulbo que dará origem
ao ou talo aéreo. uma das principais características do bulbo são as escamas exteriores
secas chamadas "túnicas", cuja função é defendê-la contra lesões mecânicas e ou
ressecamento. As escamas interiores são carnosas, denominadas "lâminas", distribuídas em
capas contíguas e concêntricas, cuja função é armazenar as substâncias de reserva.
Folhas: folhas escassas, de cor verde a verde acinzentado, carnosas, de linear-
lanceoladas a largo ovaladas que carecem de pecíolo e nascem da parte baixa da planta,
decrescendo em tamanho até a parte superior do talo. A lâmina foliar é simples, inteiriça e
com nervuras paralelas.
Flores: geralmente solitárias, orientadas para cima, mais ou menos oblongas,
podendo ter pétalas duplas ou simples, dispostas em forma de cálice e geralmente em
número de seis, com uma ampla gama de coloridos. Perianto de seis segmentos livres
dispostos em dois verticilos, androceu com seis estames e estigma trilobado.
Fruto: é uma cápsula esférica ou elipsóide de três valvas eretas, contendo
numerosas sementes planas.
Ciclo da tulipa:
1.-Fase vegetativa: crescimento dos bulbos até chegar ao tamanho adequado para
florescer.
2.-Fase reprodutiva: esta fase compreende: indução floral, diferenciação das partes
florais, alargamento do talo floral e floração.

4. REQUISITOS EDAFOCLIMÁTICOS

4.1. Luz.
Não se considera um fator restritivo, já que para seu ótimo desenvolvimento requer
um baixo nível de iluminação.
O componente de cor azul nas lâmpadas fluorescentes de luz branca é
indispensável para conseguir uma boa formação das flores.
Em zonas com alta incidência de luz e temperaturas altas ocorre um adiantamento
da floração em detrimento da largura dos ramos, o que pode ser minimizado com o uso de
sombrites.

4.2. Temperatura.
É uma espécie que resiste às baixas temperaturas, sendo sensível a condições de
calor. Períodos com altas temperaturas produzem uma floração rápida com uma altura
deficiente.
A temperatura do solo tem incidência direta sobre a duração do cultivo, verificou-
se que temperaturas entre 13 e 16ºC são ótimas para o desenvolvimento da tulipa. Essas
temperaturas aumentam a possibilidade de ataque de Fusarium oxysporum.

4.3. Umidade relativa.


Requer um nível elevado de umidade, mas que devem superar 85%, para evitar a
incidência de ataques de fungos como o Botrytis tulipae.
Ambientes com baixa umidade provocam queimaduras nas folhas e perdas
excessivas de água da planta que resultam em talos murchos e pouco rígidos, diminuindo a
qualidade das flores.
Recomenda-se a colocação de uma cobertura vegetal (palha, acículas de pinheiro...)
para manter a umidade e diminuir as oscilações térmicas do solo. Também se pode
acrescentar uma camada superficial de areia sobre as bancadas do cultivo para manter a
umidade do solo.

4.4. Solo
Embora não seja uma espécie exigente, os solos soltos, fofos e ricos em matéria
orgânica lhe são favoráveis.
O pH ideal é entre 6.5 e 7.5, com uma profundidade efetiva de 20 cm.
Deve-se levar em consideração que as tulipas são muito sensíveis a concentrações
muito elevadas de sal no solo.

5. CLASSIFICAÇÃO HORTÍCOLA

Foi realizada a partir das classificação proposta pela Associação Real de


cultivadores de bulbos holandeses.

5.1. Tulipas botânicas: (espécies ainda cultivadas).


-Tulipa kaufmanniana: 20 cm; cores muito vivas (vermelha, amarela, branca);
folhas às vezes com manchas escuras. Ex.: "Shakespeare".
-T. fosteriana: 30 cm; muito precoce; flor muito grande; cores muito vivas; folhas
grandes. Ex.: "Mme Lefeber".
-T. greigii: 30 cm; muito precoce; flor muito grande; folhas com manchas escuras.
Ex.:"Petit chaperon rouge".

5.2. Tulipas hortícolas: (originadas por hibridação).


*Precoces:
-Simples precoces: de 20 a 40 cm.
-Duplas precoces: de 20 a 40 cm.
Ex.: "Ibis" (simples); "Mr Van der Hoef" (dupla).
*Semi-precoces:
-Híbridas de Darwin: 50 -70 cm; floração em meados de abril. Ex.: "Apeldoorn", "Golden
Apeldoorn".
-Simples tardias: (Darwin e Cottage): 50-80 cm; Ex.: "Cantor", "Renown", "Daycom",
"Scheepers".
-Flor de lis: 50 cm; peças florais pontiagudas e largas. Ex.: "Aladin".
*Tardias:
-Perroquet: 50-60 cm; flores cortadas em franjas; flor grande. Ex.: "Texas Gold".
-Duplas tardias: 40-50 cm; flor muito volumosa. Ex.: "Symphonie".

Apeldoorn Golden Apeldoorn Double Apeldoorn

6. TIPOS DE CULTIVO.

Distinguem-se 5 tipos de cultivos:


-A partir de bulbilhos: para a produção de bulbos (bulbo-cultivo ou cultivo de
crescimento).
-A partir do bulbo comercializado:
Para flor cortada ao ar livre.
Para o forçado.
Produção mista de Midi.
Para a decoração de maciços florais.

6.1. Produção de bulbos.


Requer um solo bem drenado, não compactado e isento de pedras. O pH deve estar
em torno de 6 - 7.5, com um nível de água próximo da superfície do solo (40-60 cm) e um
material apropriado. As áreas ricas em húmus e os aluviões arenosos são favoráveis para
este tipo de cultivo.
O plano geral de cultivo a partir dos bulbilhos é o seguinte:
*Primeiro ano: a plantação de bulbilhos ocorre em solos arenosos com 30 cm entre
as linhas e de 1 a 2 cm de distância na linha ou em camalhões com duas linhas paralelas (1
a 2 cm em quincunce).
Às vezes a plantação se realiza em malhas que facilitam a colheita dos bulbos.
Ocorre no outono, quando a temperatura do solo é inferior a 12ºC, evitando assim o
desenvolvimento de Fusarium.
O diâmetro dos bulbos colhidos oscila entre 6-8, 8-10.
*Segundo ano: se realiza a plantação dos bulbos colhidos no primeiro ano,
distanciado-os em 3-5 cm.
Deve-se regar regularmente e aplicar herbicidas.
Quando os bulbos atingem um diâmetro de 11-12 ou mais acontece a colheita; esta
operação começa quando as túnica externas do bulbo começam a ficar coloridas.

6.2. Flor cortada ao ar livre


A plantação acontece em outubro-novembro, sobre solos arenosos com um marco
de plantação de 20 x 5 cm, ou em filas paralelas de 5 x 5 cm.
Os diâmetros aconselhados dos bulbos a serem plantados são de 11-12. O extremo
do bulbo deve ser recoberto com 4-5 cm de terra.
Em cultivos precoces ganha-se de 20 a 30 dias sobre a floração normal.

6.3. Forçado.
O forçado é empregado para:
-flor cortada, a partir de bulbos "preparados".
-os vasos com flores, a partir de bulbos normais mas empregando as variedades precoces
(simples e duplas).
*Flor cortada: os bulbos "preparados" passam por um tratamento térmico nas
instalações dos viveiristas especializados e em particular uma saída do repouso, realizada
em baixas temperaturas.
Distinguem-se duas técnicas de forçado quando se utilizam bulbos "preparados" a 9ºC ou a
5ºC.

6.3.1. Bulbos "preparados" a 9ºC


Trata-se de uma técnica das mais antigas; compreende duas fases: uma preparatória
e, em seguida, o forçado propriamente dito. Estas tulipas são adequadas somente para os
locais onde as temperaturas invernais são suficientemente baixas.

-Fase preparatória:
O objetivo desta fase é provocar o alongamento dos gomos florais e o enraizamento
do bulbo.
Ocorre em vasos, caixas ou jardineiras que podem ser facilmente empilhadas.
Os bulbos são dispostos sobre um substrato drenante (terra franca, areia ou turfa),
geralmente não fertilizado, recobrindo-os 1 cm. Os recipientes são colocados em câmaras
de enraizamento a uma temperatura entre 5-12ºC.
A entrada na estufa deverá ser feita quando os brotos atingem de 5 a 6 cm,
geralmente dois meses depois.
Neste caso são mais apropriados os diâmetros superiores a 12 cm.

-Forçado em estufa:
Durante dez dias o forçado se realiza no escuro para favorecer o aumento das
folhas e dos pedúnculos florais.
Os recipientes são recobertos com polietileno negro ou são colocados debaixo da
bandejas da estufa. A temperatura será de 18ºC, realizando regas regulares.
Depois o forçado é continuado em plena luz; em dezembro costuma durar 3 a 4
semanas.
Esta mesma técnica é empregada na produção como planta de interiores,
empregando híbridos de floração precoce, tanto de flores simples como duplas; todos eles
com folhas pequenas e flores grandes sustentadas por talos curtos, colocando 3 bulbos por
maceta de 12.

6.3.2. Bulbos "preparados" a 5ºC


A plantação se efetua diretamente em estufas de forçado desde o momento de
recepção dos bulbos.
A densidade de plantação será elevada, 200-300 bulbos/m2 aproximadamente,
enterrando-os a pouca profundidade sobre um leito de terra muito fina e cobrindo-os 1 ou 2
cm com terra ou turfa.
As temperaturas serão de 12 a 14ºC durante três semanas para evitar o
desenvolvimento de fungos parasitas e favorecer o crescimento rápido das raízes.
Posteriormente se regula a temperatura da estufa a 18ºC e a 15-16ºC a temperatura do solo.
Com estes bulbos se reduz o efeito das altas temperaturas invernais em zonas com
inverno suave. os resultados das plantação podem variar de um ano para outro, pois as
tulipas de 5º são bastante sensíveis à temperatura e textura do solo, qualidade da água de
rega, pragas, enfermidades, etc.

-Colheita de flores:
Se realiza no estado "botão floral em começo de coloração ", quando a cor das
pétalas é pouco visível.
Normalmente se costuma arrancar a planta, seu bulbo e suas raízes, e se corta o
pedúnculo floral o mais perto possível da base do bulbo, para ter um bom comprimento de
flor.
São colocadas em recipientes com água dentro de câmaras frigoríficas a 4-5ºC.

6.4. Produção mista de Midi.


Este tipo de cultivo se pratica no Midi mediterrâneo, sendo que o esquema geral de
cultivo o seguinte:
1.-Primeiro ano: os bulbos de origem holandesa são cultivados em terra,
posteriormente ocorre a colheita das flores e, por último, o bulbo fica enterrado para que
cresça e engorde.
2.-Segundo ano: os bulbos de maior diâmetro obtidos no primeiro ano são
cultivados em estufa, depois passam por um tratamento térmico a 5ºC, posteriormente a
flor é colhida e, por último, os bulbos menores são vendidos para um bulbicultor que os
engorda.
3.-Terceiro ano: os bulbos engordados no segundo ano são cultivados em estufa
depois do tratamento térmico e finalmente ocorre a colheita das flores
.
6.5. Decoração de maciços florais.
Os plantios acontecem no outono, sós (preferencialmente para cores iguais) ou
associados a plantas bianuais.
Deve-se ter em mente que a floração das tulipas é bastante curta, portanto deve-se
prever o escalonamento dos cultivos.
Ultimamente as plantações são realizadas diretamente nos relvados localizados em
manchas irregulares e para canteiros ou rocalhas.

7. PARTICULARIDADES DO CULTIVO.

7.1. Plantação
Primeiro recomenda-se desinfetar os bulbos em uma solução de Benomilo e
Captan, para prevenir o ataque de Fusarium oxysporum, Rhizoctonia solani, Botrytis
tulipae e Phytium sp; além de realizar uma esterilização do solo.
O cultivo deve ser iniciado com a importação dos bulbos, normalmente com um
tamanho de 10/12, com uma combinação de cores e precocidade.
Será feito em mesas de 25 cm de altura e um metro de largura, com corredores de
40-50 cm.
A densidade de plantação aproximada é de 100 bulbos/m2, embora dependa do
cultivar, do diâmetro e da época de plantação.
-Marco de plantação: os bulbos são plantados a 8 cm, na fileira, e a 12,5 cm entre
as fileiras, enterrando-os a uns 10 cm de profundidade, apertando bem a terra para que não
se formem bolsas de ar ao redor.
-Época de plantação: devido às técnicas de preparação e conservação dos bulbos, a
plantação dos bulbos de tulipa pode ser feita em diferentes momentos, dependendo
fundamentalmente das condições climáticas.

7.2. Rega
Deve-se freqüentemente até a floração; a partir deste momento a rega deverá ser
moderada.
Recomenda-se a rega localizada com 3 ou 4 linhas de escoamento por mesa de
plantação com emissores de 2 l/h, separados 30-40 cm entre si. A quantidade de água pode
ser reduzida quando as raízes já estiverem formadas.
O déficit hídrico pode fazer que as folhas se formem antes das raízes, favorecendo
o aborto dos botões florais.

7.3. Fertilização
O nitrogênio provoca um desenvolvimento excessivo das folhas em detrimento da
rigidez do talo, favorecido pelo potássio.
O excesso de N produz um desenvolvimento exagerado das folhas prejudicando as
flores, no caso da produção da flor cortada.
A tulipa é sobretudo exigente em K2O, pois o potássio melhora a síntese e a
migração dos glucídios até o bulbo e melhora a coloração das flores.
O P2O5 favorece o crescimento e evita os inconvenientes de um excesso de N.
Para o cultivo de bulbos normalmente se aplica o seguinte equilíbrio: 1-0,5-2.
Deve-se evitar, a todo momento, que o esterco esteja fresco, já que aumenta o risco
de contaminação por diversos fungos, especialmente Fusarium.

Adubação profunda (por área).


-Sulfato amônico: 2 kg
-Superfosfato: 5 kg.
-Sulfato de potassa: 2 kg.
Adubação de manutenção (por área).
-Desenvolvimento dos bulbos: 2 g/l ou 1 kg/área de 14-7-26, a partir das primeiras
folhas. Depois da "saída" da flor: nitrato potássio (2 g/l ou 1 kg/área).
-Forçado: pouco ou nada de fertilização (ocasionalmente 3 kg/área de 10-20-20 na
plantação, e um mês depois, no caso dos cultivos a partir de bulbos a 5ºC.
Em fertirrigação recomenda-se utilizar nitrato potássio (13-0-40) e fosfato
monoamônico (12-61-0), a uma dose de 2 g/m2 duas vezes por semana, durante todo o
ciclo de cultivo.
O excesso de fertilização pode favorecer o aparecimento de pontas de folhas
queimadas, reduzindo assim a qualidade das flores.

7.4. Multiplicação.
A tulipa é renovada anualmente por bulbilhos (pequenos bulbos que se
desenvolvem na base do "velho" bulbo), um dos bulbilhos toma maior importância, e o
velho bulbo seca, sendo substituído pelo novo. É conhecido como bulbo de renovação
anual.
A multiplicação se faz por separação dos bulbilhos no momento da colheita (de 2 a
5 ou mais por bulbo). A multiplicação por sementes só é feita para obter novos cultivos,
que florescerão em 5 ou 6 anos.
A propagação comercial da tulipa está fundamentalmente nas mãos dos produtores
holandeses, devido, por um lado a um elevado grau de tecnicidade e, por outro, por terem
as condições meio ambientais adequadas.

8. PRAGAS e ENFERMIDADES.

8.1. Pragas.
-PULGÔES (Dysaphis tulipae, Myzus persicae, Aphis fabae...).
Aparecem nas plantas durante sua vegetação e nos bulbos durante sua conservação.
Os pulgões danificam o broto das plantas, deformando-o. Os ataques de pulgões são mais
freqüentes durante a primavera tanto em cultivo ao ar livre como em estufa.
O dano mais importante dos pulgões é indireto pois eles são transmissores de vírus.
Controle.
-Pulverização com Lindano, Paration, etc, depois do aparecimento dos primeiros
sintomas de invasão, antes que a planta sofra danos importantes.

-NEMATÓIDES DOS TALOS E DOS BULBOS (Ditylenchus dipsaci).


Este nematóide causa necrose do talo e abaulamento e/ou retorção das folhas e dos
gomos. Sobrevive no solo e em ervas hóspedes e ataca os bulbos e brotos jovens.
D. dipsaci se move intercelularmente nos tecidos jovens, dissolvendo a lamela
média e incitando hipertrofia e hiperplasia. Os brotos se avolumam tipicamente, se
deformam e encurtam.
Trata-se de um organismo vermiforme, longo e delgado (0.8-1.4 mm), possui um
estilete e a cauda é ligeiramente pontiaguda.
O corpo se torna quase reto quando morre por calor.
D. dipsaci é bissexual e põe 200-500 ovos durante o ciclo de vida de um adulto,
que é de 45 a 75 dias. A temperatura ideal para seu desenvolvimento é de 15-20ºC, tendo
pouca atividade abaixo de 10ºC ou acima de 22ºC. Finalmente, os nematóides emigram
para a base das plantas, onde se concentram em grupos. Neste estado os nematóides podem
resistir a uma seca considerável.

-Controle.
-Realizar uma rotação de três anos sem cultivar tulipas.
-Destruição das plantas afetadas.
-Colocar os bulbos de molho em água quente por três horas e meia, a 43.5ºC de 15-20 dias
depois da colheita.
-A pasteurização com vapor é o tratamento mais seguro e efetivo.
-Não desinfetar com bromuro de metilo, pois é fitotóxico para as Liliáceas.

8.2. DOENÇAS
-FOGO DA TULIPA (Botrytis tulipae).
Trata-se de uma enfermidade muito freqüente e a de maior gravidade, pois ataca
todos os órgãos da planta.
Este fungo se dissemina através de bulbos infectados, acolchoados, vento e chuva.
Seu desenvolvimento é favorecido por umidades relativas altas.
Os sintomas se manifestam como folhas curvas e deformadas, detenção do
surgimento de brotos e manchas circulares acinzentadas em folhas e flores que avançam
rapidamente sob condições de elevada umidade relativa e temperatura.

Controle.
-Rotações de 4-5 anos sem tulipas.
-Não reutilizar os acolchoados vegetais.
-Tratamento dos bulbos por pulverização com Tiram.
-Pulverizações preventivas com Captan ou Diclofluanida desde o momento da brotação até
a floração, pelo menos duas ou três vezes.

-FUSARIOSIS (Fusarium oxysporum f. sp. tulipae).


Trata-se de uma enfermidade bastante freqüente e grave. A infecção se produz com
mais freqüência nos finais do período vegetativo, em conseqüência dos ataques dos fungos
que provêm dos restos do bulbo velho.
Os sintomas se manifestam nos bulbos como uma podridão seca na base ou do
coração, ou na mumificação no final do armazenamento.

Controle.
-Realizar rotações.
-Classificação e secagem dos bulbos.
-Armazenar os bulbos em locais bem ventilados e evitar ferimentos durante a conservação.
-Tratamento com Benomil, Procloraz, etc.

-MAL DO ESCLERÓCIO (Sclerotium tulipae).


Este fungo se propaga através do material vegetal e da terra de cultivo. Pode
penetrar pelo ápice do bulbo ou pelo broto recém emergido.
Se a brotação não se produzir, o desenvolvimento do micélio do fungo acontece no
colo do bulbo, sendo este de cor branca.
O interior do bulbo se torna cinza e seca, mas as raízes permanecem sadias.

Controle.
-Desinfecção dos bulbos e do solo.
-Recomenda-se não cultivar no mesmo terreno onde ocorreu uma bulbosa.

-VIROSE.
Desde muito tempo que as enfermidades causadas por vírus estão associadas ao
cultivo da tulipa por causa do efeito decorativo sobre vários outros tipos de cultivos. Os
horticultores holandeses o exploraram muito, transmitindo a variação floral aos bulbos
sadios. Finalmente os indesejados efeitos dos vírus que conduzem, a longo prazo, à
degeneração das plantas enfermas, perderam seu interesse pelas tulipas viróticas,
justificando sua eliminação dos cultivos.

-Potyvirus.
A família dos Potyviridae compreende vários gêneros, embora o gênero mais
importante seja o dos Potyvirus; este gênero compreende mais de 200 vírus, estando
amplamente representados nas plantas ornamentais.
La sintomatologia da variação das tulipas é a seguinte:
-Nas flores os sintomas são perceptíveis desde o nascimento na primavera, as
gemas florais se descolorem e o escapo floral pode manifestar estrias anormalmente
pigmentadas As alterações de pigmentação modificam as cores específicas das
variedades e os lotes contaminados perdem seu valor comercial.
- Nas folhas, os sintomas são geralmente moderados. as plantas infectadas
apresentam jaspeados mais ou menos discretos ou estrias longitudinais descoloradas. Estas
manifestações variam em função do cultivo, das condições culturais e do estado de
desenvolvimento da planta.
-As plantas viróticas são de um tamanho mais reduzido e os talos e as flores são
mais curtos. Esta diminuição de vigor se traduz também sobre o engrossamento dos bulbos
por uma redução do peso que pode atingir até 50%.
-A conservação em vaso das flores cortadas é de curta duração.
Estudos recentes realizados nos Países Baixos permitiram identificar e caracterizar
os diferentes Potyvirus responsáveis pelas variações da tulipa:
Tulip Breaking Potyvirus (TBV).
Tulip Top Breaking Potyvirus (TTBV).
Tulip Band Breaking Potyvirus (TBBV).
Rembrandt Tulip Breaking Potyvirus (ReTBV).
Lily Mottle Potyvirus (LiMV).

Controle.
-Realizar controles visuais e testes de ELISA depois de colocadas em cultivo em
estufas.
-Isolar as parcelas a um mínimo de 300 m de cultivos de tulipa suscetíveis de
suportar lotes contaminados.
-Realizar tratamentos inseticidas contra os pulgões vetores.
-No momento das floração deve-se fazer regularmente e com atenção, uma
inspeção visual seguida da eliminação das plantas infectadas.
-Vírus do "rattle" do tabaco ou Tobbaco Rattle Tobravirus (TRV).
Este vírus mostra uma sintomatologia do tipo variação sobre as flores de tulipa,
dando lugar a manchas curtas, freqüentemente retilíneas ou placas descoloradas vítreas
dispersadas sobre as pétalas; se o ataque for grave, as flores podem se deformar.
Os sintomas florais são acompanhados de manchas cinza-esverdeadas nas folhas,
oblongas ou ligeiramente estreladas que se desenvolvem preferencialmente nas aurículas.
Não afeta muito o vigor das planta nem o engrossamento do bulbo.
O TRV é transmitido ao solo através de nematóides pertencentes aos gêneros
Trichodorus, que freqüentemente infectam os solos arenosos.

Controle.
-Desinfetar o solo com ajuda de nematicidas (Dicloropropano/Dicloropropeno).
-Em cultivos sensíveis, recomenda-se plantação tardia, em novembro ou dezembro.

-Outros vírus: o vírus latente das açucenas ou Lily Symptomless Carlavirus


(LSV), é o responsável pelas alterações na pigmentação das flores em algumas variedades
de tulipas de cor vermelha ou rosa.
Os sintomas só aparecem se as plantas forem infectadas pelo menos 6 semanas
antes da floração. Não aparecem sintomas sobre as folhas.

O vírus do mosaico do pepino ou Cucumber Mosaic Cucumovirus (CMV), pode


infectar ocasionalmente a tulipa, provocando uma variação floral limitado às bordas das
pétalas e manchas necróticas ou cloróticas nas folhas. Também podem aparecer no final da
conservação necroses anulares nas escamas dos bulbos.

Controle.
-Plantação de bulbos sadios.
-Isolamento dos cultivos (200 m).
-Eliminar e queimar as plantas viróticas.

-Enfermidade de Augusta.
Chamada assim porque foi na variedade Augusta em que ela se manifestou pela
primeira vez na Holanda, sendo o vírus das necroses do tabaco ou Tobacco Necrosis
Necrovirus (TNV) o agente acusador da enfermidade.
Os ataques podem ser visíveis desde o começo da vegetação. As plantas nascem
com dificuldade, algumas permanecem anãs e morrem prematuramente. As folhas
infectadas apresentam manchas e estrias necróticas de forma arredondada u oval, dando
lugar a um enrolamento característico da aurícula. Também aparecem longas estrias de cor
parda na base das folhas e ao longo dos talos. Nas flores deformadas aparecem pequenas
manchas necróticas em forma de estrias. Nos bulbos as manchas se tornam necróticas,
dando lugar ao total ressecamento das escamas.
As contaminações pelo TNV acontecem no solo, sendo o fungo Olpidium brassicae
através de suas esporas flageladas, quem dissemina o vírus no nível das raízes.

Controle.
-Produção de bulbos classificados.
-Eliminação do material infectado.
-Desinfecção do solo para eliminar o fungo vetor do vírus.
-Recomenda-se não cultivar nos solos onde houve um cultivo hospedeiro (tabaco, batatas,
feijão e várias ervas daninhas) nem onde houve tulipas atacadas por este vírus.

9. FISIOPATIAS.

- Queda: quando a flor se forma, o pedúnculo se dobra na altura do colo da planta.


Pode ser devido a um déficit de cálcio, queda das temperaturas durante o armazenamento,
oscilações térmicas durante o cultivo ou uma elevada umidade ambiental.
Se apresenta especialmente em terrenos argilosos.
-Aborto da flor: o botão se atrofia, descolore e toma uma textura coriácea. Se deve
a uma falta de maturação dos bulbos, baixas temperaturas durante o armazenamento,
aquecimento dos bulbos durante a conservação e déficit hídrico.
-Petrificação dos bulbos: as escamas carnosas externas dos bulbos armazenados
tomam uma coloração esbranquiçada, esta área endurece e aumenta de tamanho até atingir
todo o bulbo.
Normalmente ocorre nos bulbos danificados ou colhidos tardiamente.
-Pontas brancas das pétalas: acontece durante a brotação quando se produz uma
falta de umidade do solo e excesso de calor.
-Ruptura da epiderme: a epiderme da parte posterior das folhas se rompe
transversalmente em diferentes pontos. A epiderme se enrola para fora, deixando assim o
tecido exposto. Normalmente microorganismos que provocam apodrecimento se instalam
nessas feridas.

10. COLHEITA

O melhor momento para o corte geralmente coincide com a coloração do botão.


Mas, se a produção se destina aos mercados locais, o corte se realizará quando as pétalas
estiverem bem coloridas. Se o destino for distante, as tulipas devem ser colhidas quando o
botão começar a ficar colorido; para assim facilitar a manipulação, transporte e duração em
vasos.
Normalmente esta operação é feita manualmente, arrancando a planta toda
(inclusive o bulbo).
Recomenda-se colher nas primeiras horas da manhã já que os tecidos da planta
estão mais aparentes.
O período de colheita depende do cultivo e da data de plantação, embora
normalmente durante os meses frios, a colheita dura mais tempo que durante os meses
quentes.
O rendimento esperado é de um talo floral por bulbo, no entanto o rendimento real
diminua, considerando-se adequado se oscilar entre 85-90% da colheita esperada.

11. CONSERVAÇÃO.

11.1. Bulbos.
No caso dos cultivos de bulbos, a colheita acontecerá quando as folhas se tornarem
de cor .
-Secagem: pode se realizar sobre no próprio terreno de cultivo, embora
normalmente se realiza em câmaras climatizadas, durante uma semana a 20-25ºC com uma
umidade relativa de 70-80%.
-Classificação manual, limpeza e calibração: se realizará com calibradores
especiais de alvéolos ou com arcos metálicos.
-Armazenamento: deverá ser em um local seco e bem ventilado, a uma temperatura
de 20ºC e 70% de umidade relativa.
-Tratamento térmico: se destina ao preparo dos bulbos e acontece logo depois da
calibração.

11.2. Flores.
Depois do corte e antes da embalagem deve ser feita a classificação das varas
florais segundo as normas de qualidade vigentes.
As tulipas costumam ser apresentadas em pacotes de 10 talos, protegidos em papel.
Sendo as varas uniformes em grau de abertura, rigidez e comprimento.
Previamente as flores são colocadas em água, já que a tulipa, neste meio, continua
crescendo tanto em comprimento como em diâmetro, embora isso pode fazer com que os
talos se curvem.
O transporte se realizará a 4-5ºC, mantendo-se as tulipas em posição horizontal,
para evitar que os talos se dobrem.

12. Bibliografia

LARSON, R.A. Introducción a la floricultura. AGT editor, S.A. México. 1988. 551 pp

SALINGER, J.P. Producción commercial de flores. Ed. Acribia, S.A. Zaragoza. 1991.
371pp.

VIDALIE, H. Producción de flores y plantas ornamentales. Ed. Mundi-Prensa. Madrid.


1992

http://www.flowerbulbs.nl/ tulipa.html

http://www.taturanaflores.hpg.ig.com.br/flores/tulipas/tulipas_index.htm

http://www.editora.ufla.br/revista/25_5/art05.htm

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