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Direito Romano – Lívia

[Parte (possível) para a introdução – breve resumo da obrigação, sobre os


modos de extinção e apresentação do tema]
Os romanos entendiam que a “obrigação” (obligatio) era um vínculo jurídico entre
duas ou mais pessoas, que estabeleciam uma relação em que o sujeito ativo –
o credor – cobrava do sujeito passivo – o devedor – dar ou prestar alguma coisa,
ou ainda, obrigava uma determinada ação ou omissão. De acordo com Moreira
Alves, a extinção da relação obrigacional entre os sujeitos é o efeito a ser
alcançado com o adimplemento da prestação, porém existem outros fatos que
causam a extinção de uma obrigação, sendo estes divididos, segundo o autor,
em modos de extinção ipso iure (conforme o Ius Civile), no qual extingue-se a
obrigação em pleno direito, e modos de extinção exceptionis ope (admitidos
pelos ius honorarium), quando o devedor poderia ser absolvido da dívida, de
modo a paralisar o direito do credor (MOREIRA ALVES, 2021, p. 447- 466).
Dentre os modos de extinção ipso iure está a “impossibilidade superveniente e
objetiva da prestação”, como cita o autor, assim constituindo a matéria de estudo
e explanação deste trabalho, pois a perda da coisa como modo de extinção das
obrigações está inserida nesta categorização.

Outrossim, há uma outra classificação dos modos de extinção das obrigações,


conforme Cretella Júnior, sendo estes voluntários, realizados pela vontade de
pelo menos um dos sujeitos, e involuntários ou necessários, que são
acontecimentos alheios à vontade dos sujeitos, como a morte natural. Em
relação ao nosso tema, a perda da coisa é um modo involuntário de extinção das
obrigações, ou seja, independe da vontade humana e o devedor exime-se do
pagamento dívida (JÚNIOR, 2002, p. 166- 172). Porém, e como um dos objetivos
deste trabalho, é necessário aprofundar neste tema para compreender os
critérios e em quais situações a perda da coisa pode tornar extinta a obrigação.
Além disso, o tema também será exposto conforme o Direito Civil Brasileiro e,
posteriormente, uma análise comparativa entre o nosso atual Direito e o da
Roma Antiga com relação à perda da coisa como modo de extinção das
obrigações.

[Parte (possível) para os resultados – exposição do instituto].


No Direito Romano, quando era criada uma relação obrigacional entre dois ou
mais sujeitos, devedor e credor estavam ligados, por meio de um vínculo jurídico,
e esta relação acabaria com o adimplemento da obrigação, quais sejam, dar,
fazer ou não fazer alguma coisa. Como já exposto, existiam modos de extinção
desta obrigação para além do pagamento, especialmente, a perda da coisa pelo
devedor. Segundo o autor Cretella Júnior, a perda da coisa extinguia a
obrigação, desde que seja coisa certa, isto é, específica e que não poderia ser
substituída por outra. Assim, o devedor não poderia alegar perda de dinheiro ou
certa quantidade de trigo, por exemplo, pois estas coisas possuem equivalentes
(JÚNIOR, 2002, p. 245).
Além disso, baseado em Moreira Alves, é importante destacar que a perda da
coisa pelo devedor é resultante de um fato e/ou ato que não lhe seja imputável,
e que torne impossível o cumprimento objetivo e completo da obrigação. Dessa
forma, a obrigação, desobrigando-se o devedor, era extinta. Ainda, sobre a
impossibilidade do devedor de cumprir a obrigação, são utilizadas as expressões
casus fortuitus (caso fortuito) e uis maior (força maior) para indicar os fatos e/ou
atos que fazem com que o devedor não seja responsabilizado pela perda da
coisa. De acordo com o escritor, a doutrina varia com relação à distinção entre
casus fortuitus e uis maior, pois alguns autores entendem que o casus fortuitus
corresponde à ação humana, como guerras e invasões, e a uis maior aos
acontecimentos naturais, como tempestades e terremotos. Ademais, outros
doutrinadores percebem o casus fortuitus como um evento natural imprevisível,
como uma pandemia, e a uis maior como um fato humano cujo não se pode
resistir, como o roubo violento. No entanto, há ainda outros que defendem a ideia
de que o casus fortuitus e a uis maior estão relacionados aos fatos e/ou atos do
homem e da natureza, mas distinguem-se, porque uns acreditam que a uis maior
é inevitável ou irresistível e o casus fortuitus é quando não se pode prever ou
evitar, porém é possível resistir, desde que se usando grande diligência
(MOREIRA ALVES, 2021, p. 411 – 416)
Nota-se uma discussão entre os autores para definir e diferenciar o casus
fortuitus e a uis maior. De modo geral, os dois termos referem-se a eventos
decorrentes de ações humanas ou naturais, que sejam imprevisíveis, inevitáveis
e irresistíveis, assim impossibilitando o devedor cumprir uma obrigação
estabelecida anteriormente. Como explica Moreira Alves:

“Apesar da controvérsia que persiste entre os romanistas atuais, tudo


indica que os termos casus fortuitus, uis maior e similares fossem
empregados nas fontes para designar diversas hipóteses (por
exemplo: terremotos, incêndios, naufrágios, guerra), em que a
obrigação se extinguia por impossibilidade objetiva da prestação, e o
devedor, a quem o fato danoso não podia ser imputado, se eximia, em
consequência, de responsabilidade. ” (ALVES, 2021, p. 416).

Assim, exemplificando o tema: suponha que um devedor tenha que entregar uma
casa para um credor, mas não cumpre a obrigação, pois a casa é demolida por
um vendaval que passou pela região. Diante deste caso fortuito ou força maior,
sendo inevitável, imprevisível e irresistível, o devedor exime-se do
adimplemento, porque não possui culpa, desse modo é considerada extinta a
obrigação.
Exposto o tema de acordo com Direito Romano, passamos a apresentá-lo
conforme o Direito no Brasil...

Referências (de acordo com as regras):

ALVES, José Carlos M. Direito Romano. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2021. E-
book. ISBN 9786559640645. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559640645/. Acesso em:
25 jan. 2023. p. 410- 416 e p. 447- 466.

JÚNIOR, José Cretella. Curso de Direito Romano. O direito romano e o direito


civil brasileiro. 27a ed. rev. e aum. Rio de Janeiro. Editora Forense. 2002. p. 166-
172 e p. 238- 245.
JUSTINIANO, Institutas do Imperador Justiniano. Traduzidas e comparadas
com o Direito Civil Brasileiro por: Spencer Vampré. São Paulo: Ed. Livraria
Magalhães, 1915. Livros Segundo e Terceiro.

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