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O URAGUAI
Características Estruturais
Personagens
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Enredo
▪ Canto I
▪ Canto II
Trata da partida do exército luso-castelhano. Os indígenas prisioneiros são, enfim, soltos e, aí, é
relatado o encontro entre os caciques (chefes) Sepé e Cacambo com o comandante
português Gomes Freire de Andrade, à margem do rio Uruguai. O acordo é impossível porque
os jesuítas portugueses se negavam a aceitar a nacionalidade espanhola. Ocorre, então, o
combate entre os índios e as tropas luso-espanholas. Os índios lutam valentemente, mas são
vencidos pelas armas de fogo dos europeus. Sepé morre em combate e Cacambo comanda a
retirada. Vale lembrar que ambos os personagens indígenas representam lideranças, uma não
exclui a outra.
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▪ Canto III
▪ Canto IV
No Canto IV, temos os acontecimentos mais importantes do poema: o plano do padre Balda
para casar Lindoia e seu filho bastardo Baldeta. Lindoia decide se deixar picar por uma serpente,
após ouvir as previsões da feiticeira Tanajura. Ocorre, então, a queima da aldeia e a entrada
do exército no templo. Após a chegada das tropas de Gomes Freire, os índios se retiram após
queimarem a aldeia.
▪ Canto V
No último canto do poema, Basílio da Gama expressa suas opiniões críticas a respeito dos
jesuítas. O poeta responsabiliza os jesuítas pelo massacre dos índios pelas tropas luso-espanholas.
Sabe-se que havia a necessidade de produzir textos que agradassem ao Marquês de Pombal,
quem lutou pela expulsão dos jesuítas, e O Uraguai faz um exímio trabalho. Nessa parte, ainda,
ocorre uma homenagem ao general Gomes Freire de Andrade, que age com ética e respeito
perante os sobreviventes.
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2. QUARTO DE DESPEJO
Biografia da autora
Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914, em Minas Gerais, e se mudou para São Paulo
ainda muito jovem, onde trabalhou como empregada e catadora de papel, para sustentar
seus três filhos, que criava sozinha. Carolina escrevia sobre seu cotidiano na extinta favela
do Canindé, na Zona Norte de São Paulo, até que, em 1958, conheceu o jornalista Audálio
Dantas, que forneceu suporte e auxílio para a publicação de seus diários. Ainda que tivesse
estudado somente dois anos em uma escola formal, a autora, desde cedo, demonstrava
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interesse pela escrita e pela leitura. Ela escrevia em cadernos que recolhia dos lixos e lia o
que lá encontrava.
“15 de julho de 1955. Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um
par de sapatos para ela.”
Contexto literário
Quarto de Despejo foi publicado no
auge da terceira fase do
Modernismo, ou no que é chamado
de literatura pós-moderna e, com
uma tiragem inicial de
aproximadamente 10 mil
exemplares, a publicação foi um
sucesso, despertando interesse em
grandes personalidades da
literatura, como Clarice Lispector.
Fonte: https://www.quatrocincoum.com.br/br/artigos/literatura/os-lacos-que-unem-clarice-e-carolina
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Gênero literário
O livro reproduz o diário de Carolina Maria de Jesus,
em que é narrado seu dia a dia enquanto catadora
de papel, mãe e moradora da favela do Canindé,
bem como seus sonhos, anseios e pensamentos
íntimos. Em seu relato, ela descreve a dor causada
pela fome, desigualdade social, sofrimento e
violência política que sofria, com uma linguagem
singular, objetiva e marcada pela oralidade, numa
mistura de informalidade de quem não teve muito
estudo, com o que aprendeu lendo sozinha. Seu
texto é considerado um dos marcos da literatura
feminina no Brasil e, segundo Audálio Dantas, o
jornalista que lhe ajudou a ser publicada, tentou-se
reproduzir da maneira mais fiel a forma com que a
autora escrevia em seus cadernos, sem correções e
edições que se adequassem à gramática formal,
mas maquiassem a importância da linguagem
condizente com o contexto. Fonte: https://brasil.elpais.com/cultura/2021-11-30/o-que-audalio-
dantas-fez-com-carolina-maria-de-jesus.html
“Tem pessoas que, aos sábados, vão dançar. Eu não danço. Acho bobagem ficar
rodando para aqui, para ali. Eu já rodo tanto para arranjar dinheiro para comer.”
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Personagens
As personagens são as pessoas que Carolina conhecia ou ouvia falar em seu cotidiano. Desde
sua família, com seus três filhos, Vera Eunice, José Carlos e João José, até personalidades
políticas, como o Dr. Adhemar Barros. Há também, figuras como Senhor Manuel, Cigano
Raimundo, Julita, Orlando e o sem-nome Pai da Vera. O jornalista Audálio Dantas também
aparece no texto.
“17 de maio – Levantei nervosa. Com vontade de morrer. Já que os pobres estão mal
colocados, para que viver? Será que os pobres de outro País sofrem igual aos pobres
do Brasil? Eu estava discontente que até cheguei a brigar com o meu filho José Carlos
sem motivo.”
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3. CASA DE PENSÃO
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4. SAGARANA
Sagarana é o primeiro livro de João Guimarães Rosa, publicado em 1946. É composto por
9 contos (que o autor chama de novelas) que tratam de temas regionalistas universalistas,
ou seja, apesar de se passar no
sertão de Minas Gerais, a obra
trata de temas comuns à toda
condição humana, como
questões existenciais. O título
do livro é um hibridismo: saga
(radical de origem germânica
que significa canto heroico,
lenda) + rana (palavra de
origem tupi que significa
‘semelhante’), ou seja,
Sagarana significa algo como
uma saga. A obra, ainda,
pertence à Terceira Geração
do Modernismo, conhecida
como Geração de 45,
marcada pelo regionalismo. Fonte: http://www.elfikurten.com.br/2015/12/joao-guimaraes-rosa-pensares-e-saberes.html
“As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas,
mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos
e baques, e o berro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza,
saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...
[...]
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Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dança doido, dá de duro, dá de dentro,
dá direito... Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...”
Características
A linguagem apresentada na
obra é única: repleta de
neologismos, figuras de
linguagem e recursos que trazem
uma ambientação muito
sinestésica, como um arranjo
sonoro de palavras. Suas histórias
contêm fabulações e parece
haver mini enredos dentro de
cada novela. Os contos são
ligados entre si pelo espaço em
que acontecem, além de terem
temáticas, por vezes, similares. A
animalidade é um recurso muito
presente: em todo conto ou há
animais que são quase humanos
ou humanos que são quase
híbridos. Fonte: https://www.conradoleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=856849
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Outra característica importante para compreender Sagarana é a presença de provérbios
e canções populares como epígrafes, no início de cada conto, que dão uma prévia do
que irá ser abordado, além de atestarem o gosto do autor pela cultura popular.
Enredos
▪ O Burrinho Pedrês:
▪ Sarapalha
O conto trata da história de dois primos, Primo Ribeiro e Primo Argemiro, que estão para
morrer de malária. Os primos, com a proximidade da morte, deliram e revivem agruras e
desencantos do passado, o que traz à tona velhas feridas entre os dois envolvendo a então
namorada de Ribeiro, Luísa. O terceiro conto possui uma linguagem muito particular, que
acompanha os delírios de febre dos primos. Sabe-se que Guimarães Rosa, além de
diplomata, poliglota e artista, também foi médico, o que faz com que sua prosa seja uma
grande mistura entre oralidade, ciência e repertório.
▪ Duelo
O quarto conto, cujo tema é vingança, trata da história de Turíbio Todo, que surpreende
Silvana, sua esposa, com o amante Cassiano Gomes. Na busca por vingança, Turíbio acaba
assassinando Levindo Gomes, irmão de Cassiano. Cassiano busca vingar a morte de irmão,
e Turíbio foge para São Paulo. Quando Cassiano morre, de doença, Turíbio resolve voltar
para casa e encontra, no caminho, Vinte-e-Um, amigo de Cassiano, que o embosca no
meio da mata. Duelo pode ser lido como uma alegoria da fatalidade e do destino: ainda
que alguém tenha um objetivo fixo em mente, por vezes, as coisas se decidem sozinhas.
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▪ Minha Gente
▪ São Marcos
▪ Corpo Fechado
O conto trata da história de Manuel Fulô, um valentão de um vilarejo chamado Lajinha, que
é desafiado por Targino, valentão que ameaçou a noiva de Manuel. Para salvar sua noiva,
Manuel dá sua mula para Toniquinho das Pedras. Toniquinho, que tem “alma de pajé”,
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fecha o corpo de Fulô, que enfrenta e mata Targino. Nesse sétimo conto, a animalidade é
um dos principais recursos utilizados por Guimarães Rosa: tanto a mula, verdadeiramente
não-humano, como o próprio Manuel Fulô que, por vezes, é descrito como um humano
com mais características dos seres não racionais que de gente.
▪ Conversa de bois
Nesse conto, Manuel Timborna narra a história do menino Tiãozinho e do carreador Agenor
Soronho, que levam para uma vila, em um carro de boi, uma carga de rapadura e o corpo
do pai de Tiãozinho, que havia morrido naquele dia mais cedo. Durante o caminho, os bois
conversam entre si sobre o momento em que assassinaram Soronho, pai de Tiãozinho. O
oitavo e penúltimo conto dialoga muito com o primeiro, 'O Burrinho Pedrês', uma vez que
fala sobre justiça entre os animais e a crueldade entre os humanos, em uma espécie de
alegoria.
O conto que encerra Sagarana traz a história do filho de coronel Augusto Matraga (nascido
Augusto Esteves, depois Nhô Augusto), que, abandonado pela esposa, apanha de seus
capangas, que também o abandonaram, até quase morrer. É encontrado por Mãe
Quitéria e Pai Serapião, que o salvam da morte. Matraga quer confessar seus pecados, e
depois de sair, sem destino, montado em seu burrico, encontra um vilarejo e decide
defender um inocente que estava na mira de jagunços. Matraga embarca, então, em uma
jornada pela redenção e perdão divino a qualquer custo, ainda que entrasse no céu
através da violência.
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5. MORTE VIDA E SEVERINA
Biografia do autor
João Cabral de Melo Neto (1920 – 1999), conhecido
como o poeta engenheiro, é considerado um dos
poetas mais marcantes da terceira geração
modernista, tido como o ‘pai’ do construtivismo,
ainda que rejeitasse rotulações. Pernambucano
nascido em Recife, filho de uma abastada família de
senhores de engenho, sendo primo de outros
grandes nomes do Brasil do século XX, como o
também poeta Manuel Bandeira e o sociólogo
Gilberto Freyre. Tendo passado boa parte da vida
atuando como diplomata brasileiro em diversos
países, João Cabral morou por longos anos na
Espanha, mais precisamente em Sevilha, o que
acabou inserindo elementos da cultura local em
Fonte: https://curriculo.sedu.es.gov.br/blogteca/tag/joao-cabral-
sua escrita de-melo-neto/s
Enredo
A obra Morte e Vida Severina é um poema de construção dramática com exaltação à
tradição pastoril. Ele foi adaptado para o teatro, a televisão, o cinema e transformado em
animação. A obra é carregada de pessimismo e dramas humanos, além disso mostra à
indiscutível capacidade de adaptação dos retirantes nordestinos. Também se mostra
chocante pelo realismo demonstrado na universalidade da condição de miséria do
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O poema narra a história de Severino, um retirante nordestino que, como tantos outros
como ele, deixa sua terra em busca de uma vida melhor no litoral. O protagonista caminha
junto do Rio Capibaribe rumo à foz do mesmo, em Recife, na esperança de encontrar uma
vida mais digna e livre de privações como a fome e a seca. Entretanto, em sua caminhada,
o que Severino mais encontra é a morte. Tanto no sertão, quanto na zona da mata, tudo
que o retirante vê é a morte e aquilo que descreve como ‘vida severina’, aquela em que
‘se morre de velhice antes dos 30’ e ‘de um pouco de fome por dia’. Tal situação, diferente
do que era esperado por ele, não muda ao chegar ao litoral. A morte também está ali, pois
não há emprego ou lugar para aqueles que retiram viver de modo decente. Sem nenhuma
esperança, Severino cogita se matar, jogando-se nas águas do Capibaribe, na esperança
do rio lhe proporcionar uma morte rápida. É neste momento que surge o Seu José, mestre
carpina, e o ‘auto de natal’ de fato começa. Seu José passa a conversar com Severino e,
enquanto tenta dissuadi-lo de suicidar-se, recebe a notícia de que seu filho nasceu. Tal
sequência de cenas se apresenta ao retirante (que assiste como um expectador mudo)
como um auto de natal de fato: o ‘menino Jesus’ nasce, recebe presentes e é louvado
com esperança por todos. Após isso, o mestre carpina encerra a peça com uma fala direta
ao retirante, como uma forma de colocar um ponto final às dúvidas do mesmo sobre se
vive ou morre:
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- Severino retirante,
é difícil defender,
teimosamente, se fabrica,
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6. ÚLTIMOS CANTOS
(Morte Vida e Severina, João Cabral de Melo Neto)
Biografia do autor
Patrono da cadeira 15 da ABL (Academia
Brasileira de Letras), o maranhense Antônio
Gonçalves Dias (1823 – 1864) sagrou-se como
um dos maiores poetas do romantismo
brasileiro, mais especificamente, sendo
lembrado como o poeta do Indianismo
Romântico, parte da 1a geração do
Romantismo. Advogado de formação, atuou
como professor, etnólogo e jornalista em sua
época, sendo reconhecido ainda em vida e
celebrado até os dias de hoje.
Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/goncalves-diaspoeta-
Simplificando... ufanista.htm
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.
Na quinta parte, tem-se a recuperação possui olhos claros, pele alva e cabelos
da mudanças não só do tempo mas também cor de ouro (loiro) e justamente por isso,
da terra, também tem a questão da por ser uma mestiça, ela é desprezada
construção das cidades. A partir disso, por sua tribo, pois ela difere de seu povo.
percebe-se que existe um movimento, mas o A partir disso, fica claro que esse poema,
Gigante ainda dorme, no entanto se um dia
mostra a negação dos indígenas ao
ocorrer algum problema, por exemplo, a
branco.
pátria acabar é possível que esse Gigante saia
e vá para o mar.
4. Canção do Tamoyo
2. I-Juca-Pirama
Nesse poema é tratado sobre as
Nesse poema é apresentado não só a
bravura mas também a covardia de um trajetórias indígenas, mostrando o
determinado índio o I-Juca-Pirama. Esse índio é indígena como herói. O poema enfatiza
capturado, por uma tribo inimiga, durante a a questão do índio guerreiro e da
guerra. Essa tribo tem como intenção de seguir o exaltação de combater e de lutar. Trata
ritual de matá-lo e comê-lo, lembrando aqui a o índio como um ser valente, corajoso,
questão da antropofagia que no poema remete forte que pode lutar qualquer guerra.
a questão de que quando capturava-se um
guerreiro a pessoa que capturou tornava-se um
vencedor, no entanto ainda significava que o
índio capturado combateu, isto é, lutou a guerra, 5. Mangueira
e por conta disso, quem o capturou deveria
comê-lo para absorver as suas qualidades boas.ccccv Nesse poema é tratado a questão
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No entanto, o poema narra que esse índio pede da exaltação da natureza, isso é
misericórdia, pois ele tem seu velho pai, o qual mostrado a partir da descrição de um
depende de seus cuidados, devido ser cego.
árvore mangueira. O poema mostra a
Quando isso é relato por I-Juca-Ipirama a tribo
beleza e a importância da árvore
decide libertá-lo, pois não querem absorver
qualidades de um índio covarde, eles enxergam relatando que ela faz o pássaro cantar,
isso como algo negativo. Quando I-Juca-Pirama que apresenta um abrigo ao viajante
retorna a sua casa, seu pai ao tocar a cabeça que passa por ali, abriga o enamorado,
do filho, percebe que ele está sem cabelos o acalma a dores da alma e celebra a
que remete que ele seroa comido, seu pai com estação do verão.
muita tristeza e vergonha pede que seu filho seja
corajoso e volte ao embate para defender a sua
honra. Então, aqui temos essa trajetória do índio
que é capturado, volta para casa, mas com o
pedido do seu pai ele volta para o embate e
defende sua honra, passando de um índio
covarde para corajoso e valente.
3. Marabá
Esse poema trata da questão da
miscigenação do índio e do branco. Isso é
apresentado a partir da índia Marabá, a qual
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7. NOVE NOITES
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8. O LIVRO DAS SEMELHANÇAS
Características da obra
Trata-se de uma reunião de poemas tematizando o cotidiano e o amor, a
divididos em quatro seções: seção tem relação com a cartografia
Livro; devido à imagem do mapa que seria
central para a construção das
Cartografias;
metáforas porque perpassa todos os
Visitas ao lugar-comum; poemas. Além disso, é verificável uma
O Livro das Semelhanças. série de encontros e desencontros da
seção.
Com poemas diversificados, a obra de
Ana Martins Marques apresenta o cotidiano e o A terceira seção, denominada
incorpora à experiência literária, recupera-se, “Visitas ao lugar-comum”, apresenta
portanto, o mundo como temática/conteúdo poemas mais curtos, os títulos são
da literatura. Pode-se atribuir ao título da obra números (1,2,3 etc.) e a temática parte
“O Livro das Semelhanças” essa característica
dos dizeres populares/expressões
da obra de estabelecer um diálogo, por meio
comuns.
dos poemas, com os
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Seção: Livros O poema porte da expressão
“Dobrar a língua”, que é popularmente
utilizada para exigir que o que foi dito
Capa seja moderado, corrigido ou retirado. O
poema trabalha com a concepção de
Um biombo que ao “dobrar a língua” deixamos de
entre o mundo e o livro falar algo, a possibilidade de falar estaria
relacionada ao ato de desdobrar a
língua, pois seria o oposto.
Biombo seria um objeto utilizado como
divisória móvel que serve para dividir ou Seção: O Livro das
demarcar espaços. A capa, elemento
constitutivo do livro, pode ser entendida como Semelhança
uma barreira/divisão entre o mundo e o livro,
o mundo real e a experiência literária. Poema de trás pra frente
Além do mapa ser retratado e ser um somos cada vez mais jovens
componente essencial do poema, pois ele nas fotografias
norteia as ações é possível verificar que o
poema apresenta um lirismo amoroso, o de trás para frente
encontro, muito recorrente na seção, é a memória lê o dia
desejado de forma intensa, no verso em que é
declarado que teria ido apenas com “o No poema há comparações,
bilhete só de ida” denota um certo impulso afirmações e indagações, que
permeado pelo desejo do encontro. representam o caráter reflexivo do eu-
lírico. O poema já sugere uma leitura de
Seção: Visitas ao lugar-comum baixo para cima pelo título, as inversões
trabalham de modo distinto com os
levamentos realizados, essa
possibilidade pode ser relacionada com
3 a ausência de pontuação que
Dobrar a língua
proporciona um encadeamento
e ao desdobrá-la
(Enjambement) do poema,
deixar cair
indiferentemente da forma que for lido.
uma a uma
palavras O encadeamento é um recurso muito
não ditas utilizado na obra “O Livro das
Semelhanças.”
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