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Fungo comedor de madeira pode ser alternativa biodegradável ao plástico

Estrutura do ser vivo é leve e robusta, podendo originar material aplicável em


implantes, equipamentos esportivos e até coletes à prova de balas
Por Redação Galileu

24/02/2023 13h59 Atualizado há 23 horas

Cogumelo Fomes fomentarius pode ser usado para criar materiais de substituição ao
plásticoCogumelo Fomes fomentarius pode ser usado para criar materiais de
substituição ao plástico Centro de Pesquisa Técnica VTT da Finlândia

O fungo comedor de madeira Fomes fomentarius tem características estruturais


complexas que podem ser utilizadas para criar uma alternativa biodegradável ao
plástico. As propriedades mecânicas do ser vivo foram estudadas em uma pesquisa
publicada na última quarta-feira (22) na revista Science Advances.

O material sustentável do F. fomentarius pode servir para várias aplicações,


inclusive na fabricação de implantes resistentes a impactos, equipamentos
esportivos, coletes à prova de balas, exoesqueletos para aeronaves, equipamentos
eletrônicos ou revestimentos de superfície para para-brisas.

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A descoberta foi realizada por um grupo de cientistas do Centro de Pesquisa Técnica
VTT da Finlândia. A pesquisa mostra pela primeira vez as complexas características
estruturais, químicas e mecânicas adaptadas ao longo da evolução pelo fungo, que
podem ser usadas para produzir materiais robustos e leves.

Orientação preferencial do micélio do fungo no sentido longitudinal aumentou o


desempenho mecânico dos materiais — Foto: Robert Pylkkanen et.al
Orientação preferencial do micélio do fungo no sentido longitudinal aumentou o
desempenho mecânico dos materiais — Foto: Robert Pylkkanen et.al

O F. fomentarius é inflamável e tem sido usado historicamente para acender faíscas,


embora também já tenha sido utilizado na fabricação de roupas e remédios. Composto
por filamentos finos conhecidos como hifas, o micélio do fungo forma redes
semelhantes a raízes que se espalham pelo solo ou por materiais em decomposição.

Na espécie, essa rede pode ser dividida em três camadas distintas. "A rede de
micélio é o componente primário em todas as camadas”, conta Pezhman Mohammadi,
cientista sênior envolvido no estudo, em comunicado. “No entanto, em cada camada, o
micélio exibe uma microestrutura muito distinta com orientação preferencial única”.

Um olhar mais atento às três regiões principais distintas do corpo de frutificação


do fungo — Foto: Robert Pylkkanen et.al
Um olhar mais atento às três regiões principais distintas do corpo de frutificação
do fungo — Foto: Robert Pylkkanen et.al

Ao analisarem a composição do corpo de frutificação de F. fomentarius, por meio de


amostras coletadas na Finlândia, que passaram por testes de resistência mecânica e
varreduras, os cientistas identificaram as três camadas: uma crosta externa dura e
fina envolvendo uma parte espumosa por baixo e pilhas de estruturas tubulares ocas
no núcleo.

Segundo os cientistas, os tubos ocos, que compõem a maior parte dos corpos de
frutificação, podem resistir a forças maiores do que a camada espumosa. Tudo isso
sem sofrer grandes deslocamentos ou deformações.

A equipe conta que partes do fungo eram tão fortes quanto madeira compensada, pinho
ou couro. Mas ainda assim, eram bem mais leves do que esses materiais. Os corpos de
frutificação protegem ainda contra insetos ou galhos caídos, tem uma textura e
gosto não preferidos por animais e ainda suportam os rigores da mudança das
estações.

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Esse tipo de resistência pode inspirar novos materiais sintéticos. Para Pezhman,
cultivar alternativas usando ingredientes simples “pode ajudar a superar o custo, o
tempo, a produção em massa e a sustentabilidade de como fabricamos e consumimos
materiais no futuro".

"O design arquitetônico e os princípios bioquímicos do fungo Fomes abrem novas


possibilidades para a engenharia de materiais, como a fabricação de estruturas
técnicas ultraleves, a fabricação de nanocompósitos com propriedades mecânicas
aprimoradas ou a exploração de novas rotas de fabricação para a próxima geração de
materiais programáveis com funcionalidades de alto desempenho”, ele afirma.

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