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O
s Corpos de Voluntários da Pátria Argentina e Uruguai contra o Paraguai.
foram a solução encontrada pelo A situação do Exército Imperial bra-
Império brasileiro para enfrentar a sileiro em 1864 não era das mais favoráveis
invasão paraguaia de seu território. As uni- para enfrentar um inimigo agressivo, como
dades de voluntários foram numeradas do se apresentaram os paraguaios. O descaso
1º ao 57º, mas precisar sua quantidade exata do governo e a falta de interesse da socie-
é tarefa difícil, visto que muitas foram renu- dade para com os assuntos militares haviam
meradas, algumas, fundidas em outras uni- deixado o Exército em situação de vulnera-
dades e outras, extintas.1 bilidade. Os soldos eram baixos e estavam
Embora os Voluntários da Pátria te- estagnados desde 1825; o recrutamento era,
nham sido, no contexto global da Guerra do frequentemente, realizado à força, arregi-
Paraguai, bem-sucedidos, com determina- mentando desocupados e desqualificados; e
dos corpos se destacando até mesmo entre as o efetivo total da força era claramente insufi-
unidades de linha do Exército, alguns foram ciente para atender as necessidades defensi-
severamente afetados pelas doenças e pela vas do Império.
elevada quantidade de baixas. Esse foi o caso Em razão da baixa prioridade dada
do 7º Corpo de Voluntários da Pátria (CVP), pelo governo, faltava praticamente tudo
objeto do presente estudo, que, em razão aos soldados: os quartéis eram pequenos e
das perdas sofridas, terminou sendo extinto desconfortáveis, a alimentação era restrita a
em 1866, e seus remanescentes, distribuídos uma refeição quente por dia, o fardamento
para o 35º CVP (DUARTE, 1980). era “despadronizado” e de qualidade infe-
O apresamento pelos paraguaios do rior e o armamento era escasso e obsoleto.
navio brasileiro Marquês de Olinda, que fa- Dionísio Cerqueira, que durante a guerra
zia a linha entre Montevidéu e Corumbá, em assentou praça como soldado e chegou ao
12 de novembro de 1864, e a subsequente in- posto de tenente, descreveu a situação de ca-
vasão do território brasileiro pelas forças de restia do Exército Imperial:
* Cel Art R/1 (AMAN/ 91, EsAO/99), sócio titular do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil
(IGHMB), professor do curso de pós-graduação em História Militar da Unisul, Palhoça-SC; mestrando
em História do Brasil (Universidade Salgado de Oliveira, Niterói-RJ). (cdaroz@yahoo.com.br)
Referências
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Fontes
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