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Unidade Curricular Teoria 2 ∙ MIArq ∙ FAUP ∙ 2022/2023

Trabalho Individual | Componente A ∙ ‘Ideia-força’ e proposta de pesquisa

David Neves da Silva


Turma 4

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Unidade Curricular Teoria 2 ∙ MIArq ∙ FAUP ∙ 2022/2023

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I. ‘Ideia-força’
Memória descritiva (máx. 250 palavras)

A 1ª ideia é: Um objetivo; influenciada pela cultura do arquiteto


Como Mies defende sobre a casa de Magdeburgo, é transferindo, traduzindo e materializando os sentimentos do
espaço envolvente recriando-o na arquitetura.
Na sua relação com a natureza, deve ter esta mais desenhada que arquitetura em si.

La Construcción de la mirada: Três Distâncias


A única coisa que não se pode retirar do espaço é o nosso ponto de vista.
O nosso ponto de vista é o que define o que vemos, coisas, objetos, mundo.
A partir de autores como Heidegger, Lefebvre, M. Panty ou Foucoult, o espaço pode ser pensado como
densidade (imaginária), como vida, como uma dimensionalidade que cresce.
Do ponto de vista ontológico, o espaço já não é necessariamente separado do sujeito.
Distância como figura que constrói o espaço desde o sujeito ou na que é construída o sujeito através do espaço.
A intenção

Pensar com as Mãos


Desde que saiu das cavernas, o homem procura por sítios planos para implantar a sua ideia. Busca de um plano
estável para sempre: a casa permanente. O ponto de partida da arquitetura é o plano horizontal.
Primeiro tentou dominar a forma cúbica. Percebeu que era impossível conseguir ver mais que três faces desse
cubo pelo exterior, apesar de saber que são seis. Ao entrar e colocando-se em localizações específicas
conseguia até ver as seis faces do cubo de uma vez.
“Se alguém dissesse que uma ideia tem dimensões, seria seguramente tomado por louco. É claro que as ideias,
os pensamentos, não podem ter dimensões! Porém, em arquitetura, as ideias, para poderem ser construídas,
precisam de ter medidas, dimensões. E só podem ser eficazes quando as medidas são as necessárias e as
adequadas para fazer com que essas ideias vejam a luz.”
Da medida das ideias
Sobre pensar com as mãos e construir com a cabeça
Como defende Campo Baeza “Architectura sine ideia vana architectura est”. Uma arquitetura sem ideias é vã,
está vazia, é forma banal.
Arquitetura é ideia construída.
O ponto de partida da arquitetura é o homem como ser corpóreo e com peso. Para poder trabalhar sobre
arquitetura é imprescindível o maior conhecimento sobre as medidas e o seu efeito no homem.
Medida, dimensões, tamanho, distância, proporção, forma.
A luz é o material primordial, e principal com que os arquitetos trabalham. É desvalorizada por ser gratuita e ao
alcance de todos.
“O desenho à linha, mais abstrato do que o mero desenho real, não só tem a capacidade de facilitar a
transmissão da IDEIA central como também de esclarecer de uma só vez, tudo o que nos propomos transmitir.
Plantas, cortes e axonometrias claras e precisas, despojadas de qualquer detalhe, ajudam a entender
perfeitamente cada uma das propostas.”
Sharpening the scalpel
Sobre os desenhos do arquiteto

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Imaginar a evidência
Trata-se de influências que se manifestam no subconsciente e que entram no projeto sem nos apercebermos
disso. A articulação destas influências é um ato de criação irrepetível.
Aprender a ver é fundamental para um arquiteto, existe uma bagagem de conhecimentos aos quais
inevitavelmente recorremos, de modo que nada de quanto façamos é absolutamente novo.
O objetivo consistia em delinear, naquela imagem orgânica, uma geometria: descobrir aquilo que estava
disponível e pronto para receber a geometricidade. Arquitetura é geometrizar.
A solução surge hoje como óbvia e inevitável, embora na realidade, ver primeiro seja intuição difícil, só possível
com a ajuda de uma grande experiência.
Limitar o impacto do edifício.
Todos os tipos de pré-existências vão influenciar de alguma forma o projeto.
Três exercícios indispensáveis: Pensar a cidade, pensar o edifício, pensar o móvel. Dependem uns dos outros.
Posso começar com ideias bizarras, do arco-da-velha e o processo que a seguir decorre é difícil de explicar
porque não é linear, mas sim contraditório.
É importante a expressão de uma qualquer singularidade que, não traíndo a essência, liberte o desenho das
razões demasiado óbvias. Consegue assim definir-se um toque de autenticidade que atrai de maneira não
agressiva mas que, ao mesmo tempo, surge, em parte, como banal. Partir com a obsessão da originalidade é
um processo inculto e primário.

A ideia Construída
Fazer com que a arquitetura construída concretize as ideias explicadas através das palavras será a melhor prova
de que as primeiras são válidas e as segundas verdadeiras. Essa é a nossa verdadeira intenção.
A história da arquitetura e a história da procura, do entendimento e do domínio da luz.
As ideias são indestrutíveis.
Superabundância de elementos de desenho, desdobramento ornamental excessivo que procura dissimular, pela
quantidade de efeitos especiais, a vacuidade dos seus propósitos.
Uma arquitetura que tem na ideia a sua origem, na luz o seu primeiro material, no espaço essencial a vontade de
conseguir mais com menos.
Ideia que aparece como síntese dos fatores concretos que concorrem para o complexo facto arquitetónico:
Contexto, função, composição e construção.
Contexto que é relativo ao lugar, a Geografia, a história.
Função que gera arquitetura com o seu para quê.
Composição que ordena o espaço com o seu como geométrico. Dom a dimensão e a proporção. Com a escala.
Construção que torna realidade aquele espaço com o seu como físico. Com a estrutura, os materiais, a
tecnologia. Orientando a gravidade. Com a matéria.
A ideia, o porquê, será tanto mais precisa quanto melhor responda a estas questões: onde, para quê e como.
A luz é o material básico, imprescindível, da arquitetura. Com a capacidade misteriosa, mas real, mágica, de
colocar o espaço em tensão para o homem. Com a capacidade de dotar esse espaço de uma qualidade que
consiga mover e comover os homens.
O espaço essencial, o qual, depois de tensionado pela luz, pode ser compreendido pelo homem. Mais do que
pelo carácter elementar das formas, pela essencialidade dos espaços.
A ideia é o quê que se quer fazer.
Pensar: idealizar construções.
Construir: levantar ideias.
A arquitetura é sempre ideia construída.
Desenhar. com o desenho como instrumento de Transmissão.
Com traços expressivos que transportam as ideias para o papel.
Com traços precisos que permitem ao executor concretizar a sua construção.

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Aprender a olhar. “Olhar, observar, ver, imaginar, inventar, criar”.


Criar e pensar. Pensar, como também dizia Sullivan, e criar o nosso pensamento.

A ideia é síntese de todos os elementos que compõem a arquitetura (contexto, função, construção,
composição). Como se de uma operação de alquimia se tratasse, numa destilação dos múltiplos elementos
necessários para se obter um resultado único e unitário: uma ideia capaz de ser construída, de materializar-se.
E assim como as formas passam, se destroem, as ideias permanecem, são indestrutíveis. A história da
arquitetura é uma história de ideias, de ideias construídas, de formas que materializam e põem de pé essas
ideias. Pois sem ideia, as formas são vazias. Sem ideias, arquitetura é vã. Seria pura forma vazia.
Reclamo a ideia como a base necessária a qualquer obra de criação. Como base imprescindível da
arquitetura. Pensar ou não pensar. Eis a questão.

A luz, material mas sempre em movimento, é precisamente a única capaz de fazer com que os espaços
definidos pelas formas construídas como material denso flutuem, levitem.

II. Proposta e plano de estudo-pesquisa

Título Provisório: Da ideia à primeira linha

Tema: Transformação da primeira ideia em linguagem desenhada

Resumo (máx. 250 palavras)


Ideia é a síntese de todos os elementos que compõem a arquitetura (contexto, função, construção e
composição). Assim, imagina-se uma forma com influências que se manifestam no subconsciente e que são
posteriormente aplicadas no projeto, que definitivamente não será um processo linear, mas sim contraditório.
Aprender a ver é fundamental para um arquiteto. Todas as referências e influências que surgem com a
ideia inicial nunca são de algo absolutamente novo. No entanto, é a fusão destas influências que nos fazem criar
algo irrepetível.
O ponto de vista do observador/projetista em questão é um dos elementos mais importantes para que
as ideias que surgem em cada um se diferenciem umas das outras. É neste ponto de vista que se define o que
vemos, coisas, objeto, mundo. Partindo do princípio de que o ponto de partida da arquitetura é o homem, como
ser corpóreo e de peso, explica-se a expressão do homem para o homem, este que procura um espaço ou
conjunto de espaços planos para aí implantar a ideia que ainda não passou para o papel.
Quando se desenha, deve-se procurar traços expressivos para os utilizar como instrumento de
transmissão de ideias. Este não só tem a capacidade de facilitar a transmissão da ideia central como também
de esclarecer de uma só vez, tudo o que se propõe transmitir.
E assim como as formas passam, se destroem, as ideias permanecem, são indestrutíveis. […] Pois sem ideia, as
formas são vazias. Sem ideias, arquitetura é vã. Seria pura forma vazia.

Referências

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Campo Baeza. Alberto, (2011), Pensar com as mãos, Casal de Cambra: Caleidoscópio_Edição e Artes Gráficas
SA
Campo Baeza. Alberto, (2018), A ideia construída, Casal de Cambra: Caleidoscópio_Edição e Artes Gráficas SA
Valderrama Aparicio, Luz Fdez., (2004), La constuccion de la mirada; tres distancias, Sevilha: Universidad de
Sevilla_Secretariado de Publicaciones
Siza, Álvaro, (2020), Imaginar a Evidência, Lisboa: Edições 70_LDA

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