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Mafalda D’ Ara Vilar | 21568021 | Introdução à teoria da Arquitetura | 3º A | Ano Letivo 2022/23

O projeto arquitetónico é constituído por um modelo que integra o máximo de conhecimentos


teóricos e práticos, configura um inventário “interno” que está na mente de cada arquiteto, é a
representação e o esboço da criação e das ideias que a inspiram. O objeto arquitectónico não nasce
do nada, nasce de preexistências ambientais, antecedentes objetivos e subjetivos que coexistem com
o nosso conhecimento e a nossa memória cultural e social, é daqui que deriva o modo de projetar de
cada um. A arquitetura combina o conhecimento com a sabedoria.
O arquiteto moderno, é caraterizado pela consciência de que o seu trabalho poderia sempre ser
diferente, o seu maior inimigo passa a ser a arbitrariedade. Espera-se que o processo de
aprendizagem de um arquiteto lhe permita adquirir conhecimento através da prática projetual, da
teoria, história e critica, e que este conjunto de saberes possa contribuir para evitar a arbitrariedade e
resultar na forma válida, que contribui por sua vez para uma organização do espaço consciente.
A arquitetura é gerada por processos sociais, a arquitetura e a sociedade condicionam-se
mutuamente. A arquitetura determina ambientes de ação, delimita e sustenta as relações que os
indivíduos estabelecem entre si, influência hábitos, movimentos, forma espaços, expressa
significados. É a expressão de uma sociedade organizada espacialmente. A arquitetura tem um
compromisso direto com a sociedade. Por isto, é preciso existir uma grande consciencialização a par
do processo de projectar. Ser consciente, é ter espirito critico, é um esforço constante por saber o
que está certo e o que está errado, é ser coerente, é saber julgar com sensatez, é ser culto, sábio. Há
conceitos fundamentais na arquitetura que não podem ser abandonados, têm de ser percebidos:
ordem, proporção, conformidade, coerência, simetria, ritmo, movimento, são alguns deles.
A preocupação da organização do espaço ultrapassa o nosso tempo, as primeiras cidades
surgiram na Mesopotâmia, nos vales dos rios Tigres e Eufrates, 2500 a.C. E esta preocupação foi
crescendo até à atualidade, passando por diversos tempos, sociedades, processos, histórias. A
história, a ciência, as novas tecnologias, invenções, pensamentos, saberes, a arquitetura caminhou
lado a lado com elas desde sempre, e por consequência “a cidade” caminhou com elas. A cidade
adapta-se ao tempo e às pessoas que nela habitam. Às culturas, às ideias, às necessidades, às
evoluções de cada época. A cidade é desenvolvida com o intuito de desenvolver uma série de
necessidades características do ser humano, é caracterizada pelo espaço. O espaço não depende
só de si mesmo, depende de todas as formas para o qual é utilizado, depende do comportamento
social das pessoas perante ele, é importante percebermos a relação completa que existe por trás da
junção da arquitetura com a humanidade para sermos arquitetos no verdadeiro sentido da palavra. O
arquiteto não é um ser egoísta, é um sabedor, racional, que conhece o passado e o presente, um ser
curioso que quer sempre saber mais sobre o que o envolve, e cito Vitrúvio, que tanto me tem
ensinado, é “filho da prática e da teoria”, é um pouco de tudo, sabe um pouco de tudo.
É fundamental que o arquiteto tenha espírito crítico, o qual só pode ser alcançado através da
transferência da experiência universal para a própria, pelo estudo de obras onde reconheça como
dados do projeto foram entendidos e valorizados pelos arquitetos, quais eram as suas intenções, no
que se basearam, em que momento temporal aconteceu e qual a história da época. A experiência tem
a si vinculada a teoria, a história e a crítica, e o projeto é quem permite a ligação entre estes campos
do conhecimento.
O projeto tem de ser o resultado de um raciocínio lógico, a forma é uma consequência lógica
da técnica. Lógica esta que não é universal, existe uma lógica para cada arquiteto, e a lógica de cada
arquiteto é um grande e longo processo de auto consciencialização das formas, pensamentos, teorias
que o próprio quer defender e representar. É através do trabalho do pensamento, pensamento este
muito bem estruturado através de teoria, prática, cultura, que o ato de criação nasce da mente do
arquiteto, fruto da imaginação criadora, da sensibilidade, da percepção e intuição, com base na
coerência e na lógica funcional. Uma estrutura de pensamento é válida quando existe uma teoria e
uma prática de projeto bem conseguidas intrinsecamente, quando o pensamento é consciente,
apoiado na história, no tempo antigo, no presente, no local, quando é coerente. O campo das ideias
em arquitetura implica um vasto campo de estudo da teoria e da historia, um exercício intelectual. A
arquitetura é uma manifestação de ideias, uma infinita inovação aliada ao espírito dos tempos, às
tendências, às tradições, a novas visões e interpretações do que foi já feito no passado.
Saber a história da arquitetura, é evitar o anacronismo. É conhecer o que está por trás desta
arte tão enigmática, é termos acesso através da história a uma infinidade de saberes: soluções,
êxitos, fracassos, experimentações, teorias, descobrimentos, e tudo isto nos leva a compreender o
sentido de determinadas obras de arquitetura, e o que levou os arquitetos a projeta-las assim, e o
porquê de devermos seguir os seus ensinamentos, ou o contrário, a razão pela qual não devemos
adapta-los ao nosso projeto. A história é um jogo de ensinamentos e reflexões imensos, que temos
de saber interpretar e complementar com a teoria.
A teoria tem de incidir sobre o trabalho prático. A teoria alimenta-se dos resultados da prática,
e a prática apoia-se na reflexão teórica, e ambas se completam. A teoria ajuda a obtermos
explicações para a nossa ideia durante o ato de projetar. A história é o nosso referencial, mostra-nos
situações análogas, ou não, que nos fazem refletir sobre a solução que devemos adoptar. Teoria e
história são partes integrantes do processo projetual.

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