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DEFINIÇÃO
Danilo Angrimani1
Não importa qual seja o contexto, sempre que se quer acusar um veículo
de comunicação, ou um jornalista, usa-se de forma abrangente – e nem
sempre exata – a adjetivação “sensacionalista”.
Por ser totalitário, o termo leva à imprecisão. O leitor (o telespectador, o
ouvinte) entende sensacionalismo como uma palavra-chave que remete a
todas as situações em que o meio de comunicação, no entender dele, tenha
cometido um deslize informativo, exagerado na coleta de dados
(desequilibrando o noticiário), publicado uma foto ousada ou enveredado por
uma linha editorial mais inquisitiva.
Sensacionalista é a primeira palavra que a maior parte das pessoas
utiliza para condenar uma publicação. Seja qual for a restrição, o termo é o
mesmo para quase todas as situações.
Quando se enclausura um veículo nessa denominação, se faz também
uma tentativa de colocá-lo à margem, de afastá-lo dos mídias “sérios”. Se um
jornal (telejornal, ou radiojornal) é tachado de sensacionalista, significa para o
público que o meio não atendeu às suas expectativas. Na abrangência de seu
emprego, sensacionalista é confundido não só com qualitativos editoriais como
audácia, irreverência, questionamento, mas também como imprecisão, erro na
apuração, distorção, deturpação, editorial agressivo – que são acontecimentos
isolados e que podem ocorrer dentro de um jornal informativo comum.
Para que o termo perca esse caráter múltiplo, movediço, há necessidade
de melhor caracterizá-lo, situando-o adequadamente.
Mott escreve que “a palavra é comumente utilizada” para designar
matérias que estimulam “respostas emocionais” no leitor. “Obviamente”, ele
acentua, isto leva a mensuramentos subjetivos e “efeitos patológicos os quais
são difíceis de estudar”.2
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Idem, ibidem.
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Idem, ibidem.
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Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal (estado de tensão); “o seu
objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte pulsional; é no objeto ou graças a ele
que a pulsão pode atingir a sua meta”. (LAPLANCHE, Jena. Vocabulário de Psicanálise. São Paulo,
Martins Fontes, 1991).
Auclair, ao utilizar expressões como “sonhos purificadores” de
“compensação”, “violência perpetrada ou sofrida por procuração”, “sofrimento
masoquista”, entre outras, sugerem caminhos que convergem na linha de
pesquisa que tracei para melhor compreender o sensacionalismo. Demonstra
assim que é preciso acrescentar um ponto de vista psicanalítico ao estudo da
comunicação.
(...)
É na exploração das perversões, fantasias, na descarga de recalques e
instintos sádicos que o sensacionalismo se instala e mexe com as pessoas. É
no tratamento antianódino da notícia, quase sempre embalada em um
caleidoscópio perverso, que o sensacionalismo se destaca dos informativos
comuns.
“O trinômio escândalo-sexo-sangue aponta, pois, para os três
níveis de maior enfoque do jornal sensacionalista, sendo a
moral, o tabu e a repressão sexual e, por fim, a liberação das
tendências sádicas do leitor o fundo sociopsicológico desse
tipo de jornalismo”9
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MARCONDES FILHO, Ciro. O Capital da . É nesse pêndulo Notícia, Op cit.
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