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CONHECIMENTO
No culto aos orisa existem alguns orisa que possuem maiores ligações com algum orisa do que
outros. Exemplos não faltam: Obatala e Yemowo; Yemoja e Osun; Orunmila e Esu; Obaluwaye
e Sango.
Essas relações são produtos de uma forte ligação que o orisa possui com o outro, e
obviamente que praticamente todos os orisa se relacionam entre si.
Porém, uma dessas maiores relações, se não a maior, é a de Ogun com Osoosi.
Percebe-se que esta íntima ligação entre Ogun e Osoosi é algo que é propagado em todo culto
à Orisa, seja no Brasil, em Cuba ou na Nigéria.
Tamanha é essa ligação, que em muitos lugares é dito que Ogun e Osoosi são inseparáveis e
cultuados juntos a qualquer forma. Ao cultuar um cultua-se automaticamente o outro, visto
que, um depende do outro, e essa ligação é muito benéfica.
Ogun e Osoosi são orisa do clã dos caçadores, os chamados orisa Ode e que Ogun é o líder dos
caçadores sucedido por Osoosi como Olode. Osoosi é também Igba-Keji Ogun, ou seja, é o
Secundário de Ogun, e que Osoosi sempre acompanha Ogun. É uma relação recíproca onde
um depende do outro e dessa forma, sintetizam nossa evolução e desenvolvimento.
Osoosi é o orisa da caça, das florestas, dos animais, da busca, da estratégia e das ciências.
Promove o desenvolvimento e o crescimento através dos objetivos alcançados e das
descobertas científicas.
Juntos formam uma dupla imbatível e determinada, que desenvolvem todo o trabalho e
atribuições na sociedade.
Ogun é própria luta do dia a dia, é o esforço, a dedicação e a força pelo o que quer. Enquanto
Osoosi é o planejamento estratégico, o foco, a meta a ser alcançada e objetivo cumprido.
Para melhor esclarecer essa associação, existe um itan que gosto muito, bastante conhecida
em algumas regiões da Nigéria como Ile-Ife e Oyo, em Cuba é uma das mais populares, porém,
por alguma razão desconhecida, pouca divulgada no Brasil, onde conta essa união entre Ogun
e Osoosi.
OSOOSI é o melhor dos caçadores e suas flechas não falham nunca. Contudo, havia um tempo
em que nunca podia chegar até as suas presas porque a espessura da mata lhe impedia.
Desesperado, foi se consultar com ORUNMILÁ, quem lhe aconselhou a fazer algumas
oferendas e sacrifícios. OSOOSI e OGUN não caçavam juntos porque ESU havia semeado a
discórdia entre eles, mas OGUN tinha um problema similar. Nada nem ninguém eram capazes
de abrir caminhos nas matas com maior rapidez que ele, porém nunca conseguia matar suas
presas e elas acabavam escapando. Também foi se consultar com ORUNMILÁ e recebeu
instruções de fazer também algumas oferendas e sacrifícios. Foi assim que ambos rivais foram
até a mata fazer os seus sacrifícios. Sem se dar conta, OSOOSI deixou cair suas oferendas em
cima de OGUN, que estava recostado em um tronco.
OGUN e OSOOSI tiveram uma forte discussão, mas OSOOSI se desculpou e então se sentaram
e começaram a conversar e contar os seus problemas, um para o outro. Enquanto falavam, ao
longe passava um veado. Rápido com o um raio, OSOOSI se ergueu e atirou uma flecha que
atravessou a garganta do animal deixando-o morto. “Viu?” disse OSOOSI, “eu não posso
pegar”. Então OGUN pegou seu facão e em menos tempo do que canta um galo, abriu uma
trilha até o veado. Muito contentes, chegaram até o animal e compartilharam o alimento.
Desde esse momento combinaram que era necessário um do outro e que separados não eram
ninguém, então fizeram um pacto perante ORUNMILÁ. É por isso que OSOOSI, o caçador,
sempre anda com OGUN, o dono dos ferros.
PAI FOLHA
KOLOFE
CONHECIMENTO
Pemba é um giz de calcário que é usado na Umbanda para muitas coisas, principalmente para
se riscar pontos no chão.
Cada desenho feito com a Pemba neste ponto riscado tem um significado e uma utilização, ele
pode retirar do local energias ruins, ele pode promover purificações, inversões de energias, e
ou retornos das magias negativas.
Estes pontos riscados são verdadeiros portais por onde são levados todos os males que o
consulente tem.
Estes pontos riscados estão ligados ao astral e podem atrair ou repelir energias.
Existe Pemba de várias cores, cada uma com seu fundamento, mas a que mais usamos na
Umbanda é a Pemba branca, pois o branco serve para tudo.
A Pemba na Umbanda é usada para muitas coisas, na verdade está presente em todos os atos
ritualísticos, como casamento, batizados, trabalhos, mandalas, feitura de pai pequeno ou mãe
pequena, na consagração do Ogam (tabaqueiro), amacis, curas, benzimentos, nos trabalhos
magísticos, ou de imantação, cruzamentos e para consagrar objetos.
Ela é a ligação do mundo espiritual ao mundo material, onde as entidades de Luz utilização
para realizar seus trabalhos, firmar suas energias no terreiro ou onde houver necessidade.
No atendimento do Preto velho é comum que a entidade faça com a Pemba cruzes nos pés,
nas mãos, na nuca e na testa do consulente, como forma de protegê-lo e afastar o que estiver
com ele.
Não existe nenhum trabalho que não seja usada a Pemba, dito giras de Umbanda, onde
ocorrera o atendimento e consulta dos consulentes.
Em um trabalho energético, devemos lembrar que as energias entram pelo chacra coronário,
se ele estiver desprotegido, o médium pode não ter e nem receber as energias de suas
entidades e acabar por assumir algumas energias negativas.
Este pó de Pemba, é feito pelo Pai da Casa que rala a Pemba e a consagra em seu congar.
Já as Pembas das entidades que riscam seus pontos no chão ou utilizam em seus consulentes,
estas são consagradas pela própria entidade.
Elas consagram baforando com seus charutos, cigarros ou cachimbos, e estas não precisam
ficar no conga, podem ficar com os médiuns.
Faça um círculo com a Pemba, coloque dentro do círculo a ou as Pembas a serem consagradas
e acenda 7 velas uma de cada cor, menos a preta.
Faça uma oração pedindo a Deus e aos Orixás que consagrem aquela Pemba para que você
possa usá-la com sabedoria e para ajudar o próximo.
Assim que todas as velas apagarem, basta retirar a Pemba, recolher os tocos das velas, e
apagar o círculo com pano limpo e alfazema.
Guarde a Pemba dentro de um saquinho feito de pano, para ela não pegar nenhuma impureza.
E pronto, ela já estará pronta para ser usada.
Como vimos neste artigo a Pemba é muito usada na Umbanda, em todos os seus rituais, mas
não basta ter uma Pemba se ela não for consagrada, não tiver um espírito nela, se for assim,
ela deixará de ser Pemba para ser apenas um giz.
Assim como não basta consagrar a Pemba e o médium não estar preparado para o trabalho
que a Umbanda realiza.
Na Umbanda tudo tem fundamento, importância e um jeito certo de ser feito, se a Pemba é o
que une o mundo espiritual ao mundo material, não podemos tratá-la de qualquer forma.
A magia que existe em sua escrita, cada ponto riscado é uma magia, um portal por onde as
energias ruins são enviadas e as boas trazidas, tudo que estiver de errado em um terreiro ou
trabalho, basta riscar um ponto de força e ajustar as energias.
A Pemba é tão importante que costumamos chamar os filhos da casa, de filhos de Pemba,
porque fazemos da importância que a Pemba tem dentro dos nossos trabalhos.
Podem reparar que quando um trabalho de Umbanda vai começar, o chefe da Casa ou a
entidade dirigente daquele trabalho, risca seu ponto logo na entrada da passagem para os
passes e consultas. Quando o consulente passa por ele, algumas coisas já são retiradas e
levadas para os seus devidos lugares.
Mas existe outra função e razão para este ponto riscado estar justamente na passagem da
assistência para o atendimento, é para que nenhum espírito obsessor possa entrar nos
trabalhos e atrapalhar.
Claro que contamos com a proteção dos Exus para nenhum obsessor passar, mas se escapar de
Exu não escapará do ponto riscado.
temos até um ponto cantado para a Pemba na Umbanda, tamanha a sua importância.
Salve a coroa
PAI FOLHA
KOLOFE
CONHECIMENTO
OS ESCOLHIDOS DE OGUM
Todos os bons combates são pertencentes ao coração de Ogum. Lutar quer dizer que você terá
que empunhar a espada muitas e muitas vezes.
Tantas quantas forem necessárias. Lutar quer dizer que você não poderá se acovardar perante
os conflitos, terá de assumir posturas, terá que escolher lados, e definitivamente, lutar quer
dizer que a maioria das pessoas não irá gostar de você.
Por que?
Porque ser passivo é cômodo, não dá trabalho algum e não causa indisposição ou dissabores
com morta mosca que paire sobre o solo.
Não notar que atitude envolve fracasso é arrogância ou displicência, e a vaidade pode custar
muito caro no campo de batalha.
Saibam todos que o único que não erra é aquele que nada faz, e o marasmo e a podridão da
água morta são aversões para Ogum, general em comando. Até Deus vomita água morna, que
causa Logo, lutar é levantar e erguer sua espada, defender o que é correto, aparar as arestas
do ego ,e dizer coisas que muita gente não irá gostar de ouvir. Ogum é bélico, é guerreiro, mas
ele peleja pelo bem.
Nas guerras não apenas temos de nos preocupar em avançar, ganhar terreno, conquistar
territórios, vencer inimigos diários.
Guerrear também consiste em manter e proteger aquilo que já se conquistou, ou então nada
terá valido a pena... E tudo isso exige muito equilíbrio. Força de combate, resistência de
superação. O guerreiro da luz batalha pelas razões nobres, e quando erra em escolher suas
lutas, seus aliados e suas estratégias, é o gosto do próprio sangue que lhe vem a boca.
É impiedoso e sanguinário.
Ogum conhece os corações, e não hesita em derrubar sua espada sobre os falsos cortando as
cabeças dos injustos. Que Ogum lhe abençoe hoje e sempre em nome de Oxalá, te dando a
força necessária para suas lutas , conquistas e defesas.
PAI FOLHA
KOLOFE
CONHECIMENTO
ORIKI
LAROYE EXÚ
AGÔ MÓ JUBÁ
Ni fi ti Èsú síwájú.
Èsù, senhor do meu corpo, vós que fez ele ressurgir, me dê energia.
Ó meu Pai escuta meu pedido e seja meu mensageiro ao Pai Supremo.
Guarde a casa que me acolheu e todos os meus, que nela estão para te louvar.
Odará, vós que sois belo, vós que carregou em sua cabeça somente o Ekodidè.
Meu Pai que não quebrou o tabu e não levou carrego nenhum.
Coloque Meu Pai esta pena sagrada em meu coração, para que ele também não carregue o
peso do desamor, da dor, do rancor.
Meu pai Esú, tome conta de meus caminhos e da minha vida, que meus inimigos tenham pés e
não me alcancem, tenham mãos e não me peguem , tenham olhos e não me vejam e nem
pensamentos tenham para me fazer o mal, Irê Ô... Alafiá
PAI FOLHA
KOLOFE
CONHECIMENTO
CELEBRANDO A PROSPERIDADE
ÀBÁMODÁ conhecida como folha da fortuna é a única que pode eventualmente substituir
ÒDÚNDÚN (folha da Costa) nos rituais sagrados.
Esta folha está associada à prosperidade justamente pelo surgimento de muitos brotos nas
bordas das folhas.
Você pode tanto tomar o banho como lavar o estabelecimento de fora para dentro!
Esta folha é encontrada em qualquer jardim, praça pública e pode até ser plantada na
residência, pois ela é de fácil reprodução!
KOLOFE
Eu te benzo no poder do ar
Com as bençãos do universo e dos quatros elementos, que todo mal seja quebrado, que a
força do amor, que tudo liberta, faça- se presente
PAI FOLHA
KOLOFE
CONHECIMENTO
Foi uma dor tão grande enterrar meu menino. Eu não lidei bem com isso. Não consegui
superar.
Um ano depois do acontecido eu ainda estava de luto. Ainda chorava muito. Então comecei a
ter sonhos com meu filho.
Nestes sonhos eu o via sozinho em um lugar escuro e frio, e ele ficava ali sentado no chão,
abraçando os próprios joelhos, olhando para o nada com o olhar perdido.
Os sonhos se repetiam. Toda vez era a mesma cena. Até que uma noite eu tive novamente o
sonho, mas dessa vez eu não sei explicar como mas... senti uma vontade enorme de chorar e
quando comecei meu filho me ouviu.
Ele olhou na minha direção e começou a chorar e gritar e eu não entendi as palavras, mas
entendia que ele estava sofrendo.
Primeiro fui a igreja católica, pois eu era uma católica não praticante. Mas lá me disseram
coisas
Então minha irmã me levou em um centro espírita mesa branca, porém lá eu também não
recebi a ajuda esperada. Os médiuns eram muito fixos nas ideias cristãs e ficavam falando
coisas sobre o sofrimento no pós morte dos suicídas. Coisas sobre ter que pagar, punição e etc,
mas isso eu já sabia. Eu não precisava de palestra, precisava de ajuda.
Felizmente nesse centro conheci uma senhora que era Umbandista e que me disse para ir até
o terreiro dela para falar com as entidades.
Eu fui, e lá conversei com uma Pombagira chamada
Maria Figueira. Contei para dona Figueira a minha história e perguntei se ela poderia ajudar
meu filho.
Ela ficou um tempo calada pensando no assunto, mas no fim me disse que não.
Eu fiquei extremamente decepcionada, mas antes que eu fosse embora, uma das moças que
ajudavam a Pombagira me deu um papelzinho onde estava escrito um número de telefone e o
nome de um homem.
A moça disse que dona Figueira havia mandando me dar o contato desse homem, pois ele
podia me ajudar.
Estava já desistindo. Já tinha ido a tantos lugares que não tinha mais esperanças.
e dessa vez meu filho se debatia no chão como se sentisse muita dor. Seu rosto estava pálido e
as lágrimas que ele chorava eram negras como petróleo.
Terra atendendo outras pessoas. Se vestia com uma capa vermelha que ia até os pés e ficava
sentado em um toco de tronco de árvore. Eu achei estranho.
Confesso que a princípio não botei muita fé.
Quando chegou a minha vez comecei a contar a minha história. No meio do relato ele ergueu a
mão me pedindo para parar de falar.
Eu fiquei confusa,
Como eu saberia?
ele disse:
💀 — “Você não sabe o nome do lugar, mas ja viu no sonho. Me diz como é o lugar.”
lembrava.
💀 — “Entendo. A Figueira mandou você aqui porque... eu sou o único que pode entrar em
qualquer lugar. E esse lugar que você falou é abarrotado de almas, ela não pode ir lá, mas eu
posso.”
👩 — “Não, lá não é abarrotado, é vazio, não tem ninguem além do meu filho.”
💀 — “Lá é abarrotado. Mas uma alma não pode ver a outra. Eles estão todos juntos, mas
sempre acham que estão sozinhos.”
O Exu pegou a camisa que eu tinha levado e a cheirou, parecia um cão farejando algo.
Ele fez com as mãos um gesto mostrando o tamanho. Eu não sabia muito bem onde arranjar
um bode, mas perguntando ao povo eu consegui achar
onde comprar.
Liguei para o rapaz que vendia animais e ele entregou em 40 minutos um bode. Eu tinha
embarcado na história, pois de qualquer forma era uma chance, mas confesso que não
No dia marcado retornei. Quando cheguei o Exu estava já atendendo mais gente e quando me
viu disse que eu deveria ser a última. Fiquei esperando.
Quando a última pessoa foi atendida ele me chamou. Ja passava da meia noite. Fui com o Exu
até uma salinha no fundo da casa, onde havia uma mesa com duas cadeiras e uma janela com
👩 — Jesus amado...
💀 — “Essas patas tem de ficar ai, foi com a força delas que eu consegui correr até lá. Agora
olhe ali, veja com atenção.”
e dissesse se aquele era meu filho. Olhei para a janela, mas não vi nada. As cortinas
balançavam
anos de idade. Era meu Maciel, era ele, vestido com o uniforme da escola. Meu filho morreu
adulto, mas eu o estava vendo ali como criança.
Senti a mão de Giramundo segurando meu pulso e quando dei por mim, eu estava em pé no
meio da
Eu ofegante de tanto chorar me sentei novamente na cadeira e confirmei que era mesmo o
meu filho.
💀 — “Então diz pra ele, tem de falar o que ele precisa ouvir.
falei:
👩 — “A mamãe está bem filho, o papai também. Você agora tem que ir descansar. Você tem
que ir para um lugar bom.”
Aquela figura de menino fez um som atrás da cortina. Um som curto e seco, mas que eu
entendi como "Desculpa".
Então Giramundo foi ate a cortina e se abaixou do lado dele. Ouvi um chiado e percebi que
meu filho estava cochichando. Giramundo inclinou a cabeça
💀 — “Eu estava triste, muito triste. Eu só queria dormir. Então eu achei os remédios para
gripe na caixa que ficava na cozinha. Eu tomei dois, sabia que ia dar sono. Mas ai eu vi os seus
remédios da pressão mãe e eu me lembrei de você falar que eles eram fortes. Então eu tomei
uma cartela deles. Eu queria morrer. E depois tomei mais outras cartelas, todas as que
estavam lá, os seus remédios, os do papai... mas eu me arrependi, e eu queria vomitar, mas
não saia. E eu dormi. Quando acordei já estava lá naquele lugar. Me perdoa mãe, eu te ouvi
chorando mas não conseguia te ver...”
👩 — “Eu perdoo sim meu filho, eu sei que seu pai também te perdoa.”
E a figura do meu filho foi ficando embaçada como se ele fosse dando passos para trás. Até
que sumiu. Nunca mais eu tive aqueles
sonhos.
Ainda lembro do meu filho com muitas saudades , mas não com tristeza, pois eu sei que agora
Giramundo é o Exu que pode entrar em qualquer lugar, até no vale dos suicídas. E eu sempre
serei grata pela ajuda que me prestou.”
PAI FOLHA