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A Capital do Século XIX > BENJAMIN, Walter. 
 PLANO DE AULA.  
 
 
 
A casa e a rua. 
 
Objetivos: 
Problematizar as origens da “arquitetura do isolamento”; 
do temor pela contaminação do mundo; 
e do enfraquecimento da percepção do outro como “outro‐eu”. 
 
Resumo até aqui: 
Surge a oposição entre moradia e trabalho 
Modelo da cidade medieval se extingue 
A vida cotidiana passa a se basear no isolamento 
 
Capitalismo interfere nas relações sociais: 
O capitalismo e a ideologia liberal fortalecem a noção de indivíduo. 
A “coisificação” das relações sociais como fator que enfraquece os liames sociais. 
 
Surge a metrópole moderna: 
Novas regras sociais regem a convivência entre pessoas que não se reconhecem 
 
Objetivo geral: 
Investigar como se inicia o modo de vida burguês moderno. 
Isolamento 
Individualismo 
Todos os âmbitos da vida pautados pela importância do dinheiro para a sobrevivência. 
 
+ aspectos de Simmel: 
Indiferença que esconde uma aversão ao outro que pode explodir em ódio. 
Antipatia como defesa contra o outro desconhecido. 
Anestesia contra o excesso da metrópole. 
Relações racionalizadas e não afetivas. 
 
 
Uma das novidades é o surgimento da multidão. 
1. O que é a multidão? 
um agrupamento de indivíduos que se ignoram. 
 
 
medo, repugnância e horror 
“A multidão metropolitana despertava 

naqueles que a viam pela primeira vez”. 
 
 
Todos esses fatores se remetem a: 
O surgimento do Homem Privado 

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Na modernidade firmam‐se oposições que se exacerbam. 
A “arquitetura do isolamento” fortalece a oposição entre 
Casa e Rua  
Interior e Exterior 
Privado e Público 
Controle e Incerteza 
Segurança e Perigo 
Assepsia e Insalubridade 
 
3. Por que o indivíduo que chega na metrópole se sente desorientado? 
A perda dos rastros 
A grandiosidade da cidade e o enfraquecimento dos liames sociais 
criam a sensação de desorientação. 
 
Simmel havia respondido que a cidade grande é menos afetuosa. 
 
A metrópole apaga os rastros do indivíduo. 
 
O intérieur torna‐se o espaço onde o indivíduo pode 
deixar seus rastros.  
 
O rastro é a confirmação da existência que foi perdida na 
multiplicidade da metrópole.  
 
O refúgio no intérieur torna‐se a compensação pelo 
desaparecimento dos rastros na rua 
 
 
 
3. Como se formou a habitação (burguesa) que nós vivemos? 
Basta apresentarmos como se forma o INTÉRIEUR 
 
 No “intérieur”, tudo tem um invólucro. 
 
 A própria casa é como um estojo de veludo. 
 

 É preciso proteger os fragmentos do contato com o mundo. 
 

 “Habitar significa deixar rastros”.  
 

 “No ‘intérieur’ esses rastros são acentuados”. 
 

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“Desde Luís Filipe, a burguesia se empenha em buscar uma compensação pelo desaparecimento de 
vestígios da vida privada na cidade grande. Busca‐a entre suas quatro paredes. É como se fosse questão 
de honra não deixar se perder nos séculos, se não o rastro dos seus dias na terra, ao menos o dos seus 
artigos de consumo e acessórios. Sem descanso, tira o molde de uma multidão de objetos; procura capas 
e estojos para chinelos e relógios de bolso, para termômetros e porta‐ovos, para talheres e guarda‐
chuvas. Dá preferência a coberturas de veludo e de pelúcia, que guardam a impressão de todo contato. 
Para o estilo Makart do final do Segundo Império, a moradia se torna uma espécie de cápsula. Concebe‐
a como um estojo do ser humano e nela o acomoda com todos os seus pertences, preservando, assim, os 
seus vestígios, como a natureza preserva no granito uma fauna extinta”. 
 
 
Uso do veludo e da pelúcia  
Estante de Bibelôs  
Exagero e profusão de elementos 
 
“Esta época estava decorada para o sonho, estava mobiliada de sonho”. 
 
“O intérieur dessa época é um estimulante da embriaguez e do sonho” 
 
 
 
O Intérieur é uma proteção tanto  material, do corpo, 
quanto  psíquica , da sua individualidade. 
 
No intérieur se protege: 
do perigo de desaparecer,  
de não ser único,  
de não ser reconhecido pelo outro 
 
“Ironicamente o mobiliário por volta de 1830 é citado por Levasseur como possuindo formas copiadas de 
velhos castelos e tendo camas e armários guarnecidos de ameias, como fortalezas do século XIII”. 
 
Benjamin compara a forma dos móveis como as de fortalezas do século XIII. 
 
A subjetivação do objeto tem seu custo  
no esvaziamento de sentido do sujeito. 
 
Reificação : processo em que o sujeito metaforicamente perde sua humanidade ao se 
transformar em um objeto. 
 
Fetichismo: processo em que um objeto metaforicamente ganha vida ao encarnar 
características de um sujeito. 
 
 
A multidão moderna abraça a crença na independência.  
Trata‐se de indivíduos isolados em grupo. 
A fantasmagoria da independência despe o homem de sua humanidade. 
 

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O avanço da técnica possibilita essa vida isolada em sociedade, na medida em que o morador 
da metrópole pôde adquirir suas provisões sem necessariamente engajar‐se em interações 
mais complexas.  
A fantasmagoria da independência do outro se 
estabelece. 
A independência ilusória, na medida em que isola o indivíduo, o reifica. 
Primeiro substituto da relação social,  
o dinheiro é posto como realidade autônoma,  
coisificando as relações sociais. 
“Uma cidade como Londres, onde se pode vagar horas a fio sem se chegar sequer ao início do fim, sem se encontrar 
o mais ínfimo sinal que permite inferir a proximidade do campo, é algo realmente singular: Essa concentração 
colossal, esse amontoado de dois milhões e meio de seres humanos num único ponto centuplicou a força desses dois 
milhões e meio. . . Mas os sacrifícios que isso custou, só mais tarde se descobre. Quando se vagou alguns dias pelas 
calçadas das ruas principais, só então se percebe que esses londrinos tiveram de sacrificar a melhor parte de sua 
humanidade para realizar todos os prodígios da civilização, com que fervilha sua cidade; que centenas de forças, 
neles adormecidas permaneceram inativas e foram reprimidas. . . O próprio tumulto das ruas tem algo de 
repugnante, algo que revolta a natureza humana. Essas centenas de milhares de pessoas de todas as classes e 
situações, que se empurram umas às outras, não são todas seres humanos com as mesmas qualidades e aptidões e 
com o mesmo interesse em serem felizes? E, no entanto, passam correndo uns pelos outros, como se não tivessem 
absolutamente nada em comum, nada a ver uns com os outros; e, no entanto, o único acordo tácito entre eles é o de 
que cada um conserve o lado da calçada à sua direita, para que ambas as correntes da multidão, de sentidos 
opostos, não se detenham mutuamente; e, no entanto, não ocorre a ninguém conceder ao outro um olhar sequer. 
Essa indiferença brutal, esse isolamento insensível de cada indivíduo em seus interesses privados, avultam tanto 
mais repugnantes e ofensivos quanto mais esses indivíduos se comprimem num espaço exíguo” 
 
“O aspecto ameaçador do agrupamento de pessoas não familiares, quase como sombras sem 
rosto, expressa o caos de seu indisciplinado movimento”. 
 
O temor da multidão de desconhecidos causou o surgimento de um  estilo literário. 
 
As fisiologias constituíam‐se de legendas explicativas da 
cidade moderna. 
 
As fisiologias buscam devolver o controle  
ao habitante da cidade. 
 
De fato, o mais indicado era dar às pessoas uma imagem amistosa das outras.  
Com isso, as fisiologias teciam, a seu modo, a fantasmagoria da vida parisiense. 
 
Qual o outro estilo literário que só pôde surgir na metrópole?  O Romance Policial  
 
A companhia de si mesmo é insuportável para o personagem de Poe. O conto de Poe tenta 
expressar o isolamento desesperado dos seres humanos em seus interesses privados.  
 
Além do temor da multidão de desconhecidos, 
o que mais pode ter contribuído  
para esse isolamento? O conforto. 
O conforto é privativo,  
ele é cada vez mais algo que se constitui no isolamento. 

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É a exclusividade sobre um ambiente que o torna confortável. 
 
O conforto convida ao isolamento. 
Uma coisa é tanto mais confortável quanto é privativa de alguém. 
 
O conforto trazido pelo isolamento só 
foi possível devido ao avanço da técnica. 
 
 
As Passagens de Paris 
 
O que são as passagens de Paris. 
Criadas na primeira metade do seculo XIX, são os primeiros shopping centers. 
 
Nas passagens está presente   
o  inconsciente do mundo de sonho da modernidade. 
Fechadas por cima, protegem da chuva e do frio, ao mesmo tempo em que a luz solar inunda o ambiente protegido 
através do teto de ferro e vidro. Este último, ele próprio um material limiaresco, que ao mesmo tempo em que 
aproxima, distancia. 
 
    As passagens são um mundo em miniatura, uma maquete de cidade sob uma redoma 
de vidro. É possível tomá‐la como modelo da transformação da modernidade. 
 
    Nas passagens, deixa‐se a casa sem sair dela.  
  O exterior torna‐se privado. 
 
    Abertas em suas extremidades, as passagens comportam multidões, mas em 
miniatura. Nada como a torrente de pessoas presenciada por Engels. 
 
    As Passagens são, também, espaços de transição. Isto é, passagens.  
  É comum e até esperado que sejam espaços de passagem entre intérieurs. 
 
    São também um mundo onírico, onde o passante se protege do real. 
 
    A passagem resguarda da velocidade da rua. Do tempo acelerado. 
 
    As passagens simbolizam a transição entre dois modos de vida na cidade. 
  Ela é um meio‐termo entre o velho e o novo. 
 
    A passagem está no limiar entre morada e rua. 
 
    A lógica de proteção da morada transborda para o espaço público. 
 
Posteriormente, os “boulevards” de Haussmann vão se tornar também, “intérieur”.7  

 
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 O jardim como o intermédio entre dentro e fora | O escritório como um lugar controlado e separado onde se recebe o mundo de 
fora. | Escritório vs. Estabelecimento comercial | O medo da multidão como medo da dissolução do eu | Onde está o trapeiro; 
Haussmann; Exposições universais? | A alvorada da modernidade pelo olhar de alguns personagens. 

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