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Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária - FAV- UnB

Relatório de Clínica Médica dos Animais Domésticos 1

UVEÍTE EM FELV POSITIVO: ESTUDO DE CASO

Mylena Pereira da Silva 16/0139261

Paulo César M. dos S. Filho 16/0140765

Brasília, 16 de março de 2022


Introdução

A uveíte é frequentemente observada em cães e gatos, sendo uma das


inflamações oculares mais importantes nos felinos. Se caracteriza pela inflamação da
túnica vascular do olho, que pode acometer todo o trato uveal, como a íris, o corpo
ciliar, e coroide (KLINGNER, 2012). É classificada em uveíte anterior, quando a íris e
o corpo ciliar estão envolvidos, e em uveíte posterior, quando afeta a coroide. A
afecção pode ocasionar em várias sequelas, o que torna importante seu diagnóstico
e tratamento (DE PAULA, 2015).

A doença ocorre devido a qualquer afecção sistêmica ou afecção ocular, que


cause danos no mecanismo de defesa do humor aquoso, chamado de barreira
hematoaquosa. Onde tem-se o aumento da permeabilidade vascular da úvea, com a
participação de prostaglandina, serotonina, leucotrienos e resposta imunológica
específica. As doenças infecciosas estão como uma das responsáveis pelo
aparecimento de uveíte nos gatos domésticos, tendo como um dos primeiros
sintomas a doença ocular (SANTOS & DUTRA, 2020; PONTES et al., 2006).

PONTES et al. (2006), associaram diversas doenças infecciosas à uveíte,


dentre elas, o Vírus da Leucemia Felina (Felv). A qual, foi correlacionada uma
infiltração uveal por células neoplásicas em pacientes com a doença viral, à
ocorrência de uveíte crônica. Além disso, também foi verificado a síndrome da pupila
espástica em animais positivos para FeLV. Assim como PONTES et al., WRONSK
(2020) observou a relação entre FeLV e a lesão na crônica na úvea, manifestado após
o aparecimento de linfomas na região. WRONSK ainda citou o glaucoma secundário
a infecção viral

Relato de Caso

Na quarta-feira, dia 23 de fevereiro de 2022, foi atendido no Hospital


Veterinário de Pequenos Animais -Hvet -UnB, um felino SRD, de aproximadamente 1
ano e 3 meses de idade, macho, castrado, com queixa principal de opacidade dos
olhos.

A tutora relatou que após da adoção, observou que o animal apresentava certa
turves nos olhos, principalmente no olho esquerdo. Devido a isso, a mesma conduziu-
o até o veterinário, que instituiu um tratamento inicial, a fim de reverter a opacidade,
e promover maior acuidade visual ao paciente.

O tratamento consistia no uso de colírio composto por hialuronato de sódio e


outro por tobramicina, sendo administrado 1 gota em cada olho, 6 vezes ao dia, por
15 dias, e 1 gota em cada olho 3 vezes ao dia, durante 10 dias, respectivamente.
Além disso, foi receitado solução para limpeza auricular e interferon. Também foi
constatado, por meio de teste rápido, a positividade para o Vírus da Leucemia Felina-
FeLV- diagnóstico realizado há duas semanas anterior a consulta no Hospital
Veterinário da UnB.

Por conta da piora do quadro, a tutora levou o animal até o Hvet-UnB, para
uma segunda opinião e ajuste das medicações recomendadas. Após avaliação,
percebeu-se que o paciente estava com os olhos bem embaçados, fotofobia
bilateralmente, vasos ingurgitados no olho direito e com irregularidade de íris. Um
novo tratamento foi estabelecido, onde se manteve o uso de colírio a base de
hialuronato de sódio e acrescentado acetato de dexametasona, 1 gota em ambos os
olhos, 3 vezes ao dia, durante 7 dias. Ademais, foi orientado a tutora que se
direcionasse até especialista oftálmico para análise específica, preferencialmente,
antes do retorno.

Discussão

São poucos os animais que desenvolvem doenças oculares após contraírem


alguma doença infecciosa, e isso não difere no caso da FeLV. Porém, o linfoma ocular
por consequência da leucemia felina, pode contribuir para o aparecimento de
alterações oculares, devido ao aumento de espessura da íris e modificações na sua
pigmentação. O que torna a uveíte uma boa indicação de doença infecciosa viral em
felinos (PONTES et al., 2006; SANTOS & DUTRA, 2020).

Conclusão

Conclui-se a existência da relação da etiopatogenia da uveíte, por resultado de


infecção com o Vírus da Leucemia Felina. Entretanto, faz-se necessário outros
estudos acerca do assunto. Além disso, é importante o diagnóstico precoce sobre a
doença infecciosa, a fim de postergar possíveis complicações.

Referências
DE PAULA, R, J, N. UVEÍTES FELINAS: ETIOLOGIA E ABORDAGEM CLÍNICA.
Dissertação (Mestrado integrado a medicina veterinária). Universidade de Lisboa,
Lisboa, 2015.

PONTES, C, K, D.; VIANA, J, A.; SCHIMITZ, D, T. Etiopatogenia da uveíte associada


a doenças infecciosas em pequenos animais. Revista Ceres, v. 53, n. 309, p. 618-
626, dez 2006.

SANTOS, S, J.; DUTRA, L, S. UVEÍTE SECUNDÁRIA À LEUCEMIA VIRAL FELINA


(FeLV): REVISÃO DE LITERATURA. Seminário Interinstitucional, 2020.

KLINGNER, E, R. Uveíte em felinos domésticos: revisão bibliográfica. Dissertação


(Monografia medicina veterinária). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2012.

WRONSKI, J. G. CARACTERIZAÇÃO OFTALMOPATOLÓGICA DE DOENÇAS


INFECCIOSAS SISTÊMICAS EM FELINOS. Dissertação (Mestrado ciências
veterinárias) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2020.

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