Você está na página 1de 35

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/270508665

ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS -


Animais em Crescimento X Mantença X Gestante X Idoso

Technical Report · May 2009


DOI: 10.13140/2.1.2767.6487

CITATIONS READS

0 24,645

1 author:

Flávia Maria de Oliveira Borges Saad


Universidade Federal de Lavras (UFLA)
111 PUBLICATIONS   272 CITATIONS   

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Nutrição de Psitacídeos View project

Bem Estar Animal View project

All content following this page was uploaded by Flávia Maria de Oliveira Borges Saad on 06 January 2015.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP

01 a 03 maio 2009

ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS

Animais em Crescimento X Mantença X Gestante X Idoso

Flávia Maria de Oliveira Borges


Médica Veterinária, MSc., Doutora em Nutrição Animal
Pós-Doutorado em Nutrição de Animais de Estimação
Professora Adjunta da UFLA – Departamento de Zootecnia
e-mail: borgesvet@ufla.br

1. INTRODUÇÃO

Atentar para as diferenciações nutricionais que ocorrem nas diversas fases da vida de um cão ou
gato é uma importante ferramenta para garantir, entre outros pontos, a longevidade do animal em
questão.

De modo grosseiro, as variações nutricionais são muito mais gritantes entre etapas fisiológicas
distintas que entre necessidades nutricionais entre espécies diferentes, em uma mesma etapa
fisiológica.

O crescimento é um dos Períodos mais críticos em termos nutricionais, sendo necessário cobrir todos
os requisitos dos animais para um bom desempenho e, ao mesmo tempo, evitar um superconsumo.

Um subconsumo leva a quadros genéricos de perda de peso, problemas dermatológicos, etc.,


enquanto que uma dieta desbalanceada pode levar a problemas específicos. Uma alimentação
caseira cuja base seja a carne bovina poderá conduzir a uma deficiência de cálcio com um quadro
de osteodistrofia, maus aprumos, menor crescimento e agravamento de displasia (em raças
predispostas. Por outro lado, o superconsumo pode levar também a problemas graves,
principalmente nas raças grandes ou gigantes.

Já na fase adulta é importante observar os requisitos nutricionais adequando-se os mesmos de


acordo com mudanças no grau de atividade, raça, de temperatura ambiente, entre outros fatores. Ao
contrario dos países europeus onde grande parte das raças criada é de caça (atividade média a
pesada) , no Brasil os cães normalmente são criados como animais de companhia (pouca atividade)
ou guarda territorial (atividade leve a média). A nutrição adequada nesta fase, a mais longa de todas
as etapas fisiológicas, será determinante em garantir saúde e longevidade ao animal.

Na fase adulta o maior erro nutricional encontrado é o superconsumo de alimentos. Pesquisas sobre
a população de cães e gatos levados às universidades ou clínicas veterinárias mostram que de 25 a
33% dos cães e 25% dos gatos são obesos e 40% dos cães adultos apresentam sobrepeso,
condição definida pelo excesso de peso entre 10 a 20 % do peso ideal. Esta porcentagem pode
chegar até 75% em cães idosos.

A obesidade é o problema nutricional mais importante na clínica de pequenos animais e apresenta


uma firme tendência a um aumento progressivo relacionado ao aumento da população de animais de
estimação em todo o mundo. Os animais de estimação dos grandes centros urbanos estão cada vez
mais concentrados em pequenos espaços (apartamentos) e com vida sedentária, e a conjunção de
três fatores; castração, disponibilidade alta de alimentos e manejo inadequado do proprietário,
aumenta, em muito, o aparecimento da enfermidade.
2
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

Nas fases de gestação e lactação as mudanças fisiológicas são imensas e rápidas, exigindo um
manejo nutricional criterioso. Considerando a elevada produção de leite de uma cadela, em função do
tamanho da ninhada, além do alto valor energético do leite, as necessidades energéticas durante o
período de lactação são bastante altas. Quando a cadela alcança o máximo de produção leiteira
(entre a terceira e quarta semana de lactação), as necessidades energéticas totais são da ordem de
três a quatro vezes a necessidade de manutenção, dependendo do tamanho da ninhada. Já as gatas
acumulam reservas corporais durante a gestação; sendo mobilizadas durante a posterior lactação,
entretanto é necessário um manejo nutricional adequado para manutenção do crescimento adequado
dos lactentes e para evitar demasia perda corporal da lactante.

Na senilidade a alimentação deve tentar contornar ou dar suporte a sinais, tanto físicos como
metabólico inerentes à idade, diminuir ou eliminar os sinais clínicos de enfermidades e manter um
peso corporal adequado.

Animais velhos apresentam tendências à obesidade, perdas gustativas e problemas dentários,


insuficiência renal crônica, problemas hepáticos e cardíacos. Tomando-se como referência à vida
média de um cão como 12 anos e a de um gato como 14 anos, a maioria dos cães e gatos é
considerada geriátrica aos sete anos de idade, entretanto cães de raças gigantes podem ser
considerados geriátricos aos cinco anos de idade, por apresentarem uma vida média mais curta (em
torno de 9 a 10 anos). Entretanto, a idade pela qual o paciente e considerado geriátrico sofre
influências de fatores ambientais, sanitários e nutricionais.

O presente trabalho elucida alguns aspectos nutricionais relacionados às diferentes fases fisiológicas
de cães e gatos.

2 - ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM CRESCIMENTO

2.1. Cães em crescimento

Segundo o NRC (2006) filhotes neonatos precisam de cerca de 25 Kcal/100g de PV. Cães em
crescimento necessitam cerca de duas vezes mais energia por unidade de peso corpóreo do que
cães adultos da mesma raça. No entanto, uma diminuição para cerca de 1,6 vezes a energia de
mantença é recomendada quando o animal atinge 50% do peso adulto e para 1,2% quando atinge
80%.

Esta redução é compensada pelo declínio na energia necessária na idade adulta. Especialmente em
cães de raças grandes e gigantes, o crescimento ótimo (e não o máximo) é um importante fator para
garantir o bom desenvolvimento ósseo. Recomendações para o desenvolvimento de raças grandes e
gigantes estão na tabela 1. Os filhotes de raças grandes e gigantes devem ser alimentados conforme
essas recomendações.

Modelos fatoriais são usados para calcular as exigências energéticas a partir de dados do
crescimento de filhotes e da composição corporal nos diversos estágios de crescimento e diferentes
pesos corpóreos quando adulto O NRC 2006 introduz as estimativas do peso em adultos e logaritmo
neperiano (mais de acordo com os modelos não lineares de crescimento animal – Brody, Richard,
Logístico etc.)
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 3

Necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Crescimento de Filhotes de cães após o


Desmame:
(-0,87p)
EM (kcal) = manutenção x 3,2 [e – 0,1]
EM (kcal) = 130 x PV0,75 x 3,2 [e(-0,87p) – 0,1}

Onde p = PVt/PVa

PVt= Peso vivo no momento da avaliação


PVa= Peso vivo esperado quando adulto
e= base do logaritmo natural = 2,718

O jovem da maioria das espécies cresce rapidamente e, concomitantemente, tem um crescimento


igualmente rápido de seu esqueleto. As doenças esqueléticas são assim mais freqüentes e
manifestas no jovem e a maioria delas são osteodistrofias [dys=mal+trophe=nutrição], já que o rápido
aumento da massa óssea requer a ingestão de quantidades adequadas de proteína, energia, cálcio e
fósforo, além de vitaminas, como A e D, e elementos traço, como o cobre, para o crescimento e
mineralização do osso (Baker & Brothwell, 1980).

Tabela 1 - Recomendações para o crescimento de raças de cães grandes e gigantes


TABELA 5 Recomendações para o Crescimento de Raças de Cães Grandes e Gigantes
Raças Médias Raças Grandes Raças Gigantes
(Peso Adulto 20 Kg) (Peso Adulto 35 Kg) (Peso Adulto 60 Kg)
Idade (meses) PV (Kg) % PV Adulto PV (Kg) % PV Adulto PV (Kg) % PV Adulto
1 1,8 9 2,5 7 3,6 6
2 4,4 22 7 20 8,4 14
3 7,4 37 12,3 35 15,6 26
4 10,4 52 16,8 48 22,8 38
6 14 70 22,8 65 36 60
12 19 95 30,8 88 48 80
Extraida de NRC,(2006

O aumento de peso diário está em função do tamanho e da precocidade da raça, enquanto que o
aumento médio mensal expresso em porcentagem do peso atual parece ser semelhante para quase
todas as raças.
4
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

100

90
São Bernado
Dog Alemão
80
Rottweiler
70 Pastor alemão
Cocker
Peso / kg

60 Yorkshire

50

40

30

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Idade(meses)

FIGURA 1 - Curva de crescimento de algumas raças de cães.

450

400

São Bernardo
350
Dog Alemão
Rottweiler
300
Gramas / dia

Pastor alemão
Cocker
250
Yorkshire

200

150

100

50

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Idade(meses)

FIGURA 2 - Ganho médio diário de algumas raças de cães.

Ao nascimento, o esqueleto apendicular do cão, i.e., o arcabouço esquelético da diáfise está quase
totalmente modelado por tecido ósseo. Nas extremidades dos ossos longos, nas epífises, a
cartilagem ainda recobre a face articular e a metáfise.
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 5

É importante ainda considerar que o crescimento - tanto em comprimento como em peso ser
completamente diferente em cães - adultos que variam de 13cm de altura com 1Kg nas raças
miniatura até cerca de 79 cm de altura e mais de 90 kg nas raças gigantes.(Stockard 1941; Kirk 1966,
citados por Richard, 1996).

O crescimento em comprimento (ou altura do cão) tem de ser bem diferenciado do crescimento em
peso corporal . Em muitos casos ambos se misturam sem que se perceba, o que leva a uma certa
confusão. A supernutrição (excesso de assimilação de energia) em cães em crescimento pode
ocasionar um excesso de peso relativo. Isto irá demonstrar um aumento na taxa de crescimento
quando o peso corporal for o parâmetro utilizado para avaliar o crescimento. Entretanto, se o
crescimento longitudinal for considerado, não será notado aumento na velocidade de crescimento
após a supernutrição. Por outro lado, a restrição de ingestão de alimento em 75% do nível fornecido
ad libitum irá reduzir o crescimento em relação ao peso corporal, mas não afetará a velocidade de
crescimento longitudinal ( altura). Além disto, os cães alimentados deste modo possuirão a mesma
altura dos cães alimentados ad libitum. Para assegurar a saúde destes cães de raça gigante é uma
boa medida manter certa restrição ( comparando-se com valores ad libitum) de modo a prevenir
problemas de desenvolvimento ósseo.

Muito embora as mais importantes doenças do sistema osteoarticular clinicamente abordadas pelos
médicos veterinários atualmente sejam de origem hereditária, o perfil de como estas doenças
evoluem podem ser modificadas de modo dramático. Uma maneira de influenciar a manifestação
fenotípica é através da nutrição. A supernutrição resultando em excesso de peso resulta em
sobrecarga da imatura e não completamente formada cartilagem da articulação coxofemoral e deste
modo influencia o encaixe e a congruência desta articulação. A supernutrição e o excesso de peso
deveriam, deste modo, ser evitados em cães de raças grandes ou gigantes em crescimento.

Uma vez que as necessidades de energia estão relacionados com o peso metabólico e as
necessidades de Ca estão relacionados com o peso real em quilogramas, ainda existe um aumento
da relação destas necessidades durante o crescimento, Por esta razão é importante que os
veterinários considerem não apenas a quantidade de Ca que está presente na dieta mas também
correlacioná-la com a densidade energética. Isto ocorre se o rótulo de uma ração para cães em
crescimento mostrar um nível de Ca menor daquele encontrado no alimento de cães adultos. Filhotes
não conseguem recusar o Ca que é desnecessário e o Ca é um importante fator de risco na dieta
relacionado a doenças do sistema osteo articular durante o desenvolvimento de cães das raças
grandes ou gigantes. Os níveis de Ca devem ser e monitorados para não exceder a quantidade
recomendada por unidade de energia.

O NRC (2006)0 cita que a exigência de proteína bruta para crescimento de cães e gatos filhotes tem
sido determinada primariamente usando ganho de peso e o balanço de nitrogênio como variável
dependente. Fontes de proteínas mistas são utilizadas em dietas na prática e proteínas purificadas ou
livres de aminoácidos são utilizadas em dietas purificadas. Muitos experimentos foram realizados
antes que as exigências de aminoácidos essenciais estivessem determinadas para ambas as
espécies. Não parece haver nenhum efeito mais grave de dietas um pouco abaixo das exigências de
nitrogênio (exceto uma pequena diminuição da taxa de crescimento), mas que contenham todos os
aminoácidos essenciais para desempenhar todas as funções como crescimento do tecido muscular e
outras proteínas estruturais do organismo (por exemplo, arginina suficiente para o ótimo
funcionamento do ciclo da uréia, histidina suficiente para prevenir catarata). Sob estas condições, se
a restrição energética ocorre junto à restrição protéica pode haver um aumento na longevidade em
algumas raças de cães por auxiliar na prevenção de doenças crônicas (por exemplo, artrites e
resistência à insulina) (Keally et al.,2002).

TABELA 1 - Perfil de nutrientes em alimentos caninos1 - recomendações da AFFCO.


Nutriente Unidade Crescimento e reprodução Máximo
(MS) (min.)
6
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

Proteína % 22,0
Arginina % 0,62
Histidina % 0,22
Isoleucina % 0,45
Leucina % 0,72
Lisina % 0,77
Metionina – cistina % 0,53
Fenilalanina – tirosina % 0,89
Treonina % 0,58
Triptofano % 0,20
Valina % 0,48

Gordura % 8,0
Acido Linoléico % 1,0

Minerais %
Cálcio % 1,0 2,5
Fósforo % 0,8 1,6
Relação Ca:P 1:1 2:1
Potássio % 0,6
Sódio % 0,3
Cloro % 0,45
Magnésio % 0,04 0,3
Ferro Ppm 80 3000
Cobre Ppm 7,3 250
Manganês Ppm 5,0
Zinco Ppm 120 1000
Iodo Ppm 1,5 50
Selênio Ppm 0,11 2
Vitaminas
A IU/kg 5000 50.000
D IU/kg 500 5.000
E IU/kg 50 1000
Tiamina Ppm 1,0
Riboflavina Ppm 2,0
Ácido Pantotênico Ppm 10
Niacina Ppm 11,4
Piridoxina Ppm 1,0
Ácido fólico Ppm 0,18
Cianocobalamina Ppm 0,022
Colina Ppm 1200
- Supondo a EM em 3500 kcal/kg. (AAFCO, 2007).

2.2. Gatos em crescimento

Segundo o NRC (2006) as publicações disponíveis para ingestão energética de gatos em


crescimento foram revisadas Além disso, um cálculo fatorial das exigências para crescimento foi
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 7

realizado utilizando os dados de Stratmann (1988). Para gatos recém nascidos, é estimada uma
exigência de energia entre 20 e 25 Kcal por 100g de peso corpóreo. Para o cálculo de exigências
após o desmame, os dados foram juntados e uma equação foi derivada para estimar a exigência de
energia para o crescimento do peso corpóreo atual e expectativa de peso maduro. Os dados usados
para os cálculos incluem um número de erros. Por exemplo, publicações mais antigas utilizaram o
fator de Atwater e conseqüentemente superestimaram a ingestão de energia metabolizável. Quando
a ingestão de leite pelos filhotes foi determinada pela pesagem antes e após a mamada ou quando as
dietas fornecidas foram pouco palatáveis, houve uma subestimação. Um desvio sistemático na
maioria dos dados para super ou subestimação é incomum. Por outro lado, a equação foi checada
contra dados de crescimento e ingestão de energia (semana 10 a 19; Edtstadtler-Pietsch, 2003) e a
concordância foi satisfatória.

Os filhotes pesam 100-120 g ao nascimento e se desmamam com quase 2 meses de idade


pesando cerca de 500 g. Após o desmame os filhotes seguem crescendo até alcançar o peso adulto
aos 8-12 meses.

Os filhotes têm necessidades específicas de crescimento até que alcançam o peso adulto e
essas necessidades se estimam mediante o método fatorial (4,8 kcal EM e 0.40 g PB por g de
ganho). O nível de energia requerido pelos gatinhos é de 3,0-4,0 vezes as necessidades de adulto
(70 kcal/kg de peso) após o desmame, 1,75-2,0 aos 5 meses, e 1,25-1,5 aos 7-8 meses (em que
atingem o 80% do peso adulto). A relação ótima proteína/energia durante o crescimento dos filhotes é
de cerca 75 g PB por 1000 kcal EM.

Segundo o NRC 2006 as necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Crescimento de


Filhotes de gatos após o Desmame

EM (Kcal) = quantidade para mantença x 6.7 x [e (-0,189 p) – 0.66]


EM (Kcal) = 100 x PCa0,67 x 6.7x [e (-0,189 p) - 0,66]

Onde:

p = PCa / PCm
PCa = peso corporal atual na data da avaliação (Kg)
PCm = peso corporal esperado na maturidade (Kg)
e = log ≈ 2.718

Exemplo: Filhote de gato com 1Kg de PCa e 4Kg de PCm


EM (Kcal) = 100 x 10,67 x 6.732 x [e(-0,189 x ¼) – 0,66] = 198Kcal

TABELA 2 - Perfil de nutrientes em alimentos para gatos - recomendações da AFFCO.


Nutriente Unidade (MS) Crescimento e reprodução (min.) Máximo
Proteína % 30,0
Arginina % 1,25
Histidina % 0,31
Isoleucina % 0,52
Leucina % 1,25
Lisina % 1,20
Metionina – cistina % 1,10
Fenilalanina – tirosina % 0,88
Treonina % 0,42
Triptofano % 0,10
Valina % 0,20
8
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

Gordura % 9,0
Acido Linoléico % 0,5
Ácido Araquidônico % 0,02

Minerais %
Cálcio % 1,0
Fósforo % 0,8
Potássio % 0,6
Sódio % 0,2
Cloro % 0,3
Magnésio % 0,08
Ferro ppm 80
Cobre ppm 5
Manganês ppm 5,0
Zinco ppm 75
Iodo ppm 0,35
Selênio ppm 0,1
Vitaminas
A IU/kg 9000 75.000
D IU/kg 750 10.000
E IU/kg 30
Tiamina ppm 5,0
Riboflavina ppm 4,0
Ácido Pantotênico ppm 5
Niacina ppm 60
Piridoxina ppm 4,0
Ácido fólico ppm 0,8
Cianocobalamina ppm 0,022
Colina ppm 2400
1 - Supondo a EM em 4200 kcal/kg.

3.1. CÃES ADULTOS EM MANUTENÇÃO

A necessidade energética de mantença (NEM) é a energia necessária para suportar o equilíbrio


energético (onde a energia metabolizável é igual à produção de calor), acima de um longo período de
tempo (Blaxter, 1989, citado pelo NRC 2006). Dessa forma, a NEM pode variar com qualquer fator
que afete a produção de calor. Isso inclui a energia exigida para termorregulação, atividade
espontânea e exercício moderado. O termo NEM é, dessa forma, qualificado na discussão seguinte
pelas discussões a que se refere.

As considerações alométricas de peso metabólico são de primordial importância em cães, espécie


em que animais maduros podem atingir de 1 a 90 kg ou mais. Do ponto de vista fisiológico, as
necessidades energéticas de animais com amplas diferenças de pesos não estão relacionados
diretamente ao peso corpóreo, mas estão mais intimamente relacionada ao peso corpóreo elevado a
b
alguma potência, W , onde W é igual ao peso em quilogramas e b é um expoente calculado a partir
dados experimentais. Brody et al. (1934) encontraram que a produção de calor basal para a
manutenção, em animais de sangue quente, varia de acordo com o tamanho como de ratos para
elefantes, e poderia ser descrito pela expressão Y= 70,5 x W 0,73, onde Y é igual a calorias para as 24
horas e W igual ao peso vivo em quilogramas. Antes de as calculadoras e os computadores estarem
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 9

0,75
disponíveis, Kleiber (1961) sugeriu a equação Y= 70,0 x W , que não diferiria da de Brody, e seria
muito mais simples de usar.

Heusner (1982), citado pelo NRC (2006) demonstrou que o expoente de massa interespecífico na
equação de Kleiber é um artefato estatístico. Ele sugeriu que o expoente teórico deveria ser 0,67
para predizer a relação intraespécie de energia para massa. Este expoente teórico descreve a
relação entre massa e superfície corpórea em corpos que são geometricamente similares. No
entanto, os cães têm diversas raças de diferentes tamanhos que não são geometricamente
semelhantes. Assim, com o aumento do tamanho, os cães tornam-se relativamente mais altos na
parte anterior nos ombros e mais estreitos no quadril. Os órgãos e várias vísceras incluindo o fígado e
o TGI tornam-se menores com aumento do peso maturo, um fato que ocorre também entre espécies
mesmo que não nas mesmas taxas. O volume sanguíneo e a massa do coração, mesmo a razão
cardíaca, mudam com o tamanho do cão em taxas similares aquelas vistas na variedade das
espécies.

De acordo com o NRC (2006) todos esses achados sugerem que o expoente de massa interespecies
da equação de Kleiber (0,75) pode ser mais adequado para descrever a relação massa e energia em
cães do que o expoente de massa intraespécie proposto por Heusner (1982).

Outros fatores que influenciam as exigências energéticas, tais como idade, pode não ser igualmente
distribuídas entre os grupos de peso e então podem criar artefatos estatísticos para o expoente de
massa ótimo. Rainbird e Kienzle (1990) ccitados pelo NRC (2006) consideraram somente cães de
meia idade de raças sem conhecer a peculiaridades em exigências energéticas sob de manejo
similares para calcular o expoente de massa e coloca-lo em uso com um valor que tem mais relação
com expoente interespécies da equação de Brody. Dessa forma, a variação no expoente de massa
não aumenta a acurácia da predição das exigências de energia para os cães. O objetivo deve ser
identificar ou mais claramente descrever fatores que afetam as exigências individuais, tais como raça,
idade, manejo e suas interações.

Um ponto muito importante que pode não ser influenciado pelo peso vivo, no entanto, e é afetado
pela alimentação, raça, idade e atividade, é a porcentagem de massa magra. O tecido adiposo é
metabolicamente menos ativo que a massa magra. Dessa forma, os cães com menor porcentagem
de massa magra (por exemplo, sobrepeso em cães) têm requerimentos energéticos abaixo da média
em relação ao seu peso vivo (PV). Beagles com peso normal (25% de gordura em relação ao PV)
tem um gasto energético mensurado pelo método da água duplamente marcada foi de 130 +/- 6
kcal/kg PV 0,75. Os mesmos cães foram superalimentados por um período de tempo até que eles
atingissem 38%, diminuindo seu gasto energético para 107± 7 kcal/ kg PV 0,75. A exigência
energética por unidade de peso de massa magra (157 kcal/ kg PV 0,75) não diferiu significativamente
de acordo com a condição corporal.

Muitos autores têm mensurado a TMB em cães utilizando calorímetros indiretos em cães (ver tabela
3). Os dados individuais de cães (Tabela 3) obtidos por vários autores dão uma TMB de 76±23
kcal/kg PV0,75. As aproximações interespécies de Kleiber estimam um mínimo de 70 kcal/kg PV 0,75
0,75
para o metabolismo basal mas os valores individuais variaram de 48 a 114 kcal/kg PV .

Segundo o NRC (2006) de um número relativamente pequeno de observações baseados


parcialmente nos cálculos de Arnold e Elvehjem (1939) da equação de predição de Brody et al.
0,75
(1934), o National Research Council (1974) sugeriu a equação de 132 x PV para calcular as
necessidades energéticas de cães em manutenção. No entanto, ela tem sido bastante questionada.
Isto porque valores mais baixos foram relatados em estudos por calorimetria direta e indireta . No
entanto, o no NRC (2006) é relatado que de um grande número de dados relativamente novos
(Rainbird e Kienzle, 1990; Kienzle e Rainbird, 1991; Finke, 1991,1994; Ballevre et al., 1994; Tabela 4)
0,75
demonstram que a equação 132 x PV é válida para animais mais jovens alojados em canis. O
ponto, no entanto, é que há uma considerável variação individual, mesmo para animais mantidos sob
as mesmas condições. Noventa e cinco por cento de indivíduos dentro da população estão dentro da
variação média da curva de distribuição normal.
10
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

TABELA 3 - Necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Cães Adultos em Mantença

Tipo Kcal X Kg PC0,75


a
Média para cães em canis experimentais ou em atividade 130

Necessidades médias superiores

Cães de laboratório adultos jovens ou adultos jovens ativos 140


Great Danes adultos de laboratório ou Great Danes ativos 200
Terriers adultos de laboratório ou terriers adultos ativos 180

Necessidades médias mínimas


b
Cães inativos 95
Cães de laboratório idosos ou cães idosos ativos ou Newfoundlands de laboratório 105
a
Cães mantidos em um ambiente doméstico com forte estimulo e ampla oportunidade de exercício,
tais como cães em casas de campo múltiplas ou em casas com grandes jardins.
b
Cães mantidos em um ambiente doméstico com poucos estímulos e oportunidade para exercício.
Necessidades para cães idosos ou com sobrepeso podem estar sendo superestimadas.

TABELA 4 - Exigências energéticas de manutenção de cães com relação à raça, idade, manejo
e atividade.

TABELA 3 - 4 Exigências Energéticas de Manutenção para Cães em relação à Raça, Idade, Manejo e Atividade
EM (Kcal EM/Kg PV0,75)
Raça, Idade (anos), Manejo, Atividade Média ± 2 Dpa n Referência
Cachorros de Companhia, Raças Grandes 94 ± 50 Patil e Bisby, 2001
Cachorros de Companhia 95 ± 40 28 Wichert et al., 1999
Border Collies de Companhia , inativos 97 ± 82 9 Burguer, 1994
Labradores Idosos, Cães Experimentais (9) 103 ± 22 6 Finke, 1991
Labradores Idosos, Cães Experimentais (>7) 104 ± 32 14 Rainbird e Kienzle, 1990
Cães de Companhia 105 (60-200) 48 Connor et al., 2000
Terra Nova de meia Idade, Cães experimentais (3 - 7) 106 ± 26 26 Rainbird e Kienzle, 1990
Cães experimentais Idosos de várias Raças (>8) 107 ± 14 11 Taylor et al., 1995
Beagles Idosos, Cães experimentais (>10) 110 ± 26 5 Finke, 1994
Beagles de meia Idade, Cães Experimentais (3 - 10) 114 ± 16 8 Finke, 1994
Beagles de meia Idade, Cães Experimentais (4) 117 ± 18 6 Finke, 1991
Cães de meia Idade, Cães Experimentais (3 - 7) 124 ± 42 86 Rainbird e Kienzle, 1990
Border Collies de Companhia , moderadamente ativos 124 ± 88 28 Burguer, 1994
Cães Jovens de várias Raças, Cães Experimentais (<6) 129 ± 10 12 Taylor et al., 1995
Huskies Jovens à Meia Idade, Cães Experimentais (1 - 7) 132 ± 20 5 Finke, 1991
Beagles Experimentais 132 ± 40 Patil e Bisby, 2001
Cães de Companhia de Médio Porte em diferentes locais 133 ± 52 Patil e Bisby, 2001
Labradores Experimentais 138 ± 32 Patil e Bisby, 2001
Cães Jovens Experimentais (1 - 2) 139 ± 42 69 Rainbird e Kienzle, 1990
Beagles Experimentais (1 - 2) 144 ± 28 6 Finke, 1994
Border Collies de Companhia altamente ativos 175 ± 170 10 Burguer, 1994
Terriers Experimentais 183 ± 48 Patil e Bisby, 2001
Dog Alemães, Canil, Verão ~200 7 Zentek e Meyer, 1992
Dog Alemães, Canil, Inverno ~250 7 Zentek e Meyer, 1992
a
95% da população estão dentro desta faixa
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 11

1
TABELA 5 - Perfil de nutrientes em alimentos caninos - recomendações da AFFCO.

Nutriente Unidade Manutenção (min.) Máximo


(MS)
Proteína % 18,0
Arginina % 0,51
Histidina % 0,18
Isoleucina % 0,37
Leucina % 0,59
Lisina % 0,63
Metionina - cistina % 0,43
Fenilalanina - tirosina % 0,73
Treonina % 0,48
Triptofano % 0,16
Valina % 0,39

Gordura % 5,0
Acido Linoléico % 1,0

Minerais %
Cálcio % 0,6 2,5
Fósforo % 0,5 1,6
Relação Ca:P 1:1 2:1
Potássio % 0,6
Sódio % 0,06
Cloro % 0,09
Magnésio % 0,04 0,3
Ferro ppm 80 3000
Cobre ppm 7,3 250
Manganês ppm 5,0
Zinco ppm 120 1000
Iodo ppm 1,5 50
Selênio ppm 0,11 2
Vitaminas
A IU/kg 5000 50.000
D IU/kg 500 5.000
E IU/kg 50 1000
Tiamina ppm 1,0
Riboflavina ppm 2,0
Ácido Pantotênico ppm 10
Niacina ppm 11,4
Piridoxina ppm 1,0
Ácido fólico ppm 0,18
Cianocobalamina ppm 0,02
Colina ppm 1200
- Supondo a EM em 3500 kcal/kg
12
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

3.2. GATOS ADULTOS EM MANUTENÇÃO

O peso de um gato doméstico adulto (Felis catus) varia de menos de 2 a mais que 7 Kg. Os
expoentes de massa sugeridos para o cálculo do peso metabólico dos gatos domésticos variam de
0,4 a 1 sendo este último mais utilizado por razões práticas, já que os pesos dos gatos não diferem
muito entre si. Desta forma, uma relação linear entre peso vivo e as exigências energéticas podem
levar a uma insignificante superestimação das exigências nos gatos mais pesados. No entanto, Earle
e Smith (1991) citados pelo NRC (2006) mostraram uma superestimação maior das exigências
energéticas calculadas com base no peso vivo expoente 1 nos gatos mais pesados e sugeriram um
expoente de massa de 0,404 baseados em 62 observações da ingestão de energia digestiva. Esta
diferença não é um modelo espécie específica do gato, mas simplesmente devido aos gatos pesados
serem mais gordos.

A relação entre o gasto energético (monitoramento da perda gasosa) e peso corpóreo foi melhor
descrito por um expoente de 0,65. O coeficiente alométrico para massa corpórea magra e gasto
energético total foi 0,89. Estes resultados concordam com o expoente de massa proposto por Brody
et al. (1934) para exigência energética interespécie e Heusner (1991) para intraespécie. Os
resultados obtidos por Nguyen et al. (2001) e a relativa uniformidade da forma do corpo de diferentes
tamanhos de gatos justificam a utilização de um coeficiente alométrico intraespécie de 0,67. (NRC,
2006)

Para felídeos maiores tais como leões e tigres, não é claro se o expoente de massa intra ou
interespecífico (0,67 ou 0,75) deve ser utilizado. McNab (1989) relatou uma taxa metabólica de 59
Kcal/Kg de PV0,79 diária para sete espécies de gatos não domésticos variando em tamanho de 4 a
138 Kg, mas uma grande variabilidade foi observada entre as espécies. (NRC, 2006)

Dados na literatura são em sua maioria baseados no peso vivo e não no peso metabólico. As
quantidades sugeridas variam de 31 a 100 Kcal/Kg de PV (tabela 6). Pode haver várias explicações
para esta grande variação. Um importante ponto é a avaliação energética usada nesses estudos. O
uso dos fatores de Atwater para alimentos processados pode levar a uma superestimação na energia
metabolizável. O aumento do conhecimento do bem estar animal tem melhorado as condições gerais
de vida dos gatos de experimento e pode então ter reduzido o estresse. O entendimento das
necessidades nutricionais dos gatos melhorou nos últimos 30 anos e dessa forma há poucas
deficiências subclínicas em animais experimentais. No entanto a palatabilidade dos alimentos
comerciais melhorou consideravelmente nas últimas décadas o que levou a um aumento de
sobrepeso nesses animais. (NRC, 2006)

No entanto, mesmo se somente os dados mais novos são comparados e ajustes são feitos para as
possíveis diferenças entre os métodos empregados (tais como confinamento durante a mensuração
das perdas gasosas), a variação na exigência energética estimada ainda é alta. As razões para isto
são obscuras. Enquanto nos cães, fatores como nível de atividade, raça ou idade têm efeitos claros
sobre as exigências esses efeitos são menos óbvios em gatos. No entanto, há uma tendência a
exigências mais altas em machos adultos jovens em todos os gatos com pesos consideravelmente
menores que 4 Kg assumindo-se que esses gatos tenham mais massa magra e que pelo menos
alguns dos gatos mais pesados estão com sobrepeso. Isso sugere que a massa magra pode
desempenhar um importante papel. Além disso, as exigências são expressas com base no peso vivo
o que melhora o efeito do sobrepeso nas exigências energéticas. (NRC, 2006)

O efeito da castração é controverso. Alguns autores observam diminuição das exigências, mas outros
não (tabela 6). A castração pode diminuir a porcentagem de massa magra e este efeito indireto pode
ser em parte responsável pelas mudanças no metabolismo de energia (Laeuger, 2001). Martin et al.
(2001) demonstraram maior gasto energético em gatos castrados por Kg de peso vivo. No entanto o
gasto por Kg de massa magra não diferiu em relação aos gatos inteiros. Dependendo da dieta, tempo
após a castração, e atividade física o efeito sobre a massa magra e dessa forma indiretamente nas
exigências energéticas podem ser mais ou menos marcantes. Por outro lado, Hoenig e Ferguson
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 13

(2002) observaram mudanças nas concentrações hormonais e exigências energéticas em gatos que
foram alimentados para manter seus pesos após a castração. (NRC, 2006)

a:
Necessidades Diárias de Energia Metabolizável (NRC,2006) para Gatos Adultos em Mantença

Gatos Domésticos, magros b 100Kcal x Kg PC0,67


Gatos Domésticos, com sobrepeso c 130Kcal x Kg PC0.4
0,75
Gatos Exóticos 55-260Kcal x Kg PC
a
Necessidades individuais de gatos podem ser menores ou subestimadas em mais de 50%
b
Escore de condição corporal (tabela 3-7) ≤ 5 em uma escala de 9
c
Escore de condição corporal (tabela 3-7) > 5 em uma escala de 9

TABELA 6 - Perfil de nutrientes em alimentos para gatos - recomendações da AFFCO.


Nutriente Unidade Manutenção (min.) Máximo
(MS)
Proteína % 28,0
Arginina % 1,04
Histidina % 0,31
Isoleucina % 0,52
Leucina % 1,25
Lisina % 0,83
Metionina – cistina % 1,10
Fenilalanina – tirosina % 0,88
Treonina % 0,42
Triptofano % 0,10
Valina % 0,20

Gordura % 9,0
Acido Linoléico % 0,5
Ácido Araquidônico % 0,02

Minerais %
Cálcio % 0,6
Fósforo % 0,5
Potássio % 0,6
Sódio % 0,2
Cloro % 0,3
Magnésio % 0,04
Ferro ppm 80
Cobre ppm 5
Manganês ppm 5,0
Zinco ppm 75
Iodo ppm 0,35
Selênio ppm 0,1
Vitaminas
A IU/kg 5000 75.000
D IU/kg 500 10.000
E IU/kg 30
14
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

Tiamina ppm 5,0


Riboflavina ppm 4,0
Ácido Pantotênico ppm 5
Niacina ppm 60
Piridoxina ppm 4,0
Ácido fólico ppm 0,8
Cianocobalamina ppm 0,02
Colina ppm 2400
1 - Supondo a EM em 4200 kcal/kg.

4. MANEJO ALIMENTAR NA GESTAÇÃO E LACTAÇÃO

4.1. Fêmeas em gestação

Cadelas:

De acordo com o NRC (2006) é recomendado que a alimentação extra energia para a gestação
inicie-se quatro semanas antes da cobertura. Meyer et al. (1985) citados pelo NRC (2006) estimaram
cálculos fatoriais do peso da ninhada e composição corporal dos filhotes; peso da placenta e
composição e pela estimativa do tecido extrauterino das cadelas- que as exigências para a gestação
(quatro semanas antes da cobertura até o parto) seriam 26 kcal/kg PV. Usando a média das
exigências energéticas de um cão de canil (130 kcal/kg PV0,75) como ponto de partida, as exigências
energéticas de uma cadela gestante aumentam em 130% da manutenção em uma cadela de 5 kg e
para 160% em uma cadela de 60 kg. Dessa forma, é recomendado que as exigências individuais de
cadelas prenhes sejam calculadas partindo-se da necessidade individual de mantença por kg PV 0,75
e adicionando-se 26 kcal/kg PV a mais do que calcula-la como porcentagem da necessidade de
manutenção.

Necessidade Diária de Energia Metabolizável (NRC,2006) para Cadelas em Final de Gestação (4


semanas antes da parição)a

EM (Kcal) = mantença + 26Kcal x Kg PC


Necessidades médias para mantença 130Kcal x Kg PC0,75
EM (Kcal) = 130Kcal x Kg PC0,75 + 26Kcal x Kg PC

Exemplo:
Peso corporal da cadela: 22Kg
Necessidade para mantença: 220,75 x 130Kcal = 10.16 x 130 = 1.320Kcal
Necessidades para gestação: 22 x 26Kcal = 572Kcal
Necessidades totais: 1.320Kcal + 572Kcal = 1.892Kcal
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 15

Gatas:
Segundo o NRC (2006) o modelo de mudança de peso durante gestação e lactação parece diferir
consideravelmente entre cadelas e gatas. As gatas tendem a perder peso durante a lactação
independentemente da sua dieta (Scott, 1968; Loveridge, 1986; Loveridge e Rivers, 1989; Zottmann,
1997; Hendriks et al., 1997; Wanberg, 2000). Para um desempenho reprodutivo satisfatório, o ganho
de peso corpóreo na prenhez deve incluir o ganho tecidual na preparação para lactação, incluindo
fetal, placentário e as renovações. Baseados nos resultados de Loveridge (1986), uma dieta para
aumentar 40 a 50% do peso é recomendável. Recomendações para ingestão de energia durante a
0,67
prenhez baseadas no fator de Atwater é de cerca de 140 Kcal/Kg de PV . Já que o fator de Atwater
superestima o conteúdo de energia metabolizável dos alimentos comerciais para gatos (NRC, 1986) é
recomendável que as exigências para gatas prenhes baseadas nos experimentos mencionados
acima incluam uma margem de segurança considerável. Gatas com exigências abaixo da média
podem comer menos e não alcançar um ganho de peso satisfatório que a prepare para as perdas
durante a lactação.

4.2 Fêmeas em lactação

Cadelas:

As cadelas amamentam seus filhotes em geral por até seis semanas. O oferecimento de alimento a
eles pode começar com 2½ semanas de idade nos mais precoces mas o ideal é iniciar a partir da 4ª
semana de lactação. A produção de leite e o conteúdo de energia no leite são importantes fatores na
estimativa das exigências energéticas para a produção de leite. (NRC, 2006)

A partir da composição de nutrientes do leite da cadela, o conteúdo de energia bruta é estimado em


cerca de 1,45kcal/g em base úmida. Esse conteúdo apresenta pequena variação exceto para o
período colostral . A produção de leite é de cerca de 8% o peso. Esses estudos concordam que o
pico de lactação na cadela acontece na quarta semana. A curva de lactação durante as quatro
semanas é baseada em uma quantidade considerável de dados; no entanto após esse período as
informações são escassas. Após a quarta semana de lactação o comportamento das cadelas pode
diferir consideravelmente, algumas tolerando a sucção dos filhotes por um período considerável de
tempo e outras não. Dessa forma, com quatro semanas a produção de leite apresentará uma
variação considerável. Até o momento, uma razoável estimativa só é possível para as quatro
primeiras semanas de lactação. Expressa como porcentagem média diária de leite produzido durante
as quatro semanas de lactação, a produção é a seguinte: 75% na primeira semana 95% na segunda,
110% na terceira e 120% na quarta. (NRC, 2006)

A exigência energética para a produção de leite pode ser calculada fatorialmente. Como primeiro
passo, a energia liberada com o leite pode ser calculada pela produção de leite e energia bruta dele:
produção de leite (g/kg PV) x 1,45 kcal. O resultado representa a energia metabólica líquida
necessária para a produção de leite. Assume-se que a utilização de EM para a produção de leite é
calculada como se segue: EM= produção de leite (g/kg PV) x 1,45kcal/60x100= produção de leite
(g/kg PV) x 2,42 kcal.

A produção de leite diária pode ser estimada de acordo com o número de filhotes por ninhada. De 1-4
filhotes, é 1% do peso vivo da cadela por filhote (ou seja, a exigência de EM para a produção de leite
por filhote é 10x2,42 kcal/kgPV da cadela= 24 kcal/kg PV da cadela por filhote). De cinco a oito
filhotes, a exigência de energia metabolizável é somente 0,5% do peso da cadela Para calcular as
exigências de Energia Metabolizável para a produção de leite por filhote usa-se 5 x 2,42 Kcal/Kg PV
= 12 Kcal/Kg PV da cadela por filhote. Para calcular as exigências para a produção de leite o número
de filhotes entre 1 e 4 é multiplicado por 24 Kcal/Kg de PV da cadela e número de filhotes entre 5 e 8
por 12 Kcal/Kg de PV e os resultados somados. (NRC, 2006)
16
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

A exigência de manutenção deve ser considerada separadamente. Uma cadela cuidando de uma
ninhada pode ser considerada ativa. Meyer et al (1985b) calculou uma regressão linear entre a
produção de leite das cadelas como uma variável independente e a ingestão energética (corrigida
para as variações de PV) como variável dependente extrapolada de produção zero Kg. A intercepta
da equação de regressão pode ser considerado como as exigências de mantença, 145 Kcal/Kg de
0,75
PV . (NRC, 2006)

Para cadelas com grandes ninhadas a capacidade de consumo pode limitar a ingestão de energia.
Isto é mais visível em cães de raças grandes e gigantes porque o tamanho relativo do trato
gastrintestinal diminui com o aumento do tamanho do corpo. Raças pequenas e médias podem
aumentar o consumo de matéria seca durante a lactação para cerca de 4,5% do seu peso corpóreo;
alguns indivíduos podem alcançar até 9%. A exigência energética e a capacidade para o consumo de
alimentos determinam a densidade energética mínima do alimento que deve ser utilizado. Em Dog
Alemães – e possivelmente em outras raças gigantes – pode ser necessário dar um alimento
adicional aos filhotes mesmo se dietas com alta energia são dadas à cadela. (NRC, 2006)
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 17

Necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Cadelas em Lactação Baseado no Numero


de Filhotes e em Semanas de Lactação

Necessidades para lactação:


EM (Kcal) = mantença + PC x (24n + 12m) x L
Necessidade de energia extrapolada para mantença durante a lactação: 145Kcal x PC0,75
0,75
EM (Kcal) = 145Kcal x PC + PC x (24n + 12m) x L

Onde:
PC: peso corporal da cadela (Kg)
n = numero de filhotes entre 1 e 4
m = numero de filhotes entre 5 e 8 (<5 filhotes m = 0)
L = fator de correção para o estágio de lactação: semana 1 = 0,75; semana 2 =
0,95; semana 3 = 1,1; semana 4 = 1.2 (ver texto)

Exemplo:
Cadelas de 22Kg; 6 filhotes; terceira semana de lactação
Necessidade para mantença = 220,75 x 145Kcal = 10.16 x 145Kcal = 1.473Kcal
Número de filhotes = 6; n = 4; m = 2
Estágio de lactação terceira semana: L = 1.1
Necessidade para lactação = 22 x (24 x 4 + 12 x 2) x 1.1Kcal = 2.904Kcal
Necessidades totais = 1.473Kcal + 2.904Kcal = 4.377Kcal
18
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

Necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Cadelas em Lactação Baseado no Numero


de Filhotes e em Semanas de Lactação

Necessidades para lactação:


EM (Kcal) = mantença + PC x (24n + 12m) x L
Necessidade de energia extrapolada para mantença durante a lactação: 145Kcal x PC0,75
0,75
EM (Kcal) = 145Kcal x PC + PC x (24n + 12m) x L

Onde:
PC: peso corporal da cadela (Kg)
n = numero de filhotes entre 1 e 4
m = numero de filhotes entre 5 e 8 (<5 filhotes m = 0)
L = fator de correção para o estágio de lactação: semana 1 = 0,75; semana 2 =
0,95; semana 3 = 1,1; semana 4 = 1.2 (ver texto)

Exemplo:
Cadelas de 22Kg; 6 filhotes; terceira semana de lactação
Necessidade para mantença = 220,75 x 145Kcal = 10.16 x 145Kcal = 1.473Kcal
Número de filhotes = 6; n = 4; m = 2
Estágio de lactação terceira semana: L = 1.1
Necessidade para lactação = 22 x (24 x 4 + 12 x 2) x 1.1Kcal = 2.904Kcal
Necessidades totais = 1.473Kcal + 2.904Kcal = 4.377Kcal

Para cadelas com grandes ninhadas a capacidade de consumo pode limitar a ingestão de energia.
Isto é mais visível em cães de raças grandes e gigantes porque o tamanho relativo do trato
gastrintestinal diminui com o aumento do tamanho do corpo. Raças pequenas e médias podem
aumentar o consumo de matéria seca durante a lactação para cerca de 4,5% do seu peso corpóreo;
alguns indivíduos podem alcançar até 9%. A exigência energética e a capacidade para o consumo de
alimentos determinam a densidade energética mínima do alimento que deve ser utilizado. Em Dog
Alemães – e possivelmente em outras raças gigantes – pode ser necessário dar um alimento
adicional aos filhotes mesmo se dietas com alta energia são dadas à cadela. (NRC, 2006)

TABELA 7 - Comparação do leite materno de várias espécies.


Componentes Cadela Vaca Gata
% MS %MN % MS %MN % MS %MN
Matéria seca 100 21,0 100 12,6 100 20
Gordura 42,86 9,0 30,16 3,8 24 4,8
Lactose 14,29 3,0 38,09 4,8 24,5 4,9
Proteína 38,09 8,0 26,19 3,3 47,5 9,5
Minerais 4,46 1,0 5,14 0,7 4 0,8
Kcal EB. / kg 6666 1400 5950 750 5500 1100

5.4. GATAS EM LACTAÇÃO

As gatas alcançam a puberdade aos 6 meses, e a primeira cobertura das fêmeas normalmente é por
volta de um ano de idade. A duração da gestação é de 9 semanas e o número de filhotes paridos é
de 3-5, com duração média da lactação de 7-8 semanas.

As gatas amamentam os seus filhotes em geral por 7-9 semanas, dependendo do tamanho da
ninhada. A adição de alimento aos gatos pode começar com 2½ e deve ser introduzido no máximo na
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 19

quarta semana de lactação quando o leite não é suficiente para o desenvolvimento normal (Hendriks
e Wamberg, 2000).

O conteúdo de energia do leite das gatas aumenta gradualmente durante a lactação de cerca de 1
para 1,3 kcal/g de leite (Keen et al, 1982; Zottmann, 1997). Conseqüentemente, as perdas de energia
no leite aumentam mais rapidamente durante as 4 semanas e diminuem mais tarde. Para o cálculo
fatorial da energia líquida para a produção de leite, as mudanças semanais do conteúdo energético e
da produção, bem como os efeitos do tamanho da ninhada na produção foram levados em conta. As
perdas foram calculadas separadamente para ninhadas pequenas (1-2 gatos), médias (3-4 gatos) e
grandes (mais que 4 gatos) para cada semana de lactação. Então a média foi calculada e cada
semana foi comparada com a média. Os fatores resultantes para cada estágio de lactação na
equação para o cálculo das exigências dos gatos levaram em conta tanto a produção de leite quanto
as mudanças no conteúdo energético. . (NRC, 2006)

Para o cálculo fatorial das exigências energéticas para produção de leite a partir da energia liberada
no leite (Kienzle, 1998), uma estimativa da utilização de energia metabolizável para produção é
necessária. No entanto não há dados para gatos. Baseados na informação de outras espécies, a
utilização pode estar entre 60 e 70%. O cão costuma ser o melhor modelo porque é o que tem dieta
mais similar com a dos gatos. O trabalho de Scantlebury et al. (2000) demonstram uma menor
variação da utilização de energia para produção de leite em cães. Dessa forma, a energia liberada no
leite foi dividida por 60 e multiplicada por 100 para calcular as exigências energéticas para produção
de leite em gatos.

As exigências de manutenção são adicionadas as de produção de leite. Uma gata cuidando de uma
ninhada pode ser considerada mais ativa e irá tornar-se mais magra com o progresso da lactação.
Dessa forma, a equação para manutenção de gatas magras é 100Kcal/Kg de PV0,67.

Para gatas com ninhadas com mais de 4 filhotes, 50 Kcal/Kg de PV foi subtraído dos cálculos
fatoriais; para gatas com 3 a 4 somente 40 Kcal/Kg de PV foi subtraído e para gatas com menos que
3, subtrações menores foram feitas porque estas gatas tendem a perder menos peso durante a
lactação

Necessidades Diárias de Energia Metabolizável (NRC2006) para Gatas Lactantes

Filhotes Necessidade de Energia

<3 EM kcal = mantença + 18 x PC x L


0,67
EM kcal = 100 x PC + 18 x PC x L

3-4 EM kcal = mantença + 60 x PC x L


EM kcal = 100 x PC 0,67 + 60 x PC x L

>4 EM kcal = mantença + 70 x PC x L


EM kcal = 100 x PC 0,67 + 70 x PC x L

L = fator para o estágio de lactação da semana 1 até a semana 7: 0,9; 0,9; 1,2; 1,2; 1,1; 1,0; 0,8

EX: Gata com 3,5kg de PC, 4 filhotes, pico da lactação (3º semana).
EM kcal = 100 x 3,50,67 + (60 x 3,5 x 1,2) = 231 + 252 = 483kcal
20
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

5. MANEJO ALIMENTAR DE CÃES E GATOS GERIÁTRICOS

O envelhecimento pode ser definido como um processo biológico complexo, que resulta na redução
progressiva da capacidade de manutenção da homeostasia sob estresses fisiológicos internos e
ambientais externos (Goldston, 1999). Os mecanismos causadores do envelhecimento ainda não
estão totalmente elucidados, mas as pesquisas sugerem uma etiologia multifatorial, envolvendo
fatores metabólicos, genéticos, ambientais e nutricionais que induzem a alterações degenerativas,
perda de reservas, das capacidades de regeneração e de adaptabilidade.

A geriatria na veterinária é o ramo da medicina que trata dos problemas peculiares à idade avançada.
A idade é definida como um processo biológico complexo, que resulta na redução progressiva da
capacidade de um indivíduo manter a homeostasia sob estresses fisiológicos internos e ambientais
externos, diminuindo assim a viabilidade do indivíduo e aumentando a sua vulnerabilidade a doenças
e levando finalmente à morte. O envelhecimento não é uma doença por si só, e existem muitos
fatores que podem influenciar a velocidade desse processo, mais notavelmente (Goldston, 1999):

5.1 ASPECTO GERAL NA NUTRIÇÃO DE CÃES E GATOS EM IDADE AVANÇADA

O animal que envelhece necessita dos mesmos nutrientes que teve durante os estados anteriores.
Entretanto, uma nova abordagem nutricional baseada em modificações quantitativas e qualitativas
são necessárias devido às alterações físicas e metabólicas, celulares e orgânicas, particulares ao
processo de envelhecimento. A quantidade de nutrientes requerida por unidade de peso corporal
pode mudar, e a maneira de fornecer esses nutrientes ao animal pode precisar de modificações
(Case et al., 1998). Assim, o manejo da alimentação depende da dieta normal do animal e do seu
estado de saúde atual. Por isso é importante questionar o proprietário sobre a quantidade e a marca
da ração oferecida, se é fornecido comida caseira ou algum tipo de suplementação.

A história, exame físico e a avaliação laboratorial completa do animal devem permitir que o veterinário
decida se a dieta atual é adequada e identifique a presença de qualquer doença crônica que possa
exigir uma modificação dietética. Se o cão ou gato estiver saudável, o clínico deve então decidir se é
necessária uma dieta especial para o animal idoso (Buffington, 1991).

5.1.1. Energia

Os cães e gatos tornam-se menos ativos à medida que envelhecem, havendo também uma redução
da taxa metabólica e resultando em uma necessidade por menos calorias para manter o peso
corporal e a condições ideais. Os cães mais velhos variam muito quanto às suas necessidades
energéticas, dependendo do seu temperamento individual, da presença de doenças degenerativas e
da quantidade de exercício diário que realizam. Portanto, os proprietários devem monitorar a
condição corporal do seu cão ou gato e ajustar o consumo alimentar de modo a evitar uma obesidade
conforme as exigências energéticas diminuírem (Goldston, 1999).

As necessidades em energia metabolizável (EM) para os cães e gatos variam com idade, condição
corporal, cobertura (pelagem), condições ambientais, aclimatização e temperamento (NUTRIENTS,
1985 e 1986). As alterações que ocorrem nos animais maduros produzem uma queda situada entre
12 a 40% nas necessidades energéticas diárias totais. As recomendações obtidas na literatura
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 21

normalmente concordam que a EM das dietas caninas para animais senescentes deve ser em torno
de 20% inferior à energia das dietas de manutenção para cães adultos (Debraekeeler et al, 2000;
Case et al, 1998; Harper, 1998 b ; Hoskins et al, 1999). Para felinos, são citadas várias
recomendações, tão contraditórias quanto as informações sobre metabolismo e necessidades
energéticas: manutenção dos níveis energéticos praticados na fase adulta e utilização de matérias-
b c
primas altamente digestíveis na confecção dos alimentos (Harper, 1998 e 1998 ); aumento na
b
densidade energética (Paragon e Vaissaire, 2001 ); ou ainda restrição energética inicial, em torno de
20 a 30% dos requisitos de gatos adultos, e em uma fase mais avançada manutenção ou aumento da
densidade energética (Kirk et al, 2000). Essa última recomendação parece ser mais coerente com a
fisiologia do envelhecimento felino e também canino, podendo ser empregada para as duas espécies.

Os benefícios da restrição calórica (tabela 35) são interessantes em qualquer idade, mas são
expandidos quando um programa precoce é realizado, como parte de uma medicina preventiva.
Existem consideráveis variações relacionadas às necessidades energéticas individuais, que impedem
uma especificação única. A melhor recomendação é que o médico veterinário ou nutricionista
estabeleça um programa individual, contemplando um programa alimentar a ser seguido por toda a
vida, de modo a garantir uma condição corporal ótima e prevenir um envelhecimento prematuro e os
efeitos negativos do estresse oxidativo.

TABELA 8 – Efeitos da restrição calórica para cães e gatos

Efeito principal Efeitos secundários

Condição corporal: prevenção da obesidade Prevenção e/ou melhora clínica de doenças


associadas: imunodeficiência, osteoartrite, diabetes,
hiperlipidemia, cardiomiopatias, hipertensão,
dermatoses, etc.

Aumento da qualidade de vida e sobrevida

Imunocompetência: melhor resposta imune Redução da susceptibilidade às doenças


celular e humoral
Aumento da qualidade de vida e sobrevida

Pressão arterial: prevenção da hipertensão Prevenção de cardiomiopatias e insuficiência renal

Aumento da qualidade de vida e sobrevida

Osteoartrite: redução da progressão e Prevenção da claudicação


melhora da sintomatologia clínica
Melhor movimentação

Aumento da qualidade de vida

Estresse oxidativo: redução da formação de Prevenção do envelhecimento precoce


radicais livres
Aumento da qualidade de vida e sobrevida
22
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

Metabolismo de carboidratos: maior Prevenção hiperinsulinemia/ hiperglicemia


sensibilidade à insulina
Redução das reações de glicação não enzimática
e melhor utilização da glicose pelas células envolvendo proteínas e ácidos nucléicos

Prevenção do envelhecimento precoce

Aumento da qualidade de vida e sobrevida

Para restringir o valor calórico, os alimentos devem apresentar suas matérias graxa e glicídica
reduzidas, uma vez que os lipídeos e carboidratos representam as fonte energéticas mais
concentrada e mais prontamente disponível das dietas, respectivamente. A inclusão de um maior
percentual de calorias de origem protéica também é uma manipulação dietética interessante, pois
esse princípio nutritivo possui maior incremento calórico que os demais, o que representa um gasto
energético adicional para que a proteína ingerida seja digerida, metabolizada e convertida em energia
(tabela 36). O maior aporte protéico também otimiza a função imunológica e previne a perda de
massa corporal magra, comuns ao envelhecimento e às dietas para controle e perda de peso. Um
pequeno incremento no teor de fibra dietética também é benéfico, pois além de não contribuir
significativamente para o aporte energético, exerce papel de “diluidor” da EM, por sua natureza
indigestível.

Os gatos adultos normalmente consomem alimentos bastante incrementados em gorduras animais


em relação aos cães, mas também exigem um menor percentual desse nutriente nos alimentos em
sua maturidade, pois além de se beneficiarem com a restrição calórica, possuem reduzida
capacidade de digestão lipídica como conseqüência do envelhecimento. Entretanto, os lipídeos
alimentares, em especial os de origem animal, não podem ausentar-se ou sofrer reduções drásticas,
pois são importantes por agregar palatabilidade e garantir o interesse do animal pelo alimento, por
fornecer ácidos graxos e aumentar a absorção de vitaminas lipossolúveis.

5.1.2. Carboidratos

Não existe uma exigência mínima de carboidratos ou glicídeos simples para cães e gatos, que
possuem necessidade metabólica de glicose. Os gatos os digerem menos eficientemente que os
cães, devido à ausência de amilase salivar e à pequena produção de amilase pancreática, sendo a
glicemia mantida quase que exclusivamente por aminoácidos glicogênicos. Em alimentos geriátricos,
tanto para a maturidade quanto para a senilidade propriamente dita, devem ser escolhidas matérias-
primas de boa digestibilidade e de índice glicêmico reduzido, para evitar a glicemia pós prandial e
sobrecargas às células -pancreáticas. Pesquisas recentes indicam que o sorgo garante uma taxa
glicêmica mais constante que vários outros cereais. A cevada e o milho produzem uma glicemia pós-
prandial inferior à produzida pelo arroz. A digestibilidade dos cereais é melhorada por
processamentos tecnológicos, como os hidrotémicos (cocção, extrusão, expansão, micronização),
que provocam o rompimento da parede celular, a destruição da estrutura cristalina dos grânulos e a
gelatinização do amido.

Fibras
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 23

Os carboidratos complexos da parede celular dos vegetais são indigeríveis por enzimas de animais
superiores e possuem valor energético nulo, mas exercem efeitos sistêmicos desejáveis,
relacionados à solubilidade e à fermentabilidade das fontes de fibra. As fibras altamente solúveis,
como as gomas e mucilagens, dissolvem-se mais rapidamente no lúmen intestinal e exercem muito
pouco estímulo físico sobre a mucosa. Entretanto, proporcionam maior fermentação de seus
componentes por microorganismos residentes no intestino grosso e conseqüentemente maior
produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC).

Esses compostos voláteis são fontes energéticas para enterócitos e colonócitos, estimulam uma
hipertrofia da mucosa e a otimização dos processos digestivos e absortivos dos nutrientes. O
psyllium, uma fonte de fibra solúvel proveniente do trigo, produz um gel viscoso que retarda o
esvaziamento gástrico e possui um bom efeito glucomodulador. Por outro lado, as fibras insolúveis,
como a celulose, são também menos fermentáveis, e sua ação física sobre a mucos intestinal é mais
pronunciada, levando a um aumento dos movimentos peristálticos e da taxa de passagem da digesta,
com redução da capacidade absortiva e produção de maior resíduo fecal, mais hidratado e menos
consistente. Esses efeitos são interessantes no controle e redução de peso corpóreo e prevenção da
constipação e fecalomas em animais geriátricos.

Normalmente utiliza-se para cães e gatos uma combinação equilibrada de fibras solúveis e insolúveis
ou uma fonte moderadamente fermentável, como a polpa de beterraba, a polpa de maçã e o farelo de
arroz, proporcionando boa absorção de nutrientes e formação de pequenas quantidades de fezes
moderadamente secas. Nos alimentos geriátricos um incremento moderado no teor de fibras é
interessante, contribuindo no manejo e prevenção de algumas patologias, incluindo diarréia, colite
idiopática, diabetes, hiperlipidemia (Dimski & Buffington, 1991; Hansen et al, 1992; Biourge et al,
2003), Quando se adotam duas dietas para a fase geriátrica, um teor de fibra dietética em torno de
5% a 6% na maturidade e de 3 a 4% na senilidade são adequados. Essa estratégia proporciona os
benefícios sobre os sistemas gastrintestinal e endócrino, principalmente, e ainda respeitam a
fisiologia e as necessidades energéticas de cada sub-fase. Em qualquer situação a fibra bruta total
não deve estar presente em quantidades excessivas, a fim de evitar o comprometimento da qualidade
dos alimentos, principalmente da digestibilidade da matéria seca e dos princípios nutritivos.

5.1.3. Proteínas e aminoácidos

Com relação às proteínas, há uma perda quanto as suas reservas. Esta reserva de proteínas é
adequada ao organismo para uma reação ao estresse e à doenças. O estresse provoca adaptações
nervosas, metabólicas e hormonais que permitem ao organismo adaptar-se a estímulos adversos. A
mobilização de proteínas no organismo é uma resposta fisiológica característica do estresse. Os
animais velhos estão sujeitos a uma elevada incidência de doenças e de estresse e, portanto, ficam
especialmente vulneráveis se a sua capacidade de reação estiver comprometida. É importante que os
animais recebam proteínas de alta qualidade em nível suficiente para fornecer os aminoácidos
essenciais requeridos para as necessidades de manutenção do organismo e para minimizar as
perdas do tecido fibroso (Case et al., 1998).

As necessidades protéicas dietéticas do cão relacionam-se ao fornecimento de aminoácidos


essenciais, que não podem ser sintetizados por seus tecidos, e de nitrogênio para produção de
aminoácidos dieteticamente não essenciais, ambos em quantidades suficientes para garantir ótimas
taxas de crescimento, metabolismo, reparo tecidual e função imunológica. Já os gatos, carnívoros
restritos, possuem necessidade de ingestão de proteínas duas a três vezes maiores que os cães,
pois dependem dos aminoácidos glicogênicos para obtenção metabólica de glicose. Atualmente,
existe uma polêmica na comunidade científica em relação aos níveis de proteína adequados aos cães
e gatos geriátricos. Alguns autores relacionam níveis elevados de proteína dietética ao acúmulo de
resíduos nitrogenados e à ocorrência de lesões renais. Entretanto, alguns estudos demonstram que a
função renal saudável não é afetada pelo teor da proteína da dieta e que a restrição protéica só
24
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

exerce um efeito significativo sobre os sinais clínicos da insuficiência renal crônica já instalada, com
um certo nível de comprometimento de néfrons funcionais (Finco, 1994).

Segundo Case et al. (1998), os animais que envelhecem devem ser alimentados com dietas que
contenham uma percentagem menor de calorias obtidas das proteínas, em comparação com as
dietas utilizadas para o crescimento, mas com uma percentagem mais alta do que o mínimo
necessário para a manutenção na idade adulta. Além de possuir uma quantidade menor de reservas
de proteínas, a queda total das necessidades energéticas do animal de idade avançada pode gerar a
necessidade de aumentar discretamente a percentagem de calorias de origem protéica da dieta. Sem
dúvida as marcas de alimentos para animais que contêm quantidades mínimas de proteínas de baixa
qualidade não serão capazes de oferecer uma nutrição protéica adequada .

As alterações que ocorrem na senilidade elevam ligeiramente as necessidades aminoacídicas dos


cães e gatos, pois a redução das reservas protéicas pode comprometer as funções neurológicas,
endócrinas, digestivas, metabólicas, imunológicas, entre outras essenciais à vida. A maioria dos
alimentos comerciais para cães e gatos geriátricos contém níveis de proteína bruta superiores, em
média 20 a 25%, aos níveis de manutenção praticados em alimentos para animais adultos.

Quantidades excessivas de proteínas são metabolizados em energia e produtos nitrogenados, o que


representa, no mínimo, um desperdício de matérias-primas de custo elevado. É coerente considerar
as relações qualitativas juntamente com as quantitativas e utilizar fontes protéicas de alta
digestibilidade e bom valor biológico, o que está relacionado ao equilíbrio e disponibilidade dos
aminoácidos essenciais, contribuindo para a otimização do aproveitamento metabólico e menor
necessidade de inclusão. Normalmente, as proteínas de origem animal possuem qualidade superior
às proteínas vegetais , além de mais palatáveis para animais monogástricos.

Em relação a alguns aminoácidos distintos, os gatos possuem requisitos dietéticos de taurina, por
não sintetizá-la como fazem os demais mamíferos domésticos, e são extremamente sensíveis à
deficiência de arginina, diferentemente dos cães (Borges, 2002). Essas particularidades não podem
ser negligenciadas em nenhuma fase fisiológica, inclusive na senescência.

4.1.4. Lipídeos

Quanto às gorduras, é postulado que o aumento da percentagem de gordura que aparece com a
idade é, em parte, o resultado de um aumento da incapacidade do organismo para metabolizar os
lipídios. Diminuir discretamente a quantidade de gorduras da dieta pode beneficiar os cães e gatos
geriátricos. (Case et al., 1998).

A gordura na dieta melhora a palatabilidade, proporciona ácidos graxos essenciais, potencializa a


absorção de vitaminas lipossolúveis e constitui uma fonte concentrada de calorias, mas deve ser
considerada com cuidado. Os animais acima do peso devem ser alimentados com dietas pobres em
gorduras (menos de 20% de calorias decorrentes de gorduras) (Buffington, 1991). Os níveis de
gordura maiores que 30% de calorias têm valor para cães ou gatos abaixo do peso (Goldston, 1999).

Também se deve levar em conta que um consumo adequado de ácidos graxos insaturados para
assegurar uma saúde cutânea apropriada e um pelame saudável (Goldston, 1999).

4.6.5. Vitaminas

As vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis, apesar de participarem em pequenas quantidades na


dieta e no organismo, são essenciais em várias funções, mas atuando como principalmente como co-
fatores em sistemas enzimáticos, catalisando processos metabólicos essenciais. Reforços de
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 25

vitamínicos em dietas geriátricas são necessários, pois as alterações imunitárias, digestivas,


metabólicas e a susceptibilidade ao estresse observados na senilidade contribuem para um aumento
nas necessidades dietéticas.

As vitaminas do complexo B são necessárias para a produção e maturação de células sanguíneas,


metabolismo intermediário, secreções endócrinas, integridade da pele e anexos, atividades
neurológicas e locomotoras normais e para a manutenção do apetite. Cães e gatos geriátricos podem
ser beneficiados por um incremento de vitaminas do complexo B em suas dietas, pois as alterações
gerais do envelhecimento e o comprometimento digestivo contribuem para um aumento dos
requisitos dietéticos. Os felinos, particularmente, possuem necessidades dietéticas de niacina e
piridoxina quatro vezes superior aos cães. Esses animais são inaptos em converter o aminoácido
triptofano em niacina, estando susceptíveis à alterações dermatológicas, gastrintestinais,
neurológicas e morte, se essa vitamina estiver dieteticamente deficiente. A piridoxina está
diretamente envolvida no metabolismo intermediário de proteínas, e sua deficiência pode causar
vários distúrbios neurológicos, sensoriais (visuais, olfatórios, gustativos), hematopoéticos, digestivos,
locomoteores, etc.

O aumento dos teores de vitamina E e vitamina A nas dietas geriátricas são estratégias nutricionais
interessantes. A vitamina E é um potente antioxidante e também modula a liberação de histamina,
sendo que pode ser útil na prevenção das reações de hipersensibilidade. A vitamina A não é um
potente antioxidante, mas seu precursor -caroteno sim. Isso não significa que a suplementação de
vitamina A não seja importante em dietas geriátricas. Além de outros benefícios, a vitamina A tem
relação direta com a integridade visual. Para cães, o -caroteno adicionado às dietas supre as
necessidades fisiológicas de vitamina A, por conversão. Os felinos são inaptos em processar essa
transformação, por deficiência enzimática, tendo necessidade dietética de vitamina A pré-formada.

A vitamina C não é convencionalmente suplementada em dietas de manutenção para cães e gatos,


por serem aptos à produção desse nutriente. Entretanto, essa produção é limitada e a inclusão
(quanto?) em dietas geriátricas é interessante, pois contribui na prevenção de doenças respiratórias e
da cavidade oral; melhora a capacidade restauradora das cartilagens por estimular a síntese de
colágeno; e ainda garante o efeito antioxidante sinérgico à vitamina E. As vitaminas C e E agem
conjuntamente também como imunoestimulantes.

As carências nutricionais desencadeiam sintomas específicos e prejudicam o metabolismo


intermediário. A longo prazo, podem causar patologias graves. A ocorrência de toxicidades por
excesso de vitaminas são raras, pois requerem cerca de quinhentas a mil vezes os requisitos diários
para desenvolverem-se. As hipervitaminose A e D são entretanto as mais prejudiciais, envolvendo
efeitos negativos principalmente sobre os sistemas nervoso e músculo-esquelético.

4.6.6. Minerais

Os elementos inorgânicos assemelham-se às vitaminas em suas exigências e funções metabólicas.


Adicionalmente, estão diretamente envolvidos na ocorrência de patologias, como distúrbios
metabólicos, urolitíases, nefropatias, cardiopatias, doenças músculo-esqueléticas, etc.

Quantitativamente, o cálcio e o fósforo são os elementos inorgânicos principais, e são constituintes


ósseos essenciais. O cálcio está também envolvido na coagulação sanguínea, contratilidade
muscular e transmissão de impulsos nervosos, funções essenciais à sobrevivência. O fósforo também
exerce funções importantíssimas como componente de vários sistemas enzimáticos e no
armazenamento e transferência de energia nas células, como compostos de alta energia (ATP).
Proporções ótimas de Ca:P, entre 1,2 a 4:1 e 0,9 a 1:1 para cães e gatos respectivamente, otimizam
a absorção e utilização metabólica desses elementos.

A capacidade renal e a eliminação de fosfatos estão reduzidas em cães e gatos senis, assim como a
síntese da forma ativa de vitamina D3, o calcitriol, essencial à absorção intestinal de cálcio. Esses
eventos conduzem à hiperfosfatemia e hipocalcemia, podendo levar ao hiperparatireoidismo,
desmineralização óssea e lesões em néfrons funcionais, culminando com insuficiência renal.
26
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

Portanto, dietas geriátricas devem apresentar uma redução de 15 a 20% no teor de fósforo e um
ligeiro aumento no teor de cálcio, sem contudo comprometer a relação Ca : P.

Embora não se conheçam os efeitos das dietas ricas em fósforo sobre a função renal nos cães e
gatos velhos sãos, é prudente evitar um excesso deste mineral na dieta (Case et al., 1998).

Os demais macroelementos inorgânicos também são importantes, principalmente na manutenção das


funções fisiológicas normais, principalmente do equilíbrio eletrolítico, das funções nervosas, cardíacas
e metabólicas, como ocorrência de reações enzimáticas essenciais. O magnésio é particularmente
importante na ativação de vários sistemas enzimáticos e na produção e ativação da acetilcolina. A
deficiência desse mineral prejudica o metabolismo de proteínas, lipídeos e carboidratos, a
contratilidade muscular, a estabilidade de membranas, a sobrevivência de eritrócitos, a imunidade, o
metabolismo de tecidos ricos em colágeno, a fosforilação oxidativa, etc. Ocorrência de urolitíase por
estruvita, principalmente nos gatos, está relacionada entre outros fatores, ao excesso de magnésio
dietético.

O teor de sódio dos alimentos de cães e gatos tem merecido atenção devido à preocupação que este
componente gera na dieta humana. Alguns alimentos comerciais para animais contêm uma
concentração de sódio de 2%, embora as necessidades reais de sódio para o cão e o gato sejam
muito inferiores. Sem dúvida, a níveis de 2% ou mais, a ingestão de alimento se autolimita. Os
animais não consomem dietas que contenham uma quantidade excessivamente elevada de sódio
com valores abaixo de 2% de sódio não se constatou nenhuma desordem no cão são. Portanto, o
teor de sódio da dieta dos animais velhos sãos não deve ser motivo de preocupação, sempre que o
seu nível se mantenha em torno de 1% ou menos do peso total de matéria seca (Case et al., 1998). É
importante salientar que uma dieta pobre em sódio torna-se necessária para o tratamento da
insuficiência cardíaca congestiva (Goldston, 1999).

Muitos elementos inorgânicos são exigidos em ínfimas quantidades, mas exercem papéis essenciais
no metabolismo animal. Dentre esses microelementos, o ferro (Fe), o iodo (I), o zinco (Zn), o selênio
(Se), o cromo (Cr), o cobre (Cu) e o manganês (Mn) são especialmente importantes, por melhorarem
funções essenciais, comprometidas pelo processo de envelhecimento.

O ferro encontra-se presente em várias enzimas (hemeenzimas) e moléculas (hemoglobina e


mioglobina) importantes. Dessa forma está envolvido na hematopoiese e no transporte de oxigênio;
na imunidade, no funcionamento do sistema cardiovascular e conseqüentemente de todos os outros
sistemas dependentes. É um potente ativador do oxigênio e de elétrons e conseqüentemente de
reações oxidativas, que têm seus contextos benéficos e maléficos já discutidos.

O iodo é essencial na síntese de hormônios tireoideanos, que possuem várias funções reguladoras
no organismo. A ocorrência de hipotireoidismo em cães e gatos pode estar relacionada à deficiência
de iodo, causando distúrbios secundários., como lesões dermatológicas; distúrbios reprodutivos,
ganho de peso excessivo e suas complicações.

O zinco se destaca por sua essencialidade ao metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas; ao


sistema imunitário; para a estrutura e metabolismo saudável da pele e pelagem; para a manutenção
do apetite, por manter as funções olfativa e gustativa; e como co-fator de mais de 200 enzimas,
inclusive do sistema antioxidante intrínseco. A necessidade de Zn para cães é de 120 mg/kg e para
gatos, 75 mg/kg de ração. É importante lembrar que altos níveis de cálcio ou fitato dietéticos
interferem com a disponibilidade e absorção de fósforo e zinco, levando à falta de apetite,
emagrecimento, fraqueza, aumento da susceptibilidade à infecções e lesões de pele, alopécia,
conjutivite, etc.

O selênio também é de extrema importância metabólica, sendo que sua deficiência causa
comprometimento dos sistemas antioxidantes, principalmente da enzima glutationa peroxidase,
depressão, anorexia, degenerações dos tecidos musculares cardíaco e esquelético, fraqueza
muscular, edema subcutâneo, dispnéia e eventualmente coma. A recomendação nutricional é de 150
a 300 g de selênio orgânico/ton. ração.
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 27

O cromo potencializa a ação da insulina e a utilização da glicose sanguínea pelas células, pois
compõe o fator de tolerância à glicose (FTG). O cobre é um importante co-fator de enzimas
antioxidantes.

Além de uma maior inclusão, é importante assegurar a disponibilidade e o equilíbrio dos minerais em
dietas geriátricas, para compensar a pior eficiência digestiva e evitar as carências. O uso de minerais
orgânicos pode melhorar a biodisponilidade. Os minerais em sua forma simples precisam ligar-se a
aminoácidos livres, presentes na luz intestinal para serem absorvidos. Quando ingeridos sob as
formas quelatadas, já ligados a pequenos peptídeos ou aminoácidos, os minerais escapam do
antagonismo competitivo com outros minerais pelo mesmo aminoácido, tendo aumentadas suas
taxas de absorção, deposição tecidual e utilização metabólica, garantindo menores taxas de excreção
fecal e urinária.

A maioria dos alimentos comerciais para animais contêm um excesso considerável do exigido para
qualquer vitamina ou mineral particular, de forma que a suplementação não se torna necessária,
contanto que pelo menos metade do consumo alimentar do cão ou do gato provenha de rações
comercialmente preparadas e a função gastrintestinal se encontre normal.

Devido ao aumento da freqüência de doenças nos animais idosos, os proprietários devem ser
aconselhados de que qualquer diminuição súbita e inexplicada no consumo alimentar deve ser
interpretada como um sinal inicial de doença que deve ser investigado. Os cães e gatos acima do
peso podem ser alimentados com quantidades pequenas, três ou quatro vezes por dia. Não se deve
fornecer salgadinhos humanos, especialmente se estiver presente uma cardiopatia. Se o proprietário
gostar de oferecer petiscos de animais de estimação, deve-se reservar petiscos de baixas calorias ou
parte da ração diária para esse propósito.

Ao escolher uma ração, ela deve ser completa, balanceada, digerível e palatável para proporcionar
dietas satisfatórias. As garantias de rótulo de “completas e balanceadas para todos os estágios vitais”
significam que a ração contém nutrientes além das exigências dos animais idosos. A digestibilidade
dos nutrientes nos cães e gatos idosos geralmente é tão boa quanto a encontrada nos animais
adultos jovens (Sheffy et al., 1985). Além disso, as rações não precisam ser demasiadamente
palatáveis, a menos que um consumo alimentar inadequado constitua um problema, pois a obesidade
constitui, sobremaneira, o problema nutricional mais comum nos cães e gatos idosos saudáveis
(Goldston, 1999).

TABELA 9- Fatores nutricionais para manutenção de gatos adultos.


Níveis recomendados (em MS)
Fatores Jovens à meia-idade Senis
Densidade energética (Kcal EM/g) 4,0 - 5,0 3,5 - 4,5
Proteína bruta (%) 30 - 45 30 - 45
28
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

Gordura (%) 10 - 30 10 - 25
Fibra bruta (%) <5 < 10
Cálcio (%) 0,5 - 1,0 0,6 - 1,0
Fósforo (%) 0,5 - 0,8 0,5 – 0,7
Ca : P 0,9:1,0 – 1,5:1,0 0,9:1,0 – 1,5:1,0
Sódio (%) 0,2 – 0,6 0,2 – 0,5
Magnésio (%) 0,04 – 0,1 0,05 – 0,1
pH urinário médio 6,2 – 6,5 6,2 – 6,6
Baseado em uma dieta com 4,0 kcal EM/g.

Kirk et al ( 2000)

TABELA 10- Fatores nutricionais para manutenção de cães adultos.


Níveis recomendados (em MS)
Fatores Jovens à meia-idade senis
Densidade energética (Kcal EM/g) 3,5 – 4,5 3,0 - 4,0
Proteína bruta (%) 15 - 30 15 - 23
Gordura (%) 10 - 20 07 - 15
Fibra bruta (%)  5,0  2,0
Cálcio (%) 0,5 - 1,0 0,5 - 1,0
Fósforo (%) 0,4 - 0,9 0,25 – 0,75
Ca : P 1:1 – 2:1 1:1 – 2:1
Sódio (%) 0,2 – 0,4 0,15 – 0,35
Cloro (%) 0,3 – 0,6 0,3 – 0,5
Debraekeleer et al (2000)

Todas as recomendações alimentares feitas para os proprietários em relação aos seus cães e gatos
idosos requerem uma consideração do animal individual. Os cães e gatos idosos saudáveis não são
deficientes nutricionais. A manutenção dos mesmos em uma condição corporal ideal assegurando
que comam bem e se exercitem, ajudará bastante no sentido da manutenção de uma qualidade de
vida boa por parte deles (Goldston, 1999).

Os pontos principais para uma terapia nutricional completa para todas as doenças que afligem os
cães e gatos idosos encontram-se na tabela 39. Evitar alterações dietéticas súbitas é particularmente
importante. Este tipo de mudança dificilmente é necessária, pois os cães e gatos idosos raramente
são apresentados em uma situação muito precária de saúde (Buffington, 1991).

TABELA 11 - Manejo dietético de uma disfunção do sistema orgânico no cão e gato idosos.
Tipo da dieta Distúrbio ou sinal clínico que exige manejo alimentar

Proteína baixa Insuficiência renal urêmica


Urolitíase de oxalatos e uratos
Encefalopatia hepática
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 29

Gordura baixa Obesidade


Quilotórax
Hiperlipidemia
Hiperlipoproteinemia
Hipotireoidismo
Doença do intestino delgado
Minerais baixos Urolitíase
Síndrome urológica felina
Insuficiência renal crônica
Fonte protéica restrita Alergia induzida por alimentos
Flatulência
Cobre baixo Hepatopatia associada ao cobre
Hepatite ativa crônica
Falta de glúten Enteropatia induzida por glúten
Fibra baixa e gordura moderada Hepatopatia crônica
Cirurgia gastrintestinal
Dilatação gástrica/vólvulo
Flatulência
Hiperadrenocorticismo
Gordura e proteína altas Ferimentos em tecidos moles
Continua... Hipoglicemia
Fraturas
Febre
Estresse ambiental ou psicológico
Caquexia ou inanição
Anorexia
Anemia
Lipidose hepática
Hipertireoidismo
Manutenção Nefropatia não urêmico
Esteatite
Idade avançada com exigências calóricas reduzidas
Gordura baixa e fibra alta Obesidade
Hiperlipoproteinemia
Diabetes melito com obesidade
Gordura e fibra moderadas Diabetes melito
Doença do intestino grosso
Constipação
Redução do sódio Insuficiência cardíaca
Hipertensão
Insuficiência renal crônica
Hepatopatia crônica com ascite ou edema
Fonte – Geriatria e gerontologia do cão e do gato,1999.

As alterações na dieta devem ser realizadas gradualmente, dependendo da severidade da patologia e


da vontade do animal em se alimentar. É mais apropriado retardar o início de uma nova dieta ou
programa alimentar até que a terapia médica seja bem sucedida. Assim sendo, o animal apresentará
uma melhora no apetite e mais provavelmente irá ingerir o alimento novo. O animal também será
menos provável de se associar à dieta ou ao programa alimentar com a enfermidade e desenvolver
uma aversão aprendida. Neste caso, o cão ou gato pode associar o alimento e a alimentação com
uma sensação de enfermidade e recusará a comer o alimento mesmo que não resulte em um
problema (Buffington, 1991). É mais provável que o animal aceite, primeiramente, o alimento familiar,
devendo-se oferecer um alimento conhecido até que sua condição de saúde se estabilize. O novo
30
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

alimento ou programa alimentar deve ser então gradualmente introduzido (Goldston, 1999).

Os veterinários que tratam de cães e gatos idosos também devem estar cientes da possibilidade das
interações de drogas e nutrientes. Insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal crônica e
cânceres, incluem drogas que podem ter efeitos colaterais nutricionais. A caquexia induzida por
digitálicos, a emaciação por potássio associada ao uso de diuréticos e os efeitos depressivos dos
agentes quimioterápicos anticâncer no consumo alimentar e na absorção de nutrientes constituem
exemplos de interações de drogas e nutrientes comuns na medicina e oncologia geriátricas.

6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BAKER, J., BROTHEWELL, D. Animal diseases in archaeology. London: Academic, 1980. 235p.

BILBREY, S. A., BUFFINGTON, T. B. Metabolismo e nutrição no paciente cirúrgico. In: Mecanismos


da moléstia na cirurgia dos pequenos animais. São Paulo: Manole, 1996. p. 53-64.

BIOURGE, V.; BOUGEOIS, H.; DETHIOUX, F. et al. Antioxidantes. In:___________.

BORGEOIS, H. O livro da palatabilidade em cães e gatos. Royal Canin, 2003. 26 p.

BRITO, D. Problemas com o excesso alimentar – Obesidade. Disponível em:


http://www.vidadecao.com.br. Acesso em 10 nov. 2002.

BRODY, T. Nutritional biochemistry. San Diego: Academic Press, 1994. 658 p.

BUFFINGTON, T. Feeding the aged dog. In 4 th Friskies – Carnation Symposium on Canine Disease
and Nutrition, 1991, p1.

BURGER, I. H. Um guia simplificado das necessidades nutricionais. In: EDNEY, A. T. B. Nutrição do


cão e do gato. Um manual para estudantes, veterinários, criadores e proprietários. São Paulo:
Manole, 1987, p. 15-36.

CASE, L. P.; CAREY, D. P.; HIRAKAWA, D. A. Geriatria. In: Nutrição canina e felina. Manual para
profissionais. Madrid: Hacoutr Brace, 1998. p. 227-243.

DAMMRICH, K. Relationship between nutrition and bone growth in large and giant dogs. In:
WALTHAN INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE NUTRITION OF SMALL COMPANION
ANIMALS, 1990, California. Proceedings...

DEBRAEKELEER, J.; GROSS, K. L; ZICKER, S. C. Normal dogs. In: HAND, M.S.; THATCHER, C.
D.; REMILLARD, R. L. et al. (ed.) Small Animal Clinical Nutrition. 4 ed. Kansas: Mark Morris Institute,
2000. p. 211-260.

DIMSKI,D.S.;BUFFINGTON,C.A. Dietary fiber in small animal therapeutics. J. Am. Vet. Med.


Assoc., v.199,n.9,p.1142-1146,1991.

DONOHUE, S. Nutritional support of hospitalized patients. Vet Clin North Am 19:475,1989.

FINCO, D. R. Effects of aging and dietary protein intake on uninephrectomized geriatric dogs.
American Journal of Veterinary Research.v. 55, n. 9, p. 1282-1290, 1994.

GOLDSTON, R. T. Introdução e Revisão de Geriatria. In: GOLDSTON, R. T.; HOSKINS, J. D.


Geriatria e Gerontologia do cão e do gato. São Paulo: Roca, 1999. p. 1 – 14.
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 31

GRANDJEAN, D. A nutrição do cão. In:__________. Enciclopédia do cão. Paris: Aniwa Publishing,


b
2001 . p. 553-577.

GRANDJEAN, D. As etapas da vida do cão. In:__________. Enciclopédia do cão. Paris: Aniwa


Publishing, 2001a . p. 522-551.

GRECO, D. S. A vida é mais curta se você come a sobremesa primeiro: implicaçòes clínicas do
estudo purina 448. In: Prolongando a vida através da restrição alimentar. Nestlé Purina, 2002. P. 30-
32.

GRIESHOP, C. M. Dieta afeta a nutrição e o sistema imunológico de animais de companhia.


Feedstuffs, v. 75, n. 26, 2003.

HANSEN, I. et al. Gastrointestinal implications in the rat of wheat bran, oat bran and pea fibre. Br. J.
Nutr.. v.68, p. 451-462, 1992.

HARPER, E. J. Changing perspectives on aging and energy requirements: aging, body weight and
a
body composition in humans, dogs and cats. J. Nutr., v. 128, supl. 12, p. 2627 – 2631, 1998 .

HARPER, E. J. Changing perspectives on aging and energy requirements: aging and energy intakes
in humans, dogs and cats. J. Nutr., v. 128, supl. 12, p. 2623-2626, 1998 c.

HEDHAMMAR, A., WU, FU-MING, KROOK, L. et al. Overnutrition and skeletal disease: an
experimental study in great dane dogs. Cornell Vet Suppl., v.64, n.5, p.1-160, 1974.

HENROTIN, Y. Influência dos nutracêuticos sobre a saúde e a integridade da cartilagem. In: Nutrição
e saúde em cães de raças grandes. Iams Company, 2001. P. 28-31.

HERLIHY, J. T. O envelhecimento do sistema cardiovascular: alterações induzidas pela restrição


alimentar. In: Prolongando a vida através da restrição alimentar. Nestlé Purina, 2002. P. 33-43.

HOSKINS, J. D.; GOLDSTON, R. T.; LAFLAMME, D. P. Nutrição e Distúrbios Nutricionais. In:


GOLDSTON, R. T.; HOSKINS, J. D. Geriatria e Gerontologia do cão e do gato. São Paulo: Roca,
1999. Cap. 4. P. 31 – 50.

Iams international Nutrition Symposium. Recent Advances in Canine and Feline Nutritional Research,
Proceedings of the 1996.

JRGENSEN, B. Effect of different energy and protein levels on leg weakners and osteocondrosis in
pigs. Livest. Prod. Sci., v.41, n., p.171-181, 1995.

KEALLY, R.D., OLSSON, S. E., MONTI, K.L., et al. Effects of limited food consumption on the
incidence of hip dysplasia in growing dogs. J. Am. Vet. Med. Assoc., v.201, n.6, p.857-863, 1992.

KEALLY, R.D.,LAWLER, D.F., BALLAM, J.M., LUST, G. Evaluation of the effect of limited food
consumption on radiographic evidence of osteoarthritis in dogs. J. Am. Vet. Med. Assoc., v.217, n.11,
p.1678-1680, 2000.

KIRK, C. A.; DEBRAEKELEER, J.; ARMSTRONG, P. J. Normal dogs. In: HAND, M.S.; THATCHER,
C. D.; REMILLARD, R. L. et al. (ed.) Small Animal Clinical Nutrition. 4 ed. Kansas: Mark Morris
Institute, 2000. p. 291-347.

LAFLAMME, D.P. Body condition scoring and weight maintenance. Proc North Am Vet Conf
7:290,1993.

LÓPEZ, A.V. Nutrição en pediatría. I Seminario Internacional Pediatria e Geriatria En Pequeñas


espécies (1997), Disponível em: www.veterinaria.uchile.cl, Acesso em: 10/03/2001.
32
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

MENEZES, J.M.C. Excesso de nutrientes na dieta durante a fase de crescimento rápido e alterações
esqueléticas em Canis familiaris Belo Horizonte, Escola de Veterinária da UFMG, 1999.53p.
(Dissertação, Mestrado).

MEYER, H., ZENTEK, J. Energy requirements of growing great danes. In: WALTHAN
INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE NUTRITION OF SMALL COMPANION ANIMALS, 1990,
California.

MILLIS, D. L.Manejo completo do paciente artrítico. In: Nutrição e saúde em cães de raças grandes.
Iams Company, 2001. p. 34-41.

NICHOLSON, L.J. Decloggings small bore feeding tubes. J Parenter Enteral nutr 11:594,1987.

NUTRIENT requirements of Cats, National Research Council, National Academy of Sciences,


Washington DC, 1986.

NUTRIENT Requirements of Dog and Cats, National Research Council of the National Academies,
Washington DC, 2006, 398 p

NUTRIENT requirements of dogs. National Research Council, National Academy of Sciences,


Washington DC, 1985.

OLGIVIE, G.K. Alterations in metabolism and nutritional support for veterinary cancer patients:
Recent advances. Compend Contin Educ Pract Vet 15:925 – 937, 1993.

PARAGON, B. M.; VAISSAIRE, J. P. As grandes etapas da vida do gato. In: _______. Enciclopédia
do gato. Paris: Aniwa Publishing, 2001a . Parte 4. p. 362-373.

PARAGON, B. M.; VAISSAIRE, J. P. Nutrição e alimentação. In: _______. Enciclopédia do gato.


Paris: Aniwa Publishing, 2001b . p. 374-395.

PRINCÍPIOS gerais de nutrição canina. Morbihan: Royal Canin, 1999. 28 p. (Centro de Pesquisa –
Saint Nolff).

RICHARD C. N. CONGRESSO BRASILEIRO ANCLIVEPA, 1996 (trabalho cedido pela Dra Monika
Sakamoto - Iams Pet Food International Inc)

RICHARDSON, D.C., SHOENHERR, W.D., ZICKER, S.C., Nutritional management of osteoarthritis.


Vet. Clinic. North Am. Small Anim. Pract., v.27, n.4, p.883-911, 1997.

RICHARDSON, D.C.;Toll, P W., Relation of nutrition to developmental skeletal disease in young dogs.
Vet. Clinic. Nutr., v.4, n., p.6-13, 1997.

ROL, D. A. Drugs an nutrition in the elderly. In geriatric nutrition. 2 nd ed. Englewood Cliffs, N.J.,
Prentice – Hall, 1987, p176.

ROYAL CANIN. Princípios da Nutrição canina, Informativo Técnico e Científico da Royal Canin (CD-
ROM) 2000

ROYAL CANIN. Princípios da Nutrição de Felinos, Informativo Técnico e Científico da Royal Canin
(CD-ROM) 2000.

SAAD, F.M.O. B.. ; FERREIRA, W M . Princípios Nutritivos e Exigências Nutricionais de Cães e


Gatos - Parte I - Energia, Proteína, Carboidratos e Lipídeos. 1. ed. Lavras: Editora UFLA, 2004. v.
único. 108 p.
SAAD, F.M.O. B.. ; FERREIRA, W M .. Princípios Nutritivos e Exigências Nutricionais de Cães e
Gatos - Parte II - Água, Minerais e Proteína. 1. ed. Lavras: Editora UFLA, 2004. v. único. 99 p
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 33

SAAD, F.M.O. B. Obesidade - Processos Associados e Controle em Cães e Gatos. 1. ed. Lavras:
Editora UFLA, 2004. v. único. 90 p.

SAAD, F.M.O. B. et al. . . Manejo Nutricional de Cães e Gatos nas Diversas Etapas Fisiológicas. 1.
ed. Lavras: Editora UFLA, 2004. v. único. 128 p.

SAAD, F.M.O. B. et al. . Necessidades nutricionais de cães e gatos em várias fases fisiológicas
segundo o National Research Concil - Nutrient Requeriments od Dogs and Cats 2006. In: III Simpósio
De Nutrição e Alimentação de Cães e Gatos - Padrões Nutricionais e de Qualidade, 2007, Lavras.
dade. Viçosa : Editora Suprema, 2007. p. 209-244.

SAAD, F.M.O. B... Programas de Redução de Peso para Cães e Gatos. In: IV Simpósio sobre
Nutrição de Animais de Estimação - CBNA, 2004, Campinas. Anais do IV Simpósio sobre Nutrição de
Animais de Estimação. Campinas : Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, 2004. p. 01-48.

SAAD, F.M.O. B. ; SANTOS, W M ; WATANUKI, M M . Manejo Nutricional de Cães e Gatos Durante


a Fase de Senectude. In: II Simpósio de Nutrição e Alimentação de Cães e Gatos, 2005, Lavras. II
Simpósio de Nutrição e Alimentação de Cães e Gatos, 2005. p. 259-300.

SAAD, F.M.O. B.. . As conseqüências fisiológicas da senectude em cães, e como isto reflete sobre o
perfil nutricional da dieta destes animais In: 3 Pet Fórum da America Latina, 2004, São Paulo. 3 Pet
Fórum da America Latina, 2004.

SAAD, F. M. O. Nutrição e alimentação dos gatos domésticos. In: Nutrição e processamento de


alimentos para cães e gatos. Lavras: UFLA, 2002. P. 67-120.

SAAD, F. M. O. B., NUNES, I. J. Nutrição e Manejo Alimentar de Cães na Saúde e na Doença.


Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, EV-UFMG, Belo Horizonte N.1 1998, 103p.

SILVA JUNIOR, J ; SAAD, F.M.O. B .; LIMA, L M S . Interação entre Imunidade e Nutrição em. In: II
Simpósio de Nutrição e Alimentação de Cães e Gatos, 2005, Lavras. . Viçosa : Suprema, 2005. v. I. p.
169-200.
SCOTT, D. W.; MILLER, W.H., GRIFFIN, C. E. Immunology skin diseases. In: _______. Small Animal
dermatology. 5 ed. Pensilvanya: Saunders Company, 1995 a. p. 484- 626.

SCOTT, D. W.; MILLER, W.H., GRIFFIN, C. E. Structure and function of the skin. In: _______. Small
Animal dermatology. 5 ed. Pensilvanya: Saunders Company, 1995b. p. 02- 54.

SHEFFY, B.E; WILLIANS, A.J.; ZIMMER, J.F.; et al. Nutrition and metabolism of the geriatric dog.
Cornell Vet 75:324,1985.

SMITH, E. L. Bioquímica: aspectos gerais. 7.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1985. 785 p.

TOLL, P. W., JEWELL, D.E., NOVOTNY, B. J. Estresse oxidativo e o sistema de defesa antioxidante:
uma visão geral para médicos veterinários. In: __________. Protegendo os animais de companhia
dos efeitos do envelhecimento de doenças: o sistema orgânico de defesa antioxidante. Kansas: Hill’s
Pet Nutrition, 2001. p. 02 – 15.

Últimas inovações em nutrição clínica. Royal Canin, 2003. p. 09-14.

UNIVERSIDADE de Las Palmas de Gran Canarias, La alimentacion del gato, http:// www4.
lpgc.é/departamentos/animal/nutricion/tema18.htm.

VERONESI, C. Obesidade em cães e gatos. Disponível em: http://www.usp.br/fzea/cultura. Acesso


em 8 nov. 2002.
34
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009

WHEELER, S. L. Enteral nutritional support. In Kirk RW, ed. Current veterinary theraphy. Philadelphia,
Wb Saunders, 1989, p30.

View publication stats

Você também pode gostar