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Autor: Horcades, Carlos M

T!tulo: A evolucao da escrita : histori

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A EVOLUÇÃO DA ESCRITA
HISTÓRIA ILUSTRADA
CARLOS M.
HORCADES

senac rio
E D I T O R A
"Cada vez que vejo um
erro tipográfico,
penso que algo novo
foi inventado."

Goethe ( 1739- 7832)


DEDICO ESTE LIVRO A:

PAI E MÃE
(ouro de mina)
NICHOLAS BIDDULPH
(meu grande mestre)
ED BENGUIAT
(amigo e mestre)
BRIAN YATES E FRED PACKER
(mestres e amigos)
ANTONIO HOUAISS
(amigo e guru)
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS - - - - - - - - - - - - - - - - 8
APRESENTAÇÃO - - - - - - - - - - - - - - - - 9
PREFÁCIO - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 10
1.1NTRODUÇÃO 15
2. A INVENÇÃO DA ESCRITA 16
3. O ALFABETO LATINO 24
4. A IDADE MÉDIA 28
5. A RENASCENÇA 34
5.1 Quem eram os tipógrafos 56
5.2 A dominação francesa 62
5.3 Dürer e os módulos 67
5.4 A letra em chapa de cobre 70
5.5 A tipografia holandesa 71
5.6 A nova letra (preâmbulo) 74
5.7 A letra transicional 79
6. A NOVA LETRA (FINALMENTE) - - - - - - - - - - - - 82
7. O SÉCULO XIX 88
7.1 A Kelmscott Press - - - - - - - - - - - - - - - 92
8. ESTILOS TIPOGRÁFICOS E MESTRES DA TIPOGRAFIA 94

8.1 Art Nouveau - - - - - - - - - - - - - - - -- 94


8.2 O novo grafismo 96
8.3 Dadaísmo 98
8.4 Bauhaus 100
8.5 Art Déco 102
9. APÊNDICE 120
10.ÍNDICEDEFONTES 123
11. ÍNDICE ONOMÁSTICO 124
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 126

7
AGRADECIMENTOS

Guilherme Szpigiel, Léo Visconti,


Isabel Thees, Ricardo Leite,
Aline Malheiro, Denis Policani,
Aldemar d'Abreu Pereira,
Ricardo Nauenberg,
Pojucan, Fernanda Martins,
José Mindlin, Rosane Fonseca,
Fabio Darei, Eduardo Denne,
Bruno Vianna, Karin Schneider,
Natalia 'Leibovitch, Silmara Mansur,
Marcos Pires de Campos,
Ricardo Oliveira, Carlos Alberto Rabaça,
Wlademir A. de Araujo, Luís Antonio Segadas,
José Antonio Passos, Henriq ue Pires e
Maria Helena H. Machado
pela ajuda, incentivo e inspiração.

8
APRESENTAÇÃO
Em uma interessante viagem através do tempo, Carlos M. Horcades
nos apresenta aos principais mestres da arte da escrita - tipógrafos,
calíg rafos, grafistas e impressores- que, aliando a técnica à sensibi lidade
estética, tornaram possível a evolução da mais importante forma de
comunicação já criada pelo homem- a letra. Nada menos do que trezentas
fotos e ilustrações enriquecem esta obra, cuja narrativa se estende da época
do surgimento da escrita até os dias de hoje.
Dos primeiros registras pictográficos, passando pe los alfabetos
protocanaanita, grego arcaico, romano e latino, somos levados a conhecer
mais profundamente o aperfeiçoamento dessa arte, especialmente na Europa.
Nesse percurso, acompanhamos suas transformações e aprendemos como
a evolução da l etra semp re esteve assoc iada ao est i lo artístico de
determinado momento histórico, entre os quais, o clássico, o gótico, o
renascentista, o moderno e o construtivista.
A ênfase dada pelo autor à vida dos grandes artistas desse ofício
descortina sua fundamental importância na construção da cu l tura .
.. Gut enberg, Jenson , Griffo, Vicentino, Garamond, Aldus, Grandjean, Caslon,
Baskerville, Bodoni e Didot estão entre os brilhantes mestres do passado
que ajudaram a tecer a história das letras e da impressão, graças a seu
talento e conhecimento diversificado- muitos dominavam a mecân ica das
prensas, a finalização de ligas, o processo de fab r icação de papel, a
formulação de tintas, as técnicas de encadernação e diagra mação, além de
outros idiomas e escritas.
É com orgulho, portanto, que o Senac Rio participa deste projeto.
Temos a convicção de que se trata de um trabalho de grande utilidade e
relevância para todos os interessados no assunto, uma vez que nosso país,
como lembra o autor, não tem tradição nessa área. Por sua abordagem
singular e objetiva, este livro constitui-se uma fonte de referência essencia l
- sobretudo para as novas gerações de designers.

Regina Cury
Centro de Cultura e Comunicação do Senac Rio

9
PREFÁCIO
Londres, 1975. Central School of Art and Design. De vez em quando eu
passava em frente a uma sala de aula e, olhando pelo vidrinho da porta, via belas
letras que eram projetadas em uma tela. Como aluno de mestrado, eu tinha dire ito de
freqüentar quaisquer cursos da escola e, um dia, pedi licença e entrei. Era uma au la
de Typography 1, e o professor se chamava Nicholas Biddu lph, um inglês culto e
atencioso que se propôs a me ensinar tipografia, já que, apesar de fo rmad o na velha
e boa Esdi (Escola Superior de Desenho Industrial) do Rio de Janeiro, essa mat éria
(tipologia) não era lecionada naquele tempo.
De ignorante total passei a interessado fervoroso nas aulas do Nick, que foi o
melhor professor de tipologia que conheci. O homem usava dois projetares de slides ao
mesmo tempo e conseguia despertar nos alunos interesse e paixão pela tipografia. Meu
mestrado passou a ser muito menos importante do que as aulas de tipografia do Nick.
Quando apresentei minha tese e me vi livre daquela "pesada carga", passei mais
alguns meses na louca Londres dos anos 1970 me especializando em tipologia, já com a
assistência de Nicolete Gray, além de Nicholas Biddulph. Os bons mestres não só me
passaram mais e mais conhecimentos de tipologia como também me cederam seu grande
arquivo de imagens que até hoje me acompanha. Voltei para o Brasil em 1977 e, em 1978,
já dava o primeiro curso na Coordenação Central de Extensão (CCE) da PUC Rio, Técnica
e Estética da Palavra Escrita, que no fundo no fundo queria dizer: tipologia. Desde 1978,
no século passado, até o ano de 2003, venho desenvolvendo a idéia deste livro. Onde
aprendi tipologia? No Central School of Art and Design, de Londres; também no London
College of Printing, conversando com Nicho las Biddulph, Nicolete Gray, Anthony Froshaus,
Walter Tracy, Herbert Spencer, AI Hill, Fred Packer e o velho Brian Yates, que tantas tardes
passou conosco os "Type Freaks", contando histórias dos velhos tipógrafos, causas efofocas
dos grandes escribas, desmanchando livros antigos para estudar o papel, a encadernação,
a capa, enfim, todos os elementos que compõem o universo da letra e, finalmente,
conversando com o grande Ed Benguiat, este, amigo novo, que em pouco tempo me
ensinou anos de tipografia.
As histórias deste livro flutuam entre o real e o suposto, pois coisas que
aconteceram há cem, mil ou cinco mil anos podem•ter mudado ou são contadas de várias
maneiras diferentes. Eu estou contando só um pedacinho da história. Quanto mais livros
eu leio, menos certeza tenho das coisas. Tantos são os fatos, os personagens, as causas, os
efeitos. A cada segundo, em vários lugares do mundo, acontece algo relacionado à tipografia.
Tem acontecido há milhares de anos.

10
1. INTRODUÇÃO
Letras são como abelhas. Uma abelha sozinha é apenas um inseto irracional.
Mas, se observarmos uma colméia com seu funcionamento extremamente complexo,
com operárias, soldados, babás, faxineiras, zangões e rainha, veremos que esses
insetos primitivos desempenham funções bem determinadas. A abelha não tem
inteligência individual, mas a colméia possui inteligência coletiva.
Isso acontece também com as letras. Uma letra sozinha não vale nada.
Mas letras juntas fo rmam palavras, e palavras são pensamento.
Mas o que são letras? As letras devem ser diferentes entre si, pois se todas
fossem "as" e "bês" não se conseguiria ler.
Letras também devem ser parecidas; todas as letras de um alfabeto devem
apresentar o mesmo estilo e grafismo. Por isso, chamamos alfabetos de famílias.
Mas não nos esqueçamos da função primordial da letra : informar.
Uma letra sem leiturabilidade ou legibilidade é como um borrão no papel;
não significa nada. As letras juntas formam alfabetos e registram as idéias. Uma
letra deve dar conforto ao leitor, ou seja, deve ser lida com facilidade e ao mesmo
tempo precisa ter estética agradável. É o casamento da técnica com a estética
celebrado pela inteligência humana.
Os velhos arti st as da letra eram possuidores dos dois talentos.
Conhecimento técnico de processos gráficos, fabricação de papéis, tintas, ligas de
metais, prensas, e conhecimento de arte, sensibilidade para formas, concordâncias,
harmonia e equilíbrio.
Eram pessoas muito especiais. E dessas pessoas especiais este livro vai
falar. Ao mesmo tempo, ao estudarmos a letra, vamos ver que todos os estilos
inventados pelo homem - classici smo, gótico, renascentismo, modernismo,
constru tivismo, etc.- trazem consigo letras que conservam as mesmas características
culturais e estilísticas dos estilos a que pertencem.
Mas o que são letras em última instância? As letras são o cavalo que
transporta a inteligência. As letras são a maior invenção do homem, o que o
diferenciou definitivamente dos homens das cavernas.
Hieróglifos (original do autor).

2. A INVENÇÃO DA ESCRITA
Uma das maiores realizações do homem na Terra é a invenção da escrita.
Sabemos hoje que os primeiros hominídeos datam de aproximadamente cinco
milhões de anos. Mas o homem permaneceu quase tão primitivo como na pré-
história por praticamente esses mesmos cinco milhões de anos até pelo menos dez
mil anos atrás. Naquela época, os agrupamentos humanos começaram a crescer
mais e mais e, com tanta gente nas vilas, foi preciso organizar a sociedade. Só a
palavra falada já não era suficiente. Então o homem inventou a escrita.
A escrita possibilitou o acúmulo de conhecimento humano. Antes dela,
Benefícios
tudo o que um homem aprendia durante sua vida morria com ele. Depois da invenção
da escrita da escrita, o conhecimento passou a se acumular e a não se perder, assim, ao nascer,
o homem tem a seu dispor toda a experiência e as descobertas de seus antecessores.
Não vamos considerar escritas os desenhos rupestres das cavernas pré-
históricas, que eram manifestações artísticas e mais emocionais do que o ato racional
de criar sinais que representem idéias quando associados, gerando então os alfabetos.
As plaquetas de barro do templo da cidade de Uruk, feitas aproximadamente
seis mil anos atrás, com listas de cereais e cabeças de gado, são as formas de escrita
mais antigas encontradas. Naquela época, existiam outras escritas simul taneamente,
em geral pictográficas, com imagens f igurativas simbolizando palavras. Havia t ambém
uma escrita cuneiforme dos sumérios feita com cunhas de diferentes formas, que
eram pressionadas sobre barro mole. Essa escrita, que, presume-se, foi uma evolução
da pictográfica suméria, foi adotada posteriormente pelos babilônios, assírios, elamitas

16
A Pedra de Roseta foi um marco na
história do entendimento da escrita
hieroglífica. Continha o mesmo
texto em três escritas:
hieroglífica, demótica {uma
escrita mais rápida, também
utilizada pelos egípcios) e
grega. O pesquisador
francês Champollion
conseguiu decifrá-la
comparando os três textos
por analogia ao notar que
os nomes dos nobres eram
circundados por uma linha.

e hititas. Os alfabetos cuneiformes tinham um grande número de sinais


(aproximadamente 1.500) para representar sílabas e palavras, e algumas vezes
misturavam também pictogramas.
A escrita pictográfica utiliza pictogramas ou ilustrações. Ex: o desenho
de um cavalo signif ica cavalo.

Ex: ~ =Cavalo
A escrita fonética, a nossa escrita, utiliza símbolos que representam sons.
Esses sons são analisados pela mente humana e seu significado é decodificado.

e
Ex: O som da palavra cavalo significa o animal.

Ex:
.~VAlO
A escrita ideográfica, usada pelos orientais, utiliza símbolos que representam
idéias. A associação de duas idéias gera uma terceira e assim sucessivamente.

Ex: Dia + agora hoje

18
~xtn m.~~v ~~ff~4rm
1q!>W>-~vr ~ IT~~ 1
~t- ~ nrtr.t
Abecedário aproximado.

Disco de Phaistos
[séc. XVII a.C.).

~ \1? I di>@
2'f i,GZI(J>I
§~6> l'ji lt!JllJ
C~ 17 Y-?i
zl (\ lf<;PJI\

Escritas pictográficas
Escrita pictográfica hitita. de Creta e Micenas. Escrita hieroglífica egípcia {origina l do autor).

Os egípcios também desenvolveram sua escrita pictográfica, os hieróglifos,


que era pintada em papiro ou gravada em relevo em materiais duros ou em barro
mole; hieróglifo em grego significa gravar textos sagrados. Os pictogramas egípcios
podiam representar sílabas, letras e até palavras. Os hititas na Anatólia também
usavam alfabetos pictográficos ao mesmo tempo que utilizavam a escrita
cuneiforme. Os alfabetos, nessa época, tinham um número imenso de caracteres,
que geralmente eram difíceis de escrever, o que restringia a leitura e a escrita a
um número muito pequeno de pessoas, geralmente nobres, sacerdotes ou escribas.
Aos nobres e aos sacerdotes, a escrita era fundamental para manter seus nomes
e doutrinas gravados; e aos escribas, pelo amor à profissão e porque afinal esse
era o seu ofíc io. Em 2000 a.C. aproximadamente, havia quatro escritas mais
importantes no Oriente Médio: a escrita pictográfica dos hititas, os hieróglifos,
uma escrita de Micenas e a cuneiforme dos sumérios.

19
Alfabeto
protocanaanita
Características
1. Razoavelmente
simples: 25-30
caracteres;
2. podia se escrever
em todas as
direções;
3. combina elementos
das 4 escritas
principais:
a. cuneiforme suméria
b. pictográfica hitita
c. escrita de Micenas
d. hieróglifa egípcia.

Em 1000 a.C: sofre transformações e é reduzido para 22 caracteres, passando


a se chamar Alfabeto Fenício.
EXEMPLOS DO DESENVOLVIMENTO DE ALGUMAS LETRAS LATINAS:
HEBREU ~
ÁRABE I
GREGO A
LATIM A
A letra A desenvolveu-se de um ancestral comum, que apareceu em inscrições
proto-sinaicas de mais ou menos 1500 a.C., desenhado como uma cabeça de boi,
( (j) cujo nome era provavelmente alp. A/pé uma palavra canaanita que corresponde
ao hebreu aluf que quer dizer boi. A forma da letra mudou com o tempo. Na segunda
metade do segundo milênio a.C., podem-se observar as seguintes mudanças:

tt
Mais ou menos no ano 1000 a.C., a forma do fenicio clássico já tinha evoluído
para ( Cf {j- v). Quando os gregos aprenderam o alfabeto protocanaanita, a
posição do alef ainda não havia sido estabilizada. Nas inscrições arcaicas dos
séculos XVI II e XVI I a.C. podem-se encontrar três rotações para alfa. Uma é se-
melhante ao fenício a/ef, ( q=. V A ) e as outras estão em posições diferentes
como -\,L ou ~.
A última forma foi aceita por todos e copiada pelos romanos.

HEBREU M
ÁRABE c
GREGO H
LATIM
H
A letra H desenvolveu-se a partir do pictograma protocanaanita de uma
cerca, feito em duas posições, (JI[ ~).Mais tarde, as inscrições protocanaanitas
tinham o het com a forma de um retângulo seccionado ao meio. Essa forma se
desenvolveu do grego arcaico para H sendo também adotada para o latim. Os usos
das letras variam de acordo com a língua, mas aqui nós estamos acompanhando
somente a evolução gráfica das letras e não a fonética.

21
HEBREU
'S1
ÁRABE
~
GREGO
0
LATIM
o
A letra O desenvolveu-se da representação pictográfica de um olho na
escrita protocanaanita, ( 8 ).
Em hebreu, a palavra para olho é a mesma para a letra O, ayin. A pupila
do olho foi preservada em algumas inscrições protocanaanitas até o século XII a.C.
Às vezes, no grego arcaico, omícron era usado com um ponto no meio. É difícil
acreditar em outra corrente que afirma que esse ponto no centro era a marca feita
pela ponta de um compasso.

A letra U também foi


introduzida para se
diferenciar o V vogal
do V consoante.

A letra W foi
introduzida no século
XI em razão da
necessidade de·
registro sonoro das
línguas germ~nicas.

A letra J foi
introduzida na Idade
Média para se
diferenciar a letra I
consoante da I vogal.

22
Capitalis Romana - Coluna Trajana.

3. O ALFABETO LATINO
O alfabet o latino não usava todos os caracteres do arcaico grego porque
não havia necessidade de todos eles. Nas mudanças de uma língua para ou t ra, às
vezes inventam-se símbolos correspondentes a sons estranhos às líng uas
de origem, ou eliminam-se caracteres desnecessários. O alfabeto grego arca ico
tinha 27 let ras, usava 22 letras do original semítico e cinco letras acrescida s pelos
gregos para satisfazer às suas necessidades.
Em 700 a.C., o alfabeto latino aparece. Descendente direto do grego ar-
caico, ainda era escrito da direita para a esquerda, da esquerda para a direita e em
boustrofedon (ziguezague).
Os romanos, no ano 100 d.C., tinham quatro escritas em uso. A primeira ,
Capitalis Romana ou Capitalis Monumentalis, era uma letra monumental. Bem
espacejada, era uti lizada na arquitetura em fachadas, prédios e monumentos,
combinando com os contornos arquitetônicos e com as formas quadrat izada s. O
melhor exemplo da Capital is Romana é a letra da Coluna Trajana (1 14 d.C.) em
Roma. Essa letra é considerada em todo o mundo o gabarito estético para as let ras
romanas no que diz respeito a suas proporções altura/largura , curvas, serifas e
espessuras. Quando se diz que uma letra tem proporções clássicas, significa que
ela segue as relações da Capitalis Romana, que só existia em caixa-alta.
As letras eram primeiramente pintadas na pedra com um pincel de ponta
reta nas partes superiores e inferiores e depois entalhadas. Não havia espacejamento
entre palavras e nem letras em caixa- baixa.

24
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Capitalis Monumentalis (acima) e Rústica Romana. Quadra ta (acima) e Cursiva Romana.

A segunda letra utilizada pelos romanos, de desenho imponente, era usada


para livros públicos, documentos importantes, em situações ma is fo rmais e se
chamava Ouadrata. Sua escrita era lenta e trabalhosa, não havia espacej amento
entre palavras, e a barra transversa da letra A não existia ainda, assim como as
letras em caixa- baixa. Todas as letras tinham a mesma altura. Ainda não havia elementos
ascendentes e descendentes. Elementos ascendentes e descendentes são partes das
letras que ultrapassam as linhas-limite das letras em ca ixa - baixa, como a parte
superior do "d" ou a perna do "g".
A terceira letra chamava-se Rústica Romana e era usada mais informalmente.
Nota-se que também não havia espacejamento entre palavras, a barra transversa da
letra A inexiste e aparecem os primeiros elementos ascendentes e descendentes,
apesar de as letras em caixa -baixa ainda não existirem. Essa let ra era pint ada com
pincel, e suas serifas são grandes dando peso visual ao texto. A cidade de Pompéia
nos apresenta numerosos exemplos de rústicas pintadas nas paredes e muros com
avisos, sinalização e reclames, que foram preservadas pelas cinzas do Vesúvio.
A quarta letra é a Cursiva Romana, usada cotidianamente e escrita com
pena de ponta fina. Nessa letra há elementos ascende ntes e descendentes em
profusão. A Cursiva Romana, ao contrário das outras usadas em Roma, era
predominantemente composta de letras minúsculas. Seu estilo também variava
muito, pois sendo uma letra manuscrita, dependendo do calígrafo, ela era mais ou
menos inclinada e suas ascendentes poderiam ser maiores ou menores.

25
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Meia Uncia/ {St. Hil/ary de Trinity) ano 509 {acima) e Um Quarto de Uncia / e Uncial {Probus Vet. Urbinatus)
Uncia/ (Homero Ambrosiano) ano 374. ano 7 754 (acima) e Uncia / (Livro de Kells).

A pa rtir de 500 d.C., começa a aparecer a letra Uncial ou Insular, que vem
do Norte da Europa, Inglaterra e Irlanda. Sua forma é arredondada, com serifas
bem desenhadas, e seu traçado é elegante e cheio de ritmo, unindo estética agradável
e legibilidade. As unciais eram também mais rápidas para se escrever. O nome
Uncial vem da Únci a, uma moeda romana de forma circular. Vêem-se ascendent es
e descendentes em profusão e as minúsculas predominam.
O livro de Kells, feito por monges na Irlanda, no século VIII, foi escrito em
Uncial de raro e elegante desenho. As serifas t riangulares eram acrescen tadas às
letras depois de escri t as. Esse livro, que ainda existe no Museu de Trinity College,
em Dublin, é considerado o livro mais belo de sua época, não só por sua let ra, mas
ta mbém por todo t ipo de let ras capitu lares, decorações e iluminuras. Iluminuras
são as ilustrações dos livros da época, e capitulares são as grandes letras decoradas
util izadas para abrir parágrafos ou capítulos.
As letras usadas no texto têm extrema beleza e são originalmente alinhadas
por cima e irregulares na sua base, ao contrário das demais. As serifas eram acres-
cent adas depois das letras prontas. Existe um fac-símile do livro de Kells impresso
e vendido comercialment e para os estudiosos. As unciais são classif icadas em Meia
Uncial, com ma is ascendentes e descendentes, Um Quarto de Uncial e Uncial, de
acordo com o informal ismo que apresentam.

26
m-

~pn um · Ttmu1

~-rum tf ue1- bu nl
~......,.~on etnbnc. rrau .~
As letras minúsculas finalmente aparecem no século VIII, quando Carlos
Magno, cujo reinado cobria quase toda a Europa e partes da África, encomendou
ao bispo de York, o anglo-saxão Alcuin, grande escriba, o desenho de uma letra
que tivesse fluidez e legibilidade, além de uma estética agradável. Essa seria a
letra oficial para todos os escritos do seu reinado.
A fabricação de um livro era considerada a grande obra de um rei, já
que a impressão ainda não tinha sido inventada e os livros eram peças únicas.
Naquele tempo, a equipe de produção de um livro envolvia copistas, pesquisadores,
tradutores, iluministas e, desde o papel , passando pela encadernação, tintas e
ferramentas, tudo era fabricado nos ateliês dos escribas. Os caríssimos livros
produzidos eram conquistas comparadas às cruzadas e outros feitos. O resu ltado
foi a Minúscula Carolingia (Carolus Magnus), talvez o primeiro trabalho de iden-
tidade visual encomendado na história das artes gráficas feito nos mesmos mol-
des das identidades visuais de hoje - todo um sistema gráfico foi planejado,
letra, mancha e um controle rigoroso no desenho da letra manuscrita. Esse sistema
facilita a datação dos documentos da era de Carlos Magno nos nossos dias.
A unificação das escritas no reino de Carlos Magno teve como obj~tivo
uma interpretação uniforme da Bíblia, mas, na realidade, criou uma das mais belas
letras escritas que o homem já viu.

27
4. A IDADE MÉDIA
A procura por livros menores e portáteis fez com que a largura das letras
diminuísse gradualmente. Acredita-se que a idéia de se produzirem livros menores
em tamanho partiu da necessidade de a Igreja fazer bíblias portáteis para uma
melhor difusão da doutrina católica. A letra gótica aparece, então, com seu desenho
solene e severo, trazendo todo o formalismo da Idade Média.
Nascida originalmente na França, a Gótica ou Letra Preta (black letten
espalha-se pela Europa e em cada localidade ela assume características regionais.
Assim, há diferenças básicas entre a Gótica francesa (Textura), a alemã (Fraktur) e as
italianas e espanholas, latinamente arredondadas, também chamadas de Rotundas.
Havia também a Gótica Bastarda, uma letra menos formal e mais cursiva.
A arte mais importante da Idade Média foi a arquitetura gótica, que teve
seu apogeu aproximadamente no ano 1200 d.C. A arquitetura gótica chamava a
atenção pelo tamanho monumental de suas construções, geralmente catedrais imen-
sas, que eram o centro do poder da época. As torres terminavam em agu lhas e as
janelas eram estreitas, exatamente como as letras góticas, que terminavam também
em pontas e têm seus buracos interiores estreitos. Havia também esculturas de
pedra em profusão que combinavam com a arquitetura. Os vitrais davam o toque
final nas construções e foram um dos pontos altos na arquitetura gótica.
A posição do homem no mundo também era diferente. A vida do homem
era mais importante após a morte do que durante a vida propriamente dita. Tudo
isso se reflete na letra solene, escura e severa como a Inquisição católica.

28
Catedral gótica.

· f Utlllllt Blgnd•tmttDlllldOii
Oi 1}!1 i nit.t mídnútifdin nr
Uf'lf..IQn'".~......~

Letra Gótica.
rologue 8rct4
rati(9et4 matíte:e
9e ce p~(ent fiur:e._
appea'êft(autcõ~ 1{1) ([-{) ~ tf () 1b 3' l
~our(aírtpaffertip6 au~(til m11~~1!\~t:\1~
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MAPA DA EVOLUÇÃO DAS ESCRITAS OCIDENTAIS



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Hiemgllifos
lli!Jlpdos
Champ Fleury- Geoffroy Tory.

5. A RENASCENÇA
O século XV traz a Renascença, talvez o momento mais fértil e criativo
da existência humana. Com as descobertas de outras terras, expansões coloniais
e conseqüente enriquecimento da sociedade, os ganhos das classes altas e da nobreza
possibilitaram o aparecimento de uma nova classe média que as servia e vivia com os
excedentes de riqueza ganhos. O homem reavaliou seu papel no mundo e abandonou
a servidão da Idade Média, para se valorizar e repensar a sociedade com todos os outros
valores, como mora l, estética, arte, filosofia e relig ião. Durante a Idade Média, a
vida do homem era menos importante do que a sua morte. Na Renascença, o papel
do homem no mundo recebeu maior destaque.
A maior personalidade da Renascença foi, sem sombra de dúvida, Leonardo
da Vinci (1452-1519). Conhecido como o melhor desenhista de toda a raça
humana, Leonardo inventou toda sorte de equipamentos, muitos dos quais ainda
não podiam ser fabrica dos por falta de tecnologia na época; veículos, armas de
guerra, aquedutos, sistemas hidráulicos, pontes, foi chefe de cozinha, escritor,
pensador e participava de praticamente todas as atividades criativas do mundo
renascentista. Não podemos deixar de falar em Mona Lisa, o quadro mais con hecido
dos mundos antigo e moderno. Há registras de outros empree nd imentos de
Leonardo, como um restaurante que abriu em sociedade com o pintor Sandra
Botticelli, para o qual foi criado o primeiro menu esteticamente agradável, assim
como pratos que não eram só saborosos, mas também bem apresentados.

34
~~~~~~~~----~~~--~~~-------------------------- ~

Leonardo da Vinci costumava escrever ao contrário: com as letras invertidas e da direita para a esquerda. Naquele tempo, suas
invenções valiam muito e não podiam ser reveladas. Havia também o perigo de se escrever alguma coisa que fosse contra a
doutrina católica, o medo do braço pesado da Santa Inquisição. Para se ler a escrita de Leonardo, utiliza-se um espelho. .
Luca PISCID!i: 15 0 9

Ftli~ Fdiciano: l.flo

Na tipologia, os artistas da letra desenvolveram tipos mais arredondados,


visualmente mais leves e mais legíveis, usou- se mais o espacejamento entre as palavras.
Pela primeira vez fizeram-se alfabetos completos, com a caixa- alta combinando com
a caixa-baixa, todas dentro do mesmo estilo. As maiúsculas foram resgatadas do
século I em Roma (Capitalis Romana) e as minúsculas inspiradas na Minúscula
Carolingia, erroneamente datada do século I e não de sua época real, a do reinado
de Carlos Magno, no século VIII.
As novas letras da Renascença coincidem também com a introdu ção da
perspectiva nos desenhos, o descobrimento da luz e da sombra na pintura e a
invenção do domo pelo arquiteto Filippo Bruneleschi, na igreja conhecida por 11
Duomo, em Florença, na Itália, que transformou a arquitetura fazendo os novos espaços
mais claros e amplos, com vãos maiores, janelas mais largas e muita luz entrando
e clareando os ambientes. Como conseqüência, a letra da Renascença era mais
espaçosa e legivel, como os ambientes da nova arquitetura. A página dessa época
difere muito da página gótica, escura e triste como a Inquisição, a miséria e a
barbárie da Idade Média.

36
1/J~t<O'-fvl\
Árabe do Oriente.

I(}'J'1J7<tJlo
Árabe do Ocidente.

~.{~ ~ ~ f;~C~o
Números Hindus.

1 z. 1 ~ aYY19
Árabe Ocidental.
o

Ghobar, Árabe Oriental.

I~P~"t: r;Cjb~80
12 3 ~<róAS9
Europa - números mais recentes.

1234567890
Claude Garamond.

Os primeiros números ou algarismos inventados pelos romanos eram de


difícil manejo e utilização. Sabemos que os árabes sempre foram, entre outras coisas,
bons matemáticos. A invasão dos mouros à Europa trouxe também a sua escrita.
Com a volta dos árabes à África, alguns nichos de sua cultura ficaram na
Europa. Os números trazidos pelos árabes, com o tempo, sofreram transformações
e foi desses números transformados pelos árabes radicados na Europa que os
nossos algarismos arábicos descenderam, a partir do século XI.

38
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mro dtcnmur- qu< i1p offlnr 1lt
lffunt 1SdCf' ll'tn"' M1 rt'1J\1 r(rf ' 'fCtiTn <~trné'-•
J[ <lb r.> quc•dt •Uo ~ <cnpmr.> fo.tt '
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:\ mt.c unnr( :·tt,;" .hstt'xp·,, .lpofftttlf p
V•><k cmt!l":fN m-' tpftÍ u<><.>bt
tca:Q' abro (.11"'ncmf. .>b~=·ii~l11ic.m~
.><! l'tbm'i ' "" mro.rPf .lmp>df:~
dcctÚ •. c.cdç 0 070 . . qutppt·'rt1tipmm1 'p .u
r'- Cllc uoc.Wultí dh nmff"·
ncd!nc a.cm dttm\( lnl; <'V<JfllC <~ · pqui' mr
:rJ: C ~11tl11Uf ..lctcpta T"tmmffi('l"'
tnfic:fmmm qutdtr <XC.Sta:!Ú n<Ollnh oltt>Ul'dro·6t-
CÚ ttUTttta dfnrl"=-m onab,m fm r
TQ.:·rufua}.dcmdod vmorri· liiJ, n':l&m lf'1t & P"'
qat f.m: \nT"'';un;;.<1· mm.iÍ p.
toncní quoddb~-paaf."f m.>al'1tl""""'f mtm1(2(ld( mtMt
tmr' m....cmam dttttu( cu.lctldr
f.!.thnm mi"'M'!'" ~.... ...._.. ,..... d&fa:>O>dcrro u lfc anú ttOUÚ I1P'
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l'orítfrnmontt'driíaítofurclícm .;..ú.<t ff ~·~ ·n-sf!\l-1111 ~ onm-v.,paoblr:"~etlcrlt
1
dtá .w-on<f'ur ad~ípoplt 1~~.u~ú0ll.t·~; UL ~ UDf.fi.u;.
r
..,.~·rc. tbnsífaan wbml d'rlcfll3iSivlh:· &<.c< ~~~ lt.1ca
, .,. •-ítu<\dalnat& !DIInafuo<4
clodl!ok_,.tt..aídóam=
lf'rt'pnmwdtio offrrrr.<f"f.ll
drÚ!f
ltfl~~m~<UIIIIL c('chmtbm.vt~'lnlf
.na·~ruí~lfdc chur
~GclnddAbn,tt. Ltcm••r
J l('ttnan<\m.ow., fxpl!Otlfl \7-
L.npn JqlOSITIÓllf!iOW!I
&r!t t'USIII!'U!.I ot U llfr-11. .qu.t•
04la.n qwsnl\S Ac qrsttr .........~~'? .xlí(p.,tJit . ..:·m~.:ul
hou~ú du)lv.1 uu: erg
U UUOÚJO) . dti.rcgrr untua-W'q·
~ct-pn'ltau. t&Imq~. ttflamn t1ftll1f : &'.,pph
.tt!.tJu= tuhttf. tr Oti'Úa qutppt tUA. tnf
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noffcnounnt1f.Co
rwc uor.utdltrr. ~d •·
p(.U.nufmunnafuo
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J>O!UI cl'noffmnuf.)l.
nmr~mur.fu
pomtmut «canrorn.
mtdan nof ÚJ fmm
liur:fcdiiUIIÍboanni f.
sxxf'om 9<Jnulnf w n
~""1-'~UltnC
Página ao lado: Bíblia de 42 1inhas de Gutenberg.
"'m;lro ~.i&-!p4Ut <Jl..~ . l . \oot~ ~J9. tf4tW..
~ TW'JÍimqJ.t in monU'J ÓC'Ut prdfTU .et ~Jftpk
inNm m~o n.~.twr.tbtu.\1nb: n.úmw;ro ~o
.r ~UAt.lim m Aliqutba!J cutfrijs ~.
~~·~ JOJU!\4C.Cf. Q'lilf.~ ~~po.tca.bo& qQIO .mp
t.lat-q~ ~tulit. 1mlr m~ui .m ttdu ..,..
~ b.tbe P"""4m CODtm'lll M'
UWt~ t"nfue~to tJe tiz B twtn.m~·e;
Nàfttr tSMJh.\ t.lb..a.. U'bt ktet ,...._.. Íft
a.~~tfaaafO.a.uut Ratt ,or-. ~xx•if•f...C
·cu h&.\ f-.<THlftt flbi "-" mDtCD .bod
rJ taitAZJD.A fWtt tt-.- .W ~ tull/
. . . . . . . OAu.~tJM(r.woMa,,.aakw SYN'Ievt'rs(:
&W.Ou.. .aw.ar n•f~ ~ . . . . u
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I"'li2111 8 lldt U&JIIII ~ii ..bUiiM:W 11111eW1t
O Catholicon, de Balbus, de 1460, livro impresso por Gutenberg j á se distanciando da Gótica e se
aproximando dos tipos humanistas da Renascença. Possivelmente entalhado por Peter Schoeffer.

A maior figura da Renascença, nas artes da letra, foi sem dúvida Johannes
Gutenberg. Originalmente um ourives de alto nível, Gutenberg, ou Johan n
Gensfleisch zur Laden, chamado de Gutenberg por causa da casa em que a famíl ia
morava, nasceu na Mogúncia (atual Mainz) provavelmente entre 1394 e 1399.
Filho de Friele Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg, um associado do bispo na
fundição da igreja, desde pequeno teve contato com os metais e seus segredos.
Há menções de atividades relacionadas a experiências com os tipos móveis
e com metais com promessas de sigilo e multas, caso essas experiências fossem
reveladas a outros. Isso aconteceu em 1439, na cidade de Estrasburgo, França, onde
Gutenberg residiu até voltar para a Mogúncia. Ali, em 1445, finalmente ele imprimiu
a Bíblia de 42 linhas, provavelmente na gráfica que montou com os oitocentos ducados
emprestados por Johann Fust e que se chamava Das Werk der Buchei (Fábrica de
Tipos). Considerado o primeiro livro impresso no mundo, a Bíblia de Gutenberg é
composta em Textura, uma Gótica muito em moda naquela época e que foi ainda
usada na Alemanha por alguns séculos. Tem duas colunas de 421inhas. Provavelmente
foram impressas 150 bíblias em papel e trinta em pergaminho durante três anos. A
tinta gráfica era uma mistura de óleo de linhaça com negro de fumo. Alguns detalhes
como ilustrações e capitulares eram acrescentados à mão após a impressão do texto.
As ilustrações e cores, manufaturadas, valorizavam os livros e eram fe itas por mulheres
e crianças, a mão-de-obra mais barata.
Havia, por parte dos possuidores de livros, preconceito contra livros
impressos em detrimento dos livros manuscritos. Em algumas cidades, os poderosos

49
Entalhe da punção. Fundição de tipos.

Impressão. Encadernação.

50
':4 morte visita
uma oficina de
tipografia"-
representação
artística do clima
de instabilidade
e desordem que
predominava
na Alemanha,
nos primórdios
da impressão,
fazendo
com que os
impressores
fugissem
gradualmente
para a Itália.
As caveiras
representam
a morte.

escribas e calígrafos proibiam a entrada dos impressores, já que as cidades eram


cercadas por muros e guardadas por portões.
A gráfica de Gutenberg estava em franca produção, mas a genialidade que
o iluminou com a invenção da imprensa não o dotou de habilidade para lidar com as
finanças. Em 1455, Johann Fust o processou para cobrar-lhe o empréstimo que
Gutenberg havia tomado para montar a gráfica e não pagara. A corte determinou
que a gráfica passasse para as mãos de Fust, que, com a ajuda de Peter Schoeffer,
que provavelmente entalhou os tipos inventados por Gutenberg, continuou produzindo.
Em 1460, o livro Catholicon, de Balbus, foi impresso pela gráfica de
Gutenberg já sendo usado um tipo mais arredondado e legível com melhor
espacejamento e mais parecido com os livros modernos, distanciando- se do
formalismo da Idade Média. Atribui -se a Gutenberg a criação dessa nova fonte e o
entalhe, a seu sócio, Peter Schoeffer, morto em 1503.
Gutenberg, pobre e desamparado, ainda conseguiu que um capitalista da
época, Dr. Conrad Humery, financiasse uma nova gráfica e, em fevereiro de 1468, aos
70 anos, Gutenberg morreu relativamente pobre e esquecido.
Os t ipógrafos, na realidade, começaram na Alemanha, onde havia muitos
problemas de instabilidade no trabalho, como brigas, invasões e desord ens, situações
incompatíveis com a calma que um ateliê tipográfico deve ter. Aos poucos, os t i-
pógrafos foram se mudando para a Itália, onde mais precisamente nos conventos
encontravam paz e proteção indispensáveis e, em troca, editavam obras sacras fun-
damentais para a divulgação da religião católica. A Igreja naquela época era mais
poderosa do que os reis e, com os tipógrafos por perto, o controle sobre tudo o que
era impresso podia ser ainda maior.

51
- - -- -- -- - - - -- - - - - - --

Edat.tui ut opmor animam non etrt rotubíttm Juptrdl cít1rt c~llts


quo;e aucoriatt argumit16rmmt NcqJ núcJ'pbttts in cdnmoim
uocabo.quo;e rario u dtuínatio ín boc fo(o pofits db ur ad cu(cum dri er.ad
imorcalítni ab to acdpítndá crtatí bomínt doetanr. fed eos pocíus ~bus
íftos ~ní rt'fuúc unitui crtcltrt fie necdTt. Hernus nacuram defrríbis uc
doctruq;admodumtfl'uadtofaétushfcmculír. Ka.l a.v-ro t{ t.Ka.Tt..-
pc..:>t.J .~VIS't.t..))J "'flt(S' Tf. a.9a.)Ja."T'Ot.J KC41 T~IS' 8~WT'Hcs' .)..tia.t.J t.TTO
I t.l cpvd'i'}J a.t.J8ft..)'TTOVTOt.J a.V'T'Ot.J 'TTK }-tf.}J a.8a.~a.'T O~ TTH })\E,
6t.JWT'O)J TTOI~CS"a.CS' Ka.l 'T'OVT'O)J cpt.pt..)}J t. tJ .)..tf..CS't..) 9t. la. IS' Ka.l
cx.8a.t.Ja.'TO}J cf~IS'tt..)C$' Ka.Í 'T'~IS' 9}J~T~IS' KC41 f.V.)..tt.'Ta.P,~H'íOV
iS\:vd't.t.J i}JCIC. Oft..)}J a.TTa.)JTa. a.TTa.t.J'ía.. Ka.J8CC.VJ..la.5"H. ]de!l'.Ec
r"
idem utrnqJ namra morcali u ímmorrali unam fadwar naruram bõís:
rundem ín aliquo ~dtm imortal em maliquo auri morra li facicns: tt hune
frrtns ín medio dtuÓlf u únmorcalís nacarf. tt morralís mutabílifq; con"
fhruir.ur omoía nídmsomaía mírtt.Std bunc forraR' t aliqnís ín numero
philofopho;e çompurec. ~ms mdeos rdams Mrrcuríí nomóu ab !gíprüs
bonore~.ntc plus ri aurotíratís cribuac: ~ Placoní aur Píébgort. Maíus
igiE reíHmonüí rt~ramus.Políus ~dam confulnír AppoUínem Míltlium :
urrú nt maneac aníma po'} morrem an rtfoluat. Rt'fondít hís uerf&bus
f'VX~ M.t }J M.t.Xfi IS' OV 8\t.cs'J..l OIIS' 'TTfOcs' C$' c..) }-ta, KfCC.'Tt.ITC:C.I cp ,
6a.p-rc:c. t.JOOVcs'a. TTa.9~ 6t.JKTa.Jcs' a.J\ri})\ocs'it.J t.IKt.l ~piKa. ~a, ,
va.J\vcS'il-J F-ro-rt~JJ J..lf.Ta.d't..)).la. ).la..ra.peq.J t..)Kitr~., tvpK.-
-ra.t td'a.J8tpa.TTa.<S"a.cpopt1Ta.l a.ltl-Jcc.r~fC'Ocs' OVd' J..lf.!Jf.l ~t.i.­
CS'TTa..J..l'TTa.lJa.THp~d' TTfc..YI"OrO }JOCS" ra.pTOV TO 8t.OV })\jt,'T'a.(E.
rrpoJ.Jota..ld ipaffiois fmciismortalibuscedít doloribus.Cú uao fo(u.-
cótm búanãpo!l' corpu5 níutnítt:facilt abítns a cerra nú~ fenefcír.Aía ~di
quo ad mnculís corpords ttnft çorrupribílts pam~s fenriis. morcalíbus
udíc doloribus. Cum uao bumanã (olutionmt uelociffimã poft corrupcú
corpus fuumtrir: omms t ttrr.1 ftrt: nú~ fmefcens. ecmanecrít aanú ftnt
PfM· Ptímogtníturmi hoc díufua di'fofufc pruditía. ~íd carmía fibí[ ..
lma ~Nõnt íta té declarant :cú fort aliquãdo dtnúcianc :ur a deo dt níuis
ac morcaís wdicd.~quo;et)Ctmpla pon ínftremus.Falfa e!l' ígf Omtocríd
te Epícuri fmtmúa ec dícearcbi dt anímí díffoludont.~,pfeéto nó auderic
dt íttrícn aíarú mago alíquo prf{Cnct díffertre: ~ fcíru cerrís carmíníSfi's
cítrt ab ínftrís anfma5: ~ adeffut prtbtrt fe bumanís oculís mdendas:
te toqm "'lúmra pclictrt. Er (i audtrtnc: re ipa tt documtntís pr~ftnábus
Conrad Sweinheim e Arnold Pannartz. Página do livro Opera de Lucius Coelius Firmianus
Lactantius, o primeiro impresso na Itália datado (1465).

52
Sed plane (plelh remeanf pte utél:or olymp\.
T artera preffa tacent.nec fua tura tenent.
Inferuftnfdturabtltcer caua gurturd pádenf
Q!..tt raperer femper =ftt tua preda deuf.
Enptftnnumerú populú decarcere morttf.
Et fequttur hber quo fuuf c:tuétor abtf.
Euomtt abforptam paUtde fera belua plebê.
Et de fc1uce lupt fubtrabtt agnuf ouef.
Htnc tumulú reperéfpoft tclrtara carne refúpta.
Belhger ad celofampla tropbea referf .
~ofbabutt pena[e cbaof: 1am reddtdtt tfl:e:
Et quof morfpereret:hofnoua utta cenet.
R ex facer ecce cut radtat parfmagna crophet:
Um dos primeiros livros impressos na Itália por Conrad Sweinheim e Arnold
Pannartz utilizando as letras romanas da Renascença.

Os reis e a Igreja foram os gra ndes incentivadores da criação de livros,


pois para os primeiros era importa nte ter seu nome regist rado e documentado para
que seus descendentes continuassem no poder. À Igreja interessava também que
suas doutrinas e fundamentos ficassem impressos e servisse m como lastro para a
prática religiosa.
Presume-se que os gráficos Conrad Sweinheim e Arnold Pa nnartz foram
os pri meiros alemães a abrir uma gráfica na Itália, no Convento de Subiaco, por
volta de 1464. Seu primeiro livro foi impresso em Gót ica, muit o usada na Alemanha,
mas considerada fora de moda na Itália, berço das letras humanistas, e não foi bem
recebido pelo público. A aprovação veio com o segundo livro impresso pela dupla,
este em letra Romana.

53
CHAnRlADIS VITA.
,,..nru,.. .., A1HENIENSIS HIC

'us:~Au
quoq;infummishabttus é duobus:
resq; multas memona dtgnas gdftr.
Sed ex hlS eluc& maxune muentum
aus i prcdio quodapud rhebas feor:
""-'-"'="-'-=-__..,..:.J rum boeriis fubfidio uentlf&.Nanq,
in ea uid:oria fidentem fummum ducem Ageftlaum
fugaris iam ab eo cõdu&cús careruis reliq uã phalangé
loco uecuir ced.:re:obmxoq; genu fcuro ,pied:aq; ha!la
impetum exopere hoilium docutt .Id nouü Ageftlaus
intuens progredi nó ell: aufus: fuosq; iam mcurrenres
tuba reuocauit.Hoc ufq;oo grzciafamacelebratüé :ut
foartã
illo ll:atu Chabrias ftbi ll:atuá fie ri uoluerir:quz publice
j_
ti ab atheniéfibus m foro cõll:itura ell:. Ex quo fattum Nicho/as Jenson/Eusebius ( 7470}.
éut pofi-eaArhleta: czurig; arnftces his !lanbus !laruis
ponendis uterentur cü uiél:oná elfent adepti .Chabrias
autem multa in europabellaadmmifi-rauit. Cum dux
atheniéfiü elf& :in zgypto fua fpóregelftt.NãNepte-
nabum adiutum profeél:us regnum ei conll:ttutt .Feor
idé cypn :fed publice ab atheniéftbus Euagor.e a.diutor
poribu
datus :neq~ prius inde difceíftr qtoram inful.un pello
deuinceret.~Ja ex re athenienfes magnam gloriá funt.
adcpri.Interim-bellú mter zgyprios & perfas cóflatú é:
Nicho/as Jenson.
t.Sed
Nicho/as Jenson/Eusebius (7470}.

Em 1460, o primeiro alfabeto romano completo foi desenhado por Nicho-


las Jenson, um francês nascido em Sommevoire, Albe, e radicado em Veneza.
Je nson era um excelente entalhador, gravador artistico e mestre da Casa da Moeda
da cidade de Tours.
O Rei da Fra ~~· Cario~VIl, ouviu fa lar do invento de Guten9e~'}a,endo
da habilidãdelcfeJ~on ê'om as '\rt~s da fundição €'gravação, ra~amente o en.viou
~ Mogúncia para aprender os se'gredos da impre$go. Quando Jenson retornou à
França três anos depois, Carlos VIl já tinha sido substituído por seu filho que não se
mostrou interessado pelas artes da impressão e Jenson partiu para Veneza à procura
de novas oportunidades. Tendo começado com uma pequena oficina de impressão,
Jenson logo transformou-se em um homem ri co e fez história. A família de tipos
criada por Jenson é muito elegante.
Pela primeira vez a caixa-baixa foi criada com as serifas combinando com
ut ·tona ft ~ \ as se rifas de caixa - alta. Essas letras também são conhecidas como Venezianas.
~umabeo(od .c Seu desenho influenciou as criações de Griffo, Garamond e Aldus, cujas
o uennt cedere: obr~ letras são também con hecidas como Garaldas e, mais tarde, em 1724, o f amoso
· Caslon Old Face, desenhado por William Caslon, na Inglaterra. O ponto mais fácil de
reconhecimento da letra de Nicholas Jenson, que se intitulava Nicholas Jenson, o
Francês, é a barra transversa da letra E (caixa-baixa), que é oblíqua e não horizontal.
, Outro ponto importante são as serifas superiores da letra M (caixa-alta). que são
viradas para dentro. O redesenho mais famoso da letra de Jenson chama-se Centaur,

54
Aldus Manutius, Veneza (1501).

ASPAVEN'I
pato Nemoreeu
fomnochefe hat le Aetna poitLtl
-v-r~~ fnfo reliéti,meril
fito aiTai pi u eh ec: lllO tlterq; 11oft
"' ti horridi,& crep
finun ofi iugi . Ma compofirame LáCtimeífelntts Marca de
Aldus/Hypnerotomachia (1499]. Griffo/de Aetna (1495). Aldus ivlanutius.

mas há outras versões chamadas Jenson Old Style, de 1893; Mazarim, de 1895;
Kelmscott, de 1897; Cloister Old Style, de Morris Fuller Benton, e muitas outras.
~ Algumas das versões modernas da letra de Jenson afastaram-se da família
~na I, e a sua versã o para dísplaycomb i na com praticamente todos os alfabetos.
Aldus Manutius (1449- 1515) foi o grande impressor dos intelectuais da
Renascença. Extremamente rigoroso com seu trabalho, Aldus, que nasceu em Veneza,
foi o primeiro dos grandes mestres e impressores da história da tipologi a. Começando
em 1495, sua maior ambição era editar os grandes autores clássicos. A primeira
aparição de uma itálica dá-se nos livros de Aldus.

55
1
{._~) (:.-~·... 5~J :~~':.. ~ ::~; .~~.:.1· J~ ~·i~
:·..)~~J~": - ~~ f)L __f:L.''··._ -~~"-'-~ ~

5. 1 Quem eram os tipógrafos


A arte da impressão envolvia uma série de conhecimentos diferentes: mecânica
para as prensas, fundição para as ligas, fabricação de papéis, formulação das tintas,
técnicas de encadernação, conhecimentos de diagramação, arte, além de muita cultura,
conhecimento de outras línguas e escritas. Por tudo isso, os impressores, calígrafos e
escribas eram pessoas muito especiais e de grande importância na sociedade européia.
Constituíam uma elite de intelectuais que trabalhavam com as tecnologias mais
modernas da época e não paravam de inventar máquinas, materiais e processos de
Marca de Geoffroy fabricação. Mas também eram mestres da estética, pois o desenho das letras exige
Tory, por Robert vastos conhecimentos de arte, desenho, geometria e estética. Para finalizar, nossos
Estienne, Paris. heróis eram pessoas de grande cultura, pois falavam, escreviam e criavam letras em
várias línguas e escritas, não raro idiomas extintos. Por tudo isso, muitas vezes até as
leis eram "adulteradas" em benefício dos artistas da letra.
A história de Francesco Griffo é um exemplo da importância dos tipógrafos
na sociedade renascentista. Conta-se que Griffo desapareceu de circulação após
ter matado seu genro em uma discussão familiar. Se a lei fosse aplicada, Griffo
teria sido condenado à forca, por assassinato. Mas inexplicavelmente depois do
sumiço de Griffo, muitas das fontes desenhadas por ele continuaram a aparecer
no mercado. Uma das versões contadas é que, pela sua importância, Griffo não
foi condenado à forca. Diz-se que seu nome foi mudado e ele continuou a viver
na mesma casa, trabalhando em paz por muitos e muitos anos. Mas trabalhando

56
SENAC-AR-GO
Livro· N°.Jl O 4 5.9 6
--·
.

cAaabbccdd eiffgghh iij llmmnn oop


p qqrrJJJJftssft'V11vuuxxyyz.,zzjf:-
eA AP, B [C'D D'EEP F~
G [!{ H I :r J.....LVM:. c/J1 M c?(;
NO OCJ' P ~~7(__,R s s~
TT'VVX.{YYZZ &&>
Letra del !Jrfo qm !fcreuia Tra~ Luas 'E_~­
//ICadrid. ~izo 'De. c5lf. CD. LXXVII.
A itálica de Griffo redesenhada por Francisco Lucas, com maiúsculas,
minúsculas, letras dobradas e ligadas (Madri, 1577).

em quê? Griffo, grifo, grifado. Pelo nome já deu para ver que a letra grifada ou itálica foi
inventada por ele. Ou letra cursiva - cursiv, como chamam os alemães. Griffo não só
inventou as primeiras letras itálicas como também entalhou os primeiros tipos itálicos
desenhados por Aldus Manutius que, juntamente com Ludovico degli Arrighi da Vicenza
(Vicentino), formavam o trio de mestres que lançaram as itálicas mais conhecidas.
Aldus escreveu, no seu primeiro livro, utilizando a itálica:

"ln grammatoglyptae "Em louvor ao entalhador


/adem. Qui graiis dedit de tipos. Aldus, que antes
Aldus, en Jatinis Dat nunc dera à língua grega, agora dá
grammata sculpta aos tipos latinos entalhados
daedaleis Francisci pelas mãos artistas de
manibus Bononiensis." Francesco di Bologna."

Geronimo Soncino, um conhecido impressor em hebreu, usou uma segunda


itá lica entalhada por Griffo em Fano, em 1503. Uma terceira versão da itálica de
Griffo foi utilizada em Bologna, em 1516.
Dizem também que a letra itálica criada por Griffo foi copiada da letra
manuscrita de Petrarca.

57
t V)( lI J V V lN A 1. t.S A ~ t NA
I RITRATTI
:r IS S A T l ll A 1' A I MA·
DI.M .GIOVA.N CIWRGIO
lMl'llt lCO AVOITOII. TRISSINO.
ernMn?llllll~ll~l/llllYtpo~~«m
J V tltiiiJtS t<ttcs T"IICI tbtjiJt
CodrH ITROVANDOSI
I ~~tpUIIltrl' l'lll~inc:••crit 1Ur M1Jtr Luio Portpt(,o 111 Fcrr-ra,
"'t'ttJI
H Ú" tltgtsl1mp1111lthms mtfomr/tritiffrs 11 111 caja tL MaiuMI M•~~~rtla
:r rlrrhllsi,llt {NmlrH plnu ,__'&''" lil>ri CIUlldm&I(('f/rt' D~~tf1.J. á Sura,ne' fa 1"'&
S mp,..s,ttmJt'fgtmcJ~~mfillillls,On~st v'tra una 'r~ata di va[OTif(' lunnt', 1 á. 4uojlu•
N ••-wsru;l/tio-srf1(.",1-""hilMe~~s
M nt!S ,tt .toliisiÜciiii<IIU'Wfib»OIIITlfm m~t1Jimt GICVII/IÍ, IA ftrcilltrtdl tutti ;orflrcl/o,
V Nlt.lli. ~ld•tmtiUfttl,'{*-1rltT1•r•t-"'~ con' ay~rfart 1nCom1ncr~ . $(' io hu '!nt la 1n/tn •
 tiiiMS,MMtllitiiSfortl~~.tJcNtl,..tlllfrlfm
/fOlie' v".fira intcjó Gratioj1Jim4,!/ 1 ffujlre- Ma•
P rlliCNI.c, 1lllfflllls ••Cidr,.,. wonychNsO'I'fllt,
'S riJI!fiiÍs pW.IH, cv11111dfoq; _,_, c!.m.rrtt /.um~. 1yarimcntt' yf[a /,Mia jucjla no&(1Jrm•
S flfll'fl',tt •IJitlllorNpt.C l.t&ncol-m.c • cortp-gota,votvofrtr, cbcrmc v•J• namno J"'[~
1 xptflrtrunuficrw~. mllli~podl·
1 ,,., "'gD ,..,.,.p»l.e foJ.Jumws,ttfSis r~•ot~~~mrn[l, chcforono Ira M1Jcr Puro fiCinbo,
c ~Pii-JrJimllsr,ll.c,ptU..IItsllt •Úiolll ' M1Jtr Vwn/to M«rroj•lt• 1n Mtfano ; 1~ 1
D ormlrtt·f1IIÚ. rf1clmtn~rtii,Cltlfl ft>t "'i~wr jUII(I COn(I.JJra Ct.Jta Cb~ VOin'h.U.afc' Urkfo TOj'O•
V •rtl>•s omm'•r ,pmtlrr.c p~~r=tcl..irt.c •
C 1rr ,.lfiClt hoc llbt•t pottws de"'""'' til"'/'O,
nar~ /, C~l n1 nom1 ,111 [uujh', n! /1my• vt}'lyc'
I' tr ~»mm ""'f'"'S l1IIOI A NnHSr.Cflcxlt 111NifiiiMI, ord.IUilamtn/~ lfi••:Jucr(' , burf la m(', com<" J,
S i !III<WI,tt p!AciJi Y"l:tolllffl4ilmltntts., rJ•"'· ycrjona, cbt'yrr}nte' vijur,J"ff7oprt•famcn/e' ~
C Nmlrlll'r!IXWmtJttattfP.do,MttÜ4tbU{Clt•
J ii:" •pr~Htt,cttflfJII~D"tNhl.t ,.,m,., nctrcalc; 1/ 10 foJ~r~ y1u chl vofrllltcrt ;!"".;
~ lltrilies olfllfll •tibus Qlrtt l"411ottt Nlllls, cf,(', &avusM, .rtrt' V!.. &e- r~lt//1,!" mt 1Ja• C(l)e'
A itálica de Aldus Manutius. A itálica de Vicentino.

Uma vez criada a letra itálica, mais estreita e ocupando menos espaço na
linha de texto, sua utilização foi maior na composição das primeiras bíblias de
bolso. Sempre interessou à Igreja a difusão de suas idéias, e as pequenas bíblias
nesse formato eram mais um difusor da doutrina católica pelo mundo.
Os impressores rivais, da cidade de Lyon, Balthasar da Gabiano e Barthélemy
Trot, não demoraram a copiar os tipos itálicos criados por Griffo, Aldus e Vicentino.
Aldus chegou até a revisar e corrigir algumas das edições de Lyon. Em 1503, ele fez
críticas a essas edições dizendo que "eram impressas em papel inferior, muito
texturizado", e que "as consoantes não combinavam bem com as vogais".
Outros desenhistas de tipos e impressores que se destacaram na época
foram Luca Pacioli, Sigismondo Fanti, Francesco Tornielo e Giovani Baptista Verini.
Antes do fim da metade do século XVI, todos os impressores já utilizavam
itálicas, sendo o desenho de Aldus o mais difundido. Três livros muito famosos na
época foram impressos na Itália e marcaram o panorama da impressão: a edição de
1516 do Decameron, impressa por Fillipo Giunta em Florença; as primeiras edições
dos trabalhos de Maquiavel impressas em Roma por Antonio Blado em 1531 e 1532;
e o livro A divina comédia, de Dante, impresso por Marcolini em 1544. A versão
original de Aldus tinha muitas maiúsculas com ligaduras. assim como a primeira
versão desenhada por Griffo, mas essas ligaduras e letras dobradas não eram util izadas
com freqüência. O ângulo de inclinação dessas letras variava muito conforme o
desenho, assim como a largura e as proporções. Não havia também uma grande

58
AENE·
p abulapáruale~ns,nidisq; loqllácibus e{ats,
E tnunc porticibus uctcuis,nanc humidct circum
s ftl[llâ fonat,fimilis medios Iuturna per hofles
F erturequis,rapidotp uoláns obit omniacurru.
r am(p hic ~rmanam,iam'q; hic ojkndit ouantem
N ec conftrre t~Utnam patitur,uolat duia lonf]!·
Itálicas éntalhadas por Griffo, com desenho de Aldus Manutius.

variedade de tamanhos (corpos] de letras. Um impressor dispunha de dois ou três


tamanhos de uma mesma letra no máximo. É importante ressaltar que nas letras
itálicas a inclinação é menos importante do que o informalismo da letra e que a
combinação desses dois elementos é que vai resultar em um desenho de sucesso.
A letra desenhada por Vicentino diferia das letras de Griffo e de Aldus em
vários aspectos. Vicentino tinha uma pequena gráfica e estava interessado em
publicar poucos e bons livros. Sua letra era espaçosa e farta em ascendentes e
descendentes e raramente era usado corpo inferior a 16. É ta mbém interessante
ressaltar que várias itálicas, incluindo a de Vicenti no, t inham as letras em ca ixa -
alta normais, fica ndo as inclinadas somente para a caixa-baixa.
A história de Vicentino interrompe-se no dia 6 de maio de 1527 com
a invasão de mercenários de Carlos V a Roma, que matou t antos outros cidadã os,
e provavelmente Vicentino também. Seu legado não fora m só os seus tipos
que exerceram forte influência por muitos anos, mas seu estilo l impo na
diagramação de livros. Vicentino evitava todo tipo de ornamentação, muito
em voga naquela época. Deixava, no máxi mo, espaços brancos para qu e
il ustrações fossem acrescenta da s depois, manualmente. Em 1522, criou os
caracte res denominados Chancelerescos, imitando as letras manuscritas com
muitas ascen dentes e descendentes.
Griffo, Aldus e Vicentino exerceram papéis diferentes no século XVI. Griffo
inventou a itálica. Aldus desenhou uma letra itálica clara, funcio nal e econômica,

59
:)(1ent.:aJca~it primNs f'Í n.:a1c profon&m, 10 L I B E R
i Et r~li6HS remis Jo«icitAHit "iH.:as: C11i [ictt acadat Vírttló ,tdlntn ufqui pri!'rts
Q!i áu6ijs aufus committmJfatthus affiHtn: F crt F atum paruú in re quacunqutgcrcnàa.
Q!!.4S na~r11 n~.:at,pr.rG!Iit me "'li4s. R""""'"'""' lm- Fato Romaní pojl tot àifcrimilla, po!l tot
f""""' "1'""'1 • 'Pr.:elia, dtbcllatum Orbtm rcxerc monarcbtr:
T ra~ilfis primHm tnpidlu Jc cret!idit vnlis:
F..oma caput~ foit Munài,prüls txtgurugrtx
Littora Jccnro tramite jHmtn4 frgens. ~m paflorum babítabat, o trrans exul ab aruú
.M ox Congos tentare Jimu,& Cin'l"erc terr4S, . . F initímú ( ut aJYlum) pojlJcclu~ omnt colcbat •
Et lmi caepit p.:andere vc(.:a noto. Vt dmu coiTI<U• J.l[ox Fato inclinantt, Juis fpolíat4 triumpbis
Aft v6i pm.riltim praeps 4HÓ4cia cre~it: Corruit, o patrío ( infandum) iugulata tyranno
Coráá1J fallJKcntem lcdidicere metum: ]'Jil, niji nomw, babct Romtt, dtfcrtap jõrdct .
I am "114JlU irr~pit pcfaao:c.efú'"iJ ftQiflls, cr~oru.,.pottn• Fato uiam Gra-ci nil non potucrc ucl armú,
e.g.tas ~emu lonjJÍiftiJ dom4t. ti<. J/ c/ jludiú:tcrra omni pojlbabita, auxit ._Atlunas
A itálica de Colines. A itálica de Basle.

~J[i(cvDtc'JJrg!{!J+CJJ~
~1!}L~Oo1>~~_s1J7}?v:VV~
J~ZZ:Sfé<&~TJ
Itálicas floreadas, de Johannes Baptistus Palatinus (Palatino).

muito usada e copiada na primeira metade do século XVI. Vicentino criou uma letra mais
luxuosa e espaçosa que foi, então, absorvida e copiada na segunda metade do século,
assim como seu grafismo refinado.
Outro fato digno de nota foram os livros de Gian Giorgio Trissino, autor da
tragédia Sofonisba e do poema épico /ta/ia Liberata dai Gothi. Trissino introduziu em seus
livros algumas letras gregas e, pela primeira vez, fez-se uma distinção entre as letras V
vogal e V consoante, aparecendo então a letra U.
Marca do impressor Além dos impressores de Lyon, havia em Paris Simon de Colines, um grande
Michel Fezandat. tipógrafo que, em seu primeiro tipo itálico, copiou características das letras de Aldus e
Vicentino. Não se sabe se o próprio Colines entalhou os tipos ou se ele empregou Claude
Garamond para realizar esse trabalho. Quando Colines morreu, em 1546, os desenhistas
f ranceses já haviam incorporado características próprias ao desenho das itálicas.
Os primeiros alemães a usarem a itálica estavam estabelecidos em Viena; eram
Hieronymus Vietor e Johann Singrenius. Há referências à itálica de Basle, de desenho
sofisticado e elaborado muito admirado na época e que, por sua aceitação, foi usado
intensamente por no mínimo vinte anos, inclusive em Lyon. As letras em caixa-alta fogem
dos padrões de comportamento da época, ressaltando as letras M, N, Re V. A letra O não
é inclinada e o P e o A são floread as.

60
LIBE R I V DI T
lntcrpGr::rc. J O T..1U A.

A St. Augustine de Granjon


Cicero, Paris (1547}.
EX PHILOSTRATI
I'Jvl d G I 'N /11 f/ S F d -
BYLAE·

F .HYL4E ftdAtfop•m,(tumt~~mbm...ún-
ri•riifmmr,,..tl{lll•g.:foi:f•~uú.q•ippt&ll•
=• & Htjiodo, mt non & Ar<bil•rhl '" LJ<un~m
t•,.fllir.fid•õ M/ip•h•m.,..,•mni• d{dtihl re-
úl14font,fmnotu Íf'Mtil nt:1f Umtú ;mptrri:o. fflfnl
& apitúr~~t~tn immiluUr,& LJ,,Jintm U.[tfl.-ritr,&
fi•udtm. Atqut btcti /to iJMi{ptiiJIJ 11gir, & ulptr1 &
prr lo um tqMtu, ntt ttftlltU lttJitll,tX qJUbUIpurid;~
flUM,qru. in •it.tgtuntflr. H11.bit~ igltllT 111 prtÚIJt~­
~uú,.ptr At{opumAuttlwrr ~f.tpitntüiAJtiU"'Pittll
tum dtJUnéluu,ctronA.Jroluginll""~"""•rL bu, w
p11tt,f11buúm AlíquDN ruir. ri/111 tnim f.Wd,& orw-
/imttrrDH lrfix•itl p,.fifrrunr.piltmm,f•~•t..­
rum Cllr.U rmujitrt <111im1 mdigtrt,Ho• L:tuit.Pbit..-
fophlllur llllttm piéhtrt~ & {ttbld.u-Mn: torpwA. BrutA.
mim tltm lnmini6111 &on[ITtnt~ ccetMm âmt Arjôpum
j/llluit,tx iUi.,fttn.confiél•m. Cboriduxvulptr d<-
piil•tr1. vtitNTmim,. At/ip•M lllinijir.u&•-
mtntrr1U1'1 pltniltm,aN Duo Marca do impressor
ç,.,,dú, Christophe Plantin.
AESOPI
A itálica de Granjon, Cicero. Bíblia poliglota, de Christophe Plantin.

As itálicas mais celebradas da França são as desenhadas por Robert Granjon,


filho de um impressor parisiense, Jean Granjon. Sua atividade começou em 1545 em
uma pequena loja. Em 1549, Granjon associou- se a Michel Fezandat. Os livros
produzidos pelos dois utilizaram uma itálica de fino desenho com as maiúsculas
inclinadas harmonizando com o resto das minúsculas. Granjon produziu 18 desenhos
de itálicas e ainda há originais de 15 delas em Antuérpia. A famosa Bíblia poliglota,
de Christophe Plantin, impressa em caldeu, grego, siríaco, hebreu e latim, foi
composta com tipos itálicos desenhados por Granjon, que também criou caracteres
e imprimiu livros em árabe. O final do século XVI já se aproximava com as letras
itálicas espalhando-se pelo mundo. Hoje, todo alfabeto que se preza vem não com
uma, mas com várias versões grifadas, com inclinações, larguras, espessuras e
acabamentos diferenciados.
Em 1500, a impressão já estava bem difundida na Europa, o período co-
nhecido como lncunabu/a, entre 1440 e 1500, corresponde à infância da arte renas-
centista. Os impressores já eram mil na Europa e mais de 35.000 títulos haviam sido
editados, compreendendo o impressionante total de 12 milhões de livros impressos.

61
,,

lo

I'

Ateliê de impressão: original e cópia.

5.2 A dominação francesa


Com a chegada do século XVI, os franceses começaram a se impor nas
artes das letras. O estilo francês não possui a impetuosidade do estilo italiano, mas
acrescentou delicadeza e refinamento ao desenho tipográfico.
Um dos mais importantes desenhistas de letras dessa época foi Claude
Garamond , que desenhou a família Garamond, obra-prima da tipografia do século
XVI e um clássico entre os clássicos. Garamond não era só desenhista, mas um
excelente entalhador ou cortador de matrizes dos tipos. Muitos dos tipos criados
por contemporâneos franceses foram cortados por Garamond, que se especializou
em gravação e fundição de tipos como serviço a outros impressores.
Sua letra mais famosa e que leva o seu nome é a letra mais leg íve l do
mundo para textos, segundo pesquisas. Nascido em Paris em 1490, fo i aluno do
impressor Antoine Augereau e, em 1510, começou seu aprendizado. Garamond
fez grandes progressos e em dez anos de trabal ho já era conhecido em todo o
meio das artes de impressão na França, assim como seu discípulo Jacques Sabon ,
que com ele trabalhava.
Sua primeira fonte conhecida foi usada em 1530 para a edição de
Paraphasis in elegantiarum libras Laurentii Val/ae Erasmus. Seu desenho era
inspirado na letra de Nicholas Jenson e na Romana de Griffo utilizada na ed ição

62
Vertere MccClllas, vlmifquc adiungcrc vires
Cõueni:u:quzcura boum,quis cultus habedo
Sit pccori:atq;apibusquâcaexperiêtia pareis:
Hinc.cancre incipiã. Vos ô clariffima 1nundi
lumina, labcntem czlo quz ducitis annum:
Lib~r,& alma Ceres,vefiro fi munerc cellus
Chaoniam pingui glandcm mutauit arifta:
Poculáquc inuentu Acheloia mifcuit vuis:
Garamond.
LHOMME L ETRE
do Alphabetum Graecum, publ icada por Estienne. Os t rês jogos orig inais das
punções desse tipo ainda encontram-se na lmprimerie Nationale de Paris, a gráfica
do Rei.
Em 1545, Garamond fundou sua própria editora, que utilizava os tipos no
livro De Aetna de Pietro Bembo, publicado por Aldus Manutius. O Rei Francisco I '~lJt~
encomendou- lhe a criação de uma família de tipos gregos que seria conhecida por
Grecs du Roi, baseada em desenhos de Angelos Verget ios. Essa fonte foi utilizada
para a primeira edição feita por ele, além de uma nova letra cursiva. Os trabalhos de
Aldus Manutius são forte referência em seu estilo, com margens generosas, impressão
esmerada e magnífica encadernação.
As referências tipográficas de Garamond incluem trabalhos de Conrad
Sweinheim, Arnold Pannartz, NicholasJenson, Aldus Manutius, Francesco Griffo, Henri,
Desenho de
Robert e Charles Estienne, Ludovico Arrighi, Tagliente e Palatino. Geoffroy Tory.
A letra de Garamond foi redescoberta no século XX. Várias reproduções
foram recriadas. Uma das melhores redesenhadas é a Garamond Stempel de 1924.
Garamond morreu em 1561 e seus bens f oram comprados por Christophe
Plantin. Em 1592, o tipógrafo Conrad Berner publicou um catálogo com as fontes de
Garamond que até hoje serve de referência para os estudos sobre esse grande tipógrafo.

63
Versões variadas da Garamond.
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyza:<rfffiflffifH
&1ECE;{I23456789o.,;:-! ?"()
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyzaaffjiftjijl
& IECE;{I234J6J890.,/:-!?u()
Monotype 156

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyzfiffflffiffiétSt
&$1234567890.,-:;!?"
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyzftffftjfijft{fft
&$1234567890.,-:;!?(J
ATF
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghi jklmnopqrstuvwxyza:cxfffiflffiffi
&.!ECEfl234567890.,:;-!?"()
ABCDEFGHI]KLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdejghqklmnopqrstuvwxyzcecelfftjlfftffl
f5JE(E[J234567890)";·-!7~
Ludlow

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghij klmnopqrstuvwxyzcea:Hfiffffiffi
&JECIEI23456789o.,;:-!?"O
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijk_lmnopqrstuvwxyzaceflfiffffijjl
& .IE(]EI234JÓ78yo.n·:-.'?"0
Oeberny Et Peignot

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyzéecefffiflffiffl
&lECEf1234567890.,;:-!?()
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuv1JJxyzcecefffiflffiffl
64 & .IECEE1234567890. ,;:-/?()
Nebiolo
tC]6ere lrgptnteti.J tt, lnoh of d,i Cúbtpi ·btCtlupea
anil § ables oEêfo~ \lll)tct, \\lEre tmnClattll out
cf .:ftttdii, ín ro ~nglplll;e bp \\lPUtam 6:arron
st \llrítmPnftte :Jn t~ pttt of oure lollle.qy.
~.. 6:~~~- l~J:~iij •
~tf'í &~~nntti} tiJc r~f of e(óp tbilf; atfq ~iG f\'l~tun~
)EI.ft'O lptb & ~a6 f~6tplfJlVl?f~/aitõ L\):nq h) 6tt(i/ttot ft"t
~~~ tfj~ grauttt ma ~olbu" namq~ '!.monto f
tb~id~ lbae a nongq o~ õpffOlrtt"~ M~ m!?!l'~ fflct~t}/ ~a:
I;~~ " gwtt tt~ I Car~ ~~f~ /C:Ottg" ~ olb"e/fflatp ~~/a
(lj01t nccfte J ro:wlhdh~fgu-tt &iCp f gtttt Ctgg"eJan~ ~argr
fM( lt.nr.>z ~ t{Jctt lb~i~ lbae; lb"tf9 ~ lbae t~om&j cm~ cou.a:
tlot fl;~!l" /6ut not lVi<fj(tonõ~ng aC t()ie 6l f;:\b-a_~tt tbpf~ (!
~elo ~tt!tCp ~ngenEouejfÚ6~it n) au~p~acione J14it~ ~o~
tvil·1-.. -•, ~o;\'IZ.:s

Uma página do livro The subtyl hystori es and fa bles of Ezope, traduzido e impresso por
Caxton, em Westminster, em 7484.

Wi lliam Caxton (1421- 1491), nasceu em Kent, Inglaterra. Depois de viver


quase t rinta anos pela Europa, Caxton, o precursor dos impressores ingleses, im primiu
o primeiro livro na língua inglesa, no ano de 1476, Sayings ofthe philosophers.

65
~o6~rt 6ranlo!J,
t'~!l -~íf . 5.Dc-. ~s;,,
{4,J ~» ê' &- fA.I ~o.t

-- ~ai(t-w---r JnnoCC:""--
.!J i'~t} ~i{ . 5.Dc-. ~Si
&f~~»--- C1..__, & f~ ~

ra-- ~aift""C Jnnoce:~


tifEom~ ~oufongnoiGL-. ():'
m~ fra~ui-1 I .!!J cf'rancoJ;ál
J ê!ja') ~ouuêau.. &êcteu.c....... ~
<2-!)a(flifot) .'\--r ÇPombeál--
Civilité - Robert Granjon.

Paralela mente ao desenvolvimento da letra Romana, houve uma tentativa


de se unir o estilo gótico a uma escrita mais informal. O resul ta do foi a letra chamada
Civilité que em pouco t empo caiu em desuso. O en talhador de tipos Robert Granjon
foi um dos expoentes no desen ho da Civilité.

66
~IBfãi~l abcDtftrb
~~~Jrrr~ tklmnop
[fh~9~' qrtfsruu
i~~~J~~- tUIUilt

Manuscrita de Dürer.

5.3 Dürer e os módulos


No começo do século XVI, Albrecht Dürer, que era também matemático,
ensaísta, pintor, gravador, inventor - uma versão germânica de Leonardo da
Vinci - publicou o livro Of the just shaping of Jetters, mo~rando pela primeira
vez na História a construção sistematizada de um alfabeto desenhado por ele
com base em princípios geométricos. Há um fac- símile desse livro impresso pela
editora norte-ame rica na Dover em 1965, cujo número de série é 0-486-21306-4.
No livro, Dürer mostra, sempre a partir de um quadrado ou retângulo, como se
constroem todas as letras do alfabeto. Quem tentar redesenhar as letras seguindo
as instruções de Dürer, traduzidas para o inglês arcaico na edição da Dover, vai
descobrir que a geometria daquela época era inexat a e, muitas vezes, os desenhos
desenvolvidos não "fecham". Mas foi a primeira tentativa de se sistematizar a
constru çã o de letras partindo-se de instruções literais.
Albrecht Oürer, Of the just shaping of letters.
j\. "t. 8
Daniel. John Ayres.

5.4 A letra em chapa de cobre


No século XVI I, uma nova técnica foi muito usada pelos ingleses: im pres-
são por chapa de cobre. Nessa técnica, sulcos são feitos à mão na chapa entintada ,
que é impressa manualmente em uma prensa. A técnica facilitou o uso de curvas e
criou uma série de novos alfabetos, todos baseados na utilização abundante das
curvas, desenhadas manualmente com a ajuda de um buril. Para se confeccionar a
matriz, segura-se um buril com a mão direita que permanece fixa . Depois, a chapa,
que fica pousada sobre uma almofada de couro redonda, é girada seg uindo-se um
curso aberto para que as curvas sejam cortadas com suavidade e precisão. Essa
técnica exige muitos anos de treinamento. Richard Gething e John Ayres foram
seus maiores expoentes. A impressão em chapa de cobre apresenta um
inconveniente: a chapa não pode ser reaproveitada como os tipos móveis.

70
SERENISSIM.tE

VENETORUM
REIPUBLIC.IE
CLAUDIUS SALMASIUS
S.
,~~~~Um in eo eífem Sapientif]imi e§ lliu.ftrif}imi Pro-
iii: cem, ut poft abfolutum Exercitationum Plinia-
narum opus , delegendis) ut fit , patronis , &
parandis ei defenforibus ex illufl:ri aliquo loco
cogitare deberem , non di'u mihi dubitandum
fuit , an veftrum nomen clariffimum fronti earum
infcriberem , qui multo ante, ab eo nempe rem-
pore , quo prima operis fundamenta ponere
crepi, id rotum vobis dicandurn ddbnarim. Qgod non folum quam
libenrer , fed etiam quam meriro fecerim ~'x veteri vororum ac de-
dicatjo~m fot mula , mea refcn: plurimum à me ipfo pra:dicari , ne
qui fim fciliccr quibus mirum videri poffit, arque criam reprehenfio-
nc -dignum, me foris & apud exteros quxfiviJfe quod in patria ac do-
mi poífem hab<;rc, quod. utique hãbcrem. Profeéto tamedi hujus
mci f,lél:i nulbm f<ltionem mihi rcddcre libcret, non tamen ullam a
me exigi magis par cffer quam ab illis folct, qui vulgo ali quem íibi
privara religionc colendum fumunt ex aJfcripticiorum crelitumor-
Holandesa (Sa/masius}, ano de 1689.

5.5 A tipografia holandesa


No final do século XVI, a Inquisição expulsou da Europa católica todos
que dela discordavam, que fugi ram para a Holanda, país que se tornou o refúgio
das cabeças destoantes e do pensamento moderno. Os impressores proscritos e
revolucionários passaram a trabalhar livremente e a editar clássicos gregos, livros
proibidos, em línguas nativas diferentes do latim. Nesse cenário, os tipógrafos
holandeses começaram a aparecer. Comparados a Garamond, as diferenças estão
no peso maior, dimensões avantajadas em algumas letras de caixa-baixa e itálicas
irregulares. Cristopher Vandijck, Bartholomaeus e Dirk Voskens foram os melhores
entalhadores de tipos de seu tempo. Seus tipos foram aceitos em toda a Europa e,
apesar de não serem especialmente refinados em seu desenho, apresentam bom
padrão e ótima leg ibilidade. Enquanto o grande gráfico Aldus Manutius atendia
aos intelectuais da Renascença, Garamond servia aos nobres franceses, e os
impressores holandeses atendiam à classe média que surgia e pedia novos tipos,
práticos e comercia is acima de tudo.

71
Non inchoantibus prcemium,
fed perfeverantibus datur. Het
loon word niet aan den begin-
nende belooft, maar het word
aan de volhardende gegeeven.
acefgklopqrstwxyz.cfghjkprcetuw.
Lors qu' Aspafie étoit concubi-
ne d' Artaxerxes : On ne fauroit
lui donner moins de vingt ans à la
mort de Cyrus: elle avoit clone
foixante- quinze ans lors qu'un
nouveau Roi la demande comme
une grace particuliere. PLTGA
ABCDEFHIJKMNOQSU
VWXYZJE JEABCDEFGHIJKL
I 234567 89 I ot( [~ § !'?~pjúmfi
Itálica e normal por Johann Fleishman para a fundidora Enschedé, em Haarlem.

A tipografia era mais e mais usada comercialmente. Havia grande demanda


por fontes nas novas gráficas que apareceram para abastecer a sociedade de mate-
rial impresso. Cada vez mais vendiam-se bens por meio de catálogos, reclames,
avisos, cartazes e jornais.
Rapidamente as fundições proliferaram na Holanda. Um novo negócio
florescia. A Europa, carente de fontes tipográficas, abasteceu-se das famílias holan-

72
l

Uma oficina de impressão (7 639). Abraham von Werdt.

Sa/masius (7689).

desas. Essa hegemonia no fornecime nto de matrizes seria quebrada alguns anos
depois com a entrada dos ingleses, primeiramente Caslon e depois Baskerville, no
mercado, com seu desenho bem mais elegante e refina do.
Os tipos holandeses não possuem a exuberância de formas dos italianos
da Renascença. Quando comparados a estes, parecem meio pesados e deselegantes.

73
PRISE DE LA VILL E ET DE LA CITAD ELLE
Dt B t SA N ÇON.

D Ls que le marchcx ;r entre-r chm b. Franchc~


Rok fe fut mis tn

~~r;.;:1~>-;!~~~-E~g~;~efll'ar~v~t~~·:~~=feJ~~
\by ,.s.. fitou' rir b t1'111ch« k 6. Lu plu)o& ks n~gefcontmud­
k:s IOCOMrnoderent tlln-mcmnu lo troupo, &: !'ttanléran beaucoup
~ tn,~n U \'illc nc Wl'ta ll<,)j d'dt~ prifc ~ huit joo~ lcs Ennc-
rrw. k rt1UUO'II d.u'l~ b C1udc:Uc,qui pill"oit pour imprtnable. lhcn
.1\0IC!It xhC\C b fôrufic~• fur blondcmmu JCllcz.pu la Fran-
eurcn 166.i. [UccR prdquc: cnut"R:mcnt cmiroontt d c la n\to.:re.du
o...a,,& ~.r fur 1.1nRoc darpé. On rau~~ cn pk:in mMfyokl
fiokl..l~ • .tl. f.\Nrdunnon q..a'on U"Oit milcn b.l.uaic(urdntx ~U·
1
. h:un, plu..~ c.bi-n. cncvrc q\lc b Citaddlt. gagnifC1t le h.J.ut d u R~
' c.hcr cn _!:;f'.l'•lúot,ô. l pl.antc-rnn bD l)npou._ Cct tc 2dion , do
I''"' funlK"'>~tu'on &.t ~m.1.1.. '~·•numl<b fi fon.l~ Arf!igc-& , quiL.
fc I"C'ndutnL
Ccflk: ru,ct decttt(' \(,-dJ,IIc. Ony \Oit lc n cu\C duDout :tppu)('
fur fon Umc. li "';;;mie a\tc cRonnlmt nt la Viéloírt,qui part dr li
pomtc d'un RociKr, .!'\ CJU• d·une m.lm u cnt une Couronnc murale, 6.
th l.tun(' un FoU<In:. On a rC:t>rlfÇJm dan~ faloignement l.a: Ville , &

ne
l'!u,Jtaut L.Cit,.cJdko.~kR O'I ht>rctuic:fl \l.....t-\il.. l..õmou dc b lq;m·
de, \ IRTl., C\IIIC'\, li~n•f•cm, W ,.JrMrMs Frti"{Rs.. ~Ji c..ll
I"E\4~Ue. \ r S l ' rtn ITI lll 'I ("""PTA. M. D C. LXXI ' · \ C:II
kmthn,&fom-.~'1'"'1"'•'1.4f.,NJ,foo ,4:~+

Marca secreta na letra L Phillipe Grandjean- lmprimerie Royale (1l02).


minúscula, de Grandjean.

5.6 A nova letra (preâmbulo)


No final do século XVII, em 1694, Phillipe Grandjean (1666-1714). diretor da
gráfica real de Luís XIV, a lmprimerie Royale, desenhou um novo tipo que diferia de
todos os anteriores; a nova letra tinha ênfase razoavel mente vertical e suas serifas
eram mais finas. Alguns exemplares dessa letra podem ser identificados, pois o autor
deixou um "calombo" no meio da letra L(caixa-baixa) como marca secreta de identificação.
O desenho dessa fonte influenciou os artistas da let ra do sécu lo XVIII. Houve uma
mudança na direção da ênfase das letras, que era oblíqua e passou a ser quase vertical.
As serifas e as partes mais finas das letras ficaram mais bem-acabadas, conseqüência
de máquinas impressoras que foram redesenhadas e aperfeiçoadas. O desenho também
seguiu padrões mais rígidos, tornando- se mais objetivo e racional. Essa letra, chamada
Roman du Roí (1702), exerceu influência direta nas letras desenhadas por John Baskerville
e depois, por Giambatista Bodoni, chamadas classicistas.
Toda vez que um capitalista injetava recursos em uma gráfica, a conse-
qüência era a melhoria dos padrões gráficos. A lm primerie Royale pôde fabricar
prensas mais precisas, papéis melhores, tintas mais bem formu ladas, etc. Mas a
gráfica real tinha sua produção voltada excl usivamente para seu dono, sendo até
proibido aos humildes plebeus o uso da letra Roman du Roi.

74
II pose ce fondement tant de son histoire que de
sa doctrine et de ses lois. Apres, ii nous fait v o ir tous
fes hommes renfermés en un seu I homme, et sa femme
même tirée de Iui; la concorde des mariages et la
société du genre humain établie sur ce fondement;
Ia perfection et la puissance de l'homme, t~t .qu'ii
porte l'image de Dieu en entier; son empire sur les
animaux; son innocence tout ensemble et sa félicité
dans le Paradis , dont la mémoire s'est conservée dans
l'âge d'or des poetes; le précepte divin donné à nos
premiers parents; la malice de I'esprit ten.tateur, et
son apparition sous la forme du serpent; la fattte
d'Adam et d'Eve , funeste à leu r postérité; le premier
homme juste ment puni dans tous ses enfants, et le
genre humain maudit de Dieu; la premiere promesse
de la rédemption, et la victoire future des hommes
sur le démon qui Ies a perdus.
La terre commence à se remplir, et Ies crimes
s'augmentent. Cain, Ie premier enfant d' Adam et d 'Eve,
fait v o ir au monde naissant la premiere action tragique;
et la vertu commence des-lors à être persécutée par
le vice. Là paraissent les caracteres opposés des freres,
l'innocence d'Abel, sa vie pastorale, et ses offrandes
Roman du Roi.

75
A SPECIMEN
ByW.CASLON, Letter-Founder,inlronmonger-Row, Old-Street,LONDON.
DouBLE PICA Ro~IA N. Do:tú!e Pira Italick. J.3ita'lCiact.

ABCD ~rofque tandem abutere, Cati- !fl.t!P"Í'l"" tand(JII aúutue, Ctrtili-


lina, paticntia rrofua? qmmdiu na, patientia nojlra ? ']llamdiu
nos et!am furor it1e tuus eJudet? tlrJS ttinm Jitror ifle III/JS tladet.?
rrnn 11: it Cunt><r m>fttU bp tf>< llut!Jatll!
.tfolf{ãítl. Ctar au anl ttltrp of tbe CliD ~r·
ctJcqun "EillJ to tt tr..aoc CO;tb tp tnrcut. ~
tbtt sa. o:_ ro manp ot tbtnt a.s QIIU fmn
n~c~ ~ RObl~L~mopon~~

ABC DE quem ad finem fefe e!!i-enata j'c-


ABCDEFGHJIKLMNOi' ABCDEFGH:JIKLMNO
']IWJ/ adjillt/11 flft tjfrmata jac-
~~~~~r;:~~--c.:-.:ti~~
•~a bk.

-..ttec.-..... :q.~u--...our.n.o•­

ABCDEFG ~oufqu~
Gl.E.o\T PJt.I l.!Eit Roau.s.
t&ndem abutêrc, C:ttilina, p;1~
Grtat Prim:r lta/itl.
ft~ufilue taudtm ~t/r.:, C~tili11a, pa-
tt=o • ..-~~CIIu.oalilllajll:bMI"'l-n~ '&f,

Pi<a(}.Wd;.
/.TT/l nuS.AK "'" :au JUMllfJ\M VtlhuJ\I
ABCDEFGHI titnti:t noftra? O!lamdiu nos ctiam fu-
ror illc tuus dud~t? quem :1.d finem fc-
fe cffrcn:ua jaéb.bit :1udaci.a ? nihilnc te
titntia n'.fira ' fjtUJt.':diu mr tlimn f::- NJ\H~ tPGIU UJMJ\1 $mc.\IN;\SSilS 41e:rus
ror ij!e 111111 tluáet 1 fUtm aá finuufefi
e.ffrmtrta jcllabit nuáacia 1 11ihibu te
VJ\1).~(';\I VIAÇJ\ $GI!1S svs \:N hiMIUA

ABCDEFGHIJK nOCl:urnum pr.cli.dium J>alatii, n;hil ur-- t•.,['/ur;:fllll pr~Jiáium palntii1 uihil m·-
bcK
P'k.& Cof<U.
o·a..pJC~t l..~'f' ~t...u..U in'<-e nc.u. m:-
bis vigili:e, nihil rimor populi, nihil con- th <:.·;:;ili4C, nihil timor p:puli, 11ihil ron-
ABCDEFGHIJKL ABCD E FGH l JKLMN OPQ]ZS ABCDEFGHIJKLMNOPSJ..R
Lt,.tt·- mr..t...V lo.C uc o-tJ..ott4.'l t:poq nc o-toe,
i\LTco.G.-t O'tX.LJ:J av.,.qx;tt txtl\ 4ottO't t\ o-ro~
ABCDEFGHIKLMN E~cLtSII Ro:1Ar>. Erglifo lt11liok. o,.~ itTc!-t ru.qnKO"' vxcn ruu~r ~._ o-
Frcnch Cannon.
~?~a!ili~os ~~(~~~~O:~~fci~~ fo//Jh;~~~:J:~(J:~:*c~~~';; J:~:;i:~t t:::n!~"Z; i'lu At.m.:.:..
al f..:~ c:!frcmu ptb.hit :;.c.bci:J. ?p.•:lf Q,! fir.tm fifi !ffi•IICI• ja..~a!à tl!ldcá: 1 llr~-" (i)...~......,.r· "r'tt·J.' t.. '"~... "r'!l ..t..U.
Quoufque tan- ~!i~~~~·~ n,!~~~nitifiJ:c ~u~i~:n~ !~"~j7·.·:!~,~~':j'~~~i~~~"tt~·:
C}ll::m (!.Mm
mhi!f'e te r«lumum ~flo.Ü1~n pili:i.i, nihil ,:i!:ib1,' f~ nt0M171UIII pr~~;'iJ.:ulll fa1111ii, '"'' v- 4 ..,-...4-•,: "'""l~ .. "-
t · """ ..../" l!-l.'"'".i
,.t... ~ F-•1--•·; :... "L... .,.-~....s. 'J. '!}r .r:•" t:J.r
Pw-t--ur-3· 4 .r......., ~:.J"-<-P~, •rL"'of• '"r(!.J.
KLuloP~Rs.Jiu
dem abutere, .\BCOEFGHIJKLl\I~Oi'QB.STVUW
l' u:.\ RoltA::.
Mcll\:m, no'/;s rc:M ftuà:r=1, r:-·..~m f.Ll occlJit.
AB.CDI;l'<1 11Ij

Catilina, pati- Fuir, f~.:1t ifb q-~ in i'.x rtplh. v:n~.oJ, \.C yjri
forta ttriota.a f.:pplá:üs ci\"Cr.l fK'nliciof~t, qr.mn
accrbil""""mholkm~r~. }-J.;~IftlSm.imk­
r.H'.Jfconfu!n:m i4te,C.:.u~ '-'ti~ &pr.on:

~ufque tandem
rlCia dcdl rrip. con!ilamt, no;= a.t:UC"i:.u b..:;""' cw-
cL::i:$: 110$. nos. &oapatr.~d.:(...n;.~s.- D..._
ADCDEFGHljKLMXOPQ.RST\'UWX.

Mostruário de Cas/on para /ronmonger Row, 0/d Street, Londres.

Vista de parte da fundição de Caslon mostrando quatro fundidores em ação,


três meninos tirando rebarbas dos tipos e dois dando acabamento.

76
Some Paífages from the Diary
of Lady Wil/oughby.
1635·
Rofe at my ufual houre, Gx of the
ABCDEF
clock, for the fidl: time fmce the
Birth of my l.ittle Sonne; opened GHIKLM
~~~~ the Cafement, ,and look'd forth
upon the Park; a drove of Deer pa1I'd bye,
leaving the traces of their Footíl:eps in the dewy
NOPQRS
Grafs. The Birds fang, and the Air was fweet
with the Scent ofthe Wood-binde and the freíh TUVJWX
Birch Leaves. Took down my Bible; found the
Mark atthe 103d Pfalm ; read the fame, and
return'd Thanks to Almighty God that he had
YZ;[&
brought me fafely through my late Peril and
a Extrernity, 1234567890
Abertura de capítulo do Diário de Lady Willoughby Cas/on 0/d Face da fundição
(1844}, composto em Caslon 0/d Face. Stephenson 8/ake.

William Caslon (1692-1766), que nasceu em Cradley, Shropshire, foi o


primeiro grande impressor inglês. Caslon, que começou com um negócio de gravação
de armas de fogo em Londres, passou a gravar cunhas para a encadernação de
livros. Como era excelente desenhista, passou a desenhar tipos, abrindo a primeira
fundição ao lado da Universidade de Oxford. Os impressores William Bowyer e John
Watts injetaram dinheiro na fundição de Caslon. Este, dez anos depois, transformou-
se no maior fornecedor de tipos da Inglaterra, que antes i mportava da Hola nda
suas fontes. O estilo da letra de Caslon é limpo e legível, apresentando ótimo padrão.
A folha mostruária de Caslon apresentava, em 1734, 38 fontes. Caslon
também oferecia os tipos romanos nos corpos 60, 48, 36, 28, 24, 20 e 16 pontos e
as itálicas de 48 a 5 pontos, o que, para a época, sign ificava uma variedade sem
si milar na Europa. Caslon também fornecia fontes em hebraico, grego, gótico, além
de florões e ornamentos.
A fama de Caslon atravessou o oceano. A declara ção de indepêndencia
dos Estados Unidos (EUA) foi composta com t ipos desenhados por ele. John
Baskerville, mais jovem do que Caslon, foi seu grande admirador.
Quando Caslon morreu em 1766, seu filho, William Caslon li, segu iu os Ououlquc tan
passos do pai e, de geração em geração, a fundição da família continuou até 1936,
quando foi comprada pela Blake and Co., de Sheffield.

77
P. VIRGILII MARO.NIS

GEORGICON.
L I B E R PR I M U S.
An C. CILXIUM MAECE.}{ATEM.

{") U 1n faciaf I~ tas fegetes? quo .fi~ere terrru:n


~Vertere, Mrecenas, ulmifque adjungere v1tes
Conveniat : qure cura boum, qui cultus habendo
Sit pecori, atque apibus qua.nta experientia pareis,
5 Hinc canere incipiam. Vos, o clariffima muridi
Lumina, 1abentem C(do qu~ ducitis annum, -
Liber, et alma Ceres ; veftn> fi munere tellus
Chaoniath. pingui glandem mutavit arifta,
Poculaque inventis Acheloia mifcuit uvis :
10 Et vos agreftum pnefentia numina Fauni,
F e r te fim ui Faunique pedem, Dryadefque puell~:
Munera veftra cano. Tuque o, cui prima frementem
Fudit equum magno tellus percuffa tridenti,
Neptune: et cultor nemorum, cui pinguia Ce~
15-Ter centum nivei. tondent dum e ta juvenci :
Ipfe nemus lin~uens patrium, faltufque Lycrei,
Pan ovium cuftos, tua fi tibi Mrenala cune,
Adfis o -Tegeree favens : olereque Minerva
Inventrix, uncique puer monftrator aratri,
20 Et teneram ab ·radice ferens, Silvane, cupreffum:
Dique· Derel]_ue omnes, fiudium quibus arva tueri,
Q.uique novas alitis non ullo femine fruges :
Q..uique fatis largum ccelo demittitis imbrem.-
Tuque
Primeira página da Bucolica, 1757 (John Baskerville).

78
P. TERENTII
A N D R I A.
PR O L O CU S.
O ETA cum primum animum ad fcribendum ap·
P Id libi negoti credidit folum dari,
Populo ut placerent, quas fecilfet fabulas.
(pulit,

Verum aliter evenire multo intelligit.


Nam in prologis fcribundis operam abutitur,
Non qui argumcntum narret, fed qui malevoli
Veteris poeta! malcdiélis refpondeat.
Nunc,quam rem vitiodent,qurefo, animum advonite.

SO R O REM jaljo creditam meretriculte,·"""


Genere Andrite, Glycerium vitiat Pamphilus:
GravidaqueJaéla, dat )idem, uxoum.fibi
Fore hanc: nam aliam pater ei dejponderat
Gnatam Chrenutis: a!que ut amorem comperit,
Simulat futuras nuptias; cupiens, Juus
Q_uid haberet animi jilius, cognojcere.

Normal e itálica de Baskerville "P. Terentii" (1772).

5.7 A letra transicional


Oséculo XVIII trouxe a pré-revolução industrial, com a racionalização dos
meios de trabalho e do tempo.
A letra também foi influenciada. Seu desenho foi aprimorado e simplificado,
e os ingleses assumiram lugar de destaque nas artes gráficas.
John Baskerville (1706- 1775) foi o maior impressor inglês. Originário de Bir-
mingham, excelente calígrafo e entalhador de tipos, Baskerville produziu desenhos de
fontes claras, clássicas, com ênfase vertical, que mudariam o velho estilo da Forma Antiga
(Oid Face) para a Forma Intermediária ou Forma Transicional. Baskerville também é
responsável por várias invenções nas artes da impressão, como novas tintas, impressoras
mais rápidas e mais precisas. Outra grande contribuição de Baskerville foi a invenção de
um novo tipo de papel (papel vitela), que depois de fabricado ai nda era prensado entre
dois tambores de cobre aquecidos. Onovo papel era muito mais liso e brilhante, oferecendo
melhor registro e acabamento, aproximando-se dos papéis modernos.
Os tipos desenhados por Baskerville, apesar de não terem a impetuosi-
dade genial dos t ipos italianos da Renascença, apresentavam ótimo padrão e
legibilidade satisfatória. Foram muito admira dos na sua época e serviram de
inspiração para a serifa moderna, ou Forma Nova (New Face), que veio a seguir.
Fournier, em seu Manuel typographique, escrito em 1766, teceu o seguinte
comentário a respeito das páginas compostas com os tipos de Baskerville:

79
PUBLII VIRGLLII

MARONIS

1
BUCOLICA,

GEORGICA,
E r

AE N E I S.

BIRMINGHAMIAE:
T)'pis JO H A N N I S B A S K. E R V I L L E.

MDCCLVII.

Baskervil/e, Virgil.
, , , ..
- ~ .r

)
I ,
//
/
(I IJ,
/J I
'J J tf,

,.
Punções originais de Baskerville.

have hitherto attempt-


left room for improve-
re owing to that variety
tion, than to any other
erit, and only wifh to
·e of Reputation, from
:cidentallv to have been
Baskervil/e, Milton (I 758}.

Os tipos dele (Baskerville) são cortados com muita personalidade; sua itálica é a
melhor de toda a Inglaterra, apesar de os seus caracteres romanos serem um
pouco largos demais. Ele já publicou algumas edições impressas com esses novos
tipos, que, pelo seu brilho, são verdadeiras obras-primas.

Mas os críticos também diziam que "as serifas muito finas iriam ferir os
olhos do povo". Benjamin Franklin era um dos admiradores do trabalho de John
Baskerville. Após sua morte, a família Didot comprou seus tipos.

81
i

ASCHER JWITTWOCH

@/o ist oenn ein ausschweifenoes g:;est wze ezn


fTraum, wie ein .J!(iihrchen vorüber, uno es bleibt
oem fTheilnehmer vielleicht weniger Oa()On in
oer Gfeele ?_Urück als unsern Eesern, vor oeren
&inbiloungskraft uno 9Jerstano wir oas f!an?_e
in seinem Zusammenhange gebracht haben.
Cursiva francesa de Bodoni.

6. A NOVA LETRA (FINALMENTE)


No fim do século XVIII, a tendência para se racionalizar tudo, inclusive o
desenho, acompanhando a pré-revolução industrial, finalmente chegou.
Começou-se a desenhar, então, letras com larguras iguais e a padronizar as
curvas, os ângulos, as espessu ra s e as dimensões dos novos alfabet os. Os impressores
e criadores mais importantes foram Giambattista Bodoni (1740-1813) de Parma, na
Itália, e a família Didot com seu patriarca, François Didot (1689- 1757), de Paris,
França. Chamam-se essas letras de Didones, a junção de Didot com Bodoni.
Os tipos de Bodoni, que começou trabalhando na gráfica do Vaticano,
apresentam grande diferença entre as partes fi nas e grossas, quebrando
definitivamente os conceitos da serifa antiga. Bodoni recebia apoio financeiro do
Duque de Parma e pôde então pesquisar e introduzir diversos melhoramentos.
Fez- se, nessa época, uso de todo tipo de vinhetas e outros elementos
decorativos. O livro mais importante de Bodoni é o Ma nua/e tipografico, que continha
os alfabetos grego, hebraico, caldeu, sírio, samaritano, árabe, turco, tártaro, pe rsa,
etíope, arm ênio, etrusco, fe nício, rún ico, georgiano, tibetano, hindu , cirílico, línguas
que Bodoni conheceu quando trabalhou na gráfica do Vaticano, e tipos em 142
tamanhos diferentes. Bodoni foi, sem dúvida, um gênio entre os gênios, não só pela
beleza de sua família mais famosa , mas pelo conjunto de sua obra, os belíssimos
livros que imprimiu, as inovações tecnológicas nas máquinas de impressão e nos
materiais. Bodoni recebeu todos os prêmios mais importantes de seu tempo,
incluindo medalhas outorgadas por Napoleão e pelos reis de Espanha.

82
born in Paris in I 720, was the mostrenowned printer ofhis day.
He died in 1804. He started his activities as a printer in 17S7,
The Didot type, like the Bodoni, shows a striking contrast
hetween the heavy main-strokes and the thin serifs and
A fonte Didot, do patriarca François-Ambroise Didot, desenhada em 7755, é o melhor
exemplo da dinastia Didot, que não só criou tipos como também acrescentou diversas
inovações a tecnologia da impressão por várias gerações.

P· R É FAC E.

Virgile, au troisieme livre de l'Énéide; c' est Énée


qui parle:
Littoraque Epiri legimus, portuque subimus
Chaonio, et celsarn Buthroti ascendimus t)l·bem. :..

Solemnes tum forte dapes, et tristia dona ...


Libabat cineri Andromache, manesq ue vocabat
Hectoreum ad tumulum, viridi quem cespite inanem,
Et geminas, causam lacrymis, sacraver.a t aras....

Dejecit vultum, et demissi voce locuta est:


O felix una ante alias Priameia virgo,
Hostilem ad tumulum, Trojre sub rncenibus altis,
Jussa mori! qure sortitus. non pertulit ullos,
inter in Ij5í1
Nec victoris heri tetigit captiva cubile!
Nos, patrii incensâ, diversa per requora vectre, king contras
Stirpis Achillere fastus, juvenernque superburn,
Servitio enixre tulirnus; qui deinde secutus
Ledream Hermionern, Lacedrernoniosque hyrnenreos...•

Página de Oeuvres, de Racine, impressa por Pierre Didot, em Paris.

83
PVBLII
VIRGILII MARONIS
GEORGICON
L I B E R P R I M V S.
MA.NUA LE
TlPOCR.H'I CO

GL\MBAITISTA BODONI

AD C. CILNIVM MAECENATEM.
PAR MA

Quid faciat laetas segetes, quo sidere terram


Vertere, Ma e cenas, ulmisque adiungere vites
Conveniat; quae cura boum, qui cultus habendo
·. Sit pecori; apibus quanta experientia parc~s :
Hínc canere incipiam. Vos, o· clarissima mundi
Lumína, labentem caelo quae ducitis annum,
Liber et alma Ceres; vestro si manere tellus
Chaoniam pingui glandem mutavit arista,
Poculaque inventis Achelola miscuit uvis;
Virgílio, impresso na Stamperia Reate de Parma, Bodoni (1793).

84
..,.

ABCDEF
GHIKLM
NOPQRS
TUVXYZ
ABCDEF
CHIKLM
NOPQRA~)
TUVXYZ
Bodoni normal e itálica (1788).

85
29+ LA GERUSALEMME

XXII.

Trasse le squadre fuor. come veduto


Fu da lungc vcnirne il popol franco;
E fcce anch' ci r csercito COI'UUtO,
C o' fanti in mczzo , c i ca Yalicri al fianco.
E per se il corno de. . tro ha ritcnuto;
E preposc Altamoro allato manco.
Mulca~se fra loro i fanti guida:
E in mczzo c poi 1lclla battaglia Armida.

XÀI I 1.

Col duce a destra c il rc dcgl' IndJani,


E Tisaft••·no, c tutto il regio s tuolo.
Ma , dovc stcuder pno nc' larghi piani
L ' ala sinistra piü spcdito il 'olo,
Altamoro ha i r e persi c i re africani,
E i duo, che manda il piu fen·ente suolo.
Quinei le frombc c lc balestre e gli 'archi
Esser tuUi dovcan rotatc e scarchi.

Bodom,.Jmpressor de reis e príncipe dos impressores. Jerusalém libertada, de Torquato Tasso (original do autor).
LIBERATA. CANTO XX. 293

XX.

Pan·e chc nel fornir di tai parole


Scendcsse un lampo lucido e sereno;
Come tah olta estiva notte suole
cuote1· dai manto suo stella o baleno:
Ma que::oto creder si potea che] sole
Giuc;o il mandasse dal piu interno seno;
E pane al capo irgli gü·anclo: e segno
Alcun pensolio di fut.w·o regno.

XXI.

For,;e (!>C deve iufra celesti arcani


Prosuntúosa entrar ling;ua morta]c )
Angcl cnstode fu, che dai soprani
Cori discesc, e 'J circondo con l' ale.
1\Ientre ordino Goffredo i suoi Cristiani,
"B, parlo fra le schiere in guisa tale,
L' cgizio capitan lento non fue
Ad ordinare, a confortar le sue.

J
-.J\ li I '\ - I I'\ !'I~ \ •

ftbtdt
Mao ~i[~
---- -- -
Letras usadas comercialmente no final do século XIX.

7. O SÉCULO XIX
O século XIX transcorreu com a invenção das famílias sem serifa e um
movimento libertário em relação ao formato das letras, que se viram deformados e
distorcidos na forma e nas proporções, sem limites e sem critério. Começou-se a
usar tipografia comercia lmente e, sem nenhum controle estético, a apa rência das
letras deteriorou-se, assim como o design dos livros da época . Faziam- se let ras
obesas, ilegíveis, páginas desalinhadas, margens desproporciona is aos textos, et c.
Durante o marasmo t ipográfico do século XIX, a indústria da impressão
continuou florescendo. As fábricas de papel desenvolveram novos moin hos com
capacidade de fabricação de até seis mil metros por dia. As novas impressoras
rodavam em maior velocidade e as primei ras máqu inas de composição de tipos
foram inventadas.

88
Máquina compositora Compositora Young Et Delcambre. Fundidora de tipos David
Thorne Type. Brune Jr. - América (1877}.

Moinho de papel (1850}.

Oficina de impressão (7825}. Applegath Et Cowper's, que imprimia os


dois lados do papel (7870).

89
THE WEAK ANO LANGUI D,
A..ND .A...LL ~BO BUFFER FR.Ol\14

~.a~ ~l::.~~ :::..~paa, ==r~


- -· ,.... ._,
o.tnl Dt\llu:y, Tcrpd IJnr,
-· .... -
________
-------- --s s• ....
..,...._..,._._
..-····-----"'-
I.mpaittd. ViWrty, Ktlud:oh&.

JB: .A. R. :N" E

ELECTROPATHIC BELT.
~1?S:~~E~~~--=~-~~~~~~~~
o• Cl LL I r POI!IJI•u;,

NOIT THE
AODRESS-
MR. c. B. HARNESS, PRESIOEHT, THE ELECTROPATHIC ANO ZANDER INSTITUTE,
O::X:FOR.D STR.EET. LO:N"DO:N"o ~.

33 & 3 7 ,

PICCADilLY CIRCUS,

Nesta página e na seguinte, a confusão tipográfica do século XIX.

90
I'Yiqde Of' HOPE FOR THE BALO.
~ DR. SGOTT'S ELEGTRIG HAIR BRUSH
;~Jto&. W ARRANTED TO CURE
~J,~ Nervous Headache
~J' Bilious Headache lN
5MIHS.
J ~ Neuralgia
'From
~li<>'l
' J.
. ~ Prevents Falling Hair and Bald-
~ness ! Cures Dandruff and
A.
::.T,\ :-JLE\"1
The

~ Diseases of the Scalp !


Jl ei~,;ht

~~::!fJ,~r~.
~Promptly Arrests Prema-
.anc.:J.Shire,
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'" 1 wassulfer-
.:~~:from
~ ture Greyness ! Makes
a. \·ery
•vere attack
Seural.t:ia i.n t
.~r.ead,i n fact it
aoseve re th at I was
bhnd for upw:ardsofa
\ the Hair Grow Long and
~ Glossy ! Soothes the
•eek. I procured one
,ryour Ur.Scott's Ele
~rct~:~;:~r~~~h :h~r
-::ii~f. itlah~,;; tb':ee~ J~in~di.t ~ Weary Brain 1
~~~~~~!~~ched ~:;,e :i~~~.rr:;:d 9> P rice 12S. 60. Post Free, from the
...eel now much bett er. ..

E. P. GuF.ST, Chem ist, Hre ntw


E.ssex, writes :-" Aug-. 20, 1883. Scnd
â
"""'
PALL MALL ELEGTRIG ASSOGIATION,
LIMITED,
me three do:z.en of D R. SC..:úT T'S 2 I, Holborn Viaduct, London, E. C.
!'LECTRIC HAIR BR USIIES, os I çet
Sl!Ch goori accountsof them from my cl1ents. Fro m Mrs. BvCROFT , Sw2.nland Manor,
One of my c ustome u , whose h~ad w.:t~ ,. .:t!'> Brou&:h, E . R. Yorks., Aug. s, J883.
~td .u a bladder of lard ,'' has qutte a th1ck CRO'" 11
I send •2s. 6d. for one of DR.
OF lfA I R CROWINC from the use of your DR.
SCOTT'S llRUSH, which he had or m e to cur SCOTT'S ELECTRlC FLEIOH
the headache-t his i.t speedily re lie ved.'' BR U SH ES. I like the HA~R
BR US H you sent me; it has
Dr. NICHOLSON P IUCE. M. R.C'.S., Mount. Pl<oJas:m~. done my head good. I
i:rido·tY.f}~~i.E~~~~;:~r~ ~r"'tfs1~~~b~~a~~~~ ;~~~ir!1e,, believe it is doing my
DE AFNP.SS COOD, as J
rrom NEUR&.LGL&., anó. i. nfO'rrua me t ha t she ha:1 receiv eft c-on-
t ldtrllble b~nt iH· Crom it. A• I t.m t roubled wllh N:&Jt.VOtJS can hear much bet-
READAORES l •hould be gbd if 1ou wonld 10end rne uue.'' ter. I also send

..GUTLXMS:t,-Jt~~::;; ~=;'.i ~~~~f ~gJ:r~:~~.t~tlrl~~ ~&~~,~~::l~:~~~:·:;~~ :~~SS:~tte w llting t O


ttst.Hy to it!J r edv ing q,u ,titsc... Arte r hanl hc:ul work 1 ot'teu reiorr. to yolll' Uruab, and feel quite refretbed. l1bou.ld
a.e\'er !eel i nclioed. to reaort. to tbe old· f&llih ioned h:lir l.lruah ag:LiD,
A.. Deautif'ul Drush, lastln~r f'or years.
~ 1t{&P~~s~~1.}~ri.01ft.~Ie.-n~ :.~~t~~\.,0Ó. ~~ 3if~ftNE~~W.J!LLw~1~l~L:.J.JJi~Nf~:fA~fo1_,,
21, I!O LBORN VIADUCT, LONDON; Cheq ues crossed l..ondc m a nd County Bank. We gunrant ee
safe deHvery 'nto your hnnda; or reqnest your Druggi~t or Hal rdrcsscr to obta in ono for you. As soon as
you recelve tb.e Dr LUb, 1! not well satt•ftcd wlth your bargnin , wrlte us, and we wlll return tho monoy.
WHAT CAN BE FAIRER!

CA UTI ON. -~;v~~~~~: ~fJ•;ng~~g'.fÉ 'Iii~~~~ :;'S~'it:.~:;:'~~:"iho1 o-r.~t~~W~. "J~f;


ELI·;cTRIC BRUSil ln t he \Yorld, MADE OF PORE BL .\CK BR!STLES. We cautlon tbe publio
11 1

to be carcful t hat Dr. Scot t' s namc Is on the box. nnd ELECTRfC on the Brush. All others are
F JlAUDULB N'l' Illi'I'AT!O~S. uttorl_,. worl hles.. andare ncct ln thc market to tmnosc upon tho publlc.
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The PaU Mail Electric Association, Lmtd., 21, Holborn Viaduet, London, E.C.
h.""'l~,....!! oncc :s. young m.tn
~-.-... offr<c kindrcd and
whosc namc W:~.S
Hallblithc: hc was
fa.ir, strong, &. not
untricd in b.tnlc ;
hcw.tsofthc H ousc:
~~éz~if:~-~ofthc Ravcn ofold
time. 4[ This m.tn lovcd an cxcccding fair ~.,~~1~1J
damscl ollcd thc Hostagc, who W>S of th< FHI~-t:.lli111
H ouse of thc Rost, whcrcin it w.ts right &
due t hat thc mcn of th< Ravcn should wcd. ••'""'~.-
41: Shc lovcd him no lcss, & no man of thc ""''"~•••r,..
kmdrcd g•insaid thcir !ove, and thcy wcr< liliillí.f~'i..
to bc wcddcd on Midsummcr N ight.
4I But onc day of carly spring, whcn thc
d.tys wcre yct short and thc nights long,
Hallblsthc satbcforc th< por<: h of th< housc
smoothing iln ash stavc for his sprar, and
hc h urd thc sound ofhorsc-hoofs · ~~~~!3
and hc lookcd and S>W

Primeiro livro impresso na gráfica A equipe da Kelmscott Press.


Kelmscott Press (7891).

7. 7 A Ke/mscott Press
O final do século XIX trouxe-nos uma iniciativa ímpar na história da
impressão. A reconstituição de uma tipografia nos mesmos moldes da prim eira
gráfica inventada por Gutenberg, com as mesmas prensas, tipos e papéis artesanais.
William Morris (1834- 1896) era um grande ilustrador e entalhador britânico que
até os cinqüenta anos nunca tinha desenhado um alfabeto. Um dia, ao assistir uma
palestra de seu am igo Emery Walker, que projetava letras em uma pa rede, em
novembro de 1888, Morris viu pela primeira vez caracteres em grandes ta manhos
e se senti u motivado a desenhar letras que seriam depois reduzidas e impressas.
O estudioso William Morris possuía uma grande coleção de livros an tigos,
que também eram fonte de pesquisas e discussões com seus amigos Walker e
Sydney Cockerel. Das discussões, Morris passou a desenhar seus prime iros t ipos
para seus próprios livros que, no começo, eram impressos na gráfica Chiswick Press,
do famoso impressor Charles Wittingham.
No ano de 1891 , Morris resolveu fundar sua própria gráfica, a qual chamou
de Kelmscott Press. O perfeccionista Morris propôs-se a reestudar todo o processo que
resultou na invenção da imprensa. Começando pelo papel, muito encorpado e parecido
com os velhos papéis do século XV. Depois de muito procurar, Morris encontrou um
fabricante de papéis artesanais na loca lidade de Little Char, em Kent. O moinho passou
a fornecer papel com as marcas d'água desenhadas pelo próprio Morris, que também
produzia alguns livros em pergaminho para seus clientes mais ricos.

92
Livro The history of Godefrey of Boloyne (7893).

Geoffroy Chaucer. Prensa Albion. Frontispícios.

HBCO€f6BljKLMNOPQRSCOVW
xyz & abcdefghijlllmnopqrstu"w:x:yz
Golden Type, de William Morris.

Àmedida que a gráfica progredia, foi preciso ocupar os imóveis adjacentes e, no


dia 8 de maio de 1891, o primeiro livro foi impresso, The story ofthe glittering plain.
Morris e seus colaboradores desenharam, decoraram e imprimiram livros
históricos. Até a tinta usada nas impressoras era especial. A fábrica Jaenecke, em
Hanover, fornecia a melhor tinta da Europa. Muito difícil de trabalhar, porém com
o melhor resultado possível. A Kelmscott Press chegou a funcion ar com mais de
dez compositores e impressores. Mas por causa dos processos artesanais, a produção
era muito pequena e avidamen te disputada pelos colecionadores de livros. As prensas
da marca Albion, especialmente reforçadas para resistir à dureza dos papéis e tintas
utilizados, não paravam de trabalhar, produzindo livros ricamente decorados com
entalhes em madeira cortados pelo próprio Morris e desenhados por vários
ilustradores, incluindo Burne-Jones, Walter Crane, C. M. Gere e A. J. Gaskin. Em
1895, a Kelmscott Press tinha produzido 66 títulos, sendo 23 do próprio Morris, 22
reproduções de livros medievais e 13 de poetas contemporâneos, num total de
21.401 cópias em papel e 677 em pergaminho. A partir de 1895, praticamente
todos os livros impressos pela Kelmscott eram vendidos antes de seus lançamentos.
Outras gráficas passaram a copiar o estilo de Morris, utilizando papéis
industriais e compositores mecânicos, mas a Kelmscott Press marcou a história da
tipologia como a melhor e mais autêntica recriação de uma gráfica manual.

93
8. ESTILOS TIPOGRÁFICOS E MESTRES DA TIPOGRAFIA

8. 7 Art Nouveau
O movimento Art Nouveau, com sua
exuberância de formas curvas, forneceu-nos exemplos
de tipologia que incorporaram todas as características
que os objetos, as ilustrações e a arquitetura trouxeram
a partir de 1890. As letras eram usadas com fartura na
publicidade, em revistas, jornais e pôsteres. O estilo art
nouveau difere ligeiramente de acordo com o pa ís onde
foi criado. Inglaterra, Escócia, França, Bélgica e Espan ha
tinham seus próprios subestilos.

RHMAC KM ,l,! ,~ DO.A-RIBR


Q.Al,.Ll;N. SVNN V S lO C: . Ofii' I N C .TON. HC N Y

Arthur Mackmurdo.

Alphonse Mucha. Gustav Klimt.

94
Al\IBCDEe?G~~JKLffiHOPOR
517LU\JWXYü Z 1234567890
Edda.

RBCDEFGHIJKL!1NOPQRSTU
VWXYZ(&.,:; -" !? $Ç) 1234567890
abcdelghijklmnopqrsfuvwxyz
Berolma Medwm.

líllC!D:EfGij:fJK.hüffiOP~fi
~1'CIVWXYK0123456'7B9
ubcdeighijklmnopqrstuvwxyz
Arnold Bocklin.

AABC~~rTcH~UKT(l.M/tfJM~O'PtpQ
~~5T1ü\JVWWY.~Z ~~ 1234567a9c
ab,defsbij~lmoopqrstuvwxyz ~~~ &?!E$

' ' ffli ~


Artistik.

1'
Lotus.
,::1
11 1111111111
IIIHmlll ,mIIIHIII
Carmen lnitia/s.
95
L
8.2 O novo grafismo
No fim do século XIX, os grafistas russos,
suíços, austríacos e alemães também começam
a apresentar seu estilo, que introduziu os novos
conceitos de programação visua l que norteariam
a evolução do design gráfico e da tipografia a
partir de então.

M. V. Uchatius.

96
DiEf~rnE
Louis Oppenheim.

KOLA ZA
SPASAVANJE
Ljubonir Micic. 97
8.3 Dadaísmo
O movimento dadaísta, no começo do sécu lo
XX, trouxe novos ingredientes à tipografia no que se
refere à diagramação e à quebra de vários dogmas, como
misturar famílias, caixa-alta e caixa -baixa, alinhamen -
tos, espaços brancos e capitulares.
A filosofia dadaísta parte do quest ionamento e
da negação dos preceitos incorporados pelo pensamento
humano em relação à arte e a outros valores subjetivos.

Kurt Schwitters e Theo Von Tipografia dadaísta (séc. XX).


Doesburg (1922).

"'
Ll~~une
bltl 1
Scheuche
Olelch
mach 1ch
d'ch aur
1 ..1ch ..

Kathe Steinitz, Kurt Schwitters e Theo Von Doesburg (1925}.

98
TH' a t re
~

..- M~fz.~l~L
•e4 1
l>rfl, ~ea.\
tQ6
et "9-

Ju.Ll.ET

1923
I R e
,

J
D
u ~u
la grandt semalne
a été prolongée
jusqu'au 7 juille
t

Beroheim JeUDI, 2S, Bd d.e la Mad•ldof


DUJ'and, 4, Place de la Mad.eleb:a•
PoYolo~ . 13. R11.1e Boaapu"
Au San1 PareU, li, Aveuue IC._,.
Uce place de loge .....•.. 3() fr. Si:.c, &, AYIIIDU& Lovcd.al
f'aut•ull d ' orcbelll\re ..... 25 Ir. Pa11.1J Guillaume, 159, Rue la BotUe
f'auteu.il de h:l.lcon Librairle Morna :r, 37, Bd Montpa.n u••


1·• rang ..... 15 Ir. Paul Ros~rg, 2t, Rue la BotUe
rau~wl 4e bõl.lco~ ·-· ·- l2 Ir. ' ' a~J Tb61U"e MJc.be,l. Tü . Glol\. ~.

1/ya Zdanevitch (mais de quarenta fontes utilizadas).

99
1.

8.4 Bauhaus
Nos anos 1920, a Bauhaus revolucionou os conceitos
que regiam a tipografia tradiciona l. As letras vindas da Bau-
haus eram geométricas construídas racionalmente. Pensou-
se em abolir a caixa-a lta, a serifa, e em usar letras em
caixa-baixa apenas. Utilizavam-se títulos e textos em
diagonal para "quebrar" a perpendicularidade da página e
criar tensão visual. A página assumiu nova feição e o design
de letras, a arquitetura e a arte caminharam junt os à sombra
do construtivismo.

Paul Klee.

100
Joos Schmidt (1923).

abcdefGhiiK lmn
opqrstuvwXLf2a
Herbert Bayer Universal Alphabet (1925)- todo construído com arcos, linhas
verticais e horizontais, iniciado em 1925 e finalizado em 1928.

abcdefGhiiHimn
pqrs tuvw x 4za s
Herbert Bayer- Universal Alphabet Condensado (1925).

fll: 4~ I~ I: I ~ 4~ H III: I~ 111114 ~ 1• 4~~ I~ :=f ~~I~ li t• lt


t~tl t"l~tJiaííl: l1aa 1a ttlttll~ I~~ ... ~ 1~,, , ... 'v x •J~
Josef Albers - tinta preta sobre papel milimetrado.

~,:J r;!).,;{~j ~J.J 'I J'dJ~


!J~J~J\1 !).:J '1 ;~~·tu J'J
Herbert Bayer - sombra sem contorno.
a
101
-

8.5Art Déco
A tipografia art déco também
acompanhou o geometr ismo do est ilo que
teve seu apogeu nos a nos 1930. Os pontos
altos nesse esti lo estão nos geometrismos,
na i lustração e na arquitetura com ta ntos
exemplos presentes até hoje.

Schulz Neudamm (7926).

102
-...-.~..._ ....
Tadeusz Gronowsky (7930). Niklaus Stoklin (1930). Bergemann (1924).

A~I31CI[)IEif~l31tiiiJIII\I~~'~
~() IV ~o ll2 S lr lU Vl\~X"" Z
aa IJ ~c dl~e 1fg1lll i Ji lk lllllllll~() IV q1
lr\~luiV\\~X)VZ~Uli23~~~137S9~
Broadway Engraved.

t ·~ lftt ~~~8 -~~ -~~~~ ~~li Ã\ 4llll~


1.
.ra. ,

llt- ~ ~· ~ ~ c , )i ~ I ·~
~g1il .~ { ~ ~\ _. C IE&
1928.

A gcocrCU IJkLMNOPORS
TUVW XVZ abcdef ghijklmnopq
rstu vwxyz0 123456/89
Elisia.

103
ABCDEFGH IJ KLMNOPQR
STUV~XYZ0123456789
abcdefghijklmnoprstuvwxyz
Kabel.

:ZS:BCDEFGHIJKLMNOPOR
STUVWXYZ 1234567890 &
abcbefghíflllmnopQr[stuomxyz
Jessen.

ABCDEFGHIJKLMNOPQR
JTUVWXYZ01lJ456189
ABCDEFGHIJKLMNOPRJTUVWXYZ
Neuland.

Entre os grafistas mais importantes está Rudolf Koch. Devido à sua


habilidade para ensinar e comunicar, Koch influenciou não somente a sua geração,
mas todos os designers de tipos. Rudolf Koch foi um artista multitalent oso, era
um excepcional ilustrador, designer de livros e de fontes e também cal ígrafo.
Apesar de seus tipos serem variações da German Blackletter, Koch desenvolveu
um vasto trabalho de maravilhosas fontes durant e a sua exploração do design de
tipos e caligrafia. Koch possuía uma visão artística que explodia em sua energia
criativa e sua espontaneidade pura, notada em todo o seu trabalho. Desenhou
mais de vinte famílias tipográficas, incluindo Kabel, Neuland, Koch Antiq ua, Prisma,
Jessen Schrift e Wilhelm Klingspor Schrift. Koch era também profundamente
envolvido no design de ícones, compreendendo imagens relig iosas [símbolos
cristãos) e seculares [livros dos símbolos). Através de sua t rajetória de vida , Rudolf
Koch tornou-se um dos mais influentes artistas gráficos de sua geração. Ele seguiu
o modelo de William Morris, de Artes e Ofícios aplicados.
Como um catalisador criativo, professor e amigo, alcançou e tocou pessoas
talentosas como Warren Chapei, Fritz Kerdel, Berthold Wolpe, Victor Hammer,
Hermann Zapf e muitos outros. Rudolf Koch publicou várias jóias tipográficas,
incluindo Who is Victor Hammer?, The little ABC book, The book offlowers e o mais
f amoso de todos, The typefoundry in silhouette, que desvenda a história da tipografia,
escrito e ilustrado por ele mesmo.

104
ABCDEFGHIJKL
MNOPQRSTUV
WXYZ0123456789
abcdefghijklmn
opqrstuvwxyz
Times New Roman.

e~a ella
Times New Roman corpo
700 comparada à Bodoni
também corpo 700,
demonstrando o melhor
aproveitamento do espaço.

Stanley Morison (1889-1967) nasceu em Wanstead, Inglaterra. Depois


que seu pai, um vendedor viajante, abandonou a família, o jovem Morison largou
I
os estudos e iniciou suas atividades como entalhador. Seu grande salto foi em
1913, quando começou a trabalhar como assistente editorial com Gerard Mynell, o
editor da revista lmprint. Em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, foi
encarcerado por ativistas como espião. Foi supervisor de desenho da Pelican Press
por muitos anos. Em 1921, associou-se a Cloister Press e foi um dos membros
fundadores da Fleuron Society como editor de sua revista de tipografia, The Fleuron.
Foi nessa revista que publicou seus famosos "Princípios fundamentais da tipografia".
Em 1923 iniciou na Monotype Corporation um vasto programa de recuperação dos
tipos clássicos, assim como da imprensa da Universidade de Cambridge.
Em 1929, Morison criou a marca para o jornal The Times e também o seu
tipo mais famoso: Times New Roman. De 1935 a 1952, editou a história do The
Times e, durante os anos de 1945 a 1947, o suplemento literário periódico. Desde
1961 até sua morte em 1967, aos 78 anos, trabalhou como membro da equipe
editorial da Encyclopaedia Britannica. A influência de Morison na tipografia é vista
em quase todas as publicações hoje em dia. A letra Times New Roman inovou, pois
Morison a desenhou aumentando o olho da letra e deixando as ascendentes e
descendentes com seus tamanhos reduzidos. Dessa forma, uma letra corpo 8 parecia
maior do que o era na realidade. O texto do jornal podia então ser composto em
corpo menor. Conseqüentemente era possível encaixar um maior número de linhas
na mesma área disponível, gerando grande economia de papel.

105
ABC DE FG H IJ KLM NO PQ
RSTUVWXYZ0123456789
abcdefghiiklmnopqrstuvwxyz
Futura Bold.

ABCDEFGH IJKLMNOPQ
RSTUVWXYZ0123456789
a bcdefg hij kl m nopq rstuvwxyz
Futura L1ght.

AABCDEEFGHIJKKLMffiNnDP
QRSTUVWWXYZ 1234567890
abcdefgh ijklmnopqrstuvwxyz
Top1c.

Outro grande tipógrafo responsável por uma das famílias mais celebradas
em todos os tempos foi Paul Renner. Trabalhou como desenhista gráfico, tipógra fo,
pintor e professor. Logo estava diretamente relacionado com o movi mento Bauhaus
dos anos 1920. Paul Renner lançou a letra Futura em 1927, exemplo máximo das
letras geométricas sem serifa. Renner nasceu na Alemanha em 1878 e defendia suas
posturas com fervor, transformando-se num defensor reconhecido da nova tipografia.
· Em 1926 é nomeado diretor da Escola de Ofícios de Impressão em Munique
e também torna-se co- fundador e diretor da Escola de Mestres para Impressores
Al emães. Perseguido pelos nazistas, seus estudos t ipográficos e criações funcionalistas
foram considerados subversivos. Renner, tachado de "Bolchevique Cul tura l", f oi
condenado a nunca mais conseguir um emprego regulament ado na Alemanha.
Sua principal contribuição foi o tipo Futura, que desenhou no período de
1924 a 1926. Está baseado em formas geométricas, representativas do estilo visual
da Bauhaus dos anos 1920- 1930 e prontamente passou a ser considerado um tipo
da nova t ipografia. Inicialmente, a Fundição Ba uer emitiu a Fut ura com seis pesos
distint os e, com aut orização, a Fundição Deberny Et Peignot a editou na França sob
o nome de Eu ropa. Pau l Renne r morreu em 1956. Seus desenhos originais do t ipo
Futura podem ser contemplados na Fundição Tipog ráfica Neufvi lle de Barcelona.

106
ABCDEFGHIJKLMNOP
RSTU~012345678
abcdefgh ijklmnopqrstuvwxyz
Franklin Gothic.

AUCU~r=C3tii"I\LM~
()V()l2~TlJVWX~Z
a bcdef!! h iJ kl m nupq
r-stuvwxyz() 1 ~34-ltf37SCJ
Broadway.

ABC DE FG H IJKLM NO P Q R ST
U VWXYZ & abcdefgh i j klmn
opqrstuvwxyz 1234567890
Stymie.

Morris Fuller Benton nasceu em 30 de novembro de 1872 em Milwaukee,


Wisconsin, EUA. Com 11 anos já realizava pequenos trabalhos de impressão, como
bilhetes de entradas, folhetos e recibos para seus vizinhos, em uma pequena oficina
tipográfica que montou na casa de seus pais.
Formou-se engenheiro em 1896 e poucos meses mais tarde ingressou na
American Type Founders (ATF), a fund idora de tipos mais importante dos EUA, como
ajudante de seu pai, Linn Boyd Benton, aplicando também seus conhecimentos
mecânicos no campo da maquinaria das artes gráficas.
Em 1900, Benton passou a ser desenhista chefe da ATF, cargo que exerceu
até a sua saída, em 1937, aos 65 anos. Sua vida profissional caracte rizou-se por
combinar a criatividade do tipógrafo com a precisão do engenheiro.
Benton desenvolveu cerca de duzentas fontes, todas as quais foram
publicadas pela ATF, incluindo Century Expanded (1900). Linotex (1901 ).
Cheltenham (1904), News Gothic (1908). Century Oldstyle (1908-1909), Hobo
(1910), Souvenir (1914), Clearface (1919), Parisian (1928), Novel Gothic (1 928).
Chie (1928) , Modernique (1928), Broadway (1928), Bulmer (1928), Bank Gothic
(1930), American Text (1932). Tower (1934), Phenix (1935), Century Roman (com
Teodor Low de Vinne, 1885). Alternate Gothic (1903), Franklin Gothic (1903-
19 12), um exemplo de sistematizaçã o no dese nho de let ras. Fa leceu em 1948,
em Morristown, EUA. Ed Benguiat cita Benton como o maior sistematizador de
todos os designers de tipos.

107
-
ABCD EFGHIJKLMNO PQ R
STUVWXYZ 1234567890
~pcdefghijklmnopqrstuvwxyz
IIIS~I~IIII~IIISI·II!II l!l~llt:II~I~IIIIIIS~I, :~

· ~l~lat·l~•••~•allltt,~•·•·••••••••at·l~~••••ai•a•·•·
11
Transito.
"'
t:igenart vo/1 Vornehmheit und Eleganz
ztJfage,. die sie weit erhebt über
alies Hergebrachte und Alltãg/iche.
\;\ler eindrucksvoll und doch vo/1 A1ilde
Saskia.

Jan Tschichold (1902- 1974) nasceu em Leipzig. Aos 12 anos, visitou a


lnternationale Asstellung für Buchegewerbe und Graphik, mais conhecida como Bugra,
feira realizada naquela cidade, em 1914, que mostrava um panorama do desenho
editorial alemão daquele momento. Estimulado com o que vira, Tschichold decidiu
tornar-se professor de desenho. Para isso, mudou-se para Grimma, uma cidade próxima
a Leipzig, onde poderia iniciar seus estudos. Publicou o Typographische Mitteilungen,
uma espécie de manifesto, sob o tít ulo de Elementare Typographie, que ditava uma
série de princípios inovadores. Conheceu a obra de Rudolf von Larisch sobre let ras
ornamentais e começou a interessar- se por técnicas para a criação de lâminas de
corte, o que terminou por desviá- lo definitivamente para o desenho de tipos de letras.
Seus conhecimentos de francês e latim, adquiridos em Grimma, muito lhe serviram
para introduzir-se na tipografia clássica. Depois passou à Escola de Artes e Ofícios de
Dresden e, mais tarde, regressou a Leipzig para ter aulas noturnas de rotulação. Entre
1921 e 1925, desenhou numerosos cartazes caligráficos e começou a ser conhecido
como calígrafo e rotul ista inclusive fora da Alemanha . Escreveu mais de cinqüenta
livros sobre designe foi professor da Bauhaus.
Tschichold foi responsável pela reestruturação da Penguin Books, uma
das maiores editoras do mundo na época, padronizando mancha, papel, corpos na
tipografia e fontes. Seu traba lho gerou grande economia nos meios de produção da
Penguin. Sua fonte mais famosa chama -se Sabon (1964).

108
ABCDEFGHIJKLMNOPQ
RSTUVWXYZ0123456789
c:;~,ç~efgfiij k[mnopqrstuvwxyz
ABC DE F G H IJ KLM N OPOR
STUVWXYZ0123456789
g;pcdefgh ij kl mnopq rstuvwxyz

Letras incrustradas em mármore no chão da Catedral de Santa Croce, Florença.

Hermann Zapf nasceu em 8 de novembro de 1918 em Nuremberg,


Alemanha. Em 1934 começou a aprendizagem que durou quatro anos como
corretor na empresa Karl Ulrich & Co. Em 1935, interessou-se pela caligrafia
depois de visitar uma exposição itinerante dos trabalhos do tipógrafo Rudolf
Koch, e de ler os livros The ski/1 of ca/ligraphy do próprio Rudolf Koch, e
Writing, ilfuminating and lettering de Edward Johnston. Em 1938, depois de
seu período de aprendizagem, começou a trabalhar na oficina de Paul Koch
em Frankfurt, estudando ao mesmo tempo a arte da impressão e a gravação
de cunho com August Rosenberg, que era um mestre gravador. Com a
colaboração de Rosenberg, Zapf produziu um livro de 25 alfabetos caligráficos,
publicado por Stempel em 1949.
Em 1950, Zapf escreveu o livro Pen and graver e foi descoberto pela
comunidade de designers da época. Do mesmo modo, Hermann Zapf publicou uma
série de livros sobre seu tema favorito, o desenho de letras e a tipografia. Alguns
dos tipos que Hermann Zapf desenhou são: Gilgengart (1941). Palatino (1948),
Michelangelo (1950), Aldus (1952), Melior (1952), Optima (1958), Hunt Roman
(1962). Mediei (1969). Orion (1974), Zapf Chancery (1979) e Aurelia (1983). Brian
Yates conta que, no ano de 1958, Zapf estava estudando a diversidade das serifas
existentes e, caminhando na Igreja de S. M. das Flores, em Florença, notou que as
letras incrustradas no mármore do chão tinham suas serifas diferentes em função
das dificuldades impostas pelo material. Essas letras o inspiraram a criar a família
Opt ima, primeiramente chamada Nuova Antiqua e rebatizada de Optima pelo seu
su cesso estrondoso que dura até os dias de hoje.

109
ABCDEFGHIJ KLMN
OPQRSTUVWXYZ &
1234567890 a bcdefgh
ij klmnopqrstuvwxyz

Letra semi formal de Edward Johnston.

Em 1916, Edward Johnston criou a letra Johnston RailwayType encomendada


pelo sistema de transporte inglês. Essa letra tinha como característica principal alta
legibilidade a distância e proporções clássicas, ao contrário das grotescas do século
XIX. Inicialmente rejeitada, considerada uma letra deselegante, a letra de Johnston
logo se impôs pela sua alta legibilidade a distância. Johnston foi professor do Cen-
tral School of Arts & Crafts (hoje Central St. Martin's School of Art & Design) e
depois do Royal College of Arts, grandes centros de estudos tipográficos até hoje.
Seu pupilo Eric Gill criou, em 1928, a letra Gill Sans sob encomenda para
atender à demanda de alfabetos de alta legibilidade a distância, já que a letra de Johnston
não podia ser usada comercialmente por pertencer ao sistema de transporte inglês que
a utiliza até hoje nos ônibus e trens. A Gil I Sans também possui excelente leg ibilidade
a distância e uma aparência moderna. Suas proporções também são clássicas, diz- se
que Gill Sans é a letra de Edward Johnston bem mais leve e elegante. As maiúsculas
foram baseadas em um alfabeto criado por Gill para a logomarca de uma livraria de
Bristol. A família Gill Sans possui muitos símbolos em função de sua aplicabilidade em
tabelas. Sua performance também é alta para leitura em textos. A Gil i Sans é para os
ingleses a sua melhor fonte, apesar de ser considerada muito conservadora pelos alemães.
Gil i também criou, entre outras, Perpetua e Joan na. Ele foi um dos maiores intelectuais
da tipografia. Escreveu muitos livros fundamentais para a compreensão das artes gráficas
e ficou conhecido em toda a Inglaterra por suas esculturas para a sede da BBC, em
Portland Place, e para a Catedral de Westminster.

110
ABCDEFGHIJKLMNOPQRS
TUVWXYZ & 123456 78 9o
p~~cdefghijklmnopqrstuvwxyz
ABCDEFGHI KLMNOPQR
STUVWXY O123456789
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
Gil/ Sans.

I~ .lJ>
Esboços de Gil/ para a família Gil/ Sans.
·~
Eric Gill nasceu em 22 de fevereiro de 1882, em Brighton, na Inglaterra,
estudou na escola de arte de Chichester e aos 17 anos empregou-se como aprendiz de
W. H. Caroe, arquiteto da Comissão Eclesiástica em Westminster. No Central School of
Art a Design, assistiu a aulas de caligrafia e, em um curto período de tempo, tornou-
se um considerado artesão. Gil I esculpiu letras em pedra e madeira para os títulos das
capas dos livros. Começou a desenhar tipos para a imprensa somente depois de um
grande trabalho de persuasão exercido por Stanley Morison, já que ele dizia que a
tipografia não era seu campo de atuação e não tinha nenhuma experiência sobre o
tema. Ainda que durante sua vida ativa tenha desenhado outros tipos, os mais conhecidos
permaneceram sendo Gill Sans e Perpetua.
Em 1931, Gill criou o tipo Golden Cockerel Roman e outros gravados em
madeira, que são utilizados para a produção de Four Gospels, uma peça-chave na
imprensa inglesa. Durante o mesmo ano, publicou seu Essay on typography, usando
seu próprio tipo Haghe a Gíll Joan na . Gill era comparado a um Leonardo da Vinci do
século XX. Inventou vários equipamentos e máquinas, desenhava locomotivas e
orgulhava-se de seu tipo Gill Sans estar na f rente da famosa locomotiva The Flying
Scotsman. Gill faleceu em 17 de novembro de 1940.

111
ABCDEFGHIJKLMNOPQ 1
RSTUVVVXYZ0123456789
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
Helvettca.

.AEICDEFGHI..JKL
.MNOPQRSTUVW
XVZ12345B7BSD
Horizontal.

AI CIIFDB IJELMNOPQ R
STUVIXYZ 1234587890
Pro Arte.

Max Mied inger (1910- 1980) nasceu em Zurich, na Suíça. Ao mesmo


tempo em que trabalhava como tipógrafo, passou a ter aulas na Escola de Artes e
Ofícios de Zurich para mais tarde vir a ser representante da Fundição Haas e, aos
46 anos, tornou-se desenhista freelancer.
Em 1956, Miedinger recebeu o encargo de Edouard Hoffman, da Fundação
Haas, de modernizar o estilo de um t ipo sem serifa da empresa. O tipo era Haas
Grotesk e se baseava no Akzidenz Grotesk da Fundação Berthold, de finais do século
XIX. Miedinger o transformou no Neue Haas Grotesk.
De 1957 a 1961, o t ipo conservou o nome do desenho de Miedi nger,
mas, ao adquirir os direitos dos desenhos originais, a Fundição Stempel desen-
volveu uma série completa de pesos, atribuindo-lhe o nome Helvética e o lançou
comercialmente para fazer eco entre as t ipografias mais usadas da História.
Helvética é um tipo eficaz para uso cotidiano, com alta legibilidade tanto
para texto como para leitura a distância. Foi considerada a letra dos designers
durante os anos 1950, 1960 e 1970 em todo o mundo e era símbolo do bom desenho
nesse período. O desenho original da Helvét ica é considerado mais belo do que o
original da Univers por alguns estudiosos. E foi graças a esse desenho que Max
Miedinger encont rou seu lugar na história da t ipografia. Outros t ipos de Miedinger:
Pro Arte (1954) e Horizontal (1964).

112
ABC DE FG H IJ KLM NO PQ
RSTUVWXYZO 123456789
abcdefgh ijkl mnopq rstuvwxyz
Univers 55.

ABCDEFG H IJ KLM NOPO


RSTUVVVXYZ0123456789
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
Frutiger.

ABCDEFGHIJKL~OPQ
RS 0123456789
abcdefghijklnmopqrstuvwxyz
Serifa.

Adrian Frutiger nasceu em 24 de março de 1928 em Unterseen, na Suíça.


Começou a trabalhar como aprendiz na oficina t ipográfica Otto Schaeffli ao mesmo
tempo que foi para a Escola de Artes e Ofícios de Zurich. Em 1951, realizou um
estudo sobre a escrita ocidental que mereceu um prêmio do Ministério do Interior
da Suíça. Seu trabalho chegou aos ouvidos de Charles Peignot, presidente da fundição
francesa Deberny & Peignot , na qual trabalhou durante nove anos. Nos anos 1950,
Frutiger supervisionou a adapta ção de muitos tipos clássicos de Deberny & Peignot
e, em 1955, desenhou o tipo Meridien para o sistema. Abandonou a f undição em
1960 para abrir seu próprio estúdio próximo a Paris.
Sua maior conquista no campo do desenho tipográfico foi a criação, em
1957, do tipo Univers para fotocomposição e composição no metal, quando ainda
era aluno da Escola de Artes e Ofícios. Frutiger criou um engenhoso sistema de
numeração para diferenciar os 21 pesos e larguras, o que representou um marco
para a denominação e catalogação de tipos. Univers é provavelmente a fonte mais
utilizada do mundo. Apresenta excelente legibilidade para textos e para leitura a
distância. O mesmo sistema de diversos pesos e larguras também f oi utilizado por
Frutiger para o hebraico e o japonês. Frutiger, antes do desenho de letras, tentou
ser pintor, mas não conseguiu sucesso na carreira.

113
ABCDEFGH IJ KLM NOPQR
STU Z0123456789
abcde g
Eurostlie.
IJ Jmnopqrstuvwxyz
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefqhijklmnopqrstuvxyzw 1234567890
Oscar.

· A/3~-erGJe??~GGmnopOPe
8 --cu v
tp~ ~~o 12 3 4 56 7 8 9
:; ~ 6 c d ~I~ 4 i i k t ~h- c- p 9 !- ~ t" v tv X ~ z-
5/ogan.
• •I

AiCi)iEi=GI-i.i<LmnOrtO=I)
LUVWX~i01~;~;6i89
Stop.

Aldo Novarese nasceu em 29 de junho de 1920, em Pon tetura Monferrato,


Itália. Entre 1931 e 1933 iniciou seus estudos na Scuola Arteri Stampatori, em
Turim, onde aprendeu a fazer cortes em tipos, gravuras em cobre e litografia.
No período de 1933 a 1936, ingressou na Scuola Tipografíca Giuseppe
Vigliandi Paravia, também em Turim. Em 1936, iniciou seu trabalho em fundição de
tipos como desenhista industrial. Em 1938, recebeu a medalha de ouro na competição
nacional de artes Ludi Juveniles.
De 1948 a 1958, ensinou desenho gráfico na Scuola Vigliandi Paravia,
onde estudou. A partir de 1952, tornou -se diretor de arte da fundição de tipos
Nebiolo. Em 1956, recebeu nova medalha de ouro na Feira Industrial de Milão.
Em 1975, deixou a fundição de tipos Nebiolo e passou a atuar como de-
signerde tipos freelancer. Foi contemplado com o prêmio Compasso d'Oro em 1979.
Aldo Novarese faleceu em 16 de setembro de 1995, em Turim, onde ainda
atuava como mestre e designer de t ipos.
Suas fontes: Landi Linear (1943). Eigno (1954). Fontanesi (1954). Egizio
(1955-1958), Juliet (1955), Ritmo (1955), Garaldus (1956), Slogan (1957), Recto
(1958-1961), Estro (1961), Eurostile (1962), Forma (1966), Magister(1966), Metropol
(1967), Stop (1971), Lapidar (1977), Fenice (1977- 1980), Novarese (1 978), Expert
(1983). Colossal (1984), ITC Symbol (1984), ITC Mixage (1985) e Arbiter (1989).

114
AA~BCDEFGHIJKLMMNOPQR
STU\JVVWWXYZ 1234567890
01CFAb41RG1Hr~l41LNr~R4$ST1HlJr
abccdeefghijklmnopqrsttu'Jvv
wwxyyz B&?~~$ ( .,;: ) >>'<<I .:..." ..
Avant Garde.
t

AOCDEEFGHIJKLLMNOPQRSTUVWXYZ
f3 & ?!L$ C.,;:) ;; <;I~, ... 12345678090
aÇ)bcdeeffghUI~I~mnopqrrsstruvwxyzz
Sertf Gothtc.

ABCDEFGHIJKLMNOPQR
STUVWXYZO 12 3456 7 89
Lubalin Graph.
Herb Lubalin (1918- 1981) criou a Avant Garde (1970), um marco no desenho
de letras, pois oferecia mais de uma variação para cada letra do alfabeto, o que fazia
com que o usuário pudesse optar por uma das variações e se t ransformasse em um
designercriativo. Era um grande intelectual da tipografia americana. O estilo pessoa l

I de Lubalin era um reflexo de todas as coisas que o cercavam. Ele dirigia os mais
novos carros esporte importados e apreciava ser admirado pelos outros motoristas.
Viveu e trabalhou em ambientes refinados. Adorava a era vitoriana e colecionava
pôsteres art noveau muito antes de se tornarem moda. Adorava móveis decorados
de madeira natural e trabalhava profissionalmente em carpintaria.
Lubal in trabalhou com Lou Dorfsman em mu itos proj etas para a CBS. O
mais espetacular f oi a pa rede trid imensional para o restaurante self-sevice da
empresa. A idéia era de Dorfsman. Depois de resolver os problemas de engenharia,
construção e medições, Dorfsman contratou Lubalin para executar layoutsem escala
para todos os painéis da parede. Herb trabalhou em maquetes de painéis individuais,
criando áreas vazadas nas quais Dorfsman pretendia incluir formas t ridimensionais
de com ida. Quando os layouts eram aprovados, Herb pedia a Tom Carnase pa ra

I
desenvolver os intrincados desenhos dos tipos manuscritos por ele criados.
Desde sua inauguração, vários artigos surgiram para descrevê-la . A parede
prende a vi são - um exemplo visual do que pode ser alca nçad o por designers que
utilizam a energia criativa para polir sua arte. Outros tipos de Lubalin: Lubali n
Graph (1974) e Serif Gothic (1974).

11 5
ABCDEFGHI]KLMNOPgR
STUVWXUZ0123456789
abcdeftJhiJklmnopt{rstufi«<XIJZ
Cascade Scnpt.

ABCDEFGHIJiaMNOPQR
STUVWXYZO 123456789
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
/TC Gal/iard.

ail3~(])6ff§XSJJt2JK3CEJ~[R
sftu ~ w x 1J z o 1 2 3 4 5 6 7 s 9
a, ,g c 2J e f9' ~ ij KCm op qtó tu, v w a:,~ z tt
Gando Ronde.

Outro desenhista de tipos a merecer referência é o inglês Mathew Carter,


que nasceu em Londres, em 1937. Após os estudos, traba lhou para a famosa
fundidora holandesa Enschedé, onde estudou gravação. Após regressar a Londres,
começou a desenhar tipos e alfabetos e, por volta de 1963, era colaborador da
Crosfield Electronics (Lumitype). Em 1965, Carter entrou para a Mergentha ler e
desenhou o ITC Galliard a partir de esboços dos originais do tipo criado pelo tipógrafo
fra ncês Robert Granjon, que trabalhou em Paris no século XVI e colaborou com
Garamond. Resultou daí um tipo de letra bem contrastada nos grossos e finos, com
um grande olho-de-letra e uma itálica de contornos caligráficos e de muito boa
legibilidade. Mathew Carter criou e lançou em 1993 um outro tipo de letra que
denominou de Mantinia e que já é famoso, constituído exclusivamente por ve rsais,
com alguns caracteres elevados ou reduzidos e com belas ligaduras. Esse tipo, que
pode ser combinado com o ITC Galliard, foi uma homenagem sua ao pintor e gravador
ital iano Andrea Mantegna, que viveu entre 1431 e 1506.
Carter criou também uma fonte para a empresa ATEtT para uso exclusivo
em catá logos de telefones, que tinha mais legibilidade mesmo utiliza ndo menos
espaço, o que gerou uma economia considerável de papel e de tempo de consul ta,
já que a fon te foi criada para ser lida em pequenos corpos com a maior rapidez
possível e com o mínimo de erros.

116
ABCDEFGHIJKLMNOPQR
STUVWXYZ0123456789
abcdefghljklmnopqrstuvwxyz
Bengwat.

ABCDEFG HIJKLMNOPQRSTU
VWXYZ0 1 23456789
abcdefghUklmnopqrstuvwxyz
Benguiat Gothic.

ABC DE FG H IJ KLM NO PO A
STUVWXYZO 123456789
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
Bauhaus.

Ed Benguiat talvez seja o designer tipográfico que mais fontes desenhou


em todo o mundo. Com mais de seiscentos alfabetos criados, não há um computador
no mundo que não tenha pelo menos algumas fontes de Ed Benguiat em seu hard
disc. Benguiat começou sua carreira de designer ajudando seu pai, diretor de vitrines
da loja Bloomingdale's, em Nova York. Com a chegada da Segunda Guerra Mundial,
Benguiat aumentou sua idade para poder ir à guerra, na qual lutou como pi loto. Ao
voltar aos EUA, Ed trabalhou como percussionista nas Big Bands, sendo eleito pela
revista DownBeat o segundo melhor percussionista de jazz dos EUA. Estudou na
Workshop School of Advertising Art para tornar-se ilustrador. Trabalhou ainda bem
jovem no estúdio de Raymond Loewie. Durante muitos anos trabalhou na ITC -
lnternational Typeface Corporation- com Herb Lubalin, Aaron Burns e Ed Rondthaler,
na qual desenhou centenas de fontes como tipos psicodélicos, manuscritos, modernos,
antigos e redesenhas. Também desenhou para a ITC, a partir das três formas básicas
enviadas por Max Miedinger, aproximadamente vinte variações da Helvética que até
hoje são utilizadas. Sua mais famosa fonte leva seu nome. Durante os anos 2002 e
2003, a Benguiatfoi a fonte mais utilizada no Brasil. Foi usada no logotipo da minissérie
exibida pela Rede Globo ("A Casa das Sete Mulheres"), em todo tipo de aplicações
comerciais, desde pequenos avisos de rua até por grandes empresas.
Criou também marcas famosas, como AT&T, Lincoln Center, Esquire, Sports
lllustrated, New York Times, e para filmes como "O Planeta dos Macacos", "Bat man",
"Superfly" e muitos outros. Algumas de suas fontes: Benguiat, Benguiat Gothic, Sou-
venir, Korinna, Edwardian, Bernhardt e Bauhaus.

117
~~L~ffD~ J~l~~~r~~~~~~~~~Ulr~
Type Face Five.

RBCD[fCHIJHLMNOPORSTUYWXYZ ~ •

,abcdefohiikllmnopqrsttuvwx~z~
Type Face Two.

ABCDEFGHJJKL!v1NOPORST
lNWXYZabcdefghuklmnopq
rstuWJY.YZ ?~[.,;: '](/)1234567890
8/ur.
11

Neville Brody nasceu em 1957, em Londres. Estudou design gráfico no


London College of Print ing de 1976 a 1979, um dos maiores cent ros de pesqu isa,
impressão e criação tipográfica de toda a Inglaterra . A natureza de seu traba lho,
pouco ortodoxo no design gráfico e tipográfico, colocou-o em choque com os pontos
de vista tradicionalistas de alguns de seus professores, que achavam sua obra muito
investigativa e nada comercial. Quando ainda estava estudando, Brody j á realizava
trabalhos profissionais que muito se distanciavam do estilo "vigente" do London
College of Printing. O dadaísmo e, por extensão, a pop artexerceram forte influência
no processo de construção da personalidade de Neville Brody. Desde os anos 1980,
Brody previa a ascensão do tribalismo que ele dizia ser primitivismo moderno. Man
Ray, Laszlo Moholy-Nagy e Alexander Rodchenko também influenciaram Brody em
seu trabalho.
Desde o começo, Brody preocupava-se profundamente com a influência
que os meios de comunicação exercem em nossa sociedade. The Face foi a revista
que o converteu em um dos designers mais admirados das últimas décadas. Nessa
revista , Brody desenvolveu uma nova linguagem gráfica que mais tarde aplicaria
em outros meios.
Em 1987, o Macintosh vinha perdendo a força que o havia mant ido na
preferência dos designers. Brody revolucionou sua interface gráfica. Os tipos desenhados
por Neville Brody na década de 1980 estão entre os mais utilizados em todo o mundo.
Especializou-se em fontes estreitas que variavam entre o clássico e o moderno.

118
~ ~ [ ~ f f ~ ~ 1 J ~ l m ~ ~ ~ ij ~
~ l ~ ~ ill ~ ~ l ~ 1 ~ J ~ ~ ~ l ~ ~
a~ctlefg~ j~lmno~~rstuuwH~2
Modula Tal/.

ABCDEfGEljKlMN0PQR
§'f1U\VWXYlo[2]456789
mh00kef~jlkilmrm({))pqprsttl1lvwxp
Matrix in Line Extra Bold.

Dogma.

Zuzana Licko é co-fundadora da Emigre, a mais moderna e inovadora


revista especializada em tipografia dos EUA. Nasceu em Bratislava, Tchecoslováquia,
em 1961, e emigrou para os EUA em 1968. Formou-se em design gráfico na escola
de Berkeley em 1984.
Emigre foi fundada em 1984 por Licko e seu marido Rudy Vanderlans e
atraiu a atenção dos críticos quando começou a utilizar as fontes digitais que
foram criadas para a primeira geração dos computadores Macintosh. A exposição
dessas fontes na revista Emigre levou à fundação da empresa Emigre Fonts, uma
fornecedora de tipos digitais que representa e distribui as fontes desenhadas por
Licko e um grupo de designers.
Os tipos da designer Zuzana Licko vão desde fontes para leitura de textos
até fontes decorativas, temáticas e comerciais.
Em 1993, o editor nova-iorquino Van Nostrand Reinhold publicou a
retrospectiva Emigre: design gráfico no reino digital.
A revista Emigre tem sido o celeiro para o lançamento das fontes mais
modernas da atualidade, assim como tem projetado novos desenhistas tipográficos
no cenário do design mais moderno da atualidade.
Emigre foi incluída no primeiro I. D. Forty, recebeu em 1994 o Chrysler Award
por inovações no design; recebeu a medalha de ouro da edição de 1994 do American
lnstitute of Graphic Arts e o primeiro Charles Nypels por inovações na tipografia.

11 9
'
i
9.APÊNDICE
As letras dividem-se em letras com e sem serifa.

')
'
LETRAS COM SERIFA - CLASSIFICAÇÃO

FORMA ANTIGA- Renascença, 1440


"•
I
.)
Relação entre grossos e
.,,,
•I

finos3:1 .
.l Desenho informal.
Ênfase oblíqua.

Serifas grossas.

FORMA TRANSICIONAL - 1750

Desenho controlado.
Ênfase vertical.

Serifas afinando.

FORMA NOVA- 1770

ação entre grossos e


finos5:1.
Desenho racional.
Ênfase vertical.

COMPARAÇÃO DAS FORMAS ANTIGA. TRANSICIONAL E NOVA

Goudy Baskervi li e Bodoni

120
SERIFA EGÍPCIA
Recebeu esse nome porque Napoleão, ao invadir o Egito, usou letras com essas
serifas para uma nova sinalização em francês na cidade do Cairo.

Serifa mais grossa ou


da espessura da letra.

SERIFAS DECORADAS
Vêm com todo tipo de decoração em vários estilos.

LETRA FORA DE CLASSIFICAÇÃO


Com serifa indefinida: Optima.

ABCDEFGHIJ
KLMNOPQR
STUVWXYZ
LETRAS SEM SERIFA

Divididas em Geométricas e Industriais.


Primei ra letra sem serifa: An nonce Grotesque, 1814.

GEOMÉTRICAS- Seu desenho parte de princípios geométricos.

ABCDEFGHIJKLM
NOPQRSTUVWXYZ
INDUSTRIAIS- Caracterizam - se pela grande quantidade de variações dentro de
uma mesma família. Exemplo: a Helvética tem mais de trinta variações en t re
estreitas, largas, pretas, cla ras, itálicas, etc.

ABC ABC ABC ABC


ABC ABC ABC ABC
ABC ABC ABC ABC
ABC ABC ABC ABC
ABC ABC ABC ABC
ABC ABC ABC ABC
LNID© ABC ABC ABC
fl\[ID© ABC ABC
10. ÍNDICE DE FONTES Hunt Roman .......................................... 109
Aldus ...................................................... 109 ITC Galliard ............................................ 116
Aurelia ................................................... 109 Jenson Old Style .................................... 55
Avant Garde ......................................... 117 Jessen ...................................................... 104
Baskervill e ...................... 24, 25, 80, 120 Johnston Railway Type ...................... 110
Bauhaus ................................................. 117 Kabel ....................................................... 104
Benguiat ................................................ 117 Kelmscott ................................................. 55
Benguiat Gothic .................................. 117 Korinna ................................................... 117
Bernhardt .............................................. 117 Letra Bastarda ........................................ 30
Blur ......................................................... 118 Letra Preta francesa ............................. 31
Broadway .............................................. 107 Letra semiformal de Edward
Broadway Engraved ........................... 103 Johnston ............................................ 11 O
Capitalis Monumentalis ..................... 22 Lubalin Graph ....................................... 115
Capitalis Romana .......................... 24, 36 Matrix in Line Extra Bold .................. 119
Casca de Script ..................................... 116 Mazarim ................................................... 55
Centaur .................................................... 54 Mediei ..................................................... 109
Chancelerescos ..................................... 59 Melior ...................................................... 111
Civilité ...................................................... 66 Michelangelo ........................................ 111
Cloister Old Style .................................. 55 Minúscula Carolíngia .................... 25, 34
Cuneiforme dos sumérios ........... 16, 19 Modula Tall ........................................... 121
Cursiva Romana .................................... 25 Neuland .................................................. 106
Dogma ................................................... 119 Nuova Antiqua ..................................... 111
Edwa rdi an ............................................. 117 Nurenberg Fraktur ................................. 30
Elisia ....................................................... 103 Optima .......................................... 109, 121
Escrita cune iforme ........................ 17, 19 Orion ....................................................... 109
Escrita de Mi cenas ........................ 19, 20 Oscar ....................................................... 114
Eurostile ................................................ 114 Palatino .......................................... 60, 109
Forma Antiga ................................ 79, 120 Perpetua ................................................. 11 O
Forma Transicional ...................... 79, 120 Pro Arte .................................................. 11 2
Forma Nova ................................... 79, 120 Ouadrata .................................................. 25
Fraktur ..................................................... 28 Roman du Roi .................................. 74, 75
Franklin Gothic .................................... 107 Rotunda .................................................... 31
Frutiger .................................................. 11 3 Rotunda Berthelet ................................. 31
Futura Bold ........................................... 106 Rotunda espanhola ............................... 3 1
Futura Light ......................................... 106 Rotunda do Su l da Itália ..................... 31
Gando Ronde ....................................... 116 Rotundas .................................................. 28
Garamond ........................................ 62, 63 Rústica ...................................................... 25
Garamond Stempel .............................. 63 Sabon ...................................................... 108
Gilgengart ............................................. 109 Saskia ...................................................... 108
Gill Sans ...................................... 11 O, 111 Schwabacher .......................................... 30
Golden Type ........................................... 93 Serif Gothic ........................................... 11 5
Gótica Bastarda .................................... 28 Serifa ....................................................... 113
Gótica francesa (Textura) .................. 28 Slogan ..................................................... 114
Gótica ou Letra Preta (black letter) 28 Souvenir ....................................... 107, 11 7
Grecs du Roi ........................................... 63 Stop ......................................................... 114
Helvética ........................... 112, 117, 122 Stymie ..................................................... 107
Hieróglifos .............................................. 15 Textura Kacheloten ............................... 30
Horizontal ............................................. 11 2 Times New Roman .............................. 105

123
Topic ....................................................... 106 COLINES, Simon de .............................. 60
Transito .................................................. 108 CRANE, Walter ...................................... 93
Type Face Two ..................................... 118 DA GABIANO, Balthasar ..................... 58
Type Face Five ..................................... 118 DA VINCI, Leonardo ............ 34, 67, 111
Uncial ....................................................... 26 DANIEL ..................................................... 70
Univers ......................................... 112, 113 DARCI, Fabio ............................................ 8
Universal Alphabet.. ........................... 101 DEBERNY & PEIGNOT ....................... 106
Universal Alphabet Condensado .... 1O1 DENNE, Edua rdo ..................................... 8
Zapf Chancery ..................................... 109 DIDOT ................................... 9, 81, 82, 83
DORFSMAN, Lou ................................ 115
DÜRER, Albrecht ............................ 67, 68
~ ESTIENNE, Charles ................................ 63
11. ÍNDICE ONOMÁSTICO ESTIENNE, Robert ......................... 56, 63
FANTI , Sigismondo ............................... 58
ALBERS, Josef ...................................... 101 FELICIANO, Fel ice ................................. 38
ALCUIN .................................................... 27 FEZANDAT, Michel ....................... 60, 61
AUGEREAU, Antoine ............................ 62 FLEISHMAN, Johann ............................ 72
AYRES, John ........................................... 70 FO NSECA. Rosane ................................... 8
BARTHOLOMAEUS, Nicolaus ............. 71 FOURNIER, Pierre Simon .................... 79
BASKERVILLE, John ......... 74, 79, 81, 91 FRANCISCO I (Rei) ................................ 63
BASLE ....................................................... 60 FRANKLIN, Benjamin ........................... 81
BAYER, He rbert ................................... 101 FROSHAUS, Anthony ........................... 1O
BEMBO, Pietro ....................................... 63 FRUTIGER, Adrian .............................. 11 3
BENGUIAT, Ed ................ 6, 1O, 107, 117 FUST, Johann ................................. 49, 51
BENTON, Linn Boyd ............................ 107 GARAMOND, Claude ....... 9, 38, 54, 60,
BENTON, Morris FuI ler ............... 55, 107 62,63,71,116
BERGEMANN ....................................... 103 GASKIN, A. J. .......................................... 93
BERNER, Conrad ................................... 63 GERE, C. M.............................................. 93
BIDDULPH, Nicholas ................ 6, 1O, 13 GETHING, Richard ................................ 70
BLADO, Antonio .................................... 58 GILL. Eric ....................................... 13,11 0
BODONI, Giambattista .......... 9, 13, 74, GIUNTA, Fillipo ...................................... 58
82, 86 GOETHE...................................................... 5
BOTTICELLI , Sandra .............................. 34 GRANDJEAN, Phill ipe ..................... 9, 74
BOWYER, William ................................. 77 GRANJON, Jean ..................................... 61
BRODY, Neville .................................... 118 GRANJON, Robert.. ...... 13, 61, 66,116
BRUNELESCHI, Filippo ....................... 36 GRAY, Nicolete ............................... lO, 13
BURNE-JONES ....................................... 93 GRIFFO, Francesco ........... 9, 54, 55, 56,
BURNS, Aaron ..................................... 117 57, 58, 59,62,63
CAMPOS, Marcos Pires de .................... 8 GRONOWSKY, Tadeusz .................... 103
CARNASE, Tom .................................... 115 GUTENBERG, Johannes .......... 9, 49, 51,
CAROE, W. H........................................ 111 54,92
CARTER, Mathew ................................ 116 HAMMER, Victor ................................ 104
CASLON 11, William .......... :................... 77 HENRY ..................................................... 63
CASLON ......................... 9, 54, 73, 76, 77 HILL, AI .................................................... 10
CASLON, William ........................... 54, 77 HUMERY, Conrad .................................. 51
CAXTON, William .................................. 65 JENSON, Nicholas .................. 54, 62, 63
CHAPEL, Warren ................................. 104 JOHNSTON, Edward ................. 109, 11 O
COCKEREL, Sydney ............................... 92 KERDEL, Fritz ...................................... 104

124
I

KLIMT, Gustav ........................................ 94 REINHOLD, Van Nostrand ............... 119


KOCH, Paul .......................................... 109 RENNER, Paul ..................................... 106
KOCH, Rudolf ............................. 104, 109 RODCHENKO, Alexander .......... 97, 118
LEIBOVITCH, Natalia .............................. 8 RON DTHALER, Ed ............................... 117
LEITE, Ricardo .......................................... 8 ROSENBERG, August ........................ 109
LICKO, Zuzana .................................... 119 SALMASIUS, Claudius .................. 71, 73
LOEWIE, Raymond ............................. 117 SCHMIDT, Joos ................................... 101
LUBALIN, Herb ........................... 115, 117 SCHNEIDER, Karin .................................. 8
LUCAS, Franciscus ................................ 57 SCHOEFFER, Peter ........................ 49, 51
LUÍSXIV ............................................ 74, 75 SCHWITTERS, Kurt.. .............................. 98
MACHADO, Maria Helena H................ 8 SEGADAS, Luís Antonio ........................ 8
MACKMURDO, Arthur ......................... 94 SINGRENIUS, Johann .......................... 60
MAGNO, Carlos ............................. 27, 36 SONCINO, Geronimo ........................... 57
MAGNUS, Carolus ................................ 27 SPENCER, Herbert ........................ 1O, 13
MALHEIRO, Aline .................................... 8 STEINITZ, Kathe ..................................... 98
MANSUR, Silmara .................................. 8 STOKLIN, Niklaus ............................... 103
MANTEGNA, Andrea ......................... 116 SWEINHEIM, Conrad ............ 52, 53, 63
MANUTIUS, Aldus ............ 9, 13, 54, 55, SZPIGIEL, Guilherme ......................... 4, 8
57,58, 59, 60, 63,71 TAGLIENTE .............................................. 63
MARCOLINI ............................................ 58 TASSO, Torquato ................................... 86
MARTINS, Fernanda ............................... 8 THEES, Isabel ........................................... 8
MICIC, Ljubonir ..................................... 97 TORNIELO, Francesco .......................... 58
MIEDINGER, Max ...................... 112, 117 TORY, Geoffroy ........................ 34, 56, 63
MINDLIN, José ......................................... 8 TRACY, Walter ....................................... 1O
MOHOLY-NAGY, Laszlo ................... 118 TROT, Barthélemy ................................. 58
MORISON, Stanley ........... 13, 105, 111 TSCHICHOLD, Jan ............................... 108
MORRIS, William ................. 92, 93, 104 UCHATIUS, M. V.................................... 96
MOYLLUS, Damianus ........................... 38 VANDERLANS, Rudy ........................... 119
MUCHA,_Aiphonse ................................ 94 VANDIJCK, Cristopher ......................... 71
NAPOLEAO .............................................. 82 VERGETIOS, Angelos ............................ 63
NAUENBERG, Ricardo ........................... 8 VERINI, Giovan Baptista ..................... 58
NEUDAMM, Schulz ........................... 102 VIANNA, Bruno ......................................... 8
NOVARESE, Aldo ................................ 114 VICENTINO ........................... 9, 58, 59, 60
J OLIVEIRA, Ricardo .................................. 8 VICENZA, Ludovico degli Arrighi da
OPPENHEIM, Louis ............................... 97 (Vicentino) ........................................... 57
PACIOLI, Luca ........................................ 58 VIETOR, Hieronymus ............................ 60
PACKER, Fred .................................... 6, 1O VISCONTI, Léo ........................................... 8
PALATINUS, Johannes Baptistus VON DOESBURG, Theo ........................ 98
(Palatino) ........................................... 60 VOSKENS, Dirk ....................................... 71
PANNARTZ, Arnold ................ 52, 53, 63 WALKER, Emery .................................... 92
PEIGNOT, Charles ............................... 113 WATTS, John .......................................... 77
PEREIRA, Aldemar D'Abreu .................. 8 WITTINGHAM, Charles ........................ 92
PETRARCA ............................................... 57 WOLPE, Berthold ................................ 104
PLANTIN, Christophe ................... 61, 63 YATES, Brian ............................. 6, 10, 109
POJUCAN ................................................... 8 ZAPF, Hermann ......................... 104, 109
POLICAN I, Denis ...................................... 8 ZDANEVITCH, llya ................................. 99
RABAÇA, Carlos Alberto ....................... 8
RAY, Man ............................................. 118

125
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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