Você está na página 1de 19

1

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

CAMPUS DE RIO CLARO

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS

Associação entre a largura da passada e a instabilidade postural em pacientes


com Parkinsonismo Atípico

Aluno: Pedro Paulo Gutierrez

Orientadora: Profa. Dra. Lilian Teresa Bucken Gobbi

Coorientador: Prof. Me. Vinicius Cavassano Zampier

Relatório final do Processo


PIBIC 103155/2022-8,
apresentado ao Programa
Institucional de Bolsas de
Iniciação Científica.

Outubro/2022
2

SUMÁRIO
3

RESUMO

INTRODUÇÃO: O parkinsonismo atípico (PA) é um conjunto de doenças


neurodegenerativas, com progressão rápida e pouca resposta a reposição
dopaminérgica, os diferentes tipos de PA apresentam semelhantes sinais e
sintomas motores como tremor, bradicinesia, rigidez muscular e a instabilidade
postural. Conjuntos de avaliações tem sido aplicadas para aumentar a precisão
no diagnóstico e diferenciação entre as condições da PA, como avaliações
neurológicas, clinicas, neuropsicológica e motora. A instabilidade postural em
parkinsonianos pode ser mensurada por meio de tarefas de equilíbrio estático,
pacientes com PA priorizam a estabilidade em detrimento da eficiência.
Embora a UPDRS subescala III possa mensurar o controle postural e do andar
clinicamente, apenas um resultado amplo da severidade destes
comportamentos é obtido. Este resultado não permite identificar como PA é
diferente de PD, de forma que uma análise da associação entre variáveis do
controle postural e do andar pode fornecer informação adicional sobre estas
disfunções. OBJETIVO: Verificar a associação entre a largura do passo e a
instabilidade postural em pacientes com Parkinsonismo Atípico. MATERIAIS E
MÉTODOS: 9 pacientes com PA participaram deste estudo aprovado pelo
comitê de ética (parecer n° 3936). A instabilidade postural foi avaliada a partir
do teste de equilíbrio de 4 estágios, que inclui quatro tarefas de equilíbrio
estático apresentadas em ordem crescente de complexidade, sendo as mais
complexas a posição tandem e o apoio unipodal. Para a avaliação do andar os
participantes foram convidados a percorrer uma passarela de 10 metros de
comprimento, e no centro desta passarela, foi posicionado um carpete com
sensores de pressão da marca GAITRite. Duas condições experimentais foram
realizadas (andar usual e andar em tandem) com 05 tentativas para cada
condição. RESULTADOS: a análise estatística não apontou correlação
significativa entre as variáveis paramétricas, pontuação total no TE4E com
duração da fase de duplo suporte no andar usual (p= 0,124) e no andar em
tandem (p= -0,112), com a largura do passo no andar usual (p= 0,367), com a
velocidade da passada no andar usual (p= 0,816) e no andar em tandem (p=
0,818), com a duração do passo no andar usual (p= 0,082) e no andar em
tandem (p= 0,822), com o tempo em suporte simples no andar usual (p= 0,357)
e no andar em tandem (p= 0,446) e com a cadência no andar em tandem (p=
0,773). E nem para as não paramétricas, pontuação total no TE4E com o
comprimento do passo no andar usual (p= 0,815) e no andar em tandem (p=
0,815) e com a cadência no andar usual (p= 0,062). CONCLUSÃO: A partir
deste resultado concluímos que não houve relação entre a largura da passada
e a instabilidade postural em pacientes com Parkinsonismo Atípico.
4

ABSTRACT

INTRODUCTION: Atypical parkinsonism (AP) is a set of neurodegenerative


diseases with rapid progression and little response to dopaminergic
replacement, the different types of AP present similar motor signs and
symptoms such as tremor, bradykinesia, muscle rigidity and postural instability.
Sets of assessments have been applied to increase the accuracy in diagnosis
and differentiation between AP conditions, such as neurological, clinical,
neuropsychological and motor assessments. Postural instability in
parkinsonians can be measured through static balance tasks, patients with AP
prioritize stability over efficiency. Although UPDRS subscale III can measure
postural control and gait clinically, only a broad result of the severity of these
behaviors is obtained. This result does not allow identifying how PA is different
from PD, so an analysis of the association between postural control and gait
variables may provide additional information about these dysfunctions.
OBJECTIVE: To verify the association between step width and postural
instability in patients with Atypical Parkinsonism. MATERIALS AND
METHODS: Nine patients with AP participated in this study approved by the
ethics committee (opinion number 3936). Postural instability was evaluated
using the 4-stage balance test, which includes four static balance tasks
presented in increasing order of complexity, the most complex being the
tandem position and unipodal support. For the evaluation of walking, the
participants were asked to walk along a 10-meter long walkway, and in the
center of this walkway, a carpet with GAITRite pressure sensors was
positioned. Two experimental conditions were performed (usual gait and
tandem gait) with 05 trials for each condition. RESULTS: statistical analysis
showed no significant correlation between the parametric variables, total TE4E
score with duration of the double support phase in usual gait (p= 0,124) and in
tandem gait (p= -0,112), with stride width in usual gait (p= 0,367), with the stride
velocity at the usual walking pace (p= 0,816) and in tandem (p= 0,818), with the
stride duration at the usual gait pace (p= 0,082) and in tandem (p= 0,822), with
the time in simple support at the usual gait pace (p= 0,357) and in tandem (p=
0,446) and with the cadence at tandem (p= 0,773). And neither for the non-
parametric, total score in TE4E with step length in usual gait (p= 0,815) and in
tandem gait (p= 0,815) and with cadence in usual gait (p= 0,062).
CONCLUSION: From this result we conclude that there was no relationship
between stride width and postural instability in patients with Atypical
Parkinsonism.
5

INTRODUÇÃO

A síndrome parkinsoniana pode ser classificada em três tipos:


parkinsonismo idiopático ou primário (doença de Parkinson - DP),
parkinsonismo secundário e parkinsonismo plus ou atípico (Nitrini; Bacheschi,
2003). O parkinsonismo atípico (PA) é um conjunto de doenças
neurodegenerativas, com progressão mais rápida e pouca resposta à reposição
dopaminérgica, que inclui o parkinsonismo vascular (Critchley, 1929; Zijlmans
et al., 2004), a atrofia múltipla de sistemas, a paralisia supranuclear progressiva
(forma mais comum; Amano et al., 2015), a demência com corpúsculos de
Lewy e a degeneração córtico-basal (Colosimo et al., 2010). A expectativa de
vida dos pacientes com parkinsonismo atípico é menor, enquanto a idade de
início da doença é maior quando comparadas com pacientes com DP
(Bäckström et al., 2018). Os tipos de síndrome parkinsoniana apresentam
semelhanças nos sinais e sintomas motores (tremor, bradicinesia, rigidez
muscular, instabilidade postural e alteração no andar; Egerton; Williams;
Iansek, 2012) e não-motores (dor, distúrbios do sono, depressão e ansiedade,
comprometimentos cognitivos, constipação). No Parkinsonismo atípico, estes
sinais e sintomas ocorrem nos estágios iniciais e são mais severos do que os
observados na DP (Colosimo et al., 2010). Estas similaridades nas
manifestações clínicas têm desafiado os especialistas em distúrbios do
movimento e diagnósticos incorretos são frequentes, especialmente nas fases
iniciais (Colosimo; Tiple; Berardelli, 2008). A precisão no diagnóstico das
condições da síndrome parkinsoniana é crítica tanto para o prognóstico e
tratamento diferenciado da sintomatologia do paciente como para a inclusão
apropriada em ensaios clínicos (Aerts; Abdo; Bloem, 2011).

Conjuntos de avaliações têm sido aplicados para aumentar e precisão


no diagnóstico e diferenciação entre as condições da síndrome parkinsoniana,
como a avaliação neurológica, clínica, neuropsicológica e motora. A avaliação
neurológica inclui análises de neuroimagem por meio de ressonância
magnética e tomografia nas regiões cortical, putaminal, mesencéfalo e
pontocerebelar; análise de anormalidades no fluido cerebroespinhal; análise de
DNA por amostragem sanguínea periférica; e análise do transportador ativo de
dopamina. A avaliação clínica inclui as avaliações padrão-ouro para a doença
de Parkinson como a Unified Parkinson’s Disease Rating Scale (UPDRS), que
avalia os comprometimentos da doença, e a Escala de Hoehn e Yahr (HY), que
avalia a progressão da doença. A avaliação neuropsicológica compreende os
testes de rastreio cognitivo (Montreal Cognitive Assessment – MoCA e o Mini-
Exame do Estado Mental – Mini-Mental), testes de funções cognitivas
específicas, como memória (Escala Wechsler de Memória – WMS-R), atenção
(Teste das Trilhas, subteste de símbolos da Escala de Wechsler de Inteligência
para Adultos – WAIS-III), função executiva (tarefa executiva do desenho do
6

relógio-I – CLOX-I, Teste Wisconsin de Classificação de Cartas – TWCC) e


testes psicológicos para ansiedade e depressão (Hospital Anxiety and
Depression Scale – HAD) e estresse (Inventário de Sintomas de Estresse para
adultos de Lipp – ISSL). As avaliações do comportamento motor abrangem
análises do equilíbrio estático (controle postural) e dinâmico (controle do
andar), com e sem tarefa dupla, por meio de ferramentas cinemáticas e
cinéticas.

Especificamente em relação ao controle postural e do andar, apesar da


lentidão, as características locomotoras dos pacientes com DP nos estágios
iniciais estão bem preservadas, como por exemplo quando se movem
lateralmente (Carpenter et al., 2004), na base de suporte estreita no andar
(Charlett et al., 1998), no andar em tandem (Abdo et al., 2006) e no andar de
bicicleta (Snijders; Bloem, 2010). Por outro lado, os pacientes com paralisia
supranuclear progressiva (PSP) apresentam alterações nos ajustes posturais
antecipatórios, no controle médio-lateral da velocidade ao iniciar o andar, na
duração do duplo suporte e na largura do passo no andar (Amano et al., 2015;
Egerton; Williams; Iansek, 2012). Estas alterações podem ser uma estratégia
compensatória para a instabilidade lateral, mas é uma estratégia ineficiente
energeticamente (Donelan; Kram; Kuo, 2002). Por outro lado, os pacientes com
parkinsonismo vascular, normalmente causado por acidente vascular
encefálico envolvendo a substância negra ou a via nigroestriatal, apresentam
redução na amplitude do quadril e na flexão de joelho, andar mais lento e
irregular comparado à DP com comprometimento semelhante no equilíbrio
(Ebersbach et al., 1999; Zijlmans et al., 1996). O teste de andar em tandem
(calcanhar-hálux) é uma excelente ferramenta para avaliar o equilíbrio médio-
lateral. O andar em tandem anormal em PD e PA sugere comprometimentos no
equilíbrio médio-lateral, observado antes em PA do que em PD e atribuído a
lesões extra-nigrais (Margolesky; Singer, 2018).

O teste de andar em tandem foi inicialmente empregado para avaliar as


anormalidades cerebelares do andar para indicar a disfunção em diferentes
locais do cerebelo em doenças neurológicas (Margolesky; Singer, 2018).
Atualmente é empregado como um teste geral de equilíbrio (Pryse-Phillips;
Murray, 1992). O andar em tandem pode apresentar alterações no
pakinsonismo (Lindholm; Nilsson; Hansson; Hagell, 2016; Aerts; Esselink;
Abdo, 2016; Abdo et al., 2006) e, mesmo não estando em nenhum critério de
diagnóstico, pode diferenciar PD idiopático de PA (Aerts; Esselink; Abdo, 2016;
Abdo et al., 2006).

A instabilidade postural pode ser mensurada por meio de tarefas de


equilíbrio estático e, no caso deste estudo, o Teste de Equilíbrio de 4 Estágios
(TE4E; CDCP, 2014) será empregado. O TE4E inclui quatro tarefas de
equilíbrio estático apresentadas em ordem crescente de complexidade, sendo
as mais complexas a posição tandem e o apoio unipodal. O tempo de apoio em
uma única perna diminui com o aumento da idade em adultos saudáveis
(Springer et al., 2007; Bobannon, 2006). A necessidade de suporte inicial para
atingir a estabilidade na posição tandem tem relevância clínica, considerando
que os participantes que necessitam de suporte inicial também apresentam
menor velocidade de andar e baixa confidência no equilíbrio (Hile et al., 2012).
7

Desta forma, é possível indagar a relação entre a instabilidade postural e o


controle do andar, especialmente em uma população que já apresenta
instabilidade no sentido médio-lateral. Pacientes com PA priorizam a
estabilidade em detrimento da eficiência. Embora a UPDRS subescala III possa
mensurar o controle postural e do andar clinicamente, apenas um resultado
amplo da severidade destes comportamentos é obtido. Este resultado não
permite identificar como PA é diferente de PD, de forma que uma análise da
associação entre variáveis do controle postural e do andar pode fornecer
informação adicional sobre estas disfunções.

JUSTIFICATIVA

Pacientes com PA priorizam a estabilidade em detrimento da eficiência.


Embora a UPDRS subescala III possa mensurar o controle postural e do andar
clinicamente, apenas um resultado amplo da severidade destes
comportamentos é obtido. Este resultado não permite identificar como PA é
diferente de PD, de forma que uma análise da associação entre variáveis do
controle postural e do andar pode fornecer informação adicional sobre estas
disfunções.

OBJETIVO

Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar a associação entre a


largura da passada e a instabilidade postural em pacientes com Parkinsonismo
Atípico.

HIPÓTESE

Com base nos estudos envolvendo pacientes com doença de Parkinson


idiopática, sobre a relação entre o equilíbrio estático e o equilíbrio dinâmico
(Chastan N et al, 2009; Takeuti et al, 2011), nossa hipótese é de que há
associação entre a largura da passada e a instabilidade postural em pacientes
com Parkinsonismo Atípico.
8

MATERIAIS E MÉTODOS

Em uma única visita, os participantes foram avaliados em relação aos


critérios de inclusão e quanto ao desempenho no andar e à instabilidade
postural.

Inicialmente, uma anamnese foi realizada a fim de verificar se os


pacientes atenderam aos critérios de inclusão/exclusão. Em seguida, os
pacientes foram encaminhados para uma avaliação clínica mais detalhada,
realizada por um avaliador experiente, para conhecimento dos
comprometimentos do Parkinsonismo Atípico. A Movement Disorders Society –
Unified Parkinson's Disease Rating Scale (MDS-UPDRS) parte III (motora)
(Goetz et al., 2008) foi utilizada para avaliar o grau de acometimento dos sinais
e sintomas da doença. Para a avaliação da cognição global (rastreio cognitivo)
foi utilizado o Mini-Exame do Estado Mental (Folstein et al., 1975). As
recomendações de Brucki et al. (2003) para a população brasileira, de acordo
com os níveis de escolaridade, foram consideradas.

Para a avaliação do andar, os participantes foram convidados a


percorrer andando uma passarela de 10 metros de comprimento. No centro
desta passarela, foi posicionado um carpete de 5,74 m de comprimento com
sensores de pressão (GAITRite®, CIR Systems Inc., Sparta, NJ, USA). Duas
condições experimentais, com 05 tentativas para cada uma, apresentadas em
bloco randomizado, foram realizadas: andar usual e andar em tandem. O teste
de andar em tandem é descrito pela execução de 10 passos consecutivos
calcanhar-para-hálux em linha reta sem suporte ou dispositivos auxiliares e
com os olhos abertos. Uma tentativa de prática do andar em tandem foi
realizada antes do início da avaliação do andar (Nonnekes; Aerts; Abdo, 2014).
Nas tentativas de andar em tandem, os pacientes foram instruídos a andar com
a colocação de um pé na frente do outro, encostando o calcanhar do pé de
balanço no hálux do pé de apoio. Os parâmetros espaço-temporais do andar
foram registrados a 200 Hz pelo carpete eletrônico GAITRite® e os dados
foram analisados pelo software GAITRite 4.7.5. A largura do passo foi
empregada como variável de desfecho primário no andar usual e o tempo em
duplo suporte no andar em tandem. As variáveis quantitativas de desfecho
secundário são: velocidade da passada, cadência, comprimento e duração do
passo, tempo em suporte simples e em duplo suporte. Para o andar em
tandem, o comportamento também foi avaliado qualitativamente por meio da
quantidade de passos incorretos. Ainda, o paciente recebeu um escore de 0 a
3, sendo 0=sem passos laterais, 1=1 passo lateral, 2=múltiplos passos laterais
e 3=inapto para executar 4 passos consecutivos. Um escore final maior ou
igual a 1 foi considerado como um desempenho anormal no teste de andar em
tandem (Lindholm; Nilsson; Hansson; Hagell, 2016).
9

Para a avaliação da instabilidade postural, o Teste de Equilíbrio de 4


Estágios (TE4E; CDCP, 2014) foi empregado. O teste consiste na realização
de 4 tarefas de equilíbrio estático em ordem crescente de dificuldade no
sentido médio-lateral de acordo com a base de suporte: base estreita, semi-
tandem estreita, tandem e apoio unipodal. Em cada tarefa, o paciente, se
desejou, recebeu suporte para atingir a posição esperada e, quando o
examinador liberou o paciente, iniciou-se a cronometragem. A permanência
esperada em cada tarefa era 10 s. Além dos escores 0=tarefa incompleta e
1=tarefa completa, o tempo absoluto de permanência em cada tarefa e a
necessidade de suporte inicial foram considerados.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

O nível de significância foi mantido em 0,05. A média dos valores dos


parâmetros do andar das tentativas por participante e por condição
experimental, e os valores brutos do tempo total do TE4E foram considerados
para a análise. Os testes de Shapiro-Wilk e Levene foram empregados para
verificar a distribuição normal e a homogeneidade das variâncias dos dados,
respectivamente. As variáveis com distribuição normal e com variâncias
homogêneas foram tratadas por meio do teste de correlação paramétrico de
Pearson e, em caso oposto, por meio do teste de correlação não-paramétrico
de Spearman.
10

RESULTADOS

Na Tabela 1 estão dispostos as médias e desvios-padrão das variáveis


de caracterização da amostra.

Variáveis Participantes (n=9)


Idade (anos) 70,77 ± 9,02
Massa corporal (kg) 73,55 ± 10,81
Estatura (cm) 166,07 ± 9,42
MEEM (pts) 36,00 ± 11,20
UPDRS III (pts) 26,22 ± 2,44
H&Y (escore) 1,5(1); 2(4); 2,5(4)
MEEM: Mini-Exame do Estado Mental; UPDRS III:
Unified Parkinson’s Disease Rating Scale, subescala
III; H&Y: score de Hoehn & Yahr.

O teste de normalidade de Shapiro-Wilk apontou distribuição não normal


para as variáveis de comprimento do passo no andar usual (p<0,001) e no
andar em tandem (p<0,001) e para a cadência no andar usual (p=0,047).

O teste de correlação de Pearson, para as variáveis paramétricas, não


apontou correlação significativa entre a pontuação total no TE4E com duração
da fase de duplo suporte no andar usual (p= 0,124; r²= 0,552) e no andar em
tandem (p= -0,112; r²= 0,773) (Figura 1), com a largura do passo no andar
usual (p= 0,367; r²= 0,331) (Figura 2), com a velocidade da passada no andar
usual (p= 0,816; r²= -0,091) e no andar em tandem (p= 0,818; r²= -0,090)
(Figura 3), com a duração do passo no andar usual (p= 0,082; r²= 0,608) e no
andar em tandem (p= 0,822; r²= 0,088) (Figura 4), com o tempo em suporte
simples no andar usual (p= 0,357; r²= 0,379) e no andar em tandem (p= 0,446;
r²= 0,292) (Figura 5) e com a cadência no andar em tandem (p= 0,773; r²= -
0,113) (Figura 6).
11

FIGURA 1.

a. correlação significativa entre a pontuação total no TE4E com b. correlação significativa entre a pontuação total no TE4E com
duração da fase de duplo suporte no andar em tandem duração da fase de duplo suporte no andar usual

Tandem Usual
4,5 4,5
4 4
3,5 3,5
3 3

TE4E (pts)
TE4E (pts)

2,5 2,5
2 2
1,5 1,5
1 1
0,5 0,5
0 0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45
Fase de Duplo Suporte (seg) Fase de Duplo Suporte (seg)

TE4E: Teste de Equilíbrio em 4 Estágios; Pts: Pontos; Seg: Segundos TE4E: Teste de Equilíbrio em 4 Estágios; Pts: Pontos; Seg: Segundos

Figura 2. correlação significativa entre a pontuação total no


TE4E com a largura do passo no andar usual

Usual
4,5
4
3,5
3
TE4E (pts)

2,5
2
1,5
1
0,5
0
50 55 60 65 70
Largura do Passo (cm)

TE4E: Teste de Equilíbrio em 4 Estágios; Pts: Pontos; Cm: Centímetros

FIGURA 3.

a. correlação significativa entre a pontuação total no TE4E com b. correlação significativa entre a pontuação total no TE4E com
a velocidade da passada no andar em tandem a velocidade da passada no andar usual

Tandem Usual
4,5 4,5
4 4
3,5 3,5
3 3
TE4E (pts)
TE4E (pts)

2,5 2,5

2 2

1,5 1,5
1
1
0,5
0,5
0
0
90 95 100 105 110 115 120 125 130 135
15 20 25 30 35 40
Velocidade da Passada (cm/s) Velocidade da Passada (cm/s)

TE4E: Teste de Equilíbrio em 4 Estágios; Pts: Pontos; cm: centímetros; TE4E: Teste de Equilíbrio em 4 Estágios; Pts: Pontos; cm: centímetros;
S: segundos S: segundos
12

FIGURA 4.

a. correlação significativa entre a pontuação total no TE4E com b. correlação significativa entre a pontuação total no TE4E com
a duração do passo no andar em tandem a duração do passo no andar usual

Tandem Usual
4,5 4,5
4 4
3,5 3,5
3 3
TE4E (pts)

TE4E (pts)
2,5 2,5
2 2
1,5 1,5
1 1
0,5 0,5
0 0
0,7 0,9 1,1 1,3 1,5 1,7 0,46 0,48 0,5 0,52 0,54 0,56 0,58
Duração do Passo (seg) Duração do Passo (seg)

TE4E: Teste de Equilíbrio em 4 Estágios; Pts: Pontos; Seg: segundos TE4E: Teste de Equilíbrio em 4 Estágios; Pts: Pontos; Seg: segundos

FIGURA 5.

a. correlação significativa entre a pontuação total no TE4E com b. correlação significativa entre a pontuação total no TE4E com
o tempo de suporte simples no andar em tandem o tempo de suporte simples no andar usual

Tandem Usual
4,5 4,5
4 4
3,5 3,5
3 3
TE4E (pts)

TE4E (pts)

2,5 2,5
2 2
1,5 1,5
1 1
0,5 0,5
0 0
0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7 0,3 0,32 0,34 0,36 0,38 0,4 0,42
Suporte Simples (seg) Suporte Simples (seg)

TE4E: Teste de Equilíbrio em 4 Estágios; Pts: Pontos; Seg: Segundos TE4E: Teste de Equilíbrio em 4 Estágios; Pts: Pontos; Seg: Segundos

Figura 6. correlação significativa entre a pontuação total no


TE4E com a cadencia no andar em tandem

Tandem
4,5
4
3,5
3
TE4E (pts)

2,5
2
1,5
1
0,5
0
35 45 55 65 75 85
Cadencia (passos/min)

TE4E: Teste de Equilíbrio em 4 Estágios; Pts: Pontos; min: minutos

O teste de correlação de Spearman, para as variáveis não paramétricas,


não apontou correlação significativa entre a pontuação total no TE4E com o
comprimento do passo no andar usual (p= 0,815; r²= -0,091) e no andar em
tandem (p= 0,815; r²= -0,091) (Figura 7) e com a cadência no andar usual (p=
0,062; r²= -0,642) (Figura 8).
13

Figura 7. correlação significativa entre a pontuação total no


TE4E com o comprimento do passo

Usual
4,5
4
3,5
3

TE4E (pts)
2,5
2
1,5
1
0,5
0
45 55 65 75 85 95 105
Comprimento do Passo (cm)

TE4E: Teste de Equilíbrio em 4 Estágios; Pts: Pontos; cm: centímetros

Figura 8. correlação significativa entre a pontuação total no


TE4E com a cadencia no andar usual

Usual
4,5
4
3,5
3
TE4E (pts)

2,5
2
1,5
1
0,5
0
100 105 110 115 120 125 130
Cadencia (passos/min)

TE4E: Teste de Equilíbrio em 4 Estágios; Pts: Pontos; min: minutos


14

DISCUSSÃO

O objetivo do presente estudo inicialmente foi verificar a associação


entre a largura da passada e a instabilidade postural em pacientes com
Parkinsonismo Atípico. A partir dos resultados obtidos, pode-se confirmar o
contrário de nossa hipótese, onde achávamos haveria uma associação entre a
largura da passada e a instabilidade postural neste grupo especifico de
pacientes. Os resultados também não apontaram correlação significativa entre
as variáveis paramétricas e nem entre as não paramétricas.

Déficits do andar na doença de Parkinson, como a instabilidade e a


arritmicidade do andar, caracterizados por um aumento da variabilidade de
passada a passada (Hausdorff JM, Cudkowicz ME, Firtion R, et al. 1998),
prediz inconsistências em padrões de passo e redução no controle postural
nesses pacientes (Hollman JH, Kovash FM, Kubik JJ, et al. 2007). Era
esperado que em Parkinsonianos resultados assim, não fossem diferentes,
tendo em vista que apresentam semelhanças em seus sinais e sintomas
motores, porém não é o que acontece no presente estudo, onde não houve
correlação entre a largura da passada e a instabilidade desses pacientes. É
possível que estudos futuros, com amostras maiores, comprovem o contrário,
considerando que o presente estudo uma amostragem pequena (n=9).

Pacientes com DP, geralmente apresentam, velocidade da marcha


diminuída, comprimento da passada encurtado e tempo de apoio duplo
aumentado, largura da passada aumentada, enquanto a cadência por vezes
também é aumentada. (Morris ME, Iansek R, Matyas TA, et al. 1994) (Svehlik
M, Zwick EB, Steinwender G, et al. 2009). Esses ajustes na marcha podem
refletir bradicinesia, falta de equilíbrio e medo de cair (FOF) à medida que o
paciente com DP compensa para evitar quedas (Maki BE, 1997). Levando em
consideração que pacientes com Parkinsonimo Atipico apresentam sinais e
sintomas semelhantes a DP, era esperado que esses pacientes obtivessem
resultados significativos em relação a diminuição do comprimento da passada,
15

com o andar em tandem, e a instabilidade postural, o que não foi comprovado a


partir dos resultados obtidos por meio deste estudo. É possível que estudos
futuros, provem a correlação entre o andar em tandem e a instabilidade em
pacientes com PA, tendo em vista que o presente estudo obteve uma amostra
muito pequena para que pudesse haver alguma correlação entre as variáveis.

O presente estudo teve algumas limitações, a quantidade de


participantes, sendo necessário que haja estudos posteriores com um coorte
maior, a possível heterogeneidade do diagnóstico do Parkinsonismo Atípico,
pois apesar de todos os participantes do estudo serem Parkinsonianos, não foi
possível discrimina-los em relação ao seu subtipo (PSP, Parkinsonismo
Vascular e etc.) e por fim a dificuldade na obtenção de pacientes que se
enquadrassem na pesquisa tendo em vista que dificilmente pacientes são
precocemente diagnosticados com Parkinsonimos.
16

REFERENCIAS

Abdo WF, Borm GF, Munneke M, Verbeek MM, Esselink RA, Bloem BR. (2006)
Ten steps to identify atypical parkinsonism. J Neurol Neurosurg Psychiatry;
77:1367–1369.

Aerts, M. B., Abdo, W. F., & Bloem, B. R. (2011). The “bicycle sign” for atypical
parkinsonism. The Lancet, 377(9760), 125-126.

Aerts M, Esselink R, Abdo W (2016) Ancillary investigations to diagnose


parkinsonism: a prospective clinical study. J Neurol 262: 346–356

Amano, S., Skinner, J. W., Lee, H. K., Stegemöller, E. L., Hack, N., Akbar,
U., ... & Hass, C. J. (2015). Discriminating features of gait performance in
progressive supranuclear palsy. Parkinsonism & related disorders, 21(8), 888-
893.

Backstrom, D. et al. (2018). Early predictors of mortality in parkinsonism and


Parkinson disease. A population-based study. Neurology, 91(22), 204.

Bohannon, R. W. (2006). Single limb stance times: a descriptive meta-analysis


of data from individuals at least 60 years of age. Topics in Geriatric
Rehabilitation, 22(1), 70-77.

Brucki, S. M. D.; Nitrini, R.; Caramelli, P.; Bertolucci, P. H. F.; Okamoto, I. H.


(2003). Sugestões para o uso do Mini-exame do Estado Mental no Brasil.
Arquivos de Neuropsiquiatria, 61, 777-81.

Carpenter MG, Allum JH, Honegger F, Adkin AL, Bloem BR. (2004). Postural
abnormalities to multidirectional stance perturbations in Parkinson’s disease. J
Neurol Neurosurg Psychiatry; 75: 1245–54.

CDCP. (2014). The 4-Stage Balance Test. Centers for Disease Control and
Prevention. Available at: https:/ /www.cdc.gov/steadi/pdf/4-stage_balance_test-
a.pdf. Accessed June 2021.
17

Charlett A, Weller C, Purkiss AG, Dobbs SM, Dobbs RJ. (1998). Breadth of
base whilst walking: effect of ageing and parkinsonism. Age Ageing; 27: 49–54.

Colosimo, C., Morgante, L., Antonini, A., Barone, P., Avarello, T. P., Bottacchi,
E., ... & Marconi, R. (2010). Non-motor symptoms in atypical and secondary
parkinsonism: the PRIAMO study. Journal of neurology, 257(1), 5-14.

Colosimo C, Tiple D, Berardelli A (2008) Clinical differential diagnosis of


parkinsonism. Future Neurol 3:287–298.

Critchley, M. (1929). Arteriosclerotic parkinsonism. Brain, 52(1), 23-83.

Donelan, J. M., Kram, R., & Kuo, A. D. (2002). Mechanical work for step-to-step
transitions is a major determinant of the metabolic cost of human walking.
Journal of Experimental Biology, 205(23), 3717-3727.

Ebersbach, G., Sojer, M., Valldeoriola, F., Wissel, J., Müller, J., Tolosa, E., &
Poewe, W. (1999). Comparative analysis of gait in Parkinson's disease,
cerebellar ataxia and subcortical arteriosclerotic encephalopathy. Brain, 122(7),
1349-1355.

Egerton, T., Williams, D. R., & Iansek, R. (2012). Comparison of gait in


progressive supranuclear palsy, Parkinson’s disease and healthy older adults.
BMC neurology, 12(1), 1-6.

Folstein, M. F.; Folstein, S. E.; McHugh, P. R. (1975). “Mini-Mental State”: a


practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician.
Journal of Psychiatric Research, v.12, p.189-198.

Goetz, C. G. et al. (2008). Movement Disorder Society-sponsored revision of


the Unified Parkinson’s Disease Rating Scale (MDS-UPDRS): Scale
presentation and clinimetric testing results. Movement Disorders, v. 23, n. 15, p.
2129–2170.

Hile ES, Brach JS, Perera S, Wert DM, Vanswearingen JM, Studenski SA.
(2012). Interpreting the need for initial support to perform tandem stance tests
of balance. Physical Therapy; 92(10):1316-1328.

Hughes, A. J. et al. (1992). Accuracy of clinical diagnosis of idiopathic


Parkinson’s disease: a clinico-pathological study of 100 cases. Journal of
Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, v. 55, n. 3, p. 181–184.

Lindholm, B., Nilsson, M. H., Hansson, O., & Hagell, P. (2016). External
validation of a 3-step falls prediction model in mild Parkinson’s disease. Journal
of neurology, 263(12), 2462-2469.

Margolesky, J., & Singer, C. (2018). How tandem gait stumbled into the
neurological exam: a review. Neurological Sciences, 39(1), 23-29.
18

Nitrini, R.; Bacheschi, LA. Distúrbios do Movimento. In: Barbosa, ER; Haddad,
MS; Gonçalves, MRR. A neurologia que todo médico deve saber. São Paulo:
Atheneu, 2003, p. 297-320.

Nonnekes J, Aerts M, Abdo W (2014) Medio-lateral balance impairment


differentiates between Parkinson’s disease and atypical parkinsonism. J Park
Dis 4:567–569.

Pryse-Phillips W, Murray T (1992) Essential neurology: a concise textbook.


Elsevier, New York

Snijders AH, Bloem BR. Cycling for freezing of gait. N Engl J Med 2010; 362:
e46.

Springer BA, Marin R, Cyhan T, Roberts H, Gill NW. (2007) Normative values
for the unipedal stance test with eyes open and closed. j Geriatr Phys
Ther.;30(1):8-15.

Zijlmans, J. C., Daniel, S. E., Hughes, A. J., Révész, T., & Lees, A. J. (2004).
Clinicopathological investigation of vascular parkinsonism, including clinical
criteria for diagnosis. Movement disorders, 19(6), 630-640.

Zijlmans, J. C. M., Poels, P. J. E., Duysens, J., Van der Straaten, J., Thien, T.,
Van't Hof, M. A., ... & Horstink, M. W. I. M. (1996). Quantitative gait analysis in
patients with vascular parkinsonism. Movement disorders, 11(5), 501-508.

Chastan N, Westby GW, Yelnik J, Bardinet E, Do MC, Agid Y, Welter ML.


Effects of nigral stimulation on locomotion and postural stability in patients with
Parkinson's disease. Brain. 2009 Jan;132(Pt 1):172-84. doi:
10.1093/brain/awn294. Epub 2008 Nov 11. PMID: 19001482.

Takeuti, T., Maki, T., da Silva, C. V. R., Soares, A. de J., & Duarte, J. (2011).
Correlação entre equilíbrio e incidência de quedas em pacientes portadores de
doença de Parkinson. Revista Neurociências, 19(2), 237–243.
https://doi.org/10.34024/rnc.2011.v19.8372

Morris ME, Iansek R, Matyas TA, et al. Ability to modulate walking cadence
remains intact in Parkinson's disease. J Neurol Neurosurg
Psychiatry. 1994;57:1532–1534

Svehlik M, Zwick EB, Steinwender G, et al. Gait analysis in patients with


Parkinson's disease off dopaminergic therapy. Arch Phys Med
Rehabil. 2009;90:1880–1886.

Maki BE. Gait changes in older adults: predictors of falls or indicators of fear. J
Am Geriatr Soc. 1997;45:313–320.
19

Hausdorff JM, Cudkowicz ME, Firtion R, et al. Gait variability and basal ganglia
disorders: stride-to-stride variations of gait cycle timing in Parkinson’s disease
and Huntington’s disease. Mov Disord. 1998;13(3):428–437.

Hollman JH, Kovash FM, Kubik JJ, et al. Age-related differences in


spatiotemporal markers of gait stability during dual task walking. Gait
Posture. 2007;26(1):113–119.

Você também pode gostar