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Manual de Treinamento em Controle de Poço

Operações de Completação e Workover


Diferenças entre Operações em Poço Aberto e
Poço Revestido

Autor: Alfonso Humberto Celia-Silva

2006

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Introdução

DEFINIÇÃO:

WELLCAP é um programa onde a IADC credencia instituições que satisfaçam


os padrões internacionais de treinamento em controle de poço. Assim, estas instituições pode-
rão emitir certificados e carteiras de habilitação do programa aos participantes aprovados após
o treinamento num determinado nível.

NÍVEIS DE CERTIFICAÇÃO/OPÇÕES:
- Introdutório – Superfície ou Combinado
- Fundamental - Superfície ou Combinado
- Supervisão – Superfície ou Combinado

NÍVEL SUPERVISÃO/COMBINADO:
- CURSO - Controle de Poços - 40 horas
- REQUISITOS - Presença mínima de 36 horas e notas mínimas de 7,0 nos testes
escrito e no do simulador de kicks
- REVALIDAÇÃO – A cada 2 anos

Este volume representa a primeira versão do Manual de Treinamento em Controle de


Poço para Poços Revestidos – Operações de Completação e Workover, utilizado nos cursos
pertencentes ao Programa de Certificação da Petrobras em Controle de Poço e ao programa
WellCAP da International Association of Drilling Contractors – IADC no nível de supervisão
em ambas as opções: ESCP Superfície e Submarino.
Este manual incorpora os procedimentos operacionais e outros aspectos de segurança
de poço constantes nas Normas Petrobras, no Manual de Treinamento em Controle de Poço da
Petrobras, no Manual de Controle de Poços em Água Profunda do Programa de Segurança em
Posicionamento Dinâmico (DP-PS). Ele está estruturado de forma a satisfazer os requisitos do
programa WellCAP no que concerne ao material didático.
Procurou-se observar na elaboração deste manual de treinamento uma conceituação e
uma nomenclatura coerente e em sintonia com os padrões internos da Petrobras e os interna-
cionais. Apesar deste manual ter como destaque o controle de poços em poços revestidos, ele
poderá ser utilizado no treinamento deste assunto em qualquer ambiente operacional.
Como esta versão ainda não sofreu um processo de revisão sistemático, o autor solicita
que os possíveis erros encontrados aqui sejam comunicados para que possam ser corrigidos
em versões futuras.

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Agradecimentos

Meus sinceros agradecimentos aos amigos e colegas pela colaboração em fornecer ma-
terial, fotos, desenhos e gráficos para elaboração deste manual, pela revisão previa de alguns e
pelas sugestões futuras, que eu sei que virão, de outros. Em especial aos engenheiros Helder
Mamede Frota, Jose Eduardo Lima Garcia, Francisco Stenio Bezerra Martins, Nilo de Moura
Jorge, Orlando Scaringi filho, Otto Luiz Alcântara Santos, Edson Széliga, Joaquim Ibiapina,
Rubens Ribeiro de Paula Júnior, Curt Max de Ávila Panisset, Mauricio Moraes Neves Jubior,
Rafael Guedes, e aos técnicos José Eugenio Almeida Campos, Marcio Koki, Julio Bittencourt
Neto, Jaqueline Soares, Antenor Beckert, Luana Martins, Luana Martins, Viviane Menezes,
entre outros que de um modo ou outro colaboraram.
Meus agradecimentos também a minha esposa Rosana, meus filhos Mariana, Humber-
to e Lucas, pela ajuda em algumas montagens e principalmente por aceitar e compreender a
ausência paterna por vários dias. E aos meus pais pelo contínuo e persistente incentivo.

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1. Operações de Completação e Intervenção em Poços

1.1. Intervenções em poços

As operações de intervenção em poços são divididas em operações de investimento e


de manutenção em poços.
As operações de investimento são classificadas em:
a. Completação;
b. Avaliação Exploratória;
c. Recompletação;
d. Mudança de Método de Elevação.
As operações de manutenção, conhecidas por workover, são divididas em:
e. Avaliação de produção;
f. Restauração;
g. Limpeza;
h. Estimulação;
i. Mudança de método de elevação;
j. Abandono de poço e arrasamento de locação.
As operações de mudança de método de elevação podem ser classificadas como ope-
ração de investimento quando ocorre alteração do conceito de produção do campo ou do re-
servatório.
A segurança de poço independe desta classificação, seja a operação de completação ou
de intervenção em suas variadas formas.

1.2. Operações de Completação

A completação compreende todas as operações destinadas a equipar o poço após a sua


perfuração com o objetivo final de produzir ou injetar fluidos de maneira segura e rentável.
Os fluidos produzidos são hidrocarbonetos, óleo ou gás, com ou sem a presença de água de
formação; os fluidos injetados são gás, água do mar ou produzida após tratamento na superfí-
cie, vapor ou polímeros em sistemas de produção e recuperação secundária e terciária.
Quanto aos aspectos técnicos e operacionais, a completação deve seguir o projeto de
explotação do reservatório, ser o mais permanente possível, minimizando a necessidade de
intervenções futuras para manutenção do poço e da produção do reservatório. Estas operações
futuras são conhecidas por operações de workover.
Tendo em vista os riscos envolvidos na operação de completação uma analise criterio-
sa deve ser feita considerando fatores econômicos, de segurança, de meio ambiente, tecnoló-
gico, de qualidade, políticos, fiscais, de mercado, enfim todos os fatores de risco de um ativo.

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1.3. Filosofia da Completação

Uma boa completação é aquela onde são observados os seguintes aspectos:


- Segurança;
- Técnico/operacional;
- Econômico.

1.3.1 Aspecto de Segurança: Barreiras de Segurança e Conjunto


solidário de Barreiras
Sob o aspecto de segurança, um poço necessita pelo menos de duas barreiras de segu-
rança simultâneas durante a sua vida (perfuração, completação e produção).
A barreira de segurança de poço de petróleo pode ser definida como “separação física
apta a impedir o fluxo dos fluidos de um intervalo permeável (formação) ao longo de um
caminho específico”, ou seja, barreira de segurança é um sistema independente, dotado de
uma certa confiabilidade, formado por um conjunto solidário de elementos, capaz de manter
sob controle o fluxo de um poço de petróleo. A segurança de um poço de petróleo é a condi-
ção proporcionada pelo conjunto de barreiras de segurança presentes no poço e sua integrali-
dade.
Exemplos de barreira: DHSV na coluna e Tampão de cimento no poço aberto
As duas barreiras de segurança devem ser independentes, isto é, a falha de qualquer
componente pertencente a uma barreira não pode comprometer a outra, salvaguardando o po-
ço contra o descontrole. Diz-se que duas ou mais barreiras são independentes uma da outra
quando os elementos que compõem uma barreira não pertencem à outra. Isto é, as barreiras
são independentes entre si se a intersecção de seus elementos for nula.

Atalhos e Conjunto Solidário de


Barreiras (CSB)
Ex.de
Barreira:
Tampão de Meio Ambiente
cimento
CSB
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Atalho:
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Fratura na Atalho: furo


na coluna
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Poço

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Ca

Zona com hidrocarboneto

Fig. 1.1 Conjunto Solidário de Barreiras

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A obrigatoriedade, em quaisquer operações ou fases de produção, de duas barreiras
para o controle do poço, pela norma da Petrobrás N-2757, faz com que, a qualquer falha ob-
servada em um componente de uma barreira, se intervenha no poço para o seu reparo ou subs-
tituição. Atualmente o conhecimento da área de produção e do poço, reservatórios atravessa-
dos pelo poço e isolamento entre eles, são considerados na definição das barreiras necessárias
para segurança do poço.
Tanto as barreiras, quanto os conjuntos solidários de barreira são definidos e caracteri-
zados em função do evento topo a ser evitado e quanto ao caminho.
Por exemplo, na Fig. 1.1 o evento topo indesejável escolhido no caso de sistema "po-
ço marítimo" é a erupção (fluxo descontrolado para fora) do poço, o exemplo mostra os cami-
nhos mapeados para poços marítimos. No seu mapeamento foram usados os poços-tipo da
Bacia de Campos.
O hidrocarboneto ou fluido da formação pode chegar naturalmente à superfície através
de camadas sem competência ou camadas permeáveis que chegam até a superfície, “Oil-
seepages”.
Ou pode atingir o meio ambiente através do poço aberto, do anular entre o revestimen-
to e poço, do anular entre dois revestimentos, do interior do revestimento, do anular entre co-
luna e revestimento e do interior da coluna.
Problema de Atalhos
A definição de barreira proposta, não impede que o evento topo indesejável seja atin-
gido através de atalhos ou desvios entre os caminhos mapeados, veja, por exemplo, o caminho
“poço aberto”. Apesar de se ter uma barreira (o tampão de cimento), pode encontrar um atalho
para o caminho “camadas permeáveis até a superfície” através de uma fratura na formação
que pode ocorrer durante a execução do tampão de cimento devido a pressurização excessiva.
O outro exemplo, o desvio do caminho “interior da coluna”, que apesar de ter como
barreira a válvula de segurança de subsuperfície (downhole safety valve – DHSV), pode atin-
gir a superfície através do caminho “anular da coluna x revestimento” através do furo na co-
luna.
Isto é, apesar de ter barreiras em todos os caminhos possíveis, não há garantia de que
todos os atalhos foram também isolados.
Baseado nesta definição, uma barreira de segurança de poço de petróleo pode ser posi-
tiva, quando é testada no sentido de fluxo da formação para o poço, ou condicionais, quando
não é testada, ou quando sua estabilidade e eficácia são comprometidas com o passar do tem-
po. Podem ser:
- Líquida: coluna de líquido à frente de um determinado intervalo permeável, pro-
vendo pressão hidrostática suficiente para impedir o fluxo de fluido do intervalo
em questão para o poço. Um fluido somente poderá ser confirmado como barreira
de segurança depois de um monitoramento confiável por um período de tempo, pa-
ra assegurar que quaisquer expansões térmicas do fluido tenham cessado, ou qual-
quer efeito de perda de fluido esteja controlado. O fluido de perfuração, por formar
reboco, é uma barreira estável, enquanto do fluido de completação/intervenção,
por ser isento de sólidos e não formar reboco, é uma barreira instável, ocorre uma
perda constante de fluido para a formação e pequenas trocas de fluidos entre o po-
ço e a formação;

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- Sólida consolidada é aquela que não se deteriora com o tempo e pode ser constitu-
ída de:
o Tampões de cimento ou outros materiais de características físicas similares;
o Revestimentos cimentados;
o Anulares entre revestimentos cimentados;
o Canhoneados squeezados e testados positivos por dry test;
- Sólida mecânica é aquela considerada como temporária e pode ser constituída de
um dos seguintes elementos:
o Tampão mecânico permanente (bridge plug permanente);
o Tampão mecânico recuperável (bridge plug recuperável);
o Retentor de cimento (cement retainer);
o Obturadores (packers), de qualquer natureza;
o Válvulas de segurança do interior da coluna de produção;
o Tampões mecânicos do interior da coluna de produção;
o Equipamentos de cabeça de poço.
- Natural quando a própria natureza prover o recurso para impedir o fluxo:
o Hidrostática da água do mar, se esta for maior que a pressão estática e o poço
for submarino;
o Hidrostática do próprio fluido da formação da cabeça do poço até o fundo, se
este for maior que a pressão estática, poço não surgente;
o Depleção do reservatório em conseqüência da explotação do mesmo;
o Camadas litológicas que isolam o fluido.
As barreiras de segurança dependem da intervenção em execução, por exemplo, se o-
perando com sonda terrestre ou em plataforma fixa são consideradas barreiras de segurança o
fluido de intervenção e o BOP instalado e testado na cabeça do poço, como dito anteriormente,
o conhecimento da área e reservatórios expostos é considerado uma barreira de segurança, um
poço em reservatorio depletado, com razão gás/óleo baixa (RGO < 300 m3/m3) pode ser ope-
rado com o fluido em nível estático ou alimentado em pequena vazão. Outros exemplos, um
poço em produção tem como barreiras de segurança os conjuntos Packer/DHSV e
ANM/Tubing Hanger, uma intervenção em sonda flutuante com Árvore de Natal (AMN) ins-
talada, operando com flexitubo, tem como barreiras de segurança o BOP de workover acima
da ANM, a própria ANM e injetor e BOP de flexitubo na plataforma de operação.

1.3.2 Aspectos Técnicos e Operacionais


Quanto aos aspectos técnicos e operacionais, deve-se buscar uma completação de for-
ma a maximizar a vazão de produção (ou injeção) sem danificar o reservatório, tornar a com-
pletação a mais permanente possível, de forma que idealmente poucas ou nenhuma interven-
ção seja necessária até o fim da vida produtiva do poço para correção ou manutenção do
mesmo. Deve ainda minimizar o tempo necessário para executar os trabalhos de intervenção
no poço, bem como tornar a intervenção a mais simples possível.
A taxa de vazamento, queda de pressão, em barreiras tais como válvulas de Árvore de
Natal deve obedecer aos critérios do Instituto API (400 cm3/min ou 900 scf/h), norma API-
14A.

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1.3.3 Aspectos Econômicos
Para que se tenha uma completação bastante econômica, devem ser considerados os
aspectos técnico, operacional e de padronização. Os aspectos técnico e operacional trazem
benefícios econômicos quando maximizam a produção de óleo e minimizam o tempo e a fre-
qüência das intervenções, minimizando conseqüentemente o custo com sonda, que é um dos
custos mais relevantes numa intervenção. A padronização dos equipamentos utilizados nos
poços reduz os custos com estoques.
A completação tem reflexos em toda a vida produtiva do poço e envolve altos custos,
fazendo-se necessário um planejamento criterioso, onde os seguintes fatores são considerados:
- Investimentos necessários;
- Localização do poço (mar ou terra);
- Tipo de poço (pioneiro, extensão, desenvolvimento);
- Finalidade (produção, injeção, monitoramento de reservatório);
- Fluidos produzidos (gás seco, óleo, óleo e água, etc);
- Volumes e vazões de produção esperados;
- Número de zonas produtoras atravessadas pelo poço;
- Possível mecanismo de produção do reservatório;
- Necessidade de estimulação (aumento da produtividade);
- Controle ou exclusão da produção de areia;
- Possibilidade de restauração futura do poço;
- Tipo de elevação dos fluidos (natural ou artificial) e previsão futura de elevação
artificial;
- Necessidade de recuperação secundária.

1.3.4 Barreiras conforme as operações executadas


Para as operações descritas, as principais barreiras de segurança recomendadas podem
ser:
a. Nas operações de perfuração:
- Fluido de perfuração com pressão hidrostática suficiente para conter as
pressões das formações;
- Conjunto de preventores contra erupção (BOP Stack) de acordo com a
norma Petrobras N-2753 e o API RP-53;
- Revestimento ou liner cimentado e testado com pressão compatível com o
poço ou com a operação.
b. Nas operações de instalação ou desmontagem de Árvore de Natal, ou do con-
junto de preventores de erupção (BOP Stack):
- Válvula de segurança de sub-superfície (SSSV ou DHSV) com controle na
superfície de acordo com API RP-14B;
- Válvula de contrapressão (BPV – Back Pressure Valve);
- Fluido de densidade suficiente para conter a pressão da formação;

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- Tampões mecânicos na coluna de produção ou injeção instalados com ara-
me (Wire Line Plugs).
c. Nas operações de completação ou restauração (workover) de poços:
- Coluna de fluido de completação em nível estável, com densidade suficien-
te para conter a pressão da formaçao;
- Revestimento ou liner cimentado testado pressão;
- Conjunto de preventores contra erupção (BOP stack) de acordo com norma
Petrobras N-2753;
- Tampões mecânicos na coluna de produção ou injeção instalados com ara-
me (wire line plug);
- Válvula de contrapressão (BPV);
- Tampões mecânicos no revestimento (Bridge Plugs);
- Obturador hidráulico (Packer) tamponado, assentado acima do canhoneado
superior, testado com pressão e peso;
- Tampão de cimento no revestimento, testado com pressão e peso;
- Preventor de cabo ou arame (Wire line BOP);
- Cabeça de injeção, no caso de estimulações ou tratamento químico.
d. Nas operações de produção:
- Válvula de segurança de subsuperfície (SSSV ou DHSV) com controle na
superfície;
- Árvore de Natal (ANC ou ANM) de acordo com o API Spec.6A;
- Tampões mecânicos na coluna de produção ou injeção instalados com ara-
me (Wire Line Plug);
e. Nas operações com arame e poço com Árvore de Natal (ANM ou ANC):
- Árvore de Natal (ANC ou ANM);
- Conjunto de preventores contra erupção,BOP, para arame;
- BOP de Workover (RT, BOP e FIBOP) nas operações com ANM;
- Válvula capaz de cortar o arame acima da válvula máster de fechamento
automático.
f. Nas operações com tubo flexível (Flexitubo ou Coil Tubing):
- Árvore de Natal (ANC ou ANM);
- Conjunto de preventores contra erupção,BOP, para tubo flexível;
- BOP de Workover (RT, BOP e FIBOP) nas operações com ANM.
- Válvula capaz de cortar o flexitubo acima da válvula máster de fechamento
automático.
g. Nas operações de estimulação:
- Válvula de segurança se Subsuperfície (SSSV) com controle na superfície;
- Cabeça de injeção ou Terminal Head;
- Arvore de Natal;
- Arvore Submarina de Teste (AST) em operações com BOP submerso.
h. Na manutenção de equipamentos de processo nos módulos da plataforma, em
conjunto ou paralelo com construção e perfuração/workover:

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- Válvula de bloqueio tipo esfera, soldada, trancada ou fechada com corrente;
- Raquete ou figura oito (Spactacle Blind) na linha a jusante do poço;
- Tampão soldado ou rosqueado, sobre-soldado em terminais de linha.

Obs.:
1. Todas as barreiras de segurança devem ser testadas de acordo com o procedimen-
to em vigor, com a pressão especificada, pelo tempo determinado e, sempre que
possível, na direção esperada do fluxo que deve ser bloqueado;
2. Sempre que houver perda de circulação em presença de zona portadora de hidro-
carbonetos exposta, ou trabalho de controle de poço, verificar a necessidade da
paralisação de outras operações simultâneas;
3. Um dispositivo de segurança de subsuperfície (DSSS) que falha na posição fe-
chada, mantendo a pressão de fundo do poço, sem vazamentos, não é considerado
como falha de barreira de segurança, salvo a necessidade de desequipar o poço
para substituí-la;
4. Poços fechados temporariamente podem ter seu dispositivo de segurança de sub-
superfície (DSSS) substituído por tampão mecânico.

1.4. Intervenção em Poço “Vivo”


A intervenção em poço vivo, fechado ou em produção, exige maiores cuidados nas in-
tervenções, afinal o poço está em situação de surgência, seja natural ou por gas-lift.
Em caso de intervenção com poços em formações depletadas, com fluido em nível es-
tático, verificar a necessidade do monitoramento constante do nível do fluido com
“SONOLOG”. Caso seja observado qualquer variação no nível do poço, deve-se interromper
as operações, fechar o poço para observação, analise do problema e planejamento da seqüên-
cia operacional.
Em operação com poço “vivo” que produzam com elevada razão gás/óleo (RGO), de-
ve-se redobrar os cuidados para evitar “surpresas desagradáveis”, como por exemplo, o sur-
gimento de golfadas na superfície.

1.5. Intervenção em poço amortecido


A detecção de kick em poço amortecido é semelhante aos métodos usados em perfura-
ção, mas pode ocorrer do poço ser mantido amortecido completando constantemente o nível
do mesmo (poço “bebendo”), neste caso deve-se estar atento à vazão de perda do poço.
É necessário que a sonda tenha planos de contingência para todas as fases de uma in-
tervenção no poço, seja de perfuração, completação ou workover. A equipe da sonda deve
estar atenta para o fechamento do poço em segurança em caso de emergência operacional,
perda de posicionamento em sondas DP (posicionamento Dinâmico) e black out, para a seguir
controlar o poço. No caso de sondas operando em plataformas de produção, operações simul-
tâneas, ficar atento a necessidade de interromper as operações da plataforma caso alguma a-
normalidade do poço e vice-versa, interromper as operações na sonda no caso de alguma a-
normalidade na plataforma de produção, e como deixar o poço e a sonda em segurança.

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1.6. Tipos de Completação
A completação pode ser classificada quanto ao posicionamento da cabeça do poço em
completação seca ou completação molhada ou submarina. Na completação seca a cabeça do
poço fica na superfície, poços em terra ou em plataformas marítimas fixas ou de completação
convencional, permitindo o acesso direto dos operadores às válvulas da cabeça do poço e da
Árvore de Natal, e ao poço. Na completação molhada ou submarina a cabeça de poço fica no
fundo do mar, sendo instalada uma Arvore de Natal Molhada, ANM, que, estando submersa,
somente permite acesso remoto para acionamento das válvulas, esse acesso pode ser hidráuli-
co, eletro-hidráulico ou por veículo de operação remota (ROV).
Quanto ao revestimento de produção a completação pode ser em poço aberto, com re-
vestimento ou liner cimentado e canhoneado, com liner rasgado ou perfurado ou com tela que
pode ser “stand alone” ou com engravilhamento. No caso de completação a poço aberto, liner
não cimentado ou tela, o revestimento de produção é descido e cimentado acima da zona pro-
dutora sendo, então, perfurada a última fase. Caso de completação em revestimento ou liner
cimentado, o revestimento é canhoneado, perfurado, para colocar a zona produtora em contato
e permitir a produção ou injeção de fluidos.
Atualmente os tipos de completação mais usados são com revestimento ou liner ci-
mentado ou com tela e gravel pack, ou seja, ou anular tela/poço é preenchido com elemento
de sustentação (areia, bauxita, cerâmica ou outro produto de granulometria homogênea e con-
trolada).
Quanto ao número de zonas explotadas a completação é classificada em simples quan-
do uma única coluna equipa o poço, ou múltipla quando diferentes zonas ou reservatórios são
colocados em produção num poço, seja com duas coluna, ou com válvulas de fundo que per-
mitam o controle independente das mesmas.

1.7. Operações de Intervenção

Após a completação inicial do poço, se faz necessário uma série de operações, deno-
minadas de manutenção da produção, visando avaliar a produtividade ou corrigir problemas
de produção ou de elevação, ou ainda, alterar as condições de equipagem do poço.
De modo a garantir a vida produtiva futura do poço e drenagem adequada do reserva-
tório, as operações de completação e intervenção, além do aspecto econômico, devem ser e-
xecutadas atendendo requisitos básicos, destacando-se:
- Durante e após perfuração da zona produtora é imperativo obter o máximo de in-
formações relativas às características da formação, tipos de fluidos, profundidade e
espessura das zonas de interesse atravessadas;
- Para que haja uma comunicação reservatório-poço desobstruída, com o melhor a-
proveitamento de energia do reservatório na vida útil do poço, as zonas produtoras
devem ter alterado o menos possível sua permeabilidade, ou seja, o dano na forma-
ção deve ser minimizado com a menor invasão de filtrado dos fluidos de perfura-
ção e de completação ou do filtrado da pasta de cimento;
- Manter o diâmetro do poço o mais uniforme possível, principalmente em frente às
zonas produtoras;
- Abrir ao fluxo a maior área possível e economicamente viável das paredes do poço
(revestimento), sem, contudo, causar danos ao poço e reservatório, levando-se em

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conta os contatos gás/óleo e óleo/água no reservatório e tendência de avanço destes
contatos;
- Manter isoladas entre si as várias zonas produtoras e portadoras de fluidos diferen-
tes atravessadas pelo poço;
- Ser o mais permanente possível, a depender das facilidades para intervenções futu-
ras no poço;
- Prover condições para execução racional e econômica de quaisquer trabalhos de
manutenção, restauração ou recompletação futuros;
- Permitir o desenvolvimento normal das operações de produção ou injeção de flui-
dos no poço minimizando as perdas causadas pelo próprio poço ou equipamentos
de cabeça de poço ou internos (diâmetro revestimento ou de coluna, ou de quais-
quer acessórios da coluna – niples, mandris, etc);
- Poço produtor de gás somente está amortecido se estiver “bebendo”;

1.8. Principais Causas de Intervenção nos Poços

Além da completação, as principais causas geradoras de intervenção são:


a. Baixa produtividade;
b. Produção excessiva de água
c. Produção excessiva de gás;
d. Produção de areia;
e. Falhas mecânicas nos equipamentos de elevação (coluna, bomba, acessórios de
coluna, etc);
f. Falhas mecânicas no revestimento;
g. Avaliação dos parâmetros de reservatório;

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2. Características e Comportamento dos Gases
Um kick pode ser constituído de água salgada, óleo, gás ou uma combinação deles. Se
o influxo é de gás, este pode ser hidrocarboneto, sulfídrico (H2S) ou carbônico (CO2). Os dois
últimos são tóxicos e requerem equipamentos de segurança de poço e procedimentos preven-
tivos e de controle específicos. Quando existe gás livre no poço, o seu controle torna-se mais
difícil devido às propriedades de expansão do gás e à grande diferença entre as massas especí-
ficas do gás e do fluido de amortecimento. Os efeitos da expansão podem ser avaliados pela
lei dos gases reais.

2.1. Lei de Boyle – pressão, volume e correlações


Os gases são fluidos com a propriedade de ocupar todo o volume no qual ele é coloca-
do.
Um gás é chamado de ideal quando ele segue a lei de Clayperon que é dada por:

P ×V = n × R × T
Onde:
P: Pressão absoluta do gás
V: Volume do gás
T: Temperatura absoluta do gás
n: Número de moles do gás
R: é uma constante que depende das unidades escolhidas

Alguns valores de R são:


R = 8,314 J/mol.K; R = 1,987 cal/mol.K; R = 83,14 cm3.bar/mol.K;
R = 82,05 cm3.atm/mol.K; R = 0,7302 atm.pé3/lb-mol.R,
R = 10,73 psia pé3/lb-mol.R; R = 1,545 pé.lbf/lb-mol.R;
R = 1,986 Btu/lb-mol.R; R = 80,266 psia gal/lb-mol R;
R = 0,08205 L.atm/mol.K; R = 62,36 L.mmHg/mol.K

O número de moles pode ser calculado por:

M
n=
MM
Com:
M Massa do gás
MM é a massa molecular do gás

No caso de gases a pressão hidrostática varia com a pressão e temperatura a que está
submetido. A pressão na base da coluna de gás é dada pela equação a seguir e a pressão hi-
drostática é a diferença entre a pressão de base e a pressão de topo.

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⎛ M ×h ⎞
⎜⎜ ⎟⎟ Ptg
× ×( + )
Pbg = Ptg × e ⎝ 472 Z T 460 ⎠

Onde: h
Pbg: pressão na base do gas (psia)
Ptg: pressão no topo do gás (psia)
M: massa molecular do gás (grama)
T: temperatura do gás (ºF) Pbg
h: altura do gás (m)
Z: fator de compressibilidade do gás

M = 29 . dg Fig.4.1 Pressão Hidrostática do gás.

A massa molecular do gás poderá ser encontrada através da sua densidade. A massa
molecular de um gás resulta da densidade do gás (dg) pela massa molecular do ar, que é igual
a 29 gramas.
Lei de Boyle: “Numa dada temperatura, o produto da pressão pelo volume de uma cer-
ta massa de um determinado gás é constante”. Trata-se de uma transformação isotérmica (à
temperatura constante):

P1 . V1 = P2 . V2 = constante

2.2. Migração e expansão dos gases


Durante a migração do fundo do poço para a superfície o gás se expande conforme a
pressão a que esteja submetido, portanto na circulação de um kick de gás deve se permitir que
o fluido invasor chegue a superfície com expansão controlada, através de contrapressões no
choke, que somadas às pressões hidrostáticas do fluido invasor e do fluido de amortecimento
irão contrabalançar a pressão da formação que gerou o influxo. Enfim o kick é circulado man-
tendo-se a pressão constante no fundo do poço através de ajustes do choke na superfície.
Seja o exemplo:
Com que volume um barril de gás, que invade o poço na profundidade de 3.000 m,
com a pressão de 5400 psi, chega a superfície?
Considerando um gás ideal (Z = 1) e o processo isotérmico (T1 = T2 = cte)
P1 . V1 = P2 . V2
Sendo:
P1 = 5400 + 14,7 = 5414,7 psia (pressão absoluta)
P2 = 14,7 psia (pressão atmosférica na superfície)
V1 = 1 bbl
V2 = (P1 . V1) / P2 = (5414,7 x 1) / 14,7 = 361 bbl
Ou seja, para cada barril de fluido invasor nestas condições (3000 m e 5414,7 psia) são
liberados na superfície, para atmosfera 361 bbl, devido a migração e expansão do gás.

14
E se o poço for mantido fechado durante toda a migração do gás?

.
Ps = 300psi Ps
Ps ==1.575psi
1.575psi Ps = 2850 psi Ps = 5.400 psi

BOP BOP BOP BOP 1 bbl gás


P = 5400 psi
750m
750m
ρL = 10 lb/ gal 1 bbl gás
1500m ρec = 14.1 lb/ gal P1= bbl
5400gás
psi
ρec = 10.8 lb/ gal P = 5400 psi ρec = 24.1 lb/ gal
ρec = 17.5 lb/ gal ρ
1 bbl gás ρ
2260m
2260m
P = 5400 psi

3000m
3000m 1 bbl gás
BHP = PF = 5.400 ps BHP = 6.675 psi BHP = 7.950 psi BHP = 10.500 psi

Fig. 4.2 Migração do gás com BOP fechado sem drenar pressões

No exemplo da fig. 4.2 a migração do 1 bbl de gás produzido no fundo do poço ocorre
com controle da pressão na superfície, mantendo o BOP fechado e não permitindo a expansão
do gás, ou seja, considerando gás ideal (Z = 1) e processo isotérmico (T = cte), o volume
mantido constante em 1 bbl, a pressão do gás também se mantém constante e igual a pressão
original (pressão da formação). Conseqüentemente, quando o gás migra com volume e pres-
são constantes, a pressão no poço aumenta proporcionalmente à elevação do gás e à pressão
na superfície. O controle da pressão na superfície é essencial para evitar pressões excessivas
no poço e equipamentos do poço.

2.3. Solubilidade do gás


Quando um gás entra em contato com um liquido, uma parcela deste gás se dispersa
no líquido formando uma solução. A solubilidade dos gases em líquidos depende da natureza,
capacidade de ionização do gás e do liquido, da temperatura e da pressão. Quando a solubili-
dade de um gás em um liquido é elevada, ocorre uma interação química entre ambos.

Exemplo: Cl2 + h2O Ù HCl + HClO

A influencia da temperatura e da pressão na solubilidade dos gases em líquidos:


Mantendo-se a pressão, observa-se que a solubilidade decresce com o aumento da
temperatura, isto é, os gases são mais solúveis a frio, e sua solubilidade é mínima quando o
líquido atinge a temperatura de ebulição. A interação química entre gás e líquido pode afetar
esta regra, pois muitas reações e interações químicas são catalisadas com a elevação da tem-
peratura.
Mantendo-se a temperatura, a solubilidade do gás é diretamente proporcional à pressão,
lei de Henry:
m=k.P
onde:
m é a massa do gás dissolvido;

15
P é a pressão exercida sobre o gás;
K é a constante de proporcionalidade e de compatibilização de unidades.
A lei de Henry somente é valida quando não há interação química entre o gás e o lí-
quido.
Em altas pressões o gás pode ser comprimido ao estado líquido, havendo um influxo
de gás em estado líquido, não ocorrerá migração ou expansão desse gás até que, com a circu-
lação do poço, a pressão de bolha seja alcançada e o gás se expandirá rapidamente.
Os hidrocarbonetos gasosos e o H2S são mais solúveis em fluidos sintéticos que em
fluido base água.

2.4.Influxo de gás em fluido sintético


O comportamento do influxo de gás em fluido sintético é diferente quando em fluidos
base água. Enquanto, nesses o influxo de gás no poço reflete num ganho de fluido na superfí-
cie, ou seja 10 bbl de kick implica num ganho de 10 bbl no tanque de fluido ativo, naquele o
gás entra em solução ao fluido sintético, boa parte do influxo se solubiliza no fluido não refle-
tindo em ganho na superfície, por exemplo, 10 bbl de influxo, devido a solubilidade do gás,
reflete de 2 a 3 bbl de ganho na superfície. O gás em solução não migrará como o gás livre,
porem com a circulação do poço e a redução da pressão, o gás se libera de solução se expan-
dindo rapidamente, se a circulação é plena, pela flow line, essa expansão pode resultar em
perda considerável de fluido e conseqüente novo influxo, além do risco da presença de gás na
mesa rotativa. Se a circulação se faz com controle de pressão pelo choke, essa expansão rápi-
da exige ajustes no choke para manter a pressão de fundo constante e acima da pressão da
formação.

2.5.Hidratos
Hidrato é um sólido parecido com gelo que é formado a depender da pressão e tempe-
ratura, quando gás fica em contacto com água. O hidrato são moléculas de água que formam
pequenos reticulados onde o gás fica
aprisionado. É estimado que um pé
cúbico de hidrato pode conter o equi-
valente a 180 pés cúbicos de gás nas
condições padrão.
As condições para a formação
de hidratos são:
a. Gás (de pequeno peso molecu-
lar tais como: metano, etano,
propano, isobutano, normal-
butano, nitrogênio, dióxido de
carbono, gás sulfídrico, argônio,
kriptonio e xenônio).
b. Água
c. Pressão alta
d. Temperatura baixa
Fig.4. 3 Estrutura cristalina do “Hidrato”

16
A depender do gás haverá uma
região de temperatura e pressão que
permitirá a formação do hidrato, essa
região é conhecida como envelope de
hidratos.
Logo, locais mais prováveis de
ocorrência de hidratos serão próximos ao
fundo do mar, onde a temperatura é bai-
xa e, a depender da lâmina d’água, a
pressão será alta.
Os principais locais onde pode
haver a formação de hidratos serão:
a. BOP submarino;
b. Linha de choke;
c. Arvore de natal molhada;
d. Linhas de produção submari-
nas;
e. Choke Manifold Fig. 4.4 Estrutura cristalina dos hidratos

A formação de hidrato nas linhas de superfície e choke manifold se deve principal-


mente pelo resfriamento causado pela expansão do gás após passagem pelo choke devido a
redução brusca de pressão observada neste local.

Para se evitar a ocorrência do


hidrato pode-se:
- Minimizar a ocorrência de gás,
operando com bom controle de
poço evitando influxos;
- ocorrência de gás junto a água,
circulando tampões espaçadores no
amortecimento de poços em
workover;
- Usar inibidores de hidratos,
cinéticos ou termodinâmicos, por
exemplo, injetar álcool, metanol ou
glicol pela linha de kill inferior Fig. 4.5 Bloco de hidrato retirado de linha de produção
durante a circulação de kick com
fluido base água;
- Evitar paradas prolongadas de circulação, mantendo poço aquecido;
- Operar fora do envelope da formação de hidratos.
Para se remover os hidratos alem de elevar a temperatura ou reduzir a pressão à jusan-
te do hidrato, pode-se utilizar álcool ou removê-lo mecanicamente.

17
Enfim, deve-se operar no sentido de evitar a formação de hidratos, que dificulta o con-
trole do poço, tanto na circulação pelo congelamento das linhas de choke, quanto pelo eventu-
al travamento de válvulas.
A fig. 4.6 mostra a possibilidade de formação de hidratos em função da profundidade,
lâmina d’água e da temperatura da água.

Fig. 4.6 Curvas de formação de hidratos em função da lâmina d’água

18
3. Procedimentos Operacionais

Os seguintes procedimentos são preventivos de segurança de poço para varias situa-


ções operacionais possíveis.

3.1. - Procedimentos de caráter geral


1. Elaborar um programa do poço contendo informações sobre as formações geológi-
cas a serem perfuradas, as curvas de pressão de poros e de fratura, as propriedades
recomendadas do fluido de perfuração e possibilidade de formação de hidratos. O
conceito de tolerância de kicks deverá ser considerado no projeto do poço.
2. Os programas de completação e workover devem conter as informações de segu-
rança do poço ou de poços de correlação, as propriedades de fluido de intervenção,
a resistência estimada do revestimento e dos equipamentos de superfície, a ocor-
rência de squeeze e respectiva pressão de teste.
3. Exigir que os integrantes das equipes das sondas possuam certificação válida em
controle de poço emitida pelo programa WellCAP do IADC ou IWCF. Submeter
periodicamente esses profissionais a testes práticos para detecção de um kick e fe-
chamento do poço.
4. Inspecionar e testar os equipamentos de segurança de poço segundo o programa de
testes pré-determinado bem como o bom funcionamento das unidades acumulado-
ra/acionadora. Colocar em local de fácil observação um quadro contendo instru-
ções sobre o fechamento do poço e máximas pressões permissíveis no choke e ou-
tro contendo a configuração e as dimensões do conjunto BOP.
5. Preparar e divulgar um plano de ações a serem executadas no caso da ocorrência
de um kick. Certificar-se que os elementos envolvidos nas operações de controle
de poço estão cientes de suas funções e responsabilidades e que os equipamentos
de segurança do poço estão operando satisfatoriamente.
6. Manter válvulas de kill e choke fechadas e se observado kick efetuar fechamento
do BOP com choke fechado, fechamento “hard”.

3.2. Na perfuração
1. Manter a planilha de informações prévias atualizada, isto inclui os cálculos e/ou
registros da pressão reduzida de circulação, das perdas de carga nas linhas do
choke e de matar (sondas flutuantes), das pressões máximas no choke, do volume
de lama total no sistema, do deslocamento volumétrico e eficiência das bombas e
da configuração do poço.
2. Manter a linha verde sempre na sua condição de operação, isto é, todas as válvu-
las do choke manifold abertas exceto a HCR (ESCP de superfície) e as válvulas
submarinas (unidades flutuantes) e o choke.
3. Ajustar os alarmes dos indicadores do nível dos tanques e do fluxo de retorno do
poço.

19
4. Manter um plataformista junto às peneiras monitorando as principais propriedades
do fluido (massa específica e viscosidade) e comunicando de imediato ao sonda-
dor anormalidades verificadas tais como o aumento do fluxo de retorno e corte de
gás ou óleo do fluido de perfuração.
5. Circular uma vez por dia as linhas de choke e de matar para evitar o entupimento
das mesmas nas sondas flutuantes. Utilizar nesta circulação o mesmo fluido que
está no poço.
6. Fazer flow check preventivo em todas as conexões, quando se estiver perfurando
uma zona potencialmente produtora. Fechar o BOP e registrar pressões de fecha-
mento quando o flow check não for conclusivo devido aos movimentos da embar-
cação.

3.3. Na manobra
1. Manter na plataforma da sonda o inside-BOP e a válvula de segurança da coluna
de com as roscas lubrificadas. Manter também na plataforma os substitutos que
poderão ser usados durante a manobra da coluna.
2. Condicionar o fluido de perfuração para minimizar os riscos de pistoneio durante
a retirada da coluna.
3. Encher o tanque de manobra e verificar a adequação da escala. Acompanhar a re-
tirada da coluna através do programa de enchimento do poço e utilizando o tanque
de manobra. Utilizar para este fim a planilha de manobra (trip sheet) onde cada
manobra é comparada com a anterior com o objetivo de detectar comportamento
anômalo. Atentar para o enchimento do tanque de manobra.
4. Verificar através da realização de um flow check preventivo se o poço está estável
antes de iniciar a manobra. Em situações em que há duvidas sobre a pressão de
poros, fazer uma manobra curta (10 seções) e circular um bottoms-up.
5. Retirar a coluna com velocidade compatível com a margem de segurança de ma-
nobra adotada. Caso seja observado pistoneio, descer a coluna até o fundo do po-
ço e circular um bottoms-up para remoção de uma possível fluido contaminado.
6. Efetuar um flow check preventivo antes dos comandos passarem pelo BOP. Exer-
cer cautela quando o BHA passar em frente ao BOP.
7. Em sondas flutuantes, manter aberta a gaveta cisalhante após a passagem da broca
pelo BOP pois existe a possibilidade de dano a esta gaveta no caso da queda da
coluna de perfuração. Assim, deve-se observar atentamente o retorno de fluido
pelo riser e só se deve fechar a gaveta cisalhante no caso da comprovação de que
o poço está em kick. Em sondas com ESCP de superfície, após a broca passar pela
mesa rotativa, fechar o poço pela gaveta cega ou cisalhante e observar se há cres-
cimento de pressão no manômetro do choke.
8. Antes de iniciar a descida da coluna de perfuração, esvaziar o tanque de manobra
e observar a adequação da escala. Acompanhar a descida da coluna utilizando o
tanque de manobra e a planilha de manobra.

20
3.4. Na descida de coluna de revestimento
1. Inserir na planilha de informações prévias os dados relativos à coluna de revesti-
mento que está sendo descida no poço.
2. Em sondas com ESCP de superfície, antes da descida da coluna de revestimento,
deve-se trocar a gaveta cega ou cisalhante por gaveta vazada compatível com o
tubo de revestimento a ser descido.
3. Descer a coluna de revestimento com velocidade compatível com a pressão de
fratura da formação mais fraca exposta no poço para evitar problemas com o sur-
gimento de pressões.
4. Em sondas flutuantes, fazer um flow check preventivo antes da coluna de reves-
timento passar pelo BOP. Permanecer o menor tempo possível com a coluna de
revestimento frente ao BOP.

3.5. Na Completação e em Workover


1. Inserir na planilha de informações prévias os dados relativos ao de revestimento
de produção, profundidade de canhoneado, coluna de trabalho e coluna de produ-
ção usadas no poço;
2. Em sonda com ESCP de superfície, verificar se as gavetas do BOP estão corretas,
conforme colunas a serem manobradas no poço, se forem substituídas gavetas,
certificar do teste do BOP após a substituição;
3. Após canhoneado poço, comunicação da zona produtora com o poço, amorteci-
mento do poço em workover, fraturamento de formação ou acidificação de matriz,
verificar perda de fluido e se a taxa de perda é compatível com a região e com a
capacidade de fabricação de fluido. Se a vazão de perda for excessiva promover o
combate à perda com técnicas que não danifiquem ou que reduzam os danos à
formação.
4. Em poços de gás manter nível do poço sempre visível e poço “bebendo”, comba-
ter a perda se necessário;

3.6. Em operações de teste de poço


1. Verificar a coluna de teste se é compatível com a coluna de trabalho ou coluna de
produção usadas no poço, se os elementos são compatíveis com o BOP;
2. Em sondas flutuantes verificar o posicionamento da Árvore de Natal de Teste
(AST), se é compatível com o BOP e se a junta cisalhante está em frente a gaveta
cisalhante;
3. Verificar o direcionamento do queimador e confirmar as linhas de fluxo do poço
para separador e queimador estão corretamente instaladas, fixadas e testadas.
4. Verificar pontos de injeção de inibidores de hidratos, se estão testados.

21
4. Técnicas de Controle de Poço durante a Produção ou
Fluxo, antes ou durante a Completação ou Intervenção
de Poços

4.1. Técnicas e equipamentos de controle de poço


Durante a fase de produção os equipamentos de controle de fluxo e do poço são:
- AN: Árvore de Natal, pode ser seca ou convencional ou molhada, é a principal bar-
reira na cabeça de poço, direciona o fluxo para produção e fecha o poço quando
necessário, é composta de um conjunto de válvulas de gavetas que podem ser a-
cionadas hidraulicamente ou mecanicamente;
- Válvula de segurança de subsuperfície, válvula instalada na coluna de produção
com finalidade de fechar o poço no caso de perda de controle durante a produção,
pode não ser instalada quando o reservatório é depletado com baixa razão gás/óleo
(RGO), ou quando o poço é isolado atendendo as premissas das normas Petrobras;
- Bean de Produção: Válvula de agulha, choke, na linha de produção, tem a finalida-
de de controlar a vazão e pressão do poço na entrada dos equipamentos de proces-
so, separador ou bomba de trasnferencia;
- Outras válvulas instaladas nas linhas de surgência e manifold de produção.
Durante as intervenções de completação e workover os equipamentos de controle de
poço são os mesmos das operações de perfuração quando operando sem Árvore de Natal:
- Conjunto BOP;
- Equipamentos de controle de superfície;
- Árvore submarina de Teste, usada em testes de poços submarinos com BOP insta-
lado.
Em operações de workover com AN instalada, os equipamentos de segurança de poço
são:
- BOP e lubrificador de arame (slick line);
- Equipamentos de superfície de Flex tubo;
- BOP e equipamentos de superfície de wire line, operações a cabo;
- BOP de workover em operações com sondas de posicionamento dinâmico;
- Árvore de Teste de coluna, submarina ou de superfície;
- Outros equipamentos de superfície conforme a operação realizada.
As técnicas de controle de poço utilizadas dependem da operação em andamento, ge-
ralmente em poços revestidos opta-se pelo recalque do influxo para a formação, bullheading,
mas nem sempre é uma operação possível e segura, então outras técnicas podem ser usadas
para o controle do poço. Mas todas as técnicas de controle em poço revestido dependem do
revestimento, coluna e equipamentos de superfície testados.

22
4.2. Objetivos dos métodos de controle de kicks
Os objetivos básicos dos métodos de controle de kicks são os de remover do poço o
fluido invasor e de restabelecer o seu controle primário através do ajuste da massa específica
do fluido. Durante a remoção do influxo e aplicação do processo de ajuste da massa específica
do fluido, o estado de pressão no poço deve ser mantido num nível suficiente para evitar in-
fluxos adicionais sem contudo causar danos mecânicos às formações e ao equipamento de
segurança de cabeça de poço ou ao revestimento. Isto é conseguido utilizando-se o princípio
da pressão constante no fundo do poço. Em poços revestidos a primeira opção é recalcar o
kick para a formação através do bullheading, opção raramente usada em poços quando em
perfuração.

4.3. Métodos que seguem o princípio da pressão no fundo do poço


constante
Quando o kick é detectado, o poço é fechado e as pressões no seu interior aumentam
até o instante no qual a pressão no poço se iguala à pressão da formação que provocou o in-
fluxo. Neste instante o fluxo da formação cessa e um método de controle de poço deve ser
usado. Os métodos de controle seguem o princípio da pressão constante no fundo do poço que
diz que a pressão neste ponto deve ser mantida constante durante toda a implementação do
método adotado com um valor igual à pressão da formação que gerou o kick acrescido de uma
margem de segurança. Se a circulação é possível, utiliza-se o Método do Sondador ou o Mé-
todo do Engenheiro, onde a margem de segurança de pressão aplicada no fundo do poço é
numericamente igual ao valor das perdas de carga por fricção no espaço anular. Caso a circu-
lação não seja possível, pode-se implementar o Método Volumétrico onde a margem de segu-
rança é um valor arbitrário. Esses métodos são tratados no Manual de Treinamento em Con-
trole de Poço.

4.4. Bullheading
Bullheading é o método de controle no qual o gás ou outro fluido é forçado de volta à
formação bombeando fluido de amortecimento da superfície. Com o poço fechado, fluidos do
kick e de amortecimento são recalcados para as formações expostas. Em perfuração não é um
método de controle usual, mas pode ser útil caso o influxo seja composto com gases tóxicos,
quando tiver expectativa de exceder as pressões limites de equipamentos de superfície ou do
revestimento frente a alguma zona sensível, quando ocorrer entupimento ou quebra coluna e o
método volumétrico seja inadequado ou de difícil realização, ou ainda quando a vazão do in-
fluxo é maior que a de circulação do poço. Em poços revestidos é método mais usado, salvo
se existir risco de fratura na formação produtora que poderia resultar em danos permanentes a
zona produtora ou ao poço.
Para execução do bullheading são necessários as seguintes informações previas:
- Máxima pressão que não frature a formação exposta;
- Máxima pressão baseada na resistência dos tubos e revestimentos expostos à pres-
são de bombeio;
- Cálculo das pressões estática e dinâmica durante o bullheading;
- Capacidades e volumes dos tubos, revestimentos e anulares;
- Quantidade de strokes para bombeio do fluido da superfície até os canhoneados;

23
- Vazão mínima para recalque do fluido invasor, principalmente se for gás.
Iniciar o bullheading bombeando fluido para o poço, monitorando as pressões de bom-
beio e no revestimento, aumentar a vazão até atingir a vazão de recalque do fluido no poço.
Bombear 1,5 volume da coluna ou do poço, fechar o poço e verificar pressões, se houver pres-
são remanescente efetuar novo bullheading.
É um método mais eficiente em poços de menores diâmetros, devido a facilidade de
recalcar o fluido para a formação. Durante o bullheading a vazão de bombeamento deve ser
maior que a velocidade de migração do gás, uma indicação da vazão ser insuficiente é a ocor-
rência da redução da pressão de bombeio com pequenos acréscimos na vazão da bomba. Para
determinar a vazão necessária para Bullheading é preciso calcular a razão de migração do gás,
que pode ser estimada pela formula:

Rgm = ∆SICP / Gf
onde: Rgm: razão de migração , ft/h;
∆SICP: variação de SICP após 1 h, psi
Gf: gradiente do fluido, psi/pe
Ou
∆P/n
Rgm =
Gf
onde: Rgm: razão de migração, m/min;
∆P: variação de pressão após n minutos, psi
n: minutos quando observada variação de pressão no revestimento ou tubo.
Gf: gradiente do fluido, psi/m

Para estimativa da vazão mínima para recalque, é necessária a capacidade (CTB) da tu-
bulação ou do revestimento por onde se está efetuando o Bullheading:

∆SICP
Q RECALQUE ≅ n ×C ≅ R ×C
TB gm TB
Gf

Por exemplo, amortecer um poço por bullheading pressurizando pelo tubo de produçao:
Informações prévias:
- Profundidade da formação, em poço vertical: 3050 m;
- Pressão de poros, em fluido equivalente: 9,0 ppg;
- Pressão de fratura da formação, em fluido equivalente: 14,0 ppg;
- Tubos: 4½” EU, N-80, 11,6 lb/pe, capacidade: Ctb= 0,0508 bpm
- Resistência pressão interna do tubo: 7.770 psi
- Pressão de fechamento do poço: SIDPP = 3.650 psi
- Perda de carga na linha de matar (kill line): ∆Pkl = 0 ( considerado desprezível para
este caso)
- Gradiente do gás: Gg = 0,328 psi/m

24
Cálculos:
- Volume interno da tubulação: Vtb = 3.050 x 0,0508 = 155 bbl
- Máxima pressão de bombeio: Pmax=(0,17x14,0x3050 – 0,328x3.050) = 6.260 psi
- Máxima pressão com fluido 9,0 ppg: Pmax,9 = 0,17x(14,0-9,0)x3050 = 2.590 psi
- Pressão inicio de bombeio: PIC = SIDPP + ∆Pkl = 3.650 psi
- Pressão final de bombeio: PFC = ∆Ptb,9 (perda de carga na tubulação com fluido
9,0 ppg)

A pressão máxima de bombeio não deve exceder ao valor Pmax menos um fator de se-
gurança para evitar um eventual fraturamento da formação, recomenda-se um fator de 500 psi,
ou seja P’max = 5.760 psi.

Com fluidos de perfuração na operação de bullheading ocorre, geralmente, o fratura-


mento da formação, enquanto em completação nem sempre ocorre o fraturamento, devido a
característica do fluido de completação ser um fluido penetrante, ou seja, no bullheading se
induz uma elevada perda de circulação, que pode ser controlada, após o recalque do influxo
para a formação, com fluidos ou aditivos controladores de perda.
A quebra de uma formação mais frágil, que não seja a formação produtora do kick,
pode resultar num underground blowout, neste caso pode ser necessário o combate a perda e a
posterior circulação do kick por outro método.
Em poços revestidos, quando não for possível efetuar o bullheading, os métodos re-
comendados para controle do kick é o método do sondador ou o método volumétrico, a de-
pender das condições de contorno do poço e dos equipamentos disponíveis para efetuar o con-
trole.

25
5. Diferenças no Controle de Poço entre Operações em Po-
ço Aberto (Perfuração) e Poço Revestido (Completação
ou Workover)
Existem diferenças importantes no controle de poço em operações de perfuração e o-
perações em poços revestidos. Os conceitos válidos e aplicados em perfuração nem sempre
são apropriados para as operações de completação ou workover. Existem diferenças que im-
plicam em requisitos específicos para a segurança e controle em poços revestidos e as técnicas
desenvolvidas e aplicadas em operações de perfuração e a poço aberto podem ter pouca apli-
cação ou serem inapropriadas para poços revestidos em operações de completação e workover.
Estas técnicas podem resultar em situações de maiores riscos para a segurança do poço e da-
nosas para os reservatórios explotados.
Algumas diferenças no controle de poço entre operações em poços abertos e operações
em poços revestidos estão nos pontos fracos ou limitadores de pressão, na diferença entre os
fluidos de perfuração e de completação; na velocidade de migração do gás no fluido; nos mé-
todos de controle de poço, no comportamento dinâmico dos fluidos em frente a formação a-
berta em poços revestidos, entre outros.

5.1. Quanto ao gradiente de fratura:


A resistência na sapata do revestimento anterior é um ponto crítico no controle em po-
ço aberto, pois a pressão de fratura em qualquer trecho em poço aberto não pode ser excedida
nem durante a perfuração do poço nem numa eventual circulação de kick, sob risco de perda
de controle do poço com a ocorrência de underground blowout, fluxo cruzado de uma forma-
çao para outra ou fluxo para a superfície ou fundo do mar através da sapata rompida e fraturas
comunicando a sapata ao solo marinho.
Em poços revestidos esse fator não é mais crítico, pois o poço está revestido e cimen-
tado e a pressão interna é limitada pela resistência do revestimento ou dos equipamentos de
superfície. Deve-se ficar atento à existência de alguma correção na cimentação primária
(squeeze) ou correção de furos no revestimento, nestes casos a pressão limite passa a ser a
pressão de teste do squeeze, e uma eventual ruptura de squeeze pode colocar duas zonas de
pressões diferentes em comunicação, resultando num underground blowout. Como a zona
produtora está exposta, um excesso na pressão que cause a fratura dessa formação pode resul-
tar em danos irreparáveis ao poço ou ao reservatório.
Com a produção e depleção do reservatório, a pressão de poros reduz, provocando re-
dução até mesmo na resistência à fratura da formação. Esta redução na pressão estática resulta
em maior perda de fluido em operações de workover, que pode ser compensada, quando pos-
sível, pela redução na densidade do fluido usado na intervenção, se não for possível reduzir o
peso do fluido, pode ser necessário usar um fluido selante para combater a perda, BR-CARB,
tampões de combate à perda, para se operar com segurança e o nível de fluido visível na mesa
rotativa.

5.2. Quanto ao fluido usado na intervenção


Diferenças básicas entre os fluidos usados em perfuração e em completação e worko-
ver são fundamentais nas técnicas de segurança e controle de poço.

26
O fluido de perfuração, contendo sólidos, forma um reboco ao longo do poço aberto,
principalmente em frente às formações porosas. Esse reboco é um selo efetivo que dificulta e
reduz a perda de fluido e filtrado para a formação, além de permitir operar com sobrepressão,
overbalance, com margem de segurança de 0,5 a 1,0 ppg de peso de fluido equivalente. A
sobrepressão tem função de conter os fluidos das formações expostas e as paredes do poço.
O fluido de completação e workover, geralmente limpo e sem sólidos, não forma re-
boco, portanto as condições de fundo de poço nunca são estáticas, sempre ocorrendo perda de
fluido para a formação, a depender da sobrepressao exercida pelo fluido. Quanto maior o
“overbalance” maior é a perda de fluido para a formação e mais difícil o controle do poço.
Muitos kicks em workover ocorrem devido à perda de nível de fluido, e conseqüente perda de
hidrostática em frente às formações portadoras de hidrocarbonetos expostas.
Como as condições de fundo de poço não ficam estáticas quanto operando com fluidos
isentos de sólidos, fluidos de completação e intervenção, existe constantemente uma perda de
fluido para a formação e, em formações portadoras, influxo de gás para o poço, esta barreira
fluida é instável, não compondo uma barreira de segurança eficaz. Em fluido com sólidos
existe uma condição estática de fundo de poço após a formação do reboco, permitindo a exis-
tência de uma barreira fluida estável que efetivamente é uma barreira de segurança.

5.3. Quanto a expansão e migração do gás


A migração do gás em fluido de completação e intervenção é mais rápida que em flui-
do de perfuração, conseqüentemente a equipe deve estar mais atenta no controle do choke em
métodos com circulação do kick, ou é necessária maior vazão de bombeamento em controle
por bullheading.
A expansão do gás nos poços em perfuração pode ser catastrófica, se ocorrer sem con-
trole, em poço aberto, pode eliminar boa parte da barreira fluida e resultar num blowout de
superfície, se ocorrer em poço fechado sem o devido controle pode resultar em pressões ex-
cessivas, provocando fratura de formações frágeis na sapata do revestimento, underground
blowout, ou vazamentos no revestimento ou equipamentos de superfície, blowout de superfí-
cie. Já em poço revestido é comum o fechamento do poço com pressões trapeadas, somente
cuidando para não exceder a resistência do revestimento ou dos equipamentos de superfície. É
comum em operações de workover nos Estados Unidos, em poços de baixa produtividade,
interromper as operações de workover no período noturno e prosseguimento no dia seguinte,
mesmo com o acúmulo de pressões no poço.

5.4. Quanto às pressões máximas e condições do revestimento


As pressões máximas possíveis, geralmente, são maiores em operações de completa-
ção e workover do que em operações de perfuração, principalmente porque, nessas o limitador
é a resistência à fratura das formações expostas, enquanto naquelas as pressões são limitadas
pela resistência do revestimento e dos equipamentos de superfície, salvo a existência de al-
gum squeeze.
Em perfuração os revestimentos são novos, ou em boas condições, e suportam as pres-
sões de projeto, salvo algum desgaste prematuro causado pelo atrito com a coluna de perfura-
ção. Em workover os revestimentos são velhos, sujeitos a desgastes por corrosão ou por ou-
tras operações em intervenções anteriores, que comprometem sua resistência, que é desconhe-

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cida se não for testado na intervenção. Valores estimativos são usados, e mesmo com fatores
de segurança elevados podem ocorrer operações em situações inseguras.

5.5. Quanto ao método de controle de poço


Os métodos para controle de poço mais usados em perfuração são o do sondador, o do
engenheiro, o volumétrico ou derivações mistas destes, conforme as condições do poço, ge-
ralmente é necessário um incremento no peso do fluido, aumentando sua densidade, para evi-
tar novo influxo da formação para o poço. A Petrobras recomenda, por facilidade de aplicação
e controle, o uso do método do sondador sempre que possível, e na impossibilidade desse o
método volumétrico e derivações de ambos. O uso de bullheading em perfuração é admitido
somente em situações especiais, cujo risco de circulação do gás para a superfície é mais peri-
goso que o fraturamento da formação e recalque do fluido contaminado. O controle das pres-
sões se realiza no choke ou estrangulador, e o cuidado na abertura e fechamento durante a
drenagem do gás é essencial no controle do poço, já em operações de workover raramente se
usa o choke.
Em operações de completação e workover, raramente é necessário elevar o peso do
fluido e geralmente o bullheading é o método usado. Se for necessário e possível circular o
poço recomenda-se o método do sondador, pois somente no final da primeira circulação con-
firmar-se-á uma possível necessidade de adensar o fluido. Se não for possível o bullheading,
devido as vazões necessárias, pode-se usar o método volumétrico com drenagem do gás.
Em poços revestidos o amortecimento é feito por circulação reversa, principalmente
para encher o anular com fluido de amortecimento e bullheading do fluido contido na coluna e
no fundo do poço. O controle do poço por circulação, método do sondador, pode ser feito por
circulação reversa, a depender dos diâmetros das ferramentas e coluna no poço e das perdas
de carga no anular e no interior da coluna. Em perfuração raramente é feita circulação reversa
devido a elevada perda de carga localizada na broca e a reduzida área de passagem dos jatos.
A pressão de fundo de poço (Bottonhole pressure – BHP) é função da perda de carga
durante a circulação de fluido no poço, a pressão resultante no fundo do poço é pressão hi-
drostática mais a perda de carga a jusante no sentido da circulação, conhecida como pressão
dinâmica. Em operações de perfuração a perda de carga no anular é da ordem de 10 a 15% da
pressão de circulação, portanto a pressão no fundo durante a circulação é:
Em circulação direta: BHP = Ph + ∆Pan = Ph + (10 a 15%).Pbomb
Em circulação reversa: BHP = Ph + ∆Pcol = Ph = (85 a 90%).Pbomb
onde:
Ph: pressão hidrostática do fluido;
∆Pan: perda de carga no anular do poço;
∆Pcol: perda de carga na coluna;
Pbomb: pressão de bombeio do fluido.
Em operações de completação e workover as perdas de cargas dependem do diâmetro
das colunas e equipamentos usados e do anular resultante, portanto a relação entre as perdas
de carga não mantém esta proporção de 10% para 90% entre anular e coluna.

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5.6. Quanto às barreiras de segurança
Nos poços em perfuração as principais barreiras de segurança são o BOP e o fluido de
perfuração, esse, formando reboco compõe uma barreira líquida de boa estabilidade, desde
que o poço seja mantido cheio, o BOP é uma barreira mecânica composto por um conjunto de
válvulas de gavetas, de tubo e cisalhante, e anular, as quais podem ser acionadas na necessi-
dade de fechar o poço se perdida a capacidade de contenção da primeira barreira.
Nos poços em workover, como a barreira liquida é muito instável é necessário garantir
duas outras barreiras, sejam barreiras positivas ou condicionais.
Barreira positiva ou eficaz é aquela que eficazmente pode interromper o fluxo pelo
poço para a superfície e podem ser:
- Pressão de formação insuficiente para surgência do poço;
- Revestimento cimentado, testado e não canhoneado em frente a alguma zona por-
tadora de hidrocarbonetos;
- Canhoneio squeezado e testado por “dry test” (diferencial negativo de pressão);
- Tampão de cimento isolando zonas produtoras, se testado;
- BPP (Bridge plug permanente) isolando intervalos e testado;
- BOP da sonda se testado;
- BOP e lubrificador de slick line se testados.
Barreiras condicionais são aquelas disponíveis, que podem auxiliar no controle do po-
ço e em evitar um potencial blowout, porém com maior possibilidade de falha, são:
- Squeeze ou cimentação concluídos, porem não testados com “dry test”;
- Bridge plug não testados;
- Fluidos sem sólidos, mesmo com peso suficiente para matar, conter os fluidos da
formação;
- Plugs do slick line se assentado em niples na coluna ou suspensor
- Válvula de segurança de subsuperfície – DHSV, se testado seu fechamento.

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Fontes de Referencia:
1. Manual de Treinamento em controle de Poço; Santos, O.L.A; Petrobras.
2. Manual do Programa de Segurança em Posicionamento Dinâmico - DP-PS; Petrobras.
3. Manual de Control de Pozos; WCS – Well Control School, Harvey, Lousiana, 2003.
4. Equipamentos do Sistema de Controle de Poço Submarino – Enfoque Operacional; Cam-
pos, J.E.A.; Bittencourt Netto, J.;Motta, M.J.F.; Martins, F.S.B.; Apostila de Treinamento
Petrobras.
5. Well Control Manual ; Sedco-Forex.
6. A Completação de Poços no Mar; Garcia, J.E.L; Petrobras, 1997, 3ª.ed.
7. Controle de Erupção; Széliga, E.O. e Ferreira, M.F.; Petrobras.
8. Recommended Practices for Well Control Operations – API RP-59; American Petroleum
Institute.
9. Well Control Problems and Solutions; Adams, N.
10. IADC/OOC Deepwater Well Control Taskforce
11. “Well Control During Well Intervention”; Sas-Jaworsky II, A.; World Oil, 00438790,
Jan2001, Vol. 222, Issue 1 a 7
12. “Estimation of Pressure Peaks Occuring When Diverting Shallow Gas”; Santos, O.L.A. e
Bourgoyne Jr., A.T.; 64th Annual Technical Conference and Exhibition of the SPE; 8-11
de outubro de 1989, San Antonio, EUA.
13. “Estudo Experimental da Migração de Gás em Fluidos Não-Newtonianos Parados em A-
nulares Inclinados”; Santos, O.L.A.; I SEP; 25-29 de novembro de 1996; Rio, Brasil.
14. “Considerações Sobre Segurança de Poço Durante a Perfuração de Poços Delgados”; San-
tos, O.L.A.; II SEP; 19-23 de outubro de 1998; Rio, Brasil.
15. “Why workover and drilling well control needs differ”; Rike, J.L.; Whitman, D.L.;Rike,
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16. “Exercícios Simulados de Detecção de Kicks e Fechamento do Poço”, código PP-37-
0395-0 do SINPEP (E&P-BC).
17. Flak, L.H. e Goins, W.C.: "New Techniques, Equipment Improve Relief Well Success",
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20. William Abel, L. e Campbell, P.J.: "Blowout Contingency Planning : Preparing for the
Worst Case Event", Wild Well Control Inc. - 1993.

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