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Aula 05

Direito Administrativo p/ OAB 1ª Fase


XXXII Exame - 2021

Autores:
Equipe Igor Maciel, Igor Maciel
Aula 05

25 de Dezembro de 2020

14895035794 - Tauane Guimarães de Rezende


Equipe Igor Maciel, Igor Maciel
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Sumário
Considerações Iniciais ............................................................................................................................ 5

Temas mais cobrados na OAB................................................................................................................ 6

Dispensa de licitação - art. 24, incisos mais cobrados c/c art. 26, parágrafo único, III: .................... 6

Alienações de bens da Adm. Pública ................................................................................................. 7

Modalidades de licitação, art. 22 (parágrafos mais cobrados): ........................................................ 7

Revogação e anulação, art. 49: .......................................................................................................... 8


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Princípios – Julgamento objetivo – Artigo 44, parágrafo 1o: ............................................................ 8

1 – Licitações ........................................................................................................................................ 10

1.1 - Legislação ................................................................................................................................. 11

1.1.1 - Disciplina normativa constitucional.................................................................................. 11

1.1.2 - Disciplina normativa infraconstitucional .......................................................................... 14

1.2 - Princípios da Licitação .............................................................................................................. 17

1.2.1 - Princípio da Legalidade ..................................................................................................... 17

1.2.2 - Princípio da Igualdade ...................................................................................................... 17

1.2.3 - Princípio da Moralidade.................................................................................................... 18

1.2.4 - Princípio da Impessoalidade ............................................................................................. 18

1.2.5 - Princípio da Publicidade.................................................................................................... 18

1.2.6 - Princípio da Probidade Administrativa ............................................................................. 18

1.2.7 - Princípio do Julgamento Objetivo..................................................................................... 18

1.2.8 - Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório .................................................... 20

1.2.9 - Princípio da competitividade ............................................................................................ 20

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1.2.10 - Princípio do formalismo procedimental ......................................................................... 20

1.2.11 - Princípio da adjudicação compulsória ............................................................................ 21

1.3 - Objeto da Licitação .................................................................................................................. 21

1.4 - Dispensa ................................................................................................................................... 23

1.5 - Inexigibilidade .......................................................................................................................... 28

1.6 - Licitação dispensada art. 17 da Lei 8.666/93 .......................................................................... 32

1.7 - Modalidades de licitação ......................................................................................................... 33

1.7.1 - Concorrência ..................................................................................................................... 37

1.7.2 - Tomada de preços ............................................................................................................ 39

1.7.3 - Convite .............................................................................................................................. 41

1.7.4 - Concurso ........................................................................................................................... 42

1.7.5 - Leilão ................................................................................................................................. 43

1.7.6 - Pregão ............................................................................................................................... 43

1.7.7 - Consulta ............................................................................................................................ 47

1.7.8 - Regime Diferenciado de Contratações ............................................................................. 48

1.8 - Tipos de licitação ..................................................................................................................... 51

1.9 - Anulação e Revogação ............................................................................................................. 53

1.9.1 - Anulação ........................................................................................................................... 53

1.9.2 - Revogação ......................................................................................................................... 54

1.10 - Procedimento da Licitação .................................................................................................... 57

1.10.1 - Fase Interna .................................................................................................................... 57

1.10.2 - Fase externa .................................................................................................................... 59

2 – Contratos Administrativos ............................................................................................................. 63

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2.1 - Introdução................................................................................................................................ 63

2.1 - Características .......................................................................................................................... 65

2.1.1 - Desequilíbrio Contratual ................................................................................................... 65

2.1.2 - Formalismo ....................................................................................................................... 65

2.1.3 - Contrato De Adesão .......................................................................................................... 67

2.1.4 - Pessoalidade (Intuitu Personae) ....................................................................................... 67

2.1.5 - Presença de Cláusulas Exorbitantes ................................................................................. 68

2.2 - Disciplina Normativa Constitucional E Legal............................................................................ 68

2.3 - Principais espécies de contratos administrativos .................................................................... 69

2.3.1 - Contrato de obra pública .................................................................................................. 69

2.3.2 - Contrato de prestação de serviços ................................................................................... 70

2.3.3 - Contrato de fornecimento ................................................................................................ 71

2.3.4 - Contrato de concessão ..................................................................................................... 71

2.3.5 - Contratos celebrados por empresas estatais ................................................................... 72

2.4 - Cláusulas necessárias dos Contratos Administrativos ............................................................. 74

2.5 - Cláusulas Exorbitantes ............................................................................................................. 75

2.5.1 - Alteração Unilateral do Contrato ..................................................................................... 76

2.5.2 - Rescisão Unilateral do Contrato ....................................................................................... 77

2.5.3 - Fiscalização da execução do contrato .............................................................................. 78

2.5.4 - Aplicação de Sanções ........................................................................................................ 79

2.5.5 - Ocupação Provisória ......................................................................................................... 81

2.5.6 - Outras Cláusulas Exorbitantes .......................................................................................... 81

2.6 - Equilíbrio Econômico e Financeiro do Contrato ...................................................................... 81

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2.7 - Duração .................................................................................................................................... 83

2.8 - Inexecução Contratual ............................................................................................................. 85

2.8.1 - Caso Fortuito e Força Maior ............................................................................................. 86

2.8.2 - Fato do Príncipe ................................................................................................................ 86

2.8.3 - Fato da Administração ...................................................................................................... 87

2.8.4 - Interferências Imprevistas ................................................................................................ 88

2.9 - Responsabilidade Civil nos Contratos Administrativos ........................................................... 88

2.10 - Extinção do Contrato ............................................................................................................. 89

2.11 - Convênios Administrativos .................................................................................................... 92

3 - Bibliografia ...................................................................................................................................... 95

4 – Considerações Finais ...................................................................................................................... 95

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá meus amigos, tudo bem?

Firmes nos estudos?

Seguiremos com mais uma aula do nosso curso. Espero que vocês aproveitem!

Quaisquer dúvidas, críticas ou sugestões continuo à disposição dos senhores.

Grande abraço,

Igor Maciel

profigormaciel@gmail.com

Convido-os a seguir minhas redes sociais. Basta clicar no ícone desejado:

@ProfIgorMaciel

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TEMAS MAIS COBRADOS NA OAB


Antes de começarmos nossa aula, gostaria que você abrisse seu Vade Mecum e grifasse estes
que são os temas mais cobrados pela FGV/OAB no Exame de Ordem.

Dispensa de licitação - art. 24, incisos mais cobrados c/c art. 26, parágrafo único, III:

Art. 24. É dispensável a licitação: […]


IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada
urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou
comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros
bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao
==1b3650==

atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e


serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias
consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;

V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta,


justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração,
mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;

X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades


precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização
condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de
mercado, segundo avaliação prévia;

XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as


organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo,
para atividades contempladas no contrato de gestão.

Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no inciso III e seguintes


do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente
justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8 o desta
Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para
ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como
condição para a eficácia dos atos

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Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento,


previsto neste artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
III - justificativa do preço.

Alienações de bens da Adm. Pública

Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de


interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá
às seguintes normas:

I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da


administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos,
inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação
na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:

Modalidades de licitação, art. 22 (parágrafos mais cobrados):

Art. 22. São modalidades de licitação:

I - concorrência;
II - tomada de preços;
III - convite;
IV - concurso;
V - leilão.

§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que,


na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos
de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.

§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados


devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação.

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§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao


seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência
de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

§ 8o É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das


referidas neste artigo.

Revogação e anulação, art. 49:

Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente


poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato
superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal
conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de
terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado

Súmula 473 – STF - A administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Princípios – Julgamento objetivo – Artigo 44, parágrafo 1o:

Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os


critérios objetivos definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as
normas e princípios estabelecidos por esta Lei.

§1o É vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou fator sigiloso, secreto,


subjetivo ou reservado que possa ainda que indiretamente elidir o princípio da
igualdade entre os licitantes.

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Com o Vade Mecum devidamente marcado, vamos à nossa aula!

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1 – LICITAÇÕES
Vamos começar nossa aula com um exemplo.

Imaginem que um determinado município pretende contratar uma empresa para fornecer o
lanche para seus estudantes (merenda escolar). Contudo, existem 5 empresas interessadas neste
contrato, todos restaurantes com ampla experiência no ramo.

Com quem deverá o Município contratar?

A licitação nada mais é que um procedimento administrativo com o objetivo de fazer a


administração pública contratar a melhor proposta, observando o princípio da isonomia,
selecionando a proposta que melhor atenda ao interesse púbico.

Percebam que esta proposta não necessariamente será a mais barata.

Nas palavras de José dos Santos Carvalho Filho (2018):

podemos conceituar a licitação como o procedimento administrativo vinculado por


meio do qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela controlados
selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários interessados, com
dois objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do melhor trabalho
técnico, artístico ou científico.

Quando se afirma que a licitação é um procedimento administrativo, quer-se dizer que se


trata de uma série de atos continuados da Administração e dos interessados, para chegar em um
objetivo desejado, quais sejam, os esculpidos no art. 3º da Lei 8.666/93: observar o princípio
constitucional da isonomia, seleção da proposta mais vantajosa para a administração e promoção do
desenvolvimento nacional sustentável.

Assim, no nosso exemplo, ao buscar celebrar este contrato, o Município:

➢ Não poderá violar o princípio da isonomia, ou seja, não poderá estabelecer


qualquer cláusula que restrinja o caráter competitivo do certame;
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➢ Não poderá admitir proposta que não atenda ao interesse público, ou seja,
deverá contratar aquele que apresentar a proposta que melhor atenda ao
interesse das pessoas que ali residem;
➢ Promover o desenvolvimento nacional sustentável, ou seja, deverá realizar
um contrato para estimular o crescimento econômico e o fortalecimento da
economia local, sem esquecer do meio ambiente;

1.1 - Legislação

A disciplina normativa que rege o procedimento licitatório encontra-se tanto na Constituição


Federal como também em algumas leis infraconstitucionais esparsas, a exemplo da Lei 8.666/93.
Vejamos.

1.1.1 - Disciplina normativa constitucional

O artigo 22, inc. XXVII, da Constituição Federal estabelece a competência para legislar sobre
normas gerais de licitação e contratação, sendo esta, privativa da União.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as
empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°,
III;

Assim, as normas gerais sobre licitações serão editadas pela União, sendo de observância
obrigatória pelos demais entes federados. Já os Estados, o Distrito Federal e os Municípios possuem
competência legislativa supletiva, desde que as normas editadas não sejam contrárias aos preceitos
da norma geral.

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União União/Estados/DF/Municípios
Todos os entes federados podem criar normas
Compete criar normas de caráter geral específicas sobre licitações, com o objetivo de
(nacionais) sobre licitações, aplicáveis a todos atender às peculiaridades sociais e econômicas
os entes federados. da região, sempre respeitando as normas
gerais.

Competência para legislar


sobre licitação - Art. 22, Privativa da União!
XXVII, CF.
Estados, Municípios e o Distrito
Federal, tem competência para
PARA NORMAS GERAIS legislar sobre NORMAS ESPECIAIS!

Mas professor, o que são “normas gerais”?

De forma simplificada, podemos dizer que as normas gerais são aquelas que possuem um
grau de abstração que regulam a matéria como um todo, de forma genérica, sem adentrar nas
especificidades e peculiaridades de cada região.

A título de exemplo, o art. 3º da Lei 8.666/93 traz princípios norteadores que devem ser
observados por todos os entes federados. Tais normas gerais, nunca poderão interferir na autonomia
federativa, como elenca o art. 18 da CF/1988, vejamos:

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil


compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.

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A Lei n. 8.666/93 regula o procedimento licitatório de forma geral, mas segundo


afirmou o STF na ADI 927 MC/RS de 1993, esta lei possui natureza “híbrida”, visto
que de um lado é nacional quando estabelece normas gerais e do outro é lei federal,
quando trata de normas específicas aplicáveis apenas à União.

Obrigatoriedade da Licitação

Já o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal estabelece o princípio da obrigatoriedade


da licitação, com exceção dos casos previstos em lei.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: [...]
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Assim, Administração Pública não poderá deixar de utilizar o procedimento licitatório antes da
celebração de um contrato, a não ser em casos específicos previstos na legislação (hipóteses de
dispensa e inexigibilidade).

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FGV - OAB UNI NAC/OAB/VIII Exame/2012


O Presidente da República, considerando necessária a realização de diversas obras de infraestrutura,
decide pela criação de uma nova Sociedade de Economia Federal e envia projeto de lei para o
Congresso Nacional. Após a sua regular tramitação, o Congresso aprova a criação da Companhia “X”.
Considerando a situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) A Companhia “X” poderá editar os decretos de utilidade pública das áreas que necessitam ser
desapropriadas para consecução do objeto que justificou sua criação.
b) A Companhia “X” está sujeita à licitação e à contratação de obras, serviços, compras e
alienações, observados os princípios da administração.
c) A Companhia “X” será necessariamente uma sociedade de propósito específico (SPE) e a maioria
do capital social deverá sempre pertencer à União.
d) A Companhia “X” possui foro privilegiado e eventuais demandas judiciais correrão perante a
Justiça Federal.

Comentários

Como sabemos, as empresas estatais: empresa pública e sociedade de economia


mista, são pessoas jurídicas de Direito Privado, porém, derrogadas parcialmente
por normas de Direto Público, por isso faz-se necessário a realização de concursos
públicos e licitações, por exemplo.

É por essa razão que a doutrina entende haver um regime Híbrido de tais pessoas
administrativas.

No que tange à observância dos princípios da administração, o art. 37 da


Constituição Federal é cristalino ao expressar que as pessoas jurídicas mencionadas
deverão respeitar tais princípios, pois, fazem parte da Administração Pública
Indireta.

1.1.2 - Disciplina normativa infraconstitucional

A Lei 8.666/93 surgira para regular as licitações e contratos da Administração Pública,


estabelecendo normas gerais sobre a matéria.

Mas professor, quem tem o dever de licitar?

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O artigo 1º, da Lei 8.666/93 estabelece que são obrigados a licitar todos os entes federados,
bem como os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas estatais e as
entidades controladas direta ou indiretamente pelos respectivos entes.

Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos


administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da
administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.

Além disso, tanto o Poder Legislativo, como o Tribunal de Contas e o Poder Judiciário também
serão obrigados a licitar, conforme artigo 117:

Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações realizados pelos órgãos dos
Poderes Legislativo e Judiciário e do Tribunal de Contas regem-se pelas normas
desta Lei, no que couber, nas três esferas administrativas.

Com o advento da Lei 13.303/2016, a lei de licitações não se aplica de forma


integral às empresas estatais (sociedades de economia mista e empresas públicas),
passando este dispositivo (lei das estatais) a reger as contratações públicas no
âmbito destas entidades.
Isto porque o artigo 173, parágrafo 1º, inciso III, da CF, estabelece a necessidade de
a lei que rege o estatuto jurídico das empresas estatais disponha sobre o
procedimento licitatório das mesmas.
Contudo, existe ainda uma aplicação parcial da Lei n. 8.666/93, no que
expressamente determina a lei 13.303/2016, como por exemplo, os critérios de
desempate.

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Apesar de a Lei 8.666/93 ser uma lei geral sobre licitações, não significa dizer que a União
tenha obrigação de concentrar neste dispositivo toda a matéria relativa ao tema. Assim, a Lei
10.520/2002 regula a modalidade de licitação denominada de “pregão” e a Lei 12.462/2011 versa
sobre o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC.

Dever de licitar - Art. 37, XXI, CF Lei 8.666/93 - Obrigatória para


todos os entes federados, rege a
licitação de forma geral. Garantir a isonomia, ou seja, garantir a
Competência legislativa - Art. 22, igualdade dos participantes.
XXVII, CF
Legislação FINDALIDADE
Selecionar a proposta mais vantajosa
Empresas públicas e Sociedades de
economia mista - Art. 173, pár. 1º, III,
CF LICITAÇÃO Promover o desenvolvimento nacional
sustentável
Lei do pregão - 10.520/2002

Caracteriza-se por ser um procedimento


Para quem é obrigatório? (Art. 1º, Lei
administrativo que antecede o contrato.
8.666/93)

Administração direta

Administração indireta

Fundos especiais

Demais entidades controladas indireta ou


diretamente pelos Municípios, Estados,
Distrito Federal e União.

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1.2 - Princípios da Licitação

1.2.1 - Princípio da Legalidade

Este princípio define a atividade administrativa que deve se pautar pelas estritas delimitações
da lei. No que concerne à licitação, deve o administrador observar as regras que a lei impôs para o
procedimento licitatório, escolhendo o tipo e a modalidade segundo os padrões esculpidos na norma
legal.

Além disso, exige-se que o administrador apenas realize dispense a licitação dentro do rol
taxativo que a lei prevê, enfim, deve o administrador atender o objetivo desejado com a realização
da licitação, sempre atentando-se ao mandamento legal.

1.2.2 - Princípio da Igualdade

O princípio da igualdade ou isonomia, estabelecido no art. 5º da CF/1988 declara que a


administração, quando licitar, deverá oferecer igualdade de condições a todos os participantes.

Significa que a administração deverá abster-se de oferecer vantagem diferenciada a um


determinado licitante, em detrimento de outros, devendo dispender tratamento isonômico e
impessoal aos concorrentes do certame licitatório.

O art. 3º, §1º, I e II da Lei das Licitações, estabelece um exemplo deste tratamento isonômico
redundando em igual expectativa de direito a todos os licitantes:

Art. 3º § 1º É vedado aos agentes públicos:


I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou
condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo,
inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou
distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de
qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto
do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste artigo e no art. 3º da Lei
no 8.248, de 23 de outubro de 1991;
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista,
previdenciária ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras,
inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo
quando envolvidos financiamentos de agências internacionais, ressalvado o
disposto no parágrafo seguinte e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de
1991.

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1.2.3 - Princípio da Moralidade

Princípio de fácil associação, mas de difícil conceituação. Em palavras bem simples, exige-se
do Administrador Público uma observância ética nas suas ações.

Este princípio guarda uma relação bem íntima com o da legalidade, sendo certo que a
Administração não poderá se valer de condutas imorais ou que se desviem da conduta ética exigida.

1.2.4 - Princípio da Impessoalidade

O princípio da impessoalidade, em sua essência, exige que a Administração Pública atue de


forma impessoal, sem direcionamentos ou benefícios específicos a determinados concorrentes no
procedimento licitatório.

Trata-se de uma das garantias contra os abusos do Estado, exigindo-se deste uma atuação
objetiva, sem qualquer viés particular.

1.2.5 - Princípio da Publicidade

Segundo o princípio da publicidade, não poderá a administração abrir processo licitatório sem
uma ampla divulgação, haja vista a necessidade de competição entre o maior número de licitantes.

Nas palavras de José dos Santos Carvalho Filho: “Licitação sem publicidade revela-se
simplesmente um zero jurídico”.

1.2.6 - Princípio da Probidade Administrativa

A probidade administrativa refere-se à honestidade e à boa-fé do gestor público. Este não


poderá atuar na licitação de forma a tolher a confiança posta pelos participantes no procedimento
licitatório, além de não poder corromper aquilo que pretende: alcançar a proposta mais vantajosa.

1.2.7 - Princípio do Julgamento Objetivo

Princípio específico da licitação, busca garantir ao participante do procedimento licitatório,


que o administrador julgará todas as fases de forma objetiva, para evitar gostos pessoais ou
quaisquer tipos de favorecimento.

A essência do princípio do julgamento objetivo, portanto, refere-se à necessidade de a


Administração Pública basear o julgamento das propostas em critérios previamente estabelecidos no
edital convocatório. Assim, a apreciação subjetiva no procedimento de licitação deve ser mínima e
as exceções previamente estabelecidas em Lei.

Lei 8.666/93. Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a
Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade

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com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato


convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira
a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

Inclusive, acaso ocorra empate no procedimento, a escolha do licitante vencedor deverá ser
feita obrigatoriamente por sorteio em ato público, para o qual todos os participantes serão
convocados, vedado qualquer outro processo.

A Lei nº 8.666/93, no seu artigo 44, caput e §1º, também reforça o princípio do julgamento
objetivo:

Art.44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os


critérios objetivos definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as
normas e princípios estabelecidos por esta Lei.
§1o É vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou fator sigiloso, secreto,
subjetivo ou reservado que possa ainda que indiretamente elidir o princípio da
igualdade entre os licitantes. (...)

FGV - OAB UNI NAC/OAB/VI Exame/2011


A licitação tem como um de seus princípios específicos o do julgamento objetivo, que significa
a) a vedação de cláusulas ou condições que comprometam a ideia de proposta mais vantajosa à
Administração.
b) a vedação ao sigilo das propostas, de forma a permitir a todos, antes do início da licitação, o
conhecimento objetivo das ofertas dos licitantes.
c) ser vedada a utilização, no julgamento das propostas, de elemento, critério ou fator sigiloso,
secreto, subjetivo ou reservado.
d) ser impositivo o julgamento célere e oral das propostas, a acarretar a imediata contratação do
licitante vencedor.

Comentários

No princípio do Julgamento Objetivo, a sua essência é que a Administração Pública tem que
se basear em critérios objetivos previamente estabelecidos no instrumento convocatório, ou seja, a
apreciação subjetiva no procedimento de licitação tem que ser mínima, e as exceções são
estabelecidas em Lei.
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A Lei nº 8.666/93, no seu art. 44, §1º, prevê o princípio do Julgamento Objetivo:

Art.44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os


critérios objetivos definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as
normas e princípios estabelecidos por esta Lei.
§1o É vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou fator sigiloso, secreto,
subjetivo ou reservado que possa ainda que indiretamente elidir o princípio da
igualdade entre os licitantes.(...)

1.2.8 - Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório

O edital é a lei da licitação: uma garantia tanto para o administrador como para o participante
do certame de que as regras estabelecidas devem ser cumpridas por todos, sob pena de invalidade
do procedimento.

Trata-se de previsão do artigo 41, da Lei 8.666/93:

Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao


qual se acha estritamente vinculada.

1.2.9 - Princípio da competitividade

Este princípio guarda relação com o princípio da igualdade. Significa que para atender ao
objetivo de buscar a proposta mais vantajosa, não poderá o administrador adotar medidas ou
estabelecer condições ou regras capazes de comprometer o caráter competitivo do certame.

Sem uma ampla concorrência, inexiste melhor proposta. O caráter competitivo diz com a
própria essência do procedimento, conforme artigo 3º, §1º, I, da Lei 8.666/93:

Art. 3º. [...] § 1º É vedado aos agentes públicos:


I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições
que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo [...]

1.2.10 - Princípio do formalismo procedimental

Trata-se de princípio previsto no artigo 4º da Lei de licitações:

Art. 4º Todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos ou entidades


a que se refere o art. 1º têm direito público subjetivo à fiel observância do
pertinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão

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acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar


ou impedir a realização dos trabalhos.

Este princípio exige que sejam atendidos os rigores da lei, para garantir o bom andamento do
procedimento licitatório. Importante lembrar que não se trata de um princípio absoluto, existindo
uma moderação na sua interpretação.

Assim deve a administração se atentar ao princípio da proporcionalidade sem exigir


formalismos exagerados que acabariam por prejudicar a finalidade desejada no procedimento.

1.2.11 - Princípio da adjudicação compulsória

Este princípio simplesmente estabelece que a administração deverá atribuir o objeto da


licitação ao vencedor do certame licitatório. Trata-se de garantia para evitar abusos caso a
administração queira tolher o direito de quem se sagrou vencedor.

Legalidade
Adjudicação compulsória do vencedor

Isonomia
Impessoalidade
Vinculação ao edital

Julgamento objetivo Princípios da Licitação


Publicidade
Formalismo procedimental

Competitividade
Moralidade

Probidade administrativa

1.3 - Objeto da Licitação

Segundo classificação dada por José dos Santos Carvalho Filho, o objeto da licitação se dividiria
em dois, quais sejam:

1. O objeto imediato: que seria a seleção da proposta que melhor atenda os objetivos e interesses
da administração; e

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2. O objeto mediato: que seria a obtenção de alguma obra, serviço, realizar alguma compra,
alienação, locação ou prestação de serviço público, a serem produzidas por certo particular através
de um contrato.

A licitação é o instrumento que a Administração possui para realizar um contrato, devendo


sempre o objeto da licitação ser bem definido pelo administrador, garantindo o julgamento objetivo
das propostas. Lembramos que o objeto mediato da licitação se encontra nos arts. 1º e 2º da Lei de
licitações, os quais serão a seguir elencados:

Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos


administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações,
concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas
com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as
hipóteses previstas nesta Lei.

Este rol de objetos, é exemplificativo, visto que o art. 37, XXI da CF/88 estipula que qualquer
contrato administrativo deverá ser precedido de licitação, não importando seu objeto.

Obras

Serviços, inclusive de
publicidade.

OBJETO DA Art. 2º, Lei 8.666, a Licitação


LICITAÇÃO se aplica a:
Compras

Alienações

Pressuposto de validade da
licitação Concessões

Permissões

Locações

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1.4 - Dispensa

A lei estabeleceu certas hipóteses nas quais o princípio da obrigatoriedade da licitação não se
aplica, em detrimento da forma e da demora do procedimento licitatório.

Aqui a lei criou situações específicas e excepcionais que mesmo podendo ser realizada a
licitação, o legislador decidiu por permitir afastar a obrigatoriedade da mesma. Lembrando caros
alunos, que o rol destas situações é taxativo, não podendo a administração criar novos casos de
dispensa fora os elencados na legislação.

Mas professor, é importante conhecer todas as hipóteses de dispensa?

Vejam meus amigos, mesmo a OAB não cobrando muitos incisos diferentes, é necessária a
leitura atenta das possibilidades de dispensa, importante também lembrar que as hipóteses de
dispensa de licitação estão elencadas no art. 24, da Lei n. 8.666/93. Destacamos os itens mais
cobrados. O aluno deve ler todos pelo Vade Mecum.

Art. 24. É dispensável a licitação:


I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite
previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a
parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma
natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e
concomitantemente;
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite
previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos
previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço,
compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas,
obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento
da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras
e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta)
dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente,
não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso,
todas as condições preestabelecidas; → LICITAÇÃO DESERTA! (...)

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IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional,


nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho
de Defesa Nacional;
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades
precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização
condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de
mercado, segundo avaliação prévia;
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em
conseqüência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação
da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante
vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido; (...)
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações
sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
contempladas no contrato de gestão. → ESTA CAI!
(...)
Mas professor, o que é licitação deserta?

Licitação Deserta é que não há o comparecimento de interessados.

Neste caso, se a licitação não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, esta
poderá contratar diretamente uma empresa por dispensa de licitação, desde que nas mesmas
condições estabelecidas no edital, nos termos do inciso V do art. 24 da Lei nº 8.666/93:

Art.24. É dispensável a licitação: (...)


V-quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente,
não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso,
todas as condições preestabelecidas;
Qual a diferença de licitação dispensável e dispensada?

Licitação dispensada é aquela onde a própria Lei determina que o Administrador não a realize.
Inexiste margem discricionária: o administrador não pode licitar.

Os casos de licitação dispensada estão previstos no artigo 17 da Lei nº 8.666/93 e não há


qualquer margem de discricionariedade ao administrador.

Já na licitação dispensável, a Administração Pública poderá licitar ou dispensar o


procedimento, agindo segundo uma margem discricionária com um juízo de conveniência e
oportunidade. Aqui temos as hipóteses do artigo 24, da Lei 8.666/93.

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FGV - OAB UNI NAC/OAB/X Exame/2013


Nenhuma proposta foi apresentada na licitação promovida por uma autarquia federal para a
aquisição de softwares de processamento de dados. Com relação a esse caso, assinale a afirmativa
correta.
a) Um novo procedimento licitatório deve ser realizado no prazo de até 180 dias do término do
procedimento anterior.
b) A hipótese é de licitação dispensada, ainda que ela possa ser repetida sem prejuízo para a
Administração.
c) A hipótese é de inexigibilidade de licitação, desde que a contratação se faça no prazo de até 180
dias do término do procedimento anterior.
d) A contratação direta é admitida, se a licitação não puder ser repetida sem prejuízo para a
Administração.

Comentários

Meus amigos, trata-se da chamada Licitação Deserta, ou seja, aquela que não há o
comparecimento de interessados, como bem expõe o enunciado da questão.

Neste caso, se a licitação não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, esta poderá
contratar diretamente uma empresa, desde que nas mesmas condições estabelecidas no edital, nos
termos do inciso V do art. 24 da Lei nº 8.666/93:

Art.24. É dispensável a licitação:


(...)
V-quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente,
não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso,
todas as condições preestabelecidas;
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento,
previsto neste artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
(...)
III-justificativa do preço.

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Ademais, a Lei nº 9.784/99 é peremptória ao afirmar que quando se trata de dispensa ou


inexigibilidade de licitação, a motivação, que é a forma expressa dos motivos, é obrigatória. Vejamos:

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e
dos fundamentos jurídicos, quando:
(...)
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

FGV - OAB UNI NAC/OAB/XV Exame/2014


A Agência Reguladora de Serviços Públicos autarquia do Estado ABC, identificou um imóvel, no centro
da cidade XYZ (capital do Estado) capaz de receber as instalações de sua nova sede. O proprietário
do imóvel, quando procurado, demonstrou interesse na sua alienação pelo preço de avaliação da
Administração Pública.
Considerando a disciplina legislativa a respeito do tema, assinale a opção correta.
a) É possível a compra de bem imóvel pela Administração, dispensada a licitação no caso de as
necessidades de instalação e localização condicionarem a sua escolha.
b) Não é possível a celebração de contrato de compra e venda, pois a única forma de aquisição de
bem imóvel pelo Estado é a desapropriação.
c) É possível a compra de bem imóvel pela Administração, mas tal aquisição deve ser,
obrigatoriamente, precedida de licitação, na modalidade de concorrência.
d) É possível a compra de bem imóvel pela Administração, mas tal aquisição deve ser,
obrigatoriamente, precedida de licitação, na modalidade de leilão.

Comentários

Vamos relembrar o que é Licitação Dispensada e Licitação Dispensável:

A primeira, a própria Lei determina os casos em que a licitação é dispensada (art.


17 da Lei nº 8.666/93), não havendo margem de discricionariedade ao
administrador; a segunda, ocorre toda vez que a Administração Pública puder
dispensar, ou seja, há margem de discricionariedade por parte do administrador,
agindo como achar conveniente.

O art. 24 da Lei nº 8.666/93 apresenta as hipóteses em que a Licitação é Dispensável e


responde a indagação da presente questão. Vejamos:

Art. 24. É dispensável a licitação:


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(...)
X-para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades
precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização
condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de
mercado, segundo avaliação prévia;

FGV - OAB UNI NAC/OAB/XVIII Exame/2015


Após celebrar contrato de gestão com uma organização social, a União pretende celebrar, com a
mesma organização, contrato de prestação de serviços para a realização de atividades contempladas
no contrato de gestão.
Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) É obrigatória a realização de licitação para a celebração do contrato de prestação de serviços.
b) É dispensável a realização de licitação para a celebração do contrato de prestação de serviços.
c) É inexigível a realização de licitação para a celebração do contrato de prestação de serviços.
d) Não é possível celebrar contrato de prestação de serviços com entidade qualificada como
organização social.

Comentários

A resposta para o presente questionamento encontra guarida no art. 24, inciso XXIV da Lei nº
8.666/93. Vejamos:

Art. 24. É dispensável a licitação:


(...)
XXIV-para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações
sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
contempladas no contrato de gestão.

Mais uma vez, meus amigos, quando se trata da Lei nº 8.666/93, para provas do Exame de
Ordem, bem como de concursos em geral, é imprescindível a leitura atenta e até mesmo decorar o
disposto na Lei, pois, muitas questões exigem “apenas” a letra da lei.

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Licitação dispensada - Art. 17 -


hipótese vinculada

Competição
possível

Contratação
Direta Licitação dispensável - Art. 24,
Não se aplica aos serviços hipótese discricionária
públicos (concessões ou
permissões Competição Impossível

Licitação inexigível

1.5 - Inexigibilidade

Já a inexigibilidade é a situação onde a Administração pública deve deixar de licitar em


decorrência da inexistência do pressuposto básico e essencial inerente à toda licitação: a
concorrência.

Lembremos que a licitação se caracteriza por atender ao princípio da competitividade, e a


obrigatoriedade, mas existem certas hipóteses fáticas na qual não existe concorrência, ou seja, não
pode existir licitação. Assim, o legislador elencou no art. 25, da Lei 8.666/93, hipóteses onde o
administrador não fará licitações, em razão da inviabilidade de competição.

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em


especial:
I – para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser
fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a
preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através
de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se
realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou
Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II – para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de
natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização,
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
III – para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou
através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada
ou pela opinião pública.

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Mas o que seria notória especialização?


§ 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo
conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior,
estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica,
ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu
trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do
objeto do contrato.

Os serviços técnicos profissionais previstos na lei e capazes de gerar a inexigibilidade de


licitação estão previstos no artigo 13:

Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais
especializados os trabalhos relativos a:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

Ocorre que mesmo ocorrendo uma contratação direta, tanto nos casos de dispensa como de
inexigibilidade, a lei veda o superfaturamento de preços.

Assim, nestes casos, o preço ofertado deverá ser compatível com o mercado, sob pena de
responsabilização solidária pelo dano causado à Fazenda Pública do fornecedor ou o prestador de
serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. (parágrafo
2º, artigo 25).

Três são os tipos de inexigibilidade previstas em lei:

Fornecedor exclusivo (Art. 25, I, Lei 8.666): Podem existir dois tipos ou espécies de exclusividade
para as hipóteses do inc. I do art. 25, a absoluta e relativa. Na absoluta existe apenas um fornecedor
exclusivo no país, já na relativa é observada apenas a praça em que será realizada a licitação.

A exclusividade deverá ser comprovada através de atestado fornecido pela junta comercial,
sindicato, federação ou confederação.
Além disso, existe vedação expressa de preferência de marca, salvo por razões de padronização ou
técnico-científicas.

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Serviços técnicos especializados (Art. 25, II, Lei 8.666/93): Existem três requisitos, de caráter
cumulativo para declarar a inexigibilidade nesta hipótese, quais sejam:

Serviço especializado: todos aqueles elencados no art. 13 da Lei 8.666/93;

Natureza singular: deverá ser demonstrada a necessidade para contratar aquele serviço e sua
impossibilidade de ser executado por outro profissional “comum”;

Notória especialização: a definição é dada pelo §1º do art. 25, ao qual remetemos o leitor.

A inexigibilidade por serviços técnicos especializados é vedada para os serviços de


publicidade e divulgação.

Atividades artísticas: Esta hipótese de inexigibilidade é de fácil associação, destinando-se à


contratação – ainda que por empresário exclusivo -de artista renomado pela crítica ou opinião
pública.

DISPENSA INEXIGIBILIDADE
Aqui o administrador tem o poder Aqui o administrador se depara com hipóteses
discricionário (faculdade) de escolher entre nas quais a licitação resta impossível, por lhe
licitar ou dispensar a licitação. faltar o pressuposto lógico, a competição.

FGV - OAB UNI NAC/OAB/XV Exame/2014


Diante das chuvas torrenciais que destruíram o telhado do prédio de uma Secretaria de Estado, o
administrador entende presentes as condições para a dispensa de licitação com fundamento no Art.
24, IV, da Lei nº 8.666/1993 (contratação direta quando caracterizada urgência de atendimento de
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços,
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares).Submete, então, à Assessoria Jurídica a
indagação sobre a possibilidade de contratação de empresa de construção civil de renome nacional
para a reconstrução da estrutura afetada do edifício.
Sobre as hipóteses de contratação direta, assinale a afirmativa correta.

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a) As hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação não exigem justificativa de preço, porque


são casos em que a própria legislação entende inconveniente ou inviável a competição pelas
melhores condições de contratação.
b) A dispensa de licitação, assim como a de inexigibilidade, não prescinde de justificativa de preço,
uma vez que a autorização legal para não licitar não significa possibilidade de contratação por
preços superiores aos praticados no mercado.
c) Apenas as hipóteses de dispensa de licitação (e não as situações de inexigibilidade) exigem
justificativa de preço até porque a inexigibilidade significa que somente uma pessoa pode ser
contratada, o que afasta possibilidade de discussão quanto ao preço.
d) A dispensa de licitação não exige justificativa de preço, pois a própria lei prevê, taxativamente, que
não se faça licitação nas hipóteses elencadas; na inexigibilidade, a justificativa de preço é inafastável,
diante do caráter exemplificativo do Art. 25 da Lei.

Comentários

Tenham sempre em mente que independente de Dispensa ou Inexigibilidade de Licitação,


em ambas a formas, a Administração deverá justificar o motivo e razões pelo qual não procedeu à
licitação, escolha de preços e fornecedores.

Vejamos a Lei nº 8.666/93:

Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no inciso III e seguintes


do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente
justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8o desta
Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para
ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como
condição para a eficácia dos atos.

Artista
Fornecedor
exclusivo
Contratação direta
inexigível

Serviços técnicos
profissionais especializados
Competição Impossível

Inviabilidade jurídica

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1.6 - Licitação dispensada art. 17 da Lei 8.666/93

A licitação dispensada é aquela onde a lei determina que o Administrador não a faça.

Trata-se de previsão do artigo 17, da Lei 8.666/93, que se remete o aluno (sugere-se a leitura
integral do dispositivo em seu vade mecum).

Destacam-se os incisos com maior relevância:

Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de


interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá
às seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da
administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos,
inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na
modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da
administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas
alíneas f, h e i;
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do
art. 24 desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera
de governo;
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso,
locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados
ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades
da administração pública;
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383,
de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da
Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso,
locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com
área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos no âmbito
de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por
órgãos ou entidades da administração pública;
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras
públicas rurais da União e do Incra, onde incidam ocupações até o limite de que
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trata o § 1o do art. 6o da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de


regularização fundiária, atendidos os requisitos legais; e
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta
nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após
avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à
escolha de outra forma de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração
Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação
específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da
Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da
Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe.
§ 1o Os imóveis doados com base na alínea "b" do inciso I deste artigo, cessadas
as razões que justificaram a sua (...)

Sempre que falamos em alienação de bens que integram o patrimônio da administração


pública, em regra, será necessário realizar uma licitação na modalidade concorrência para os bens
imóveis, salvo as hipóteses do artigo 17, I e II e o artigo 19 da Lei de Licitações. No caso de bens
móveis, poderá ser utilizada a modalidade leilão, a qual será explicada em momento oportuno.

1.7 - Modalidades de licitação

A administração deverá adotar certos procedimentos e formalidades em cada licitação,


adotando a modalidade que melhor se adeque ao interesse público. Cinco são as modalidades
elencadas na Lei n. 8.666/93, especificamente no artigo 22, quais sejam:

Concorrência;

Tomada de preço;

Convite;

Concurso;

Leilão;

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Além dessas modalidades, outra são três previstas em leis esparsas:

Pregão (Lei n. 10.520/2002);

Consulta (Lei n. 9.472/1997);

RDC (Lei n. 12.462/2011).

Importante salientar que a concorrência, tomada de preço e convite, são


modalidades que são definidas pelo seu valor estimado de contratação, tendo o
mesmo objetivo, ou seja, contratar obras, serviços e fornecimento.

Obras e serviços de engenharia:

Convite: até $330.000,00 (trezentos e trinta mil reais);

Tomada de preços: até R$3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais);

Concorrência: Acima de R$3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais).

Demais objetos de contratação:

Convite: até R$176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais);

Tomada de preços: até R$1.430.000,00 (um milhão quatrocentos e trinta mil


reais);

Concorrência: acima de R$1.430.000,00 (um milhão quatrocentos e trinta mil


reais).

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Caso o contratante seja um consórcio público formado por até três entidades federativas, as
faixas de valores elencadas no art. 23, inc. I, “c” e inc. II, “c”, da Lei de licitações, serão alteradas em
dobro, caso o consórcio público estiver formado por mais de três entidades, deverão as faixas de
valores serem alteradas para o triplo. É o que estabelece o art. 23, §8º.

§ 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados


no caput deste artigo quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o
triplo, quando formado por maior número.

Até 3 entes --> o


valor da modalidade
de licitação x2
Em consórcios
públicos
Mais de 3 entes --> o
valor da modalidade
de licitação x3

Lembre-se, quem pode realizar a licitação na modalidade mais fácil, pode realizar
também na menos fácil.
Artigo 22.
§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada
de preços e, em qualquer caso, a concorrência.

O mapa esquemático é algo assim:

CONCORRÊNCIA

TOMADA DE
PREÇOS

CONVITE

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Já o concurso é a modalidade utilizada para contratação de trabalhos técnicos, científico ou


artístico. Por outro lado, o leilão será a modalidade utilizada para alienações de bens da
administração, especialmente bens móveis inservíveis ou apreendidos.

Ressalte-se que não é possível a criação ou combinação destas modalidades previstas na Lei
8.666/93, conforme art. 22, §8º:

§ 8º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das


referidas neste artigo.

Isto não impede que a própria União, no seio da sua competência para editar normas gerais,
crie novas modalidades de licitação, a exemplo do pregão, consulta e RDC.

FGV - OAB UNI NAC/OAB/XII Exame/2013


A Administração Pública estadual pretende realizar uma licitação em modalidade não prevista na
legislação federal. Nesse caso, é correto afirmar que
a) a intenção é viável, pois o Estado tem ampla competência para legislar sobre licitações.
b) a intenção somente é viável caso seja realizada a combinação de modalidades de licitação já
previstas na Lei n. 8.666/93.
c) a intenção não é viável por expressa vedação da Lei n. 8.666/93.
d) a intenção é viável por expressa autorização da Lei n. 8.666/93.

Comentários

Tal vedação se aplica tão somente ao administrador público, visto que nada impede que a
União, na sua capacidade de legislar sobre normas gerais de licitação crie outra modalidade, como o
fez em 2002 quando instituiu a lei federal do pregão (Lei 10.520).

No que tange ao pregão, esta modalidade destina-se à contratação de bens ou serviços


comuns da administração pública, independentemente do valor estimado. A consulta é
procedimento simplificado utilizado no seio exclusivo das agências reguladoras e o RDC – Regime

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Diferenciado de Contratações foi procedimento exclusivo criado no âmbito das contratações das
competições esportivas realizadas no Brasil (Olimpíadas, Copa do Mundo, etc).

1.7.1 - Concorrência

Esta modalidade é a que mais formalidades possui, pois, sua exigência, na maioria das vezes,
recai sobre contratos de grande porte econômico. Sua definição é dada pelo art. 22, §1º da Lei
8.666/93:

§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na


fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.

Existem casos na legislação que a concorrência deverá ser usada não em razão do valor do
contrato, mas sim em razão de sua natureza. São os casos elencados no art. 17 e 19 da Lei de
licitações, vejamos:

Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência


de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e
obedecerá às seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da
administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos,
inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na
modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado
de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por
ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras:
I - avaliação dos bens alienáveis;
II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou
leilão.

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FGV - OAB UNI NAC/OAB/IX Exame/2012


O Presidente de uma empresa pública estadual, ao assumir a gestão da entidade e realizar uma
auditoria no seu patrimônio imobiliário, decide alienar um imóvel que se localiza em região
extremamente valorizada. Além da demonstração do interesse público que a justifique, a alienação
do referido imóvel depende de
a) avaliação prévia e autorização legislativa.
b) autorização do Poder Executivo e registro no Tribunal de Contas do Estado.
c) avaliação prévia e licitação na modalidade concorrência.
d) autorização legislativa e licitação na modalidade leilão.

Comentários

A Lei nº 8.666/93, no seu art. 17, I, dispõe sobre alienações quando se tratar de bens imóveis.
Em se tratando de bens imóveis, há necessidade de avaliação prévia e licitação na modalidade
concorrência, por expressa determinação legal.

Além disso:

Artigo 22.
§ 3º A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor
de seu objeto, tanto na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto
no art. 19, como nas concessões de direito real de uso e nas licitações
internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os limites deste artigo,
a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro
internacional de fornecedores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem
ou serviço no País.
A concorrência é aquela modalidade usada para garantir maior formalidade e rigor
no procedimento licitatório, por versar normalmente sobre contratos de grande
vulto, permitindo-se a participação de qualquer interessado.

A concorrência será utilizada em razão dos valores e também para:

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Concorrência

Compra de Direito Real de Alienação de


Concessões PPP
imóveis uso imóveis públicos

A comissão de licitação será formada por:

3 (três) membros, no mínimo;

Sendo 2 (dois) deles servidores qualificados que pertençam aos quadros


permanentes dos órgãos da administração responsável pela licitação.

Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro cadastral, a sua alteração


ou cancelamento, e as propostas serão processadas e julgadas por comissão
permanente ou especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo menos 2
(dois) deles servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos
órgãos da Administração responsáveis pela licitação.

1.7.2 - Tomada de preços

Esta modalidade está definida pelo art. 22, §2º da Lei de Licitações:

§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente


cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento
até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a
necessária qualificação.

Vejam meus alunos, a tomada de preço é uma modalidade de licitação na qual se exige que o
interessado esteja devidamente cadastrado ou tenha a possibilidade de atender todas as condições
exigidas para realizar tal cadastro até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas.

Esta modalidade é menos formal que a concorrência, visto que o valor do contrato não
apresenta grande voluptuosidade, chegando até R$3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais)

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para obras e serviços e engenharia e R$1.430.000,00 (um milhão quatrocentos e trinta mil reais) para
as demais contratações.

Os prazos de intervalo mínimo na tomada de preços são diferentes da concorrência:

Artigo 21. § 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização


do evento será:
I - quarenta e cinco dias para:
a) concurso;
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar o regime de
empreitada integral ou quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica
e preço";
II - trinta dias para:
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea "b" do inciso anterior;
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e
preço";
III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não especificados na alínea "b"
do inciso anterior, ou leilão;
IV - cinco dias úteis para convite.

A vantagem desta modalidade é que a documentação para habilitação do licitante será


apresentada em momento prévio, não havendo necessidade de ser apresentada após a publicação
do edital (os licitantes precisam estar previamente cadastrados ou se cadastrarem até o terceiro dia
anterior da apresentação das propostas).

FGV - OAB UNI NAC/OAB/IX Exame/2012


O Estado Y resolve realizar licitação, com fundamento na Lei Federal n. 8.666/93, para a contratação
de obra de engenharia para a construção de um hospital. Consultada a procuradoria, ela indica que
a modalidade que deverá ser adotada é a de tomada de preços.
Com base no caso acima, assinale a afirmativa correta.
a) Se a modalidade deve ser tomada de preços, pode-se presumir que a obra foi orçada em até um
milhão e quinhentos mil reais, porém nada obsta que se opte por utilizar as modalidades
concorrência ou convite, pois ambas são modalidades mais amplas de licitação que a tomada de
preços.
b) É possível desmembrar a referida obra em duas ou mais e realizar as licitações na modalidade de
convite, mesmo que, com isso, viesse a perder a economia de escala decorrente da sua realização
integrada.

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c) Na tomada de preços qualquer interessado que, na fase inicial de habilitação preliminar,


comprovar possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu
objeto, poderá dela participar.
d) Na modalidade tomada de preços, o Estado somente receberá propostas dos licitantes que
estejam devidamente cadastrados, permitindo-se, porém, o cadastramento até o terceiro dia
anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

Comentários

A presente questão exige o conceito e fundamentação da modalidade Tomada de Preço, ou


seja, exige o conhecimento da literalidade da Lei nº 8.666/93.

1.7.3 - Convite

A modalidade convite é aquela destinada a interessados que receberem um convite da


administração pública (no mínimo 3 três). Estes licitantes são escolhidos pela administração e
receberão uma carta-convite, para apresentar suas propostas no prazo máximo de 5 (cinco) dias
úteis.

Contudo, a administração pública deverá afixar esta carta convite em local apropriado na
repartição pública. Assim, quaisquer interessados em participar do certame também poderão fazê-
lo, desde que manifestem vontade de participar com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas
da apresentação das respectivas propostas.

A doutrina defende que o prazo de 24 horas para manifestação de vontade em participar do


certame não se confunde com o prazo para cadastramento no órgão.

Em analogia com a tomada de preços, Celso Antônio Bandeira de Melo defende que o licitante
deverá se cadastrar no órgão público em até 3 dias antes da apresentação da proposta e manifestar
interesse em participar do certame até 24 horas antes deste dia.

Vejamos o artigo em comento:

Artigo 22.
§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao
seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência
de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

O valor para o convite está disposto no art. 23, I, “a” e II, “a”, sendo para as obras e serviços de
engenharia de até R$330.000,00 (trezentos e trinta mil reais) e para os demais objetos até R$
176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais).
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Mas professor, e se não existirem 3 interessados em participar do procedimento?


Como fica o convite?

Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for impossível
a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos (3), essas circunstâncias deverão ser
devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição do convite. (parágrafo 7º, artigo 22).

Assim, o convite não possuirá qualquer nulidade, mas esta ausência de licitantes deverá ser
devidamente justificada no processo administrativo.

Percebam que o vulto desta modalidade é baixo, carecendo o convite de maiores formalidades.

Art. 51.[...]
§ 1º No caso de convite, a Comissão de licitação, excepcionalmente, nas pequenas
unidades administrativas e em face da exigüidade de pessoal disponível, poderá ser
substituída por servidor formalmente designado pela autoridade competente.

1.7.4 - Concurso

O concurso é a modalidade de licitação utilizada para contratos de caráter meramente


intelectual, visto que destinada à escolha de trabalho técnico, científico ou artístico. Neste caso, o
vencedor do procedimento receberá por tal trabalho prêmios ou remuneração previstas no edital.

O intervalo mínimo entre a publicação do concurso e a data de apresentação das propostas é


de 45 (quarenta e cinco) dias.

Este tipo de “concurso” não é a mesma coisa que concurso público. Este último
possui a característica de provimento de cargos e o concurso aqui tratado
estabelece apenas uma premiação, não oferece um cargo permanente.
Artigo 22.
§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para
escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de
prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco)
dias.

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Cada concurso terá o seu próprio regulamento, uma vez que a legislação apenas disciplina o
intervalo mínimo do certame.

1.7.5 - Leilão

O leilão é a modalidade de licitação destinada aos seguintes objetos:

Vender bens móveis inservíveis;

Vender produtos legalmente apreendidos ou penhorados; e por último

Alienar bens imóveis adquiridos em procedimento judicial ou através de dação


em pagamento, segundo o art. 19 da Lei de Licitações.

Trata-se de disposição do parágrafo 5º, do artigo 22, da Lei 8.666/93:


Artigo 22.
§5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda
de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente
apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art.
19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

Exige-se neste procedimento uma ampla divulgação e uma prévia avaliação dos bens, sendo
o certame realizado por leiloeiro oficial ou servidor nomeado pela administração. Com o
encerramento do leilão, os valores da arrematação deverão ser pagos à vista, admitindo-se nos
limites do edital, o pagamento parcelado, com uma entrada mínima de 5% (cinco por cento) do valor
da avaliação prévia.

1.7.6 - Pregão

Estabelecido pela Lei 10.520/2002, o Pregão veio a criar uma nova modalidade de licitação,
utilizando a União da sua capacidade de legislar sobre normas gerais quanto ao tema.

De acordo com o artigo 1º, esta modalidade destina-se à aquisição de bens e serviços
comuns, cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital,
por meio de especificações usuais no mercado (ex. caneta, água, café, papel....).

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Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na
modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste
artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.

O bem ou serviço comum, portanto, deve ser:

Disponível no mercado, ou seja, é fácil achar o produto ou serviço no mercado;

Padronizado; e

“Comum” em cada caso concreto não sendo considerada de maneira abstrata.

O rol de serviços e bens comuns é, desta forma, exemplificativo, visto que a lei não poderia
definir os inúmeros serviços e bens que se consideram comuns no mercado. Além disso, esta
modalidade de licitação poderá ser utilizada independentemente do valor do contrato.

Professor, quais são os pontos mais importantes do Pregão?

Dois são os tipos de pregão:

Pregão presencial: feito em espaço físico;

Pregão eletrônico: feito em espaço virtual, regulado pelo decreto 5.450/2005.

Objeto: independente dos respectivos valores, contratação de serviços e bens


comuns.

Habilitação: Art. 4º, inc. VII:

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VII - aberta a sessão, os interessados ou seus representantes, apresentarão


declaração dando ciência de que cumprem plenamente os requisitos de
habilitação e entregarão os envelopes contendo a indicação do objeto e do preço
oferecidos, procedendo-se à sua imediata abertura e à verificação da conformidade
das propostas com os requisitos estabelecidos no instrumento convocatório;

Pregoeiro: Art. 3º, IV:

IV - a autoridade competente designará, dentre os servidores do órgão ou entidade


promotora da licitação, o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição
inclui, dentre outras, o recebimento das propostas e lances, a análise de sua
aceitabilidade e sua classificação, bem como a habilitação e a adjudicação do objeto
do certame ao licitante vencedor.

Tipo de licitação: Art. 4º, X (sempre menor preço):

X - para julgamento e classificação das propostas, será adotado o critério de menor


preço, observados os prazos máximos para fornecimento, as especificações
técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital;

Inversão das fases de julgamento e habilitação: segundo o procedimento


elencado na lei do pregão, a fase de julgamento antecede à fase de habilitação.

Propostas escritas: Todas as propostas escritas serão julgadas pelo pregoeiro


pelo menor preço e estabelecerá na sequência a ordem de classificação.

Propostas verbais: Poderão ser feito lances verbais pelos primeiros colocados
(até o limite de 10% da menor proposta), atendendo ao disposto no art. 4º, veja-
se:

VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas com
preços até 10% (dez por cento) superiores àquela poderão fazer novos lances
verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor;
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IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas condições definidas no inciso
anterior, poderão os autores das melhores propostas, até o máximo de 3 (três),
oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços
oferecidos;

Negociações: segundo o art. 4º, XVII, poderá o pregoeiro negociar diretamente


com o licitante que se encontra em primeiro lugar, para tentar diminuir ainda
mais o preço.

Recursos: Segundo o art. 4º, XVIII, poderá qualquer licitante manifestar


imediatamente e de forma motivada sua intenção de recorrer, sendo-lhe
concedido prazo de 30 (trinta) dias para apresentação das razoes recursais,
ficando habilitados os demais licitantes para apresentar contrarrazões no
mesmo prazo, sendo-lhes assegurados a vista imediata dos autos.

Inversão da fase de homologação e adjudicação: normalmente a adjudicação se


dá depois da homologação, mas no pregão, a adjudicação acontece de forma
prévia, ocorrendo a inversão destas fases, como bem estipula o art. 4º, inc. XXI e
XXII.

Mas professor, o que seria o Sistema de Registro de Preços?

O Sistema de Preços não é uma modalidade de licitação, mas sim um processamento que
se dará conforme o caso: concorrência ou pregão. É eficiente esse tipo de processamento nos casos
em que há reiteradas compras.

Ocorrendo uma primeira licitação, esta é registrada numa ata com o compromisso para que
ocorra uma futura contratação, ou seja, quando a administração necessitar de novos produtos, não
precisará fazer uma nova licitação, basta acionar o fornecedor registrado na ata, o que agiliza o
processo de contratação.

FGV - OAB UNI NAC/OAB/XI Exame/2013


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Em um pregão presencial promovido pela União, foram abertas as propostas de preço, constatando-
se que o licitante “M” ofereceu preço de R$ 10.000,00; “N”, o preço de R$ 10.001,00; “O” ofertou R$
10.150,00; “P”, o preço de R$ 10.500,00; “Q” apresentou proposta de R$ 10.999,99 e “R”, por fim,
ofereceu R$ 12.000,00. Diante da hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta.
a) Devem ser classificados para a fase de lances verbais os licitantes “M”, “N”,“O”, “P” e “Q”, uma
vez que ofereceram a proposta mais baixa e as propostas com preço até dez por cento superiores
àquela.
b) Para a fase de lances verbais, somente devem ser classificados os licitantes “M”, “N”, “O” e “P”,
uma vez que ofereceram a proposta mais baixa e as três outras melhores propostas.
c) Todos os licitantes devem ser classificados para a próxima fase, uma vez que restringir a
participação de algum deles significaria ofensa ao caráter competitivo da licitação.
d) A Administração deve realizar média de todos os preços ofertados e poderão participar da fase
seguinte os licitantes com propostas inferiores a esta média e aqueles que aceitarem reduzir seu
preço para este limite.

Comentários

A questão exige o conhecimento da Lei nº 10.520/02 (Regula a Modalidade Pregão), mais


especificadamente o art. 4º, VIII, que determina a participação na fase de lances orais aos licitante
que tenham apresentado a melhor proposta, bem como aqueles que apresentarem propostas cujos
valores não ultrapassem 10% (dez por cento) do menor valor.

1.7.7 - Consulta

Trata-se de modalidade licitatória aplicável exclusivamente às agências reguladoras,


conforme artigos 55 a 59 da Lei 9.472/1997 (ANATEL) e está prevista no art. 37, caput e parágrafo
único da Lei 9.986/2000.

Vejamos os artigos mencionados:

Art. 37. A aquisição de bens e a contratação de serviços pelas Agências Reguladoras


poderá se dar nas modalidades de consulta e pregão, observado o disposto
nos arts. 55 a 58 da Lei no 9.472, de 1997, e nos termos de regulamento próprio.
Art. 55. A consulta e o pregão serão disciplinados pela Agência, observadas as
disposições desta Lei e, especialmente:
I - a finalidade do procedimento licitatório é, por meio de disputa justa entre
interessados, obter um contrato econômico, satisfatório e seguro para a Agência;
II - o instrumento convocatório identificará o objeto do certame, circunscreverá o
universo de proponentes, estabelecerá critérios para aceitação e julgamento de
propostas, regulará o procedimento, indicará as sanções aplicáveis e fixará as
cláusulas do contrato;

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III - o objeto será determinado de forma precisa, suficiente e clara, sem


especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem a
competição;
IV - a qualificação, exigida indistintamente dos proponentes, deverá ser compatível
e proporcional ao objeto, visando à garantia do cumprimento das futuras
obrigações;
V - como condição de aceitação da proposta, o interessado declarará estar em
situação regular perante as Fazendas Públicas e a Seguridade Social, fornecendo
seus códigos de inscrição, exigida a comprovação como condição indispensável à
assinatura do contrato;
VI - o julgamento observará os princípios de vinculação ao instrumento
convocatório, comparação objetiva e justo preço, sendo o empate resolvido por
sorteio;
VII - as regras procedimentais assegurarão adequada divulgação do instrumento
convocatório, prazos razoáveis para o preparo de propostas, os direitos ao
contraditório e ao recurso, bem como a transparência e fiscalização;
VIII - a habilitação e o julgamento das propostas poderão ser decididos em uma
única fase, podendo a habilitação, no caso de pregão, ser verificada apenas em
relação ao licitante vencedor;
IX - quando o vencedor não celebrar o contrato, serão chamados os demais
participantes na ordem de classificação;
X - somente serão aceitos certificados de registro cadastral expedidos pela Agência,
que terão validade por dois anos, devendo o cadastro estar sempre aberto à
inscrição dos interessados.

Art. 58. A licitação na modalidade de consulta tem por objeto o fornecimento de


bens e serviços não compreendidos nos arts. 56 e 57.
Parágrafo único. A decisão ponderará o custo e o benefício de cada proposta,
considerando a qualificação do proponente.

1.7.8 - Regime Diferenciado de Contratações

Esta modalidade surgiu em 2011 através da Lei 12.462 com o objetivo de acelerar as obras de
infraestrutura relacionada aos eventos que aconteceriam no Brasil, como a Copa do Mundo em 2014,
a Copa das Confederações em 2013 e os Jogos Olímpicos em 2016.

Posteriormente, este regime fora ampliado para abarcar obras e serviços de engenharia do
Sistema único de Saúde (SUS) e o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), como também
obras e serviços de engenharia no que tange aos estabelecimentos penais e de atendimento
socioeducativos.

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Vejamos alguns dispositivos do artigo 1º (o aluno deve ler todos em seu vade mecum):

Art. 1º É instituído o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), aplicável


exclusivamente às licitações e contratos necessários à realização:
I - dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, constantes da Carteira de Projetos
Olímpicos a ser definida pela Autoridade Pública Olímpica (APO); e
II - da Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol Associação
- Fifa 2013 e da Copa do Mundo Fifa 2014, definidos pelo Grupo Executivo - Gecopa
2014 do Comitê Gestor instituído para definir, aprovar e supervisionar as ações
previstas no Plano Estratégico das Ações do Governo Brasileiro para a realização da
Copa do Mundo Fifa 2014 - CGCOPA 2014, restringindo-se, no caso de obras
públicas, às constantes da matriz de responsabilidades celebrada entre a União,
Estados, Distrito Federal e Municípios;
III - de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das
capitais dos Estados da Federação distantes até 350 km (trezentos e cinquenta
quilômetros) das cidades sedes dos mundiais referidos nos incisos I e II. (...)

O RDC tem como objetivos (§1º, do art. 1º):

Ampliar a eficiência nas contratações públicas e a competitividade entre os


licitantes;

Promover a troca de experiências e tecnologias em busca da melhor relação entre


custos e benefícios para o setor público;

Incentivar a inovação tecnológica; e

Assegurar tratamento isonômico entre os licitantes e a seleção da proposta mais


vantajosa para a administração pública.

Alguns pontos importantes para serem lembrados

Existe a previsão de restrição à publicidade do orçamento estimado no art. 6º;

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Temos a inversão das fases de habilitação e julgamento no art. 12;

Existem novos critérios de julgamento elencados no art. 18;

Pode ser elencada a possibilidade de uma remuneração variável vinculada ao


desempenho da empresa contratada no art. 10;

Pode ser previsto a contratação simultânea ou a possibilidade de mais de uma


empresa realizar o mesmo serviço conforme o art. 11;

Existe a nova previsão da contratação integrada que pode executar o projeto


básico + a execução de obra, sem incorrer em ilegalidade conforme art. 8º c/c
art. 36, §1º.

FGV - OAB UNI NAC/OAB/XXII Exame/2017


A Administração Federal irá realizar sucessivos contratos de compra de produtos de papelaria, de
uso contínuo nos órgãos para os quais os bens estão destinados. Para tanto, pretende fazer uso dos
mecanismos legais que melhor atendam ao princípio da eficiência. No caso, acerca da modalidade de
licitação a ser adotada, assinale a afirmativa correta.
a) É cabível a utilização do regime diferenciado de contratações públicas (RDC).
b) Deverá ser utilizada a modalidade leilão para cada uma das compras a contratar.
c) É possível o processamento das compras pelo sistema de registro de preços, mediante a
utilização da modalidade pregão.
d) É obrigatória a utilização da modalidade convite, independentemente do valor orçado.

Comentários

Preliminarmente, convém destacar que o Sistema de Preços não é uma modalidade de


licitação, mas sim um processamento que se dará conforme o caso: concorrência ou pregão. No
caso em tela, a modalidade poderia ser o pregão, haja vista a compra de bens ser de natureza
comum-produtos de papelaria.

É eficiente esse tipo de processamento nos casos em que há reiteradas compras, como bem
informa a indagação da questão.

Ocorrendo uma primeira licitação, esta é registrada numa ata com o compromisso para que
ocorra uma futura contratação, ou seja, quando necessitar de novos produtos, não precisa fazer uma
nova licitação, basta acionar o fornecedor registrado na ata.

Lembrando que poderá ser utilizada no RDC conforme artigo 29 da Lei 12.462/2011:

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Art. 29. São procedimentos auxiliares das licitações regidas pelo disposto nesta Lei:
I - pré-qualificação permanente;
II - cadastramento;
III - sistema de registro de preços; e
IV - catálogo eletrônico de padronização.
Parágrafo único. Os procedimentos de que trata o caput deste artigo obedecerão
a critérios claros e objetivos definidos em regulamento.

Concorrência
Pregão - Lei
Consideram o
10.520/2002 Tomada de Preço
valor do contrato

Modalidades de Convite
Leilão Licitação

Concurso Consulta

RDC - Lei
12.462/2011 Exclusivo para agências reguladoras

Vedado para obras e serviços de engenharia

1.8 - Tipos de licitação

Os tipos de licitação encontram-se no art. 45, parágrafo 1º, da Lei n. 8.666/93:

Art. 45. § 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na
modalidade concurso:
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para
a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a
proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor
preço;
II - a de melhor técnica;
III - a de técnica e preço.

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IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de


direito real de uso.

A definição da melhor contratação para a administração pública poderá ser feita através do
critério de:

Menor preço: na seleção da proposta mais vantajosa, determina-se o vencedor


com base na proposta que além de se adequar às especificações do edital ou
convite, oferte o menor preço.

Melhor técnica ou técnica e preço: trata-se de tipo utilizado


predominantemente para serviços de cunho intelectual, conforme artigo 46, da
Lei 8.666/93:

Art. 46. Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão utilizados
exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, em
especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e
gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a
elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos,
ressalvado o disposto no § 4º do artigo anterior.

Maior lance ou oferta: este critério é unicamente utilizado exclusivamente no


leilão e na alienação de bens ou concessões de direito real de uso de bens
públicos;

§ 4º Para contratação de bens e serviços de informática, a administração observará


o disposto no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta
os fatores especificados em seu parágrafo 2º e adotando obrigatoriamente o tipo
de licitação "técnica e preço", permitido o emprego de outro tipo de licitação nos
casos indicados em decreto do Poder Executivo.
§ 5º É vedada a utilização de outros tipos de licitação não previstos neste artigo.

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Menor Preço

Melhor Técnica
Tipos de Licitação

Melhor Preço e Técnica

Maior Lance / Oferta (Leilão)


Segundo o art. 45, pár. 5º - É vedada a
utilização de outros tipos

1.9 - Anulação e Revogação

1.9.1 - Anulação

A administração pública poderá anular todos os seus próprios atos que forem eivados de
vícios de legalidade, ou seja, cada vez que existir uma hipótese na qual no certame licitatório não
forem observados os princípios ou regras que regem o procedimento licitatório, haverá um vício
passível de anulação.

A anulação está disposta na segunda parte do art. 49 da Lei de Licitações:

Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente


poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato
superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal
conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de
terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
§ 1º A anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera
obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta
Lei.
§ 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, ressalvado o
disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.

Além disso, o artigo 59 estabelece que a nulidade do contrato não exonera a Administração
Pública do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data da declaração
de nulidade, sob pena de enriquecimento sem causa.

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Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo opera


retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria
produzir, além de desconstituir os já produzidos.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o
contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e
por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja
imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.

Em todo caso, assegura-se o contraditório e a ampla defesa ao contratado:

Artigo 49. § 3º No caso de desfazimento do processo licitatório, fica assegurado o


contraditório e a ampla defesa.
§ 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos atos do procedimento
de dispensa e de inexigibilidade de licitação.

As súmulas 346 e 473 do STF esmiúçam a hipótese de anulação:

Súmula 473 – STF - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Súmula 346 – STF - A administração pública pode declarar a nulidade dos seus
próprios atos.

1.9.2 - Revogação

A revogação do procedimento licitatório também é elencada no artigo 49 da Lei, anteriormente


citado, e significa desfazer os efeitos de uma licitação já realizada por critérios administrativos ou por
razões de interesse público.

Percebam que a revogação da lciitaçlão apenas opera efeitos ex nunc (daqui para frente).

Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente


poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato
superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal

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conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de


terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.

Súmula 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos,
e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Aqui é importante saber que a revogação se dará em decorrência do interesse público,


podendo a administração, se achar conveniente, revogar o procedimento licitatório desde que
ocorrido fato superveniente e devidamente justificado. O Judiciário poderá ainda, avaliar a
legalidade da revogação, mas nunca poderá adentrar no mérito administrativo.

FGV - OAB UNI NAC/OAB/XIII Exame/2014


A União licitou, mediante concorrência, uma obra de engenharia para construir um hospital público.
Depois de realizadas todas as etapas previstas na Lei n. 8.666/93,sagrou-se vencedora a Companhia
X. No entanto, antes de se outorgar o contrato para a Companhia X, a Administração Pública resolveu
revogar a licitação.
Acerca do tema, assinale a afirmativa correta.
a) A Administração Pública pode revogar a licitação, por qualquer motivo, principalmente por
ilegalidade, não havendo direito subjetivo da Companhia X ao contrato.
b) A revogação depende da constatação de ilegalidade no curso do procedimento e, nesse caso, não
pode ser decretada em prejuízo da Companhia X, que já se sagrou vencedora.
c) A revogação, fundada na conveniência e na oportunidade da Administração Pública, deverá
sempre ser motivada e baseada em fato superveniente ao início da licitação.
d) Quando a Administração lança um edital e a ele se vincula, somente será possível a anulação do
certame em caso de ilegalidade, sendo-lhe vedado, pois, revogar a licitação.

Comentários

Justifica-se a questão com o verbete da súmula 473 do STF:

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Súmula – 473 – STF A administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Ademais, quando ocorrer a Revogação da Licitação, esta se dará por razões de interesse
público e os fatos decorrentes devem ser supervenientes, pertinentes e suficientes para justificar tal
conduta.

Vejamos o disposto na Lei nº 8.666/93:

Art.49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente


poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato
superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal
conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de
terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.

Por fim, vale registrar que tanto na Anulação quanto na Revogação ficam assegurados o
contraditório e a ampla defesa.

FGV - OAB UNI NAC/OAB/III Exame/2010


A revogação da licitação pressupõe
a) mero juízo de conveniência e oportunidade da Administração, podendo se dar a qualquer tempo.
b) mero juízo de conveniência e oportunidade da Administração, podendo ocorrer até antes da
assinatura do contrato.
c) prévia, integral e justa indenização, podendo, por isso, se dar por qualquer motivo e a qualquer
tempo.
d) razões de interesse público decorrentes de fato superveniente, devidamente comprovado,
pertinente e suficiente para justificar essa conduta.

Comentários

Aqui mais uma vez se repete o enunciado do art. 49 da Lei de Licitações, devendo meu caro
aluno, prestar bastante atenção à leitura do referido artigo, visto que a FGV apenas questiona o
conhecimento da legislação, ou seja, a “letra fria da lei”.

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Ilegalidade

Ex tunc
Anulação
Somente caberá
Sem indenização
Invalidação - Art. 49 Lei indenização pelo que já
de Licitações e Súmula foi feito - Art. 59, pár.
Fundamentada único. Lei 8.666/93
473, STF

Contamina o contrato
Revogação

Razões de interesse público decorrente de fato superveniente

Possibilidade de gerar indenização

Existir causa que autorize

Ex nunc

1.10 - Procedimento da Licitação

1.10.1 - Fase Interna

A fase interna do procedimento licitatório é composta por atos de caráter inicial e


preparatórios praticados pelo órgão responsável pela licitação. Esta fase é delimitada pelo edital, ou
seja, tudo aquilo que for feito antes do edital será considerado fase interna.

Aqui toma-se como base o procedimento elencado para a concorrência, elencando fases
como a:

Elaboração do projeto básico (obras e serviços de engenharia);

Elaboração de orçamento detalhado;

Elaboração de uma previsão de recursos orçamentários e compatibilidade com o


plano plurianual ou PPA;

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Abertura do processo administrativo para verificar a necessidade da contratação


e a designação da comissão;

Trata-se de disposição do artigo 38, da Lei 8.666/93:

Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo


administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a
autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para
a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente:
I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso;
II - comprovante das publicações do edital resumido, na forma do art. 21 desta Lei,
ou da entrega do convite;
III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro administrativo ou
oficial, ou do responsável pelo convite;
IV - original das propostas e dos documentos que as instruírem;
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora;
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa ou
inexigibilidade;
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homologação;
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e respectivas
manifestações e decisões;
IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação, quando for o caso,
fundamentado circunstanciadamente;
X - termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme o caso;
XI - outros comprovantes de publicações;
XII - demais documentos relativos à licitação.
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos,
acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas
por assessoria jurídica da Administração.

Existe hipótese onde antes da publicação do edital, faz-se necessária a instauração de uma
audiência pública: são hipóteses de licitações de “imenso vulto”, este conceito é dado pela doutrina
e não deve ser confundido com o termo “grande vulto” o qual é estabelecido pela legislação.

Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação ou para um conjunto de
licitações simultâneas ou sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto
no art. 23, inciso I, alínea "c" desta Lei, o processo licitatório será iniciado,
obrigatoriamente, com uma audiência pública concedida pela autoridade
responsável com antecedência mínima de 15 (quinze) dias úteis da data prevista
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para a publicação do edital, e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez)


dias úteis de sua realização, pelos mesmos meios previstos para a publicidade da
licitação, à qual terão acesso e direito a todas as informações pertinentes e a se
manifestar todos os interessados.

GRANDE VULTO: R$82,5 milhões;


IMENSO VULTO: 100 X R3.300.000,00 = R$330 milhões.

Básico e executivo

Projetos Prévios (Obras e serviços de engenharia)

Elaboração do Edital
Fase interna da licitação
Orçamento detalhado

Previsão de recursos orçamentários

Processo administrativo para verificação da necessidade da licitação


Compatibilidade com o plano plurianual

1.10.2 - Fase externa

Esta fase se inicia com a publicação do edital ou convite, conforme o caso, para que os
eventuais interessados possam aderir ao certame. O edital ou convite é a “lei da licitação”.

Trata-se da exteriorização do princípio da vinculação ao instrumento convocatório, conforme


os artigos 3º e 41 e 55, XI da Lei de licitações.

Todos os elementos obrigatórios que deverão constar no edital foram esculpidos pelo art. 40
da Lei de licitações, de onde se destaca (importante que o aluno leia a íntegra do dispositivo em seu
vade mecum).

Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome
da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o

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tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para
recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos
envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;
II - prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada dos instrumentos,
como previsto no art. 64 desta Lei, para execução do contrato e para entrega do
objeto da licitação;
III - sanções para o caso de inadimplemento;
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto básico;
V - se há projeto executivo disponível na data da publicação do edital de licitação
e o local onde possa ser examinado e adquirido;
VI - condições para participação na licitação, em conformidade com os arts. 27 a
31 desta Lei, e forma de apresentação das propostas;
VII - critério para julgamento, com disposições claras e parâmetros objetivos; (...)
XV - instruções e normas para os recursos previstos nesta Lei;
XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;

Local do exame do
projeto básico e
executivo
Prazo e condições para assinar o
contrato

Concurso - 45 Dias
Objeto Deverá
conter Edital ou Convite
Concorrência - 30 Dias
Sanções por inadimplemento
Tipos
Condições de pagamento Tomada de preço - 15 Dias
Prazos minímos
Exigência de seguro
Convite - 5 Dias
Instrumento convocatório
Critérios de julgamento
A impugnação poderá ser feita antes da abertura dos
envelopes, até o quinto dia útil por qualquer cidadão, ou
pelos licitantes até o segundo dia útil.
É conhecido como a "Lei da
Licitação"

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Na sequência, teremos a fase da habilitação, na qual os interessados trazem a documentação


necessária para cumprir os requisitos do edital. Nesta fase, o julgamento será feito por comissão
previamente estabelecida.

A comissão será encarregada principalmente de dar seguimento ao procedimento licitatório,


a exemplo da inscrição dos licitantes, assim como também, realizar o registro cadastral dos mesmos.
A fase de habilitação e julgamento, também será feita por esta comissão.

Para a habilitação, os candidatos estão obrigados a fornecer dois envelopes, dos quais, um
deles conterá os documentos necessários à habilitação e o outro, conterá as respectivas propostas.

Uma vez aberto o primeiro envelope, ou seja, aquele com os documentos da habilitação, a
comissão decide e separa quem está habilitado e quem está inabilitado para participar do certame
licitatório. A comissão, no caso dos inabilitados, deverá devolver o envelope das propostas fechado,
já que estes estão vedados de continuar no procedimento.

Após a devida habilitação, é vedada a desistência da proposta e também a desclassificação por


motivos de habilitação, conforme artigo 43, §5º e §6º:

§ 5º Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes (incisos I e II) e abertas as


propostas (inciso III), não cabe desclassificá-los por motivo relacionado com a
habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos após o
julgamento.
§ 6º Após a fase de habilitação, não cabe desistência de proposta, salvo por motivo
justo decorrente de fato superveniente e aceito pela Comissão.

Logo após a fase de habilitação, adentramos na fase do julgamento das propostas, a qual tem
as seguintes implicações:

Uma vez selecionados os participantes habilitados, passa-se a classificar ou


desclassificar as propostas, ou seja, seleciona-se aqui realmente a proposta mais
vantajosa para à administração pública.

Nesta fase são utilizados os critérios e fatores de julgamento previstos no edital,


devendo ser feitos de maneira objetiva sem colocar gostos pessoais na seleção
da proposta mais benéfica por parte do administrador.

Em seguida, temos a homologação e adjudicação do certame licitatório, o que significa que,


uma vez definida a proposta mais vantajosa, remetem-se os autos do procedimento para a
autoridade competente proceder à respectiva homologação (atestar a validade do certame e
confirmar o interesse da administração na contratação daquela empresa que se consagrou
vencedora).
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Já a adjudicação, refere-se à situação na qual a administração, como ato final do certame


licitatório, entrega o objeto do contrato ao respectivo vencedor. Aqui o vencedor tem apenas uma
expectativa de direito, em razão da possibilidade de a administração revogar ou anular o
procedimento mesmo após a adjudicação.

➢ Nem todas as modalidades de licitação atenderão aos requisitos acima


elencados, algumas não observarão algumas destas fases, a concorrência, por
ter uma maior amplitude, abrange todas estas etapas;
➢ É possível que algumas modalidades de licitação prevejam a inversão das fases
de habilitação e julgamento.

Apenas para a concorrência -


imenso vulto = 100x3.300.000,00
Valor total: 330.000.000,00

Audiência pública

1 - Instrumento convocatório
Fase Externa da licitação
2 - Habilitação dos participantes

3 - Classificação e julgamento das propostas

4 - Homologação

5 - Adjudicação

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2 – CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

2.1 - Introdução

De acordo com Rafael Oliveira (2019, p. 530), “contratos administrativos são os ajustes celebrados
entre a Administração Pública e o particular, regidos predominantemente pelo direito público, para
a execução de atividades de interesse público”.

Trata-se, nestes termos, do acordo bilateral de vontades firmado entre a Administração Pública
(contratante), de um lado, e uma pessoa física ou jurídica (contratado), de outro, via de regra, por
meio de prévio procedimento licitatório, no qual ambas as partes possuem direitos e deveres
recíprocos, porém com algumas peculiaridades decorrentes dos princípios da supremacia e da
indisponibilidade do interesse público.

De acordo com a Lei 8.666/93 (Lei de licitações e contratos):

Art. 2º [...]
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste
entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um
acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações
recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.

Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se: [...]


XIV - Contratante – é o órgão ou entidade signatária do instrumento contratual;
XV - Contratado – a pessoa física ou jurídica signatária de contrato com a Administração
Pública;

O conceito de contrato apresentado pela lei é amplo, abrangendo todos os contratos firmados pela
Administração Pública. Trata-se, em verdade, do conceito de “contratos da Administração”.

A expressão “contratos da Administração” é gênero, envolvendo todo e qualquer contrato por ela
celebrado. Subdivide-se, no entanto, em duas espécies: contratos administrativos e contratos
privados da Administração (ou contratos semipúblicos).

• Contratos Administrativos (ou contratos administrativos típicos): são os ajustes


celebrados entre a Administração e particulares regidos predominantemente pelo
direito público, caracterizando-se pela superioridade da Administração em
detrimento do particular (desequilíbrio contratual ou relação de verticalidade), tendo
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em vista a presença de cláusulas exorbitantes. Ex.: contrato de concessão de serviço


público.
• Contratos Privados da Administração (ou contratos semipúblicos ou contratos
administrativos atípicos): são os ajustes celebrados entre a Administração e
particulares regidos predominantemente pelo direito privado, em situação de
relativa igualdade (equilíbrio contratual ou relação de horizontalidade). Ex.: contrato
de locação em que o ente público figura como locatário.

Como se vê, o ponto crucial da distinção é o regime jurídico que rege o contrato e, por conseguinte,
a igualdade ou a desigualdade entre as partes contratantes. Isso porque em ambos temos os mesmos
sujeitos (Administração e particulares) e o mesmo objeto (realização do interesse público, seja ele
primário ou secundário).

Registre-se que, apesar da relação de equilíbrio contratual que lhes caracteriza (horizontalidade), a
Lei 8.666 preconiza que, NO QUE COUBER, aplicam-se aos contratos semipúblicos (também
chamados de atípicos) as principais prerrogativas da Administração, como as cláusulas exorbitantes
(possibilidade de modificação unilateral do contrato, de rescisão, fiscalização de sua execução e
aplicação de sanções).

Art. 62. [...]


§ 3º Aplica-se o disposto nos arts. 55 (cláusulas necessárias) e 58 a 61 desta Lei (cláusulas
exorbitantes e regras de formalização e eficácia) e demais normas gerais, no que couber:
I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação em que o Poder Público seja
locatário, e aos demais cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por norma de
direito privado;

Na prática, todavia, especialmente nos contratos cujo conteúdo é próprio do domínio econômico,
essas cláusulas dificilmente são aplicadas. O artigo é claro ao restringir sua aplicabilidade “no que
couber” e, nesses casos, mostra-se incompatível com a própria finalidade contratual a imposição das
prerrogativas decorrentes da supremacia administrativa.

CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS CONTRATOS PRIVADOS DA


ADMINISTRAÇÃO
Administração Pública atua na qualidade Administração Pública atua sem a
de poder público (relação de verticalidade qualidade de poder público
ou desequilíbrio contratual) (horizontalidade ou equilíbrio contratual)
Predominância de interesse público Relativa igualdade entre as partes
contratantes
Regidos preponderantemente por normas Regidos preponderantemente por normas
de direito público de direito privado
Contratos administrativos típicos Contratos administrativos atípicos ou
contratos semipúblicos
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2.1 - Características

Os contratos administrativos são, portanto, os acordos bilaterais firmados pela Administração


Pública, na qualidade de poder público (isto é, no gozo de sua supremacia, em claro desequilíbrio
contratual), regidos predominantemente pela Lei 8.666/93 e pelos preceitos de direito público.

Por força do art. 54 da mencionada lei, lhe são aplicáveis, supletivamente, os princípios da teoria
geral dos contratos e as disposições do direito privado.

Feitas estas breves explanações, passemos à análise de suas características.

2.1.1 - Desequilíbrio Contratual

Como vimos, a tão só presença da Administração Pública em um contrato não é suficiente para
caracterizá-lo como contrato administrativo.

É preciso analisar, nestes termos, se as partes estão em situação de igualdade (relação de


horizontalidade) ou de desigualdade (relação de verticalidade) contratual.

Em outras palavras, contratos administrativos são aqueles nos quais a Administração figura na
qualidade de poder público, em posição de supremacia frente ao particular (verticalidade), gozando
de certas prerrogativas especiais.

2.1.2 - Formalismo

A Lei 8.666/93, notadamente no Capítulo III, Seção II, exige o cumprimento de certas formalidades
para a celebração de contratos administrativos, tendo em vista dar maior segurança às relações
jurídicas neles dispostas. Destacaremos algumas dessas formalidades.

Dentre as características peculiares da relação jurídica gerada pelo contrato administrativo pode-se
citar o formalismo o qual impõe:

• Ser indispensável a instrumentalização do contrato com a observância de todos os


requisitos externos e internos conforme previsto na Lei de Licitações;
• A comutatividade, pois as obrigações pactuadas entre os contratantes devem guardar
relação de equivalência entre si;
• A confiança recíproca pois destinado a averiguar qual das propostas é a mais vantajosa
para o Estado;
• A bilateralidade pois encerra sempre obrigações e direitos recíprocos;
• A onerosidade pois prevê a remuneração conforme a forma convencionada.

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Via de regra, os contratos administrativos devem ser escritos, sendo considerado nulo e de nenhum
efeito o contrato verbal com a Administração.

De acordo com o art. 60, admite-se, de forma excepcional, o contrato verbal na hipótese de
pequenas compras de pronto pagamento feitas em regime de adiantamento, assim entendidas
aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea
“a” da lei, ou seja, aquelas com valor não superior a R$ 8.800,001.

MAS ATENÇÃO!

Ainda que o contrato seja firmado verbalmente, em flagrante violação ao disposto no art. 60, persiste
a obrigação de pagamento por parte da Administração. É este o entendimento do STJ:

CONTRATAÇÃO INFORMAL, POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. EFETIVA


PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. OBRIGAÇÃO DE PAGAMENTO. VEDAÇÃO AO
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. [...] O acórdão recorrido encontra-se em consonância
com a jurisprudência desta Corte, firme no sentido de que, embora, via de regra, seja
vedada a celebração de contrato verbal, por parte da Administração Pública, não pode
ela, agora, valer-se de disposição legal que prestigia a nulidade do contrato verbal, pois
configuraria uma tentativa de se valer da própria torpeza, comportamento vedado pelo
ordenamento jurídico, por conta do princípio da boa-fé objetiva. (STJ - AgRg no AREsp
542215, j. 23/02/2016).

O contrato deve mencionar os nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que
autorizou a sua lavratura, o número do processo da licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a
sujeição dos contratantes às normas da Lei 8.666/93 e às cláusulas contratuais.

Ademais, deve ser feita uma publicação resumida do instrumento do contrato ou de seus
aditamentos na imprensa oficial, como condição indispensável para sua eficácia (vide art. 61,
parágrafo único).

O art. 62, por sua vez, preconiza ser o instrumento de contrato OBRIGATÓRIO nos casos de
concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços
estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação, e FACULTATIVO nos
demais em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-
contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.

1
Fique atento! Os valores previstos no art. 23 da Lei 8.666 foram atualizados pelo Decreto nº 9.412, de 18/06/2018. Para
compras e serviços na modalidade convite (art. 23, II, “a”), o valor agora é de R$ 176.000,00.

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Outra hipótese em que o instrumento de contrato é facultativo consta do § 4º: a critério da


Administração e independentemente de seu valor, nos casos de compra com entrega imediata e
integral dos bens adquiridos, dos quais não resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica.

2.1.3 - Contrato De Adesão

O contrato de adesão é aquele em que uma das partes (contratante) estabelece as cláusulas do
contrato sem que a outra parte (contratado/aderente) possa discuti-las ou modificá-las
substancialmente, cabendo a esta apenas decidir se aceita ou não aderir ao contrato.

Os contratos administrativos possuem suas cláusulas pré-estabelecidas pela Administração Pública.


De acordo com o art. 62, § 1º da Lei 8.666/93, a minuta do futuro contrato integrará sempre o edital
ou ato convocatório da licitação.

Bastante elucidatória a lição de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2016, p. 579):

Portanto, aqueles interessados em contratar já conhecem as cláusulas que integrarão o


contrato antes de decidirem se irão participar do procedimento licitatório. Se optam por
participar da licitação, sabem que, uma vez vencedores, não será possível propor
qualquer alteração nas cláusulas do contrato que se propuseram a assinar.

2.1.4 - Pessoalidade (Intuitu Personae)

Tendo em vista que, via de regra, os contratos administrativos são celebrados após prévio
procedimento licitatório destinado a garantir que a Administração contrate a melhor proposta dentre
os vários possíveis interessados, eles são firmados em razão das condições pessoais da pessoa
contratada.

Dessa forma, devem ser cumpridos pela pessoa que se obrigou perante a Administração Pública, sob
pena de rescisão unilateral do contrato:

Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: [...]


VI – a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com
outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou
incorporação, não admitidas no edital e no contrato;

Ressalte-se, por oportuno, que, embora o art. 72 permita a subcontratação de partes da obra, serviço
ou fornecimento, ela só pode ocorrer até o limite admitido pela Administração e desde que esteja
prevista no edital e no contrato.

Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem prejuízo das responsabilidades


contratuais e legais, poderá subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o
limite admitido, em cada caso, pela Administração.

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2.1.5 - Presença de Cláusulas Exorbitantes

A Administração Pública contratante, ao atuar na qualidade de poder público, passa a gozar de certas
prerrogativas, as denominadas cláusulas exorbitantes, que como o próprio nome deixa claro, são
cláusulas que exorbitam do direito comum e conferem posição de superioridade à Administração
Pública na relação contratual.

Tais cláusulas são inerentes a todo contrato administrativo. Assim, mesmo que não previstas
expressamente, serão considerar implícitas.

2.2 - Disciplina Normativa Constitucional E Legal

A Constituição Federal, em seu art. 22, XXVII, consagra a competência privativa da União para legislar
sobre normas gerais concernentes a licitações e contratações públicas:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: [...]


XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;

Dessa forma, é a União o ente responsável por determinar as normas gerais sobre as contratações
públicas, as quais deverão ser obrigatoriamente observadas pelos demais entes federados, sendo
permitido a estes suplementar tais normas no que lhes for específico.

No exercício dessa competência legislativa, a União editou a Lei 8.666/93, que dispõe sobre as
normas gerais de licitações e contratos da Administração Pública (é a principal lei sobre o tema).

Ao lado da Lei 8.666/93, a União editou algumas outras leis esparsas, disciplinando modalidades
específicas de contratos administrativos, tais como: Lei 8.987/1995, que dispõe sobre o regime de
concessão e permissão da prestação de serviços públicos; Lei 11.079/2004, que institui normas gerais
para licitação e contratação de parceria público-privada; Lei 12.462/2011, que instituiu o Regime
Diferenciado de Contratações Públicas – RDC; e a Lei 13.303/2016, que dispõe sobre o estatuto
jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias.

Assim, em havendo lei específica disciplinando determinada modalidade de contrato administrativo,


é essa lei que deverá ser observada, podendo ser aplicada apenas subsidiariamente a Lei 8.666/93,
quando houver lacuna na lei específica e desde que não haja incompatibilidade entre os preceitos de
ambas as normas. Caso contrário, isto é, tratando-se de contratos administrativos não sujeitos a
legislação específica, serão disciplinados pela Lei 8.666/93.

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2.3 - Principais espécies de contratos administrativos

Existem várias espécies ou modalidades de contratos administrativos na legislação pátria.


Analisaremos neste tópico as principais.

2.3.1 - Contrato de obra pública

A Lei 8.666/93, em seu art. 6º, inciso I, define obra como sendo toda construção, reforma, fabricação,
recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta. Para a doutrina, este rol de
atividades incluídas no conceito de obra pública é taxativo.

José dos Santos Carvalho Filho (2017) sinteticamente define o que seria cada uma dessas atividades
citadas:

Construção resulta de atividades e materiais destinados à criação do bem. Reforma é o


conjunto de alterações que esse bem pode sofrer, sem que seja ampliado. Ampliação
pressupõe também que o bem já exista, mas que pelo contrato vai receber acréscimo em
suas dimensões. A fabricação indica o sentido da criação do bem. Na recuperação (que
não deixa de ser uma reforma), contrata-se para o fim especial de restauração do bem.

A obra pode ser realizada tanto diretamente pela Administração, por seus órgãos e entidades, pelos
seus próprios meios (art. 6º, VII), quanto indiretamente, o que ocorre quando o órgão ou entidade
contrata com terceiros, sob qualquer dos regimes dispostos na lei (art. 6º, VIII).

São admitidos os seguintes regimes de execução indireta:

Empreitada por preço global – quando se contrata a execução da obra ou do serviço


por preço certo e total.

Empreitada por preço unitário – quando se contrata a execução da obra ou do


serviço por preço certo de unidades determinadas.

Tarefa – quando se ajusta mão-de-obra para pequenos trabalhos por preço certo,
com ou sem fornecimento de materiais.

Empreitada integral – quando se contrata um empreendimento em sua


integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações
necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao
contratante em condições de entrada em operação, atendidos os requisitos
técnicos e legais para sua utilização em condições de segurança estrutural e
operacional e com as características adequadas às finalidades para que foi
contratada.

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Além dos regimes previstos a Lei 8.666/93, há um quinto regime de execução indireta, previsto na
Lei 12.462/2011, a qual disciplina o Regime Diferenciado de Contratações – RDC.

Trata-se da contratação integrada, que somente pode ser adotada nas contratações de obras e
serviços de engenharia regidas pelo RDC. Segundo a lei, a contratação integrada compreende a
elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução de obras e serviços de
engenharia, a montagem, a realização de testes, a pré-operação e todas as demais operações
necessárias e suficientes para a entrega final do objeto (art. 9º, § 1º, da Lei 12.462/2011).

2.3.2 - Contrato de prestação de serviços

Serviço, nos termos do art. 6º, II, da Lei 8.666, é toda atividade destinada a obter determinada
utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem,
operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens,
publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais.

Trata-se de rol exemplificativo, como se observa da expressão “tais como”.

É preciso ficar atento para não confundir contrato de prestação de serviço com contrato de
concessão de serviço público.

No contrato de prestação de serviço, a Administração Pública contrata com o particular a realização


de uma determinada atividade que será prestada à própria Administração.

Já no contrato de concessão de serviço público, que será oportunamente estudado em outra aula
deste curso, a Administração delega a prestação de serviços públicos a particulares, por meio de
contratos administrativos de concessão ou permissão de serviços públicos, os quais apresentam
regras específicas contidas na Lei 8.987/95. O serviço executado é, nestes termos, prestado para toda
a coletividade.

Os serviços a que aludem a lei 8.666 podem ser de natureza comum (isto é, não precisam de
qualificação técnica para serem exercidos) ou de natureza especial (os quais requerem habilitação
específica para o seu exercício).

Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais
especializados os trabalhos relativos a:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou
tributárias;
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;

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V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;


VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

Ricardo Alexandre (2018, pg. 785) explica a importância dessa definição legal de “serviços técnicos
profissionais especializados”:

A distinção entre serviços comuns e serviços técnicos profissionais especializados é


importante porque estes últimos podem ser contratados diretamente com
inexigibilidade de licitação, desde que atendam cumulativamente aos seguintes
requisitos: 1º) serem de natureza singular e 2º) serem prestados por profissionais ou
empresas com notória especialização (art. 25, II).

2.3.3 - Contrato de fornecimento

Inexiste consenso na doutrina acerca da existência do contrato de fornecimento, vez que alguns
doutrinadores, a exemplo de José dos Santos Carvalho Filho, afirmam que o seu conteúdo não se
distingue do contrato de compra e venda, negando, pois, a existência do contrato de fornecimento
como contrato administrativo.

Por outro lado, Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2018, pg. 423) reconhece a existência autônoma do
contrato de fornecimento como contrato administrativo, desde que se trate de “fornecimento
contínuo, parcelado ou quando o fornecimento for integral, porém para entrega futura”.

De todo modo, ao se referir ao contrato de fornecimento, a doutrina o conceitua como sendo aquele
pelo qual a Administração Pública adquire bens móveis e semoventes necessários à execução de
obras e serviços.

2.3.4 - Contrato de concessão

Predomina na doutrina que existem três tipos de concessões, quais sejam: concessão de serviço
público, concessão de uso de bem público e concessão de obra pública.

A concessão de serviços públicos (que será estudada com mais detalhes na aula específica) pode ser
de três espécies: a) concessão comum, regida pela Lei 8.987/95; b) concessão administrativa, regida
pela Lei 11.079/2004 e c) concessão patrocinada, também regida pela Lei 11.079/2004.

A concessão de uso de bem público, por seu turno, é espécie de “contrato administrativo pelo qual
a Administração Pública faculta a terceiros a utilização privativa de bem público, para que a exerça
conforme a sua destinação” (Di Pietro, 2018, p. 416).

Por fim, a concessão de obra pública é o contrato administrativo pelo qual a Administração Pública
delega a um particular a execução de uma obra pública, para que ele a execute por sua conta e risco,
mediante remuneração paga pelos beneficiários da obra, e não pela Administração.
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2.3.5 - Contratos celebrados por empresas estatais

A Lei 13.303/2016 dispõe sobre as normas aplicáveis às empresas públicas e sociedades de economia
mista que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação
de serviços, apresentando regras específicas acerca dos contratos celebrados pelas entidades sob
sua regência, conforme dicção do seu art. 68:

Art. 68. Os contratos de que trata esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas, pelo disposto
nesta Lei e pelos preceitos de direito privado.

Suas principais características são:

a) Os contratos regidos pela Lei 13.303/2016, de acordo com o art. 68, classificam-se
como contratos privados da Administração, e não como contratos administrativos
propriamente ditos, vez que firmados no exercício de atividade tipicamente
econômica e, como tais, regidos pelos preceitos de direito privado. Ressalte-se,
entretanto, que a Lei 13.303/2016 permite expressamente à empresa pública ou à
sociedade de economia mista aplicar diretamente sanções administrativas aos
particulares contratados, o que constitui uma prerrogativa de direito público;
b) Quanto à forma, os contratos devem ser escritos, reduzidos a termo, ressalvados
aqueles de pequenas despesas de pronta entrega e pagamento das quais não resultem
obrigações futuras por parte da empresa pública ou sociedade de economia mista,
conforme dispõe o art. 73;
c) O art. 69 da lei lista uma série de cláusulas necessárias nos contratos celebrados pelas
estatais:
Art. 69. São cláusulas necessárias nos contratos disciplinados por esta Lei:
I - o objeto e seus elementos característicos;
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e a periodicidade do
reajustamento de preços e os critérios de atualização monetária entre a data do
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
IV - os prazos de início de cada etapa de execução, de conclusão, de entrega, de
observação, quando for o caso, e de recebimento;
V - as garantias oferecidas para assegurar a plena execução do objeto contratual, quando
exigidas, observado o disposto no art. 68;
VI - os direitos e as responsabilidades das partes, as tipificações das infrações e as
respectivas penalidades e valores das multas;
VII - os casos de rescisão do contrato e os mecanismos para alteração de seus termos;

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VIII - a vinculação ao instrumento convocatório da respectiva licitação ou ao termo que a


dispensou ou a inexigiu, bem como ao lance ou proposta do licitante vencedor;
IX - a obrigação do contratado de manter, durante a execução do contrato, em
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, as condições de habilitação e
qualificação exigidas no curso do procedimento licitatório;
X - matriz de riscos.

d) De acordo com o art. 70, há a possibilidade de ser exigida a prestação de garantia nas
contratações de obras, serviços e compras, cabendo ao contratado optar por uma das
seguintes modalidades: caução em dinheiro, seguro-garantia e fiança bancária;
e) Quanto à duração dos contratos, esta, via de regra, não poderá ser superior a 5 (cinco)
anos, contados a partir de sua celebração (art. 71), sendo vedada, em qualquer
hipótese, a celebração de contrato por prazo indeterminado. Porém, o mesmo art. 71
apresenta algumas exceções, hipóteses em que o contrato poderá exceder o prazo de
5 anos, a saber: projetos contemplados no plano de negócios e investimentos da
empresa pública ou da sociedade de economia mista; e nos casos em que a pactuação
por prazo superior a 5 anos seja prática rotineira de mercado e a imposição desse
prazo inviabilize ou onere excessivamente a realização do negócio;
f) Impossibilidade de alteração unilateral do contrato, vez que o art. 72 da lei aduz que
os contratos somente poderão ser alterados por acordo entre as partes;
g) O art. 76, por sua vez, estabelece a responsabilidade objetiva do contratado pelos
danos que, na execução do contrato, eventualmente sejam causados diretamente a
terceiros ou à estatal;
h) Possibilidade de subcontratação parcial do objeto do contrato de obra, serviço ou
fornecimento, desde que seja até o limite admitido pela empresa pública ou sociedade
de economia mista, conforme previsto no edital de licitação (art. 78);
i) Às empresas estatais é permitida a aplicação direta de sanções administrativas ao
particular em razão de atraso injustificado ou de inexecução total ou parcial dos
contratos sob sua regência (arts. 82 e 83):
Art. 82. Os contratos devem conter cláusulas com sanções administrativas a serem
aplicadas em decorrência de atraso injustificado na execução do contrato, sujeitando o
contratado a multa de mora, na forma prevista no instrumento convocatório ou no
contrato.
§ 1º A multa a que alude este artigo não impede que a empresa pública ou a sociedade
de economia mista rescinda o contrato e aplique as outras sanções previstas nesta Lei.
§ 2º A multa, aplicada após regular processo administrativo, será descontada da garantia
do respectivo contratado.

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§ 3º Se a multa for de valor superior ao valor da garantia prestada, além da perda desta,
responderá o contratado pela sua diferença, a qual será descontada dos pagamentos
eventualmente devidos pela empresa pública ou pela sociedade de economia mista ou,
ainda, quando for o caso, cobrada judicialmente.
Art. 83. Pela inexecução total ou parcial do contrato a empresa pública ou a sociedade de
economia mista poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes
sanções:
I - advertência;
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;
III - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com
a entidade sancionadora, por prazo não superior a 2 (dois) anos.
§ 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia prestada, além da perda desta,
responderá o contratado pela sua diferença, que será descontada dos pagamentos
eventualmente devidos pela empresa pública ou pela sociedade de economia mista ou
cobrada judicialmente.
§ 2º As sanções previstas nos incisos I e III do caput poderão ser aplicadas juntamente
com a do inciso II, devendo a defesa prévia do interessado, no respectivo processo, ser
apresentada no prazo de 10 (dez) dias úteis.

2.4 - Cláusulas necessárias dos Contratos Administrativos

São cláusulas obrigatórias em todos os contratos administrativos, mesmo nos casos de dispensa ou
inexigibilidade de licitação:

Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:


I - o objeto e seus elementos característicos;
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do
reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação
e de recebimento definitivo, conforme o caso;
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional
programática e da categoria econômica;
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas;
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das
multas;
VIII - os casos de rescisão;

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IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão administrativa


prevista no art. 77 desta Lei;
X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o
caso;
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao
convite e à proposta do licitante vencedor;
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos;
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação
e qualificação exigidas na licitação.

2.5 - Cláusulas Exorbitantes

As cláusulas exorbitantes são prerrogativas decorrentes da posição de superioridade da


Administração em relação ao particular contratado.

Tais cláusulas são inerentes aos contratos administrativos, assim, mesmo que não estejam
expressamente previstas no corpo do contrato, elas existirão e poderão ser usufruídas pela
Administração.

Na dicção de Di Pietro (2018, pg. 354):

São cláusulas exorbitantes aquelas que não seriam comuns ou que seriam ilícitas em
contrato celebrado entre particulares, por conferirem prerrogativas a uma das partes (a
Administração) em relação à outra; elas colocam a Administração em posição de
supremacia sobre o contratado.

A Lei 8.666/93, em seu art. 58, enumera as principais cláusulas exorbitantes:

Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à
Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse
público, respeitados os direitos do contratado;
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta Lei;
III - fiscalizar-lhes a execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis,
pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de
acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na
hipótese de rescisão do contrato administrativo.

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Dada a sua relevância e alto índice de cobrança em provas, passemos à análise de cada uma delas.

2.5.1 - Alteração Unilateral do Contrato

No âmbito dos contratos privados vige o princípio do “pacta sunt servanda”, brocardo latino que
significa que "os pactos assumidos devem ser respeitados".

Nos contratos administrativos, dada a supremacia e a indisponibilidade do interesse público, este


princípio é relativizado, visando a melhor adequação do contrato às finalidades de interesse público.

Não se trata, contudo, de deixar ao livre arbítrio da administração a alteração do contrato, ou mesmo
de permitir que seja empregada por arbítrio ou imbuída por interesses escusos. A finalidade desta
cláusula exorbitante é permitir uma melhor adequação às finalidades de interesse público, devendo,
entretanto, ser respeitados os limites legais de alteração, bem como os direitos do contratado.

De acordo com o art. 65, I, da Lei 8.666/93, são duas as hipóteses em que é admitida a alteração
unilateral do contrato pela Administração:

I. Quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor


adequação técnica aos seus objetivos (alteração qualitativa);
II. Quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo
ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos pela lei (alteração
quantitativa).

Para tanto, alguns requisitos devem ser cumpridos, tais como:

a) Necessidade de motivação atrelada a algum interesse público;


b) A alteração deve decorrer de fato superveniente à contratação;
c) Deve-se respeitar a natureza do contrato no que diz respeito ao seu objeto;
d) Necessidade de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato
originalmente pactuado;
e) Além do respeito aos percentuais previstos no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/93.

De acordo com o art. 65, § 1º, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou
compras não podem ultrapassar o equivalente a 25% do valor inicial atualizado do contrato, e, no
caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, o limite será de 50% para seus acréscimos
(para as supressões permanece o limite de 25%).

REGRA GERAL – Obras, serviços ou compras: até 25% para acréscimos ou para
supressões

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EXCEÇÃO - Reforma de edifício ou equipamento: até 50% para acréscimos e até


25% para supressões

OBS.: é possível que a alteração seja feita por acordo entre as partes. Nesse caso,
não se fala, portanto, em alteração unilateral, razão pela qual não há limites.

Cumpridos os requisitos, o contratado é obrigado a aceitar as alterações unilaterais. Caso contrário,


a Administração poderá rescindir o contrato por culpa do contratado.

Imperioso destacar ainda que, quando a Lei 8.666/93 permite a alteração unilateral do contrato,
entende-se que ela está se referindo tão somente às cláusulas regulamentares, isto é, aquelas que
regulamentam o objeto do contrato, bem como a sua execução.

Não pode a Administração, com escopo nessa cláusula exorbitante, resolver alterar unilateralmente
as cláusulas econômico-financeiras do contrato, as quais estabelecem, notadamente, a remuneração
do contratado, visto que é com base no sopesamento da remuneração a ser auferida e dos encargos
a serem despendidos pelo particular que este decidirá se contrata ou não com a Administração.

Nesse sentido, prevê a Lei 8.666/93 que:

Art. 58 [...]
§ 1o As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrativos não
poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.
§ 2o Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do contrato
deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual.

2.5.2 - Rescisão Unilateral do Contrato

A Administração Pública possui a prerrogativa de rescindir unilateralmente o contrato administrativo,


sem necessidade de recorrer ao Poder Judiciário para tanto.

De acordo com o art. 79, inciso I, da Lei 8.666/93, tal prerrogativa poderá ser exercitada quando
ocorrer alguma das hipóteses previstas no art. 78, incisos I a XII e XVII, quais sejam:

I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos;


II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e prazos;
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração a comprovar a
impossibilidade da conclusão da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos
estipulados;
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento;
V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem justa causa e prévia
comunicação à Administração;
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VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com


outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou
incorporação, não admitidas no edital e no contrato;
VII - o desatendimento das determinações regulares da autoridade designada para
acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como as de seus superiores;
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas na forma do § 1o do
art. 67 desta Lei;
IX - a decretação de falência ou a instauração de insolvência civil;
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado;
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da empresa, que
prejudique a execução do contrato;
XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e
determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está subordinado
o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato;
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada,
impeditiva da execução do contrato.

Percebemos, pela leitura dos dispositivos acima, que a rescisão unilateral, poderá ocorrer tanto
quando houver culpa por parte do particular, quanto quando inexistir culpa por parte do particular.
Exemplo desta última situação é a rescisão unilateral por caso fortuito ou por força maior.

2.5.3 - Fiscalização da execução do contrato

Em prol do princípio da eficiência, a Administração Pública tem o poder-dever de fiscalizar a execução


dos contratos administrativos, a fim de garantir que os bens e serviços contratados serão executados
na forma como foram acordados.

Assim sendo, de acordo com o art. 67 da Lei 8.666/93, a execução do contrato deverá ser
acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado,
permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa
atribuição.

Por seu turno, o particular contratado deverá manter preposto, aceito pela Administração, no local
da obra ou serviço, para representá-lo na execução do contrato (art. 68).

Ademais, a existência de fiscalização não exclui ou reduz a responsabilidade do contratado pelos


danos que causar (art. 70).

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2.5.4 - Aplicação de Sanções

A Administração Pública possui o poder-dever de, em havendo atraso injustificado na execução do


contrato ou mesmo inexecução total ou parcial do ajuste celebrado, aplicar diversas sanções
administrativas ao particular faltoso, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário para tanto.

De acordo com o art. 86 da Lei 8.666/93, caberá a imposição de multa de mora ao particular quando
este atrasar injustificadamente a execução do contrato.

O art. 87, por sua vez, apresenta as hipóteses de sanções pertinentes quando houver inexecução do
objeto do contrato, seja ela total ou parcial:

Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração poderá, garantida
a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;
III - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar
com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública
enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida
a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida
sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.

Trata-se, segundo o STJ, de rol exaustivo, não sendo admitida interpretação extensiva.

Para que seja aplicada alguma das sanções acima referidas, a Administração deverá instaurar um
procedimento específico, no qual sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa.

Tanto a multa decorrente do atraso injustificado (multa de mora) quanto a multa decorrente da
inexecução total ou parcial do ajuste celebrado podem ser aplicadas cumulativamente entre si ou
cumulativamente com as demais sanções administrativas, de acordo com os arts. 86, § 1º e 87, § 2º.

A lei prevê, ainda, que a Administração pode descontar a multa da garantia prestada pelo contratado.
Se a multa aplicada for superior à garantia prestada, além da perda desta, responderá o contratado
pela sua diferença, que será descontada dos pagamentos eventualmente devidos pela Administração
ou cobrada judicialmente (art. 86, §§ 2º e 3º, e art. 87, § 1º).

Existe certa controvérsia doutrinária no que diz respeito ao alcance das penalidades de suspensão do
direito de licitar e contratar e de declaração de inidoneidade, visto que o inciso III do art. 87 utiliza a
expressão “Administração”, ao passo que o inciso IV do mesmo dispositivo legal utiliza a expressão
“Administração Pública”. Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2018, p. 629) assim explicam a
controvérsia:
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Em razão dessa diferença literal nas expressões empregadas pelo legislador, parte da
doutrina sustenta que: o inciso III do art. 87 (suspensão do direito de licitar e contratar)
só incide no âmbito do órgão ou da entidade que aplicou a sanção; e o inciso IV do art.
87 (declaração de inidoneidade) abrange todos os entes da Federação, isto é, a sanção
aplicada pelo órgão ou pela entidade contratante produz efeitos perante a totalidade da
administração pública brasileira.

Esta posição, contudo, não é adotada pelo STJ. Para o Superior Tribunal de Justiça, tanto a
penalidade de suspensão quanto a de declaração de inidoneidade abrangem toda a administração
pública brasileira:

Infere-se da leitura dos dispositivos que o legislador conferiu maior abrangência à


declaração de inidoneidade ao utilizar a expressão Administração Pública, definida no art.
6º da Lei 8.666/1993. Dessa maneira, consequência lógica da amplitude do termo
utilizado é que o contratado é inidôneo PERANTE QUALQUER ÓRGÃO PÚBLICO DO PAÍS.
[...] A norma geral da Lei 8.666/1993, ao se referir à inidoneidade para licitar ou contratar
com a Administração Pública, aponta para o caráter genérico da referida sanção, cujos
efeitos irradiam por todas as esferas de governo. [...] O Superior Tribunal de Justiça tem
entendimento de que o termo utilizado pelo legislador - Administração Pública -, no
dispositivo concernente à aplicação de sanções pelo ente contratante, deve se estender
a todas as esferas da Administração, e não ficar restrito àquela que efetuou a punição.
(STJ, REsp 520553/RJ, j. 03/11/2009).

Destaque-se, ainda que, segundo o mesmo tribunal, a declaração de inidoneidade não interfere nos
contrato preexistentes e em andamento, somente produzindo efeitos para o futuro:

A declaração de inidoneidade só produz efeitos para o futuro (ex nunc). Ela não interfere
nos contratos preexistentes e em andamento. Dessa forma, esse efeito da sanção inibe a
sociedade empresarial de licitar ou contratar com a Administração Pública, sem, contudo,
acarretar, automaticamente, a rescisão de contratos administrativos já aperfeiçoados
juridicamente e em curso de execução, notadamente os celebrados diante de órgãos
administrativos não vinculados à autoridade coatora ou de outros entes da Federação
(STJ, MS 14.002/DF).

Da aplicação das penas de advertência, suspensão temporária e multa cabe recurso, no prazo de
cinco dias úteis, a contar da intimação do ato (art. 109, I, f, da Lei 8.666/93). Porém, se a licitação
tiver sido realizada na modalidade carta-convite, o prazo desse recurso será de dois dias úteis (art.
109, § 6º).

Já quanto à declaração de inidoneidade, caberá pedido de reconsideração à autoridade que aplicou


a sanção, no prazo de dez dias úteis, contados da intimação do ato (art. 109, III).

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2.5.5 - Ocupação Provisória

A prerrogativa da ocupação provisória ocorrerá nos casos de contratos administrativos que possuem
como objeto a prestação de serviços essenciais.

Nesses contratos, a Administração poderá ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e
serviços vinculados ao objeto do contrato em duas hipóteses:

a) Quando necessitar acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo


contratado;
b) Quando houver rescisão do contrato administrativo, em prol da continuidade do
serviço público.

2.5.6 - Outras Cláusulas Exorbitantes

Embora o art. 58 da Lei 8.666/93 apresente um rol de cláusulas exorbitantes, outras podem ser
encontradas ao longo dos demais dispositivos da lei, a exemplo da temporária inoponibilidade da
exceção do contrato não cumprido.

De acordo com o art. 78, XV, da Lei 8.666/93, para que o particular contratado possa rescindir o
contrato em razão de atrasos nos pagamentos devidos pela Administração a ele, valendo-se,
portanto, da teoria da exceção do contrato não cumprido, é necessário que o atraso seja superior a
90 (noventa) dias.

A possibilidade de exigência de garantia ao particular pela Administração Pública também pode ser
caracterizada como uma prerrogativa especial conferida pela lei à Administração, pois tais garantias
conferem ao ente público maior possibilidade de adimplemento do contrato.

Destaque-se que a garantia somente pode ser exigida se prevista no instrumento convocatório, não
podendo exceder a 5% do valor do contrato. Excepcionalmente, para obras, serviços e fornecimentos
de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis,
demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de
garantia PODERÁ SER ELEVADO para até 10% do valor do contrato.

São 3 as modalidades de garantia previstas na lei (art. 56), cuja escolha é do CONTRATADO: caução
em dinheiro ou em títulos da dívida pública; Seguro-garantia; Fiança-bancária.

2.6 - Equilíbrio Econômico e Financeiro do Contrato

Como vimos, uma das cláusulas exorbitantes presentes nos contratos administrativos é a
possibilidade de alteração unilateral do contrato por parte da Administração Pública. Esta faculdade,
contudo, diz respeito apenas às cláusulas regulamentares, não sendo possível a alteração unilateral
das cláusulas econômico-financeiras.

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Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à
Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse
público, respeitados os direitos do contratado; [...]
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrativos
não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do contrato
deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual.

Percebe-se que a lei, além de categoricamente não permitir que as cláusulas econômico-financeiras
dos contratos administrativos sejam alteradas unilateralmente, sem que haja prévia concordância do
particular, também impõe que seja mantido o equilíbrio econômico durante toda a execução do
contrato, tanto em favor do particular contratado quanto da própria Administração Pública.

O equilíbrio econômico-financeiro (ou equação econômico-financeira) pode ser definido como sendo
a relação de igualdade formada, de um lado, pelas obrigações assumidas pelo contratante no
momento do ajuste e, de outro lado, pela compensação econômica que lhe corresponderá. A sua
manutenção, nestes termos, é garantia para ambas as partes do contrato.

Em prol do princípio da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, a Lei 8.666/93


apresenta três mecanismos que visam garanti-lo, quais sejam: revisão, reajuste e atualização
financeira.

A revisão terá lugar quando houver alteração unilateral das cláusulas regulamentares do contrato
que aumente os encargos do contratado, devendo a Administração restabelecer, por aditamento, a
equação financeira original (art. 65, § 6º, Lei 8.666/93), bem como na hipótese de sobrevirem fatos
imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis, ainda que externos ao contrato,
retardadores ou impeditivos da execução do ajustado (art. 65, II, d, Lei 8.666/93).

Isto porque o equilíbrio econômico-financeiro leva em consideração apenas os riscos ordinários do


negócio, previstos e assumidos pelas partes nos exatos termos do instrumento contratual.

O reajuste, por sua vez, é cláusula necessária nos contratos administrativos (art. 55, III, Lei 8.666/93)
e tem vez em razão de desequilíbrios advindos de inflação setorial (art. 40. XI, Lei 8.666/93), não se
confundindo, portanto, com a revisão.

Sua periodicidade é de 12 meses (anual), contados da data de apresentação da proposta ou do


orçamento, devendo o índice do reajuste ser indicado no edital.

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REVISÃO REAJUSTE
Decorre diretamente da lei (ou seja, incide Depende de cláusula contratual expressa
independentemente de previsão contratual)
Incide sobre qualquer cláusula contratual (seja ela Incide apenas sobre as cláusulas econômicas (valor
regulamentar ou econômica) do contrato)
Refere-se a fatos imprevisíveis ou previsíveis, mas Refere-se a fatos previsíveis
de consequências incalculáveis
Restaura o equilíbrio econômico-financeiro do Preserva o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato contrato (manutenção do poder de compra da
moeda)
Não depende de periodicidade mínima Periodicidade mínima de 12 meses, contados da
data de APRESENTAÇÃO da proposta ou do
orçamento.

A atualização financeira não se confunde com o reajuste, visto que ela tem como escopo a
compensação por eventuais atrasos nos pagamentos feitos pela Administração ao contratado. Assim,
o art. 40, XIV, “c” da Lei 8.666/93 determina que a atualização financeira dos valores contratados
incide desde a data final do período de adimplemento de cada parcela até a data do efetivo
pagamento, para que assim o particular não seja prejudicado em sua remuneração e seja mantido o
equilíbrio financeiro original.

Por fim, a repactuação é a alteração bilateral do contrato, visando a adequação dos preços
contratuais aos novos preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a
demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente
justificada.

2.7 - Duração

Registre-se, inicialmente, que são vedados contratos com prazo de vigência indeterminado (art. 57,
§ 3º).

Regra geral, os contratos regidos pela Lei 8.666/93 possuem duração limitada à vigência dos
respectivos créditos orçamentários, de acordo com o art. 57, caput.

Segundo Rafael Oliveira (2018, p. 544), “o intuito do legislador é admitir a contratação apenas nas
hipóteses em que a Administração tenha recursos necessários para pagar o contratado, garantindo-
se, destarte, responsabilidade e planejamento com os gastos públicos”.

Todavia, o mesmo dispositivo legal elenca em seus incisos algumas exceções, vejamos:

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• Contratos relativos a projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas


estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver
interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório
(inciso I);

• Contratos relativos à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que


poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à
obtenção de preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada a
sessenta meses (inciso II). Admite-se, ainda, que, em caráter excepcional, devidamente
justificado e mediante autorização da autoridade superior, esse prazo seja prorrogado
por até doze meses;

• Contratos relativos ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de


informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e
oito) meses após o início da vigência do contrato (inciso IV);

• Contratos celebrados nas hipóteses de contratações diretas previstas nos incisos IX, XIX,
XXVIII e XXXI do art. 24 da Lei 8.666/93, cujos contratos poderão ter vigência por até
120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da administração (inciso V).

Saliente-se que, nesses casos, para que haja prorrogação é necessário que haja previsão no edital e
no contrato.

Ademais, a lei elenca determinados motivos que permitem a prorrogação dos prazos de início de
etapas de execução, de conclusão e de entrega dos contratos administrativos, desde que sejam
mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-
financeiro, quais sejam (art. 57, § 1º da Lei 8.666/93):

- alteração do projeto ou especificações, pela Administração;


- superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que
altere fundamentalmente as condições de execução do contrato;
- interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e
no interesse da Administração;
- aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permitidos
por esta Lei;
- impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro reconhecido pela
Administração em documento contemporâneo à sua ocorrência;
- omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, inclusive quanto aos
pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na
execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.

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Nessas situações, “a prorrogação não precisa constar do instrumento convocatório, pois a sua
observância é imposta pela Lei com o objetivo de atender às circunstâncias excepcionais (sem culpa
do contratado) que retardaram o cumprimento do objeto contratual” (Rafael Oliveira, 2018, p. 548).

Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada pela
autoridade competente para celebrar o contrato (art. 57, § 2º).

Sobre o tema, relevante o seguinte julgado do STJ:

Não há direito líquido e certo à prorrogação de contrato celebrado com o poder público.
Existência de mera expectativa de direito, dado que a decisão sobre a prorrogação do
ajuste se inscreve no âmbito da discricionariedade da administração pública. (STF, MS
26.250, j. 17/02/2010)

LEMBRE-SE!

Os contratos celebrados pelas empresas públicas e sociedades de economia mista


não excederão cinco anos, contados da sua celebração, independentemente do seu
objeto, SALVO (art. 71 da Lei 13.303/2016):

a) Para projetos contemplados no plano de negócios e investimentos da empresa


pública ou da sociedade de economia mista;
b) Nos casos em que a pactuação por prazo superior a 5 (cinco) anos seja prática
rotineira de mercado e a imposição desse prazo inviabilize ou onere excessivamente
a realização do negócio.

2.8 - Inexecução Contratual

O que normalmente se espera quando da celebração de um contrato administrativo é que ele venha
a ser fielmente cumprido por ambas as partes contratantes, mas, por motivos diversos, pode ocorrer
de o contrato não ser concluído.

Isso pode acontecer com ou sem culpa da parte inadimplente, caracterizando, pois, a inexecução
contratual, que poderá ser total ou parcial.

Nesse diapasão, preceitua o art. 77 da Lei 8.666/93 que a inexecução total ou parcial do contrato
enseja a sua rescisão, com as necessárias consequências contratuais e legais pertinentes.

A inexecução culposa resta caracterizada quando uma das partes do contrato age de forma
negligente, imperita ou imprudente (culpa em sentido estrito) ou mesmo de forma intencional,
dolosa, impedindo a conclusão do ajuste.

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Havendo inexecução culposa por parte do particular contratado, a Lei 8.666/93 comina sanções que
lhe serão aplicadas (art. 87) ou, se for o caso, autoriza que seja rescindido unilateralmente o contrato
pela Administração, devendo sempre ser respeitados os princípios constitucionais da ampla defesa e
do contraditório.

Já a inexecução culposa por parte da própria Administração contratante enseja a possibilidade de


que o particular exija a revisão das cláusulas contratuais, visando a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro do contrato, ou, ainda, que ele promova a rescisão do contrato, por acordo ou
judicialmente.

A “teoria da imprevisão” encontra-se intimamente relacionada à cláusula rebus sic stantibus,


implícita em todo contrato de execução prolongada, segundo a qual o contrato deve ser cumprido
desde que presentes as mesmas condições existentes quando da celebração do ajuste. Em
ocorrendo, após a celebração do contrato, alterações extraordinárias e imprevisíveis das condições
inicialmente pactuadas, que afetem diretamente a execução do contrato, este deverá ser revisto ou
rescindido, conforme o caso.

Quatro são as hipóteses justificadoras que ensejam a aplicação da “teoria da imprevisão”, quais
sejam: 1) caso fortuito e força maior, 2) fato do príncipe, 3) fato da administração e 4) interferências
imprevistas. Analisaremos uma a uma.

2.8.1 - Caso Fortuito e Força Maior

Essas duas expressões, para muitos doutrinadores, são consideradas sinônimas, referindo-se a
situações imprevisíveis e inevitáveis que alteram a relação contratual.

A Lei 8.666/93 também não faz distinção entre caso fortuito e força maior, limitando-se a determinar
consequências idênticas a elas, quais sejam: revisão contratual (art. 65, II, “d”) ou rescisão contratual
(art. 78, XVII).

Importante destacar, nesse ponto, que, não tendo concorrido com culpa, o particular contratado
deverá ser ressarcido pelos prejuízos regularmente comprovados que houver sofrido, mesmo em se
tratando de caso fortuito ou força maior (art. 79, § 2º).

2.8.2 - Fato do Príncipe

O fato do príncipe ocorre quando há um desequilíbrio na relação contratual provocado por uma ação
da Administração ocorrida fora do contrato. Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2018, p.
654):

Fato do príncipe é toda determinação estatal geral, imprevisível ou inevitável, que impeça
ou, o que é mais comum, onere substancialmente e execução do contrato, autorizando
sua revisão, ou mesmo sua rescisão, na hipótese de tornar-se impossível seu
cumprimento.

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Um exemplo caracterizador de fato do príncipe é a hipótese de promulgação de uma lei, posterior à


celebração do contrato, que aumente o valor de imposto incidente sobre algum bem ou produto
indispensável à consecução do ajuste, fazendo com que o particular seja substancialmente onerado.

O fato do príncipe encontra previsão legal no art. 65, II, “d” da Lei 8.666/93, dando ensejo à revisão
contratual por acordo das partes.

FGV - Proc (Paulínia)/Pref Paulínia/2016 (Adaptada)


Julgue o item: A inexecução involuntária do contrato administrativo, decorrente da quebra do
equilíbrio econômico-financeiro por força de aumento de carga tributária pelo próprio ente
contratante, incidente sobre o serviço a ser prestado pela pessoa jurídica contratada, pode ser
caracterizada como fato do príncipe.
COMENTÁRIOS
CORRETO! O aumento da carga tributária pelo ente contratante é o exemplo por excelência de fato
do príncipe citado pela doutrina. Lembrar que fato do príncipe é toda determinação estatal, positiva
ou negativa, geral, imprevista e imprevisível, que onera substancialmente a execução do contrato
administrativo, dando ensejo à revisão do contrato, nos termos do art. 65, II, “d” da Lei 8.666/93.

2.8.3 - Fato da Administração

Diferentemente do fato do príncipe, no fato da Administração o desequilíbrio na relação contratual


é provocado por uma ação ou omissão da Administração ocorrida dentro do contrato.

Isto é, durante a execução do ajuste celebrado, a Administração pratica ou deixa de praticar algo que
impede ou retarda a sua execução, a exemplo do atraso dos pagamentos devidos ao contratado.

O fato da Administração pode autorizar a rescisão contratual por parte do contratado (art. 78, incisos
XIV, XV e XVI, Lei 8.666/93).

Constatado o fato da administração, admite-se a paralisação da execução do contrato (nunca


sumária), nas seguintes hipóteses:

a) Suspensão da execução, por ordem escrita da Administração Pública, por prazo superior 120
dias, salvo no caso de calamidade pública, perturbação da ordem ou guerra;

b) Atraso superior a 90 dias dos pagamentos devidos pela Administração, salvo as mesmas
situações acima;

c) A não liberação, pela Administração, da área, local ou objeto para execução de obra.

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2.8.4 - Interferências Imprevistas

As interferências imprevistas são situações preexistentes à celebração do ajuste, porém que só


vieram a ser conhecidas depois, durante a sua execução, onerando-o significativamente.

Como o próprio nome já sugere, para ser considerada como tal, a situação não poderia ter sido
prevista pelas partes, sendo algo excepcional, imprevisível.

São, nestes termos, conceituadas pela doutrina como sendo ocorrências materiais não cogitadas
pelas partes na celebração do contrato, mas que surgem na sua execução de modo surpreendente e
excepcional, dificultando e onerando extraordinariamente o prosseguimento e a conclusão dos
trabalhos.

Ex.: existência de um solo pantanoso, não sabido pelas partes, que dificulta excessivamente a
execução da obra contratada.

As interferências imprevistas autorizam a revisão do contrato, em prol do restabelecimento do


equilíbrio econômico-financeiro inicialmente pactuado (art. 65, II, “d”, Lei 8.666/93).

TEORIA DA IMPREVISÃO

Caso fortuito ou força Interferências


Fato do príncipe Fato da Administração
maior imprevistas

2.9 - Responsabilidade Civil nos Contratos Administrativos

O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no


total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções
resultantes da execução ou de materiais empregados (art. 69, Lei 8.666/93).

Durante a execução dos contratos administrativos em geral, há responsabilidade direta do


contratado pelos danos causados à Administração ou a terceiros em decorrência da má execução
do objeto, desde que decorrentes de sua culpa ou dolo, restando caracterizada a responsabilidade
subjetiva, nos termos do que preceitua o art. 70 da Lei 8.666/93.

Ressalte-se, ademais, que essa responsabilidade não poderá ser excluída ou reduzida pela existência
de fiscalização ou pelo acompanhamento da execução por parte do ente público.
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Para a doutrina, o mencionado artigo trata da responsabilidade por fatos decorrentes da obra, a qual
não se confunde com a responsabilidade pelo só fato da obra. Neste caso, o dano é oriundo da
própria natureza da obra ou de um fato imprevisível ou inevitável, sem que tenha ocorrido qualquer
irregularidade na sua execução.

Conforme asseveram Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2018, p. 640), “na hipótese de o dano
ser causado pelo só fato da obra, há responsabilidade civil objetiva da administração pública, na
modalidade risco administrativo, independentemente de quem esteja executando a obra”.

Quanto aos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, resultantes da execução do


contrato, eles também são de responsabilidade do contratado (art. 71, Lei 8.666/93).

Entretanto, no tocante aos encargos previdenciários, o § 2º aduz que eles serão de responsabilidade
solidária entre o ente público e o particular. Os encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, por sua
vez, NÃO poderão ser transferidos à Administração caso haja inadimplência do contratado (§ 1º).

Apesar disso, o STF tem se posicionado no sentido de que a Administração Pública pode vir a ser
responsabilizada subsidiariamente pelos encargos trabalhistas do contratado, a depender do caso
concreto, desde que haja conduta no mínimo culposa por parte dela.

2.10 - Extinção do Contrato

As formas naturais de extinção dos contratos administrativos são o decurso do prazo contratual ou
a execução total de seu objeto. Nessas duas situações, a extinção dá-se de forma automática, sem
necessidade de intervenção da Administração Pública, do Poder Judiciário ou de acordo entre as
partes.

Todavia, os contratos administrativos poderão, ainda, ser extintos por meio da anulação ou da
rescisão, que são formas prematuras e excepcionais de extinção.

A anulação ocorrerá sempre que houver alguma ilegalidade no contrato, seja na sua formalização ou
mesmo em suas cláusulas essenciais. Trata-se de competência que pode ser exercida pela própria
Administração, de ofício (poder-dever de autotutela) ou a requerimento da parte interessada, ou
pelo Poder Judiciário, desde que provocado para tanto.

Anulado o ajuste, o contratado deverá ser indenizado pelo que já tiver executado e pelos prejuízos
efetivamente sofridos, SALVO MÁ-FÉ ou se ele mesmo tiver dado causa à nulidade.

Se for reconhecida a nulidade do contrato administrativo por ausência de prévia licitação,


a Administração Pública, em regra, tem o dever de indenizar os serviços prestados pelo
contratado. No entanto, a Administração Pública não terá o dever de indenizar os
serviços prestados pelo contratado na hipótese em que este tenha agido de má-fé ou
concorrido para a nulidade do contrato. (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1394161-SC, j.
8/10/2013 - Info 529).

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As hipóteses de rescisão contratual, por seu turno, encontram-se elencadas no art. 78 da Lei 8.666/93
e, de acordo com o art. 79 do mesmo diploma normativo, podem ser de três formas: unilateral pela
Administração, judicial ou amigável (por acordo entre as partes).

Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:


I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos;
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e prazos;
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração a comprovar a
impossibilidade da conclusão da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos
estipulados;
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento;
V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem justa causa e prévia
comunicação à Administração;
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com
outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou
incorporação, não admitidas no edital e no contrato;
VII - o desatendimento das determinações regulares da autoridade designada para
acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como as de seus superiores;
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas na forma do § 1o do
art. 67 desta Lei;
IX - a decretação de falência ou a instauração de insolvência civil;
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado;
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da empresa, que
prejudique a execução do contrato;
XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e
determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está subordinado
o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato;
XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou compras,
acarretando modificação do valor inicial do contrato além do limite permitido no § 1o do
art. 65 desta Lei;
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Administração, por prazo
superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave
perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que
totalizem o mesmo prazo, independentemente do pagamento obrigatório de
indenizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e
mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de
optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até que seja
normalizada a situação;

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XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração


decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou
executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna
ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento
de suas obrigações até que seja normalizada a situação;
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para execução
de obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de
materiais naturais especificadas no projeto;
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada,
impeditiva da execução do contrato.
XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art. 27, sem prejuízo das sanções
penais cabíveis. (Incluído pela Lei nº 9.854, de 1999)
Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão formalmente motivados nos
autos do processo, assegurado o contraditório e a ampla defesa.

A rescisão unilateral terá vez quando ocorrer alguma das hipóteses previstas nos incisos I a XII e XVII
do art. 78, acima transcrito, ou seja: a) quando o contratado não cumprir com suas obrigações no
contrato, ou cumpri-las irregularmente, restando caracterizado, pois, o inadimplemento por parte
do particular; b) por razões de interesse público, devidamente justificadas; c) em decorrência de caso
fortuito ou força maior, impeditiva da execução do contrato.

RESCISÃO
UNILATERAL

Inadimplemento ou
Ocorrência de caso
irregularidade por Razões de interesse
fortuito ou força
parte do particular público
maior
(incisos I a XI do art. (inciso XII, art. 78)
(inciso XVII, art. 78)
78)

A rescisão judicial será requerida pelo contratado quando houver inadimplemento contratual por
parte da Administração Pública, vez que ao particular não é dada a prerrogativa de rescindir
unilateralmente o contrato.

A rescisão amigável, por acordo entre as partes, também é possível nos contratos administrativos,
sendo permitida quando haja conveniência para a Administração.

Das hipóteses listadas no art. 78 da Lei 8.666/93, os incisos XIII, XIV, XV e XVI
autorizam apenas a rescisão amigável ou judicial. Quanto ao inciso XVIII, a doutrina
entende que, mesmo ele não tendo sido listado no art. 79, I da Lei 8.666/93 como

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hipótese autorizadora de rescisão unilateral, ela poderá ocorrer, vez que se trata
de irregularidade cometida pelo contratado.

Em qualquer hipótese, a rescisão do contrato deve ser motivada e devem ser assegurados os
princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa (art. 78, parágrafo único).

Quanto às consequências da rescisão, quando esta ocorrer sem culpa do particular, ele deverá ser
ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que houver sofrido, bem como terá direito, a
depender do caso, à devolução da garantia prestada, aos pagamentos devidos pela execução do
contrato até a data da rescisão e ao pagamento do custo da desmobilização (art. 79, § 2º).

Por outro lado, havendo culpa do particular, o art. 80 da Lei 8.666/93 prevê diversas consequências,
a depender do caso concreto, quais sejam:

a) Assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por


ato próprio da Administração
b) Ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e pessoal
empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade, na forma do
inciso V do art. 58 desta Lei
c) Execução da garantia contratual, para ressarcimento da Administração, e dos valores
das multas e indenizações a ela devidos
d) Retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à
Administração

2.11 - Convênios Administrativos

Os convênios administrativos, apesar de inseridos dentro do tema contratos administrativos, com


estes não se confundem, sendo pertinente aqui fazermos a diferenciação entre eles.

De acordo com Ricardo Alexandre (2018, pg. 788), “os convênios podem ser definidos como os
ajustes entre o Poder Público e entidades públicas ou privadas, em que se estabelecem a previsão de
colaboração mútua, visando à realização de objetivos de interesse comum”.

Assim sendo, é possível a existência de duas espécies de convênios administrativos: público-público,


isto é, aquele firmado entre entes públicos, e público-privado, quando celebrados entre o Poder
Público e uma entidade privada.

O que não se deve perder de vista é que, qualquer que seja a espécie de convênio, ele deve ser
celebrado sempre sem intuito de obtenção de lucro e com finalidade social.

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A partir desse conceito e tendo em vista que os convênios administrativos, assim como os contratos
administrativos, podem ser celebrados entre a Administração Pública e um particular, passemos a
analisar as principais diferenças entre esses dois institutos jurídicos:

a) Nos contratos os interesses das partes são contrapostos, ao passo que nos convênios
os interesses dos signatários são comuns;
b) A regra para os contratos administrativos é que eles sejam precedidos de
procedimento licitatório; já para celebração de um convênio administrativo a regra é
não se exigir licitação;
c) Nos contratos, a remuneração paga ao particular deixa de ser considerada dinheiro
público e passa a integrar o patrimônio privado, podendo a parte dispor dela
livremente; já nos convênios, eventuais verbas públicas repassadas aos particulares
não deixam de ser consideradas dinheiro público, devendo necessariamente ser
investidas em prol do objeto do convênio;
d) Os contratos administrativos são celebrados sempre por prazo determinado, já para
os convênios, apesar de não ser a regra, admite-se que sejam estabelecidos sem prazo
determinado;
e) Nos contratos as partes não têm a prerrogativa de romper o vínculo a qualquer
tempo, ao passo que nos convênios elas possuem essa prerrogativa, podendo
denunciar (romper) o ajuste a qualquer tempo;

O art. 116 da Lei 8.666/93 prevê que as disposições desta Lei serão aplicadas, no que couber, aos
convênios celebrados por órgãos e entidades da Administração, apresentado, em seus parágrafos,
algumas regras quanto a eles.

De acordo com o § 1º, para que haja a celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos ou
entidades da Administração Pública a lei exige que haja prévia aprovação de competente plano de
trabalho proposto pela organização interessada, devendo tal conter as seguintes informações
mínimas:

a) Identificação do objeto a ser executado;


b) Metas a serem atingidas;
c) Etapas ou fases de execução;
d) Plano de aplicação dos recursos financeiros;
e) Cronograma de desembolso;
f) Previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim da conclusão das etapas ou
fases programadas;

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g) Se o ajuste compreender obra ou serviço de engenharia, comprovação de que os


recursos próprios para complementar a execução do objeto estão devidamente
assegurados, salvo se o custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou
órgão descentralizador.

Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador dará ciência do mesmo ao Poder Legislativo (§
2º).

As parcelas do convênio serão liberadas em estrita conformidade com o plano de aplicação aprovado,
exceto quando houver irregularidades, até que sejam sanadas (§ 3º).

Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, serão aplicados da seguinte forma (§ 4º):

a) Em cadernetas de poupança de instituição financeira oficial: se a previsão de seu uso


for igual ou superior a um mês;
b) Em fundo de aplicação financeira de curto prazo ou operação de mercado aberto
lastreada em títulos da dívida pública: quando a utilização dos saldos verificar-se em
prazos menores que um mês;

De acordo com o § 5º, as receitas financeiras auferidas na forma acima descrita serão
obrigatoriamente computadas a crédito do convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua
finalidade, devendo constar de demonstrativo específico que integrará as prestações de conta do
ajuste.

Por fim, o § 6º aduz que quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção do convênio, acordo
ou ajuste, os saldos financeiros remanescentes, inclusive os provenientes das receitas obtidas das
aplicações financeiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou órgão repassador dos recursos, no
prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob pena da imediata instauração de tomada de
contas especial do responsável, providenciada pela autoridade competente do órgão ou entidade
titular dos recursos.

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3 - BIBLIOGRAFIA
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 26ª ed. GEN, 2018.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e STJ anotadas e comentadas por assunto. 4.
ed., rev., atual. e ampl. Salvador: JusPodivm, 2018.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2018

FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 33. Ed. São Paulo: Atlas, 2019.

OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 6. ed., rev., atual. e ampl. Rio
de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – Jurisprudência. Disponível em: <www.stj.jus.br>. Acesso em


12/02/2020.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – Jurisprudência. Disponível em: <www.stf.jus.br>. Acesso em


12/02/2020.

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Amigos, chegamos ao final de mais uma aula. Espero que vocês tenham gostado.

Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou disponível no


fórum no Curso, por e-mail, Instagram e Facebook, nos contatos abaixo. Grande abraço,

Igor Maciel

profigormaciel@gmail.com

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