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Aula 01

Direito Administrativo p/ OAB 1ª Fase


XXXII Exame - 2021

Autores:
Equipe Igor Maciel, Igor Maciel
Aula 01

27 de Novembro de 2020

14895035794 - Tauane Guimarães de Rezende


Equipe Igor Maciel, Igor Maciel
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Sumário
1- Considerações Iniciais ........................................................................................................................ 3

2- Bens Públicos ..................................................................................................................................... 4

2.1 - Considerações Iniciais ................................................................................................................ 4

Como a FGV já cobrou este ponto? ............................................................................................... 4

Como a FGV já cobrou este ponto? ............................................................................................... 8

2.2 - Classificação dos bens públicos ................................................................................................. 8


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2.3 - Alienação.................................................................................................................................. 10

Como a FGV já cobrou este ponto? ............................................................................................. 11

2.4 - Afetação X Desafetação ........................................................................................................... 12

Como a FGV já cobrou este ponto? ............................................................................................. 13

Como a FGV já cobrou este ponto? ............................................................................................. 17

2.5 - Principais Bens Públicos em espécie ....................................................................................... 17

2.6 – Utilização de Bens Públicos por particulares .......................................................................... 20

Autorização de uso de bem público ............................................................................................ 20

Como a FGV já cobrou este ponto? ............................................................................................. 20

Permissão de uso de bem público; .............................................................................................. 22

Concessão de uso de bem público ............................................................................................... 24

Concessão de Direito Real de Uso ............................................................................................... 25

Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia – Estatuto da Cidade..................................... 27

Autorização de Uso na MP 2.220/2001 ....................................................................................... 32

Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano ........................................................................ 32

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Cessão de Uso .............................................................................................................................. 33

2.7 - Benfeitoria em Bem Público irregularmente ocupado ............................................................ 34

3 - Intervenção do Estado na Propriedade .......................................................................................... 35

3.1 – Considerações Iniciais ............................................................................................................. 35

3.2 – Modalidades de Intervenção do Estado na Propriedade ....................................................... 37

a) Limitação Administrativa; .................................................................................................. 38

b) Servidão Administrativa; ................................................................................................... 38

c) Ocupação Temporária; .......................................................................................................... 39

d) Requisição;......................................................................................................................... 40

e) Tombamento; .................................................................................................................... 41

f) Desapropriação; .................................................................................................................... 43

Como a FGV já cobrou este ponto? ............................................................................................. 43

4 - Bibliografia ...................................................................................................................................... 47

5 - Considerações Finais ....................................................................................................................... 47

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1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Olá meus amigos, tudo bem?

Firmes nos estudos?

Seguiremos com mais uma aula do nosso curso. Espero que vocês aproveitem!

Quaisquer dúvidas, críticas ou sugestões continuo à disposição dos senhores.

Grande abraço,

Igor Maciel

E-mail: profigormaciel@gmail.com

Redes Sociais/YouTube/Instagram: @ProfIgorMaciel

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2- BENS PÚBLICOS

2.1 - Considerações Iniciais

O Novo Código Civil superou a discussão sobre a definição de bem público. Segundo o seu
artigo 98:

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas
de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa
a que pertencerem.

Apenas podem ser formalmente considerados como bens públicos os bens de propriedade das
pessoas jurídicas de direito público: União, Estados, Municípios e respectivas autarquias e fundações.

Assim, os bens das sociedades de economia mista não podem ser considerados bens públicos,
em que pese sujeitas à tomada de contas especial pelo TCU. Também não são considerados bens
públicos os bens das demais pessoas jurídicas de direito privado integrantes da administração
pública.

Como a FGV já cobrou este ponto?

(FGV - OAB UNI NAC/OAB/V Exame/2011) De acordo com o critério da titularidade, consideram-se
públicos os bens do domínio nacional pertencentes
a) às entidades da Administração Pública Direta e Indireta.
b) às entidades da Administração Pública Direta, às autarquias e às empresas públicas.
c) às pessoas jurídicas de direito público interno e às pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviços públicos.
d) às pessoas jurídicas de direito público interno.

Comentários
Alternativa correta, letra D.
Segundo disposto no artigo 98 do Código Civil, são públicos os bens pertencentes às pessoas jurídicas
de direito público interno. Relembrando, são pessoas jurídicas de direito público:

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Pessoa Jurídica de Direito Público

Incluem-se no Conceito Não se incluem no Conceito

Sociedades de
União Economia Mista

Estados
Empresas
Públicas
Municípios

Distrito Federal e
Territórios

Autarquia

Fundação Pública

Qualquer que seja sua utilização, os bens destas entidades – corpóreos, incorpóreos, móveis,
imóveis, - estão sujeitos ao regime jurídico dos bens públicos e, portanto, gozam das seguintes
características:

a) Imprescritibilidade - Os bens públicos são insuscetíveis de aquisição mediante usucapião


(prescrição aquisitiva de direito). Trata-se de interpretação literal do disposto no artigo 102
do Código Civil:

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

b) Impenhorabilidade – Os bens públicos não se sujeitam ao regime de penhora, eis que a


satisfação de créditos da Fazenda Pública deve ser feita através do regime de precatórios;

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c) Não Onerabilidade – Os bens públicos não podem ser gravados como garantia de créditos
em favor de terceiros. São espécies de direitos reais de garantia sobre coisa alheia: o penhor,
a anticrese e a hipoteca.

d) Inalienabilidade (relativa) – Os bens públicos que se encontram destinados a uma finalidade


pública específica (afetados) não podem ser objeto de alienação, consoante será visto
adiante.

Os bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião.

Não há exceções!

Trata-se de disposição expressa tanto no Código Civil como em alguns trechos da Constituição
Federal. Vejamos:

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (...)
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua
como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural,
não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de
sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Já o Código Civil, conforme visto, estabelece que:

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

Mas professor, as provas gostam deste ponto?

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Sim. E muito!

A imprescritibilidade é uma das principais características dos Bens Públicos e não há exceção
sobre tal característica.

O STF, inclusive, editou a Súmula 340 que possui o entendimento segundo o qual até mesmo
os bens dominicais, que são desafetados, sem finalidade pública alguma a eles atrelada (consoante
será explicado adiante) são imprescritíveis. Vejamos o enunciado da súmula:

Súmula 340 – STF - Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os
demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.

Referida súmula encontra-se perfeitamente válida em nosso ordenamento jurídico tento em


vista os artigos da Constituição Federal e o artigo do Código Civil já acima elencados.

A doutrina entende que os bens de pessoas administrativas de direito privado que estejam
sendo diretamente empregados na prestação de um serviço público passam a revestir características
próprias do regime de bens públicos – especialmente a impenhorabilidade e a proibição de que sejam
onerados (gravados) – enquanto permanecerem com essa utilização.

Essa sujeição das regras do regime público, entretanto, decorre do princípio da continuidade
dos serviços público e não de alguma característica formal ou da natureza do bem em si considerado,
eis que não se pode transmudar o bem da pessoa jurídica de direito privado em bem público.

Neste sentido:

4. No que tange à questão da impenhorabilidade dos bens afetados ao serviço


público, o julgado recorrido não diverge da orientação do STJ, segundo a qual são

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impenhoráveis os bens de sociedade de economia mista prestadora de serviço


público, desde que destinados à prestação do serviço ou que o ato constritivo
possa comprometer a execução da atividade de interesse público (cf. AgRg no
REsp1.070.735/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
julgado em 18.11.2008; AgRg no REsp 1.075.160/AL, Rel. Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 10.11.2009; REsp521.047/SP, Rel. Ministro
Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em20.11.2003).

Como a FGV já cobrou este ponto?

(FGV - OAB UNI NAC/OAB/XXI Exame/2016) A sociedade “Limpatudo” S/A é empresa pública
estadual destinada à prestação de serviços públicos de competência do respectivo ente federativo.
Tal entidade administrativa foi condenada em vultosa quantia em dinheiro, por sentença transitada
em julgado, em fase de cumprimento de sentença.
Para que se cumpra o título condenatório, considerar-se-á que os bens da empresa pública são
a) impenhoráveis, certo que são bens públicos, de acordo com o ordenamento jurídico pátrio.
b) privados, de modo que, em qualquer caso, estão sujeitos à penhora.
c) privados, mas, se necessários à prestação de serviços públicos, não podem ser penhorados.
d) privados, mas são impenhoráveis em decorrência da submissão ao regime de precatórios.

Comentários
Alternativa correta, letra C.
As sociedades de economia mistas são pessoas jurídicas de direito privado.

A regra é que seus bens, em virtude de não serem bens públicos, não são impenhoráveis e
muito menos inalienáveis. É possível que sobre um bem de uma sociedade de economia seja feita
penhora e alienação.

Contudo, acaso este bem esteja afetado à prestação de um serviço público, este bem revestir-
se-á da característica da impenhorabilidade, enquanto afetado (adiante explicaremos a diferença de
afetação para desafetação).

2.2 - Classificação dos bens públicos

A classificação dos bens públicos está prevista no artigo 99 do Código Civil:

Art. 99. São bens públicos:


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I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal,
inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os
bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado.

São os bens públicos classificados, portanto, quanto à sua destinação em:

a) Bens de uso comum do povo – São aqueles destinados à utilização geral pelos indivíduos, que
podem ser utilizados por todos em igualdade de condições. Ex: ruas, praças, mares e rios.

b) Bens de uso especial – São aqueles destinados à execução de serviços administrativos e dos
serviços públicos em geral. São os bens das pessoas jurídicas de direito público utilizados para
a prestação de serviços públicos (em sentido amplo). Ex: escolas públicas, hospitais públicos,
prédios de repartições públicas.

c) Bens Dominicais – São os bens públicos que não possuem uma destinação pública definida,
que podem ser utilizados pelo Estado para fazer renda. Ex: terras devolutas, prédios públicos
desativados e móveis inservíveis.

Os bens públicos dominicais que são exatamente aqueles que não se encontram destinados
a uma finalidade pública específica (portanto desafetados), podem ser objeto de alienação,
obedecidos os requisitos legais.

Os conselhos profissionais possuem personalidade jurídica de direito público que exercem


poder disciplinar sobre os integrantes da categoria profissional, além de possuírem autonomia
administrativa e financeira.

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A Administração Pública descentralizou seu poder de fiscalização para estes entes que, por
terem personalidade jurídica de direito público, seus bens são formalmente considerados bens
públicos. Neste sentido:

ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO


PROFISSIONAL. EXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. ART. 37, II, DA CF. NATUREZA
JURÍDICA. AUTARQUIA. FISCALIZAÇÃO. ATIVIDADE TÍPICA DE ESTADO. 1. Os
conselhos de fiscalização profissional, posto autarquias criadas por lei e ostentando
personalidade jurídica de direito público, exercendo atividade tipicamente pública,
qual seja, a fiscalização do exercício profissional, submetem-se às regras encartadas
no artigo 37, inciso II, da CB/88, quando da contratação de servidores. 2. Os
conselhos de fiscalização profissional têm natureza jurídica de autarquias,
consoante decidido no MS 22.643, ocasião na qual restou consignado que: (i)
estas entidades são criadas por lei, tendo personalidade jurídica de direito público
com autonomia administrativa e financeira; (ii) exercem a atividade de
fiscalização de exercício profissional que, como decorre do disposto nos artigos
5º, XIII, 21, XXIV, é atividade tipicamente pública; (iii) têm o dever de prestar
contas ao Tribunal de Contas da União.
(...) (RE 539224, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em
22/05/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-118 DIVULG 15-06-2012 PUBLIC 18-06-
2012 RT v. 101, n. 923, 2012, p. 684-690)

2.3 - Alienação

De acordo com o artigo 100, do Código Civil:


Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
determinar.

Assim, os bens de uso comum do povo e de uso especial seriam inalienáveis, salvo se
perderem tal condição transmudando-se para bens dominicais. Estes, nos termos do artigo 101, do
Código Civil, podem ser alienados, observadas as exigências da lei:

Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as


exigências da lei.

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Os bens dominicais, como já comentado, são aqueles bens do Estado que são desafetados, não
possuem uma destinação pública específica e que podem ser utilizados pela Administração Pública
para fazer renda.

É possível inferir, portanto, que tais bens são bens patrimoniais disponíveis, diante da sua
natureza patrimonial e da não afetação a determinada finalidade pública. Tais bens podem sim ser
alienados, respeitando as condições legais.

E quais os requisitos legais para alienação de um bem dominical?

De acordo com o artigo 17, da Lei 8.666/93, os requisitos legais para alienação de bens
públicos são:

i. Demonstração do interesse público;


ii. Prévia avaliação;
iii. Licitação;
iv. E, em caso de bens imóveis, prévia autorização legislativa;

Como característica dos bens públicos temos a inalienabilidade. Os bens públicos, em geral,
não podem ter a sua propriedade transmitida. Entretanto, essa característica, diferentemente da
imprescritibilidade, não é absoluta.

Há a possibilidade de um bem público ser alienado, nos termos dos artigos 100 e 101 do
Código Civil:

Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as
exigências da lei

Como a FGV já cobrou este ponto?

(FGV - OAB UNI NAC/OAB/I Exame/2010) Com relação aos bens públicos, assinale a opção correta.
a) Por terem caráter tipicamente patrimonial, os bens de uso comum do povo podem ser alienados.
b) Os bens dominicais são indisponíveis.
c) A lei que institui normas para licitações e contratos da administração pública (Lei n.º 8.666/1993)
define regras para a alienação dos bens públicos móveis e imóveis.

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d) Ocorre a desafetação quando um bem público passa a ter uma destinação pública especial de
interesse direto ou indireto da administração.

Comentários
Alternativa correta, letra C.
A alternativa C expressa claramente a previsão contida na Lei nº 8.666/93, em seus artigos 17 a 19,
conforme explicado acima.

2.4 - Afetação X Desafetação

A afetação e a desafetação são fatos administrativos dinâmicos que indicam a alteração das
finalidades do bem público. Também podem ser denominados de consagração ou desconsagração.

Importante se estudar o instituto da afetação eis que possui consequência direta na


inalienabilidade do bem público. Os bens públicos afetados (que possuem uma destinação específica)
não podem, enquanto permanecerem nesta situação ser alienados.

Assim, os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial não são suscetíveis de
alienação enquanto assim estiverem destinados. Por outro lado, acaso ocorra a sua desafetação, tais
bens serão considerados bens dominicais e poderão ser alienados, por não estarem afetados a um
fim público.

Apesar da afetação ser possível pela simples destinação do bem, pelo uso, a desafetação não
é admitida pela doutrina pelo simples fato do não uso.

Para Celso Antônio Bandeira de Melo em virtude do instituto da desafetação retirar a


proteção do bem público quanto a indisponibilidade e inalienabilidade, tornando-o mais vulnerável
às ingerências administrativas, seria necessária uma maior cautela para que esse bem fosse
desafetado.

Para o Autor em caso de desafetação de um:

a) Bem de uso comum do povo – seria necessária uma lei ou um ato do Executivo previamente
autorizado por lei;

b) Bem de uso especial – trata-se de situação mais amena, sendo necessária uma lei ou um ato
do Poder Executivo.

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Ressalte-se que o fato de os bens públicos estarem desafetados não interfere nas
características de impenhorabilidade e imprescritibilidade. Tais bens continuam sendo
impenhoráveis e não passíveis de usucapião.

Por fim, conforme afirmou a FCC (MPE PB 2015):

Na desafetação, o bem é subtraído à dominialidade pública para ser incorporado


ao domínio privado, do Estado ou do administrado.

Como a FGV já cobrou este ponto?

(FGV - OAB UNI NAC/OAB/XVI Exame/2015) O prédio que abrigava a Biblioteca Pública do Município
de Molhadinho foi parcialmente destruído em um incêndio, que arruinou quase metade do acervo e
prejudicou gravemente a estrutura do prédio. Os livros restantes já foram transferidos para uma
nova sede. O Prefeito de Molhadinho pretende alienar o prédio antigo, ainda cheio de entulho e
escombros. Sobre o caso descrito, assinale a afirmativa correta.
a) Não é possível, no ordenamento jurídico atual, a alienação de bens públicos.
b) O antigo prédio da biblioteca, bem público de uso especial, somente pode ser alienado após ato
formal de desafetação.
c) É possível a alienação do antigo prédio da biblioteca, por se tratar de bem público dominical.
d) Por se tratar de um prédio com livre acesso do público em geral, trata-se de bem público de uso
comum, insuscetível de alienação.

Comentários
Alternativa correta, letra C.
O interessante desta questão está na assertiva de que, a partir do momento em que o prédio ficou
deteriorado, este passou a não ter uma finalidade pública e, portanto, passou a ser desafetado.

Assim, este bem, enquanto bem dominical, poderá ser alienado, desde que respeitados os
demais requisitos legais.

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Em muitas questões de concursos, inclusive na OAB, as bancas procuram confundir o


candidato quanto ao tema bens públicos. Basicamente se discute a natureza jurídica dos bens das
sociedades de economia mista e das empresas públicas.

Estas, a princípio devem ser consideradas entes privados nos termos do artigo 173 da
Constituição Federal:

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de


atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de
produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo
sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto


aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

Assim, se privados os bens das empresas estatais, a eles não se aplica o regime jurídico
relativo aos bens públicos. Encontramos, inclusive, julgados no Supremo Tribunal Federal neste
sentido:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ATO DO TCU QUE DETERMINA TOMADA DE CONTAS


ESPECIAL DE EMPREGADO DO BANCO DO BRASIL - DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E
VALORES MOBILIÁRIOS S.A., SUBSIDIÁRIA DO BANCO DO BRASIL, PARA APURAÇÃO
DE "PREJUÍZO CAUSADO EM DECORRÊNCIA DE OPERAÇÕES REALIZADAS NO
MERCADO FUTURO DE ÍNDICES BOVESPA". ALEGADA INCOMPATIBILIDADE DESSE
PROCEDIMENTO COM O REGIME JURÍDICO DA CLT, REGIME AO QUAL ESTÃO
SUBMETIDOS OS EMPREGADOS DO BANCO. O PREJUÍZO AO ERÁRIO SERIA
INDIRETO, ATINGINDO PRIMEIRO OS ACIONISTAS. O TCU NÃO TEM COMPETÊNCIA
PARA JULGAR AS CONTAS DOS ADMINISTRADORES DE ENTIDADES DE DIREITO
PRIVADO. A PARTICIPAÇÃO MAJORITÁRIA DO ESTADO NA COMPOSIÇÃO DO
CAPITAL NÃO TRANSMUDA SEUS BENS EM PÚBLICOS. OS BENS E VALORES
QUESTIONADOS NÃO SÃO OS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, MAS OS GERIDOS
CONSIDERANDO-SE A ATIVIDADE BANCÁRIA POR DEPÓSITOS DE TERCEIROS E
ADMINISTRADOS PELO BANCO COMERCIALMENTE. ATIVIDADE TIPICAMENTE
PRIVADA, DESENVOLVIDA POR ENTIDADE CUJO CONTROLE ACIONÁRIO É DA
UNIÃO. AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE AO IMPETRADO PARA EXIGIR INSTAURAÇÃO
DE TOMADA DE CONTAS ESPECIAL AO IMPETRANTE. MANDADO DE SEGURANÇA

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DEFERIDO.

(MS 23875, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Relator(a) p/ Acórdão: Min.


NELSON JOBIM, Tribunal Pleno, julgado em 07/03/2003, DJ 30-04-2004 PP-00034
EMENT VOL-02149-07 PP-01270 RTJ VOL-00191-03 PP-00887) (grifo nosso).

Contudo, tem sido recorrente encontrarmos no Supremo Tribunal Federal decisões que
aplicam a determinados prestadores de serviço público a impenhorabilidade de seus bens enquanto
afetados à prestação destes. Neste sentido:

O recorrente foi denunciado perante a Justiça comum estadual pela prática de


receptação dolosa de uma balança de precisão furtada da Empresa de Correios e
Telégrafos (ECT). (...) Primeiro, note-se que as empresas estatais (empresas
públicas e sociedades de economia mista) são dotadas de personalidade jurídica de
direito privado, mas possuem regime híbrido, a depender da finalidade da estatal:
se presta serviço público ou explora a atividade econômica, predominará o regime
público ou o privado. É certo que a ECT é empresa pública, pessoa jurídica de
direito privado, prestadora de serviço postal, que, conforme o art. 21, X, da
CF/1988, é de natureza pública e essencial, encontrando-se aquela empresa, por
isso, sob o domínio do regime público. Ela é mantida pela União e seus bens
pertencem a essa mantenedora, consubstanciam propriedade pública e estão
integrados à prestação de serviço público. Daí que eles são insusceptíveis de
qualquer constrição que afete a continuidade, regularidade e qualidade da
prestação do serviço. Nesse contexto, vê-se que é plenamente justificada a tutela
a bens, serviços e interesses da União diante do furto de bem pertencente à ECT,
razão pela qual se atraiu a competência da Justiça Federal (art. 109, IV, da CF/1988),
vista a conexão entre o furto (principal) e a receptação em questão (acessório).
Também se acha albergada nessa tutela a incidência da referida majorante, não se
podendo falar que foi dada, no caso, uma interpretação extensiva desfavorável ao
conceito de bens da União. (...) Precedentes citados do STF: AgRg no RE 393.032-
MG, DJe 18/12/2009; RE 398.630-SP, DJ 17/9/2004, e QO na ACO 765-RJ, DJe
4/9/2009. REsp 894.730-RS, Rel. originária Min. Laurita Vaz, Rel. para acórdão Min.
Arnaldo Esteves Lima, julgado em 17/6/2010. (grifo nosso)

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Além disso, encontramos na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal uma tendência a se


aplicar algumas prerrogativas de direito público às empresas estatais que prestam serviços públicos
em regime não concorrencial. Apenas para se ter uma ideia, tanto o Superior Tribunal de Justiça
quanto o Supremo Tribunal Federal entenderam que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
(ECT), em que pese ser constituída sob a forma de empresa pública, está abrangida dentro do
conceito de Fazenda Pública.

É que, por prestar de forma exclusiva serviço público de competência da União (art. 21, X,
CF)1, não desempenha a ECT atividade econômica, segundo entenderam os julgadores. Assim, os
Correios estariam incluídos no conceito de Fazenda Pública, gozando de todos os benefícios e
prerrogativas processuais inerentes, conforme sedimentou o STF:

2. O Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou, quando do julgamento do RE


220.906, Relator o Ministro MAURÍCIO CORRÊA, DJ 14.11.2002, à vista do disposto
no artigo 6o do decreto-lei nº 509/69, que a Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos é "pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública, que explora serviço
de competência da União".(CF, artigo 21, X) (STF - ACO: 765 RJ, Relator: Min.
MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 01/06/2005,Tribunal Pleno, Data de
Publicação: DJe-211 DIVULG 06-11-2008 PUBLIC 07-11-2008 )

Ainda é cedo para se afirmar que toda e qualquer empresa estatal que preste serviço público
em regime não concorrencial deve ser considerada como ente integrante da Fazenda Pública e,
portanto, ter seus bens submetidos a tal regime jurídico. Contudo, é cada vez mais comum o
deferimento de benefícios aplicáveis apenas às pessoas jurídicas de direito público também a
empresas estatais.

A título de exemplo, analisando o caso concreto referente à Companhia de Águas do Estado


de Alagoas, o Supremo Tribunal Federal entendeu ser possível a sujeição das execuções desta ao
regime de precatórios. Em decisão divulgada no Informativo 812, o STF entendeu que às sociedades
de economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial
devem ser aplicadas o regime de precatórios. Neste sentido:

EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Constitucional. Sociedade


de economia mista. Regime de precatório. Possibilidade. Prestação de serviço
público próprio do Estado. Natureza não concorrencial. Precedentes. 1. A
jurisprudência da Suprema Corte é no sentido da aplicabilidade do regime de
precatório às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público
próprio do Estado e de natureza não concorrencial. 2. A CASAL, sociedade de
economia mista prestadora de serviços de abastecimento de água e saneamento
no Estado do Alagoas, presta serviço público primário e em regime de
exclusividade, o qual corresponde à própria atuação do estado, haja vista não visar

1
Art. 21. Compete à União: (...) X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
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à obtenção de lucro e deter capital social majoritariamente estatal. Precedentes. 3.


Agravo regimental não provido.
(RE 852302 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em
15/12/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-037 DIVULG 26-02-2016 PUBLIC 29-02-
2016)

Como a FGV já cobrou este ponto?

(FGV - OAB UNI NAC/OAB/VII Exame/2012) Sobre os bens públicos é correto afirmar que
a) os bens de uso especial são passíveis de usucapião.
b) os bens de uso comum são passíveis de usucapião.
c) os bens de empresas públicas que desenvolvem atividades econômicas que não estejam afetados
a prestação de serviços públicos são passíveis de usucapião.
d) nenhum bem que pertença à pessoa jurídica integrante da administração pública indireta é
passível de usucapião.

Comentários
Alternativa correta, letra C.
Percebam que as empresas públicas são consideradas pessoas jurídicas de direito privado e os seus
bens, acaso desafetados, não se sujeitam em hipótese alguma ao regime jurídico dos bens públicos.
Assim, estes bens poderão ser adquiridos por usucapião, diferentemente de qualquer bem público.

2.5 - Principais Bens Públicos em espécie

A Constituição Federal prevê em seu artigo 20 bens de titularidade da União e em seu artigo
26 bens de titularidade dos Estados.

Este tema costuma ser cobrado em provas com a “letra fria” da


norma. Por isso, iremos apenas transcrever os dispositivos e após
mostraremos a forma de cobrança.

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Vamos ao texto da Constituição quanto aos bens da União:

Art. 20. São bens da União:


I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental,
definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou
que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a
sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 46, de 2005)
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no
resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins
de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo
território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou
compensação financeira por essa exploração.
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras
terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para
defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.

Quanto ao texto, destaque-se:

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a) As terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções


militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental são bens da União. As
demais, são bens dos Estados. Não há previsão de terras devolutas de propriedade dos
Municípios.

b) Os terrenos de Marinha pertencem à União por questões de segurança nacional. Exatamente


por isto, o STJ pacificou que:

Súmula 496 – STJ - Os registros de propriedade particular de imóveis situados em


terrenos de marinha não são oponíveis à União.

c) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União e, assim como os parques
nacionais possuem destinação específica, sendo considerados bens de uso especial.

Quanto aos Estados:

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:


I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas
aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Destacamos que as águas públicas pertencem aos estados-membros, exceto se estiverem em


terrenos da União, se banharem mais de um Estado, se fizerem limites com outros países ou se
estenderem a território estrangeiro ou dele provierem (hipóteses em que pertencerão à União).

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2.6 – Utilização de Bens Públicos por particulares

A Administração pode outorgar a determinados particulares o uso privativo dos bens públicos,
independente da categoria a que pertençam. Para Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2015, pg.
1045):

Essa outorga, que exige sempre um instrumento formal, está sujeita ao juízo de
oportunidade e conveniência exclusivo da própria administração e pode ser feita
mediante remuneração pelo particular, ou não.

Trata-se de interpretação do artigo 103, do Código Civil:

Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme
for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.

Os principais instrumentos utilizados pela administração são:

Autorização de uso de bem público

Segundo José dos Santos Carvalho Filho (2016, pg. 1214):

Autorização de uso é o ato administrativo pelo qual o Poder Público consente que
determinado indivíduo utilize bem público de modo privativo, atendendo
primordialmente a seu próprio interesse.

Trata-se de ato discricionário e precário onde a Administração consente que o particular


utilize um bem público segundo seu interesse. O ato não exige prévia licitação e pode ser revogável
a qualquer tempo sem necessidade de indenização.

Como a FGV já cobrou este ponto?

(FGV - OAB UNI NAC/OAB/VI Exame/2011) A autorização de uso de bem público por particular
caracteriza-se como ato administrativo

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a) discricionário e bilateral, ensejando indenização ao particular no caso de revogação pela


administração.
b) unilateral, discricionário e precário, para atender interesse predominantemente particular.
c) bilateral e vinculado, efetivado mediante a celebração de um contrato com a administração
pública, de forma a atender interesse eminentemente público.
d) discricionário e unilateral, empregado para atender a interesse predominantemente público,
formalizado após a realização de licitação.

Comentários
Alternativa correta, letra B.
A autorização para utilização de bens públicos é ato administrativo unilateral, discricionário e
precário e como a própria alternativa dispõe serve para atender a interesse predominantemente
particular.

São, pois, características da autorização de uso de bem público:

Ato Discricionário

Precário

Sem prazo de duração

Sem prévia licitação

Revogável a qualquer
tempo sem indenização

A principal característica da autorização é o predomínio do interesse do particular,


cabendo-lhe – segundo seu interesse – utilizar ou não o bem autorizado. Exemplo: Fechamento de
uma rua para organização de uma festa pela associação de moradores de um bairro residencial;

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Permissão de uso de bem público;

Segundo Fernanda Marinela (2017, pg. 909):

A permissão de uso de bem público é um ato administrativo unilateral,


discricionário e precário, em que a Administração autoriza que certa pessoa utilize
privativamente um bem público, atendendo ao mesmo tempo aos interesses
público e privado.

Trata-se de ato ainda discricionário e precário, mas que possui segurança maior que a
autorização de uso. Contudo, também poderá ser revogável a qualquer tempo sem a necessidade de
indenização ao particular. Quanto à prévia necessidade de licitação, Carvalho Filho estabelece ser
necessária (2015, pg. 1217):

sempre que for possível e houver mais de um interessado na utilização do bem,


evitando-se favorecimentos ou preterições ilegítimas. Em alguns casos especiais,
porém, a licitação será inexigível, como, por exemplo, a permissão de uso de
calçada em frente a um bar, restaurante ou sorveteria.

Assim, embora sejam atos administrativos, a doutrina entende pela necessidade de prévia
licitação para as permissões de uso de bem público. A origem de tal pensamento está no artigo 31,
da Lei 9.074/95 (ALEXANDRINO, 2015, pg. 1.046):

Art. 31. Nas licitações para concessão e permissão de serviços públicos ou uso de
bem público, os autores ou responsáveis economicamente pelos projetos básico
ou executivo podem participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da
execução de obras ou serviços.

São, pois, características da permissão de uso de bem público:

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Ato Discricionário

Precário

Sem prazo de duração

Necessária prévia licitação, apesar


de se um ato administrativo

Revogável a qualquer tempo sem


indenização

Exemplo de utilização de permissão de uso de bem público é a instalação de banca de jornais


em uma praça pública.

Quais as diferenças entre a autorização e a permissão de uso de bem público?

As diferenças básicas existentes entre a autorização e a permissão de uso de bem público são
(ALEXANDRINO, 2015, pg. 1.046):

i. Na permissão é mais relevante o interesse público, enquanto na autorização ele é


secundário;

ii. Na permissão o uso do bem com a destinação para a qual foi permitido é obrigatória. Na
autorização o uso é facultativo, a critério do particular;

iii. A permissão deve, regra geral, ser precedida de licitação; a autorização nunca é precedida
de licitação;
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Concessão de uso de bem público

Enquanto as autorizações e permissões são ATOS administrativos, a concessão de uso de bem


público é um CONTRATO. Trata-se de (CARVALHO FILHO, 2015, pg. 1.218):

Contrato administrativo pelo qual o Poder Público confere a pessoa determinada o


uso privativo de bem público, independente do maior ou menor interesse público
da pessoa concedente.

Utiliza-se a concessão em contratos de maior vulto, onde o particular faz significativos


investimentos e assume obrigações perante terceiros e encargos financeiros elevados que não se
justificariam, salvo pela possibilidade de utilização de bem público por prolongado prazo e com
segurança na utilização.

Tratando-se de contrato administrativo é absolutamente necessária a realização de prévia


licitação, razão pela qual o ato não é precário. Cabível, portanto, o direito a indenização ao particular
em caso de rescisão se a causa não for a ele imputável.

Segundo Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2015, pg. 1.047):

sendo contrato, a concessão incontroversamente deve ser precedida de licitação


(salvo se presente alguma hipótese de dispensa ou inexigibilidade), não é precária,
é sempre outorgada por prazo determinado e só admite rescisão ( e não revogação)
nas hipóteses previstas em lei. Ademais, a extinção antes do prazo enseja
indenização ao particular, quando não decorra de causa a ele imputável.

A depender da remuneração pela utilização do bem público, a concessão de uso poderá ser
gratuita ou remunerada.

Assim, são características da concessão de uso de bem público:

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Contrato Administrativo

Não Precário

Com prazo de duração

Necessária prévia licitação

Rescisão nas hipóteses legais com


indenização (se a causa não for
imputada ao concessionário)

Concessão de Direito Real de Uso

A Concessão de Direito Real de Uso constitui um direito de natureza real. Não se trata,
portanto, de um mero direito pessoal e consiste em um contrato que confere ao particular um direito
real resolúvel por prazo certo ou indeterminado, de forma remunerada ou gratuita (ALEXANDRINO,
2015, pg. 1.049).

Segundo José dos Santos Carvalho Filho (2015, pg. 1.221):

Concessão de direito real de uso é o contrato administrativo pelo qual o Poder


Público confere ao particular o direito real resolúvel de uso de terreno público ou
sobre o espaço aéreo que o recobre, para os fins que, prévia e determinantemente,
o justificaram.

Está prevista no DL 271/1967 e é, portanto, exclusivo para a União:

Art. 7o É instituída a concessão de uso de terrenos públicos ou particulares


remunerada ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado, como direito real
resolúvel, para fins específicos de regularização fundiária de interesse social,
urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, aproveitamento
sustentável das várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios
de subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas.
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§ 1º A concessão de uso poderá ser contratada, por instrumento público ou


particular, ou por simples termo administrativo, e será inscrita e cancelada em livro
especial.
§ 2º Desde a inscrição da concessão de uso, o concessionário fruirá plenamente do
terreno para os fins estabelecidos no contrato e responderá por todos os encargos
civis, administrativos e tributários que venham a incidir sobre o imóvel e suas
rendas.
§ 3º Resolve-se a concessão antes de seu termo, desde que o concessionário dê ao
imóvel destinação diversa da estabelecida no contrato ou termo, ou descumpra
cláusula resolutória do ajuste, perdendo, neste caso, as benfeitorias de qualquer
natureza.
§ 4º A concessão de uso, salvo disposição contratual em contrário, transfere-se por
ato inter vivos , ou por sucessão legítima ou testamentária, como os demais direitos
reais sobre coisas alheias, registrando-se a transferência.
§ 5o Para efeito de aplicação do disposto no caput deste artigo, deverá ser
observada a anuência prévia: (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

I - do Ministério da Defesa e dos Comandos da Marinha, do Exército ou da


Aeronáutica, quando se tratar de imóveis que estejam sob sua administração;
e (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

II - do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência de República, observados


os termos do inciso III do § 1o do art. 91 da Constituição Federal.

Como se trata de um direito real e não pessoal, a CDRU transfere-se por ato inter vivos ou por
sucessão legítima ou testamentária, como os demais direitos reais sobre coisas alheias, registrando-
se a transferência (ALEXANDRINO, 2015, pg. 1.049).

A Lei 8.666/93 determina que haja licitação na modalidade concorrência, sendo o critério
aquele de julgamento o maior lance ou oferta, caso se trate de concessão onerosa, sendo
dispensadas em casos específicos (artigo 17).

Artigo 23.
§ 3º A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor
de seu objeto, tanto na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto
no art. 19, como nas concessões de direito real de uso e nas licitações
internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os limites deste artigo,
a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro
internacional de fornecedores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem
ou serviço no País. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

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Artigo 17, inciso I:


i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras
públicas rurais da União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de
15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de
regularização fundiária, atendidos os requisitos legais; (Incluído pela Lei nº 11.952, de
2009)

Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia – Estatuto da Cidade

O Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) previu a utilização de concessão de uso especial para
fins de moradia como forma de regularizar a propriedade urbana nos Municípios.

Art. 4º Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
V – institutos jurídicos e políticos:
h) concessão de uso especial para fins de moradia;

Trata-se de dispositivo já previsto no artigo 183 da Constituição Federal. Contudo, os


dispositivos relativos ao tema do Estatuto das Cidades foram vetados, sendo hoje a matéria regulada
pela MP 2.220/2001 com as recentes alterações da Lei 13.465/2017.

De acordo com o artigo 183, da Constituição Federal a usucapião pró-moradia é devido em


favor de quem possuir como sua por cinco anos ininterruptos e sem oposição, área de até 250m².
Todavia, o possuidor não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural e deve utilizar o
referido bem para sua moradia ou de sua família.

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à
mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

Tal direito não se aplica, naturalmente, aos imóveis públicos, nos termos do parágrafo 3º:

§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

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Mas professor, se a questão da regularização fundiária é tão importante,


o que fazer quando pessoas de ocupam imóveis públicos?

O legislador não ficou omisso quanto à realidade social brasileira que inclui a existência de
diversas ocupações irregulares, inclusive, em imóveis públicos. Mas se a Constituição Federal veda a
aquisição destes imóveis por usucapião, como proceder à regularização fundiária?

A Medida Provisória 2.220/2001 (recentemente alterada quanto às datas pela MP 759/2016


convertida na Lei 13.465/2017) criou o instituto denominado de Concessão de Uso Especial para fins
de moradia.

Segundo o artigo 1º:

Art. 1º Aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de
imóvel público situado em área com características e finalidade urbana, e que o
utilize para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial
para fins de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja
proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º A concessão de uso especial para fins de moradia será conferida de forma
gratuita ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo
concessionário mais de uma vez.
§ 3º Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, na
posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da
sucessão.

Assim, a pessoa que detiver - até 22 de dezembro de 2016 - a posse mansa, pacífica e
ininterrupta de imóvel público urbano de até duzentos e cinquenta metros quadrados por cinco anos
e que o utilize par sua moradia ou de sua família, terá o direito à concessão de uso especial para sua
moradia.

Contudo, não poderá tal pessoa ser concessionário ou proprietário a qualquer título de outro
imóvel urbano ou rural.

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Percebam que os requisitos para a concessão de uso especial para fins urbanísticos são bem
parecidos com os requisitos da usucapião pró moradia e tem cabimento exatamente em razão de os
imóveis públicos não poderem se adquiridos por usucapião.

Referida concessão será gratuita e não será reconhecida ao mesmo cessionário por mais de
uma vez. Além disso, o herdeiro legítimo do posseiro, desde que resida no imóvel por ocasião da
abertura da sucessão, poderá continuar de pleno direito na posse de seu antecessor.

E se a posse no imóvel público for uma ocupação coletiva de várias famílias?

A Medida Provisória também previu esta situação e estabeleceu a possibilidade da concessão


de uso especial para fins urbanísticos coletiva. Ainda que os imóveis tenham mais de duzentos e
cinquenta metros quadrados, se a ocupação for coletiva e não for possível identificar a
individualização dos terrenos, será possível a concessão para fins urbanísticos de forma coletiva.

Art. 2º Nos imóveis de que trata o art. 1º, com mais de duzentos e cinquenta
metros quadrados, ocupados até 22 de dezembro de 2016, por população de baixa
renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde
não for possível identificar os terrenos ocupados por possuidor, a concessão de
uso especial para fins de moradia será conferida de forma coletiva, desde que os
possuidores não sejam proprietários ou concessionários, a qualquer título, de outro
imóvel urbano ou rural.

Igualmente o limite temporal estabelecido foi o dia 22 de dezembro de 2016 e o parágrafo 1º


ainda estabeleceu a possibilidade de somar a posse do atual possuidor com a de seu antecessor:

§ 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo,
acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.

E como fica o cálculo da parcela de cada possuidor?

De acordo com os parágrafos 2º e 3º, do artigo 2º, a cada possuidor será atribuída uma fração
ideal, independentemente do tamanho da área que efetivamente ocupa, a não ser que haja um
acordo escrito entre os ocupantes onde se discrimina frações ideais diferenciadas.

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Contudo, a fração ideal de cada possuidor não poderá ser superior a duzentos e cinquenta
metros quadrados.

§ 2o Na concessão de uso especial de que trata este artigo, será atribuída igual
fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do
terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os ocupantes,
estabelecendo frações ideais diferenciadas.
§ 3o A fração ideal atribuída a cada possuidor não poderá ser superior a duzentos e
cinquenta metros quadrados.

Por fim, tais direitos dos artigos 1º e 2º também serão garantidos aos ocupantes regularmente
inscritos de imóveis públicos com até duzentos e cinquenta metros quadrados e que estejam situados
em área urbana, quanto a imóveis da União, Estados, DF e Municípios (artigo 3º).

E se o imóvel ocupado pelas famílias estiver localizado em uma área de risco?

Neste caso, caberá ao Poder Público garantir o direito à concessão de uso especial para fins
urbanísticos em local diverso:

Art. 4o No caso de a ocupação acarretar risco à vida ou à saúde dos ocupantes, o


Poder Público garantirá ao possuidor o exercício do direito de que tratam os arts.
1o e 2o em outro local.

Além disso, poderá o Poder Público também escolher local diverso quando o imóvel
ocupado for (artigo 5º):

I - de uso comum do povo;


II - destinado a projeto de urbanização;
III - de interesse da defesa nacional, da preservação ambiental e da proteção dos
ecossistemas naturais;
IV - reservado à construção de represas e obras congêneres; ou
V - situado em via de comunicação.

E qual o procedimento para se obter o título de concessão?

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O título de concessão poderá ser obtido pela via administrativa perante o órgão competente
da Administração Pública que terá o prazo de doze meses para decidir o pedido, a contar da data de
seu protocolo.

E, se o imóvel for pertencente ao Estado ou à União, caberá ao interessado instruir o pedido


com certidão municipal que ateste a localização do imóvel em área urbana e a sua destinação para
moradia do ocupante ou de sua família.

Acaso recusado o pedido administrativo ou ainda em caso de omissão do Poder Público,


será cabível a via judicial para regularizar a propriedade. Neste caso, a concessão de uso especial
para fins de moradia será declarada pelo juiz mediante sentença.

Destaque-se a questão do registro:

§ 4º O título conferido por via administrativa ou por sentença judicial servirá para
efeito de registro no cartório de registro de imóveis.

Reconhecido o direito à concessão de uso especial para fins urbanísticos, poderá


o concessionário transferir seu direito?

Sim. Esta a disposição expressa do artigo 7º, da MP 2.220/2001:

Art. 7o O direito de concessão de uso especial para fins de moradia é transferível


por ato inter vivos ou causa mortis.

E como funciona a extinção do direito à concessão?

O direito à concessão de uso especial para fins de moradia extingue-se em caso de o


concessionário dar ao imóvel destinação diversa da moradia para si ou de sua família. Além disso, o
direito também será extinto acaso o concessionário venha a adquirir a propriedade ou a concessão
de outro imóvel urbano ou rural.

A extinção de tal direito será averbada no correspondente cartório de registro de imóveis, por
meio de declaração do Poder Público concedente.

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Autorização de Uso na MP 2.220/2001

Por fim, destacamos os artigos 9º e 10º da Medida Provisória em epígrafe que estabelecem a
autorização de uso em caso de imóveis comerciais e as definições do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Urbano. De acordo com o artigo 9º:

Art. 9º É facultado ao Poder Público competente conceder autorização de uso


àquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de
imóvel público situado em área características e finalidade urbana para fins
comerciais. (Redação dada pela Medida Provisória nº 759, de 2016)

Perceba, que esta autorização – ato mais precário que a concessão – ocorre quanto aos
imóveis públicos que possuam fins comerciais (e não de moradia) e será conferida de forma gratuita.

O prazo do possuidor pode ser acrescido ao de seus antecessores, para fins de contagem dos
cinco anos e a poderá ser concedida em terreno diverso acaso ocorram algumas das hipóteses dos
artigos 4º e 5º (área de risco ou áreas de interesse público. Rememorando:

Art. 4º No caso de a ocupação acarretar risco à vida ou à saúde dos ocupantes, o


Poder Público garantirá ao possuidor o exercício do direito de que tratam os arts.
1o e 2o em outro local.

Art. 5º É facultado ao Poder Público assegurar o exercício do direito de que tratam


os arts. 1º e 2º em outro local na hipótese de ocupação de imóvel:
I - de uso comum do povo;
II - destinado a projeto de urbanização;
III - de interesse da defesa nacional, da preservação ambiental e da proteção dos
ecossistemas naturais;
IV - reservado à construção de represas e obras congêneres; ou
V - situado em via de comunicação.

Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano

A MP 2.220/2001 também criou o Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano, órgão


consultivo e deliberativo, integrante da Presidência da República, com as seguintes atribuições:

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I - propor diretrizes, instrumentos, normas e prioridades da política nacional de


desenvolvimento urbano;
II - acompanhar e avaliar a implementação da política nacional de desenvolvimento
urbano, em especial as políticas de habitação, de saneamento básico e de
transportes urbanos, e recomendar as providências necessárias ao cumprimento
de seus objetivos;
III - propor a edição de normas gerais de direito urbanístico e manifestar-se sobre
propostas de alteração da legislação pertinente ao desenvolvimento urbano;
IV - emitir orientações e recomendações sobre a aplicação da Lei no 10.257, de 10 de
julho de 2001, e dos demais atos normativos relacionados ao desenvolvimento
urbano;
V - promover a cooperação entre os governos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios e a sociedade civil na formulação e execução da política
nacional de desenvolvimento urbano; e
VI - elaborar o regimento interno.

Cabe-nos, por segurança, conhecer a estrutura do CNDU disposta nos artigos 11 e


seguintes da referida MP:

Art. 11. O CNDU é composto por seu Presidente, pelo Plenário e por uma
Secretaria-Executiva, cujas atribuições serão definidas em decreto.
Parágrafo único. O CNDU poderá instituir comitês técnicos de assessoramento, na
forma do regimento interno.
Art. 12. O Presidente da República disporá sobre a estrutura do CNDU, a
composição do seu Plenário e a designação dos membros e suplentes do Conselho
e dos seus comitês técnicos.
Art. 13. A participação no CNDU e nos comitês técnicos não será remunerada.
Art. 14. As funções de membro do CNDU e dos comitês técnicos serão consideradas
prestação de relevante interesse público e a ausência ao trabalho delas decorrente
será abonada e computada como jornada efetiva de trabalho, para todos os efeitos
legais.

Cessão de Uso

A cessão de uso é (MARINELA, 2017, pg. 911):

a utilização especial em que o Poder Público permite, de forma gratuita, o uso de


bem público por órgão da mesma pessoa ou de pessoa diversa, com o propósito de
desenvolver atividades benéficas para a coletividade, com fundamento na
cooperação entre as entidades públicas e privadas.

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Para José dos Santos Carvalho Filho, a grande diferença entre esta cessão e as demais formas
de utilização dos bens públicos até agora vistas, fundamenta-se no benefício coletivo decorrente da
atividade desempenhada pelo cessionário.

O mais comum é que a Administração ceda bens entre órgãos da mesma pessoa (Secretaria de
Justiça cede prédio para a Secretaria de Administração do mesmo Estado), mas pode ocorrer a cessão
entre órgãos de entidades públicas diversas ou para pessoas privadas que desempenhem finalidades
não lucrativas (2015, pg. 1.228).

Segundo afirmou a FCC (DPE/MA/2009):

Em relação aos bens públicos e de acordo com a Lei Federal nº 8.666/93 e


==1b3650==

alterações, é correto afirmar que os bens imóveis de uso comum e os de uso


especial não podem ser alienados a particulares enquanto conservarem esta
qualidade, mas podem ter seu domínio transferido a outro ente público,
observados os requisitos legais, sem perderem a afetação.

2.7 - Benfeitoria em Bem Público irregularmente ocupado

De acordo com o artigo 1.219 do Código Civil, o possuidor de boa-fé tem direito à indenização
das benfeitorias necessárias e úteis, restando consolidado o entendimento pelo STJ que tal direito
de retenção abrange também as acessões (construções e plantações) nas mesmas circunstâncias.

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias


necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a
levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de
retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Ocorre que, para o STJ, nos casos em que o bem público foi ocupado irregularmente, a pessoa
não tem direito de ser indenizada pelas acessões feitas, assim como não tem direito à retenção pelas
benfeitorias realizadas, mesmo que fique provado que a pessoa estava de boa-fé.

É que a ocupação irregular de bem público não pode ser classificada como posse, mas mera
detenção, possuindo, portanto, natureza precária.

Segundo consolidou o STJ, a posse é o direito reconhecido a quem se comporta como


proprietário, não havendo como reconhecer a posse a quem, por proibição legal, não possa ser
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proprietário. Assim, a ocupação de área pública, quando irregular, não pode ser reconhecida como
posse, mas como mera detenção.

Ademais, eventual inércia ou omissão da Administração não tem o efeito de afastar ou


distorcer a aplicação da lei. O imóvel público é indisponível, de modo que eventual omissão dos
governos implica responsabilidade de seus agentes, nunca vantagem de indivíduos às custas da
coletividade.

Por fim, não se pode afirmar que tal ato configurará enriquecimento sem causa da
Administração, eis que esta provavelmente terá um custo para demolir a construção feita ou, no
máximo regularizá-la para adequá-la à legislação vigente, dada a provável inutilidade do imóvel,
sendo incoerente tal afirmação.

Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. OCUPAÇÃO


IRREGULAR DE ÁREA PÚBLICA. DIREITO DE INDENIZAÇÃO PELAS ACESSÕES.
INEXISTÊNCIA. PRECEDENTES.
1. A jurisprudência assentada no Superior Tribunal de Justiça considera indevida a
indenização por acessões construídas sobre área pública irregularmente ocupada.
2. Recurso especial a que se dá provimento.
(REsp 850.970/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 01/03/2011, DJe 11/03/2011)

3 - INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

3.1 – Considerações Iniciais

O Século XX vem superar a ideia liberal clássica de que o direito de propriedade é um direito
praticamente absoluto. As atuais constituições ocidentais passaram a dar um especial destaque ao
interesse social da propriedade.

Na Constituição Federal de 1988, há diversos dispositivos com a inteligência de que a


propriedade deve cumprir sua função social como corolário da supremacia do interesse público sobre
o dos particulares.

Constituição Federal

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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

XXII - é garantido o direito de propriedade;


XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
dano;

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público


municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de
seus habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades
com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de
desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa
indenização em dinheiro.
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos,
em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e
os juros legais.

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia
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e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do


valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
emissão, e cuja utilização será definida em lei.

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,


simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Por fim, quanto ao patrimônio cultural, dispõe a CF no artigo 216, parágrafo 1º:

§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o


patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,
tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
preservação.

Sendo certo que nem todas as modalidades de intervenção do Estado na propriedade estão
previstas na Constituição Federal, passemos ao estudo pormenorizado de cada uma delas.

3.2 – Modalidades de Intervenção do Estado na Propriedade

São seis as modalidades de intervenção do Estado na propriedade:

a) Limitação Administrativa;
b) Servidão Administrativa
c) Ocupação Temporária;
d) Requisição;
e) Tombamento
f) Desapropriação;
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Vejamos uma a uma.

a) Limitação Administrativa;

A limitação administrativa é um ato genérico por meio do qual o poder público impõe a
proprietários indeterminados obrigações com o objetivo de fazer com que aquela propriedade
atenda à sua função social.

Tratam-se, assim, de medidas de caráter geral direcionadas a todos os proprietários daquela


determinada região, fundamentadas no poder de polícia do Estado, “gerando para os proprietários
obrigações positivas ou negativas, com o fim de condicionar o exercício do direito de propriedade ao
bem-estar social” (DI PIETRO).

Podem ser instituídas em lei ou regulamento de qualquer ente da Administração e, por


constituírem imposições gerais destinadas a propriedades indeterminadas, não ensejam nenhuma
indenização por parte do Poder Público em favor dos proprietários.

Na generalidade dos casos, a limitação administrativa é gratuita, surgindo o dever de


indenizar tão somente em casos de redução do valor econômico do bem. Todavia, o proprietário do
bem não fará jus a qualquer direito indenizatório se tiver adquirido o bem após a limitação
administrativa já ter sido imposta.

Ressalte-se que os danos causados em caso de limitação administrativa devem ser objeto de
ação pessoal, cujo prazo prescricional é de cinco anos. Ex: Limitação à altura dos prédios em
determinada região da cidade.

b) Servidão Administrativa;

Já a servidão administrativa é uma restrição específica que atinge parcial e concretamente o


direito de propriedade, incidindo sobre o caráter exclusivo de propriedades determinadas. A
servidão consiste em uma obrigação de tolerar ou deixar fazer e autoriza o Poder Público a usar da
propriedade imóvel do particular para assegurar a realização e conservação de obras e serviços de
utilidade pública.

Tem-se, pois, as seguintes características:

i. Ônus real;
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ii. Incidente sobre bem particular (imóvel alheio);


iii. Com o fim de permitir uma utilidade pública;

A servidão pode ser instituída por acordo administrativo ou através de sentença judicial e,
por constituírem direito real de uso, devem ser averbadas no respectivo Registro de Imóveis.
Exemplo de servidão, tem-se a passagem de rede elétrica (fios de alta tensão) por dentro da
propriedade.

A regra é que a servidão não gere qualquer direito a indenização ao proprietário.

Será cabível, contudo, o direito à indenização em caso de o ônus imposto ao proprietário ser
tão elevado que cause algum dano à propriedade (referida indenização será prévia). Contudo, a
indenização não pode elevar-se até o montante do valor da propriedade, pois que sob esta não foi
imposta a supressão, mas mera restrição.

Mas professor, qual a diferença entre limitação e servidão?

Enquanto a limitação administrativa é uma restrição geral e gratuita imposta


indeterminadamente às propriedades particulares em benefício da coletividade, a servidão
administrativa é um ônus real sobre determinada e específica propriedade privada, mediante
indenização pelo Poder Público (se houver prejuízo para o proprietário) para propiciar a execução de
algum serviço público.

A diferença entre os institutos, pois, é que na restrição sobre o caráter absoluto da


propriedade (limitação administrativa) minoram-se os poderes do uso, gozo ou fruição do
proprietário sobre a sua propriedade e na servidão administrativa (restrição sobre o caráter exclusivo
da propriedade), o proprietário é obrigado a suportar que outrem também usufrua de sua
propriedade em prol da coletividade.

c) Ocupação Temporária;

A ocupação temporária é uma restrição estatal que atinge o caráter exclusivo da propriedade,
fundada na necessidade pública normal de realização de obras ou exercício de atividades. Trata-se
de intervenção provisória e que incide tão somente em razão da necessidade que pode ter o Estado

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de utilizar, temporariamente, um imóvel particular para realização de obras públicas ou execução de


serviços públicos.

Há o dever de indenizar, apenas acaso haja dano à propriedade, eis que em geral processa-se
a ocupação de bens imóveis desocupados ou improdutivos. Em verdade, apenas haverá o dever de
indenizar acaso haja algum prejuízo ao proprietário do bem. Ex: ocupação de terreno para guardar o
maquinário necessário a construção de rodovia.

A instituição da ocupação dá-se por meio de ato da administração, sem necessidade de


apreciação prévia do Poder Judiciário. Contudo, há uma exceção.

Trata-se da hipótese de ocupação temporária de imóveis contíguos a imóveis desapropriados.


A previsão do artigo 36, do Decreto Lei 3.365/41 é expressa:

Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação
própria, de terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.
O expropriante prestará caução, quando exigida.

d) Requisição;

Já a requisição administrativa, diz com a utilização pelo Estado de bens móveis e imóveis, ou
mesmo de serviços prestados por particulares, em face de situações de iminente perigo. A
indenização será sempre posterior e acaso haja dano.

Segundo o inciso XXV, do artigo 5º, da CF:

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de


propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
dano;

A requisição administrativa não se confunde, pois, com a ocupação temporária, visto que
possui fundamento em uma situação de iminente perigo, enquanto a ocupação fundamenta-se em
uma necessidade normal de interesse público.

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e) Tombamento;

O tombamento trata-se de restrição estatal na propriedade privada, que se destina


especificamente à proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, assim considerando o
conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público.
Poderá gerar direito a indenização acaso gere desvalorização do bem.

São impostas algumas obrigações ao proprietário do bem tombado, dentre elas a de fazer
todas as obras que forem necessárias para a conservação da coisa. Ressalte-se que é possível o
destombamento do bem, tratando-se de ato de cancelamento do tombamento, motivado pelo
desaparecimento dos motivos que levaram o bem a ser tombado.

Importante: A responsabilidade de reparar e conservar o imóvel tombado é, em


princípio, do proprietário, salvo se ficar demonstrado que ele não dispõe de
recursos para proceder à reparação.

As regras do tombamento estão previstas no Decreto-Lei 25/37.

Professor, como este ponto pode ser cobrado em prova?

Penso que uma questão interessante a ser cobrada aqui diz com a possibilidade de entes
“menores” tombarem bens de entes “maiores”. Em resumo, pode um Município tombar um bem
imóvel da União?

Há restrições quanto ao tombamento relacionadas à hierarquia federativa?

De acordo com o artigo 5o, do Decreto-Lei 25/37, possível o tombamento de bens públicos:

Art. 5º O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios
se fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja
guarda estiver a coisa tombada, afim de produzir os necessários efeitos.

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Contudo, há que se analisar se possível o tombamento feito por entes menores de bens
pertencentes a entes maiores.

Há quem defenda que o parágrafo 2o, do artigo 2o, do Decreto 3.365/41 prevê o princípio da
hierarquia federativa, sendo, por isso, vedado aos entes menores intervirem na propriedade dos
entes maiores sob qualquer modalidade.

§ 2º Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios


poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas,
em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.

Contudo, há quem defenda a possibilidade de tombamento entre entes federados


indistintamente, seja de baixo para cima ou de cima para baixo.

Esta corrente defende que o dispositivo acima transcrito possui constitucionalidade duvidosa
ao criar uma hierarquia entre os entes federados, sustentando, ainda que a norma aplica-se
especificamente à desapropriação, devendo ser interpretada restritiva e não ampliativamente.

O STJ já decidiu uma vez em 2005 que é possível a instituição de tombamento de bem
estadual por Município:

ADMINISTRATIVO – TOMBAMENTO – COMPETÊNCIA MUNICIPAL.


1. A Constituição Federal de 88 outorga a todas as pessoas jurídicas de Direito
Público a competência para o tombamento de bens de valor histórico e artístico
nacional.
2. Tombar significa preservar, acautelar, preservar, sem que importe o ato em
transferência da propriedade, como ocorre na desapropriação.
3. O Município, por competência constitucional comum – artigo 23, III –, deve
proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos.
4. Como o tombamento não implica em transferência da propriedade, inexiste a
limitação constante no art. 1º, § 2º, do DL 3.365/1941, que proíbe o Município de
desapropriar bem do Estado.
5. Recurso improvido. (RMS 18.952/RJ, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA
TURMA, julgado em 26/04/2005, DJ 30/05/2005)

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f) Desapropriação;

Por fim, a desapropriação consiste na forma mais drástica de intervenção do Estado na


propriedade, que afeta o próprio caráter perpétuo e irrevogável do direito de propriedade. Trata-se
de tema que estudaremos na aula seguinte.

Como a FGV já cobrou este ponto?

(FGV - OAB UNI NAC/OAB/XX Exame/2016) O Estado Alfa e os Municípios Beta e Gama, localizados
naquele Estado, celebraram protocolo de intenções para a constituição de consórcio público para
atuação na área de saneamento, dispondo que o consórcio teria personalidade jurídica de direito
público. No protocolo de intenções está prevista a outorga de concessão, permissão e autorização
de serviços públicos pelo consórcio, além da possibilidade de promover desapropriações e instituir
servidões.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) O consórcio é ente desprovido de personalidade e, portanto, não é válida a previsão contida no
protocolo de intenções.
b) O consórcio em referência não poderá ser constituído sem a obrigatória participação da União
entre os seus consorciados.
c) Após a constituição do consórcio, poderá ele promover desapropriação, pois prevista no protocolo,
mas a declaração de utilidade pública não pode ser feita pelo consórcio.
d) Com a assinatura do protocolo de intenções por todos os entes participantes, estará constituído o
consórcio em referência.

Comentários:
Gabarito, letra C.
As servidões administrativas podem ser instituídas tanto por acordo administrativo quanto por
sentença judicial. Trata-se de restrição ao direito de propriedade onde são aplicadas genericamente
as regras do Decreto Lei 3.365/41, a exemplo do artigo 40:

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Art. 40. O expropriante poderá constituir servidões, mediante indenização na


forma desta lei.

Às servidões aplicam-se, portanto, as regras de desapropriação quanto ao estabelecimento


pela via judicial.

Assim como na desapropriação, os atos materiais da servidão podem ser executados pelo
concessionário de serviço público. Poderá, pois, o concessionário promover / executar a instituição
da servidão administrativa, desde que expressamente previsto em lei ou contrato, tal qual previsto
no artigo 3º, do Decreto-Lei 3.365/41:

Decreto-Lei 3.365/41
Art. 3º Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de caráter
público ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover
desapropriações mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.

Por outro lado, não poderão os concessionários declarar o bem como de utilidade pública,
haja vista tratar-se de competência exclusiva do Poder Público competente, nos termos do artigo 29,
IX da Lei 8.987/95:

Lei 8.987/95. Art. 29. Incumbe ao poder concedente:


IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para fins de instituição de servidão
administrativa, os bens necessários à execução de serviço ou obra pública,
promovendo-a diretamente ou mediante outorga de poderes à concessionária,
caso em que será desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis;

No mesmo sentido, o art. 6º do Decreto-Lei nº 3.365/41 é peremptório ao disciplinar que a


Declaração de Utilidade Pública é realizada pelo Chefe do Executivo, motivo pelo qual o consórcio
não poderá realizar tal feito:

Art. 6oA declaração de utilidade pública far-se-á por decreto do Presidente da


República, Governador, Interventor ou Prefeito.

(FGV - OAB UNI NAC/OAB/III Exame/2010) Com relação à intervenção do Estado na propriedade,
assinale a alternativa correta.
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a) A requisição administrativa é uma forma de intervenção supressiva do Estado na propriedade que


somente recai em bens imóveis, sendo o Estado obrigado a indenizar eventuais prejuízos, se houver
dano.
b) A limitação administrativa é uma forma de intervenção restritiva do Estado na propriedade que
consubstancia obrigações de caráter específico e individualizados a proprietários determinados, sem
afetar o caráter absoluto do direito de propriedade.
c) A servidão administrativa é uma forma de intervenção restritiva do Estado na propriedade que
afeta as faculdades de uso e gozo sobre o bem objeto da intervenção, em razão de um interesse
público.
d) O tombamento é uma forma de intervenção do Estado na propriedade privada que possui como
característica a conservação dos aspectos históricos, artísticos, paisagísticos e culturais dos bens
imóveis, excepcionando-se os bens móveis.

Comentários:
Gabarito, Letra C.
A letra A está errada, uma vez que a requisição administrativa, diz com a utilização pelo Estado de
bens móveis e imóveis, ou mesmo de serviços prestados por particulares, em face de situações de
iminente perigo.
A letra B está errada, uma vez que a limitação administrativa é um ato genérico por meio do qual o
poder público impõe a proprietários indeterminados obrigações com o objetivo de fazer com que
aquela propriedade atenda à sua função social. Não se trata de uma restrição supressiva que afeta
bens imóveis.
A letra D está falsa, uma vez que o tombamento aplica-se tanto aos bens móveis quanto aos bens
imóveis.
Quanto à letra C, certo é que a Servidão Administrativa é uma modalidade de Intervenção do Estado
na Propriedade, por meio do qual a Administração Pública utiliza a propriedade imóvel para a
execução de obras e serviços de interesse da coletividade. Ademais, trata-se de direito real público.

(FGV - OAB UNI NAC/OAB/X Exame/2013) A fim de permitir o escoamento da produção até uma
refinaria, uma empresa pública federal, que explora a prospecção de petróleo em um campo
terrestre, inicia a construção de um oleoduto. O único caminho possível para essa construção
atravessa a propriedade rural de Josenildo que, em razão do oleoduto, teve que diminuir o espaço
de plantio de mamão e, com isso, viu sua renda mensal cair pela metade.
Assinale a afirmativa que indica a instrução correta que um advogado deve passar a Josenildo.
a) Não há óbice à constituição da servidão administrativa no caso, mas cabe indenização pelos danos
decorrentes dessa forma de intervenção na propriedade.

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b) A servidão administrativa é ilegal e Josenildo pode desconstituí-la, pois o instituto só tem aplicação
em relação aos bens públicos.
c) A servidão administrativa é ilegal, pois o nosso ordenamento veda a intervenção do Estado sobre
propriedades produtivas.
d) Não há óbice à constituição da servidão administrativa e não há de se falar em qualquer
indenização.

Comentários:
Gabarito: letra A
Não há óbice à constituição da servidão administrativa, pois a essência dessa forma de intervenção
na propriedade é a execução de obras ou serviços de interesse da coletividade.
A servidão administrativa é uma restrição específica que atinge parcial e concretamente o direito de
propriedade, incidindo sobre o caráter exclusivo de propriedades determinadas. A servidão consiste
em uma obrigação de tolerar ou deixar fazer e autoriza o Poder Público a usar da propriedade imóvel
do particular para assegurar a realização e conservação de obras e serviços de utilidade pública.
Exatamente o caso concreto.

(FGV - OAB UNI NAC/OAB/XXII Exame/2017) O Município Beta foi assolado por chuvas que
provocaram o desabamento de várias encostas, que abalaram a estrutura de diversos imóveis, os
quais ameaçam ruir, especialmente se não houver imediata limpeza dos terrenos comprometidos.
Diante do iminente perigo público a residências e à vida de pessoas, o Poder Público deve,
prontamente, utilizar maquinário, que não consta de seu patrimônio, para realizar as medidas de
contenção pertinentes. Assinale a opção que indica a adequada modalidade de intervenção na
propriedade privada para a utilização do maquinário necessário.
a) Requisição administrativa
b) Tombamento.
c) Desapropriação.
d) Servidão administrativa.

Comentários:
Gabarito, letra A.
Para solucionar a indagação da questão acerca da modalidade de intervenção na propriedade,
devemos relembrar o que é a Requisição Administrativa. Esta forma de intervenção acontece em
situação de urgência e perigo público iminente.

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Ademais, como a própria questão põe em evidência a situação de urgência, aqui há mais uma
característica da Requisição: pode ser exercida sobre bens móveis, imóveis e até mesmo sobre
serviços prestados por particulares.

4 - BIBLIOGRAFIA
ALEXANDRINO, Marcelo e PAULO, Vicente. DIREITO ADMINISTRATIVO DESCOMPLICADO. 23ª
edição. São Paulo: Método, 2015.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINISTRATIVO. 28ª edição. São Paulo:
Atlas, 2015.

LENZA, Pedro. DIREITO CONSTITUCIONAL ESQUEMATIZADO. 19ª edição. São Paulo: Saraiva, 2015.

MARINELA, Fernanda. DIREITO ADMINISTRATIVO. 11ª. Edição. São Paulo: Saraiva, 2017.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Amigos,

Chegamos ao final de mais uma aula.

Espero que vocês tenham gostado.

Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou disponível no


fórum no Curso, por e-mail, Instagram e Facebook, nos contatos abaixo.

Grande abraço,

Igor Maciel

E-mail: profigormaciel@gmail.com

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