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KESEN H A BIBLIOGRÁFICA*

Estudos e Pesquisas sobre F am ília no Brasil / Lia F. G. Fukui

A exposição e apresentação de estudos sobre tentativa de explicitar a peculiaridade das fam í­


as famílias brasileiras, ainda que breve e não lias brasileiras, ou tom ando por parâm etro um
exaustivo, assinalando perspectivas teóricas e fa­ modelo teórico, ou a especificidade da própria
zendo um a referência ordenada ao conteúdo sociedade. No entanto, a divisão em duas áreas
dos trabalhos, tem por objetivo esboçar uma se justifica porque a tônica e a preocupação bá­
primeira avaliação crítica d a produção de co­ sicas se m odificam um pouco, se o enfoque é a
nhecim ento sobre o tema, em seu conjunto, sociedade agrária ou a sociedade de classes,
apontando imprecisões, lacunas e tem as relevan­ como verem os a seguir.
tes para ft investigação.
Os q uatro levantam entos bibliográficos so­
bre os estudos de fam ília no Brasil, estão asso­ I - A s Famílias Brasileiras na Sociedade Agrá­
ciados a interesses precisos e têm abrangências ria do Passado
diversas. Alcântara (1966), com 54 títulos,
abarca publicações até 1965 e está centrado em
A prim eira referência bibliográfica sobre a
relação fam ília/educação; Fukui (1970), com
sociedade agrária brasileira é, necessariam ente, a
116 títulos, abrangendo dem ografia, antropolo­ ob ra de G. Freyre, Casa Grande e Senzala
gia, psicologia social e sociologia (abarca publi­
(1933), que descreve, no passado colonial, a
cações até 1968), interessa-se prim ordialm ente
form ação da fam ília patriarcal, enquanto S o ­
por grupos brasileiros; Mediria (1974) com 123
brados & M ocam bos (1936) descreve a decadên­
títulos - a mais com pleta - é precedida de
cia do patriarcado rural com o desenvolvim ento
ensaio teórico sobre as transform ações ocorri­
da vida urbana no decorrer do século XIX. A
das n a fam ília, tom ando com o referência a alte­
am plitude e variedade da colocação de G. Frey­
ração na posição da m ulher; não obstante, não
re sobre o tem a, podem ser bem sintetizados em
utiliza no ensaio a bibliografia brasileira que duas frases do prefácio d a l . a edição.
apresenta em fichas analíticas de publicações
efetuadas até 1970. Por últim o, a bibliografia
com entada d a Fundação Carlos Chagas (1979) “ A casa grande com pletada pela senzala, re­
de “ caráter m ultidisciplinar e am plo” (abarca presenta um sistema econôm ico, social e
publicações até 1976), é centrada no tem a m u­ político: de produção (a m onocultura lati­
lher brasileira. Subdivide-se, em seu primeiro fundiária); de trabalho (a escravidão); de
volume, cm História, Fam ília, G iupos F.tnicos e transporte (o carro de boi, o banguê, a rede,
Fem inism o e, em cada um a destas partes, con­ o cavalo); de religião (o catolicismo de fa­
tém com entário crítico; na parte d e fam ília, m ília com capelão subordinado ao pater
tem 97 títu lo s e fichas resumo. fam ilias, culto aos m ortos etc.); de vida
Uma prim eira aproxim ação do m aterial bi­ sexual e de fam ília (o patriarcalism o polí-
bliográfico perm ite dividir a tem ática das fam í­ gam o); de higiene do corpo e da casa (o ‘ti­
lias brasileiras em duas áreas: as famílias brasi­ gre’, a touceira de bananeira, o banho de rio,
leiras n a sociedade agrária do passado e as fa­ o banho de gamela, o banho de assento, o
mílias na sociedade brasileira do presente. O lava-pés); de p o lítica (o c om padrism o). .
denom inador com um à toda bibliografia, é a (p. LXIII)

(* )A s resenhas tem áticas do BIB são feitas por encom enda e constituem , portanto, trabalhos
inéditos.

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. . . “ A força concentrou-se nas mãos dos funcionais e morais, adotando a tese fundam en­
senhores rurais. Donos das terras. Donos dos tal de que a divisão do trabalho social acarreta
hom ens. Donos das m ulheres” , (p. LXVIII) diminuição das funções atribuídas à fam ília. Do
ponto de vista estrutural, a fam ília se caracteri­
À fam ília form a um grupo hierarquicam ente za por um a configuração cm círculos concên­
organizado, segundo um a dom inação do branco tricos. Ao centro, um núcleo legal, constituído
sobre o negro, do hom em sobre a m ulher, do do casal branco c seus filhos legítim os. Tem por
adulto sobre a criança. fundam ento o interesse na preservação da posi­
C onstitui um grupo extenso form ado pelo ção social c dos bens econôm icos. Ao redor des­
patriarca, sua m ulher e concubinas e vasta rede te núcleo, um a periferia “ nem sempre bem de­
de parentesco. Parentes consangüíneos reconhe­ lineada, com posta de escravos, agregados, ín­
cidos pelo lado paterno e m aterno, padrinhos e dios, negros ou mestiços, nos quais se incluem
afilhados, dependentes e escravos, m antidos por as concubinas dos chefes e seus filhos legíti­
laços de sangue e com padrio num complexo sis­ m os” ; é nesta esfera que ocorre a satisfação
tem a de obrigações e lealdades. G. Freyre, ado­ em ocional e onde a procriação ocorre mais fre­
ta as teses culturalistas de Franz Boas, “num a qüentem ente. A interdependência entre centro
interpretação pessoal e subjetiva” . Pregando os e periferia acarreta um a contra corrente de irre­
benefícios da miscigenação, enfatiza as relações gularidades na qual “ sob o m anto da austeri­
afetivas entre senhores e escravos, em detrim en­ dade patriarcal, desenvolvia-se um sistema com­
to das relações de oposição e conflito, e atribui pensatório de relações entre cunhados, primos,
à fam ília “ patriarcal ou tutelar o principal ele­ padrinhos e afilhados e a tolerância era m uito
m ento sociológico da unidade brasileira” . grande, já que aspectos emocionais não eram
A tese sociológica im plícita em G- Freyre é suficientes para justificar ruptura na fam ília,
que o desenvolvimento urbano acarreta uma dado que ela não era prioritariam ente um sis­
dim inuição da im portância da fam ília n a socie­ tem a afetivo e sexual como é hoje” . Além da
dade. A generalização, paia o conjunto da so­ fam ília legal e sua periferia, existe na sociedade
ciedade, de peculiaridades encontradas entre um terceiro segm ento, não fam iliar, constituído
segm entos sociais dos engenhos de açúcar do de um a massa de indivíduos socialm ente degra­
N ordeste e a apresentação desordenada de da­ dados que se reproduzem ao acaso, vivendo sem
dos em píricos que têm por referência a socio­ norm as regulares de conduta.
logia, a antropologia, a psicanálise, o folclore, a A fam ília legal, ainda segundo A. Cândido, é
cozinha, a etnografia, não foram obstáculos o grupo dom inante na organização social e p olí­
para que se form asse, a partir destes trabalhos, tica da colônia. Ela é autônom a e corresponde a
um a imagem sobre a fam ília brasileira que mar­ um a econom ia que exige “ em larga escala inicia­
ca a literatura especializada até hoje. tiva e comando de mão-de-obra escrava” . A au­
Passados quase 50 anos d a prim eira publica­ toridade do chefe tem sua com plem entariedade
ção de Casa Grande e Senzala, algumas teses do nas atividades da m ulher que, em bora subor­
autor acham-se com pletam ente superadas. Pes­ dinada ao m arido, exerce funções de mando nos
quisas sobre as relações raciais questionaram serviços dom ésticos, no controle dos escravos
profundam ente as colocações de dem ocracia ra­ da casa, na educação dos filhos. Neste ponto,
cial, enquanto as críticas de Moreira Leite Cândido contrapõe-se a G. Freyre, que descreve
(1967), M otta (1973) e Ortiz (1978) dem ons­ a m ulher branca como submissa, indolente,
traram de que m aneira as colocações de G. doentia e inútil. Na periferia do núcleo, os indi­
Freyre estavam vinculadas ao pensam ento con­ víduos vivem na dependência da fam ília legal,
servador. Apesar da ambigüidade e da contro­ podendo dela desligar-se para constituir famílias
vérsia, no q u e se refere à fam ília, a o b ra de G. regulares, q u e p o r sua vez, vão constituir os seg­
Freyre, perm anece como a prim eira visão secu­ m entos mais pobres da população.
lar das classes dom inantes brasileiras sobre a N a m edida em que ocorrem a urbanização, a
fam ília, num m om ento em que predominava, industrialização, a proletarização, a imigração e
nestes segm entos, a concepção católica do te­ a aculturação, a fam ília perde progressivamente
ma- É a partir destas colocações que se esboça suas funções políticas e econôm icas, orienta-se
um quadro que procura explicitar m elhor os para o tipo conjugal e para funções de procria­
traços das fam ílias brasileiras no passado. ção e disciplina do impulso sexual com privilé­
Cândido (1951), em trabalho sociológico gio das funções afetivas. Quanto aos valores,
que tom a como referência a região Centro-Sul, apesar da individualização crescente, com as
especialm ente a área d e influência paulista, faz m udanças nas relações d e trabalho e n a posição
um a revisão das colocações d e G. Freyre e ca­ da m ulher, persiste ainda .a separação entre os
racteriza a fam ília em seus aspectos estruturais, sexos, a dupla moral, o sentim ento de proprie­

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dade vigente n a dom inação do hom em sobre a mais tradicional” (p. 8). O enfoque do tema
m ulher n a condenação do adultério feminino e centrado n a teoria d a m odernização de D. Ler-
no estereótipo do machismo. ner, enfatizando entre ou tro s aspectos a difusão
As proposições explicitadas por Cândido são de norm as racionais seculares, a m obilidade so­
tam bém desenvolvidas p o r Nogueira (1962), no cial, física e psíquica dos indivíduos dá os parâ­
estudo m onográfico de Itapetininga, onde são m etros e os lim ites do trabalho. E sta teoria
analisadas as relações fam ília/com unidade, num implica na tese de que a preponderância da fa­
dos m elhores trabalhos sociológicos sobre o m ília se perde n a passagem do tradicional para
tema. Os artigos de Willems (1954), que enfatiza o m oderno. Assim, em bora o trabalho de histo­
aspectos culturais e de Azevedo (1966), que faz riografia seja cuidadoso e bem feito, a análise se
um a tipologia de fam ília, tam bém endossam as prende a opções individuais no interior da fam í­
colocações de Cândido, ressaltando, porém , a lia e não n a lógica interna das opções familiares
pouca atenção dada à fam ília conjugai que se diante do complexo conjunto de interesses que
form a n a periferia das grandes fam ílias depois ela representa, consolida, legitim a e m istifica,
do período colonial. num a idéia de unidade fam iliar que visivelmente
Mais recentem ente, Freire Costa (1979), não é a mesma no decorrer do tem po, como
confirm ando a tese de que “ a fam ília se trans­ deixa o a u to r entrever n a apresentação dos da­
form a n a instituição conjugal e nuclear, carac­ dos da pesquisa.
terística de nossos tem pos” (p. 13), analisa a
■Em todos estes autores persiste a tese de que
em ergência dos valores e norm as referentes à
a fam ília é im portante n a organização sócio-po-
fam ília burguesa no Brasil, no decorrer do sé­
lítica d a sociedade agrária do passado, mas fal­
culo XIX, através de preceitos e norm as m édi­
tam parâm etros que definam as articulações da
cas q u e dizem respeito à educação higiênica que
fam ília com a estru tu ra social. Pereira de Quei­
“ progressivam ente vão reduzindo as condutas
roz (1975), ao estudar o coronelism o, vai apre­
sexuais masculinas e femininas às funções senti­
sentar um a prim eira caracterização d a estrutura
m entais d e ‘pai’ e ‘m ãe’.” Utilizando a m etodo­
da fam ília associada à e stru tu ra de poder no
logia de M. F oucault, o autor se preocupa em
que denom ina de parentelas brasileiras1. A pa­
desvendar como a “norm alização dos sentim en­
rentela brasileira assemelha-se à organização clâ-
tos e das condutas produzidas pela ordem m é­
nica, mas difere desta porque “ faz parte de um
dica, centrada em preocupações com o corpo, o
complexo sócio-econômico em que a cidade
sexo e o intim ism o psicológico, emergem como sempre foi elem ento fundam ental porque sede
form a de dom inação, de poder, de m anutenção
de poder político ” . A parentela tem três aspec­
e reprodução d a ordem social burguesa” . A lei­ tos interligados, o político, o econôm ico e o de
tura de Freire Costa, deixa um a fo rte impres­ parentesco que, num a sociedade pouco diferen­
são, pois reforça em sua generalidade um este­ ciada como a sociedade agrária brasileira, tinha
reótipo de fam ília brasileira que perm eia a lite­
características próprias: organizavam-se umas
ratura especializada e que provavelm ente faz
em função das outras num sistem a de pirâ­
parte do imaginário, do “ universo citadino bra­
mides que determ inavam , com base no corone­
sileiro” , para usar palavras do autor. R esta veri­
lismo, a estru tu ra de poder, desde a esfera local,
ficar, no entanto, se esta norm a é concretam en-
até a esfera federal. A indiferenciação da socie­
te efetivada pelos diferentes segm entos d a socie­
dade era fa to r tam bém de fragilidade dos laços,
dade. A ordem médica e a n orm a fam iliar, por
e os critérios de acesso ao poder eram basica­
si só, parecem insuficientes para explicar o sen­
m ente a fortuna, o casam ento e a instrução, e
tido e o significado d a e stru tu ra e organização
não necessariam ente a herança. Solidariedade e
das diferentes fam ílias no contexto d a socieda­
conflito marcavam as relações no interior das
de agrária brasileira do passado.
parentelas e a prim eira se tom ava forte diante
Já o brazilianist Darrel E. Levi (1974), ques­
de um inimigo e x te rn o , diante do qual se devia
tiona o modelo patriarcal ao relacionar o papel
lutar para sobreviver. As brigas entre parentelas
da fam ília Prado, enquanto fam ília de elite, na
fundam entava a solidariedade vertical interna,
m odernização da sociedade, no período de
evitando lutas do inferior contra o superior no
1840/1930. Chega a conclusões interessantes,
interior d a parentela.
tais como, a verificação que a “ base da socie­
dade fam iliar está no esforço econôm ico” , que As lutas de fam ílias,2 que caracterizavam a
a estru tu ra fam iliar era dinâm ica e flexível, que sociedade agrária brasileira até a l . a República,
não havia dom inação absoluta nem dos hom ens, são assim explicitadas pelas disputas de poder
nem dos mais velhos e que a busca de elem entos que envolvem amplos grupos de parentela, no
m odernizadoies “ causou a dim inuição de influ­ que é denom inada a sociedade coronelista bra­
ência que a fam ília havia ganho n a sociedade sileira.

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O crescimento dem ográfico, a urbanização e vai contrariar sensivejmente o modelo patriar­
industrialização, a dinâm ica de m ultiplicação de cal. Santos Abreu (1979) faz um relato d a ocu­
trabalhos e serviços, dim inuíram o poder dos pação da área do Paranapanem a, no Estado de
chefes locais e fizeram com que se iniciasse a São Paulo, levando em consideração a atividade
decadência das parentelas, “que está atualm ente econôm ica — eram fam ílias criadoras de gado —
em curso” , isto porque, os grupos familiares de e a progressiva legitimação da posse da terra
camadas elevadas, com preendendo que seus depois de 1850, o que perm ite estabelecer inda­
interesses estavam interligados, passam a se o r­ gações sobre as relações familiares num o utro
ganizar em associações patronais, associando-se contexto social, ainda não descrito n á sociedade
no cam po econôm ico e definindo, a p a rtir daí, brasileira. Nizza da Silva, por sua vez, começa a
as relações de oposição e de classe. explorar um aspecto até hoje praticam ente
O quadro das fam ílias apresentado p o r P e -. ignorado n a bibliografia, os sistemas d e casa­
reira de Queiroz é confirm ado e explicitado, em m ento no perío d o colonial (1976) e os ca­
alguns aspectos, num a análise historiográfica sam entos entre escravos (1980).
que Lewin (1979) faz sobre o sistema de paren­ Assim, a unidade fam iliar e de parentesco na
tesco das fam ílias de elite da Paraíba, no pe­ sociedade agrária parece flexível e diversificada;
río d o de 1889 a 1930. Ao estudar a descen­ esboça-se um quadro variado e m últiplo onde a
dência bilateral e o casam ento endogâm ico, a associação entre sistemas de produção e rela­
autora m ostra como a oligarquia dos coronéis ções familiares perm itira avaliar a extensão e a
que form ava “ três dezenas de parentelas” , re­ im portância d a fam ília patriarcal, descrito em
corria às alianças m atrim oniais entre- parentes Casa Grande e Senzala e redim ensionar a im por­
como recurso para im pedir a fragm entação do tância e o significado das famílias n a estrutura
patrim ônio, reforçar a coesão do grupo familiar social da sociedade agrária do passado.
e m anter o m onopólio econôm ico e político na
região. O exam e de cerca de mil casam entos em
4 gerações perm itiu chegar à conclusão que cer­ II — Os E studos d e Família na Sociedade Bra­
ca d e dois terços dos casam entos endogâmicos sileira do Presente
ocorriam entre prim os patri ou m atrilaterais, fi­
lhos de irmãos, porque “ um a ligação com prim o Esta segunda área reúne trabalhos que po­
paralelo patrilateral define a estru tu ra familiar dem ser classificados segundo sua tem ática em:
de autoridade”. As m ulheres casavam-se prefe­ estudos de com unidade, pesquisas sobre m u­
rencialm ente com parentes do lado m aterno. As dança social, dinâm ica populacional e força-de-
uniões com prim os cruzados garantem um a rela­ trabalho, parentesco e representações.
ção de dependência de estratos inferiores na Os estudos d e com unidade têm com o deno­
parentela. A tia paterna teria tendência a ca­ m inador com um o pressuposto da unidade har­
sar-se fora, n a facção oposta, o que era uma m oniosa dos pequenos grupos e a adoção das
m aneira de dim inuir conflitos im plícitos entre teses d e perda progressiva de funções com a
parentelas, enquanto o tio paterno casava-se no nuclearização d a unidade familiar. C ontém des­
interior do próprio grupo. Conclui a autora que crições sociográficas bastante ricas e variadas
este sistem a de parentesco flexível facilitava a sobre habitat, vida econôm ica, familiar, polí­
perpetuação d a elite econôm ica e, o que é mais tica e religiosa d e localidades situadas nas m ais,
im portante, a perm anência de pequenos grupos diversas regiões brasileiras3 e, por isso, consti­
no poder. A tendência ao casam ento endo­ tuem fonte de referência im portante sobre a
gâmico, dim inuiu sensivelm ente no início do vida social d e pequenos núcleos no interior e
século e o casam ento fora da parentela foi ainda do litoral brasileiro. Foram utilizados como
um a m aneira de m anter o poder político. O sis­ fo n te de dados, entre outros, por Azevedo
tem a de parentesco é com preendido assim, den­ (1966) para fazer um a tipologia de fam ílias
tro da estru tu ra social e com plem entar a outros brasileiras, por Wagley (1964) para estudar al­
arranjos institucionais. gumas características da parentela nas camadas
O utros trabalhos de historiografia, tam bém inferiores; p o r D urham (1973) para reconsti­
recentem ente publicados, vão perm itir delinear tu ir a vida de grupos m igrantes no local de ori-
um quadro mais diversificado das fam ílias na .gem e mais recentem ente por Oliveira (1979)
sociedade agrária do passado. Ram os (1978), para analisar aspectos sociológicos referentes
faz interessante estudo em 4 cidades de Minas à fertilidade.
Gerais no período de 1804/1830 e verifica que Os estudos sobre m udança social estão li­
o núm ero de fam ílias extensas é m uito pequeno gados à teoria da m odernização e endossam,
e q u e cerca d e 40% das unidades dom ésticas todos, a tese d e nuclearização d a unidade fa­
têm a m ulher como chefe reconhecido, o que miliar. Gans, Pastore e Wilkening (1970), em

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estudo efetuado na região de Brasília, encon­ põem então, um a variante que com plem enta a
tram os m ais altos índices de m odernism o (indi­ interpretação padrão acrescentando duas variá­
vidualismo, decisão igualitária) entre casais de veis: a posição do grupo sob a divisão interna­
classes médias urbanas. Rosen & Simmons cional do trabalho, segundo proposições da teo ­
(1971) num estudo efetuado em São Paulo ria da dependência elaborada por Cardoso; e,
associam a variáveis relacionadas à emergência a adaptação a padrões culturais encarados como
de concepções m odernas ao pequeno tam anho alocação de recursos de ordem m aterial e não-
do grupo familiar. Harblin (1971) verifica ainda m aterial de que dispõe um determ inado grupo
na cidade de São Paulo e arredores, que existem social. Isto posto, elaboram um conjunto de 10
diferenças no desem penho de papéis de marido hipóteses de trabalho, dentre as quais destaca­
e m ulher entre operários e não-operários de em­ mos:
prego estável e de baixa renda; observa tam bém
um a seqüência na m udança de papéis instru­ 1) Na Am érica Latina, diferentem ente da
m entais para papéis expressivos na fam ília. Ro­ E uropa e Am érica do Norte, o grupo de
sen (1973), estudando migrantes e nativos na parentesco perm anece forte e o grau de
cidade d e São Pauto, conclui que e n tie as íaraí- dom inação não v a r â com o grau d e d o ­
lias m igrantes estabelecidas, pais e m ães têm pa­ m inação estrangeira e/ou força do Es­
péis com plem entares no controle das atividades, tado.
na reorientação de valores e na atenção dada ao 2) Nos setores m odernos predom ina a nu-
desem penho dos filhos. clearização da unidade familiar enquanto
A inda nos estudos sobre m udança social, no nas classes baixas persiste a dependência
que se refere ao parentesco e no que denom i­ dos parentes porque os serviços públicos
nam inadequadam ente fam ílias extensas Harblin são p o u co desenvolvidos.
(1971) verifica que a rede de relações das mu­ 3) Nas unidades dom ésticas de classes bai­
lheres é mais im portante do que a experiência xas o desemprego masculino e o subem ­
do m arido para a adaptação ao meio urbano en­ prego fem inino dão na unidade dom és­
q uanto Iutaka, Bock e Berardo (1975) verificam tica à m ulher e aos filhos m aior poder,
a im portância da rede de parentesco em 6 (seis) em detrim ento da autoridade do pai.
cidades brasileiras e Rosen & Berlinck (1971)
estudando cinco cidades d e tam anho e indus­ A reform ulação proposta tem ainda a nuclea-
trialização diferente atribuem a persistência das rização da fam ília com o m odelo de interpreta­
relações com parentes à urbanização intensa ção, não se preocupando com a especificidade
não acom panhada de rápida industrialização. e dinâm ica da unidade fam iliar e sua articulação
T odos estes trabalhos sobre m udança social com a estrutura social; traz im plícito um a valo­
utilizam as mesmas teses, a mesma m etodologia rização diferencial da sociedade cujo critério é
e têm com o preocupação fundam ental avaliar baseado na autonom ia, no grau de riqueza e no
as divergências ou diferenças entxe os dados em­ avanço tecnológico. O pesquisador vai associar
píricos e o m odelo d e fam ília conjugal consi­ variáveis e redim ensionar o grau de aproxim a­
derado característico das sociedades industria­ ção de seus dados ao m odelo de fam ília conju­
lizadas. Para estes autores a urbanização, indus­ gal considerado universal. As críticas de Lenero-
trialização, a migração associada à individuali­ Otero (1977) e Michel (1972) m ostraram a in­
zação progressiva fizeram o controle da produ­ suficiência desta interpretação para abordar as
ção passar gradualm ente da fam ília para em pre­ fam ílias nas sociedades industrializadas. Fica
sários capitalistas e para o E stado; com isto as em aberto a questão de interpretações alterna­
relações de parentesco enfraqueceram , a fam í­ tivas para estudar a fam ília nas sociedades da
lia reduziu seu tam anho, o pai e o m arido tive­ A m érica Latina.
ram sua autoridade dim inuída e a unidade fa ­ Pesquisadores ligados a tem as com o a dinâ­
m iliar orientou-se para funções de socialização, mica populacional e a com posição d a força-de-
satisfação emocional, com panheirism o e rela­ trabalho têm procurado, em estudos explora­
ções de afeto. tórios, o b ter um a visão de conjunto das unida­
Cancian, G oodm an & Sm ith (1978) denom i­ des dom ésticas na sociedade brasileira, e chegar
nam esta colocação á ‘'interpretação padrão das a um a apreensão diversificada da fam ília. Lopes
influências da urbanização-industrialização so­ (1974) faz um a primeira tentativa em caracte­
bre a fam ília na perspectiva estrutural funcio­ rizar a fam ília através do censo; Castro e t alii
nal” e, afirm am , que este quadro só é válido (1977) procura qualificar características da fa­
paia a Am érica L atina, para elem entos das clas­ m ília censitárias nas grandes m etrópoles associ-
ses médias urbanas que estiveram envolvidas ando-as à características de migração enquanto
com a ordem econôm ica internacional. Pro­ Barroso (1978) analisa unidades dom ésticas

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com m ulheres chefes-de-família.. Estes trabalhos ferentes ao trabalho, à escola, à organização da
têm um duplo objetivo: de um lado o b ter um a vida fam iliar definindo estratégias de sobrevi­
visão de conjunto de certos eventos na socie­ vência entre trabalhadores m anuais e não-ma-
dade brasileira e de o utro lado propor a elabora­ nuais.
ção de categorias censitárias mais refinadas que A fam ília enquanto unidade de análise mais
perm itam m aior explicitação da realidade sócio- am pla que o grupo dom éstico é abordada nos
econôm ica, do país e das famílias. estudos de parentesco. Wagley (1 9 6 4 ) cham a a
Nos estudos dem ográficos encontram -se . atenção para a im portância das relações de pa­
tam bém pesquisadores que têm procurado in ­ rentela nas cam adas inferiores; K o tta k (1967)
tegrar em sua análise o estudo da fam ília rela­ com base em estudo de pescadores na Bahia
cionando-a com as condições de vida das fam í­ chega à conclusão que o parentesco nas camadas
lias em diferentes classes sociais. B erquó (1977) inferiores tem a função prim ordial de dar segu­
to m a o grupo dom éstico com o unidade de es­ rança e apoio aos indivíduos e p o r isso, dispersa
tu d o da reprodução e fecundidade. Oliveira recursos e im pede a m obilidade individual
(1979) procura aprender diferentes estruturas M oura (1978) em estudo de sitiantes em Minas
d e fecundidade através do estudo da fam ília. Gerais descreve com o parentesco e padrões de
O estudo da fam ília relacionado ao tem a herança resultam em arranjos estratégicos entre
força-de-trabalho tem sido objeto de pesquisa irm ãos e cunhados para im pedir a to tal frag­
de fem inistas e de antropólogos. Aguiar (1976) m entação da propriedade. Fukui (1979) anaüsa
estuda o papel da m ulher em relação à casa e ao com o a fam ília, parentesco e vizinhança em
trabalho em três situações diversas, um a planta­ bairros rurais de sitiantes tradicionais nos ser­
ção, um a usina de açúcar e um a favela e tece tões de São Paulo e Bahia têm um caráter de
considerações sobre as diferenças deste con­ solidariedade, reciprocidade e relações iguali­
texto e as form as de inserção da m ulher no tra ­ tárias, nos diferentes m om entos da vida qu o ti­
balho produtivo. M achado N eto (1980) observa diana, da doença, da m orte e da festa. A rantes
que em fam ília proletárias de Salvador, a m ulher (1974) m ostra com o o com padrio — parentes­
adulta tem papel relevante na distribuição e con­ co espiritual - é um a form a de aliança que em­
tro le do trabalho enquanto m eninas e adoles­ presta caráter sagrado aos laços de sangue e fi­
centes têm sobrecarga de atividades e são fo n te nalm ente W oortm an (1975) se preocupa com o
im portante de ingressos familiares. Figueiredo significado do parentesco, da fam ília e do papel
(1980) estuda ainda na ó tic a do fem inism o, as d o s sexos em grupos d e classe trabalhadora em
diferentes ocupações rem uneradas e não-remu- Salvador.
neradas de m ulheres chefes-de-fam ília num a
área de pesca da Bahia. E m todos os trabalhos, a preocupação bá­
Os antropólogos têm se dedicado a explorar sica, é caracterizar aspectos das relações fami­
a relação entre a unidade dom éstica e a força-de- liares, em diferentes segm entos das classes su­
trabalho. Garcia Ju n io r (1975), Heredia ( í 979) balternas na sociedade brasileira atuaL Diferen­
e Alvim (1979) buscam nas atividades exercidas tem ente, da p arte a n te rio r onde a tônica era
pela unidade dom éstica, os fundam entos da di­ analisar as fam ílias de elite. Encontram -se no
visão do trabalho familiar. Os prim eiros estu­ entanto, algum as exceções no estudo da fam ília
dam pequenos p rodutores periféricos às planta­ na sociedade brasileira atual. Salem (1980) se
ções canavieiras de Pernam buco enquanto a úl­ preocupa em verificar a congruência e o conflito
tim a analisa um grupo de um a vila operária têx ­ de papéis em diferentes m em bros da fam ília
til na área m etropolitana do G rande Recife. conjugal de classe m édia alta da zona sul do Rio
J á um segundo grupo se define por um a d e Janeiro, descrevendo segundo duas m atrizes
preocupação específica, abordando a fam ília, básicas, a geracional e a sexual, vivências que
segundo um a proposição de D urham (1977) co­ têm referência, ao m esmo tem po, em com por­
m o u m a unidade de rendim entos. N este grupo a tam en to e representações. Azevedo (1970,
vida fam iliar é estudada com o a elaboração de 1975) estuda as regras de nam oro, vigentes em
um a estratégia que jogando com m ão-de-obra Salvador nos anos 30; Lopes (1973) descreve as
disponível entre atividades rem uneradas e tra­ relações d e parentesco e propriedade através
balho dom éstico procura assegurar, ao grupo dos rom ances de José Lins do Rego enquanto
dom éstico, determ inado nível de consum o. Nes­ Prandi (1975) faz um a análise das alterações da
ta proposta Macedo (1979) estuda como operá­ ideologia referente à fam ília em uma revista,
rios de um a indústria cerâmica da periferia d e . católica de grande divulgação.
São Paulo elaboram seu projeto de vida familiar Os q uatro autores exploram áreas que se
e Bilac D oria (1978) analisa, num a cidade do referem , em diferentes aspectos, à representação
interior paulista, com o são vividas situações re­ da fam ília nos rom ances, nos m eios de comu-

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nicaçao, nas instituições sociais e na própria fa- sobre fam ílias de três segm entos da sociedade:
, mília. os pequenos produtores camponeses, os operá­
E sta breve apresentação de trabalho sobre rios e as m ulheres chefes-de-fam ília situadas nas
fam ília na sociedade brasileira do passado e cam adas inferiores da população. Torna-se ne­
atu al perm ite chegar à conclusão que a biblio­ cessário a m ultiplicação de trabalhos de pesqui­
grafia é ainda m uito pequena e à constatação de sa sobre o tema, nas mais diversas perspectivas
que, de um a m aneira geral a produção de co­ teóricas que enriquecerão um quadro de infor­
nhecim ento perm anece ainda b astante vago e m ações e que perm itirão um dia, traçar algumas
impreciso podendo-se delinear, para o passado, considerações sobre o significado efetivo das
a im portância das parentelas e para o presente, fam ílias na estrutura social brasileira do pas­
mais precisam ente, apenas algum conhecim ento sado e do presente.

Notas
1. “A parentela brasileira constitui um grupo de parentesco de sangue form ado por várias famílias
nucleares e algumas fam ílias grandes (isto é, que ultrapassam o grupo pai-mãe-filhos) vivendo cada
qual em sua m oradia, regra geral econom icam ente independentes; as famílias podem se encontrar
dispersas a grandes distâncias um as das outras; o afastam ento geográfico não quebra a vitalidade
dos laços o u das obrigações recíprocas. Sua característica principal é a estru tu ra interna com plexa
q u e tan to po d e ser do tipo igualitário, por exem plo nas regiões de sitiantes em que as fam ílias
tendem a estar colocadas no mesmo nível sócio-econôm ico, quanto ao tipo estratificado, o que
acontece sobretudo nas regiões de agricultura de exportação e tam bém nas de pastoreio, existindo
no interior da parentela várias camadas sociais. Q uer seja igualitária, quer seja estratificada, a
parentela apresentava fo rte solidariedade horizontal no prim eiro caso, vertical e horizontal no
segundo, unindo tanto os indivíduos da m esm a categoria q u a n to os indivíduos de níveis sócio-eco-
nöm icos'diversos” (p. 165).

2. Sobre lutas de fam ílias, veja-se Costa Pinto (1949).

3. Para um a relação quase com pleta dos estudos veja-se Fukui (1970).

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