Você está na página 1de 11

Notas de Aula CMI - Fatec-So 1º Sem.

de 2022

Curso de Tecnologia em Projetos Mecânicos

Disciplina: Construção de Máquinas I - CMI

Projeto: Transportador de Correia Horizontal

Notas de Aula de Prática de laboratório

Professores: Fausto Corrêa de Lacerda


Francisco de Assis Toti
José Antônio Esquerdo Lopes

1º Semestre de 2022

1
Notas de Aula CMI - Fatec-So 1º Sem. de 2022

1) Considerações Gerais

Resumidamente é conveniente esclarecer que o desenvolvimento do


projeto didático proposto tem um início e fim definido e pode ser
considerado como uma sequência de atividades em que basicamente
ocorre o processamento de informações sobre o produto a ser fabricado.
Para isso, este projeto será dividido em 2 etapas como segue:

- 1ª Etapa: o aluno deve ser criativo, utilizando também os conhecimentos


adquiridos nas disciplinas dos semestres anteriores, para propor
possíveis soluções e posteriormente definindo, a que em
princípio, pode resolver a situação -problema.

- 2a Etapa: também chamada de Projeto Conceitual, onde se tem o


detalhamento do conjunto de acionamento da máquina em subconjuntos,
desde o complexo até o mais simples, definindo as dimensões finais de
todos os elementos do conjunto, documentados na linguagem do
desenho técnico industrial.

É importante enfatizar que o desenho técnico é a linguagem


gráfica que contempla desde uma simples representação de uma
peça até conjuntos e subconjuntos de uma máquina ou sistema,
registrando sua forma, dimensões, tolerâncias, material e outros
quesitos técnicos quando necessário. Portanto, possui um conjunto
de regras para sua construção, que são expressas por normas que
visam padronizar a sua leitura e interpretação.

Nesse contexto, recomenda-se que o projeto proposto seja


desenvolvido no sistema CAD 2D (bidimensional), onde o aluno após
selecionar e/ou dimensionar os elementos da máquina, inicie o traçado
numa vista para obter uma ‘’visão macro”. Em seguida, defina outras vistas
de tal forma que, possa avaliar o posicionamento, fixação e funcionalidade
de cada elemento no conjunto de acionamento da máquina. Com isso, o

2
Notas de Aula CMI - Fatec-So 1º Sem. de 2022

aluno terá controle de cada linha traçada e sua influência nas demais
vistas.
Outro tópico a comentar é o porquê de não recomendar o
desenvolvimento do projeto no sistema CAD 3D na disciplina Construção
de Máquinas 1. O aluno aprenderá técnicas para desenvolver um projeto
pela primeira vez, que teoricamente não conhece e apresenta infinitas
soluções para sua construção. Sendo assim, terá que realizar várias
alterações durante o desenvolvimento do projeto e no 2D é executada por
vista projetada (bidimensional), sendo menos complexa que no 3D
(tridimensional).
Para Toti (2012), a obtenção das vistas projetadas no sistema CAD
3D é necessária a modelagem de cada elemento da máquina no módulo
peça (Part), em seguida, é realizada a montagem desses elementos no
módulo de montagem (Assembly), para posterior transferência de
informações das features (características geométricas) para o módulo das
vistas projetadas (Draw). Com isso, o tempo de desenvolvimento para
conseguir resultados satisfatórios aumenta consideravelmente, quando
comparado com o sistema CAD 2D, para alunos que estão aprendendo as
etapas do processo de projeto de determinado produto. Várias empresas
desenvolvem atualmente seus projetos e/ou reprojetos na plataforma 3D,
isso se deve, pelo know-how que adquiriu em anos de desenvolvimento.
Por fim, nada impede que o aluno que tenha “domínio” do sistema CAD 3D
desenvolva seu projeto, desde que apresente em vistas projetadas e de
acordo com as Normas para sua leitura e interpretação.
Na disciplina de Método de elementos Finitos do 5º semestre letivo,
nas aulas de prática de laboratório o aluno estudará elementos, bem como,
determinada máquina como um todo, utilizando o sistema CAD 3D
(Computador Auxiliando o Desenho) integrado ao sistema CAE
(Computador Auxiliando Engenharia).
O padrão de layers utilizados na Fatec-So são apresentados abaixo:

3
Notas de Aula CMI - Fatec-So 1º Sem. de 2022

4
Notas de Aula CMI - Fatec-So 1º Sem. de 2022

2 – Transportador de Correia Horizontal

O transportador de correia é utilizado para movimentação uniforme


de vários tipos de materiais sólidos, sendo que sua forma construtiva
depende, dentre outras informações, da distância, tipo de material,
capacidade de transporte desejada e a altura ou declive que o material
deverá ser transportado. No projeto proposto o transportador movimentará
material na horizontal. As figuras 1 e 2 ilustram respectivamente uma
montagem 3D de transportador de correia horizontal e o material minério
de manganês na condição de que pode ser movimentado.

Figura 1 - Transportador de correia 3D. Fonte: GRABCAD, 2018.

Figura 2 - Minério de manganês. Fonte: VALE RIO DOCE, 2006.

Os transportadores de correia são fabricados nas larguras e nos


comprimentos conforme necessidade do projeto. As larguras são
5
Notas de Aula CMI - Fatec-So 1º Sem. de 2022

padronizadas entre 16’’ a 84’’, podendo ser montados com estrutura tipo
treliça em estrutura de viga U, METSO, 2018. A figura 3 mostra a estrutura
de um transportador de correia com movimentação de carga em aclive.

Figura 3 - Transportador de correia com aclive. Fonte: METSO, 2018.

3 - Dados do Projeto

Q = capacidade de carga (t/h)

L = comprimento do transportador (m)

α = ângulo de acomodação do material

β = ângulo de inclinação do rolo lateral (graus)

 = peso Específico do material (t/m3)

As velocidades máximas variam de acordo com o tipo do material e a


largura da correia. Para as tabelas a seguir, a velocidade de referência é
de 1 m/s.

6
Notas de Aula CMI - Fatec-So 1º Sem. de 2022

3.1 - Cálculos da Capacidade Volumétrica do Transportador - Ct

𝐐
𝐂𝐭 =
𝐕 . 𝐤 .𝛄
(1)

Onde:
Q = capacidade de carga (tonelada/hora).
Ct = capacidade volumétrica do transportador (m3/h).
V = Velocidade de movimentação do transportador (m/s).
k = Fator de correção da capacidade devido à inclinação (do
transportador,
conforme mostra a tabela 1.
 = peso específico do material (t/m3).

Tabela 1 - Valores de k. Fonte: Faço, 1998.


 0° 2° 4° 6° 8° 10° 12° 14° 16° 18° 20° 21° 24° 23° 24°
K 1,00 1,00 0,99 0,98 0,97 0,95 0,93 0,91 0,89 0,85 0,81 0,78 0,76 0,73 0,71

Obs.: Com o valor de Ct calculado, analisar na tabela 2 e escolher o valor


superior tabelado mais próximo. Em seguida, recalcular a velocidade de
movimentação do transportador.

Tabela 2 - Valores de Ct em referência a Bc, α e β. Fonte: Faço, 1998.


Capacidade Volumétrica – Ct (m3/h)
 
Largura da correia (Bc )
24” 30” 36” 42” 48” 54” 60”
20º 30° 128 210 312 434 577 739 922
35° 30° 154 252 374 519 688 881 1098

7
Notas de Aula CMI - Fatec-So 1º Sem. de 2022

3.2 - Cálculo da Potência Efetiva do Sistema - Ne

𝐐
𝐍𝐞 = 𝐯 . 𝐍𝐯 + 𝟏𝟎𝟎 . ( 𝐍𝐋 ± 𝐍𝐇) (2) onde:

Ne = potência efetiva (cv)

V = velocidade de movimentação (m/s)

NV = potência para acionar o transportador de comprimento L a uma


velocidade de 1(m/s) vazio, tabela 3.

NL = potência necessária para deslocar 100 t/h de material em um


transportador de comprimento L; na horizontal, tabela 4.

NH = potência necessária para elevar ou descer 100 t/h de material a uma


altura H, tabela 5.

Tabela 3 - Potência NV. Fonte: Faço, 1998.


Largura Comprimento do transportador – L (m)
da
Correia 10 15 20 25 30 40 50 60 70 80 90 100 110
(Bc)
16”
20” 0,6 0,7 0,8 0,8 0,9 1,0 1,2 1,3 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9
24” 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,3 1,4 1,6 1,7 1,8 2,0 2,1
30” 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,3 1,5 1,7 1,8 2,0 2,1 2,3 2,4
36” 0,8 0,9 1,1 1,2 1,3 1,5 1,7 1,9 2,1 2,3 2,5 2,7 2,8
42” 1,0 1,1 1,2 1,4 1,5 1,8 2,1 2,3 2,5 2,7 3,0 3,1 3,3
48” 1,1 1,3 1,5 1,6 1,8 2,1 2,4 2,7 3,0 3,3 3,5 3,7 3,9

Tabela 4 - Potência NL. Fonte: Faço, 1998


L (m) 10 15 20 25 30 40 50 60 70 80 90 100 110
NL 0,69 0,75 0,82 0,88 0,95 1,08 1,21 1,34 1,47 1,61 1,74 1,87 2,00

Tabela 5 – Potência NH. Fonte: Faço, 1998.


Alt. (m) 2 3 5 7,5 10 12,5 15 17,5 20 22,5 25 27,5 30
NH (CV) 0,74 1,11 1,85 2,78 3,70 4,63 5,55 6,48 7,40 8,33 9,25 10,18 11,19

8
Notas de Aula CMI - Fatec-So 1º Sem. de 2022

3.3 - Cálculo da Potência do Motor - Nm

𝐍𝐞
𝐍𝐦 =
𝛈𝐭
(3)

Onde: Ne = potência efetiva (cv)

ηt = rendimento total da transmissão

De acordo com ESQUERDO (2011) o rendimento é definido como sendo o


quociente entre a potência útil pela potência fornecida em um sistema
qualquer. A tabela 6 apresenta rendimentos de alguns elementos de
máquinas.

Tabela 6 - Valores indicativos de rendimento. Fonte: Fatec, 2017.


Rendimento η
CORREIAS EM V e POLIAS 0.95
CORRENTES E RODAS DENTADAS 0,94
REDUTORES - REDUÇÃO SIMPLES 0,95
REDUTORES - REDUÇÃO DUPLA 0,94
REDUTORES - REDUÇÃO TRIPLA 0,93
ACOPLAMENTO 0,97
MANCAIS 0,99

3.4 – Diâmetro e Rotação do Tambor

O diâmetro do tambor (D) é determinado em função da largura e potência


do transportador. Para o projeto didático proposto poderão ser utilizados
dois diâmetros, conforme descrito abaixo:

Nm 10cv ------------------  tambor = 400 mm

Nm > 10cv -------------------  tambor = 500 mm

A rotação (n) do tambor é calculada:

9
Notas de Aula CMI - Fatec-So 1º Sem. de 2022

𝟔𝟎 .𝐯
𝐧=
𝐃 .𝛑
(4)

n - rotação do tambor (rpm)


v - velocidade da correia (m/s)
D - Diâmetro do tambor (m)
A figura 4 mostra a esquematização da rotação do tambor.

Figura 4 - Esquematização da rotação do tambor. Fonte: Fatec, 2017.

3.5 – Relação de Transmissão do Conjunto de Acionamento

A figura 5 mostra a esquematização do sistema de transmissão do


conjunto.

Figura 5 – Esquematização do conjunto de acionamento do projeto proposto. Fonte: Fatec,


2022.

10
Notas de Aula CMI - Fatec-So 1º Sem. de 2022

3.6 – Dimensionamento do Eixo Motriz.

Para dimensionamento de eixo será utilizado a apostila “Eixos”


(Esquerdo, 2011). A escolha do aço mais adequado à determinadas
condições de trabalho mecânico é de suma importância para o
dimensionamento do eixo. No anexo encontra-se considerações sobre a
seleção de um aço, ROSA & TOTI (2008).

4 – Referências Bibliográficas

- ESQUERDO, J. A.. Apostila Eixos, Faculdade de Tecnologia de


Sorocaba, 2011.

- ESQUERDO, J. A.. Apostila Aplicação de Acoplamentos, Faculdade de


Tecnologia de Sorocaba, 2011.

- https://grabcad.com/library/600mm-trough-conveyor.

- http://www.metso.com.br/brasil/

- http:/www.furlan.com.br

- https://pt.scribd.com/document/108972313/NBR-8011-NB-780-Calculo-
Da-Capacidade-de-Transportadores-Continuos-Transportadores-de-
Correia.

- ROSA, M. F.; TOTI, F. A. Considerações sobre a Escolha de um Aço


para Aplicação na Construção Mecânica. Faculdade de Tecnologia de
Sorocaba, 2008.

- TOTI, F. A.. A Integração dos Sistemas CAD/CAE nas Fases do


Processo do Projeto. Projeto RJI – CEETEPS, 2012.

- TRANSMOTÉCNICA – Catálogo de Redutores – linha Maxidur, 2000.

- CESTARI – Catálogo de Redutores – linha Helimax – 2012.

11

Você também pode gostar