Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
REVISÃO GRAMATICAL
JOILSON PORTOCALVO
ELIANA JORGE LEITE
PROJETO GRÁFICO
RAFAEL HILDEBRAND
CAPA (COM BASE NA OBRA A NOITE ESTRELADA DE VINCENT VAN GOGH)
RAFAEL HILDEBRAND
COPIDESQUE E PROJETO EDITORIAL
ANDERSON BATISTA DE MELO
IMPRESSÃO
STARPRINT - GRÁFICA E EDITORA
1a EDIÇÃO
2000 EXEMPLARES
COMPOSTO EM UTOPIA
UNIVERSO T T E A R IA L
Direitos Reservados à
Editora Centro-Hinterlândia
SRTV/SUL Quadra 701 Conjunto L
Edifício Assis Chateaubriand Bloco 1
Salas 626/628 - Asa Sul - Brasília - DF
Cep: 70.340-906
Tel.: (61)3201-5875
Fax.: (61)3202-5680
Correio Eletrônico: contato@hinterlandiaeditorial.com.br
Sítio: www.hinterlandiaeditorial.com.br
D a d o s I n t e r n a c i o n a i s de C a t a l o g a ç ã o na P u b l i c a ç ã o ( C I P )
( C â m a r a B r a s i l e i r a d o L i v r o , SP, B r a s i l )
Borges
E s t u d o d i r i g i d o de a r t e s : ensino médio :
v o l u m e ú n i co / B o r g e s e Ri b e i r o . -- Br a s í l i a ,
DF : E d i t o r a do C e n t r o , 2011.
I SBN 9 7 8 - 8 5 - 6 2 6 8 3 - 0 5 - 3
1. A r t e s ( En s i n o mé d i o ) I. Ri b e i r o . II. T í t u l o
11-03864 CDD-700
S umário
Capítulo 1 - A Estética e a Arte 07
Capítulo 8 - Neoclassicismo 97
Etapa II
Arquitetura Moderna e
Capitulo 15 - contemporânea 194
Exercícios 207
Bibliografia 285
A Editora do C entro apresenta o livro Estudo D irigido de A rte s , que é resultado da
cuidadosa elaboração de obra did ática, organizada pelos professores Borges e Ribeiro.
Estes, com vasta experiência didática e teórica/acadêm ica, produziram te xto s, coletânea
de exercícios e questões que atendem aos mais rigorosos padrões de preparação de alunos
do ensino médio.
A divisão da obra em três etapas perm ite ao professor utilizar o livro com o manual
qualificado e estruturado conform e suas necessidades didáticas e programáticas. Equilíbrio,
pertinência e praticidade são as palavras-chave para aqueles que adotam este livro.
Sobre os Autores:
Funções da arte
A a rte o b je tiv a , s in g u la r m e n te ,
expressar os se n tim e n to s, sejam eles do
artista ou até mesmo de uma determ inada
civilização e com unidade. Assim sendo, o
estudo da produção artística transcende a O Grito, Edvard Munch, 1893,
Museu Munch de Oslo, Noruega
mera apreciação da beleza estética visível
No quadro O Grito, o artista evidencia 4- Função religiosa: Objetiva divulgar precei
o sentimento de solidão e desespero através tos, dogmas e eventos de uma determinada
das linhas sinuosas e das cores muito fortes. religião, para referenciar os fiéis da mesma.
Homem vitruviano, Leonardo da Vinci, 1490, Lápis e tinta Independência ou Morte, ou O Grito do Ipiranga, Pedro Américo,
sobre papel, 34 x 24 cm. Gallerie dell'Accademia óleo sobre tela, 1888, Museu Paulista
ta d o , agrem iação p o lítica ou ide ológ ica . Linha:
Associa-se à função histórica. Sequência de pontos aglomerados ou não.
Forma:
É criada por uma linha fechada.
Textura:
É a característica de uma superfície. Pode ser
visual quando é perceptível através da obser
vação visual; e tátil quando a percepção se
dá através do processo de apalpação.
Profundidade:
Tratam ento de volum e e/ou perspectiva
de uma imagem, que pode ser criado pela
cor, luz ou linha.
Tipos de profundidade:
Modelado:
Criado através da gradação de cores.
Modulado:
Quando há uma contradição entre as cores
Sarah Bernharc/t, Felix Nadar, Fotografia, 1859 e parece que as cores mais claras estão à
frente e o uso dos matizes mais escuros
Observação: Além dessas funções existem dão a impressão de sombra e profundidade.
ou tras, e todas podem co e xistir em uma
só obra ou projeto artístico. Claro/escuro:
Produzido através da gradação de tons.
Sintaxe compositiva É a quantidade de luz em uma imagem,
onde os espaços de sombra sugerem pro
E a ordem , a fo rm a , a maneira com fundidade e volum e.
que os elem entos são dispostos em uma
determ inada com posição, seja ela textual, Perspectiva:
visual, m usical, teatral, etc... Tratam ento de profundidade criado pela li
nha. Pode ser geom étrica ou linear (linhas
Elementos que com põem uma sintaxe: na diagonal que partem de pontos diferen
tes e convergem para um mesmo ponto,
1- Visual: que chamam os de ponto de fuga) e, ainda,
aérea ou plana, gerada pela organização
Ponto: de linhas na horizontal e vertical separan
M enor fragm ento de uma com posição. do a imagem em planos diversos.
A última ceia, Leonardo da Vinci, afresco, refeitório do Convento de Santa Maria delle Grazie, Milão, 1495-8
Tipos Posições Expressividade 2- Cor pigmento: processo quím ico que re
sulta da m istura de com ponentes naturais
Horizontal Sono, Repouso. ou não.
Acomodação,
É estudada através do círcu lo c ro m á tic o
estaticidade
Reta Vertical Arrogância, poder, em artes.
equilíbrio,
estabilidade. A - Cor primária convencionalmente assim cha
M ovim ento brusco, mada por ser a primeira no estudo da cor, pura
Diagonal desequilíbrio, ação, devido ao fato de não advir de nenhuma mis
instabilidade. tura e geratriz por ser responsável pela geração
das demais cores do círculo cromático.
Côncava M ovim ento calmo,
Curva Leveza.
A 1 - vermelho + verde + azul = luz branca.
Convexa Bailado.
Az - vermelho + amarelo + azul = ± marrom
Diminui o ritm o da escuro
Qualquer
Tracejada composição,
posição
interrupção. B - Secundária: dá-se através da união de duas
primárias:
Qualquer Confusão,
Mista
posição movimento.
B1 - amarelo + azul = verde
Mudança de direção, B2 - azul e vermelho = roxo
Qualquer
Quebrada interrupção, B3 - vermelho e amarelo = laranja
posição
movim ento.
C - Cores terciárias: é a junção de uma primária
Qualquer
Ondulada M ovim ento gracioso. com uma secundária.
posição
A C u ltu ra brasileira é b a s ta n te e c lé
tic a e re fle te a in flu ê n c ia dos d iv e rs o s
po vos que a c o n s titu e m : europ eus, a fri
c a n o s , o p o v o in d íg e n a , d e n tre o u tra s .
Azul D evido a essa m iscig e n a çã o e a enorm e
Vermelha (Primária)
(Primária) e x te n s ã o do nosso te r r itó r io , a c u ltu ra
b ra s ile ira é d iv id id a por c a ra c te rís tic a s
Violeta
re g io n a is . Nas regiõe s N o rte , N o rd e ste
(Secundária) e pa rte da C e n tro -O e ste c o n c e n tra m -s e
as in flu ê n c ia s a fric a n a s e indígenas. A
c o n fe c ç ã o do a rte s a n a to em m adeira e
indivíduo, cultura e identidade a rg ila , as fe s ta s típ ic a s , roupas e c o m i
das assim com o a m úsica, a dança, c re n
O term o "indivíduo" está associado a ças re lig io s a s . S o ta q u e s e o rig e n s das
uma visão do que é único em si só. Faz refe p a la v ra s e s tã o re la c io n a d o s , em m a io r
rência à individualidade. Considera o homem escala, à influ ência dessas origens acima
de forma isolada, sem par, exclusivo. Assim d e s c rita s .
sendo, não encontram os um ser igual, em
sua totalidade, a outro ser. É a caracteriza Já na região Sul e parte da Sudeste a
ção que personaliza alguém, que o destaca, maior influência é europeia: Portugal, Itália,
de alguma form a em um meio coletivo. Alem anha e outros.
O aniversário do macaco, J. Borges, xilogravura
Artesanato feito com fibras naturais
Tipos e gêneros
Bumba meu boi, Aldemir Martins, 35.5 X 42 cm, 0 gênero se configura com o um con
acrílico sobre tela, 1981 ju n to de pessoas, o b jetos, anim ais, plan
ta s , obras a rtís tic a s e/ou lite rá ria s , m e r
cadorias, que apresentam características
co m uns e que, p o rta n to , com põe m um
m esm o cenário.
Na produção visual essa e strutu ra é Ópera, oratório, valsa, sonatas, cantatas etc.
obtida através do arranjo dos elementos visu
ais, tais como: ponto, linha, cor, e outros. Popular:
Atividade de fixação
Análise da obra M oça com brinco de pérola Johannes Vermeer, Moça com brinco de pérola,
Óleo sobre tela, 46,5 x 40 cm, 1665
1- Objetiva: É uma mulher.
A obra M o ça com b rin c o de p é ro la
2- Subjetiva: Uma jovem mulher. é um a das m a is fa m o s a s p in tu ra s da
H is tó ria . C onsiderada por e s tu d io s o s de
3- Formal: A obra aprese nta fo rte s c o n arte a "M o n a Lisa h o la n d e s a ", po uco se
tra s te s de luz e som bra . Há um a in c lin a sabe sobre sua real in s p ira ç ã o . Isso p o r
ção para a esquerda e um olhar lânguido que a vida de seu c ria d o r é e n v o lta em
d ire ta m e n te d irig id o para o o b s e rv a d o r. m is té rio e, até os dias a tu a is , é o b je to
A p o s tu ra da m o ça é e le g a n te , o que de e sp ecula ção.
A produção a rtística nos prim órdios Período Paleolítico
da humanidade constitui-se do acervo pro
duzido pelos povos com preendidos desde Conhecido com o Idade da Pedra Las
a P ré -h is tó ria até c iv iliz a ç õ e s de c a rá cada, apresenta duas divisões:
te r c o m u n itá rio trib a l. É variada e indica
os prim eiros tra ços cultu rais dos homens 1- Paleolítico Inferior, período que rem onta
desse período. A A rqueologia tem nessas de 2 .5 0 0 .0 0 0 até 1 0 0 .0 0 0 a.C.
m anifestações artísticas prim itivas um pre
cioso registro sobre a vida e organização A p re s e n ta a m ais an tig a produ ção
humana nesta época. artística de que se tem conhecim ento e o
primeiro objeto de observação para a histó
Pré-história ria da arte. Devido ao distanciam ento te m
poral não existe uma quantidade sig n ifica
T rata-se de um longa fase da h is tó tiva de registros encontrados dessa época.
ria, convencionada e dividida em períodos
distin tos: Paleolítico Inferior/S uperior, Neo- 2- P a le o lític o S u p e rio r, de 3 0 .0 0 0 até
lític o e a Era dos M e ta is. O correu a p ro 8 .0 0 0 a.C.
xim ad am e nte em 4 .0 0 0 a.C. e antes do
advento da escrita form al. São os antrop ó Os povos desse período eram nôm a
logos e arqueólogos que, através de seus des e m igravam de região para região em
estudos, docum entam e esclarecem a res busca de suprim ento que garantisse suas
peito de época tão im portante da história. necessida des de s o b re v iv ê n c ia . A b rig a
vam -se em cavernas, e é no seu in te rio r
As manifestações artísticas foram fu n que são encontradas a maioria das pinturas
dam entais para o estudo e entendim ento do período. Fabricavam utensílios dom és
das ações, m odo de vida e crenças dos tic o s e armas em pedra, osso e m adeira:
povos prim itivos. m a ch a d in h a s, m a rte lo s , arpões, anzóis,
agulhas, flechas, encontrados em profusão
Os re g is tro s p ic tó ric o s p ro d u zid o s em sítios arqueológicos.
nesse período denom inam -se A rte Rupes
tre , por tra tar-se de inscrições fe ita s nas
paredes das rochas, pois a palavra deriva
do latim científico rupestris e este do latim
rupes (rochedo).
Está c o m p re e n d id a e n tre 5 .0 0 0 a
4 .0 0 0 a.C ., em bora a adoção do bronze
tenha variado de acordo com as d ife re n
tes civilizaçõe s.
Esse período é subdividido em: Caldeirão em ferro, com a borda em estado original, 200 a.C.
Hertfordshire, Inglaterra
Era do Bronze
Tem início no Oriente Médio, por volta de Pré-história Brasileira
3 .3 0 0 a.C. Apresenta significativa produ
ção de máscaras, armas e ornam entos fe i A arte pré-histórica brasileira é encon
tos com tal m atéria-prim a. trada em to d o o te rritó rio nacional, com
grande riqueza e d iv e rs id a d e . O Brasil
Era do Cobre possui valiosos sítios arqueológicos, ape
Neste período, entre 2 .5 0 0 e 1 .8 0 0 a.C., sar da precária preservação. Várias grutas
os rios passam a ser o principal veículo de foram e x tin ta s devido à ação do homem
com unicação. A um enta a produção de ar e seu avanço predatório. Devido à grande
cos e flechas com o instrum entos, não só dim ensão te rrito ria l, a produção artística
de caça mas tam bém de defesa. A arqui distingue-se de região para região. Entre
tetura reflete o espírito da época e se v o l os estados que apresentam vestígios da
ta para construções de caráter defensivo, presença hum ana, de stacam -se o Piauí,
com o muralhas com torres altas. M inas Gerais e as regiões litorâ ne as do
Centro-Sul do país. São, pelo menos, duas
Era do Ferro divisões bem distintas:
A partir de 1 .2 0 0 a.C. o ferro, por ser su
perior ao bronze quanto à rigidez e abun a) R epresentações n a tu ra lis ta s que
dância de jazidas, ganha ampla utilização e la b o ra m fo rm a s z o o m ó rfic a s e a n tro -
na produção de objetos, artefatos e escul p o m ó rfic a s , m u ito re c o rre n te s nas g ru
turas. Seu emprego na produção bélica foi ta s pia uien ses (S ítio de São R aim undo
fundam ental na história m ilitar. Nonato) e em outras regiões do interior do
país. Predomina, nas form as naturalistas, responsáveis pela criaçã o das prim eiras
a fig u ra hum ana (isolada ou em grupos) e s tru tu ra s co n struídas no Brasil. Nesses
em cenas de caça e rituais diversos. Tam lugares, m ontes de conchas, de resíduos
bém são m u ito recorrentes as representa m a rinho s, e sq uele tos hum anos e restos
ções na fo rm a de anim ais, com o peixes, de u te n s ílio s d o m é s tic o s vão se a c u m u
aves e veados, usualm ente elaboradas em lando. Com o te m p o , to d o esse m aterial
ton s terrosos. sedim en ta-se e fo rm a grandes a m o n to a
dos que são denom inados sam baquis.
T a m bé m c o n h e c id o s co m o p o vo s
s a m b a q u is , e ssa s p o p u la ç õ e s fo ra m
d e te c ta d a s p rin c ip a lm e n te no Rio de
J a n e iro , Santa C a ta rina , Rio G rande do
Sul e São Paulo. No ano de 2 0 0 1 , o mais
antigo sam baqui brasileiro foi encontrado
no Vale do Ribeira (SP).
Objetos e utensílios
Arte plumária
Hipogeus: Eram tem plos escavados nas Olho de Hórus é um símbolo, proveniente do Egito Antigo, que
rochas, dedicados a várias divindades ou significa proteção e poder, relacionado à divindade Hórus. Trata-se
a uma em particular. Norm alm ente eram de um dos amuletos mais usados no Egito em todas as épocas.
A representação de um faraó ou um
nobre era o s u b stitu to físico destes na
m orte. Isso talvez pudesse ju s tific a r o
exacerbado naturalism o alcançado pelos
escultores egípcios, principalm ente no Im
pério A n tig o (3 .2 0 0 a 2 .3 0 0 a.C.). Com o
passar do tem po, a exemplo da pintura, a
escultura acabou se estilizando.
Escultura
N e rvo s, m ú s c u lo s , veia s, e x p re s
sões e s e n tim e n to s são observados nas
e scu ltu ra s. Os tem as mais usados foram
a m ito lo g ia , p rin c ip a lm e n te , re p re s e n ta
ções de deuses e deusas, e o a tle tis m o .
Entre os grandes a rtis ta s do classicism o
e s tã o : P o lic le to , M iro n , P ra x íte le s e Hermes, séc. IV a.C. 2,15 m de altura,
Vênus de Mito, 1,98m, mármore, sec. II a.C, achada na Ilha de e ânfora grega, cerca de 540 a.C, Museu Arqueológico
Milos, no Mar Egeu. Encontra-se hoje no Museu do Louvre, Paris Nacional de Atenas
panos de linho uma pedra e deu-a a Cronos, vões. O palácio da princesa incendiou-se e
com o se fosse a criança, e o deus logo o ela morreu carbonizada. Zeus recolheu do
engoliu. Quando cresceu, Zeus pediu a Géia ventre da amante o fru to inacabado de seus
uma droga para dar ao pai, a fim de que este amores e colocou-o em sua coxa, até que
restituísse os filhos devorados. Isso feito , se completasse a gestação normal. Nascido
à frente dos irmãos, Zeus declarou guerra o filh o , c o n fio u -o , para e vita r novo estra
a Cronos. A guerra durou dez anos e Zeus tagem a de Hera, aos cuidados das Ninfas
conseguiu vencer, com auxílio dos Heca- e dos sátiros do m onte Nisa. Lá, em som
tô n q u iro s. Tornou-se chefe de uma nova bria gruta, cercada de frondosa vegetação
geração de deuses do Olimpo. e em cujas paredes se entrelaçavam galhos
de viçosas vides, de onde pendiam m adu
Zeus desposa Hera, mulher defensora ros cach os de uva, v iv ia fe liz o filh o de
e protetora dos esposos. Davam-na com o Sêm ele. C erta vez o jo ve m deus colheu
cium enta e vingativa, pois frequentem ente alguns desses cachos, esprem eu-lhes as
encontrava-se irritada contra Zeus por sua frutinhas em taças de ouro e bebeu o suco
infidelidade, perseguindo-lhe as am antes e em com panhia de sua c o rte . Todos fic a
os filhos adulterinos. Zeus não se co n te n ram então conhecendo o novo né ctar: o
tava apenas com as deusas e por vezes se vinho acabava de nascer. Bebendo repeti
apaixonava pelas m ortais. A vítim a dessa das vezes, sátiros. Ninfas e Baco com eça
vez era a princesa tebana Sêmele, mãe do ram, a dançar vertiginosam ente ao som dos
segundo Dioniso. címbalos. Embriagados do delírio báquico,
todos caíram por terra desfalecidos.
É que de Zeus e Perséfone (filha de
Dem éter) nasceu Zagreu, o prim eiro D io Historicamente, por ocasião da vindima,
niso. P referido do pai dos deuses e dos celebrava-se a cada ano, em Atenas e por
homens, estava destinado a sucedê-lo no toda a Ática, a festa do vinho novo, em que
governo do m undo, mas o destino decidiu os pa rticipantes, com o outrora os com pa
o con trário. Para proteger o filh o dos ciú nheiros de Baco, se embriagavam e começa
mes de sua esposa Hera, Zeus o con fiou vam a cantar e dançar freneticam ente, até
aos cuidados de A poio e dos Curetes que caírem desfalecidos. Ao que parece, esses
o criaram na flo re s ta do Parnaso. Hera, adeptos do vinho disfarçavam -se de S áti
m esm o assim , de scobriu o paradeiro do ros, que eram concebidos pela imaginação
deus ainda m enino e encarregou os Titãs popular com o "hom ens bodes". Teria nas
de raptarem -no. Palas A tena pôde salvar- cido assim o vocábulo tragédia (trago =
lhe o coração que ainda palpitava. Foi esse bode: ode = canto) = tragoedia em latim
coração que Sêmele engoliu, engravidando e tragédia em português.
do segundo Dioniso.
A h is tó ria de D ioniso p ro vo ca va as
O Segundo Dioniso, no entanto, não mais diversas emoções em seus fiéis, desde
teve um nascim ento norm al. Hera, ao ter a tristeza profunda à alegria desmedida, ou
notícias das relações amorosas do esposo seja, dando fiel continuidade às co n tro vé r
com Sêmele, resolveu eliminá-la. Transfor sias do período do caos: Eros (atração) e
mando-se na ama da princesa tebana, acon A nteros (repulsão), etc.
selhou-a a pedir ao amante que se lhe apre
sentasse em todo o seu esplendor. O deus D urante a celebração, seus de voto s
advertiu a Sêmele que sem elhante pedido e n to a v a m o d itira m b o , c a n to lírico que
lhe seria fu n esto , mas com o havia jurado reunia dança, poesia, co ro , tu d o re la cio
pelo rio Estige jamais contrariar-lhe os dese nando-se à religião (presente tam bém na
jos, apresentou-se-lhe com seus raios e tro evolução musical).
Origem do Teatro Grego
O culto a Dioniso: O Mito
Dioniso ou Baco
É a partir daí que surge a tragédia, ou Leneanas: duravam de três a quatro dias,
seja, da punição daqueles que desafiaram os nos fins de janeiro. Contribuiu efetivam ente
deuses. Portanto, não só o trecho de uma his para o desenvolvim ento das comédias (Ko-
tória deve ser definido como trágico, mas as mos = máscara da alegria), pois se carac
obras cujo conteúdo caracteriza a tragédia. terizava por brincadeiras e coisas alegres.
Baco, óleo sobre tela, 95 x 98 cm, 1597, Caravaggio, Sófocles (496 a.C. a 406 a.C.): Dramaturgo
Galeria dos Ofícios, Florença, Itália m uito conhecido em Atenas, segundo au
tor da época da tragédia, mais jovem, com grande reputação na Grécia no te a tro cô
personalidade diferente, cidadão nascido e m ico. Os fragm entos que sobreviveram
criado. Escreveu 90 peças, das quais 7 sobre eram suficientes para se saber sobre a
viveram: Ajax, Antígona, Édipo Rei, E/ectra, nova com édia introduzida por ele, que foi
A s Traquínias, Filoctetes, Édipo em o Colono chamada de "com édia nova" (Néa). As pe
e Os Sabujos (drama satírico incompleto). ças eram mais hum orísticas e tinham um
lado político mais leve; tra tava m su p e rfi
Estimado por seus contem porâneos, cialm ente de situações urbanas da vida
preocupava-se com a com plexidade hu da época: tem as fam iliares, m atrim ônios,
mana. Suas tram as teatrais eram sutis e crianças, relações de pais e filhos. Nessa
suas líricas mais flexíveis em linguagem . ocasião nasceu o Turbo (o enganador), pa
A tragédia, na era de Sófocles, com eçou pel mais im po rta nte da peça, interpretado
a se afastar da rigidez de Ésquilo. Elevou pelo personagem de um escravo.
o coro de doze para quinze pessoas, m u
dança apenas técnica, por causa da co Gêneros Dramáticos
reografia. A ntíg ona , sua m aior peça, foi Tragédia, Drama Satírico e Comédia
produzida em 441 a.C. e seu sucesso fez
com que os governadores dessem o posto Da evolução das cerim ônias do culto
de general a Sófocles. a Dioniso surgiram alguns gêneros dram áti
cos, dentre os quais a com édia, a tragédia
Eurípides (484 a.C. a 406 a.C.): Dentre os dra e o drama satírico.
m aturgos foi o autor que mais levou este
tem a a sério, m ostrando as paixões hum a Tragédia
nas em sua form a mais intensa. Foi o pri
meiro a analisar o amor e o ciúme em cena. A tra g é d ia su rg iu a p a rtir do c u lto
Há registro de som ente 18 peças: A/ceste, agrário para saudar D ioniso . C onhecido
Medéia, H ipóiito, A s Troianas, Helena, M u co m o d itira m b o , d is ta n c io u -s e desses
lheres Fenícias, Orestes, Os filhos de Hé- tem as e passou a adotar em sua estrutura
racles, A ndrôm aca, Hécuba, Hérac/es, A s m ito s e lendas, bem com o a cria çã o de
Suplicantes, íon, E/ectra, Ifigênia e Táurida, heróis. A pesar do parcial d ista n cia m e n to
A s Ba cantes, Ifigênia e Á u i ida e Ciclope. de suas origens, esse gênero conservou
vários tra ç o s , com o a presença do alta r,
Dois com ediógrafos: que rem ete à religiosidade; a form ação do
coro; e a ocasião em que os espetáculos
Aristófanes (447 a.C. a 385 a.C.): Crítico das aconteciam : festas de louvor a Dioniso.
mudanças estéticas e políticas de sua épo
ca, escrevia sobre os valores dem ocráticos Para Aristóteles, a figura que contribuiu
e eventos da vida cívica. Inimigo ferrenho para o surgim ento da tragédia foi o corifeu
de Sócrates, satirizou-o em sua peça A s (membro do coro), que estabeleceu o diálogo
Nuvens, que figura entre suas 11 peças com os demais componentes, surgindo assim
conhecidas até hoje, que são: Os Acarnia- o PROTAGONISTA. Téspis (séc.V a.C.) é o
nos, Os Cavaleiros, A s A ves, Lisístrata, A s primeiro ator a quem tal denominação é atri
Tesmoforiantes, A Paz, A s Rãs, A s Vespas, buída. É dele tam bém a introdução do cos
Assem bléia das M ulheres e Pluto. tum e de mascarar os atores, a fim de dissi
mular seus rostos e enfatizar a personalidade
Menandro - (342 a 292 a.C.): A té 1 9 5 7 , 5 do personagem representado.
peças incom pletas eram conhecidas. Nes
se ano, no Egito, foi descoberto o prim eiro Posteriorm ente, Ésquilo introduziu um
te x to com pleto, Curm udgeon. Tinha uma segundo ator, passando o diálogo a acon
tecer entre dois atores e não apenas entre satírico feria violentam ente as autoridades.
um ator e o coro, tornando mais dinâmica A proxim ando-se do caricatural, o gênero
a encenação e a interação com o público. visava à correção pela deform ação e pelo
ridículo, com um objetivo claro: o riso.
Finalm ente, S ófocles in trodu ziu um
terceiro ator. No entanto, mesmo com três De acordo com Aristóteles, a comédia
atores havia mais de trê s papéis, a u xilia deriva-se dos Komos, grupos em festas ou
dos pelo recurso das máscaras. procissões cheias de im provisos, em que
se o ste nta va um enorm e fa lo ereto, que
A tragédia estrutura-se a partir de um significava a fertilidade masculina.
erro de ju lg a m e n to , que leva os persona
gens da fo rtu n a ao in fo rtú n io e, embora Incorporada às Dionisíacas Urbanas, a
sem culpa, há o ju lg a m e n to . Esquem ati- com édia do Teatro Grego era dividida em
zando, tem -se: três tipos:
Comédia O teatro
Aproxim adam ente 50 anos após a tra O espetáculo grego, com o no c u lto
gédia, surgiu a comédia. Essa demora ocor agrário, era ao ar livre, sob a luz do dia.
reu por questões políticas, pois seu te o r Compreendia-se em três partes:
Orquestra: local do coro e da personagem, O ator
circular, de terra batida, onde ficava o tí-
mele, altar para Dioniso. V alorizava mais o te x to falado que a
m ovim entação, a qual era dificu ltada pelo
Teatro: loca l do e sp e c ta d o r; a rq u ib a n uso das máscaras, coturnos etc.
cadas em s e m ic írc u lo s , na e n co sta de
um a c o lin a , a p rin c íp io , de m adeira, de S a b e -se qu e a to re s trá g ic o s não
pois de pedra, havia lugares de honra representavam peças côm ica s, Eram res
para a u to rid a d e s. p e ita d o s e bem pagos pelo rei. Sabe-se
tam bém que os cô m ico s não re p re se n ta
Skené: uma espécie de camarim, era onde se vam tragédias.
dava a troca de máscaras e indumentárias.
A p a rtir dos c o n c u rs o s , a fig u ra do
Cenário poeta separa-se da do ato r, o qual passa
pelo processo de individualism o. Por volta
A n te s de e x is tir o c a n á rio , o que de 4 4 9 a.C.
h a v ia era um a lta r para D io n is o , que
evolui p o ste rio rm e n te com o su rg im e n to Indumentária
de a rtis ta s e sp e cia liza d o s nessa a rte . É
c o n v e n cio n a d o e fís ic o : te m p lo , palácio, Trágica: ostentava luxo e a sua cor deter
te n d a de um ch e fe e paisagem m arinha m inava a classe social do personagem.
e rú s tic a . D ife rin d o -s e do c ô m ic o , que
re p re s e n ta v a h a b ita ç õ e s p a rtic u la re s ; Cômica: causava a impressão de nudez,
e x e m p lo se g uido pela co m édia nova ou pois eram malhas coladas no corpo e da
Néa. cor da pele. Tam bém se usava a túnica
curta que, para enfatizar o ridículo deixava
Maquinismos aparecer nádegas e falos falsos.
c) Theologuêion: tribuna aérea na parte su Máscaras: Feitas de gesso ou barro pasto-
perior do cenário. so podiam ser:
d) Anapiema: ergue personagens que sur
gem de abism os, infernos, etc. a) Trágica: ten ta exprim ir a situação de dor
e dificuldade representada pelas persona
e) Brontáion: re cu rso de s o n o p la s tia que gens. Só depois é que passa a assum ir t i
c o n s is tia no uso de um a bacia de b ro n pos: rainha, rei, etc.
ze onde a tira v a m pedras, fe rro s para
re p ro d u zir o som do a p a re c im e n to dos b) Cômica: enfatiza o ridículo de suas perso
deuses. nagens. Algum as vezes eram monstruosas.
mm
INÜrf
Tipos de Palco
Arena: Espaço te a tra l que pode ser c o b e rto ou não, com o espaço de encenação a b a i
xo da p la té ia . Podendo ser c irc u la r, 3 /4 de c írc u lo , s e m ic irc u la r, qu a d ra d o , tria n g u la r
ou o va lado .
Quadrado Ovalado
Retangular Circular
Italiano: Espaço te a tra l re ta n g u la r fe c h a d o em seus trê s lados e o q u a rto lado fic a n d o
de fre n te para o p ú b lico .
Mise-en-scène
A presenta um tra ta m e n to de p ro fu n
didade m u ito exp re ssivo e valo rizava os
am bientes, arrem atados por belos m osai
cos no chão.
Escultura
Íç7 -
Mg I t p >«■
*J
IsSBtír W r
j g
m
lr W .J |
Alto-relevo do sarcófago Ludovisi representando uma batalha entre romanos e germanos. Museu Nacional Romano, Roma, Itália
A Idade M édia te v e in íc io com a
desintegração do Império Romano do Oci
dente, em 4 7 6 , e term inou com o fim do
Império Romano do Oriente, com a Queda
de C onstantinopla, em 1453.
Arte bizantina
paredes e abóbadas.
Na arte mosaica, as pessoas são repre A arte bizantina atin g iu seu apogeu
sentadas de frente e verticalizadas, para criar no século VI, durante o reinado do Im pe
certa espiritualidade; a perspectiva e o volume rador Justin iano . Porém, logo sucedeu-se
são ignorados. O dourado é demasiadamente um período de crise cham ado de "ic o n o -
utilizado, devido à associação com o poderio clastia", pautado na destruição de qualquer
comercial e financeiro do Império Bizantino. imagem santa, devido ao c o n flito entre os
im peradores e o clero.
A arquitetura é influenciada por valores
romanos: arco cilíndrico, abóbada e diversas A arte românica A
Jesus e Maria, Mosaico Bizantino, Igreja de Santa Sofia, Constantinopla, Século XIII
A arte gótica
í i »*1 - *r »
■ i'
Wsê$!
. r « -v p i ■»
Catedral de Notre-Dame, 1163-1345, dedicada a Maria, mãe de Jesus Cristo, Praça Parvis, às margens do Rio Sena, Paris
Morte e Crucificação de Cristo, afresco,
Giotto, Capela de Arena, Pádua, 1307
A ob ra à d ire ita é a n ô n im a e fo i
c o n stru íd a em um painel de duas partes,
daí o nom e d íp tic o . M o s tra R ica rd o II
ajoelhado d ia n te da V irgem e o m enino.
O rei, a co m pa nha do por s a n to s, presta
reverências à im agem de Nossa Senhora
e o M e n in o Je su s. Os anjos que a c o m Díptico de Wilton, 1395, 45,7 cm x 29,2 cm.
panham a cena usam um a jó ia em f o r Galeria Nacional de Londres, Reino Unido
Jan Van Eyck, O casamento dos Arnotfini, 1434, 82 x 60 cm, Galeria Nacional de Londres
pergaminhos e diferem-se destes pelo fato Iluminura do ano de 1256, Paris, Biblioteca Nacional
A m ú s ic a e o te a tro n a Id a d e M é d ia
A Ig re ja e a fé na m ú s ic a
Hieronymus Bosch, O Jardim das Delícias, 1505. Tríptico. Óleo sobre madeira, 220 x 389 cm, Museu do Prado, Madri
Sua m a is s u rp re e n d e n te o b ra , A
T e n ta ç ã o de S a n to A n tã o , re tra ta um
m u n d o c o rru p to , g ro te s c o e p u tre fa to .
A in d a a s s im , to d a a d e c a d ê n c ia m o s
tra d a é inca paz de a b a te r o s a n to , c o n
v ic to de sua fé. A variedade de m o nstro s
e diabos num a re fe rê n cia aos devaneios
Hieronymus Bosch, A tentação de Santo Antão, 1500, que a flig e m a alm a do s a n to e, nu m a
Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa abordagem m ais am pla, a alm a hum ana
de m odo geral.
A obra acima descreve as tentações
v ivid a s por S anto A n tã o , que nasceu no Em vez de im o rta liz a r o belo com
Egito em 25 1, vivendo grande parte da sua su a s p in c e la d a s , B o sch tra n s fo rm a o
vida no deserto, aonde sofreu terríveis te n bizarro em arte.
65
Depois da forte presença teocêntrica e a ser conhecida com o o berço do Renas
teórica medieval, o pensamento assume pers c im e n to . Os a s p e c to s p rin c ip a is desse
pectivas de caráter humanista e racional. A período eram:
interferência da Igreja em questões sociais e
formais é considerada nociva ao desenvolvi a) o racionalism o e o abandono do mundo
mento e ao progresso da sociedade, conhe sobren atu ral;
cimento e filosofia. Defende-se, portanto, a
existência de verdades consolidadas pela pes b) o a n tro p o c e n tris m o : o hom em é o cen
quisa e conhecimento empírico. tro de tu d o ;
—
—
66
W M .tm m m M s f w o - y '.- . . . . - .tM
do projeto fo i Bram ante e a pin tura em tempo é empregado na arte. Também é cha
afresco fo i atribuída a Rafael Sânzio e, mada de: razão áurea, razão de ouro, divina
p rin cip a lm e n te , a M ichelângelo. proporção, proporção em extrema razão, divi
são de extrema razão. A perfeição da beleza
A pintura é, nas artes plásticas, uma em quadros de diversos grandes artistas é
das maiores vertentes culturais. Nela valo resultado dessa técnica, dentre outras.
res novos relacionados com a ciência são
a d o ta d o s. Tem in ício com G io tto , que A M ona Lisa, de Leonardo da V in ci,
apresenta trabalhos com m otivos naturais utiliza o núm ero áureo nas relações entre
e fig u ra s hum anizadas. Por v o lta dessa seu tro n c o e cabeça e tam bém entre os
m esm a época, d u ra n te a prim e ira fase e le m e n to s do ro s to . A s s im , o u tro s ta n
do R enascim ento, Dante A lig hieri (1 2 6 5 to s p in to re s e e s c u lto re s lançaram mão
1321), contem porâneo de G iotto, escreve das possibilidades que a proporção lhes
A D ivina Comédia, consagrando o idiom a dava para re tra ta r a realidade com mais
flo re n tin o , ou a língua ita lia n a , p ra tic a perfeição.
m ente com o é conhecido hoje.
O uso da cor e da luz de forma racional,
A p e rsp e ctiva fo i um recurso am pla o sfum ato, o chiaroescuro e um movimento
m e nte usado na busca de uma re pre sen natural, tam bém foram recursos utilizados
ta ç ã o trid im e n s io n a l, dada a obsessão pelos artistas desse movim ento estético.
dos p in to re s pela projeção n a tu ra lis ta .
O U ffizi é o museu mais fam oso de
A proporção áurea é uma constante real Florença e uma das principais galerias de
algébrica representada pela letra grega 0 (phi) arte do mundo. Contém obras de grandes
e com o valor arredondado a três casas deci artistas italianos, como Rafael, Michelângelo,
mais de 1,618. É um número que há muito Botticelli e Leonardo da Vinci.
O Nascimento de Vênus, Sandro Botticelli, 1483, têmpera sobre tela, 172.5cm x 2 7 8 .5cm Galleria degli Uffizi, Florença
M ichelângelo que ela atingiu um grau de
perfeição dificilm ente alcançável. Repare no
dinam ism o, no vigo r ou na dram aticidade
que esse artista admirável consegue imprimir
em todas as suas obras.
Música Renascentista
O teatro humanista
mira»
C om um a fa c h a d a im p o n e n te , em
estilo Renascentista, voltada para o mar, o
Teatro M unicipal do Rio de Janeiro, avulta
num deslum bram ento de ouro e m árm ore,
de c ris ta is e v itra u x . Em no ites de espe
tácu lo, o visitan te pode sentir algo do gla-
m o u r que o te a tro o ste n ta va à época de
sua inauguração, sendo, ainda hoje, um dos
mais im ponentes ícones arquitetônicos da
cidade do Rio de Janeiro e um dos seus mais
belos e ilustres cartões-postais. Davi, de Michelângelo, escultura feita em mármore de Carrara
5,17m de altura
Maneirismo
Trata-se de uma arte mais turbule nta
M a n e ir is m o , d e r iv a da it a lia n a com um a e s tiliz a ç ã o e x a g e ra d a e um
m a n e ira qu e s ig n ific a e x p re s s iv id a d e enorme capricho nos detalhes, que começa
fo rç a d a , e s tilo in d iv id u a l. O M a n e irism o a ser sua m arca, extra p o la n d o as rígidas
te v e in íc io em 1 5 2 0 , q u a n d o o re n a s c i linhas dos cânones clássicos. B uscavam
idéias novas e invenções cheias de s ig O enterro de Orgas. Ao fu n d ir as form as
nificados obscuros em referências à alta iconográficas bizantinas com o colorism o
cultura. O clima de instabilidade proposto dos renascentistas e a religiosidade espa
pela contra-reform a pode ter sido um dos nhola, personaliza seu próprio estilo que
fatores m otivadores da criação dessa nova é m a rcad o pela e x p re s s iv id a d e e é um
modalidade artística. Faz a passagem entre c o n vite à contem plação.
a Renascença e o Barroco, apresentando
alguns elementos ora mais próximo de uma 0 senhor Orgaz, da obra ao lado, era
escola, ora de outra. um hom em bom e c o m p la c e n te , e não
propria m en te um conde. D evido a isso o
Um bom exemplo é o David de Miche- a rtista representa em sua obra uma cena
langelo. A fig u ra representada não ob e com c o n c e ito s s im b ó lic o s e s ig n ific a ti
dece às proporções estabelecidas pelos v o s . A s duas d im e n sõ e s da e x is tê n c ia
tra tad os clássicos. As mãos e os pés são hum ana que são a m o rte (parte in fe rio r
bastante desproporcionais. da tela) e a vida eterna (parte superior)
onde há a fig u ra de C risto que inunda de
Luz o espaço.
ESCULTURA
niza a estética barroca. Loggia dei Lanzi, Giambologna, Galleria delTAccademia, Itália
0 Rapto das Sabinas apresenta um res. Nas áreas triangulares alocou as figuras
m ovim ento helicoidal que pode ser obser de profetas e sibilas; nas retangulares, os
vado por todos os ângulos. O movimento é episódios do Gênesis. Os profetas foram
intenso e as expressões muito fortes. A ana representados, a partir de uma visão antro-
tomia apresenta uma grande perfeição, o que pocêntrica, como homens e mulheres nor
aproxima o autor do período renascentista. mais. Estão sempre em posição meditativa.
Essa mescla do exagero com a racionalidade
resulta num belo plano escultórico. Q uando ab ord ado pelo Papa J ú lio
II para p in ta r o te to , ju lg o u ser um c o n
ARQUITETURA luio de seus adversários para desviá-lo de
sua principal fu n ção : a de e scu lto r. Sob
Os espaços arquitetônicos maneiristas o patrocínio da Igreja, o artista pintou 12
apresentam formas mais compridas, com a mil m e tros quadrados entre os anos de
cúpula sobre o transepto. Toda essa altera 1 5 0 8 e 1 5 1 2 . H oje, o te to e, e s p e c ia l
ção alcança a iluminação e a decoração das m ente, O J u lg a m e n to F inai são c o n sid e
igrejas, que são m uito enfeitadas e pressu rados com o realizações c u lm in a n te s na
põem aproximação da abordagem barroca. pintura de M ichelângelo.
A ARTE BARROCA
e --------- ---------
^ J k l 76 ■
Arquitetura barroca Na Escultura
A Lição de Anatomia do Dr.Tulp, Rembrandt, 1632, óleo sobre tela, 169,5 x 216,5 cm, Mauritshuis, Haia, Holanda
I
A Ronda Nocturna, Rembrandt, 1642, óleo sobre tela, 363 x 437 cm, Rijksmuseum, Amsterdã
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, Ouro Preto, Minas Gerais
Barroco Brasileiro
Talhas barrocas
'
1 41
Esse conjunto arquitetônico e paisagís Rococó
tico, form ado por um adro com esculturas
dos Doze Profetas e seis capelas com cenas Rococó é o e s tilo a rtís tic o que s u r
da Paixão de Cristo, feitas por Aleijadinho, giu na França com o d e sd o b ra m e n to do
foi construído a pedido do português Feli- barroco.Todavia, diferencia-se do barroco,
ciano Mendes, em pagam ento a uma pro p rin c ip a lm e n te pela leveza e delicadeza
messa, após grave enfermidade. com que se exprim e, oferecendo menos
exuberância e vigor.
Teto da nave da igreja de São Francisco de Assis, Manuel da Reunião no parque, Jean-Antoine Watteau, 1616-1617,
Costa Ataíde, 1801, Ouro Preto-MG 32 x 46 cm, Museu do Louvre
Possui leveza, caráter intimista, elegância, François Boucher, 1 7 0 3 . Foi um p in
alegria, bizarro, frivolidade e exuberância. O tra to r fra n c ê s , que cedo se re ve lo u co m o
tamento de luz provoca uma imensa profundi a rtis ta de carreira prom issora.
dade. Os movimentos são suaves e graciosos.
Embora tenha vivido num século dom i
nado pelo Barroco, ia além desse estilo e
identificava-se mais com Rococó — estilo
muitas vezes alvo de apreciações estéticas
pejorativas. Foi seguram ente um dos pin to
res que melhor soube interpretar o espírito
do Rococó.
Escultura
Vênus Consolando o Amor, François Boucher, 1751 Jean-Baptiste Pigalle, Mausoléu do Marechal Maurice de
National Gallery of A rt, Washington Saxe, 1753-1776, Strasbourg, Paris
Com proporções m enores e de cora
ção com patível com o tem a, os a rtista s
desenvolvem form as em gesso, madeira
e mármore. Os volum es de linhas suaves
e graciosas substituem o vigor e a energia
barroca. A escultura rococó foi m uito u tili
zada para retratar personalidades da época.
Esse estilo caiu no gosto das elites.
Arquitetura
E nesse período tam bém que surge a 2- O baixo co n tín u o , torna-se a base de
monodia: uma única linha vocal, sustentada quase toda a música barroca - como já foi
por uma linha de baixo instrum ental, sobre explicado;
a qual os acordes eram construídos.
3- A fam ília das violas é substituída pela
É p rin c ip a lm e n te no barroco que a dos violinos;
orquestra com eçou a tom ar form a, como
co n h e ce m o s hoje em dia, pois no p rin 4- Principais form as em pregadas: binária,
c íp io , o te rm o " o r q u e s tr a " era usa do ternária;
para designar um c o n ju n to , fo rm a d o ao
acaso, sendo que os m ú sico s to c a v a m
quase que ao m esm o te m p o , re sultan do
em um a g rand e "b a g u n ç a ". À m e dida
em que o século XVII avançava, e com
o a p e rfe iço a m e n to dos in s tru m e n to s de
corda em particular, o violino , por esplên
didos artesãos, com o as fam ílias A m a ti,
G uarnieri e S tra d iv a ri, fizeram com que
a seção de cordas se to rnasse uma u n i
dade indepe nde nte .
>
Ficou completamente cego em 1750, e A ópera é um espetáculo co m posto
neste mesmo ano morrería em Leipzig, A le por interpretação cênica, acompanhamento
manha. Apesar da sua grande genialidade, musical e elaborados cenários e figurinos.
só a partir do revivalism o da sua música
(em 1825, com A Paixão de São João, diri P o ste riorm ente são organizados os
gida por Schumann) este grande com positor O ratórios com características m u ito s im i
conquistou espaço na antologia da música lares à ópera. Com conotação to ta lm e n te
universal. Seu legado é, até os dias atuais, religiosa, são baseados em histórias sacras,
considerado patrimônio da humanidade. que na maioria das vezes eram tiradas da
Bíblia. Com o tem po tornaram-se totalm ente
Somente em 1850 sua obra começou litúrgicos, sem cenário, figurino ou atuação.
a ser sistem aticam ente publicada. Isso não
aconteceu em vida, talvez por Bach ter se Georg Friedrich Haendel (1 6 8 5 -1 7 5 9 ),
preocupado mais em com por do que em foi um dos grandes mestres do barroco. Con
divulgar sua obra. tribuiu m uito para o estudo da polifonia na
música desse período. Sua obra mais conhe
cida é Hallelujah (Aleluia), parte integrante
do oratório Messiah. A música de Haendel é
popular até hoje.
Ópera e Oratório m iO i
Durante o período da produção barroca
surgem as primeiras óperas e a orquestra se
organiza em definitivo. Dafne (1597), com
posta por Jacopo Peri, baseada em uma Cantata #33
narrativa mitológica grega, pode ser conside
rada a primeira ópera. O estilo cênico-musi- O século XVIII é considerado a época
cal, a partir daí, contribui para o surgimento do baixo contínuo: instrumento (grave) man
da figura do solista. tendo uma melodia base do começo ao fim .
c iru rg iã o . E studou em H alle, onde te v e
uma base cultural m uito fo rte , o que logo
se m ostrou evidente em seu tale nto para
música criando em seu pai grande fru s tra
ção, pois o queria jurista.
Hallelujah, movimento mais conhecido do oratório Messiah de Cena do filme Farinelli, 1994, mostrando os castratis e sua
96 7
0 fim do século XVII foi m arcado por mente aos conceitos clássicos, com grande
um grande avanço cie n tífic o e so cio cu ltu - exatidão técnica. Colunas e fro ntõ es, abó
ral. Todas as áreas do co n hecim ento fic a badas e arcos, fris o s decorados com bai-
ram em evidência. Foi lançado o prim eiro xos-relevos. Eram encomendas da alta bur
D ic io n á rio de A rte s e C iências, na Ing la guesia que ostentava riqueza e poder.
terra, sob a direção de Ephrain Cham bers,
reforçando o espírito inte lectua l da época.
Nesse cen ário os va lo re s h u m a n is ta s , a
inspiração cien tífica e m udanças políticas
deram vida ao espírito neoclássico.
Neodassicismo
N e o c la s s ic is m o fo i um m o v im e n to
a rtís tic o e c u ltu ra l que se d e s e n v o lv e u
na Europa, e sp e cia lm e n te na França, no
final do século X V II. Inspirado nas form as
greco-rom anas, renunciou às estruturas do
Barroco (dram ática, su b je tiva , exagerada,
te o c ê n tric a ) e do R ococó (m u ito e x u b e
rante) e buscou inspiração nos princípios
estéticos da A ntiguidade Clássica (racional,
equilibrada, antrop ocê ntrica).
1 ;
A perfeição do Neoclassicismo pode ser
vista no quadro anterior, em que Jacques-
Louis David (1748-1825) representou deze
nas de pessoas. Cada uma delas foi retratada
com o seu rosto verdadeiro, de forma veros
símil, como uma fotografia. Seus temas pre
diletos eram relacionados à história e à nar
rativa greco-romana. Representou as figuras
da sua época, especialmente Napoleão Bona
parte: deixou-se inspirar por esta figura mítica,
retratando-a durante toda a sua vida.
Pintura Neodássica
Coroação de Napoleão, Jacques-Louis David, 1808, O Juramento dos Horácios, Jacques-Louis David, 1784,
6,21 x 9,79 m, Museu do Louvre, Paris óleo sobre tela, 330 x 425 cm, Museu do Louvre, Paris
A pintura O Juram ento dos Horácios,
na página anterior, apresenta um caráter tea
tral, onde os soldados juram defesa à pátria.
A cena ocorre num ambiente romano, que
pode ser identificado pelos arcos que o ador
nam. A posição dos personagens apresenta
rigor, coragem e determinação. É conside
rada uma das-obras-primas do autor.
A grande odalisca, Ingres, 1814, óleo sobre tela, 91 x 162 cm, Museu do Louvre, Paris
A forma como o artista trata a cor e os
outros elementos que compõem a imagem
(.Apoteose de H om ero) dignificam a obra e
o autor. O rigor das linhas e a postura dos
personagens enchem o plano artístico de
lirismo e despojamento. O tem plo ao fundo
acrescenta ainda mais elegância e charme
à pintura. O equilíbrio e a harmonia ce rtifi-
cam-na como um dos maiores exemplos de
arte clássica.
Escultura:
Integraram a missão:
Joachim Lebreton:
Pintor, líder e responsável;
Charles de Lavasseur:
A rquiteto;
A ugust Marie-Taunay (1 7 6 8 -1 8 2 4 ):
Escultor;
François Ovide:
Mecânico;
102
A .. ^ pW7»
. X K.
A d ife re n ç a p e rc e p tív e l e n tre as H enry C ham berlain, resum e bem as m a r
representações do enterro de um homem cas do p in to r - um p a is a g is ta fra n c ê s
e de uma m ulher, am bos negros, reside pouco a fe ito à e scravidã o, em busca da
no fa to do co rte jo da prim eira ser unica beleza dos tró p ic o s . Foi nom eado p ro
m ente de m ulheres, à exceção dos ca r fesso r da Escola Real de C iências, A rte s
regadores, do m estre de cerim ônias e do e O fício s, cargo que não chegou a o c u
acom panhante ao tam bor. par e fe tiv a m e n te . Realizou de co ra çõ e s
na cid a d e do Rio, na a cla m a çã o de D.
Mais tarde, outros artistas estrangei João VI.
ros, com o A ugu ste e A n to in e Taunay e
Johann M oritz Rugendas (1 8 0 2 -1 8 5 8 ) são A partir desse m om ento form am -se
atraídos para a Escola de Belas A rtes. vários pintores brasileiros, dentre os quais:
Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879)
e Rafael M endes Carvalho (1 8 1 7 -1 8 7 0 ),
retratistas de personalidades da época.
Romantismo
jGrande hazana! jCon muertos!, Francisco Goya A obra M o rtla k e Terrace representa
um a cena ao e n ta rd e c e r, no in íc io do
verão, às margens do rio Tâmisa. As árvo
res altas em sequência criam uma noção
de p e rsp e ctiva ; as luzes são por elas f il
tra das. Poucas personagens presenciam
tal cena. Um pequenino c a ch o rro sobe
no parapeito para apreciar as águas, que
deslizam le n ta m e n te . Tudo, e n fim , c o la
bora para que o artista, fascinado pela luz,
possa representá-la em toda sua plenitude,
iQ ué hay que hacer mas?, Francisco Goya suavidade e beleza.
Não se pode deixar de ressaltar a impor Grandes representantes da música romântica:
tância de John Constable(1776-1837) Notá
vel paisagista inglês. Seu naturalism o sin Frédéric Chopin; Giusepe Verdi; Richard Wagner;
cero re fle te ta n to a paz e a serenidade Claude Debussy.
como as atmosferas instáveis. Usa a cor de
forma vivida e com muita liberdade, o que Esses autores criaram com posições
provoca a admiração dos im pressionistas para pe q u e n o s a m b ie n te s , com e s tilo
franceses. São famosas as suas paisagens pessoal e em ocional.
com a Catedral de Salisbúria ao fundo, fei
tas a partir de diferentes pontos de vista e Teatro Romântico
com diferentes iluminações.
O romantismo teatral surgiu na Alema
nha, nas últim as décadas do século XVIII.
Johann W olfgang von Goethe (1749-1 832)
foi o responsável pela literatura inspiradora
da geração rom ântica. O sentim entalism o
romântico, o escapismo e o suicídio movem
o espírito dessa geração.
Tomás - É verdade que o leitão era dele, Tomás, tomando o leitão - Sim senhor.
porém agora é meu.
Juiz - Podem se retirar, estão conciliados.
Sampaio - Mas se era m eu, e o senhor
nem mo com prou, nem eu Iho dei, com o Com M artins Pena a gente brasileira
pode ser seu? se apresenta e exige seu lugar. E o fez
com tan ta autenticidade que merece, de
Tomás - É meu, tenho dito. Sílvio Romero (notório jornalista e crítico
literário da época), a observação de que a
Sampaio - Pois não é, não senhor. (A gar sua comédia é o painel histórico da vida do
ram am bos no leitão e puxam , cada um país, na primeira metade do século XIX.
para sua banda.)
Com o caminho aberto por Gonçalves
Juiz, levantando-se - Larguem o pobre Magalhães e M artins Pena, outros rom an
animal, não o matem! cistas e poetas interessaram-se pelo teatro,
Tomás - Deixe-me, senhor! por ser este o meio de com unicação mais
imediato. Cabe lembrar que, assim como a
Juiz - Sr. E scrivão, cham e o m e irin h o . televisão e o cinema são os grandes veícu
(Os dous apartam -se.) Espere, Sr. Escri los de comunicação atuais, o teatro, ju n ta
vão, não é preciso. (A ssenta-se.) M eus mente com a literatura e os jornais, eram
senhores, só vejo um m odo de con cilia r os grandes difusores de idéias.
Conhecendo os outros rom ancistas e suas Joaquim Manoel de Macedo, romancista:
características:
A u to r de A M o re n in h a , rom ance e s c ri
Gonçalves Dias (1a fase): to enqua nto estava em férias escolares
na cidade de Ita boraí, RJ. Foi adaptado
para o te a tro .
Deixa-se conduzir pelos valores universais
e não nacionais;
A característica do teatro de Macedo
é a sua total despreocupação de uma pes
Escreveu P atkull, B eatriz C euci e Leonor
quisa no cam po da fo rm a . C om o seus
de M endonça, te x to de m aior intensidade
te m a s e n c o n tra v a m acesso no p ú b lico
ro m ân tica;
médio, o autor não se sentiu no dever de
pesquisar uma form a própria e original. No
Não viu suas peças representadas.
entanto, seu estilo é de profunda pessoali-
dade, pelo encanto e pelo seu ritm o cons
Álvares de Azevedo: tantem ente adolescente.
A m ãe é uma peça e m o c io n a n te ,
com o ele dizia, para "fa ze r chorar sem
arrepiar". Alencar tam bém investe na pos
sibilidade de um segundo am or em sua Teatro de Ópera de Paris, Charles Garnier
criação, não que fosse contrário ao m ito
de um único amor.
independência ou Morte, mais conhecido como O Grito do Ipiranga, Pedro Américo, 1888, Museu Paulista
111
A segunda m e ta d e do sécu lo X IX O Realismo
fo i marcada por grandes tra nsfo rm açõ es
te c n o ló g ic a s e s o c ia is . As te o ria s f ilo A segunda fase da Revolução Indus
sófica s e c ie n tífic a s m udaram a direção tria l tro u xe a perspectiva das distinções
dos in te le c tu a is e a rtis ta s , que p a ssa entre capital e trabalho e da exploração do
ram a re p re s e n ta r o hom em e a s o c ie homem pelo homem.
dade da época em busca da sem elhança
com o real. Com o avanço te cn o ló g ico , a socie
dade muda seu foco e passa a pensar de
Os c o n ce ito s e sté tic o s e lite rá rio s form a mais objetiva, com propósitos mais
evocavam a racionalidade e tinham como fu n cio n a is do que e s té tic o s . A ideia de
fo c o as in ju stiça s sofridas pelo homem progresso é aliada ao pragm atismo.
com um , como operários e camponeses.
A e s té tic a realista representa uma
Longe dos apelos e excessos rom ân reação ao s u b je tiv is m o do ro m a n tism o .
ticos, os realistas pautavam seus trabalhos Sua ra d ica liza çã o rum o à o b je tiv id a d e ,
na verdade e nos conceitos que motivaram conjugada com as idéias da época, leva
os grandes conflitos políticos da época. As ao Naturalism o. M uitas vezes Realismo e
lutas sociais ganhavam tom radical. Naturalismo se confundem .
112
Na pintura, as obras privilegiam cenas Na te p id e z de seus to n s ocres e
cotidianas de grupos sociais menos fa v o m arrons, na sobriedade e dignidade das
recidos. O tip o de com posição e o uso fo rm a s hum anas, na palidez de sua luz,
das cores neutras e em tons cinzas criam M illet representa a integração entre seus
telas pesadas e triste s. As linhas propor pe rso n a g e n s e a n a tu re z a . Os c a m p o
cionam obras com um m ovim ento natural, neses ganham m a g n itu d e nas mãos do
condicion ado pela ação do personagem . hábil a rtis ta . Em sua obra A n g e lu s , faz
As perspectivas e volumes, bem como os alusão não só à vida dos tra balh ado res
contrastes de luz e sombra, sugerem natu do cam po com o tam bém traz conotação
ralidade e introspecção. religiosa. Esse quadro exprim e seu c o m
prom isso realista, pois nele m ostra dois
O fra n cê s G ustave C ourbet (1 8 1 9 ca m p o n e se s rezand o, dando graças a
1877) foi o grande expoente do Realismo. Deus pela colheita obtida através do suor
Dizia que nunca haveria de pintar um anjo, e do esforço de m uitos dias. Denomina-se
pois nunca havia v is to um. Para ele, a "A n g e lu s " a prática religiosa dedicada à
beleza estava na verdade. Imaculada C onceição, que acontece três
vezes ao dia - costum e habitual na Europa
A obra Os quebradores de pedra evi católica do século XIX.
dencia o tra balh o pesado dos operários.
Posteriorm ente foi considerada um m ani Outro grande e respeitado pintor é o
festo socialista, quando a sua intenção ori a rtista Édouard M anet (1 8 3 2 -1 8 8 3 ). Foi
ginal seria representar, afinal, apenas um c o n s id e ra d o o p re c u rs o r do Im p ressio -
trabalho miserável. nism o. Sua obra Um b a r em Folies Ber-
gère foi apresentada no salão de Paris, em
Ao lado de C ou rbe t, Jean-F rançois 1882. A pintura descreve uma cena típica
M ille t (1 8 1 4 -1 8 7 5 ) fo i um dos principais de um bar francês, onde os elementos que
representantes do realism o europeu. Sua com põem a cena (balcão, talheres, flores,
obra fo i uma resposta à e sté tica rom ân garrafas, etc.) criam um espaço triangular
tic a , exagerada e irracional, e deu form a que culmina no colo da personagem.
à realidade da vida p ro le tá ria : operários
e cam poneses. Na imagem refletida no espelho, o salão
é exposto de forma inversa, com as costas
da personagem em contraste com a elite.
Angelus, Jean-François Millet, 1858, Um bar em Folies Bergère, Édouard Manet, 1882 , óleo sobre
óleo sobre tela , 55 x 66 cm, Museu d'Orsay, Paris tela, 96 x 130 cm, Tate Modern National Gallery, Londres
A a rq u ite tu ra r e a lis ta fo i p a u A escultura realista não se preocupou
tada pelas necessidades geradas pelo cres com a idealização da realidade social. Ao
cimento industrial e tecnológico. As formas co n trá rio , procurou recriar os seres tais
valorizavam os conceitos de racionalidade com o eles são. D entre os e scu ltore s, o
e funcionalidade. Os m ateriais industriais que mais se destacou foi A uguste Rodin
promoviam construções mais práticas e de (1 8 4 0 -1 9 1 7 ) , cuja p ro d u çã o d e sp e rta
concepções mais instantâneas e seguras. m uita curiosidade e admiração.
Os ricos palácios e igrejas foram substituí
dos por fábricas, casas populares, escolas M u ito interessado pelas esculturas
e hospitais públicos, bibliotecas, ferrovias, de Donatello e Michelângelo, buscou uma
armazéns e outros. Em 1889, Alexandre expressividade naturalista dentro dos parâ
Gustave Eiffel (1 8 3 2 -1 9 2 3 ) levantou, em metros da época.
Paris, a Torre Eiffel.
Sesc Pompéia, São Paulo, Brasil O beijo, August Rodin, Museu Rodin, Paris
ppp '
j j B Q lim
pPkjk
' íÇ fTj t
- 1 ;K '. • li r
4 f
1
;i i |
I
1
m - P I ;..$. 4 1
F jp - - ... 'j §
Rb f l|nPPR(p E S ;
A porta do inferno, Auguste Rodin, cópia produzida através da matriz original. Universidade Stanford, Califórnia, EUA
Teatro realista
D en tre os p rin c ip a is d ra m a tu rg o s
do R ealism o te m o s A le x a n d re D um as
Filho (1 8 2 4 -1 8 9 5 ) - A dam a das cam é
lias, Henrik Ibsen (1 8 2 8 -1 9 0 6 ) - Casa de
bonecas, M áxim o Gorki (1 8 6 8 -1 9 3 6 ) - Os
pequenos burgueses e Gerhart Hauptmann
(1 8 6 2 -1 9 4 6 ) - Os tecelões. Nessas peças
o dram a social e a h ip o crisia da ordem
burguesa são colocados em questão.
Caipira picando fumo, 1893, José Ferraz de Almeida Júnior
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Realismo brasileiro
A obra de A lm e id a J ú n io r (1 8 5 0
Os acontecim entos que marcaram o 1899) acim a, retrata um tip o com um do
período são a crise do Império e o processo de interior brasileiro. Seus hábitos, costum es
urbanização. O realismo se desenvolve dentro e brejeirices estão e xp lícito s na imagem
desse contexto e mantém o foco de caráter que, com cores naturais e opacas, linhas
histórico, que aborda de maneira natural os predom inantem ente retas e profundidade
adventos da época. Os tipos sociais também real, resume o tipo de vida do protagonista
fazem parte de sua temática. do interior, em especial de Minas Gerais,
Goiás e São Paulo: o caipira.
O Realismo e a fotografia
A fo tografia pode ser definida como A morte do soldado legalista, próximo ao cerco de Muriano,
um processo instantâneo de captação de Robert Capa, Guerra Civil espanhola, 1936, Córdoba
imagens através da luz, fixando-a em um
papel fo tográfico ou a uma superfície sen
sível. Devido a essa técnica, os artistas rea
listas partiram para outras pesquisas estéti
cas e temáticas. Hoje, os meios digitais são
capazes de provocar a redução dos custos
e a melhoria nas imagens obtidas.
Cantora americana Lady Gaga Sebastião Salgado em exposição de seu livro África
No fin a l do século X IX , após uma imagem, numa brincadeira visual de grande
crise histé rica, um crítico de arte, ao se beleza. A luz e a cor apresentam-se como
opor à m aneira com o os a rtis ta s desen os elem entos p ro ta g o n ista s enquanto a
v o lv ia m suas ob ra s, bradou em a lto e linha perde sua im po rtâ ncia. A imagem
p e jo ra tivo to m : "estas são telas im p re s parece vibrar com energia e vigor.
sio n a n te s". A ssim ficaram conhecidas e
o te rm o "Im p re s s io n is m o ", que de pe jo Claude M onet (1 8 4 0 -1 9 2 6 ) é con si
ra tiv o não tin h a nada, to m o u fo rm a e derado um dos nomes mais im portantes da
nomeou o m ovim ento. pintura m undial. Ao lado de Paul Cézanne
(1 8 3 9 -1 9 0 6 ), valorizou a pintura de pai
A produção desses artistas era pau sagens, conferindo a ela a mesma im por
tada na relação de artes, ciência e na cap tân cia dos gêneros nobres, dos re trato s
tação dos efeitos efêm eros da incidência e das cenas h istó rica s. Para se te r uma
da luz, sobre os objetos e pessoas. ideia da dim ensão revolucionária de seu
tra b a lh o , desde o R enascim ento o tem a
Impressionismo central da pintura era a figura humana.
Ponte japonesa, Claude Monet, 1899, Galeria Nacional de Renoir, Almoço dos remadores (1880-1881),
Arte, Washington D.C. EUA óleo sobre tela, Phillips Collection, Washington
120
%%
A noite estrelada, Vincent Van Gogh, 1889, óleo sobre tela, Paul Gauguin (1848-1903), pintor de
73,7 x 92,1 cm, Museu de Arte Moderna, Nova Iorque origem francesa que praticava a pintura, em
sua fase inicial, como lazer. Mais tarde assu
A obra A n o ite estrelada fo i ela bo miu o ofício e, junto de grandes profissio
rada no período em que esteve h o s p ita nais da área, firmou-se como um dos maio
lizado e fixa o rom pim ento com o estilo res pintores do século XIX. Rejeitou a teoria
im pressionista, estabelecendo um marco impressionista do efeito momentâneo que a
em sua produção. luz produz sobre os objetos e partiu para a
pesquisa de cores e simplificação das formas.
No Q uarto em A rie s o a rtista apre A natureza recebia um versão simbólica.
senta características inquietantes: cores
fo rte s, m uitas linhas na diagonal, os qua A p re se n ta va um ca rá te r p rim itiv o .
dros d ista n te s da parede e m óveis d is Usava cores m uito fortes e saturadas, que
postos de form a desorganizada. A luz é eram colocadas na tela de form a arbitrária.
intensa e difusa. Tudo parece confuso e As linhas eram precisas na demarcação da
indefinido. Há um paradoxo entre a esté form a, mostrando uma forte influência das
tica e o objetivo de um quarto. gravuras japonesas.
De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?, Paul Gauguin, 1897,
Museu de Belas-Artes, Boston, EUA
Autorretrato, Vincent Van Gogh, setembro de 1889, óleo sobre tela, 65 x 54 cm, Museu d'Orsay, Paris
Havia em G auguin um din am ism o Paul Cèzanne (1 8 3 9 -1 9 0 6 ), p in to r
gracioso, obtido através de linhas curvas, francês, cujas obras e idéias foram influen
que tornavam as form as sensuais. Buscou tes no desenvolvim ento estético de m uitos
transcender o imaginário humano, através artistas do século XX e nos m ovim entos
de sentim entos profundos e espiritualidade de arte, especialm ente na A rte C ubista.
aflorada. Tais características preconizaram Para ele, as form as deveriam ser represen
a A rte Fauvista do início do século XX. tadas a partir de perspectivas geométricas
básicas: cubos, esferas e cilindros.
A tela De onde viemos? O que som os?
Para onde vam os? foi pintada em apenas Cézanne foi mal compreendido e desa
um mês. Da direita para esquerda é pos creditado pelo público durante a maior parte
sível notar uma evolução da vida humana: de sua vida. Cresceu fora do Im pressio-
começando com uma criança no canto, um nismo e, eventualmente, desafiou todos os
adulto ao meio, em contato com o conhe valores convencionais da pintura, através
cim ento, e no outro extrem o uma anciã. de sua insistência na expressão pessoal e
da integridade da própria obra. C ultivava,
sobretudo, a paisagem e a representação
de naturezas m ortas, mas tam bém pintou
figuras humanas em grupos e retratos. Ele
é chamado de "o pai da pintura moderna".
Paisagem com tamanduá, Frans Post, óleo sobre madeira, Inoportuno, Almeida Júnior, óleo sobre tela, 1898,
1660, 56 x 79 cm. Coleção Assis Chateaubriand 145 x 97 cm, Pinacoteca do Estado de São Paulo
A rt Nouveau
Os m a te ria is e s tã o re la c io n a d o s
com a in d ú s tria e há um e n te n d im e n to
entre produção fa b ril e artesania.
Parque Güell, 1900-1914, Gaudi, Barcelona, Espanha Casa Tassel, Victor Horta, 1892-1893, Bruxelas, Bélgica
128
Os princípios básicos dessa corrente foram :
• V a lo riz a ç ã o da fo rm a em co n s o n â n c ia
com a fu n ç ã o ;
• Uso da o rn a m e n ta ç ã o c o m o e n riq u e
c im e n to da c o n s tru ç ã o ;
• U tiliz a ç ã o de m a te ria is e té c n ic a s
m ais c o n v e n c io n a is ;
• C riaçã o de c id a d e s -ja rd im .
130
Arte do Século X X Van Gogh, Cézanne, Gauguin. Estes foram
fundam entais para a criação de estéticas
O ecletism o é a principal caracterís m odernistas das vanguardas europeias.
tica da arte do século XX. M otivados pelos
acontecim entos da época, os conflitos de Expressionismo
ordem filosófica, política e social direcionam
os m ovim entos e a ordem (ou desordem) M ovim ento artístico de grande enga
vigentes nesse período para o contexto polí jam ento político e social, que originou-se
tico-social. Talvez, e por ironia, a falta de em Dresden, na A lem anha, no início do
definição da estética de então venha a ser a sé cu lo X X . A p re s e n to u -s e co m o uma
própria definição em si. Diversos projetos e oposição ao caráter cie n tífico do Impres-
propostas subsequentes ou concomitantes sionism o, que objetivava a representação
surgem e ditam rumos independentes. da luz natural e não se preocupava com
acontecim entos sociais.
Realidades ou sentim entos exacerba
dos contracenam com linguagens científicas Norteados pelos sentimentos humanos,
e filosó ficas. Essas diferentes realidades os protagonistas de tal m ovim ento criam
ditam as normas que não existem: aí está a obras com grande apelo emocional.
beleza e a sedução da arte modernista.
Na pin tura recorrem à deform ação
O século XX fo i m arcado por uma da imagem, ao uso de cores densas que
grande evolução nas diversas áreas cien ressaltam o imaginário do autor e ao dina
tífic a s e c u ltu ra is . Crescem tam bém as m ism o in q u ie n ta n te , re a lça n d o , assim ,
disputas políticas e sociais, em busca de toda a angústia, a dor, o amor exacerbado
conquistas de ordem financeira e política. e o ódio doentio do artista.
A c e n tu a m -s e as d ivisõ e s de classe na
sociedade. Com tudo isso, grandes c o n fli Van G ogh a lim e n to u , com suas
tos ideológicos aconteceram , provocando pinceladas grossas de aspecto trá g ico e
desespero e a m orte de m uitos inocentes. e m o cio n a l, as produções p ic tó ric a s do
Esses e ve n to s fo m e n ta ra m a produção período, configurando-se como precursor
a rtística e cu ltu ra l da época, na qual os do Expressionismo.
a rtis ta s se po sicio n a ra m de fo rm a vee
m ente diante dos acontecim entos. Jun to Algum tem po depois da form ação do
com esse processo dinâm ico de m udan Die Brücke (A Ponte), os representantes
ças, a arte tam bém se posiciona com a deste grupo artístico alemão uniram-se ao
mesma versatilidade. Der B/aue Reiter (O Cavaleiro Azul), grupo
de tendência a b stra cio n ista , que grande
No início do século, Paris é a capital influência teria na pintura contemporânea.
artística do mundo, onde tan to escritores,
com positores e artistas franceses quanto Edward Munch ( 1 8 6 3 - 1 9 4 4 ) , p in
estrang eiro s se en co n tra m . E, aí, entre to r e g ravad or, apresentou as angústias
1901 e 1 9 0 6 , acontecem várias e xp o si e x is te n c ia is do ser h u m a n o em suas
ções abrangentes, que exibem obras dos obras. O h is tó ric o de vida do a rtis ta foi
a rtis ta s p ó s-im p re ssio n ista s, ta is com o m u ito tu rb u le n to e isso m a rco u a sua
p ro d u çã o . "Eu não posso me d e sfa ze r
de m inhas enferm idad es, pois há m uita
coisa em m inha arte que só e x is te por
causa d e la s ", dizia ele. 0 que ju s tific a
essa fala é que perdeu a mãe aos cinco
anos e, m ais ta rd e , a irm ã que era re s
ponsável pela sua educação. "A doença,
a lo u c u ra e a m o rte fo ra m os a n jo s
negros que vela ram sobre meu b e rç o ",
escreveu o p in to r norueguês.
T o d o o seu d ra m a p e s s o a l fic a
re g istra d o em suas p in tu ra s e gravuras.
O G rito , sua obra m á xim a , e x p lic ita a
solidão, o medo e a dor. As cores in te n
s ific a m a a n g ú s tia re p re s e n ta d a pelo Cinzas, 1894, Munch, óleo sobre tela, 120 x 141 cm
p e rs o n a g e m em p rim e iro p la n o . Seu
ro sto im pessoal relata os medos e inse A m bas as obras de M unch estão na
g u ra n ç a s de to d a s as pessoas d ia n te Galeria de O slo, na Noruega.
das adversidades.
Na obra C inzas, o a rtis ta m antém
M unch, com suas pinceladas in te n o dram a mas e n fo c a o u tro te m a . Nele
sas e tem áticas de fo rte te o r psicológico, os a sp ecto s socia is refere nda m o s o fr i
to rn o u -s e uma das p rin cip a is fo n te s do m ento dom éstico. Percebe-se na posição
m o vim e n to exp re ssio n ista alem ão. do person age m em p rim e iro plano um
a c e n tu a d o d e s o la m e n to que se re fle te
em sua provável com panheira ao fu n d o .
A o p o s iç ã o c ro m á tic a e v id e n c ia ainda
m a is esse c o n flito . A d ia g o n a lid a d e
das pedras ind ica uma p e rs p e c tiv a e o
a m b ie n te , no ú ltim o pla n o , re p re se n ta
uma tenebrosa flo re s ta , arrem atando os
se n tim e n to s d e scrito s.
Egon S chiele (1 8 9 0 -1 9 1 8 ), fo i um
p in to r a u stría co de grande im p o rtâ n c ia
para o ce n á rio a rtís tic o de sua época.
Polêm ico pelo erotism o de grande parte
de sua coleção, registrou o espírito s o li
tário e atorm entado do ser humano. Con
seguiu um e stilo independente, no qual
suas linhas irregulares sugeriam os esta
dos psicológicos e espirituais do homem
diante dos a co n te cim e n to s que o cerca
vam , valorizando uma estética fo rte e ins-
tig a n te . Ressalta a im po tên cia e as lim i
O grito, 1893, Edvard Munch, têmpera e pastel sobre cartão tações humanas. A partir da deform ação
Galeria Nacional, Oslo, Noruega visual exorciza os m edos, angústias e a
solidão que ele próprio protagoniza.
132
~ ~ i- m --
/ - 4 & f r ' i
’* i r * ' ç ,i * f
134
0 alongam ento dos corpos, as expressões
de elegância e, ao mesmo tem po, de des
dém , as cores bem saturadas e tu d o o
mais, reforçam o caráter expressionista do
trabalho desse artista.
Fauvismo
O riu n d o do e s tilo Im p re s s io n is ta ,
André Derain (1880-1954) valorizava o uso
da cor pura na criação de obras de cará
ter prim itivo. Exímio colorista, usava seu
talento e evocava um plasticism o estético
que provoca grande prazer visual. Longe
das expressões dramáticas, dialogava com Les demoise/les d ’Avignon, Pablo Picasso, 1907, óleo sobre tela,
a beleza e a simplicidade. 243,9 x 233,7 cm, Museu de Arte Moderna, Nova Iorque
Cubismo
Máscara africana
0 m arco inicial do C ubism o fo i em
Paris, com a tela Les Demoise/les d ’Avignon, O Cubismo dividiu-se em duas fases:
em 1 9 0 7 , obra de Pablo Picasso (1 8 8 1
1 9 73). O rientado pelo estudo de m ásca Cubismo Analítico: geometrização e o
ras e esculturas africanas e pela natureza- desmembramento da forma com o uso pre
morta de Cézanne, o artista espanhol criou dominante das cores terrosas.
Todas as faces de um ob jeto eram
representadas em um mesmo plano, sem
usar o recurso da perspectiva. É com o se
ele estivesse aberto e apresentasse todos
os seus lados no plano fro nta l em relação
ao espectador.
137
Pablo Picasso
A Fase Rosa (1 9 0 5 - 1 9 0 7 ) é c a ra c
terizada por um e stilo m ais alegre, com
Autorretrato, 1901, Picasso, Museu Picasso, Paris as cores rosa e laranja e m uitos arlequins,
personagens de circo que têm com o obje
A rtis ta polêm ico e de grande reper tiv o levar alegria às pessoas. Apaixonado,
cussão mundial, teve sua obra marcada por m uitas das pinturas desse período foram
fases distintas relacionadas com sua vida in flu e n c ia d a s por Fernande O liv ie r, sua
e com características bastante ecléticas. modelo e seu amor na época.
Os seus prim eiros anos em Paris foram de
m uitas dificuldades de ordem econôm ica.
Neles suas tela s são m arcadas por im a
gens que denotam triste za, isolam ento e
solidão. Sua paleta, quase m onocrom ática,
enche as telas de ton s som brios e triste s.
Ficaram co n h e cid o s com o "Fase A z u l",
devido a essa sobriedade.
Pablo Picasso (1881-1973) Os amantes, 1923, Picasso, óleo sobre tela, 130 x 97 cm
138
Mulher chorando, Picasso, óleo sobre tela,
60 x 40 cm, 1937, Tate Gallery, Londres
Guernica, Picasso, 350 x 782 cm, Museu da Rainha Sofia, Madri, Espanha
Um dos quadros mais fam osos de Pablo Picasso foi realmente um artista
Pablo Picasso é Guernica (página anterior), de m últiplas habilidades. Em meados do
que faz referência à Guerra Civil Espanhola século XX, resolveu recriar obras de gran
(1936-1939). O artista ficou revoltado com des m estres. Uma delas foi o A lm o ço na
o massacre de milhares de civis pelas tropas Relva, de Manet. A partir da visão cubista o
alemãs. Só então interessou-se por política. artista fragm enta as formas e traduz a obra
A partir daí, passou a militar, usando, como (coluna anterior) em tons frios.
bandeira, suas obras e o respeito que adquiriu.
As imagens do episódio são utilizadas como Futurismo
base para a construção do painel, que mede
3,50 x 7,82m e foi colocado na frontaria do Movimento artístico e cultural que teve
pavilhão espanhol da Exposição de Paris de origem na Itália, oficialmente em 1909, com
1937, dedicada ao progresso e à paz. o M anifesto Futurista de Filippo M arinetti
(1 8 7 6 -1 9 4 4 ). Seus artistas exaltavam a
Na análise da obra, percebe-se que velocidade e o movimento. Através de linhas,
o artista faz uso da técnica de colagem e cores e luzes, representavam a dinamicidade
também da geometrização da forma, ambas do mundo moderno. Para eles o objeto não se
características do Cubismo Sintético. esgota no contorno da forma, mas coexiste
com diversos fatores da sociedade tecnoló
As cores são sombrias e há deform a gica. Pretendiam libertar a arte de todas as
ção visual nas imagens representadas, o que amarras históricas e promover a celebração
remete às características expressionistas. do mundo moderno. Buscavam dar vazão aos
elementos tecnológicos, suas representativi-
dades e repercussão onde estavam inseridos.
O foco dos artistas não estava no objeto em
si, mas em suas referências estéticas.
140
A p a rtir das c a ra c te rís tic a s do qua
dro ao lado, Boccioni m ostra com clareza
a a p o lo g ia à m o d e rn id a d e : a m á q u in a ,
a v e lo c id a d e , a luz. A sob re p o siçã o de
cores e fo rm a s , bem com o a sequência
de linhas, con fere m m u ito dinam ism o à
cena. A alusão ao ruído e sua sensação a
partir da imagem corroboram com os pro
pósitos dos a rtis ta s fu tu ris ta s , que pres
tavam uma reverência à m odernização e
A carga dos lanceiros, Boccioni, óleo sobre tela, à tecnologia.
Coleção Jucker, Milão
Abstracionismo
Em 1 9 1 1 /1 2 , Boccioni e Baila, na te n
ta tiva de representar o m ovim ento e a luz, O m ovim ento artístico abstracionista
produzem obras totalm ente abstratas. surgiu na Europa, no início do século XX.
Atribui-se ao artista russo Wassily Kandinsky
(1866-1944) a criação de tal estética.
Batalha naval, 1913, Kandinsky, 140 x 120 cm Legend o f the NHe, Paul Klee, 1937, pastel sobre tela de
National Gallery of Art, Washington algodão montado em pano de saco, 69 x 61 cm
142
ser supérfluo em sua obra, que terá influên
cia na arquitetura e no design moderno.
Composition with red, yellow, blue and black, 1921, Piet Mondrian,
óleo sobre tela, 60 x 60 cm, Gemeentemuseum, Holanda
144
Porta-garrafas, Duchamp, 1964, 66 cm de altura,
Milão, Galeria Schwarz
Pintura metafísica
149
A o b ra d e sse s a r tis ta s e stá i n t i
m am en te re la cio n a d a com a re vo lu çã o
m exicana de 19 1 0 e os ideais de ju stiç a
so cia l. O program a de p in tu ra s m u rais,
narrando a h is tó ria do país e e xa lta n d o
o fe rv o r re volucion ário do povo, adquire
lugar destaca do no p ro je to e d u ca tivo e
c u ltu ra l do período.
Diego Rivera
150
Kahlo era muito intensa. Os dois partilhavam A ssim , um grupo de com positores
suas afinidades artísticas e políticas. reunidos em Viena, a partir das necessida
des emergentes da sociedade e do mercado
cultural, redimensionou o fazer artístico e a
produção musical, negando os pressupostos
teóricos acerca das tradições tonais.
O final do século XIX foi marcado por Frédéric Chopin, compositor romântico
fortes mudanças também na música. A indus
trialização ditava novas normas e maneiras de M uitos desses com positores rom ânti
trabalho, exigindo maior especialização. Os cos tinham interesse claro nas artes visuais.
músicos da época assumiram novo papel e Em m uitas de suas criações encontra-se a
a produção musical passou a ter um caráter presença clara de inspiração em pinturas
industrial: bem de consumo e mercadoria. ou poemas.
"Minha terra tem palmeiras onde canta o Principais características da música romântica;
sabiá. As aves que aqui gorjeiam não gor-
jeiam como Lá" Maior liberdade na criação com as emoções
mais livres, dando ênfase também à fantasia e
Canção do Exílio, Gonçalves Dias imaginação.
Música do século X X
A s s im , e n q u a n to a m ú s ic a dos
períodos anteriores era caracterizada por
um único estilo, agora desenvolvia-se de
form a mais personalizada, form ada a par
Mãos em momento de graça tir de vária s e c o m p le xa s te n d ê n c ia s e
conceitos m usicais, apesar de possuírem
um viés com um , que era a aversão pelo
caráter rom ântico.
153
A Idade Contemporânea está marcada, As produções a rtís tic a s tom am as
de maneira geral, pelo desenvolvim ento e ruas, d ia lo g a m , d ive rg e m ou re fo rça m
consolidação da ordem burguesa. Guerras, os valores contem porâneos. Na verdade,
revoluções, crises econôm icas, avanços essa diversidade de linguagem que m es
te cn o ló g ico s, crescim ento urbano fazem cla os conceitos e técnicas, é, ao mesmo
parte do imaginário do homem atual. tem po, contraditória e independente. Cria
uma verdade "c o n c re ta ", tã o a b soluta
O grande fluxo de acontecim entos e quanto o m undo, a vida, os seres e tudo
a rapidez como tudo acontece reflete nas mais: é a arte pela arte.
artes e na produção industrial. O avanço
da ciência é um dos esto pins de todas Op A rt
essas transform ações.
O term o "Op A r t" é uma abreviação
A arte acompanha o ritm o das trans de Ó ptica/ A rt, que sign ifica arte óptica.
form ações e, de form a fre n é tica , cria e Surgiu nos anos 1 9 6 0 , sim ultaneam ente
recria conceitos e estéticas, apresentando nos Estados Unidos e Europa.
afinidades que aparelham com conceitos
p rim itivo s, subjetivos, racionais, político- Caracteriza-se pela conjugação de for
sociais e tecnológicos. mas geométricas e cores planas, que são
colocadas de uma maneira tal em um plano
A Arte Contemporânea que o observador tem a impressão que estão
em pleno dinamismo. Proporciona, também,
A arte contem porânea acontece na ao espectador uma sensação de volum e
segunda metade do século XX, logo após e profundidade m uito significativa. Utiliza
o fim da Segunda Guerra M undia l, e se cores que dão a sensação de imensos con
prolonga até a atualidade. O que a carac trastes, além de diversos níveis de ilumina
teriza é o ecletism o e sté tico e te m á tic o , ção, explorando a criação de formas virtuais
uma ampla disposição para a experim en e efeitos ópticos criativos e sedutores.
ta ç ã o , levando os a rtis ta s a realizarem
um a v e rd a d e ira fu s ã o de lin g u a g e n s , B astante s is te m á tic a , conjuga um
m ateriais e tecn olog ias. racionalism o form al com um aos modelos
c ie n tífic o s . E n tre tan to, suas p o s sib ilid a
Os a rtis ta s prota g o n iza m uma p ro des parecem ser tão ilim itadas quanto as
dução rica e d ive rsifica d a . Nessa época da ciência e da tecnologia. São imagens
queriam e xp e rim e n ta r novas fo rm a s de m uito atraentes, curiosas e divertidas.
e x p re ssã o , no vas té c n ic a s , m e to d o lo
gias e s ig n ific a d o s , eq u ip a ra n d o -se ao Em 1965, foi organizada a primeira
progresso. M udam -se, po rta n to , os para exposição da Op A rt, no Museu de A rte
digm as esté ticos. A profundam -se as pes Moderna de Nova Iorque. Os artistas que
quisas e discussões. A arte vai além de dela participaram foram : V ic to r Vasarely
seu in tu ito esté tico , m ergulha no mundo (1906-1997), Alexander Calder (1898-1976),
c ie n tífic o , além do so cia l e in tim is ta . Richard Anusziewicz (1930), Bridget Riley
Romper, recriar e inovar são palavras de (1931), Ad Reinhardt (1913-1967), Kenneth
ordem para os artistas do pós-guerra. Noland (1924-2010) e Larry Poons (1937).
A partir de elementos gráficos sequen
ciais, form as geom étricas e linhas que se
sucedem, a imagem é criada e valorizada
pela dinâmica que gera. Os elementos de
caráter científico acontecem pela sucessão
de formas, que produzem um belo e interes
sante efeito ao olhar. Sua arte foi divulgada
e respeitada por todo o mundo.
Pop A rt
155
Seu c o n c e ito sugere um debate com a
produção intelectual da época. Surgiu nos
Estados U nidos, em 1 9 6 0 , e alcançou
grande repercussão pelos dem ais países
e continentes. Dialoga com o espectador
através de códigos e símbolos extraídos da
cultura de massa, dos elem entos produzi
dos e consum idos em série.
Expressionismo Abstrato
Fotorrealismo/Hiperrealismo
O H iperrealism o ou Realismo F o to
g rá fic o é uma té c n ic a de p in tu ra e/ou
escultura que procura m ostrar uma im a
gem com bastante de ta lh a m e n to . A p re
senta grande exatidão de detalhes, que
confere uma qualidade visual fa n tá s tic a ,
culm inando em obras "m ais reais" do que
a própria realidade. U tilizando tem as do
cotidiano, essa técnica se expandiu para
Performance, Yves Klein, acompanhada por orquestra e
outros continentes e com o avanço te cn o
observada por audiência.
lógico ganhou dimensões inimagináveis.
tou arranha-céus e outros temas. Conheceu
glória e prestígio, sendo considerada uma das
maiores artistas americanas de seu tempo.
........
Suas ob ra s fo ra m e s c u lp id a s em
pedra, madeira e metais. As form as eram
orgânicas e prom oviam uma grande intera
ção com o espectador. Os tem as estavam
relacionados aos corpos masculinos e fem i
ninos e ligados aos sentim entos de raiva,
traição e até mesmo de m orte. Abordava
principalm ente a necessidade de proteção
e alim entação do ser humano.
165
A ssim com o na Europa e nos Esta 0 Brasil passou por profundas m odi
dos Unidos, a arte do século XX no Brasil ficaçõ es sociais, políticas e econôm icas
ganha dim ensões inesperadas. Os o b je no início do sécu lo X X . A in d u s tria liz a
to s a rtís tic o s são e clé tico s em to d a s as ção e a chegada de im igrantes europeus
suas dim ensões e e stilo s. davam uma nova versão à sociedade do
país nesse período.
Os p ro ce sso s de p ro d u ç ã o e stã o
conectados aos valores e conceitos vigen E n tre ta n to , o te rre n o a rtís tic o , no
tes. O discurso varia de acordo com as âmbito formal, não caminhava com a mesma
estimulações de ordem política e social. As velocidade. Um grupo formado por artistas e
vanguardas europeias dividem as opiniões intelectuais brasileiros que estudavam fora
e, assim , grupos d is tin to s são form ados, do Brasil foi influenciado por essas transfor
proporcionando ainda mais dinam ism o e mações mundiais e adequou-as ao contexto
vigor à produção da época. Sendo um país brasileiro. O tenentism o, fundação do PCB,
de dimensões generosas, também generosa Coluna Prestes, críticas ao sistem a oligár-
é sua arte. quico, greves e a luta pelo vo to fem inino
marcaram o momento em que surgiam essas
Arte Moderna e novas modalidades estéticas. A estética fo r
Contemporânea no Brasil mal era o objeto a ser contestado.
166
fre q u e n te s entre seus tem as re tra ta d o s. A nita M a lfa tti (1 8 8 9 -1 9 6 4 ) fo i um
A ssim , seu acervo é rico de fo n te s ins- elemento aglutinador entre os artistas van-
piradoras, de brados sociais e p o lític o s , guardistas. Locou um espaço no M appin
e representa um m arco h is tó ric o para a Stores, na rua Libero Badaró, e, em 12 de
expressivida de e sté tica brasileira. dezembro de 1917, realizou uma única apre
sentação de seus trabalhos. Foi um desastre
total. Monteiro Lobato, que havia ido à expo
sição, escreveu uma crítica para o jornal na
qual, ao mesmo tempo em que reconhecia
o talento da artista, discordava veem ente
mente de sua forma de representação. Con
servador, Lobato tinha sérias reservas às
inovações estéticas.
168
V íc to r B recheret fo i um a rtis ta que Di Cavalcanti foi um dos idealizadores
remodelou o aspecto e o tema da escultura da Semana de A rte Moderna e é uma refe
brasileira. Italiano de origem , era paulista rência im portantíssim a para todo o grupo
de coração. O conjunto de sua obra é mar m odernista. O universo de Di C avalcanti
cado por angulações sensuais que remetem singulariza-se na cor, na alegria, no povo
à geometrização cubista. Foi estudante no e nos elementos da natureza.
Liceu de Artes e Ofícios de Sâo Paulo, onde
adquiriu seus conhecim entos sobre entalhe C om fre q u ê n c ia , re p re s e n to u em
e desbaste de m ateriais, que resultariam sua p in tu ra flo re s , fr u to s e a lim e n to s ,
em belas form as. com m u ita n a tu ra lid a d e e beleza. Nas
paisagens, destaca-se o tro p ica lism o pró
Participou da Semana de Arte Moderna prio do país: cenas do su b ú rb io , do lito
de 1 9 2 2 , e xp ond o v in te e s c u ltu ra s no ral, dos m o rros, tu d o com m u ito lirism o ,
saguão e nos corredores do Teatro M u ni cor e fre s c o r.
cipal de São Paulo.
A p a ix o n a d o p e la s m u la ta s , d e d i
c o u -s e a re p re s e n tá -la s com b a s ta n te
sensualidade. Suas fo rm a s curvilín ea s e
volu m osa s são re presentadas a ltru ís tic a
e g ra c io s a m e n te . São dam as, p r o s titu
ta s , jo v e n s ou não, mas to d a s belas e
g u e rre ira s. Seus te m a s a p rese nta m um
c a rá te r re a lis ta e são v o lta d o s à c o n s
tru ç ã o da id e n tid a d e na ciona l. As cores
e fo rm a s dão v u lto ao desejo e anseio
do a rtis ta .
Monumento às Bandeiras, Victor Brecheret, escultura em granito. 51 x 70 cm, 1941, coleção particular
170
_
criança, Tarsila gostava de acompanhar seus Depois de uma viagem à Rússia, com
irmãos mais velhos nas pescarias no riacho, um olhar ainda mais politizado, pintou o qua
que consistiam em pegar os peixes, não com dro Operários, que deu origem a uma fase
varas, mas com peneiras. A cada pesca uma de alto engajamento, em que chegou a ser
circunstância festiva se formava. Mais tarde, presa por causa de suas idéias políticas.
a artista faz alusão a esse tempo através de
suas obras, dentre elas O Pescador. O apelo visual agora estava relacio
nado aos conceitos sociais próprios das
A n tro p o fa g ia se to rn a uma palavra grandes m etrópoles, à industria e à vida
chave para os novos conceitos estéticos operária. A nalisou de form a b rilh ante a
e literários que viriam. Marca um caminho subserviência do homem moderno aos fe i
novo para a arte brasileira. Significa, dentro tos e mandos dos avanços tecnológicos.
da perspectativa cultural, que o artista deve
ria engolir certas inspirações estrangeiras,
digerí-las e transform á-las em uma versão
nacionalista e abrasileirada. Para Tarsila, a
fase antropofágica marcou uma expansão
de pesquisas e um florescim ento visual.
172
- mm
174
para o h a ll da sede da ONU (Organização o andam ento da obra, visto que o artista
das Nações Unidas), em Nova Iorque. O sofria intoxicação pelo chumbo contido no
suporte utilizado foi madeira compensada material. Contrariando indicações médicas,
naval e tin ta a óleo, o que com prom eteu Portinari seguiu adiante.
Painéis Guerra e Paz, Cândido Portinari, 1952-1956, 14 x 10 m, aproximadamente, sede da ONU, Nova Iorque
175
Djanira M o tta e Silva (1 9 1 4 -1 9 7 9 ) tos com temas populares: cangaço, futebol,
nasceu em A v a ré , São Paulo, neta de trabalho nas fábricas, etc. Essa etapa, aliás,
im igrantes austríacos e de indígenas. Foi corresponde a uma época que se caracte
pintora, desenhista, cartazista, ilustradora, rizou por um surto nacionalista, observado
cen ógrafa e gravadora. T rabalhava com em diversos setores. A afirmação de brasili-
azulejaria e tapeçaria. Teve momentos som dade era identificada com o discurso desen-
brios, representados em tons cinza, negro e volvim entista e o crescimento da economia
marrons. As formas eram simples e geomé nacional. Datam dessa época a construção
tricas, a linguagem era purista. Mais tarde, de Brasília, o desenvolvimento industrial de
sua paleta retom ou a vibração: cores ale São Paulo e de outras regiões, bem como o
gres e intensas deram luz à imaginação da surgimento de correntes culturais, que pro
artista. Apresentava em seus tipo s hum a curavam ligar-se com a identidade brasileira,
nos uma expressão de solene dignidade. como a Bossa Nova e o Cinema Novo.
180
1976, com a montagem de Gota d'água, de Nas primeiras décadas do século XX,
Paulo Pontes e Chico Buarque de Hollanda o choro ganha corpo e espaço. Nas ruas,
(1944), com destaque para a atuação de Bibi bares e rodas de amigos é presença cons
Ferreira (1922). Transpondo para o contexto tante e demonstração do gosto popular. Daí
brasileiro o tema da tragédia de Medéia, de em diante, surgem músicas de compositores
Eurípedes, os autores conseguiram colocar o como Ernesto Nazareth (1863-1934) e Chi
impasse da luta entre os pobres moradores quinha Gonzaga (1847-1935). Filha de mili
de um conjunto habitacional e o proprietário, tar e mãe mestiça, Chiquinha é um marco da
que reclama os aluguéis atrasados. música brasileira. Moça de família de classe
média urbana, recebeu educação form al
A música brasileira nas primeiras igual a de qualquer "senhorita de família" da
décadas do século X X época; sua formação musical teve início no
piano, como era de costume, e desde muito
Rica em estilos, instrumentos e intérpre cedo dem onstrou talento e tem peram ento
tes, a música nacional desse século ganhou decidido e rebelde.
o mundo com artistas e compositores, como:
H e ito r V illa -L o b o s (1 8 8 9 -1 9 5 9 ), Carmen Aos 16 anos, mais por sua iniciativa do
Miranda (1 9 0 9 -1 9 5 5 ), Chiquinha Gonzaga que por decisão de seu pai, casou-se com
(1847-1935), Pixinguinha (1897-1973), que, Jacinto Ribeiro do Amaral, rico e devotado
entre outros, marcam a afirmação de estilos homem de negócios. Agora, casada Chi
e letras com a originalidade brasileira. quinha dedica seu tem po exclusivam ente
ao estudo do piano e teoria musical. Após
Temos no "choro" um gênero musical cinco anos, sua obsessão pela música levou
capaz de exem plificar a constituição e afir à separação de seu marido e de sua família,
mação de uma música brasileira fora dos por não concordarem com sua postura.
cânones elitistas. Sua origem está ligada
ao processo de urbanização e ao período A partir daí, Chiquinha passa a frequen
de transição da República para o Império, tar o meio musical carioca, a despeito dos
no Rio de Janeiro, em fins do século XIX. com entários maldosos e preconceituosos.
Pode-se considerar o "ch o rin h o " um dos Indiferente, ela começa a colecionar amores
mais im portantes estilos do cenário instru e sucessos. Suas com posições obtiveram
mental brasileiro. Sua característica principal grande destaque, e citam-se, dentre outras,
é o improviso e possui raízes na polca, de Atraente, Desalento, Sultana, mas de todas
origem européia. À medida que os anos pas a mais executada foi a marcha de carnaval
sam, recebe influência dos estilos nacionais, "Ô abre alas", que até os dias atuais con ti
tornando-se mais sincopado e tem perado, nua fazendo enorme sucesso.
com semelhanças ao samba.
E assim , no início do século X X, a
O maior representante do choro, em Modinha ganha as ruas e se torna popular,
seu início, foi o flautista e com positor Joa dando abrindo caminho a vários cantores e
quim Antônio da Silva Callado (1848-1880), compositores que marcaram o início do can
responsável, por várias com posições que, cioneiro popular. Em 1914, para escândalo
infelizmente, foram perdidas em boa parte, da elite, Chiquinha executou, a convite da
por não terem sido editadas. Restaram primeira-dama Nair de Tefé, o seu fam oso
apenas 66 peças, em que se pode id e n ti "C o rta -ja ca ", em pleno Palácio do Catete
ficar polcas e quadrilhas, várias delas com (residência oficial do Presidente da Repú
nomes fem ininos: "Conceição", "Ernestina" blica). O "cho rinh o" ganha, então, espaço
e "Salomé", que dão uma pista sobre a vida nos salões mais abastados e dem arca a
boêmia e apaixonada do com positor. genialidade da produção musical popular.
0 samba tem suas raízes nas batuca 0 compositor e maestro Heitor Villa-Lo-
das de negros e mulatos em seus folguedos bos nasceu no Rio de Janeiro e, desde cedo,
e lundus. Seu nome tem origem na palavra teve a música em sua vida: aprendeu piano
angolana "semba", que significa "umbigada". e clarineta e, aos 12 anos, começou a tocar
Compositores, como Ernesto Joaquim Maria violoncelo em teatros, cafés e bailes. Tam
dos Santos "Donga" (1890-1974) e Alfredo bém aprendeu violão e conviveu com os cha
da Rocha Viana Filho "Pixinguinha", demar mados "chorões", que com suas canções de
caram a popularização desse estilo musical e rua conquistaram o jovem para a brasilidade.
sua viabilidade comercial. Donga, que parti
cipava das famosas rodas de "Tia Ciata", foi Suas primeiras composições, ainda indi
pioneiro ao gravar um samba, intitulado Pelo cam a influência de compositores da virada
telefone, em 1917. Pixinguinha é um dos do século, do alto romantismo e do impres-
músicos mais importante da primeira metade sionismo francês.
do século XX. De família grande e repleta de
músicos, teve em seu pai, apreciador de cho-
rinho, sua maior influência. Aos 14 anos já
atuava como músico profissional nas noites
cariocas. Foi responsável por grandes suces
sos, como São João debaixo d'água, Isso não
é vida e Carinhoso - grande sucesso, até hoje
regravado em várias versões e instrumentos.
182
as peças às form as barrocas, clássicas e o colorido de seus trabalhos. A presentou
contrapontísticas. O trenzinho do caipira, uma diversidade enorme de temas e técni
tocata final da Bachiana N°2 é, sem dúvida, cas. Além de pinturas em telas, trabalhou
a mais conhecida. Villa-Lobos, compositor com aquarelas, afrescos, cartões e vitrais.
brilhante, criou cerca de 1.500 obras, conse
guindo realizar-se no espírito nacionalista que A lb e rto da Veiga Guignard viveu por
dominou sua época. Compôs 12 sinfonias, longo te m p o fo ra do B rasil, mas, ao v o l
cirandas do cancioneiro popular para piano, ta r, to rnou -se um elem ento fu n d a m e n ta l
dentre outras que marcaram a produção eru para a cultura nacional. Ao lado de Ismael
dita no Brasil. N ery, C ân dido P o rtin a ri, Di C a v a lc a n ti
e O s w a ld o G oe ldi ( 1 8 8 4 - 1 9 6 8 ) , p a r ti
Artistas e movimentos cipou do Salão R e vo lu cio n á rio de 1931
após a Semana de 2 2 e fo i considerado um dos de staques da
m ostra. De 1931 a 1 9 4 3 , dedicou-se ao
Além de Tarsila, outros artistas que não ensino de desenho e gravura na Funda
participaram da Semana de 22, mas eram ção O sório, no Rio de Janeiro. Foi p in to r,
notórios no cenário cultural brasileiro, mere desenh ista, gravad or e ilu s tra d o r.
cem destaque. São eles: A ntonio Gomide
(1 8 9 5 -1 9 6 7 ), A lberto de Veiga Guignard
(1 8 9 6 -1 9 6 2 ), Ismael Nery (1 9 0 0 -1 9 3 4 ),
A lfredo Volpi (1 8 9 6 -1 9 8 8 ), Bruno Giorgi
(1905-1993) e Cícero Dias (1907-2003).
184
passou a trabalhar com telas. Suas pinturas B runo G io rg i, p a u lis ta do in te rio r,
eram variadas e bastante chamativas. Volpi esteve na Europa, onde aprim orou seus
pintava paisagens urbanas e rurais, fauna e e s tu d o s a rtís tic o s . T ra n s ito u por d iv e r
flora, mas foi com o pintor da tem ática de sos tem as e e s tilo s . R etratou im p o rta n
"bandeirinhas" que ganhou reconhecimento e tes personagens h istó ricos com bastante
fama. Inspirado em festas do interior paulista, realismo. Devido à sua ligação com Mário
usava cores bem chamativas para colorir pai de A n d ra d e , passou a e s tiliz a r m ais as
néis e varais decorativos e imaginários. form as, a tribuin do a elas ca racterísticas
m odernistas. Usou o m árm ore e o bronze
com o p rin c ip a is m a te ria is . Em B rasília,
legou um a h o m e n a g e m aos o p e rá rio s
e c o n s tru to re s da c id a d e , ao e la b o ra r
a e s c u ltu ra Os c a n d a n g o s que está na
Praça dos Três Poderes. Também criou o
M e teoro, escultura que, apesar do peso,
dá ideia de m u ita leveza v is u a l. R epre
senta os cinco continentes na parte sólida
e os oceanos nas vazadas.
Bandeirinha, Alfredo Volpi, 1958, têmpera sobre tela, Os candangos, Bruno Giorgi, 1960, monumento localizado na
44,2 x 22,1 cm, Doação Theon Spanudis, Coleção MAC, USP Praça dos Três Poderes, Brasília-DF
Natureza morta, Alfredo Volpi, 50 x 56 cm, Meteoro, Bruno Giorgi, mármore de Carrara,
óleo sobre tela colada em cartão 48 cm de diâmetro. Palácio do Itamaraty, Brasília-DF
185
A presença da tecnologia na arte São feitos em plástico e m uito leves,
justam ente para parecerem desafiar a gra
Darlan Rosa (1947), natural de Coro- vidade. Desmontáveis, facilitaram o tra ns
mandel, cidade do interior mineiro, foi para porte por via postal.
Brasília em 1 9 6 7 . Trabalhou em várias
fre n te s: fo i desenhista, ilu stra d o r e p ro
fessor universitário. Criou, para o U nicef
do Brasil, o personagem da campanha de
vacinação contra a poliomelite e o desenho
animado Zé Gotinha, e o Mr. todine para o
Unicef de Nova Iorque.
Neoconcretismo
188
Ao mesmo tem po que passa a ideia
de proteção, passa tam bém a de exclusão
do homem dentro de uma sociedade.
189
Conviveu, na Europa, com outros artistas linha, recursos que a colocaram em conso
brasileiros de grande referência, como Victor nância com os propósitos neoconcretistas.
Brecheret, Anita Malfatti e outros.
191
Os oratórios são m uito com uns, ain
da hoje, nas residências mineiras. De
certa form a, além de representar as cren
ças, angústias e súplicas, testem unham
segredos e vulnerabilidades do devoto. A
partir dessa perspectiva, a obra de Far-
nese corresponde aos princípios surrea
listas. Esses objetos são com uns na arte
barroca cristã.
Imagem de Nossa Senhora no interior da "Igrejinha", Brasília-DF
Ainda hoje sua obra é admirada e
respeitada em diversas partes do mundo: A Igreja Nossa Senhora de Fátima,
suscitam , instigam , seduzem quem as vê. "Igrejinha", foi o primeiro tem plo de alve
naria construído em Brasília e a primeira
Embora Rodolfo Bernadelli tenha nas igreja do setor residencial. É um projeto
cido no México, foi no Brasil que se formou, arquitetônico modernista de Oscar Nie-
tornando-se um dos escultores mais respei meyer (1907), com painéis de A thos Bul-
tados. Deixou um grande acervo. Executou cão (1 91 8 -2 0 0 8 ) na parte externa e de
estátuas, bustos, obras tumulares e outras. Volpi na parte interna. Em 2 0 0 8 sofreu um
Ingressou na Academ ia Imperial de Belas incêndio e teve de ser restaurada.
A rtes — AIB A em 1 8 7 0 , onde exerceu a
função de professor. 0 artista plástico Francisco Galeno
(1957) foi contratado para criar novos pai
néis para substituir os originais. As pin tu
ras tom am as duas paredes laterais e na
parede do altar-m or estão representadas
as três crianças que presenciaram o apa
recim ento de Nossa Senhora, em Fátima
(Portugal), além da imagem da própria V ir
gem, que aparece bem ao centro.
193
A im p o rtâ n c ia da a rq u ite tu ra está com o recurso para criar integração entre
no seu a s p e c to , nos m a te ria is que a os am bientes, além de captar a luz n a tu
co m p õ e m , na relação com a fu n ç ã o e, ral. Essas v e rte n te s fo ra m am plam ente
sobretudo, na atualidade, na preservação exploradas e valorizadas pelas p o s s ib ili
e m elhoria do meio am biente. dades que criavam . E n tre ta n to , havia a
necessidade de fo rm a liza çã o do estudo
As tecnologias e os sistemas de orga dessa nova corren te c o n s tru tiv a .
nização social, suas necessidades práticas
e aspirações devem convergir para a per Assim, em 1919, em Weimar, W alter
feita integração entre obra e ambiente. Gropius (1883-1969) criou uma escola que
tinha como finalidade proceder a esses estu
Observe as citações abaixo: dos, conectados a essa nova realidade. A ela
deu o nome de Bauhaus, que significa "casa
"A arquitetura é a arte que dispõe e de construção". Deu-se mediante a fusão
adorna de tal form a as construções ergui da Academia de Artes e a Escola de Artes
das pelo homem, para qualquer uso, que Aplicadas de Weimar. Tinha como objetivo a
vê-las pode contribuir para sua saúde men reorganização do ensino das artes e da cria
tal, poder e prazer." (John Ruskin) ção de uma mão de obra mais especializada
e eficiente, voltada não só para a constru
"A A rqu itetu ra não muda nada. Está ção civil mas também para a fabricação de
sem pre do lado dos mais ricos. O im p o r produtos em escala industrial.
ta n te é a c re d ita r que a vida pode ser
m e lh or." (Oscar Niemeyer) O program a de ensino dava-se a tra
vés de academias, que abrangiam diversas
Um bom a rq u ite to não está d is s o áreas do conhecim ento artístico e era rela
ciado do mundo em que vive. cionado com a área técnica.
194
ê
mestres tinham liberdade criativa. Segundo
G ropius, era im p o rta n te a fo rm a ç ã o de
homens conectados com os anseios sociais
modernos. Dentro do conceito dessa escola,
o artista não era diferente do bom artesão,
e foi a partir desse pensamento que surgiu
um personagem até então desconhecido:
o desenhista industrial.
Arquitetura moderna
P ro je ta d a co m o casa de fim de
sem ana , na V ille S a voye o a rq u ite to
usou o am plo espaço para a criação de
um projeto quadrado, com linhas puras.
Expressa o desejo de redefin ir o espaço
habitacional, dando ênfase à luz natural e
ao volum e, valorizando o traçado simples. Laje sobre parede, Pavilhão Barcelona,
Os pisos de lajes em con creto , su ste n ta obra-prima do arquiteto Mies Van der Rohe
dos por p ilo tis, perm itiam ao projeto um
d e se n vo lvim e n to natural e a criação de Com projetos racionais e funcionais, a
vãos livres m uito interessantes. concepção arquitetônica de espaço envolvia
um grande depuração da forma e visava suprir
0 edifício expressa a vontade, o desejo as necessidades emergentes do lugar.
de uma nova linguagem arquitetônica, sin
tonizada com os conceitos e a estética da 0 Pavilhão Alemão da Feira Universal
geração que a tecnologia impõe. de Barcelona é uma estrutura bastante leve,
sustentada por pilotis metálicos e organizada
sobre planos verticais e horizontais. Foi demo
lida após a exposição. Devido à sua importân
cia, foi reconstruído no final do século como
homenagem e como símbolo do modernismo.
Passou a se chamar Pavilhão Barcelona.
Guggenheim Nova Iorque, Frank Lloyd Wright, projeto de A planta livre, o uso de pilastras, o
1943, primeira sede própria para abrigar e te rra ç o -ja rd im , tu d o isso fo i usado com
expor as obras de Solomon R. Guggenheim. abundância.
Sua form a está, tam bém , m uito rela quem as vê num sobrevoo pela região. A
cionada com a seleção dos m ateriais e a fachada de vidro e as estruturas metálicas
preocupação com as questões ecológicas atribuem uma distinção ao projeto do cons
inerentes a eles. A função social é outro tru to r. Pela imagem interna percebe-se as
aditivo condicionante do projeto e, portanto, dobraduras que, mescladas pelos efeitos
não desprende o olhar da funcionalidade. de luz, sugerem dinamismo e encantam en
to. Possui inúmeras divisões, entre elas:
Como principais arquitetos citam -se: cinco teatros, estúdios para ensaios, res
Jorn U tzon (1 9 1 8 -2 0 0 8 ), Kenzo Tange taurantes, bares, lojas.
(1 9 1 3 -2 0 0 5 ), Renzo Piano (1 937 ), Frank
O. Gehry (1929), Ruy Otake (1938), Oscar
Niemeyer e outros.
Teatro de Ópera de Sydney, Austrália, Jorn Utzon, parte externa Centro Cultural Jean Marie, Tjibaou em Nouméa
(Nova Caledônia), na Oceania, Renzo Piano
Kenzo Tange: Projeto abarca três ele Procuradoria Geral da República do Distrito Federal,
mentos distintos: um estádio grande e ou Brasília, 1982, Oscar Niemeyer
tro pequeno, com um edifício de serviços
ao meio e uma passarela a partir de um Oscar Niemeyer: O m ajestoso edifí
te to plano, para a circulação de pessoas. cio da Procuradoria, em Brasília, é form a
Abriga piscinas, vestiários, escritórios e do por quatro prédios circulares, interliga
refeitórios. Une função e estética numa dos por passarelas, sendo que só um deles
perfeita conjugação. não é revestido por pele de vidro.
r“ - *
0 desenvolvimento do projeto se dá a
partir de etapas distintas e em ordem lógica,
com o objetivo de alcançar o sucesso do
projeto. São três etapas básicas:
Em q u a lq u e r um desses p ro d u to s
Maquete de trabalho os p ro fissio n a is responsáveis devem te r
sensibilidade e perspicácia para m a n ip u Design e ecologia
lar os elem entos da linguagem visual de
fo rm a a tra e n te , ra cio na l, clara e co n e c O desafio do século XXI é evitar ou
tada com o produ to em questão. m inim izar os im pactos adversos dos pro
dutos industriais no meio am biente. Como
qualquer desafio, este con stitui tan to uma
demanda quanto uma oportunidade.
A c re s c e n te p re o c u p a ç ã o com as
q u e s tõ e s a m b ie n ta is te m le v a d o ao
d e se n vo lvim e n to de te cn o lo g ia s que u ti
lizam re curso s n a tu ra is de fo rm a ra c io
nal e p o litic a m e n te correta. O o b je tivo é
re c ic la r, re a p ro v e ita r os resíduos p o lu i-
dores, beneficiando-os de m odo a m elho
rar o m eio a m b ie n te . Com isso, vá rio s
designers empenham -se em pesquisas de
m ateriais e suas possibilidades plásticas,
para atender aos anseios do mercado sem
degenerar a natureza.
N esse a s p e c to , d e s ta c a m -s e aqui
os irm ãos Fernando (1 9 6 1 ) e H um berto
Campana (1953): paulistas de nascimento,
são, hoje, personalidades m undialm ente
respeitadas.
Figura II - Pieter Brueghel, o Moço (1525-1569). Caçadores na Figura I - Giotto de Bondone (1267-1337).
neve, 117 cm x 162 cm. Museu de História da Arte, Viena, 1565 São Francisco recebendo os estigmas, Pintura sobre madeira,
3,13 m x 1,63 m. Museu do Louvre, Paris
As duas pinturas ilustradas acima, em
bora tenham sido realizadas com mais de 1 0 0
anos de intervalo, apresentam similaridades
formais importantes. Com relação a essas
obras, julgue os itens seguintes.
209
A pintura é, antes de tudo, uma compo
sição na qual o artista organiza as qualidades
sensíveis da realidade observada para expres
sar um conteúdo. Nesse contexto, e conside
rando as pinturas de Giotto de Bondone e Gio-
vanni Bellini apresentadas acima, que ilustram
passagens da vida de São Francisco, julgue os
itens que se seguem.
QUESTÃO 4
Logo que o novo conceito de fazer do Com o auxílio do texto e das figuras aci
quadro um espelho da realidade foi adota ma, julgue os seguintes itens, considerando as
do, a questão de como dispor as figuras diferenças estéticas e estilísticas inerentes às
deixou de ser tão fácil de solucionar. As duas obras, que pertencem a períodos distin
figuras não se agrupam harmoniosamente, tos da história da arte.
nem se destacam nitidamente contra um
fundo neutro.
1. O congestionamento das figuras e ce
nas, no relevo de Pisano, contrastam-se
O problema era particularmente sério
à ordenação geométrica das figuras e da
quando o artista se defrontava com a tarefa
arquitetura na pintura de Ghirlandaio.
de pintar grandes retábulos e outras obras se
melhantes. Essas pinturas tinham de ser vis 2 . Na obra de Ghirlandaio, as figuras e o es
tas de longe e tinham de se ajustar à moldura paço são distribuídos simetricamente, e
arquitetônica não só do altar, mas de toda a a tensão espacial é distribuída por todas
igreja. Além disso, tinham de apresentar uma as figuras humanas.
história sacra aos fiéis, de uma forma clara e 3 . A composição de Pisano é equilibrada
impressionante. pelo contorno preciso das formas.
4 . A profundidade espacial e o uso da pers
pectiva são características renascentis
tas da obra de Ghirlandaio.
5 . O naturalismo na obra de Pisano é uma
característica românica.
QUESTÃO 7
Nas artes visuais, o conteúdo não pode 4 . Na Idade Média, a decoração das igrejas
ser desvinculado da precisa materialidade físi não era limitada pela estrutura arquite
ca em que ocorre — o conteúdo não é senão a tônica.
ordenação espacial da matéria, intransponível 5 . Para executar uma escultura em pedra, o
para outros meios. A forma total é o seu con artista retira material da peça original.
214
QUESTÃO TO QUESTÃO 7 7
5 . A cerâmica é uma técnica muito utiliza 4 . O suporte da figura II, a parede, é rebo
da pelos povos indígenas brasileiros. cado para se criar uma superfície plana.
___________
Figura II - Rafael Sanzio (1483-1520). O cardeal. Figura I - Anônimo. O milagre dos pães e dos peixes. Mosaico na Ba
Óleo sobre tela, 79 cm x 61 cm. Museu do Prado, 1510 sílica de Santo Apolinário, o Novo. Ravena, Itália, cerca de 520 d.C.
A partir do ano 311, quando o Impe
rador Constantino estabeleceu que a Igreja
Cristã era um poder no Estado, os lugares
de culto a serem construídos não poderiam
ser semelhantes aos templos pagãos e tam
pouco seus adornos semelhantes às está
tuas que representavam os deuses da An
tiguidade. Às pinturas, que não ofereciam
o risco de serem confundidas com as ima
gens pagãs, era atribuído ao final do sécu
lo VI um outro papel, que, nas palavras do
Papa Gregório, o Grande, consistia em po
der "fazer pelos analfabetos o que a escrita
faz para os que sabem ler". Apesar disso,
em 745, nas regiões orientais do Império
Romano, toda a arte figurativa religiosa foi
Figura II - Giotto di Stefano (Giottino). Pietá. Têmpera sobre proibida e, mais tarde, somente as pinturas
madeira. 195 cm x 1 34 cm, cerca de 1365
que respeitavam certos modos permitidos
de representar o Cristo ou a Virgem eram
aceitas como verdadeiras imagens sacras
ou ícones. A partir do século XV, o artista
deixa de ser um artífice entre artífices para
ter autonomia e explorar os mistérios da na
tureza e sondar as leis secretas do univer
so. A exploração da natureza torna-se meio
de adquirir conhecimentos sobre o mundo
visível, já que as obras de arte, como hoje,
eram frequentemente julgadas pelos leigos
de acordo com o grau de fidelidade ao mun
do real. Entretanto, em decorrência do estu
do das estátuas da antiguidade, os artistas
do século XVI abandonaram gradualmente
os métodos de reprodução fiel da natureza
e passaram a representar o que viam com
Figura III - Giovanni Bellini e Ticiano. O banquete dos deuses. um tipo idealizado de beleza regular.
Óleo sobre tela. 170,2cm x188cm , 1490-1576
■ —
SBSfei*
217
2 . 0 uso da técnica de mosaico na figura I de QUESTÃO 14 (PAS/UnB)
termina a função decorativa da imagem.
3 . Nas figuras de I a IV, os grupos de per
sonagens configuram faixas horizontais
cujo peso predomina na composição.
4 . Embora semelhantes na forma, as figu
ras de I a IV diferem no conteúdo.
5 . Na figura I, o detalhamento das pregas
das roupas contribui para o naturalismo
da cena.
Figura I - Procissão de figuras antropomórficas pintadas na gru
6 . A cruz é o elemento central tanto na ta de Balé, região da Lagoa Santa - MG, sem data especificada
estrutura da imagem de Cristo na figu
ra I quanto na forma representada na
figura II.
7 . As formas arredondadas das figuras ao
redor de Cristo em II configuram uma
área de destaque na composição em
primeiro plano.
8 . Sem a perspectiva linear, tanto o mosai
co na figura I quanto a pintura bizantina
Figura II - Imagem azteca que representa um
na figura II não possuem profundidade guerreiro passando por diversas fases da morte
espacial.
9 . A figura II permite concluir que, para
produzir ícones do sagrado, o artista bi
zantino desvalorizava o uso da cor.
10. Em contraposição à figura II, em IV a
composição do cenário humaniza a cena
religiosa.
11. As figuras II e IV ilustram de que forma
o antropocentrismo predominou tanto na
Arte Bizantina quanto no Renascimento.
12. Na figura IV, as linhas diagonais que se Figura III - Hércules estrangulando o leão de Neméia
originam na imagem de Cristo descen (detalhe). Psíax, ânfora ática de figuras em preto, de Vulci,
tralizam a composição. período arcaico, c. 525 b. C. Museu Cívico, Brescia - Itália
QUESTÃO 2 5
QUESTÃO 2 3
"Fecundadas pelo trabalho negro, as capi
Algumas peças musicais apresentam tanias de Pernambuco e Bahia ganharam vida.
uma sonoridade bem densa, rica e com fluido Ao longo do litoral floresceram os canaviais e se
facilitado. Outras podem mostrar-se com os multiplicaram os engenhos. Ao final do século
sons mais rarefeitos e esparsos, produzindo, XVI, Pernambuco e Bahia já se sobressaíam no
por vezes, um efeito penetrante e agressivo. mercado mundial como maiores produtores de
A isso podemos chamar de tessitura, com açúcar. Para que isso fosse possível, os trafican
parando à trama formada pelos fios de um tes descarregavam, nas costas brasileiras, uma
tecido. média anual de cinco mil negros".
Com base no texto, julgue os itens: (Décio Freitas - Palmares - a guerra dos escravos)
225
que estes rejeitavam os rituais cristãos
de morte e realizavam os seus próprios
rituais, de acordo com as suas tradições.
6. Há, na cena ilustrada, escravos portando
tabuleiros com alimentos, o que indica
o afastamento do artista em relação à
fidedignidade dos fatos retratados, visto
que os escravos urbanos eram impedi
dos por lei de realizar comércio.
Considerando a figura acima, que repre A figura I ilustra a condição de vida miserá
senta o ritual funerário de uma mulher negra nas vel dos imigrantes na cidade de Nova Iorque, no
ruas da cidade do Rio de Janeiro, o trecho da final do século XIX. A figura II é uma reprodução
obra de Mary Karasch, bem como as condições do retrato de Valentina, obra de Vick Muniz. Con
de vida dos escravos na sociedade brasileira no siderando essas figuras, julgue os itens a seguir.
século XIX, julgue os itens que se seguem.
7. Na figura I, a composição da foto, que refor
5. Na cena ilustrada, a igreja está de por ça a amplitude espacial, retrata um cenário
tas abertas e os escravos concentrados de esperança à possibilidade de superação
do lado de fora, o que retrata o fato de da miséria em grandes centros urbanos.
——
226
EBBBÊÈ
8. Ao empregar o açúcar, material frágil e
doce, para construir a imagem de uma
criança explorada pelo trabalho em ca
naviais —figura II —, Vick Muniz oculta
o sofrimento e a violência de tal práti
ca, ressaltando os aspectos delicados e
agradáveis da infância de Valentina, sím
bolo de uma criança operária.
QUESTÃO 2 (PAS/UnB)
227
A arte antecipa a medicina: médico 4. 0 Rococó teve sua origem vinculada à
encontra em tela do século XVII sintomas nobreza e à vida mundana e hedonista.
de doença descrita 327 anos depois. O pin Porém, apesar de sua procedência, o
tor Peter Paul Rubens mal poderia supor que Rococó terminou por penetrar também
uma tela pintada por ele em 1 638 contribui na arte sacra, marcadamente ligada ao
ría para o estudo de uma doença descober Barroco.
ta mais de três séculos depois. O quadro foi
5. Na Europa, Barroco e Rococó tiveram
usado pelo médico J. Dequeker, da Universi
seu contraponto na arte neoclássica,
dade Gasthuisberg, Bélgica, para traçar um
que rejeitava o estilo associado ao ex
panorama histórico da síndrome de hipermo-
cesso e aos detalhes ornamentais e de
bilidade. Dequeker procurava sinais de distúr
fendia o modelo de equilíbrio, clareza e
bios reumáticos em pinturas antigas quando proporção clássicos. No Neoclassicismo,
se deparou com A s Três Graças, de Rubens
a sinuosidade típica das estéticas bar
(figura I, ao lado). A tela mostra três irmãs que
roca e rococó foi abandonada em função
apresentam traços típicos da síndrome de hi-
de um rigor formal, como fica evidente
permobilidade adquirida hereditariamente. Na na comparação entre as obras ilustradas
tela, a mulher do meio mostra claramente a
nas figuras I e VII.
escoliose manifesta na forma de S na coluna
e sinal de Trendelenburg positivo: quando o
quadril 'cai' para o lado oposto ao que seria
natural para equilibrar o peso do corpo.
— — —
228
pertenciam, das influências que recebiam e No século XIX, o poeta Goethe se apai
que passavam para as suas obras, e das esco xonou pela questão da cor e passou 30 anos
lhas técnicas que faziam. tentando terminar o que considerava sua obra
máxima: um tratado sobre as cores que su
Susana Dias. In: Ciência, revista eletrônica plantaria a teoria de Newton. Ele realmente
de jornalismo científico (com adaptações)
descobriu aspectos que Newton ignorava so
bre a fisiologia e a psicologia da cor. Observou
A partir do quadro Iracema, de José Maria de
a retenção das cores na retina, a tendência do
Medeiros, e dos textos apresentados acima, olho humano em ver nas bordas de uma cor
julgue os itens seguintes.
complementar e notou que os objetos bran
cos sempre parecem maiores que os negros.
6. Para compor um quadro de tema indíge Atualmente, o estudo da teoria das cores se
na, os artistas acadêmicos, que valoriza divide em três matérias com as mesmas ca
vam o domínio da técnica, observavam racterísticas que Goethe propunha para cores:
atentamente os corpos, posturas e mo a cor física, a cor fisiológica e a cor química.
vimentação corporal dos indígenas, a fim
de retratá-los o mais fielmente possível Considerando essas informações e a importân
em seus quadros. cia e os modos de uso da cor na arte, julgue os
itens subsequentes.
7. O índio, como elemento simbólico da
identidade nacional, foi tema recor
rente na arte romântica do Brasil, a 10. Os impressionistas deram à cor um im
exemplo do quadro mostrado, que portante papel em suas obras. Seus
mantém vínculos com o fragmento principais artistas, como Claude Monet,
apresentado do romance Irace m a, de Edgard Degas e Renoir, exploraram em
José de Alencar. suas telas paisagens e temas do cotidia
no, momentos de ócio, festas e passeios
8. A pintura de paisagem brasileira do
de cidadãos comuns pela natureza, para
alemão Georg Grimm, professor da
captar os efeitos cromáticos da luz do
Academia Imperial de Belas Artes, é
Sol sobre esses panoramas.
marcada por uma iluminação opaca e
densa, não condizente com a luz natu 11 . O pontilhismo é uma técnica em que
ral vista nas paisagens brasileiras. Essa pequenas manchas de cores justapos
característica da pintura de Grimm tas provocam uma mistura óptica nos
decorre do fato de que o pintor prezava olhos do observador, deixando à retina
o trabalho em ateliê e desencorajava a a tarefa de reconstruir o tom desejado
produção sob luz natural, como era o pelo pintor.
costume da academia.
12. Os contornos nítidos dos objetos pinta
9. Jean-Baptiste Debret foi um artista eu dos e a predominância dos tons de preto
ropeu que veio ao Brasil como membro e cinza na representação das sombras
da Missão Artística Francesa. Entre suas são características marcantes nas obras
obras mais expressivas está o volume impressionistas.
Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil,
que traz representações de cenas e ca
racterísticas do cotidiano e da sociedade A substituição das ferramentas pelas
brasileira, como casas, ocas de índios, máquinas, da energia humana pela energia
rostos de pessoas, seus costumes, festas motriz e do modo de produção doméstico pelo
populares, relações de trabalho e utensí sistema fabril foi promovida pela Revolução
lios e ferramentas utilizadas pelo povo. Industrial. Em função do enorme impacto so
bre a estrutura da sociedade, essa revolução
resultou em um processo de transformação
acompanhado por notável evolução tecnoló
gica. Também a arte reagiu a essas transfor
mações.
QUESTÃO 3 (PAS/UnB)
Figura I - Antonio Joaquim Gonçalves. Menino com cão. Cerca Figura ill - Eliseu Visconti. Giuventú, 1898, óleo sobre tela, 65 cm x
de 1817, coleção Fundação Raimundo Ottoni Castro Maio, Rio 49 cm, coleção Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. In:
de Janeiro. In: Quirino Campo Fiorito. História da pintura brasi Walterzamini. História gerai da arte no Brasil. Instituto Walter Moreira
leira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983, p. 26 Salles e Fundação Djalma Guimarães. São Paulo, 1983, p. 445
aventura individual de uma inteligência ou sensibi
lidade especificamente dotada, visando a um fim
em si mesmo. Duvignaud aponta, com proprieda
de, que, em cada obra, o artista parece inculcar
toda uma comunidade, ou seja, toda a substân
cia social. A obra de arte só pode ser entendida
como tal enquanto ela puder ser assim definida
pelo homem, aqui e acolá, ontem, hoje, amanhã.
A obra de arte cristaliza a substância social, e
sua perenidade vem, justamente, da grande im
portância de que se reveste para nosso conhe
cimento como seres humanos, inseridos em um
determinado espaço (físico, cultural, ideológico) e
em uma comunidade específica.
QUESTÃO 5
QUESTÃO 7
Figura I - Paul Gauguin. Jarra autorretrato. Cerâmica esmal Figura I - Paul Gauguin. Natureza morta com maçãs, um
tada em verde oliva, cinza e vermelho, 1 9,3 cm de altura. pêssego e autorretrato em jarra de cerâmica. Óleo sobre papel
Museu de Artes Decorativas, Copenhague, 1889 montado. 28,6 cm x 36,2 cm. Museu de Arte Fogg, 1889
Figura II - Pablo Picasso. Rosto com folhas. Cerâmica esmalta Figura II - Pablo Picasso. As senhoritas de Avignon. Óleo sobre tela.
da, 41,6 cm de diâmetro por 3,9 cm de profundidade, 1956 243cm x 233,7cm. Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, 1907
234
Considerando as figuras I e II acima, em que Com o auxílio das figuras acima, julgue os
se pode perceber a influência de culturas não- itens seguintes.
europeias na produção de Gauguin e Picasso,
julgue os itens subsequentes.
1. Eckhout documentou tipos e costumes
de habitantes do Novo Mundo.
1. Na obra da figura I, a ausência de modela
2. Para retratar os habitantes do Brasil,
do revela influências do Renascimento.
Eckhout aplicou regras europeias de re
2. Na obra da figura I, a inserção de um presentação da figura humana.
objeto confeccionado pelo próprio artista
3. As pinturas do período colonial brasileiro
— autorretrato em jarra de cerâmica —
são um registro importante da formação
na composição da natureza morta, um
étnica do povo brasileiro.
gênero tradicional da pintura europeia,
situa a cena no provável universo do 4. Infere-se da figura II que os habitantes
méstico do artista. do Novo Mundo não receberam influên
cia da cultura europeia.
3. A simplificação do tratamento das formas
nas pinturas I e II revela as influências es
QUESTÃO 9
tilísticas de culturas não-europeias.
4. Na obra ilustrada em II, as figuras femini
nas recebem um tratamento uniforme.
5. A natureza morta e o triângulo no centro
inferior da figura II enfatizam a caracte
rística plana da composição. (E )
QUESTÃO 8 (PAS/UnB)
QUESTÃO 11
Figura I - Parmigianino (1503-1540). Autorretrato em um espelho, Figura I - Michelangelo Merisi Caravaggio (1571-1610). Os músi
convexo. Óleo sobre madeira, diâmetro de 24,4cm, 1523/24 cos. Óleo sobre tela, 92,1 cm x 118,4cm, 1595
236
Figura II - Pierre-Auguste Renoir (1841-1919). Duas jovens ao
piano. Óleo sobre tela, 116,2cm x 90cm, 1892
Everard M. Upjohn e outros. História mundial da arte. Lisboa: Pierre-Auguste Renoir. O almoço da festa no barco,
Livraria Bertrand, 4 .a ed., v. 6 (com adaptações) óleo sobre tela, 1881
Acerca da reprodução da pintura de Pierre- 4. Conforme se observa nessa obra, o uso
Auguste Renoir acima e do impressionismo, da cor delimitada pelo contorno das for
julgue os itens que se seguem. mas é característico do impressionismo.
QUESTÃO 14
238
QUESTÃO 16 1. O desenho registra as emoções agressi
vas manifestadas pela mulher.
2. Na composição, o espaço é representado
por planos que se sobrepõem.
3. As linhas verticais predominam em am
bos os lados da composição.
4. Na representação das pernas, há uma
deformação produzida pelo escorço.
QUESTÃO 17
E. H. Gombrich. A história da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 4. O teatro jesuítico tinha proporções gi
1985, 4 .a ed. (com adaptações) gantescas, pois servia para receber uma
autoridade e, ao mesmo tempo, intimidar
Considerando o texto e a reprodução da pintu os indígenas, impondo-lhes uma cultura
ra de Dominique Ingres acima, julgue os itens europeia, onde o temor a Deus orientava
que se seguem. a sociedade.
QUESTÃO 78 2. A peça Antônio José ou O poeta é a in
quisição é uma tragédia romântica do
Sobre as principais peças teatrais dos jesuítas, século XIX.
é correto afirmar:
3. É com Magalhães que a discussão do
"en nacional" é posta aos olhos da pla
1. Pregação Universal é considerada a 1a téia, que estava acostumada às apresen
peça criada por José de Anchieta, em tações do cancã francês.
1567 , data aproximada de sua chegada
4. Assim como na Grécia Clássica, a comé
ao Brasil.
dia teatral era apresentada em segundo
2. A Festa de São Lourenço congrega per plano, valorizando o drama, a tragédia,
sonagens de várias origens: os índios pois estas representações tratavam mais
Guaixará e Aimberê, os imperadores ro a fundo, ou de modo mais espetacular,
manos Décio e Valeriano, os santos São os "temas da época" (patrióticos).
Lourenço e São Sebastião e um Anjo,
além de referências simbólicas. Por isso, QUESTÃO 2 0
a unidade dramática nessa representa
ção é tão rica.
Sobre o teatro romântico brasileiro, analise os
3. Em Na Vila de Vitória há a união da pa itens:
lavra vitória (modulada em conotações
variadas) à história da humanidade e ao
1. No momento em que no Brasil crescia
momento da vila, em sua luta entre a fé
um sentimento nacionalista, também no
e o pecado.
teatro nasce a necessidade do fazer na
4. Em Na Aldeia de Guaraparim o conflito se cional, com a tríade da terra, ou seja,
dá ao desafiar o poder de Nossa Senhora. texto escrito por um brasileiro, com ator
brasileiro, para um público estrangeiro.
QUESTÃO 19
2. Em 1833 , João Caetano fundou sua
própria companhia dramática, sob a in
"Ninguém negará a Domingos José Gon
fluência francesa e, em 1 838 , represen
çalves de Magalhães ( 1811 - 1882 ) no míni
tou o Antônio José, um personagem da
mo duas grandes virtudes: historicamente, ter
história brasileira, imaginando assim um
percebido antes de qualquer outro a necessi teatro nacional.
dade de renovar a literatura nacional, usando,
para tanto, ao lado da poesia, o teatro; este 3. 0 teatro romântico inaugura a nova es
ticamente, ter tentado distinguir o drama ro tética da dramaturgia brasileira, aban
mântico da tragédia clássica em nível de acui donando a cantilena por uma fala mais
dade conceituai, até então inédito em âmbito expressiva.
brasileiro." 4. 0 trágico era o gênero teatral de
preferência de João Caetano, que
(Prado, Décio de Almeida. Teatro de Anchieta a Alencar.
ficou famoso com sua representação
São Paulo: Perspectiva, p. 139-140)
de Antônio José.
1. Foi Gonçalves de Magalhães o precur "0 romantismo e o realismo não são ab
sor do teatro romântico no Brasil, com a solutamente, de modo exclusivo, opostos que
peça Juiz de Paz na Roça, encenada em se excluem: o romantismo é, sobretudo, uma
1838 , no Rio de Janeiro. fase primitiva do realismo crítico. A atitude
não mudou, no fundamental, apenas o méto 4. O dem ôn io fa m ilia r, de José de Alen
do tornou-se diferente, mais frio, mais "objeti car, expõe os inconvenientes da es
vo", mais distante." cravidão doméstica no interior de uma
família burguesa, com críticas e solu
(Fisher, Ernst. A necessidade da arte. Zahar editores, p. 120)
ções moralizadoras.
QUESTÃO 2
245
Com base na reprodução dos cartazes acima, cisa ser um signo, isto é, necessita cumprir
julgue os itens a seguir. sua função como elemento de comunica
ção, efetivando a união de um significado e
um significante para o observador.
1. Nos dois cartazes, a utilização da cor
vermelha tem a mesma finalidade, inde 3, As figuras acima possuem alto grau de
pendentemente do conteúdo. síntese gráfica como uma de suas ca
racterísticas principais, o que facilita a
2. No primeiro cartaz — Bauhaus Exhibition
legibilidade de cada uma delas.
—, há separação entre figura e fundo,
além de a distribuição das cores acentuar 4. A figura I ilustra que um pictograma é
a verticalidade da composição e da ima um símbolo universal; isso o dispensa
gem, o que não ocorre no outro cartaz. sempre de seguir os critérios do estilo
gráfico da sinalização como parte da am-
3. Em comparação com o primeiro, a ima
bientação local.
gem fotográfica no segundo cartaz —
Less Noise — confere maior dramatici-
QUESTÃO 4
dade à mensagem.
4. No segundo cartaz — Less Noise —, o posi
cionamento diagonal dos elementos e o
corte da imagem e das letras tornam a com
posição mais estática que a do primeiro.
QUESTÃO 3
So
0ÊÊÊF
Paul Klee (1879-1940). Jardins do templo,
guache sobre papel, 1920
Figura I Figura II
A pintura Jardins do Templo, reproduzi
A programação visual divide-se em sub- da ao lado, parece aludir às impressões que
áreas que têm como ponto comum o orde Paul Klee obteve em sua viagem à Tunísia, em
namento de elementos estético — formais abril de 1 9 14 . 0 brilho das cores assemelha-
textuais e não-textuais com o objetivo comu- se aos vitrais de uma janela em dia ensolara
nicacional expresso. do. A respeito dessa obra, julgue os itens que
André Villas-Boas (com adaptações). se seguem.
246
QUESTÃO 5 4. Nessa pintura de Segall, observa-se a
representação do tipicamente brasileiro
à época: a figura é o trabalhador mulato
e o fundo é uma monocultura.
QUESTÃO 6 (PAS/UnB)
Texto AV - I - questões 1 e 2
QUESTÃO 7
QUESTÃO 8 (PAS/UnB)
Figura I - Cabeça humana, Nigéria, Ife. Séculos XII a XV. Terraco Peter Junge. A recepção europeia da arte da África. In: Arte da Áfri
ta, altura 19 cm. Coleção Leo Frobenius, adquirida em 1913 ca. Instituto Goethe do Rio de Janeiro, 2004 (com adaptações)
Considerando o texto e as figuras de I a ill Entre as tendências internacionais da arte
acima, julgue os itens seguintes. do século XX, encontramos três correntes prin
cipais, cada uma delas abrangendo muitos "is-
1. As obras representadas nas figuras I e mos", que surgiram com os pós-impressionistas
II apresentam perfis de rostos humanos e têm-se desenvolvido muito desde então. Ex-
distintos e caracterizam-se pela abstra pressionismo, Abstração e Fantasia. A primeira
ção e pelo tratamento livre da forma. enfatiza a atitude emocional do artista para con
sigo próprio e o mundo; a segunda, a estrutura
2. As obras apresentadas nas figuras de I a formal da obra de arte; e a terceira explora o
III são exemplos da arte africana, que, de domínio da imaginação, especialmente em suas
senvolvida a partir de princípios estéticos características irracionais e espontâneas.
predeterminados, serviu de motivação
plástica a muitos artistas modernos. A arte da nossa época. H.W. Janson e Anthony F. Janson. In: Ini
ciação à história da arte. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1988
3. Na obra ilustrada na figura III, a ex
pressão do poder real se caracteriza prin
Considerando o texto acima e a figura ao lado,
cipalmente por insígnias: a gola alta de
julgue os seguintes itens.
colares de corais e coroa, que, de forma
inequívoca, identificam a escultura como
a representação de um rei. 1. O Expressionismo nasce não em oposição
às correntes modernistas, mas no interior
4. A escultura ilustrada na figura II representa
delas, como superação de seu ecletismo
um rosto marcado por formas côncavas e
e de sua retórica progressiva.
convexas, olhos que emergem em forma
cônica, narinas profundas, não como retra 2. Nessa obra, as extremidades das figuras
to pessoal, mas como imagem idealizada. das cinco mulheres são alongadas nas
linhas dos sapatos e nos enfeites dos
5. A escultura mostrada na figura III apresen
chapéus, o que confere a essas mulhe
ta configurações espaciais simétricas.
res um ar de compaixão, reforçado pela
expressão dos seus rostos.
QUESTÃO 7 7
3. Os pintores da corrente denominada
Fantasia têm em comum a crença de que
a imaginação é mais importante que o
mundo exterior.
4. As vestes escuras contra os tons cla
ros do fundo da obra ilustrada na figura
enfatizam a sugestão de aspereza e de
dificuldade de comunicação no relacio
namento entre os seres humanos.
5. A obra apresentada na figura obedece às
regras tradicionais de equilíbrio de com
posição e de regularidade da forma.
QUESTÃO 12 (PAS/UnB)
3-W. Kandinsky. Composição VIII. Óleo sobre tela, 140cm x 201 cm.
Museu Guggenheim, Nova York, Estados Unidos da América, 1923
253
obras, de maneira geral, são formas vi
suais para comunicar a ideia de reali
dade.
12 . A pintura de Kandinsky pode ser con
siderada como o início da moderna arte
abstrata.
13. A obra Im provisação 7 , ilustrada acima,
revela que a cor pode, independente
mente do conteúdo, despertar emoção.
Nessa obra, a tinta é aplicada sem ar
ranjo prévio sobre a tela. Tarsila do Amaral. Operários. Óleo sobre tela, 150cm x 205cm,
1933, coleção do governo do estado de São Paulo
14. Por meio de um trabalho solto de pincel,
Kandinsky criou uma pintura absoluta
mente objetiva na obra Lírica, ilustrada Considerando o fragmento de texto acima e
acima. essa pintura de Tarsila do Amaral, julgue os
próximos itens.
15. A obra Composição VIII apresenta for
mas simplificadas e, nela, encontra-se a
sobreposição de planos, iluminados por 1. Na pintura de Tarsila do Amaral, é pos
luz clara, sem foco específico. sível reconhecer, com base na classifi
cação biológica, as diversas raças que
QUESTÃO 13 (PAS/UnB) constituem o povo brasileiro.
2. Os artistas modernos brasileiros, entre
Com o início tardio da industrialização eles, Tarsila do Amaral, contribuíram,
brasileira, surgiu a classe operária urbana. com sua produção artística, para propa
A grande quantidade de mão-de-obra operá gar os ideais da Revolução Industrial, tais
ria disponível permitia que os patrões sub como a jornada de 14 horas de trabalho.
metessem seus empregados a miseráveis
3. Tarsila do Amaral é um dos expoentes do
condições de trabalho. A nascente classe
Modernismo brasileiro, amplo processo
operária brasileira vivia a seguinte situação
de renovação cultural que desabrochou
na República Velha: jornada diária de tra
com o fim da Segunda Guerra Mundial e
balho de 14 a 15 horas; exploração de tra
da ditadura getulista.
balho infantil nas fábricas; total ausência
de higiene nos locais de serviço; falta de
QUESTÃO 14 (PAS/UnB)
proteção e ocorrências frequentes de aci
dentes de trabalho. Além disso, mulheres
e meninas sofriam, constantemente, assé
dio e abuso sexuais por parte dos patrões,
mestres, contramestres e não havia direitos
trabalhistas, como salário mínimo, recebi
mento de horas extras, férias remuneradas,
descanso semanal, aposentadorias e inde
nização por acidente em serviço. Como os
salários das mulheres e das crianças eram 1 2
bem menores que o dos homens, os patrões
preferiam contratar a mão de obra feminina Ilha de Marajó, uma das maiores rique
e infantil. zas intocadas do Brasil, teve seu repertório
Internet: < www.expo500anos.com.br> (com adaptações) de maravilhas revelado na mostra Brasil 500
Anos, realizada em São Paulo. A sua popu
lação, que é extremamente pobre, hoje, por
meio das ações do Laboratório Piracema de
Design e em conjunto com alguns profissio
nais, redescobre Marajó a partir de sua vege
tação, de seus manguezais, dos adornos nas
casinhas de madeira, dos desenhos majesto
sos da cerâmica pré-cabralina. O resultado de
ações como essa é a demonstração de que
o design de raiz artesanal, exemplificado nas
figuras I e II ao lado, é um caminho viável e
interessante para o desenvolvimento de um
vernáculo brasileiro.
QUESTÃO 16
1. É um tipo de espetáculo que não carece
de texto prévio.
Julgue os itens sobre o teatro romântico no
Brasil: 2 . É uma espécie de representação com o
simples objetivo de provocar risos, sem
nenhum conteúdo literário.
1 . O teatro surge no Brasil na 1a metade
do século XIX, com a estreia da peça 3 . No Brasil, século XIX, Artur Azevedo foi
Antonio José ou o Poeta e a Inquisição, o seu principal representante com a peça
de Gonçalves Dias. O Tribofe.
4. A Revista tinha como característica A partir do texto, julgue os seguintes itens
partes faladas e cantadas a respeito relativos ao teatro jesuítico no Brasil:
dos principais acontecimentos sociais e
políticos do ano, com elegância e ironia. 1. Por ser a população da época predominan
temente indígena, os autos eram represen
QUESTÃO 19 tados integralmente em língua tupi.
266
no período da "Guerra Fria", a cultura na ríodo, até mesmo Tim Maia e Raul Seixas
cional com eçou a sucum bir ao padrão es dialogaram com o "iê-iê-iê" antes de segui
tadunidense e o "R ock and Roll" teve um rem seus estilos próprios. Roberto Carlos é
apelo m uito fo rte na juve ntud e brasileira. considerado por muitos, até a atualidade,
como o "Rei" da música brasileira.
Elvis Presley e The Beatles foram
só o "carro-chefe " desse "co m b o io " acul- O ano de 1968 marcou a efervescên
turante, que teve na cantora Celly Cam cia dos m ovim entos populares em todo o
peio um de seus primeiros divulgadores mundo: na França, em maio, os estudan
no Brasil, e ganhou form a e conteúdo nas tes em marcha; na Tchecoslováquia acon
telas da televisão com a Jovem Guarda: tecia a "Primavera de Praga"; nos EUA o
programa de auditório inciado em 1965, m ovim ento "H ippie" e os protestos contra
pela TV Record, e apresentado por Rober a Guerra do Vietnam ferviam ; e no Brasil a
to Carlos, W anderléia e Erasmo Carlos. O "Passeata dos Cem M il" exigia a volta da de
"iê-iê-iê" demarcava o "am erican w a y of mocracia. A Ditadura respondeu às reivin
life " em terras brasileiras: chicletes, cal dicações com o endurecimento do regime,
ças jeans, carrões, m otocicletas, tênis e traduzido no famigerado A to Institucional
todo um sortim ento de usos e costum es N° 5 (AI-5), que autorizava arbitrariedades,
atípicos às matrizes culturais do país. reafirmava a censura, institucionalizava a
repressão e dava espaço para torturas e
execuções. Parte dessa geração encontrou
na música um espaço para refletir, mani
festar suas inquietações e protestar contra
a situação social e política nacional.
Jair Rodrigues, Roberto Carlos, Tony Tor Arnaldo Batista, Baby Consuelo, W ally
nado, Sérgio Ricardo, Clara Nunes, MPB4, Salomão, Rogério Duprat, Pepeu Gomes,
que entoavam músicas, como: Arrastão, A Paulinho Boca de Cantor e Moraes Moreira
banda, É proibido proibir. Ponteio, Alegria fizeram uso de vários estilos, como o rock,
alegria, Roda viva, Divino maravilhoso. Dis baião, forró, balada, xaxado e samba para
parada, Sabiá, Domingo no parque, Tra fusões perform áticas e melódicas.
vessia, BR-3, entre outras. A popularidade
e o apelo ao protesto davam aos festivais Foi um movimento que abarcava várias
ares de espaço para a liberdade de expres estéticas e mídias: no cinema, Glauber Ro
são e imprimiram na memória nacional um cha, nas artes visuais, Hélio Oiticica e no tea
cenário de tons que contrastavam com os tro, José Celso Martinez são exemplos dessa
"Anos de Chumbo". perspectiva. Inspirados na antropofagia dos
modernistas, na Pop A rt e no Concretismo,
A Tropicália organizaram um verdadeiro estilo de vida,
que tinha no protesto, na rebeldia e no psico-
Sandálias e bolsas de couro, fitas co delismo a marca de uma juventude desiludida
loridas, batas, calças largas, flores e muita com o stab/ishment e o status-quo. Os músi
cor foram a tônica do M ovim ento Tropi- cos chegaram a viver, durante algum tempo,
calista. Influenciados pela C ontracultura em comunidades - prática dos "alternativos"
- tendo o m ovim ento "H ippie" com o uma daquele tempo - como as bandas Os Novos
de suas maiores evidências - os músicos Baianos e Os Mutantes. O Movimento Tropi-
e artistas da Tropicália produziram um es calista inspirou, e ainda inspira, um forte veio
tilo vanguardista, moderno e marcado por da estética jovem brasileira.
uma brasilidade quase permanente. A rtis
tas como Torquato Neto, Caetano Veloso, Vários artistas foram perseguidos pela
Gal Costa, Maria Bethânia, Tom Zé, Júlio Ditadura: Chico Buarque foi tão censurado
Medaglia, Capinan, Jorge Ben, Sérgio Dias, que as músicas de sua autoria eram auto
268
maticamente vetadas. Ele passou a adotar Os mineiros do "Clube da Esquina"
o pseudônimo "Julinho da Adelaide" e a fa com seu "rock rural", como Lô Borges, Flá-
zer letras veladas. Suas músicas Apesar de vio Venturini e Beto Guedes, eram apresen
você. Gota d'àgua e Meu caro amigo são tados ao país com o apoio de M ilton Nasci
alguns exemplos de mensagens codifica mento. Eram os anos de 1980 chegando e
das contra a repressão e a censura. Outras, anunciando o epílogo da Ditadura.
como Cálice e Tanto mar, só puderam ser
cantadas no final do Regime; Jorge Ben O "Rock and Roll" ganhou contornos
(Jorge Ben Jor), usando o mesmo artifício, próprios e o term o "rock brasileiro" passou
assinava suas músicas com o pseudônimo a indicar uma estilização e aproximação
"Brabolina"; Geraldo Vandré, autor de Pra característica e original. Grupos e cantores,
não dizer que não falei das flores, foi to rtu como Legião Urbana, Cássia Eller, Escola
rado até a loucura; Caetano e Gil, temendo de Escândalo, Anim a Verba, Paralamas do
algo pior, buscaram o exílio voluntário em Sucesso, Camisa de Vênus, Blitz, Eduar
Londres. Enquanto isso, artistas como Dom do Dusek, Kid V inil, Capital Inicial, Biquini
e Ravel faziam músicas, como Só o amor Cavadão, Titãs, Cazuza e Barão Verm elho
constroi, Você também é responsável, Terra encontraram seu espaço na antologia da
boa e Eu te amo meu Brasil, com total apoio música brasileira. Era a "geração Coca-
e bem ao gosto dos militares ditadores. Cola" movida pelo inconform ism o e ex
pectativa de dias melhores: rebeldes que
A A b ertura e a D iversidade M usical tentavam entender e m anifestar suas pre
ocupações com um país que restabelecia
No decorrer dos anos de 1970, surgiu suas instituições e práticas dem ocráticas.
um verdadeiro "caleidoscópio" de temas e
estilos. Ney Matogrosso e os Secos e Molha No quesito "cultura de m assa", não
dos escandalizaram com suas performances se pode deixar de citar as reestilizações
musicais andróginas e psicodélicas; Raul Sei de tem áticas musicais nacionais, como os
xas, o "maluco beleza", embalou os jovens sertanejos e grupos de axé, pagode, forró
com Sociedade alternativa, Metamorfose am e funk, que, ao gosto do mercado, produ
bulante, Mosca na sopa, Gita e outros suces zem música para consum o imediato.
sos, misturando baião, xaxado e muito rock;
as discotecas e o estilo "dancing days" lan A virada para o século XXI, com toda
çaram nomes como As Frenéticas e Lady Zu. uma juventude nascida na "pós-ditadura",
Fafá de Belém, Sidney Magal, Simone, Gon- marca o ecletism o de estilos, e cantores
zaguinha e outros, saudavam o firme retorno como Adriana Calcanhoto, Diogo Noguei
a uma sociedade com Estado de Direito. ra, Hamilton de Holanda, Célia Porto, M ar
celo D2, M artinália, Vanessa da M atta,
A Abertura política, a luta pela A nis Yamandu Costa, Maria Rita, Zeca Baleiro,
tia e a volta dos exilados políticos davam Seu Jorge, BNegão, Lenine, Maria Gadú,
um novo espírito à sociedade brasileira, e P itty, e tantos outros, passam a conviver
as músicas abriram mão da necessidade com as gerações das décadas anteriores,
do protesto em todas as suas letras. em cirandas, rocks, baladas, dubs, choros,
sambas, modinhas, em uma produção m o
Nordestinos, como Elba Ramalho, A l numental e rica em diversidade.
ceu Valença, Ednardo e Raimundo Fagner,
despontavam com baladas melódicas ou xo A Música Brasileira é, desde as pri
tes compassados, em convite à alegria e ao meiras décadas do século XX, um dos
regionalismo. Kleiton e Kledir cantavam o jo grandes patrim ônios de seu povo e marca
vem personagem gaúcho sem estereótipos. incontestável da identidade do país.
Pro Dia Nascer Feliz
Cazuza
Tom: A
A D/A D/A
Todo dia tem a hora da sessão coruja, hum... Me dê de presente o teu bis
G D G D
F G D
G D F A
G D G D
Pro dia nascer feliz Pro dia nascer feliz, é!
G D G D
G D (A)
G D Oh oh oh oh
0 mundo inteiro acordar Oh oh oh oh...
F A
E a gente dormir...
A D/A A D/A
D/A (D G A)
Procurando vaga
F7M/A 0 homem nasceu, pelado e ateu
Uma hora aqui, a outra ali Levou um tapa na bundinha e um boné recebeu
D A Nem nome ele tinha, deixaram a audiência escolher
No vaivém dos teus quadris Acessando seu site, seu e-mail ou ICQ
G F Depois de longa votação, elegeram João
Nadando contra a corrente Um nome simples, bonito, simboliza a nação
G F Lhe arranjaram uma parceira igualmente conhecida
Só pra exercitar 0 que só aumentou o interesse sobre sua vida
G F E ela fez com ele o que era mais provável
Todo o músculo que sente Sentiu na carne como era descartável
A
Me dê de presente o teu bis (D G A)
G D
Pro dia nascer feliz Intensa exposição
G D Dominava todos os meios de comunicação
Pro dia nascer feliz, hum... Então foi fácil aparecer
G D Vestindo slogans, usando marcas na TV
O mundo inteiro acordar Então foi fácil aparecer
F A Vestindo slogans, usando marcas na TV
Ea gente dormir, dormir
G D (D G A)
Pro dia nascer feliz
G D Não foram quinze segundos, mas a vida inteira de
Ah! Essa é a vida que eu quis fama
G D Que não amenizaram, porém, seu imenso drama
O mundo inteiro acordar Não sabia se existia, ou se era mera criação
F A De uma mídia arrependida que clamava por seu perdão
E a gente dormir...
(D G A)
D/A (D G A)
Procurando vaga
F7M/A 0 homem nasceu, pelado e ateu
Uma hora aqui, a outra ali Levou um tapa na bundinha e um boné recebeu
D A Nem nome ele tinha, deixaram a audiência escolher
No vaivém dos teus quadris Acessando seu site, seu e-mail ou ICQ
G F Depois de longa votação, elegeram João
Nadando contra a corrente Um nome simples, bonito, simboliza a nação
G F Lhe arranjaram uma parceira igualmente conhecida
Só pra exercitar 0 que só aumentou o interesse sobre sua vida
G F E ela fez com ele o que era mais provável
Todo o músculo que sente Sentiu na carne como era descartável
A
Me dê de presente o teu bis (D G A)
G D
Pro dia nascer feliz Intensa exposição
G D Dominava todos os meios de comunicação
Pro dia nascer feliz, hum... Então foi fácil aparecer
G D Vestindo slogans, usando marcas na TV
O mundo inteiro acordar Então foi fácil aparecer
F A Vestindo slogans, usando marcas na TV
Ea gente dormir, dormir
G D (D G A)
Pro dia nascer feliz
G D Não foram quinze segundos, mas a vida inteira de
Ah! Essa é a vida que eu quis fama
G D Que não amenizaram, porém, seu imenso drama
O mundo inteiro acordar Não sabia se existia, ou se era mera criação
F A De uma mídia arrependida que clamava por seu perdão
E a gente dormir...
(D G A)
(E C D) Am7 Gm7
Sabe essas noites, que você sai caminhando, sozi
Nas favelas, no Senado nho, de madrugada, com a mão no bolso
Sujeira pra todo lado Am7 Gm7 Am7 Gm7
Ninguém respeita a Constituição Na rua
Mas todos acreditam no futuro da nação Am7 Gm7
E você fica pensando, naquela menina, você fica
Que país é esse torcendo e querendo que ela, tivesse
Am7 Gm7 Am7 Gm7
(E C D) Na sua
GF
No Amazonas, no Araguaia, na Baixada Fluminense Aí finalmente, você encontra o broto
Mato Grosso, nas Geraes e no Nordeste tudo em paz G F G F
Na morte eu descanso mas o sangue anda solto Que felicidade, que felicidade
Manchando os papéis, documentos fiéis G F G F
Você convida ela pra sentar, muito obrigada
Ao descanso do patrão G F G F
Garçom uma cerveja, só tem chope
Que país é este G F G F
Desce dois, desce mais...
(E C D) GF GF
Amor pede mais uma porção de batata frita
Terceiro mundo se for G F G F
Piada no exterior OK, você venceu batata frita
Mas o Brasil vai ficar rico G F G F
Vamos faturar um milhão Ai blá blá blá blá blá blá blá blá blá
Quando vendermos todas as almas G F
Dos nossos índios em um leilão Ti ti ti ti ti ti ti ti ti
GF
Você diz pra ela
G F
Tá tudo muito bom bom
G F
Tá tudo muito bem bem
G F
Mas realmente
G F
Mas realmente
GF G F
Eu preferia que você estivesse
D C Bb D7
Nu...a
G C/G G C/G
Você não soube me amar Você não soube me amar
Cm/G CFG Cm/G CFG
Você não soube me amar Você não soube me amar
G A7/G G A7/G
Você não soube me amar Você não soube me amar
Cm/G G FC Cm/G G FC
Você não soube me amar Você não soube me amar
Em DC
Todo mundo dizia G F G F
Bm Am Amor que que'cê tem
Que a gente se parecia GF
Bm C D Cê tá tão nervoso
Cheio de tal coisa e coisa e tal GF
Em D C Nada nada nada nada nada nada
E realmente a gente era
Bm Am Em D C Bm Am
A gente era um casal Foi besteira usar essa tática
Bm C D Bm C D Em
Um casal sensacional Dessa maneira assimdramática, eu tava nervoso
D C Bm Am
G C/G O nosso amor era uma orquestra sinfônica, eu sei
Você não soube me amar Bm C D
Cm/G CFG E o nosso beijo uma bomba atômica
Você não soube me amar G C/G
G A7/G Você não soube me amar
Você não soube me amar Cm/G CFG
Cm/G G FC Você não soube me amar
Você não soube me amar G A7/G
Você não soube me amar
Em DC Cm/G G
No começo tudo era lindo É foi isso que ela me disse
Em Am FC G
Tá tudo divino era maravilhoso Oh! baby não!
Bm C D Em
Até debaixo d'água, nosso amor era mais gostoso
DC Bm Am
Mas de repente a gente enlouqueceu
Bm C
Ah! Eu dizia que era ela
D
Ela dizia que era eu
M atança
Xangai
Tom: G
Intro: G C G C G
G C G C A D
Cipó caboclo tá subindo na virola Não chame Nossa Senhora só quem pode nos salvar
C D G A G A
chegou a hora do pinheiro balançar ÉÉ., Caviuna, Cerejeira, Baraúna, Imbuia, Pau-d'arco,
A G G C G D
Sentir o cheiro do mato da imburana Solva, Juazeiro e Jatobá
A G C G D G A G A G
Descansar morrer de sono na sombra da barriguda Gonçalo Alves, Paraíba, Itaúba, Louro, Ipê, Paracaúba,
G C G C G D
De nada vale tanto esforço do meu canto Peroba, Maçaranduba
C D D A G
Pra nosso espanto tanta mata ah já vão matar Carvalho, Mogno, Canela, Imbuzeiro,
A G A G C G D
Tal Mata Atlântica e a próxima Amazônia Catuaba, Janúba, Aroeira, Araribá
A G C G D G A G
Arvoredos seculares impossível replantar Pau-ferro, Anjico, Amargoso, Gameleira,
G C G A G C G
Que triste sina teve Cedro nosso primo Andiroba, Copaíba, Pau-Brasil, Jequitibá
C D
Desde menino que nem gosto de falar (Repitir do início e cantar o Final)
A G DA C G
Depois de tanto sofrimento seu destino Quem hoje é vivo, corre periiiiiguuuu (Final)
A G A G D
Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar
G C G
Quem por acaso ouviu falar da Sucupira
C D
Parece até mentira que o Jacarandá
A G
Antes de virar poltrona, porta, armário
A G C G
Moro no dicionário vida eterna milenar
DA C G
Quem hoje é vivo corre perigo
D C D
E os inimigos do verde da sombra o ar
A C G
Que se respira e a clorofila
D C D
Da mata virgem destruída vão lembrar
C G C G
Que quando chegar a hora é certo que não demora
Feira de M angaio Sivuca
Tom: D
(refrão)
C D/C
Onde queres comício, flipper vídeo,
C
e onde queres romance, rock'n roll
C D/C
Onde queres a lua eu sou o sol,
Am
onde a pura natura, o inseticídio
Eb°
E onde queres mistério eu sou a luz,
Am
onde queres um canto, o mundo inteiro
F
Onde queres quaresma, fevereiro,
D C
e onde queres coqueiro eu sou obus
Billie Jean M ichael Jackson
Tom: A
(refrão 2x)
F#m G#m/F# F#m7 G#m/F# F#m G#m/F# F#m7 G#m/F#
Billie Jean is not my lover, Billie Jean is not my lover,
F#m G#m/F# F#m7 G#m/F# F#m G#m/F# F#m7 G#m/F# F#m
Billie Jean is not my lover, Billie Jean is not my lover, Norma Billy Jean.
Ela estava mais para uma linda rainha Por 40 dias e 40 noites
de uma cena de cinema A lei esteve do seu lado
Eu disse "Não se importe, mas o que quer dizer com Mas quem pode resistir quando ela insiste em
Eu sou o único Seus esquemas e planos?
Que vai dançar na pista de dança Vou dançar na pista de dança
"Ela disse que eu sou o único Então, aceite meu grande conselho,
Que vai dançar na pista de dança Se lembre de sempre pensar duas vezes
Ela me disse que seu nome era Billie Jean (Pense duas vezes)
Enquanto causava uma cena Ela disse, "Meu bem, isto é uma ameaça"
E toda cabeça se virou para ela com olhos Quando olhou pra mim
Que sonhavam em ser o único Então mostrou uma foto de um bebê chorando
Que vai dançar na pista de dança. Olhos que seriam meus
As pessoas sempre me disseram, Vai dançar na pista de dança, baby
"Cuidado com o que faz" As pessoas sempre me disseram,
"Não saia por aí partindo o coração das mocinhas" "Cuidado com o que faz"
E minha mãe sempre disse: "Não saia por aí partindo o coração das mocinhas"
"Cuidado com quem você ama" Ela veio e parou ao meu lado
"Cuidado com o que você faz" Então o suave cheiro de perfume
Porque a mentira se torna verdade" Isso aconteceu m uito rápido
(Refrão) Ela me chamou pro seu quarto
Billie Jean não é minha amante (Refrão)
Ela é só uma garota que diz que sou o único Ela diz que sou o único
Mas o garoto não é meu filho Mas o garoto não é meu filho
Ela diz que sou o único, mas o garoto não é meu filho (Refrão)
Geração Coca-co/a Legião Urbana Podres Poderes Caetano Ve/oso
Tom: D Tom: A
Intro: A
intro: (B D A)
A
B
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Quando nascemos fomos programados
B/A
D A
motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
A receber o que vocês
D E7 F° F#m
B
e perdemos verdes somos uns boçais
nos empurraram com os enlatados
A
D A
Queria querer gritar setecentas mil vezes
dos U.S.A. de 9 às 6
B/A
B
como são lindos, como são lindos os burgueses
Desde pequenos nós comemos lixo
D E7 F° F#m
D A
e os japoneses mas tudo é muito mais
Comercial e industrial
C
B
Será que nunca faremos senão confirmar
Mas agora chegou nossa vez
E7
D A
a incompetência da américa católica
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês
F7 + Bb7
B A G que sempre precisará, de ridículos tiranos
Somos os filhos da revolução C
B A G Será, será, que será, que será, que será
Somos burgueses sem religião E7
B A G (refrão) será que essa minha estúpida retórica
Somos o futuro da nação F7+ Bb7
A D B terá que soar, terá que se ouvir por mais mil anos?
Geração coca-cola A
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
B
B/A
Depois de vinte anos na escola
índios, padres e bichas, negros e mulheres
D A
D E7 F° F#m
Não é difícil aprender
e adolescentes fazem o carnaval
B
A
Todas as manhas do seu jogo sujo
Queria querer cantar afinado com eles
D A
B/A
Não é assim que tem que ser?
silenciar em respeito ao seu transe , num êxtase
B
D E7 F° F#m
Vamos fazer nosso dever de casa
ser indecente mas tudo é muito mau
D A
C
E aí então, vocês vão ver
Ou então cada paisano e cada capataz
B
E7
Suas crianças derrubando reis
com sua burrice fará jorrar sangue demais
D A
F7 + Bb7
Fazer comédia no cinema com as suas leis
nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos gerais
A D B A D B solo 2 - 3x) (G A B) C
Geração coca-cola, geração coca-cola será que apenas os hermetismos pascoais
E7 D E7 F° F#m
e os tons e os mil tons, seus sons e seus dons geniais são tantas vezes gestos naturais
F7+ Bb7 A
nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais... eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
A B/A
Enquanto os homens exercem seus podres poderes daqueles que velam pela alegria do mundo...
B/A D
morrer e matar de fome, de raiva e de sede Indo mais fundo
D E7 F° F#m E7 F° F#m
são tantas vezes gestos naturais tins e bens e tais
A D
eu quero aproximar o meu cantar vagabundo tudo mais fundo
B/A E7 F° F#m
daqueles que velam pela alegria do mundo tins e bens e tais
D E7 F° F#m D
indo e mais fundo tins e bens e tais tudo mais fundo
C E7 F° F#m
será que nunca faremos senão confirmar tins e bens e tais
E7
Na incompetência da américa católica
F7 + Bb7
que sempre precisará de ridículos tiranos?
C
será, será que, que será? que será, que será,
E7
será que essa minha estúpida retórica
F7+ Bb7
terá que soar, terá que se ouvir por mais mil anos...
C
ou então cada paisano e cada capataz
E7
com sua burrice fará jorrar sangue demais
F7+ Bb7
nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos gerais...
C
será que apenas os hermetismos pascoais
E7
e os tons e os mil tons, seus sons e seus dons geniais
F7+ Bb7
nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais...
A
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
B/A
morrer e matar de fome de raiva e de sede
TropicáHa Caetano Ve/oso
Tom: A#
Intro: D C F C D
(D C) F
Antes mundo era pequeno porque No instante que tange o berimbau, meu camará
Terra era grande (Bb C)
Floje mundo é muito grande porque Ê volta do mundo, camará,
Terra é pequena (C D)
F ê ê mundo dá volta camará
Do tamanho da antena parabolicamará
(Bb C)
Ê volta do mundo camará, uma eternidade, de saveiro leva uma encarnação
F (C D) F C Bb C
ê mundo da volta camará De jangada leva uma eternidade,
(C D) F C Bb C
Antes longe era distante de saveiro leva uma encarnação
perto só quando dava Bb C D (Bb C D)
Quando muito ali defronte De avião o tempo de uma saudade
e o horizonte acabava (C D)
F Esse tempo não tem rédea vem nas asas do vento
Hoje lá trás dos montes dendê em casa camará O momento da tragédia, Chico Ferreira e Bento só
(Bb C) souberam na hora do destino apresentar é volta do
Ê volta do mundo camará, mundo camará, ê ê mundo dá volta camará ....
(C D) F C Bb C F C Bb C
ê ê mundo da volta camará De jangada leva
F C Bb C
De jangada leva uma eternidade,
F C Bb C
de saveiro leva uma encarnação
F C Bb C
De jangada leva uma eternidade,
F C Bb C
de saveiro leva uma encarnação
(C D)
Pela onda luminosa, leva o tempo de um raio
Tempo que levava rosa pra aprumar o balaio
F
Quando sentia que o balaio ia escorregar
(Bb C)
Ê volta do mundo, camará,
(C D)
ê ê mundo dá volta camará
(C D)
Esse tempo nunca passa
não é de ontem nem de hoje
Mora no som da cabeça,
nem tá preso nem foge
A G U ILA R , N elson (org.). C atálogo B iena l B ra sil S éculo X X . São Paulo: Fundação Bie
nal, 1 9 9 4 .
ÂNG ELO , C láudio. E ldorado de ba rro . Super In tere ssante especial pré -h istó ria brasi
leira. Editora A b ril, abril 1 9 9 9 .
A rt Gallery: Cores do Brasil. A rtista s Contem porâneos de Brasília. CD M ultim ídia - Brasil.
C AVA LC A N TI, Carlos & A Y A L A , W alm ir. Dicionário brasileiro de artistas plásticos, 1980.
CHALVER S, lan. D icio n á rio O x fo rd de A rte . T radu ção: M a rcelo B randão C ipolla. 2 a
ed. São Paulo: Editora M a rtin s Fontes, 2 0 0 1 .
GOMBRICFI, E. H. E stran ho s co m e ço s. In: A h istó ria da arte. 1 6 a ed. Rio de Jan eiro :
E ditora ITC, 1 9 9 9 , p. 3 9 -5 3 .
JA N S O N , H. W . A m agia e o rito. In: História geral da arte. São Paulo: Editora M artins.
M A R IN H O , R oberto. Seis D écadas de A rte M oderna. In: Coleção de A rte M oderna. Rio
de Janeiro: Edições P inacoteca, 1 9 8 5 (Buenos A ires, 1 9 8 7 ; Lisboa, 1 9 8 9 , p. 3 3 -3 6 ).
______ ■ Poemas de C ândido P ortinari - Pref. M anuel Bandeira. Rio de Janeiro: José
O lym p io , 1 9 6 4 .
Revista Super Interessante. Editora A b ril, ano 10, núm ero 12, dezem bro de 1 9 9 6 .