aNO 28 • Nº 330 • fevereiro 2022 • r$ 35,00

SERVIÇOS DE ROUBO DE CARGAS

INTELIGÊNCIA NO SUDESTE
RJ E SP sofrem como

AUMENTAm reféns nas mãos do crime

organizado

COMPETITIVIDADE
Investir nesse setor livra as empresas
de inúmeros riscos, como fraudes
e ainda abre novas perspectivas
de negócios

BALAS PERDIDAS
Projéteis marcados
ajudam a solucionar?

PORTARIAS PATINAM Infraestruturas

NA LGPD Críticas
residenciais, comerciais, Tráfico afeta
telecomunicações
físicas ou remotas: todas
estão distantes da lei

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Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 2

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 3
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INTELIGÊNCIA DE NEGÓCIOS SUSTENTA

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E, como anda o mercado? As empresas buscam a todo vapor superar a crise dos dois
últimos anos que continua a gerar prejuízos já gerados pela pandemia. No entanto, para
vencer os desafios da atualidade, é necessário criar novas estratégias para combater os
danos que minam a saúde das organizações.
Uma delas é investir nos Serviços de Inteligência Empresarial (IE) ou de Negócios, como
também é conhecido. Este trabalho reúne uma série de ações, cujo objetivo é antever,
monitorar e analisar informações sobre a organização e todo o contexto no qual ela está
inserida. Desta forma, é possível prever e evitar situações de crise, reduzindo impactos e
exterminando problemas graves, como fraudes, por exemplo.
Por essa razão, nesta edição, a nossa Matéria de Capa é dedicada ao tema que faz toda
a diferença no cotidiano das companhias que já acordaram para essa necessidade. Para
tratar do assunto, entrevistamos Adriano Mizuguti, especialista em Inteligência Estratégica,
oficial de Infantaria e secretário do Comitê de Prevenção de Perdas da ABSEG.
Na seção Radar de Riscos, escrita por Eugênio Moretzsohn, mestre em Operações
Militares, coronel e consultor em Segurança, Inteligência e Contraespionagem, a pauta
da vez foi o crescimento das balas perdidas no país e como é possível identificá-las para
reduzir esse problema, que aumentou 267% em 2020.
Em LGPD, Marcelo Souza, advogado e especialista em Gerenciamento de Riscos,
mostra que todas as portarias: físicas, remotas, comerciais e residenciais ainda estão
muito distantes de cumprir com às exigências feitas pela Lei Geral de Proteção de Dados.
As perdas são altas, mesmo assim paira grande desconhecimento a respeito do assunto.
Já André Ferreira, consultor de Segurança Empresarial, traz à tona uma situação
gravíssima. Os serviços de infraestrutura de telecomunicações estão sob risco em regiões
dominadas pelo tráfico de drogas. Diversos pontos nos estados do Rio de
Janeiro e também em São Paulo foram delimitados pelos criminosos, que
impedem o livre acesso dos prestadores de serviço. Leia mais detalhes na
seção Lupa. E como sempre, tem muito mais. Leia as seções de Tecnologia,
Vitrine, Fique por Dentro, entre outras.
Bons negócios, ótima leitura e proteção sempre!

Um abraço,
Roselaine Araujo, editora

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 RADAR DE RISCOS

Projéteis Marcados:
solução para esclarecer balas perdidas

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 7

 RADAR DE RISCOS

B
alas perdidas são pro- parar a esmo imunes às dores da
jéteis anônimos de consciência que não possuem.
armas de fogo que Diversos policiais militares são
atingem sem aviso e dessas comunidades mais vulne-
chance de defesa alvos alea- ráveis nas quais ainda residem
tórios, como pessoas, animais, seus familiares. Portanto, é muito
vegetação, edificações, veículos mais provável que as balas perdi-
e até aeronaves. Elas ocorrem das saiam das armas dos bandi-
nos países em conflito e onde dos, mas sempre será necessário
organizações criminosas atuam provar.
em liberdade, como no Brasil.
Em 2021, a plataforma Fogo ARREGAÇANDO AS
Cruzado1 apontou que, no Es-
tado do Rio de Janeiro, foram 63
MANGAS:
pessoas atingidas por elas, das Microstamping ammunition,
quais 17, infelizmente, faleceram. em inglês, são os projéteis que
recebem uma camada externa
O número de crianças atin-
de um produto industrial segu-
gidas por balas perdidas na ca-
ro, muito aderente e que sempre
pital carioca cresceu 267% em
deixa marca onde raspar, passí-
2020, segundo a mesma plata-
vel de rastreamento por peritos.
forma, em matéria da CNN. De
acordo ou não com os núme- A marcação dos projéteis é im-
ros, creio que aprovamos mor- perceptível a olho nu e somente
tos e feridos demais por dispa- detectável com equipamento
ros sem dono. adequado. Já o projétil, ao ser
disparado, deixa suas “digitais”
MOCINHOS X BANDIDOS: no raiamento interno do cano e
naquilo que vier a ter contato. A
Um policial, quando dispara ideia é a polícia utilizar somente
seu armamento em áreas po- munições marcadas em substi-
voadas, tem a consciência que tuição às convencionais. A mar-
responderá pelas consequên- ca residual permanecerá onde
cias de seu ato. Os bandidos, ao raspar por semanas, embora
contrário, não hesitam em dis- não consigamos vê-la.

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 8

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 9
 RADAR DE RISCOS

VANTAGENS: CURIOSIDADE:
Há uma vítima de bala perdida? Pilotos de caça utilizam muni-
A perícia comprovará se o projé- ções marcadas com pontas co-
til deixou sua assinatura no alvo. loridas nos treinamentos, perse-
Deixou? A munição é da polícia e, guindo e disparando contra uma
periciando-se o raiamento dos fu- biruta rebocada. A arbitragem
zis utilizados será possível afirmar confere as cores dos orifícios no
de qual arma partiu o tiro, chegan- tecido, sendo tal exercício co-
do assim à autoria. nhecido por “fogo na biruta”. Foi
O projétil não deixou marca al- lendo sobre essa prática que me
guma na vítima, roupas, vidros e inspirei a avaliar sua adequação
nem em estruturas próximas onde ao emprego policial.
pode ter tocado ao longo de sua Não há dúvidas no mundo fo-
trajetória? Aí, o suspeito é outro. rense sobre a contribuição das
munições marcadas para as in-
DESVANTAGENS: vestigações e elas estão sendo
utilizadas no Reino Unido, em
Críticos dirão que munições
equipes SWAT estadunidenses e
marcadas desviadas de quartéis
no GSG-9 alemão, treinamentos
poderão ser utilizadas pelo tráfico
e equipes de contraterrorismo
para culpar a polícia. É possível fa-
das principais forças de seguran-
zer milhares de combinações pos-
ça. Todas possuem como obje-
síveis de marcação dos lotes de
tivo aferir a efetividade de seus
munição e aquele que vier a sofrer
atiradores.
algum desvio será considerado
“prejudicado para fins periciais”. A vida das pessoas de bem não
pode ser interrompida por balas
Se formos derrotistas a polícia
perdidas, cujos autores perma-
também não poderá ter fuzis, co-
necerão impunes. Porém, en-
letes, rádios, computadores e nem
quanto não fizermos nada a res-
papel higiênico, pois tudo poderá
peito, o mais fácil, como sempre,
ser desviado, afinal.
é deixar as coisas como estão,
A real desvantagem é o custo principalmente quando certas
reduzido, se a fabricação vier a ser mídias condenam antecipada-
nacional. mente a polícia. A munição mar-

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 10

 RADAR DE RISCOS

cada não traria de volta os que, infeliz- insiste em resistir: quem atirou?
mente, foram abatidos injustamente; Muito obrigado por sua leitura. Fi-
mas, poderiam dirimir a dúvida que quem com Deus e com saúde!

Eugênio Moretzsohn é coronel de Infantaria pela Academia

Militar das Agulhas Negras, mestre em Operações Militares,
especialista em Gestão de Pessoas em Avaliação da Gestão
Pública pelo Ministério do Planejamento. É professor, palestrante
e consultor sobre Inteligência, Segurança, Contraespionagem
e Compliance em grupos privados e instituições públicas, civis
e militares. Coordenou ações de Inteligência na repressão às
organizações criminosas narcoterroristas na Amazônia (Brasil -
Colômbia) e na Tríplice Fronteira (Paraguai - Argentina - Brasil).

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 11

 Matéria de Capa

INTELIGÊNCIA DE NEGÓCIOS
IMPULSIONA DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL
Serviços de Inteligência livram organizações de
riscos inesperados, combatem fraudes e tornam
as cias mais competitivas

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 12

 Matéria de Capa

O
s serviços de Inteligência e Informação estão cada dia mais
valorizados na esfera pública e privada. Diante da crise econômica,
política e social agravada pela pandemia em todo mundo, coletar
informações privilegiadas e detectar possíveis ameaças tornou-
se praticamente essencial à sobrevivência das organizações. Na iniciativa
privada, os serviços de informação também conhecidos como Inteligencia de
Negócios investigam não só antecedentes criminais de cargos importantes,
mas fazem inclusive o levantamento de informações sobre concorrentes e
focam principalmente no combate às fraudes no meio corporativo.

Para falar sobre esse

assunto com mais pro-
fundidade, entrevista-
mos nesta edição Adria-
no Mizuguti que é oficial
de Infantaria, secretário
do Comitê de Prevenção
de Perdas da Associação
Brasileira de Profissio-
nais de Segurança (AB-
SEG) e membro da ASIS
International/RJ. Mizugu-
ti é certificado pela Asso-
ciação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra
(ADESG) e pelo Curso de
Inteligência Estratégica
e Segurança Corporativa
(CIESC).

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 13

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Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 14
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Segurança Estratégica - Qual é
o atual conceito de Inteligência
usado para identificar riscos
contra crimes na segurança
empresarial?
Mizuguti - O conceito de
Inteligência é um ponto interessante
a ser abordado. Ao mesmo tempo
que é uma ciência lógica (objetiva),
conta também com percepções
(subjetiva) do agente de inteligência,
além de somar experiências
profissionais e pessoais, inclusive
os conhecimentos adquiridos por
meio de certificações, cursos e até
práticas esportivas. Agentes do FBI,
além de cumprirem um programa
de capacitação muito técnica, devem
reunir habilidades e competências
importantes para exercer suas
atividades de forma eficiente. No FBI,
por exemplo, na área de habilidades
e competências, os candidatos
depois de se qualificarem para um
dos cinco programas iniciantes,
são priorizados no processo de
recrutamento com base em certas
habilidades críticas para as quais o
FBI recruta. Elas podem incluir:
• Contabilidade e Finança: O
rastreamento de fundos pode ser
parte integrante de muitos tipos
diferentes de investigações.
Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 15
Matéria de Capa
• Tecnologia da Informação: Os
computadores são uma ferramenta
comum na maioria das empresas
criminosas modernas. Portanto,
muitas vezes é necessário recuperar
dados ocultos ou monitorar a
comunicação eletrônica.
• Línguas estrangeiras: Como
nem todas as pessoas envolvidas
nas investigações falam inglês, por
isso os agentes multilíngues são
particularmente valiosos.
• Experiência jurídica: Ter um
bom conhecimento jurídico pode
ajudar a iniciar investigações em
novas áreas ou impedir que outras
investigações ocorram devido a
erros legais.
• Experiência militar: A liderança
e o treinamento tático das forças
armadas podem, em certas
circunstâncias, ser bem transferidos
para a aplicação da lei.
• Conhecimento científico:
Algumas evidências podem
ser difíceis de entender para
pessoas sem formação científica
ou educação. A experiência com
métodos de pesquisa científica
também beneficia todos os
ingredientes ativos.
Como exposto acima, o pilar

“pessoas” é um requisito importante.
Porém, necessita também das bases
“processos” e “produtos”. Processos
estão relacionados à metodologia a
ser aplicada para obtenção do dado,
portanto, a utilização dos recursos
tecnológicos é essencial. Aí, entra a
criatividade do agente na aplicação
da melhor tecnologia para obter
esse dado.
Já os “produtos” são os resultados
produzidos pela obtenção do
dado pelo agente de inteligência.
A qualidade dessa informação é
essencial na assertividade para o
tomador de decisão.
A gestão desses recursos “pessoas,
processos e produtos” demandam
ações de planejamento, que devem
ser bem elaboradas e tratadas de
forma organizada. Ter um bom plano
financeiro para manter essa gestão é o
ponto fundamental para manutenção
do sistema de inteligência.
Segurança Estratégica – Quais
são hoje as principais ameaças à
Segurança das empresas privadas?
Mizuguti - Para identificar os
riscos de um negócio, é importante
entender o posicionamento dele no
mercado, pois os riscos variam de
Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 16
Matéria de Capa
um setor para o outro. É primordial
realizar uma análise SWOT (Sigla
em inglês que significa Strengths,
Weaknesses, Opportunities e Threats.
Em português: Forças, Fraquezas,
Oportunidades e Ameaças), isto é,
uma importante ferramenta de análise
empresarial. Com ela, é possível
classificar os riscos em internos e
externos e determinar prioridades
sobre esses riscos. Atualmente, o
assunto predominante é a COVID-19.
Este risco biológico pode afetar o
negócio externamente (mercado)
e internamente (afastamentos de
colaboradores, lucro, despesas, etc) e
deve ser classificado como alto risco
(prioritário).
Segurança Estratégica – Os
recursos tecnológicos fazem a
diferença na área de Inteligência.
De que forma eles ajudam as
empresas a aumentar mais a
segurança?
Mizuguti - Os recursos
tecnológicos ajudam muito uma vez
que a informação pode ser gerada,
coletada, tratada e analisada muito
mais rápida. Antes da informatização,
os processos eram analógicos e as
informações eram produzidas por

meio visual com pessoas, registradas
em papel e transportadas por meio
físico para só depois serem analisadas
por diversos profissionais.
Segurança Estratégica - Quais
inovações tecnológicas foram
mais importantes nos últimos
dois anos?
Mizuguti - Nos últimos anos a
utilização de Aplicações em Cloud,
uso de rastreadores móveis e a
Inteligência Artificial se desenvolveram
muito, otimizando muitos processos
de análises, resultando para que as
ações sejam tomadas de forma mais
rápida sem a intervenção de outros
processos ou do ser humano.Como
exemplo, podemos citar sistemas
que se integram e geram novas
informações, realizando cruzamento
desses dados. Dessa forma, cria-se
predição de crimes, antes mesmo
que eles possam acontecer. Na
área de roubo de cargas, a análise
de comportamento dos envolvidos
nos processos da cadeia logística,
pode ser um indicador importante
para prevenir roubos, cruzando
informações, como: perfil da rota,
índice de criminalidade da região
e uma avaliação dos crimes em
crescimento, pois pode-se saber
Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 17
Matéria de Capa
quais são eles e qual é o movimento
da criminalidade, sendo possível agir
preventivamente nos entornos.
Segurança Estratégica – De que
forma, os serviços de Inteligência
fazem a diferença na hora de
conduzir casos mais graves, como por
exemplo, invasões e até sequestros?
Mizuguti - Estar preparado
para a crise por meio de ações de
contingências bem planejadas são
de suma importância na hora de
conduzir de modo assertivo situações
graves. Metodologias, como ISO
31000, ajudam muito na preparação
deste plano, principalmente no
que refere ao monitoramento e
comunicação. Desenvolver matrizes
de responsabilidades, incluindo a alta
gestão, agiliza ações, pois as tomadas
de decisões são colocadas somente
para pontos de divergências que não
estejam contidos nos planos.
Segurança Estratégica - Para
as empresas, quais seriam as
vantagens de investir no setor de
inteligência?
Mizuguti - Do ponto de vista de
Gerenciamento de Riscos Corporativo,
atuar de forma preventiva, antes que

seja acionado o Plano de Contingência
e posteriormente ao Plano de Crise,
apresenta inúmeras vantagens,
especialmente em relação a reputação
da marca, cujo valor é subjetivo. Na
questão financeira, todo investimento
não planejado afeta diretamente
o fluxo de caixa. Pelo mercado, a
confiança e a credibilidade (clientes e
fornecedores) podem afetar o negócio
a curto, médio e longo prazo, sendo
difícil voltar a normalidade. Lidar com
o clima e a cultura interna também
demanda um plano robusto. Diante
desses fatores apresentados, as
empresas que estão estruturadas com
um sistema de Inteligência eficiente
vão antever situações de crises,
obtendo as melhores informações o
que ajuda a tomar as decisões mais
acertadas. Talvez não evite a crise, mas
com certeza fará com que o impacto
seja menor.
Segurança Estratégica - Há algum
caso famoso que o serviço de
Inteligência foi essencial para o
bom resultado da operação que
você poderia citar?
Mizuguti - Em meados de 2018,
trabalhando num grande grupo
hospitalar, tivemos uma crise com a
falta de medicamentos específicos,
Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 18
Matéria de Capa
que imediatamente, acionou diversos
planos de contingência de diversas
áreas. Na área de Segurança
Empresarial, tivemos um papel
importante para monitorar todas as
movimentações de medicamentos e,
ao mesmo tempo, proteger aqueles
que estavam em estoque nos
diversos hospitais. Informações eram
recebidas e tratadas. Entretanto,
mais importante, foi a necessidade de
desenvolver a contrainteligência com
recursos especiais a fim de coletar
informações nas diversas áreas, e,
em paralelo, integrar com dados
sobre roubos desses medicamentos,
aplicação de medidas protetivas
adequadas, que suportassem o
orçamento definido. Não registramos
nenhum evento neste período,
possibilitando que o negócio pudesse
continuar sem nenhum prejuízo.
Segurança Estratégica – Na
sua opinião, o que falta para
melhorar os serviços de
Inteligência dentro do mundo
corporativo?
Mizuguti – Atualmente,
a informação é um assunto
imprescindível para o mundo
empresarial. Ela deve ser tratada
de forma que atenda a legislação
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vigente, bem como é necessário que
sua aplicação resulte em ações de
proteção e inovações. Para mim, é
essencial que os profissionais estejam
preparados para lidar com essas
informações. O desenvolvimento
de certificações atualizadas, de
acordo com a realidade dos setores,
especificamente, na área de Segurança
Empresarial, é fator essencial para que
não haja divergências e sim integração.
Em outros países, certificações são
requisitos obrigatórios para alguns
segmentos do mercado. Na área
de Tecnologia da Informação, ter
profissionais certificados, aumentam
a credibilidade junto aos acionistas. A
disciplina da Inteligência não é restrita
a algumas áreas específicas, mas para
todo o negócio. Por isso, profissionais
que possam pavimentar em qualquer
área, tornam-se diferenciais dentro da
companhia.
Segurança Estratégica – Para
os gestores de segurança que
gostariam de se aperfeiçoar ou
ingressar nesse setor, quais dicas
você daria?
Mizuguti - O conhecimento
multidisciplinar é essencial. Entender
o segmento de atuação é o primeiro
passo para desenvolver uma
Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 20
Matéria de Capa
visão do todo. Se possível, sempre
participe voluntariamente de ações e
projetos corporativos, mesmo como
expectador. Isto ajuda a ter uma
ideia da dimensão do setor. Estudar
outras áreas ajuda a gerar sinergia
para o profissional de inteligência.
É importante também investir em
ferramentas de trabalho para coletar
informações, escolher fontes confiáveis
e que estejam em conformidade. Avalie
soluções, como: PowerBI, Tableau,
DataStudio, entre outras. Esta é uma
boa forma de coletar, integrar e gerar
informações de inteligência que vão
auxiliar na tomada das decisões.
Segurança Estratégica - Como
você avalia o avanço da área
da Inteligência nas empresas
privadas?
Mizuguti - Companhias
com estruturas grandes de
Segurança Empresarial contam
com profissionais e sistemas de
suporte que permitem a coleta,
análise e entrega de informações de
inteligência para que os tomadores
de decisão possam direcionar
ações de proteção e prevenção aos
seus negócios. A grande maioria
das empresas geram um nível de
estrutura de inteligência básica, pois
 Matéria de Capa

manter a estrutura demanda um Riscos deverão estar preparados

bom planejamento e o investimento
de profissionais qualificados.
Segurança Estratégica – Como
você enxerga o futuro do
mercado de Inteligência nos
próximos anos?
Mizuguti – Com o aumento do fluxo
de informações, seja em redes sociais
ou nos bancos de dados públicos e
privados, a Inteligência ganhou maior
protagonismo, pois da mesma forma
que a informação auxilia na tomada
de decisão também pode gerar riscos
contra às companhias.
Profissionais de Inteligência que
tenham habilidades para trabalhar
na área de Gerenciamento de
para agir na defesa em âmbito
físico, como no digital. O
mercado deverá seguir para que
as informações estejam mais
disponíveis, porém com maior
segurança. Por isso, recomendo a
todos a leitura da pesquisa sobre o
Perfil do Fraudador no Brasil, feita
pela KPMG, publicada em 2021.
O trabalho é uma grande fonte
de informação para entender o
cenário de crimes no Brasil. Alguns
números interessantes a respeito
do assunto revelam que mais de
70% das fraudes foram detectadas
por denúncia anônima, enquanto
52% das fraudes foram referentes
à apropriação/desvios de ativos
(furto, roubo).

Quem quiser, pode ler a pesquisa na íntegra. Acesse:

https://home.kpmg/br/pt/home/insights/2021/12/perfil-
fraudador-analisado-tecnologia-aliada.html?gclid=Cj0KC
QiAmKiQBhClARIsAKtSj-mtr4UiKjTNX1uV9c9iSGZUeSaq-
7f1XBlQoYYZ9a9-1oRIkYmYb0caAqYGEALw_wcB.

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 21

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Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 24

 estruturas críticas

Por um fio:
o setor de Telecom sob a mira do crime
Tráfico domina regiões
e impede gestão de
infraestrutura de redes em
determinadas áreas

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 25

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os últimos anos
houve um aumento
considerável,
principalmente
no estado do Rio de Janeiro,
do número de casos em que
empresas prestadoras de
serviços de telecomunicações são
impedidas de acessar algumas
regiões, comumente dentro de
comunidades controladas pelo
tráfico de drogas ou pela milícia.
Recentemente, uma grande
empresa do setor divulgou,
em webinar sobre segurança e
integridade de infraestruturas de
rede, no painel Telebrasil, que seus
colaboradores estão impedidos de
acessar 105 comunidades na região
metropolitana.
Para entender melhor de que
forma chegamos a esse ponto,
é preciso mencionar a evolução
das organizações criminosas nas
comunidades do Rio de Janeiro. As
milícias controladoras de regiões
e que possuíam um discurso de
combate ao crime e geração de
receitas que vinham exclusivamente
de valores arrecadados junto
a moradores e comerciantes
locais em troca de uma suposta
segurança, agora enxergaram
Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 27
estruturas críticas
também um grande potencial
econômico na exploração de
serviços, como TV a cabo e internet,
além do fornecimento de produtos
essenciais para a população local,
como botijões de gás e galões de
água mineral.
Já as comunidades controladas
por facções criminosas tinham
sua receita oriunda, quase que
totalmente, do tráfico de drogas,
mas com a expansão do controle de
grupos milicianos em várias regiões
do estado, iniciou-se um movimento
de intercambialidade de práticas
criminosas. Atualmente, nessas
comunidades também ocorre a
exploração de produtos e serviços,
prática anteriormente exclusiva de
grupos milicianos. Em contrapartida,
nas comunidades controladas por
grupos milicianos agora é comum
também o tráfico de drogas. Toda
essa evolução nos traz ao cenário
atual de consolidação de grupos
narcomilicianos atuando nas
comunidades do Rio de Janeiro.
Quando analisamos os serviços
de internet e TV por assinatura
oferecidos de maneira desleal
nas comunidades, os provedores
clandestinos vão angariando
clientes nesses locais com o

aval de grupos criminosos que
controlam as comunidades e
coagem a população a contratarem
os serviços somente de empresas
indicadas. Neste cenário ocorre
a sabotagem e até mesmo o
sequestro de estruturas de
rede implantadas por empresas
autorizadas pela Anatel para a
exploração desses serviços, que
passam a operar em favor dos
provedores clandestinos. Além
disso, comumente, técnicos das
grandes empresas são ameaçados
e proibidos de entrarem nas
comunidades, sob pena de
represálias.
Para termos uma ideia da
amplitude desse problema, num
estudo conjunto realizado por
diferentes órgãos, como o Grupo de
Estudos dos Novos Ilegalismos da
Universidade Federal Fluminense
(GENI/UFF), o Datalab Fogo Cruzado,
o Núcleo de Estudos da Violência
da USP, a Plataforma Digital Pista
News e o Disque-Denúncia, até o
ano 2019, aproximadamente 57,5%
do território da cidade do Rio de
Janeiro estava dominado por grupos
milicianos, enquanto outros 34,2%
são controlados por pelo menos
uma das três principais facções
Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 29
estruturas críticas
criminosas da cidade. A conclusão
é que quase 4 milhões de cariocas
vivem em regiões controladas por
grupos criminosos.
Com este histórico, é possível
entender o tamanho do desafio
apresentado para o estado,
responsável em prover a segurança
necessária para a garantia da
distribuição dos serviços essenciais,
como os oferecidos pelas empresas
de telecomunicações. Tão grande,
se não maior, são os desafios que
enfrentam as empresas do setor
de telecomunicações, pois sem
políticas públicas de segurança
que gerem resultados efetivos,
cabe a elas trabalharem o tema
internamente para minimizarem
suas perdas.
Para que as empresas de
telecomunicações consigam mitigar
os riscos envolvidos na exploração
de seus serviços em todas as
regiões, como as comunidades
do Rio de Janeiro, é necessário
o desenvolvimento de algumas
ações em três grandes frentes de
segurança operacional.
Primeiramente, é importante
desenvolver atividades de
inteligência, em conjunto com a
segurança pública, para que sejam
 estruturas críticas

levantadas informações nas patrimônio das empresas de

regiões de maior complexidade,
e haja atuação no combate
a provedores clandestinos,
inviabilizando a exploração desse
tipo de atividade.
Em conjunto com as atividades
de inteligência, é importante
a aplicação de agentes de
campo para a coleta dessas
informações, as apurações
e o acompanhamento de
ocorrências, além da realização
de estudos no campo de
gerenciamento de riscos para
ampliação da rede das empresas
de maneira estruturada no
quesito segurança corporativa.
Por fim, é de extrema
importância o uso de tecnologias
que venham a mitigar os
riscos envolvidos sobre o
telecomunicações e, nesse caso,
tratamos sobre toda infraestrutura
de rede necessária para que
os serviços dessas empresas
cheguem à população.
A aplicação do conceito de
segurança exponencial, com o
uso de tecnologias que atendam
às exigências de segurança de
informações, proteção de dados
e compliance, associados à
alocação otimizada de recursos
para potencialização das ações
de inteligência e segurança
integradas do negócio, compõem
o caminho para que empresas
de telecomunicações possuam
operações mais controladas e com
menores riscos de ocorrências que
impactem a prestação dos seus
serviços nesses locais.

André Ferreira é consultor sênior de segurança

empresarial na ICTS Security, empresa de origem
israelense que atua com consultoria e gerenciamento
de operações em segurança. Com formação em
Sistema da Informações pela Universidade Estácio
de Sá e MBA em Gerenciamento de Projetos pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ferreira foi tenente do
Exército Brasileiro por mais de oito anos, e desde 2014
tem se dedicado à área da segurança.

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 30

 LGPD

PORTARIAS:
LONGOS PASSOS ATÉ LGPD
Físicas ou remotas as portarias e recepções
corporativas estão longe de atender às
exigências da Lei Geral de Proteção de Dados.
Quais riscos isso representa e o que fazer?

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 31

Titulação DPO
DATA PROTECTION OFFICER
Segunda Turma - Telepresencial

Não adianta só entender de LGPD. Todas empresas

do Brasil precisam nomear um encarregado de dados.
Prepare-se!
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 LGPD

Q uem nunca teve que No meu ponto de vista, essa

se identificar numa prestação de serviço estagnou
portaria física/remota ao longo do tempo. Se partimos
ou recepção? Em muitos para área residencial, contamos
desses locais, os profissionais com a colaboração dos moradores
responsáveis pela identificação que fazem das portarias uma
mal sabem qual é o papel deles extensão de seus lares, ou seja,
tampouco por qual motivo coletam deixam chaves, encomendas, entre
os dados pessoais. outros objetos. Somado a isso,
os residentes são os primeiros
A origem do cadastramento visa
a descumprirem as regras de
identificar todas as pessoas que por
segurança. Agora, quando falamos
algum motivo precisam acessar ao
em condomínios empresariais,
interior do condomínio residencial
contamos com estruturas
ou comercial, trazendo assim mais
inadequadas e funcionários sem
segurança para o ambiente. Porém,
qualquer capacitação para executar
na prática, identificamos vários
a atividade de controle de acesso,
modelos de atuação seja no formato
além da alta taxa de rotatividade de
de contratação, ou seja, orgânico,
profissionais, o que deixa o trabalho
terceirizado e portarias remotas,
mais vulnerável em relação as
como nos recursos disponibilizados
entradas e saídas das pessoas.
para a execução da atividade de
controle de acesso. Deixo ao leitor a seguinte reflexão:
ao acessar a portaria ou recepção de
Em pleno século XXI e na era
sua residência ou trabalho, observe
da tecnologia, nos deparamos
se o básico que é a segurança, é
com softwares de controle de
realizado pelos profissionais das
acesso sem qualquer aplicação
guaritas ou daqueles que estão
de segurança da informação e
atrás do balcão. Não se esqueça da
com armazenamento de dados no
estrutura, que compreende software
computador instalado aos pés do
de controle de acesso com aplicação
porteiro. Em diversos casos, existe
de segurança da informação,
ainda o uso da velha e boa planilha
como os procedimentos escritos
impressa sem qualquer controle
detalhando o que cada profissional
das informações inseridas nela.
deve executar.

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 33

 LGPD

Além desses itens que já por exemplo, alguns tiram fotos do

pontuamos, temos o cumprimento documento, outros inserem os seus
da Lei Geral de Proteção de Dados. dados em softwares de controle de
Aí, vem uma nova pergunta: quais acesso, coletam sua biometria, entre
dessas portarias e recepções já outros procedimentos.
atendem às exigências da Lei? A O fato é: quando há o uso de
maioria absoluta delas não cumprem software de controle de acesso,
sequer com o propósito inicial que em geral, por uma questão de
é controlar acesso com profissionais custos, o mesmo profissional faz o
treinados e estrutura adequada, o cadastramento e exclusão de dados.
que dizer em relação à LGPD? Somado a isso, ele tem acesso pleno
Desta forma, podemos iniciar aos cadastros inseridos. Há um
esse assunto que é a Lei Geral de detalhe na Lei Geral de Proteção de
Proteção de Dados, assegurando, Dados, que é a exclusão de dados,
que nas portarias a forma como mediante solicitação do titular dos
os dados são coletados, utilizados, dados, como essas portarias físicas/
armazenados e compartilhados, não remotas e recepções, irão tratar essa
atendem às exigências estabelecidas solicitação do titular?
pela Lei. Considerando o armazenamento
Quando falamos de condomínios de dados da pessoa física, a Lei é
residenciais, é notório que muito clara e objetiva: os dados
os síndicos estão alheios ao devem permanecer criptografados
cumprimento da LGPD por mais ou anonimizados. Porém, o que
que essa informação já seja conseguimos identificar é que
pública. O tratamento de dados é normalmente eles são armazenados
obrigatório e não facultativo, mas sem qualquer segurança, ou seja,
presenciamos em vários condomínios estão abertos, armazenados em
o cadastramento em papel, ou seja, computadores às vezes utilizados
há dados sem qualquer controle ou como apoio para os pés dos
rastreabilidade. profissionais que atuam nesses
Agora, quando o tema são os espaços.
condomínios comerciais, temos uma Vamos acompanhar um exemplo.
diversidade de procedimentos, como A lei determina governança. Se

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 34

 LGPD

pegarmos a maioria dos softwares identificando se há políticas definidas,

de controle de acesso disponíveis no recursos que atendem a atividade
mercado, não há essa governança principal e às exigências da Lei.
tampouco recursos de segurança Superada a fase do mapeamento,
da informação. Da mesma forma, é deve-se partir para a elaboração do
necessário políticas claras e definidas plano de adequação, apontando as
sobre o tratamento de dados. O vulnerabilidades e ações corretivas
que podemos constatar é que cada necessárias.
portaria física/remota ou recepções Não se pode esquecer que a
tratam os dados amparados pela lei, Lei determina a indicação de um
de modos diferentes e o pior sem encarregado de dados, que deverá
qualquer critério. ser o guardião da lei e será o
Está claro que há bastante responsável pela implementação das
trabalho pela frente, no entanto, cabe políticas e irá fazer a recomendação
destacar que esse processo já está nos sistemas utilizados para o
atrasado já que a Lei foi sancionada tratamento de dados. Além disso,
em 2018, e entrou em vigor em 2020. é essencial capacitar todos os
Portanto, essas portarias físicas/ envolvidos no tratamento de dados.
remotas e recepções, precisam Por fim, recomendo observar todas
imediatamente adequarem os as vezes que tiver que se identificar
seus processos e estruturas para numa portaria física/remota e
atender ao objetivo inicial que é o recepções. Note como seus dados
efetivo controle de acesso somado são coletados e exija o cumprimento
às exigências estabelecidas pela Lei dos seus direitos amparados pela Lei
Geral de Proteção de Dados (LGPD). Geral de Proteção de Dados já que
A recomendação é um pleno agora se tornou cláusula Pétrea em
mapeamento desses locais, nossa Constituição Federal.

Marcelo Augusto Oliveira Souza é formado em Direito,

especialista em Gerenciamento de Riscos Empresariais, consultor
com mais de 20 anos de experiência em Gestão, Auditorias,
Assessorias e Consultorias empresariais. Credenciado para
auditoria e homologação de empresas e produtos junto às
principais Cias Seguradoras, Marcelo integra o Conselho Editorial
da revista Segurança Estratégica.

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 35

 logística
Em Foco

Roubo de cargas e
o crime organizado:
disfarce de Robin Hood
Rio de Janeiro e São Paulo
lideram a lista de prejuízos
financeiros com essa prática

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 36


N
o Rio de Janeiro
e em São Paulo
concentra-se o
impressionante
percentual de 77%
de roubos de cargas do país,
segundo dados da Associação
Nacional do Transporte de
Cargas e Logística (NTC &
Logística). Este cenário gera
enormes prejuízos financeiros e
desafios diários são necessários
para realizar entregas em
determinadas regiões que,
apesar de estarem dentro
das grandes cidades, estão
geograficamente isoladas,
quando não sob domínios dos
pseudodonos.
Várias dessas regiões não são
atendidas com políticas públicas
e, com aumento da desigualdade
social, surgem oportunidades
perfeitas para serem ocupadas
pelo crime organizado, que se
apresentam com diferentes
faces, seja como traficantes,
narcotraficantes ou milícias.
O roubo de cargas não é
algo novo na história, mas
sem sombra de dúvidas é uma
modalidade que fez o crime
organizado se reestruturar,
Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 37
logística
tornando-se um nicho altamente
lucrativo e de significativa
importância na cadeia criminosa
para a capitalização de facções
que se utilizam de cargas
roubadas, ora para aferir rápida
lucratividade, ora para distribuir
para a população local, como se
fossem o Robin Hood dos dias
atuais e, assim, conquistarem a
simpatia de parte da comunidade
beneficiada com as mercadorias.
As comunidades se tornaram
verdadeiras fortalezas, onde os
acessos possuem barricadas
que controlam quem entra e
impedem serviços básicos como
a circulação de coleta de lixo,
ambulâncias e segurança pública.
Entregas nestas localidades
necessitam que as equipes de
distribuição retirem as barricadas
para a passagem dos autos
de cargas, que, por vezes, são
impedidas de serem feitas sob
alegações de obrigatoriedade de
pagamento de “pedágios”, como
doações de cestas básicas para
a população local sob forma de
ação social. Porém, uma vez no
interior destas comunidades, as
equipes se tornam alvos fáceis
para ataques sem nenhuma

garantia das supostas proteções
oferecidas. Diversas são as
empresas que cedem a essas
ilusões e pagam essas doações.
Com uma nova forma de
capitalizar, o crime organizado
percebeu a oportunidade
e passou a ser uma fonte
alimentadora da informalidade,
que cresce de forma
descontrolada sob uma falsa
imagem de legalidade e com
alta aprovação da opinião
pública, que sofre com o elevado
desemprego, sem contar a
ausência de fiscalização do
poder público, transformando
o crime do roubo de cargas em
“comércio lícito” nas inofensivas
barraquinhas de camelôs.
As empresas têm as
suas marcas expostas e
imagem ameaçada diante
das vulnerabilidades. Logo,
são necessárias ações para
proteção das corporações,
estudos internos, estratégias
diferenciadas e processos
robustos que sejam respeitados
pelas áreas para blindar as
operações logísticas. Com este
ambiente de turbulências, ter
profissionais especializados na
Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 38
logística
segurança corporativa é essencial
para se manter competitivo,
pois é preciso conhecimento
para transformar a crise em
oportunidades. Isso inclui
planos de entregas de maneira
responsável e segura em
localidades que o concorrente
não consegue chegar, por
exemplo. Ou seja, expandir os
negócios com riscos controlados
são diferenciais competitivos.
Por outro prisma, se reinventar
é necessário e não há fórmulas
mágicas. É preciso entender
as dores de cada área para
poder influenciar e despertar
uma cultura de segurança,
trabalhando a prevenção de
perdas além das barreiras físicas
dos Centros de Distribuições.
Entender e investir em
treinamentos, auditar processos,
controles internos e externos
compõem as ações que são
necessárias para a redução de
prejuízos.
A sociedade que se beneficia
de cargas roubadas que são
distribuídas em comunidades
não enxerga os malefícios, muito
menos consegue entender que
está alimentando um ciclo que
 logística

se fortalece. Por outro lado, ser consideradas e corrigidas

a conta das empresas não
para de crescer: Os custos
operacionais se elevam com
aquisições de tecnologias,
uso de escoltas, taxas de
gerenciamentos de riscos,
fretes e dificuldades de
aquisição de transportadoras
e motoristas que aceitem os
desafios - e isso terá impacto
no preço final dos produtos.
Por fim, podemos entender
que os processos possuem
fragilidades nas mais
variadas fases, que devem
para evitar exposição de
pessoas, produtos e marcas.
Trabalhar a ética nos mais
diversos públicos e ambientes
é necessário e disseminar
uma cultura de segurança nas
áreas é urgente. No caso de
os processos não atenderem
às operações, precisamos
entender que não são motivos
para serem ignorados, mas sim
de serem reformulados.  Metas
agressivas não podem e não
devem servir como justificativas
para ignorar a ética.

Eduardo Masulo é consultor sênior na ICTS Security,

empresa de origem israelense que atua com consultoria e
gerenciamento de operações em segurança.

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 39

 Canal Segurança Estratégica

CANAL SEGURANÇA
ESTRATÉGICA DESTACA
ADMINISTRAÇÃO PREDIAL,
AÇÕES TERRORISTAS E AULA
SOBRE INTELIGÊNCIA

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 40

 Canal Segurança Estratégica

Em janeiro e no início de fevereiro, diversos programas do Canal Segurança

Estratégica fizeram sucesso entre os internautas. Entre eles, estão: “GEASD 22
– Administração Predial na Segurança Corporativa”, que é apresentado pelos
gestores de segurança Suleiman Oliveira e Anderson Moura. Neste dia, o
convidado foi João Jaouiche, oficial da reserva do Exército Brasileiro no posto
de 1º tenente, pós-graduado em Alta Direccion de Securidad pela Universidad
Pontifícia Comillas de Madrid e especializado em Planning & Management e
também em Gerenciamento de Riscos – ISO 31000 pela QSP. João que já foi
diretor convidado do Departamento de Segurança da FIESP também atuou
como professor na Universidade Anhembi Morumbi e desde 1982 está na
área de segurança, trabalhando com projetos e programas de prevenção
junto aos condomínios. João Jaouiche também é articulista de dois programas
no canal do CT Segurança no YouTube: Condomínio Seguro e Arquitetura de
Segurança. Confira o programa completo, acesse: https://www.youtube.com/
watch?v=m-7sQwe7rn0

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 42

 Canal Segurança Estratégica

Outro programa de destaque foi o Observatório Estratégico 60, que trouxe

como tema “Ações Terroristas do Crime Organizado”. Apresentado por
Fábio Caruso, diretor da revista Segurança Estratégica e da Escola Superior
de Segurança, o programa contou com a participação de dois convidados
especiais. O coronel Fernando Montenegro das Forças Especiais e dos
Comandos do Exército Brasileiro, sendo ex-oficial de Operações e Inteligência
do Destacamento de Contraterrorismo, mestre em Ciências Militares e
professor do curso de pós-graduação em Gestão e Direção de Segurança
na Universidade Autônoma de Lisboa.O programa também teve a honra de
receber Eduardo de Oliveira Fernandes, graduado pelo Curso de Formação
de Oficiais da Academia de Polícia Militar do Barro Branco e em Direito,
especializado em Globalização e Cultura e também em Gestão Organizacional
de Segurança Pública e Justiça Criminal. Fernandes já foi coordenador do
Núcleo Brasil de Segurança Pública da Fundação Escola de Sociologia e Política
do Estado de São Paulo e analista do Núcleo de Defesa e Segurança (NEEDS)
da Universidade Federal de São Carlos. É autor do livro “As ações terroristas
do crime organizado” e “Terrorismo-Complexidades, Reflexões, Legislação e
Direitos Humanos”. Atualmente é coronel da Polícia Militar do Estado de São
Paulo e comandante do Centro de Altos Estudos de Segurança (CAES). Se você
não pode assistir, acesse o canal: www.youtube.com/watch?v=RrZOZl5xtkU

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 43

 Canal Segurança Estratégica

Canal Segurança Estratégica também ofereceu uma aula gratuita, cujo o tema
foi “O que faz um operador de inteligência e como é este mercado?”, ministrada
pelo coronel Eugênio Moretzsohn, ex-oficial sênior de Inteligência Militar.
Moretzsohn já coordenou Operações de Inteligência na Amazônia Legal e na
Tríplice Fronteira contra organizações criminosas transnacionais, enfrentando
crimes fronteiriços e ambientais. Ele também atuou como instrutor de cursos e
estágios de Inteligência, Contrainteligência, Operações de Dissensão, Psicológicas
e de Contrainsurgência para militares das Forças Armadas e Forças Auxiliares,
orientando delegados e agentes das polícias civil, penal, rodoviária e federal. Na
reserva, foi instrutor de Contrainteligência da Polícia Nacional do Paraguai em
Assunção/PY. Trabalhou na capacitação de policiais daquele país que atuavam
contra a guerrilha do Exército do Povo Paraguaio (EPP) e como consultor do
Instituto SAGRES. Implantou o Sistema de Inteligência do Ministério Público do
Trabalho (SIMPT) em âmbito nacional e foi consultor de Contrainteligência da
Dígitro Tecnologia, proprietária do software Guardião de interceptação telefônica
e telemática, além de consultor de Contrainteligência da Gol Linhas Aéreas
Inteligentes. Hoje, é consultor de segurança orgânica do SESI e do SENAI em SC e
ainda leciona com professor e palestrante sobre Inteligência, Contrainteligência,
Compliance e Segurança. Veja a aula inteira no Canal Segurança Estratégica:
www.youtube.com/watch?v=28M0Bfr_WIo
Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 44
Pense dentro da caixa. Nós fizemos. Toda a inteligência de uma gestão de chaves
integrada solução pode ser encontrada dentro do KeyWatcher. Controla o acesso às
chaves com a segurança avançada fornecida por códigos de acesso, biometria, cartões
magnéticos e de proximidade. E trava cada chave no lugar com nosso patenteado
Sistema SmartKey. O KeyWatcher também se comunica, fornecendo dados de trilha
de auditoria, alertas por e-mail e informações diretamente de seu painel de controle
integrado ou remotamente através de um PC em rede. Além disso, é modular, com
componentes como slots de cartão e armários, você pode alterar onde e quando
precisar. E o KeyWatcher é totalmente escalável. Finalmente, um sistema de
gerenciamento de chaves que coloca o pensamento fora da caixa – dentro da caixa.

www.grasp.com.br
Segurança Estratégica • Fevereiro
11 2022 | 45
4688.2271
 Vitrine

Axis anuncia fabricação própria de câmeras

à prova de explosão
A Axis Communications anunciou planos para desenvolver as próprias
câmeras à prova de explosão e dispositivos de monitoramento do portfólio
da empresa, líder global em soluções de vídeo em rede, através de uma
nova subsidiária, a Axis Ex AB. O sistema de controle de qualidade da nova
empresa foi auditado e considerado em conformidade com os principais
padrões internacionais, permitindo com que a marca fabrique e comercialize
os próprios equipamentos à prova de explosão com homologação ATEX,
IECEx, METLabs, entre outras certificações mundiais. Em colaboração com
parceiros de fabricação, a Axis conta com amplo portfólio de câmeras de
rede à prova de explosão, desde 2015. Com o crescimento do mercado
e o reconhecimento dos benefícios da tecnologia em muitos setores e
ambientes industriais, esta mudança representa um importante passo para
expandir a capacidade de desenvolver opções à prova de explosão para
todo o portfólio de produtos. “Desde nossa entrada no mercado à prova de
explosão, temos visto um sucesso comercial notável e aprendemos muito.
Dada a natureza rigorosa das certificações exigidas de qualquer fabricante
desse tipo de dispositivo, a decisão de assumir total responsabilidade pelo
projeto e fabricação das soluções à prova de explosão representa um
importante passo estratégico para a Axis. Os benefícios para nossos clientes
serão substanciais,
tanto pela nossa
capacidade de adicionar
proteção à prova de
explosão a uma ampla
gama de dispositivos
quanto pela eficiência
na comercialização”,
comenta Jesper Olavi,
diretor global da Axis.

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 46

Criminosos que invadem um local fechado têm um grande desafio a enfrentar: TEMPO. Para que
elestenham sucesso, não podem encontrar barreiras que atrasem sua ação.
Como retardar os movimentos de um ladrão e, idealmente, impedir o furto de quaisquer artigos
antes da chegada de reforços de segurança, impedindo que ele veja o que está roubando?
Apresentamos um dispositivo de segurança inovador que impede completamente a visibilidade
do ambiente: SMOKECLOAK.
O SMOKECLOAK age cobrindo rapidamente a área a ser protegida com um vapor fino, uma
neblina, que reduz a visibilidade do ambiente a menos de 20 cm, praticamente anulando-a.
Após o acionamento, a densidade de vapor e a visibilidade nula são mantidos até a chegada de
reforços.
A névoa é produzida pela vaporização de um fluido especialmente formulado. O resultado é uma
nuvem branca, densa e inócua.
O líquido do Smokecloak é fabricado de acordo com fórmula exclusiva exaustivamente testada.
Não há praticamente resíduos quando o vapor se condensa e desaparece após um longo período.

SMOKECLOAK é a melhor garantia contra furtos e o meio mais eficiente para impedir um ladrão enquanto o socorro não chega.

www.grasp.com.br • 11 4688.2271
Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 47
 Vitrine

Tecnologia integrada vai reduzir crimes

fiscais, ambientais e de segurança no trânsito
O Governo do
Espírito Santo
passará a usar
a tecnologia em
monitoramento
veicular para otimizar
ações de fiscalização
fazendárias,
ambientais, de
trânsito e de
segurança pública
nas rodovias
estaduais e demais vias públicas do Estado. O programa Cerco Inteligente prevê
a instalação de equipamentos que trabalham de maneira integrada, entregando
análise de dados, utilizando inteligência artificial com base em imagens, vídeos
e ferramentas de investigação. Três empresas com diferentes expertises,
incluindo a Velsis - empresa especialista no desenvolvimento de tecnologia em
mobilidade -, formam o Consórcio Pedras Verdes, vencedor da licitação estadual
por um período de cinco anos. Elas serão responsáveis pela implantação da
tecnologia nas áreas de software, câmeras de leitura de placas de veículos
(LPR) e câmeras panorâmicas e também de pontos de coleta de imagens com
balanças de pesagem em movimento (WIM - Weight in Motion). “O Cerco será
muito importante, sendo uma plataforma de inteligência artificial que temos a
partir de agora e que poderá ser demandada e aperfeiçoada a cada dia, fazendo
com que as informações sejam processadas e, como consequência, melhoram
a nossa resposta, trazendo mais segurança à toda sociedade capixaba”, disse o
governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, na solenidade de lançamento
do programa. Ao todo, são 290 pontos de fiscalização nas divisas do Estado
e nas rodovias que cortam o Espírito Santo, onde estão sendo instaladas 90
balanças móveis e 1.650 câmeras. A tecnologia é desenvolvida por um consórcio
de multinacionais de tecnologia.

Segurança Estratégica • Fevereiro 2022 | 48