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GESTÃO DE RISCO

Renato Torquato é mestre em Comunicação pela Universidade


Anhembi Morumbi. Possui Especialização em Administração pelo IBMEC
e em Administração de Marketing pela Universidade Anhembi Morumbi.
Graduado em Ciências Econômicas pela FMU. Com 25 anos de experiência
no mercado, trabalhou em grandes instituições financeiras do País e
é autor do livro Básico em Tesouraria, juntamente ao professor Márcio
Barros de Souza.
Claudio Cavalcanti de Carvalho é mestre em Administração e
Desenvolvimento Empresarial pela Universidade Estácio de Sá, atuando
nos cursos de Graduação e Pós-Graduação nas modalidades presencial e
a distância, nas áreas de Administração, Controladoria e Finanças. Possui
Bacharelado em Administração de Empresas pela Universidade Santa
Úrsula (USU), MBA Executivo em Administração de Negócios pelo IBMEC
e Pós-Graduação em Gerência de Produção – COPPEAD/COPPE (UFRJ).
Ao longo da carreira profissional, atuou como executivo em companhias
privadas e fez consultorias em pequenas e médias empresas.
SUMÁRIO
Gestão de Risco

Objetivos .............................................................................................................................. 05

Conceitos e fundamentos ......................................................................................... 06

Risco sistemático e não sistemático ..................................................................... 10

Riscos no mercado financeiro e no de capitais ............................................. 14

Risco e retorno na carteira de ativos ..................................................................... 18

Riscos em ativos e em fundos de investimentos .......................................... 23

Referências bibliográficas .......................................................................................... 28


APRESENTAÇÃO

Em todos os âmbitos da vida, as pessoas estão sujeitas a inúmeros


riscos: os individuais, de pequenas proporções, de grandes consequên-
cias ou os que impactam sociedades inteiras.
Diante desse contexto, você compreenderá a relação do risco com o
retorno financeiro e com a gestão de investimentos.
Além disso, analisará os tipos de riscos e quais podem ser contro-
lados ou não, e entenderá as possíveis precauções para minimizá-los.
Por fim, você conhecerá ferramentas e métodos que possibilitam
tomadas de decisões mais racionais e calculadas.
Bons estudos!

OBJETIVOS

Conhecer as diferenças entre análise qualitativa e quantitativa, bem como os riscos


que podem ser enfrentados por uma empresa;

Analisar as distinções entre risco sistemático e não sistemático, além de estudar in-
dicadores econômicos importantes;

Entender os três tipos de riscos no mercado financeiro, bem como os principais


investimentos neste cenário;

Avaliar as relações de risco e retorno na carteira de ativos e nos fundos de investi-


mentos;

Compreender os indicadores que devem ser considerados antes de um investimen-


to, assim como seus conceitos e aplicações.
CONCEITOS E
FUNDAMENTOS

1
O termo "risco" deriva do latim risicu, que significa dar sentido de incer-
teza ao cotidiano.
Por isso, toda pessoa ou empresa, ao tomar decisões, está exposta a riscos, e
neste tipo de situação percebe-se uma relação entre retorno e tempo.
Para tornar o conceito mais compreensível, observe o exemplo:
Ao contratar o seguro de um veículo:

CONTRATANTE SEGURADORA

ACREDITA, DE FORMA CONSCIENTE APOSTA QUE NADA ACONTECERÁ COM


OU NÃO, QUE O CARRO PODE ESTAR O CARRO DURANTE O TEMPO
SUJEITO A ALGUM PERIGO. DO CONTRATO.

Uma empresa também toma precauções a fim de evitar riscos em sua


administração diária, tanto no ambiente interno quanto no externo.
Dessa forma, é fundamental entender que uma gestão de riscos pode 7
ser quantificada e qualificada.

ANÁLISE ANÁLISE
QUALITATIVA QUANTITATIVA

LEVA EM CONTA O MAPEAMENTO CALCULA A POSSIBILIDADE


DE RISCO EM TODAS AS ÁREAS DA DE OCORRER DETERMINADO
EMPRESA; RISCO APONTADO;

ENVOLVE TODOS OS GESTORES INVESTIGA E VALIDA, POR MEIO


PARA VERIFICAR OS PROCESSOS DE DADOS JÁ EXISTENTES,
E AS ATIVIDADES DE CADA SITUAÇÕES APRESENTADAS NA
SETOR, BEM COMO O GRAU ANÁLISE QUALITATIVA, A FIM DE
DE IMPORTÂNCIA DOS RISCOS MITIGAR OS RISCOS.
ENVOLVIDOS.
Diante disso, é essencial conhecer os tipos de riscos que uma empresa
pode enfrentar, para que ela esteja preparada para se proteger, tanto inter-
na quanto externamente.
• Macroeconômico e social: envolve fatores externos à organização,
como políticas econômicas, segurança pública, geopolítica etc.;
• Financeiro: relaciona-se ao ambiente interno da empresa, como a área de
finanças/tesouraria. Diz respeito à gestão dos recursos orçados e realizados;
• Mercadológico: ocorre devido a mudanças no mercado de atuação da
companhia, como adoção de novas tecnologias, alteração no perfil do con-
sumidor etc.;
• Prioritário: acontece quando há noção clara de quais são os riscos com
maior probabilidade de ocorrerem. A partir disso, a empresa prioriza os cuida-
dos para evitá-los e define os indicadores que serão monitorados regularmente;
• Estratégico: associa-se a decisões tomadas pela alta cúpula de gestão,
impactando o mercado de atuação e gerando perdas substanciais no mo-
delo de negócio;
• Operacional: refere-se à perda de ativos e de clientes por conta da deficiência
nos processos internos. Pode causar interrupção parcial ou total das atividades;
• Jurídico ou de imagem: refere-se a processos, barreiras e questões
legais que podem impedir a continuidade da atividade econômica da em-
presa no Brasil ou no exterior. Além disso, também diz respeito à reputação 8
da companhia;
• De conformidade: afeta o ambiente devido à falta de habilidade ou de
disciplina da companhia para cumprir a legislação ou a regulamentação,
interna ou externa, aplicável ao negócio;
• De conduta: estabelece-se um código de ética e de conduta para toda
a organização. Assim, combatem-se riscos associados, como conflitos de
interesse, uso inadequado dos recursos, discriminação etc.;
• Da segurança da informação/TI: associa-se à fragilidade da empresa
quanto à tecnologia existente e à segurança de sua informação. Neste caso,
a companhia também fica sujeita a fraudes internas e externas;
• Ambiental: relaciona-se à gestão inadequada de questões ambientais,
gerando impactos ao meio ambiente, como contaminação de solo, água ou
ar, por exemplo.
Diante desse cenário:

PARA MONITORAR E
É FUNDAMENTAL QUE
DADA A EXPOSIÇÃO DE CUMPRIR OS OBJETIVOS
ELA IMPLANTE UMA BOA
UMA ORGANIZAÇÃO ESTABELECIDOS PELA
GESTÃO DE RISCOS
ADMINISTRAÇÃO
Para isso, há a ISO 31000 (International Organization for Standardization),
que trata da gestão de risco. De acordo com o conceito da consultoria BSI
(2014), essa norma:
• Aplica-se à maioria das atividades de negócios;
• Fornece princípios e diretivas abrangentes;
• Ajuda organizações – públicas, privadas ou comunitárias – em suas
análises e avaliações de riscos.

DA TEORIA À PRÁTICA

Ao implantar uma boa política de gestão de riscos, a empresa:


Integra pessoas de todas as áreas para uma política de prevenção eficaz;
Adequa os princípios necessários aos objetivos estratégicos;
Melhora continuamente os seus processos;
Antecipa-se a possíveis eventos, muitas vezes desconhecidos;
Assegura maior credibilidade junto ao mercado e aos stakeholders.

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RISCO SISTEMÁTICO E
NÃO SISTEMÁTICO

2
Uma empresa, mesmo que tome todos os cuidados em sua gestão,
pode ser impactada pelo ambiente externo.
Aliado a isso, nos cenários econômicos e políticos – cada vez mais globa-
lizados –, é possível perceber movimentos que afetam o mercado, tanto de
forma setorial quanto global.
Esses eventos podem ser classificados em dois tipos de risco:
1. Risco sistemático
• É estrutural;
• Decorre de fatos que atingem todos os ativos;
• Afeta a economia como um todo.
Assim, este tipo de risco não escolhe:
• Empresa; 11
• Setor;
• Família.
Contudo, alguns podem ser mais impactados do que outros, visto que,
muitas vezes, a economia comporta-se de forma binária.
2. Risco não sistemático
• É chamado também de risco diversificável;
• Diz respeito a empresas ou a setores específicos.
Portanto:
Quando se diversificam os investimentos → Minimiza-se o risco.
Riscos e crise econômica
O Risco-País, desenvolvido pela instituição JPMorgan, representa a ava-
liação de uma nação perante o mercado externo.
O indicador utilizado, denominado EMBI+ (Emerging Markets Bond In-
dex Plus), é um índice baseado nos bônus (títulos de dívida) emitidos pe-
los países emergentes, calculado por bancos de investimento e agências
de classificação de riscos (BRASIL, s.d.).
Para mensurar esse índice, são avaliados indicadores econômicos, como:
• Déficit fiscal do país;
• Taxa de crescimento anual do PIB;
• Comprometimento da dívida pública;
• Arrecadação tributária.
Já no cálculo do Risco-Brasil, o conceito é ampliado, acrescentando-se
outros aspectos, como:
• Cenário e ambiente político;
• Questões mercadológicas, devido a oscilações na taxa Selic e no câmbio;
• Fator geográfico, conflitos étnicos e diplomáticos etc.
Assim, o EMBI+ apurado mostra o risco que um investidor estrangeiro
aceita correr, com direito a um rendimento devido, em relação ao título sobe-
rano do governo norte-americano, considerado o mais solvente do planeta.
O índice é calculado em pontos básicos, também chamado de basis
points (bps). A cada 100 pontos do país, o prêmio neste caso seria 1 por 1,
comparado com a taxa de juros norte-americana.

PODE SIGNIFICAR A FUGA


UM EMBI+ COM DE INVESTIMENTOS
ALTOS PONTOS ESTRANGEIROS DE
UM PAÍS

JÁ QUE ELES SÃO


PROVOCANDO
ESSENCIAIS PARA O 12
GRANDES PREJUÍZOS
DESENVOLVIMENTO DOS
NA ECONOMIA
MERCADOS EMERGENTES

Diante desse cenário, é possível destacar aspectos capazes de identifi-


car e de mensurar os impactos de crises financeiras na sociedade (MELLO;
SPOLADOR, 2010):
• Inflação alta ou hiperinflação;
• Taxa de câmbio.
Assim, em um contexto de desvalorização cambial:

HÁ QUEDA NAS IMPORTAÇÕES, ISSO OCORRE DEVIDO À


QUE PODE: QUEDA DA MOEDA NACIONAL
� ENCARECER PRODUTOS; EM COMPARAÇÃO ÀS DOS
� AUMENTAR O PREÇO DAS DEMAIS PAÍSES.
EXPORTAÇÕES.

Bolha financeira
Termo utilizado para designar o desvio do preço de um ativo (ação,
imóvel ou mercadoria) sem nenhum fundamento específico.
É composta por três etapas:
PERCEBE-SE QUE
HÁ UM OTIMISMO
ESSES ATIVOS ESTÃO
EXAGERADO DOS
SUPERVALORIZADOS, E A PARTIR DISSO, AS
INVESTIDORES, QUE
QUE OS FUNDAMENTOS QUEDAS PASSAM A SER
COMPRAM ATIVOS DE
NÃO JUSTIFICAM OS INTENSAS.
FORMA EMOCIONAL OU
PREÇOS ATÉ ENTÃO
IRRACIONAL.
PRATICADOS.

Uma bolha emblemática foi a das empresas "ponto com", na qual cerca
de 120 bilhões de dólares foram injetados em companhias de tecnologias
(MELLO; SPOLADOR, 2010). Após o auge, elas desapareceram, não justifi-
cando os investimentos realizados.

DA TEORIA À PRÁTICA

Para um profissional do mercado, entender a economia e seus impactos


na sociedade é importante, pois:
Demonstra as consequências de um risco sistemático para a comunidade;
Cria consciência sobre a forma que os governantes devem gerir o Estado;
Esclarece as diferenças entre crises, riscos e bolhas financeiras;
Desenvolve mecanismos de prevenção, principalmente para o risco 13
não sistemático.
RISCOS NO MERCADO
FINANCEIRO E
NO DE CAPITAIS

3
O retorno representa a principal variável analisada em finanças
(BRUNI, 2008), e diz respeito ao desejo do investidor, consciente ou não, de
conseguir uma recompensa após uma decisão relacionada à aplicação.
Nesse contexto, os riscos envolvidos nos investimentos devem ser:

QUANTIFICADOS QUALIFICADOS

COMPENSAÇÃO QUE O RELAÇÃO COM O RISCO E A


INVESTIDOR TERÁ PELO TEMPO LIQUIDEZ DO INVESTIMENTO;
EM QUE O RECURSO FICOU
APLICADO – RENTABILIDADE; AVALIAÇÃO DA INSTITUIÇÃO NA
QUAL ESTÁ SENDO REALIZADO O
FACILIDADE EM MEDIR O APORTE E OS RISCOS POTENCIAIS
RETORNO. PARA A APLICAÇÃO.

• Rentabilidade: medida de ganho financeiro nominal sobre o valor 15


principal que foi investido. É expressa em termos percentuais;
• Liquidez: carência (tempo) em que o investimento ficará depositado
na instituição;
• Um investimento tem maior liquidez → Quanto mais fácil for a conversão
em dinheiro → Quanto menor for a perda de valor envolvida na transação.
Diante desse cenário, é fundamental conhecer e analisar os três riscos
aos quais o investidor está sujeito no mercado financeiro:
1. Risco de crédito

ACONTECE QUANDO A
NÃO HONRA O
OUTRA PARTE:
COMPROMISSO COM O
� BANCO
INVESTIDOR – PARCIAL
� EMPRESA
OU INTEGRALMENTE
� GOVERNO

EM RELAÇÃO AOS JUROS ASSIM, O FATOR DE


E À REMUNERAÇÃO DESTAQUE É
DO PRINCIPAL A INADIMPLÊNCIA
2. Risco de mercado
Ocorre em virtude da valorização ou desvalorização de um ativo. Para
se proteger deste tipo de risco, é possível:
• Acompanhar o cenário econômico nacional e internacional;
• Fazer investimentos regulares em prazos diferentes;
• Diversificar a carteira em taxas, adequando o duration ao seu prazo médio.
Assim, fatores que geram risco de mercado durante a carência do inves-
timento são:
• Taxa de juros;
• Taxa de câmbio;
• Concentração de investimentos.
3. Risco de liquidez
É decorrente da dificuldade do investidor em encontrar um comprador
para o seu ativo no preço que deseja receber. Para evitá-lo, é importante:
• Diversificar as aplicações;
• Manter parte dos recursos como reserva de emergência em um in-
vestimento conservador, que tenha resgate imediato, ainda que com uma
rentabilidade mais baixa.
Agora que você conheceu os tipos de risco, também é necessário des-
tacar os principais investimentos no mercado financeiro, no qual aconte-
cem as transações de compra e de venda de valores mobiliários. São eles: 16
• Caderneta de poupança;
• Certificado de Depósito Bancário (CDB);
• Tesouro Direto;
• Fundos de investimento;
• Letra de Crédito Imobiliário (LCI);
• Debêntures;
• Mercado de ações.
Nesse contexto, para realizar uma análise de investimentos, os princi-
pais fatores são:

AVALIAÇÃO COMPARAÇÃO AÇÃO

CONHECER AS REGRAS E INFORMAR-SE SOBRE O QUE OUTROS INVESTIR COM MENOS RISCO,
AS CARACTERÍSTICAS DOS BANCOS OFERECEM EM RELAÇÃO APÓS AVALIAR E COMPARAR AS
PRODUTOS DE INVESTIMENTO À RENTABILIDADE, ESTUDANDO ALTERNATIVAS DISPONÍVEIS NO
NOS QUAIS DESEJA ALTERNATIVAS E EVITANDO DECISÕES MERCADO FINANCEIRO.
APORTAR RECURSOS. POR COMODIDADE.
DA TEORIA À PRÁTICA

Compreender a relação entre risco, retorno e liquidez permite que


o investidor:
Analise a solvência da instituição na qual depositará seus recursos;
Forme uma carteira diversificada de produtos de investimento;
Tenha maior atenção aos aspectos macro e microeconômicos;
Torne mais concisa a decisão de investir;
Minimize os riscos de liquidez, mantendo parte dos recursos em reserva
de emergência.

17
RISCO E RETORNO NA
CARTEIRA DE ATIVOS

4
A teoria clássica da economia fundamenta que todas as pessoas são
racionais e sempre escolherão o que pode proporcionar maior satisfação
e menor risco. Dessa forma:

UM INVESTIDOR ESCOLHE ENTRE


A PARTIR DISSO, HÁ UM DESEJO
UM CONJUNTO DE OPORTUNIDADES
DE CONSEGUIR UM RETORNO
(A, B OU C), QUE REPRESENTA
COM MENOR RISCO, OU SEJA, DE
SUAS PREFERÊNCIAS ENTRE DOIS
ALCANÇAR MAIS COM MENOS.
PERÍODOS (MÁLAGA, 2007).

Fronteira Eficiente de Markowitz


Quando um investidor aplica no mercado de ações → Há maior dispo-
sição ao risco e expectativa de retorno.
Dessa forma, segundo a teoria de Markowitz, não há mais sensação de
indiferença, visto que este investidor possui várias alternativas possíveis
dentro de cada contexto.

Criada pelo norte-americano Henry Markowitz, que recebeu


o Prêmio Nobel de Economia (1990), a Teoria de Markowitz
TEORIA DE baseia-se em levar em conta o fator risco na análise e na
MARKOWITZ seleção dos investimentos.
Assim, calcula-se o risco de uma determinada carteira, não
importando de que tipo de ativo ela seja composta. 19

Dessa forma, a partir dos dados históricos dos ativos selecionados, é


possível:
• Elaborar as distribuições de retorno médio da composição;
• Formular um conjunto de combinações possíveis e eficientes na rela-
ção entre risco e retorno;
• Estabelecer o ponto ótimo da carteira – CMV (Carteira de Mínima Va-
riância) – e a fronteira eficiente.
A formação dessa carteira será a de menor desvio-padrão dentre as
diversas combinações possíveis. Para garantir isso, é preciso conhecer
conceitos essenciais:

Representa a medida de dispersão de um


DESVIO-
conjunto de dados.
-PADRÃO
É a soma dos quadrados dividida pelo número de
observações do conjunto menos uma.
VARIÂNCIA

Mede o grau de dependência linear entre duas


variáveis. Quanto mais alta a covariância entre
COVARIÂNCIA
duas variáveis, maior a possibilidade de os ativos
seguirem na mesma tendência.

É a medida de dispensar das variáveis. Encontra-se entre -1 e +1.


• Correlação positiva perfeita: +1;
CORRELAÇÃO
• Ausência de correlação: 0;
• Correlação negativa perfeita: -1.
Dois ativos com correlação próxima de 1 → Caminham na mesma
direção e podem aumentar o risco de uma carteira;
Dois ativos com correlação próxima de 0 e -1 → O risco da
carteira irá diminuir.

A teoria de Markowitz ainda pressupõe três etapas:


1. Avaliação dos ativos: destaca a taxa de atratividade que o investidor deseja;
2. Análise de carteiras: avalia propostas com suas respectivas proje- 20
ções de retorno e risco;
3. Seleção de carteiras: elabora carteiras com a melhor combinação
possível, maximizando a satisfação do investidor.
Além disso, para analisar e aplicar a teoria de Markowitz, é fundamen-
tal que o investidor esteja ciente de conceitos importantes, como:
• Diversificação: permeia o conceito central da teoria. Ao diversificar a
carteira, escolhendo ativos com correlação negativa, o investidor minimi-
zará o risco não sistemático;
• Retorno esperado: é necessário que o investidor tenha clareza de
qual retorno deseja obter para o risco aceitável. Apesar de existirem ou-
tras métricas, o desvio-padrão ainda é o mais utilizado;
• Análise de Perfil do Investidor (API): compreende o perfil do investi-
dor e seu desejo de exposição do risco. Pode ser conservador, moderado
ou arrojado e, de acordo com o resultado, o banco irá sugerir uma compo-
sição de carteira de investimento.
Exemplo: análise do comportamento de duas ações, entre 2015 e
2019, considerando que:
• Correlação: 0,010053729;
• Covariância entre os dois ativos: 0,000729657.
ANO/ATIVO AÇÃO A AÇÃO B

2015 -10,94% 14,58%

2016 49,03% 53,43%

2017 29,64% 23,08%

2018 32,41% -5,95%

2019 11,98% 96,30%

Retorno médio E [R] 22,42% 36,29%

Desvio-padrão (risco) 20,41% 35,57%

% portfólio 50% 50%

Variância 0,02626632 0,33390792

Covariância 0,029878725 0,03723693

Aplicando o cálculo da Fronteira de Markowitz, tem-se os seguin-


tes resultados: 21

AÇÃO A AÇÃO B RETORNO MÉDIO VARIÂNCIA DESVIO-PADRÃO

100% 0% 22,42% 0,026631148 16,32%

90% 10% 23,81% 0,024979627 15,80%

80% 20% 25,20% 0,03053159 17,47%

70% 30% 26,58% 0,043287038 20,81%

60% 40% 27,97% 0,063245971 25,15%

50% 50% 29,36% 0,090408388 30,07%

40% 60% 30,74% 0,124774291 35,32%

30% 70% 32,13% 0,166343678 40,79%

20% 80% 33,52% 0,21511655 46,38%

10% 90% 34,90% 0,271092907 52,07%

0% 100% 36,29% 0,334272748 57,82%


Fronteira Eficiente de Markowitz

40,00%

36,29%
35,00%
34,90%
33,52%
32,13%
30,00% 30,74%
29,36%
27,97%
26,58%
25,00% 25,20%
23,81%
20,00%

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

A fronteira eficiente demonstra o ponto ótimo no qual é possível obter


a menor rentabilidade com o menor risco.
Neste caso, o portfólio da carteira teria 90% de ação A e 10% de ação B,
tendo o melhor retorno médio de 23,81% ao ano, para um risco de 15,80%. 22

DA TEORIA À PRÁTICA

Para o investidor, compreender a Fronteira Eficiente de Markowitz:


Permite tomar decisões mais racionais;
Mostra o ponto ótimo de uma carteira;
Esclarece a importância da modelagem estatística nos investimentos;
Propõe uma composição de carteira adequada ao seu perfil.
RISCOS EM ATIVOS
E EM FUNDOS DE
INVESTIMENTOS

5
Antes de tomar uma decisão relacionada a uma aplicação, é essencial
fazer uma análise dos índices mais relevantes ligados a ela.
Em muitos casos, profissionais do mercado financeiro fazem isso pelo
investidor. Mesmo assim, é importante conhecer os principais indicadores,
bem como os cuidados que devem ser tomados em um investimento.
Nesse contexto, ter mais esclarecimento sobre uma aplicação permite
que o investidor:
• Informe-se sobre os principais índices relacionados a ela;
• Tenha um retorno viável;
• Atue com um risco adequado.
Por isso, é importante destacar que:

NÃO É NECESSÁRIO PORÉM, É FUNDAMENTAL


CONHECER TODOS COMPREENDER OS
OS PROCEDIMENTOS CUIDADOS QUE DEVEM
REALIZADOS PARA SER TOMADOS EM
CHEGAR A UM RELAÇÃO AO INDICADOR
RESULTADO APRESENTADO

Índice de Sharpe (IS) 24


Foi desenvolvido pelo economista norte-americano William Sharpe, ga-
nhador do Prêmio Nobel de Economia (1990). Os principais objetivos deste
indicador são:
• Comparar qual dos ativos analisados está mais sujeito ao risco;
• Calcular a relação entre retorno e risco do ativo (neste caso, o IS utiliza
o desvio-padrão como medida de risco).

Ra - Rf
Sua fórmula é: IS =
σa

Ra: retorno da carteira ou do ativo analisado;


Rf: retorno da taxa livre de risco (no Brasil, usa-se como parâmetro a
taxa Selic);
σa: risco do ativo (volatilidade do ativo analisado) – desvio-padrão.
• IS > 0 → Melhor é a relação entre risco e retorno desse ativo → Torna o
investimento atrativo.
• IS < 0 → É preferível que o investidor deixe seu recurso em um ativo livre
de risco → Por exemplo, um título do Tesouro.
Observe o exemplo a seguir:
AÇÃO 1 AÇÃO 2

Retorno (Ra): 22,42% Retorno (Ra): 36,29%


Desvio-padrão (σa): 20,41% Desvio-padrão (σa): 35,57%
Taxa livre de risco (Rf): 5% Taxa livre de risco (Rf): 5%

22,42% - 5% 36,29% - 5%
IS = = 0,85 IS = = 0,88
20,41% 35,57%

Portanto, o desempenho da Ação 2 é superior ao da Ação 1, pois apresen-


ta um IS maior.
Índice de Treynor (IT)
• É mais aplicado na indústria de fundos de investimento, com foco na
medida de risco utilizada;
• Visa ao risco sistemático, do qual o investidor não consegue se proteger.

Ra - Rf
Sua fórmula é: IT = 25
βa

β: medida de risco sistêmico.


• Quanto maior for o IT → Melhor é a relação entre risco e retorno do ativo
→ Torna o investimento atrativo.
Índice Beta
Mede o risco de um determinado ativo ou carteira.

O ativo se comporta de forma exatamente igual ao


β=1 benchmarking analisado.

No caso do mercado de ações, o benchmarking é o Ibovespa.

O ativo se comporta de forma inferior ao desempenho


do Ibovespa.
β<1
Se Beta for 0,5 e a Bolsa subir 20%: a tendência é de que a ação
suba 10% no mesmo período (também se aplica à queda).
O ativo se comporta de forma superior ao desempenho
do Ibovespa.
β>1
Se o Beta for 1,3 e a Bolsa subir 20%: a tendência é de que a ação
suba 26% no mesmo período (também se aplica à queda).

• Índice de Sharpe (IS) → Utiliza o desvio-padrão (σa).


• Índice de Treynor (IT) → Utiliza o índice Beta (β).
Como o índice Beta está mais associado ao risco sistemático, em perío-
dos de crise econômica é mais fácil compreender o IT.
Por isso, no índice de Treynor, não dá para levar em conta apenas a renta-
bilidade de uma aplicação em um fundo de investimento.
Analise o exemplo a seguir:

FUNDO A FUNDO B

26
Retorno (Ra): 25% a.a. Retorno (Ra): 20% a.a.
Beta (β): 1,3% Beta (β): 0,8%
Taxa livre de risco (Rf): 5% Taxa livre de risco (Rf): 5%
25% - 5% 20% - 5%
IT = = 15,38 IT = = 18,75
1,3 0,8

Assim, mesmo com uma taxa de rendimento maior do Fundo A, o IT do


Fundo B foi maior, o que demonstra que é mais eficiente.

DA TEORIA À PRÁTICA

Para os profissionais do mercado financeiro, entender os métodos de


Treynor e de Sharpe é essencial, pois eles:
Criam mecanismos de proteção para os investimentos;
Minimizam os impactos do risco sistemático;
Ampliam as possibilidades de escolhas e de decisões racionais para a
carteira;
Fortalecem a importância da diversificação dos investimentos;
Esclarecem as diferenças de métodos no uso do desvio-padrão (Sharpe)
e do índice Beta (Treynor).
FECHAMENTO

O dinheiro é um recurso escasso e difícil de se obter. Por isso, antes de


fazer um investimento, é fundamental tomar decisões assertivas e promo-
ver uma gestão de risco eficaz.
Dessa forma, ao longo do curso, você compreendeu a relação entre ris-
co e retorno, bem como sua influência no mercado financeiro.
Além disso, analisou a aplicação da teoria de Markowitz e entendeu a
influência dos métodos de Treynor e de Sharpe.
Agora, você é capaz de reconhecer os principais indicadores antes de
realizar uma aplicação e de diferenciar os riscos existentes no mercado.
Até a próxima!

DICAS LITERÁRIAS

Nome do livro: Arriscando a própria pele: assimetrias ocultas no cotidiano.


Sinopse: O cenário atual é incerto, marcado por constantes transforma-
ções e pautado pela tecnologia. Mesmo assim, este best-seller do New York
Times destaca como é importante não ter medo de correr riscos, uma vez
que eles podem ser fundamentais em diversos aspectos da vida.
Nome do livro: O valor do amanhã. 27
Sinopse: Quando o assunto é finanças, há dois perfis distintos de pesso-
as: as credoras e as devedoras, e cada um tem uma relação diferente com
os juros. Diante disso, nesta obra, o autor discute questões éticas ligadas à
cobrança de taxas no sistema.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. São Paulo: Atlas, 2007.


BRASIL. Ipeadata. EMBI + Risco-Brasil. [s.l.], [s.d.]. Disponível em: <http://www.ipe-
adata.gov.br/ExibeSerie.aspx?serid=40940&module=M>. Acesso em: 06 abr. 2020.
BRUNI, A. L. Avaliação de investimentos: com modelagem financeira no
Excel. São Paulo: Atlas, 2008.
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