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FAMETRO

RISCO E RETORNO DE ATIVOS


Prof. MSc. Clemilton Lúcio Braña

O risco está presente em todas as decisões que tomamos,


principalmente àquelas de longo prazo.
Ao tomarmos decisões financeiras pessoais, devemos levar em
conta os riscos. É certo que quanto maior o risco, maior o retorno que se deve
exigir. Em um processo de decisões financeiras o risco deve ser incorporado,
sob pena de resultados equivocados e conseqüente perda de riqueza.
O retorno sobre o dinheiro deve ser proporcional ao risco
envolvido. Risco é uma medida da volatilidade dos retornos e da incerteza dos
resultados futuros.
Risco e retorno são a base sobre a qual se tomam decisões
racionais e inteligentes sobre investimentos. De modo geral, risco é uma
medida da volatilidade ou incerteza dos retornos, e retornos são receitas
esperadas ou fluxo de caixa previsto de qualquer investimento.
Risco é o grau de incerteza associado a um investimento. Quanto
maior a volatilidade dos retornos de um investimento, maior será o seu risco.
Quando dois projetos têm o mesmo retorno esperados, escolhe-se aquele de
menor risco.
Em financias, o risco é mensurado pelo grau de volatilidade
associado aos retornos esperados. Volatilidade é a quantidade de flutuações
que ocorrem com uma série de números ao se desviarem de uma média
representativa. Por exemplo, a média da série 1,2,3 é 2, e a média da série
1,3,5 é 3. A segunda série de números é considerada mais volátil que a
primeira. Quanto maior a volatilidade, maior o nível de risco.
Eis alguns aspectos da análise do risco e retorno para a vida
profissional, conforme preconiza Lawrence J. Gitman (2010):

 Contabilidade: para compreender o risco gerado pela variabilidade dos


fluxos de caixa, comparar projetos com durações diferentes e medir
retornos de projetos sob condições de racionamento de capital.

 Sistema de Informação: para entender como o risco é incorporado às


técnicas de orçamento de capital e como essas técnicas podem ser
refinadas sob circunstâncias especiais, para possibilitar a criação de
módulos de decisão que possam ser usados na análise de propostas de
investimento de capital.

 Administração: para conhecer as abordagens comportamentais frente ao


risco, inclusive o internacional, em decisões de orçamento de capital; para
saber como ajustar taxas de desconto ao risco; como refinar as técnicas de
orçamento de capital quando os projetos têm durações diferentes ou
quando há racionamento de capital e como reconhecer opções reais
implícitas em projetos de investimento de capital.

 Marketing: para entender como o risco de projetos propostos é medido no


orçamento de capital, como são avaliados projetos com durações
diferentes, como reconhecer e lidar com opções reais implícitas em
projetos propostos e, ainda, como os projetos são avaliados quando há
racionamento de capital.

 Operações: para saber como as propostas de aquisição de novos


equipamentos e instalações são avaliadas pelos tomadores de decisão na
empresa, especialmente no caso de projetos arriscados, com durações
diferentes ou que precisam ser abandonados ou desacelerados, bem como
naqueles em que o capital é limitado.

Somente o que já aconteceu é livre de risco,


pois já é fato consumado. Ninguém pode
afirmar com 100% de certeza que ao
pretender atravessar uma rua irá conseguir.

Para as empresas a gestão de risco é indispensável, pois um fato


econômico que venha a acontecer “do outro lado do mundo” terá reflexos na
economia brasileira.

MODELOS DE RISCOS

Risco Sistemático: que afeta as empresas. Geralmente como incertezas da


economia, taxas de juros, inflação etc.

Risco não sistemático ou específico: tipo de risco que afeta as empresas de


forma específica, tais como novas tecnologias capazes de provocar impacto
sobre as concorrentes.

TIPOS DE RISCOS

Risco de Mercado: depende do comportamento do preço dos ativos diante


das condições mercadológicas. Para medir possíveis perdas devido as
flutuações do mercado é importante identificar e quantificar o mais
corretamente possível as volatilidades. O risco de mercado pode ser dividido
em quatro grandes áreas: Risco do Mercado Acionário, Risco do Mercado de
Câmbio, Risco do Mercado de Juros e Risco do Mercado de Commodities
(produto primário com grande participação no mercado internacional: café,
algodão, minério de ferro etc.).

Risco Operacional: está relacionado a possíveis perdas, tais como: resultado


de sistema e/ou controles inadequados, falhas de gerenciamento e erro
humano. Pode ser dividido em três grandes áreas:

a) Risco Organizacional: está relacionado com uma organização


ineficiente, administração inconsistente, sem objetivos de longo
prazo, fluxos de informações internas e externas deficientes,
responsabilidades mal definidas, fraudes, acesso às informações
internas por parte dos concorrentes etc.;
b) Risco de Operações: diz respeito a problemas como overloads
(sobrecarga) de sistemas (telefonia, elétrico, computadores etc.),

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processamento e armazenamento de dados passíveis de fraudes
e erros, confirmações incorretas ou sem verificação criteriosa etc.;
c) Risco de Pessoal: relacionado com problemas como
empregados não qualificados e/ou pouco motivado, personalidade
fraca, falsa ambição, “carreirista” etc.

Risco de Crédito: Condiz à possíveis perdas quando um dos contratantes não


honra seus compromissos, ou seja, recursos que não mais serão recebidos. O
risco de crédito pode ser dividido em três grupos, quais sejam:

a) Risco do País: quando um país decreta uma moratória e não


honra seus compromissos com os investidores;
b) Risco Político: quando da existência de restrições ao fluxo livre
de capitais entre países, estados, municípios etc. Esse tipo de
ocorrência pode ser originário de golpes militares, novas políticas
econômicas, resultados de eleições etc.
c) Risco de falta de pagamento: quando uma das partes em um
contrato não pode mais honrar seus compromissos assumidos,
decorrentes de fatores diversos.

Lembre-se:

Alguns fatores que afetam o risco e o retorno de uma empresa são: ramo de atividade,
acontecimentos políticos, fatores setoriais e a exposição a problemas internacionais. As
alterações nas condições econômicas influenciam a demanda de produtos, os custos de
produção e os encargos financeiros. Mudanças na Legislação Tributária, reforma no sistema de
saúde e dispêndios governamentais podem influir nos resultados dos fluxos de caixa e em sua
volatilidade. As empresas podem, também, se defrontar com riscos específicos do setor,
tecnológicos, sociais, ambientais e risco de concorrência, contra os quais devem se proteger. A
exposição a riscos internacionais inclui o perigo de expropriação e prejuízos devidos a
mudanças adversas na taxa cambial. Se os administradores esperam maximizar a riqueza de
sua empresa, devem ser capazes de medir os riscos internos e externos, além de saber como
enfrentá-los (GROPPELLI, 2006).

TIPIFICAÇÃO DO RISCO

O tipo de risco pode variar dependendo da ótica sob a qual o problema é


observado. Tomemos como exemplo que um determinado Banco tenha sofrido
perdas substanciais no mercado acionário por dois motivos:

1) Uma aposta mal sucedida feita em um grupo de ações, muito embora


todos os riscos da operação fossem conhecidos: neste caso temos o
Risco de Mercado;
2) Parte das perdas se deveu a um operador que tomou posições no
mercado de futuros sem conhecimento prévio do comitê de
investimentos: em tal situação temos o Risco Operacional, devido a
falta de controles internos efetivos.

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O risco de um ativo é maior que o de uma carteira de ativos. Quanto mais
ativos você tiver, mais você distribui o risco. A isso se dá o nome de
diversificação. A adição de novos ativos a uma carteira reduzirá a sua
variabilidade ou risco diversificável. Quando os movimentos dos retornos dos
novos ativos são diferentes dos movimentos dos ativos existentes na carteira, o
risco total da carteira é reduzido.

CÁLCULO ESTATÍSTICO DO RISCO DE PROJETOS

1° PASSO: Cálculo do retorno esperado:

(média dos vários resultados possível, ponderado pela


probabilidade de ocorrência de cada um dos retornos).

E (R) = R* = Σ Pk * Rk onde:

E (R) = R* = valor do retorno esperado do investimento;

Pk = probabilidade de ocorrência de cada retorno;

Rk = valor de cada retorno ou resultado possível de ocorrer.

2° PASSO: Cálculo da medida de risco:

(O desvio-padrão [ σ ] é a medida estatística que apura o grau de


dispersão, determinando o risco do projeto de investimento).

________________
½
σ = √ Σ Pk [ Rk ─ E (R) ]² = { Σ Pk [ Rk ─ E (R) ]² }

σ = desvio-padrão.

3° PASSO: Cálculo do coeficiente de variação:

(Indica o risco relativo de cada projeto, o que permite comparar


diretamente os projetos. Assim, esse coeficiente aponta a
participação relativa do desvio-padrão sobre o retorno médio de
cada projeto).

CV = σ / E (R) onde:

CV = coeficiente de variação.

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EXEMPLO DO CÁLCULO

De conformidade com a tabela abaixo e suas especificações quanto a


resultados esperados e probabilidades de ocorrência, elaborar o cálculo de
risco concernente ao retorno esperado, medida de risco e coeficiente de
variação.

PROJETO ALFA PROJETO BRAVO


Resultado Probabilidade Resultado Probabilidade
esperado (R$) de ocorrer (%) esperado (R$) de ocorrer (%)
Recessão
100 10 100 20
Profunda
Recessão
150 15 300 20
Leve
Estabilidade
200 50 500 40
Expansão
250 15 700 10
Leve
Expansão
300 10 900 10
Acelerada

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CÁLCULO ESTATÍSTICO DO RISCO DE PROJETOS

1° PASSO: Cálculo do retorno esperado;

E (R) = R* = Σ Pk * Rk

E (R) projeto A = R*= (0,10 * 100) + (0,15 * 150) + (0,50 * 200); + (0,15 * 250) + (0,10 * 300)

E (R) projeto A = R*= R$ 200,00;

E (R) projeto B = R*= (0,20 * 100) + (0,20 * 300) + (0,40 * 500); + (0,10 * 700) + (0,10 * 900)

E (R) projeto B = R*= R$ 440,00;

O projeto B apresenta um retorno médio esperado superior.

2° PASSO: Cálculo da medida de risco;


________________
½
σ = { Σ Pk [ Rk - E (R) ]² }

PROJETO ALFA:

σ = [ 0,10 (100 – 200)² + 0,15 (150 – 200)² + 0,50 (200 – 200)² + 0,15 (250 – 200)² + 0,10 (300 – 200)² ]
½

½
σ = [ 1.000 + 375 + 0 + 375 + 1.000 ]

σ = R$ 52,44;

PROJETO BRAVO:

σ = [ 0,20 (100 – 440)² + 0,20 (300 – 440)² + 0,40 (500 – 440)² + 0,10 (700 – 440)² + 0,10 (900 – 440)²]
½

½
σ = [23.120 + 3.920 + 1.440 + 6.760 + 21.160]

σ = R$ 237,49

O Projeto Bravo tem retorno médio esperado maior, e desvio-padrão mais


elevado, revelando maior variabilidade do retorno esperado em relação aos
resultados, maior grau de risco.

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3° PASSO: Cálculo do coeficiente de variação;

CV = σ / E(R);

PROJETO ALFA

CV = 52,44 / 200

CV = 26,22%

PROJETO BRAVO

CV = 237,49 / 440

CV = 53,98%

Assim, pelo coeficiente de variação, nota-se que o projeto A possui um risco


relativo ao retorno esperado bem inferior ao projeto B.

EXERCÍCIO DE RISCO
EM GRUPO E EM SALA DE AULA

Considerar dois projetos a serem analisados, cada qual com os valores


da tabela abaixo, com suas probabilidades de ocorrência em cada uma das
conjunturas econômicas especificadas futuras e elaborar o cálculo do retorno
esperado, da medida de risco e do coeficiente de variação.

PROJETO DELTA PROJETO GAMA


Resultado Probabilidade Resultado Probabilidade
esperado (R$) de ocorrer (%) esperado (R$) de ocorrer (%)
Recessão
180 05 180 10
Profunda
Recessão
270 10 540 15
Leve
Estabilidade
360 25 850 25
Expansão
450 30 1200 25
Leve
Expansão
540 30 1500 25 C
Acelerada

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