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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais

Gestão de Risco Financeiro: Acordos de Basileia I e II

Discentes
Cléria Cordeiro Simango – 993480
Laura Vitorino Chilundzo – 1100054
Vanessa Julieta Canda – 201712007

Docente: Dr. Cláudio Nhapimbe

Maputo, Outubro de 2021


ÍNDICE
1 - INTRODUÇÃO...................................................................................................................1

2 - PRINCIPAIS CONCEITOS..............................................................................................2
2.1 Risco............................................................................................................................2
2.2 Categoria de risco........................................................................................................2
3 - GESTÃO DE RISCO FINACEIRO..................................................................................3

3.1 Importância na gestao de riscos financeiros...........................................................................3


3.2 Tipos de risco financeiro........................................................................................................4
4 - ACORDO DE BASILEIA I................................................................................................7
4.1 Fundos próprios.....................................................................................................................7
4.2 Comite de supervisão bancária de Basileia............................................................................8
4.3 Ponderação dos activos por classe dos riscos.........................................................................9
5 - ACORDO D BASILEIA II...............................................................................................12
5.1 Pilar I.........................................................................................................................13
2.5 Pilar II........................................................................................................................14
2.6 Pilar III.......................................................................................................................14
2.7 Impactos da adopção do acordo da Basileia II..........................................................16
6 - CONCLUSÃO...................................................................................................................17

BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................18
1. INTRODUÇÃO

As instituições bancarias estão sujeita a vários riscos devido a natureza das suas actividades.
E necessário que as instituições mantenham parte dos seus fundos próprios para que em caso
de dificuldades financeiras continuem a operar.

Contudo, com a conectividade que se verifica entre essas instituições, estas tem mantido cada
vez menos fundos próprios para fazer face aos riscos inerentes, conduzindo assim a
fragilização do Sistema financeiro. Este facto leva as autoridades de supervisão bancaria a
obrigarem essas instituições a manterem níveis mínimos de fundos próprios.

Para entender a importância da gestão de riscos financeiros, podemos tomar o exemplo


novamente no prejuízo causado pela pandemia no mercado de alimentos. 

Assim, podemos ver que, independente do porte, saber se preparar contra imprevistos é


essencial para se manter em actividade em um cenário de crise. Mais que isso, empresas que
buscam atingir metas de crescimento, precisam de uma gestão de riscos financeiros de alto
nível, para garantir a segurança e o retorno de todo investimento.

Contudo, quanto ao espaço, a pesquisa foi desenvolvida na Faculdade de Economia e


Contabilidade da Universidade São Tomás de Moçambique onde estão arquivados todos os
dados relativos a mesma.

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2. PRINCIPAIS CONCEITOS

2.1 Risco:

Podemos considerar o risco como qualquer situação que pode afectar a capacidade de atingir
objectivos. O risco está subjacente a qualquer actividade e decisão das organizações ou a
combinação entre a probabilidade de ocorrência de um evento e suas consequências.

2.2 Categorias de Risco

As empresas defrontam-se com uma série de riscos que poderão ser classificados em quatro
categorias, nomeadamente:

O presente trabalho foca especificamente no Risco Financeiro, conceito, importância e


acordos de Basileia I e II.

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3. GESTÃO DE RISCO FINANCEIRO

E o conjunto de acções de uma empresa para identificar origem, classificação, probabilidade


e impacto de um eventual prejuízo, além de montar uma estratégia de recuperação e controle
de danos para diminuir tal impacto e implementar uma solução. É impossível eliminar os
riscos, mas o objectivo não é esse, e sim descobrir a quais riscos se está exposto e definir
quanto deseja se expor a eles, pensando na sustentabilidade do negócio ou dos investimentos.

Por isso, a gestão de riscos financeiros está ligada à administração de empresas e à gestão de
património, quando o assunto é Mercado Financeiro

A actividade bancaria envolve em suas operações diversas formas de riscos. Estes riscos
precisam ser explorados e entendidos pelos supervisores bancários para que possam realizar
uma avaliação e gestão eficaz das instituições financeiras.

É tarefa dos Bancos Centrais assegurar que os Bancos operem de maneira saudável e Segura
e que mantenham fundos próprios suficientes para suportar os custos inerentes as suas
actividades.

Em Moçambique a entidade responsável pela supervisão bancaria é o Banco de Moçambique.


A supervisão é feita através do acompanhamento das instituições, vigiando a observância das
normas, sanando irregularidades e, por vezes sancionando os infractores.

As competências dos bancos centrais em matéria de supervisão bancaria tem evoluído em


termos de poderes e métodos de execução como resultado do processo de cooperação
internacional entre os bancos centrais. Esse processo de cooperação conheceu várias fases,
sendo a mais importante a elaboração dos Acordos de Capital de Basileia.

3.1 Importância da gestão de riscos financeiros 

A gestão de riscos financeiros ainda é negligenciada por muitos empresários e investidores. A


seguir, listamos três motivos para convencer quem ainda tem dúvidas da importância desse
controle:

 Saber como agir de forma antecipada

O principal objectivo de uma gestão de riscos financeiros é permitir que o empresário ou


investidor saiba como agir quando o evento em questão ocorrer.

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Esse controle permite mapear e traçar estratégias de mitigação para cada risco, servindo como
uma referência nos momentos de crise e até de pânico.

 Evitar e minimizar prejuízos

Sem a gestão de riscos financeiros, é enorme a chance de que um evento inesperado provoque
um prejuízo impagável, tanto para empresas, como para investidores.

Com a gestão, consegue se precaver, criando estratégias que permitam evitar ou minimizar os


prejuízos. Além disso, você evita que um evento suceda outro, criando uma bola de neve
incontrolável.

 Garantir segurança para todos os envolvidos

Por fim, a gestão de riscos financeiros traz tranquilidade, segurança e confiança para todas as


partes envolvidas, porque ajudam a eliminar a incerteza por trás de qualquer negócio.

 3.2 Tipos de riscos financeiros

Toda empresa enfrenta certos tipos de riscos financeiros. Tais riscos têm a ver com as
operações financeiras da organização e envolvem retornos em investimentos e negociações
abaixo das expectativas, além de problemas na gestão do fluxo de caixa.

Os riscos financeiros podem ser classificados como: de crédito, operacional, cambial, de taxa
de juros e de financiamento.

a) Crédito

Um dos tipos de risco financeiro mais significativos é aquele relacionado ao crédito. Esse
risco tem a ver com a confiabilidade financeira que uma empresa apresenta diante de um
credor.

Antes de realizar empréstimos a uma instituição (ou pessoa), as instituições financeiras


verificam os riscos que ela oferece. Maior risco, mais juros.

Outro risco do crédito ocorre em empresas que vendem através de facturamento por boleto:
elas podem entregar os pedidos e não receberem o pagamento, ou parte dele.

Em relação a crédito, a dica é construir uma boa reputação diante de fornecedores e outros
credores: mantenha as contas em dia.

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b) De Mercado

O risco de mercado está ligado às oscilações que ocorrem nas bolsas de valores, estando
relacionado às acções de empresas, moedas, commodities e economias (nacional e
internacional).

A flutuação dos preços na bolsa de valores impacta empresas e negócios causando lucro ou
prejuízo. Para os investimentos, nesse caso, o risco pode ser calculado directamente pela
variação do preço do activo que foi investido ou comparando com outro indicador de
referência

c) Cambial

Em termos de riscos financeiros de uma empresa, o mercado cambial não pode ser
minimizado, visto que é o maior mercado financeiro existente.

Este mercado realiza operações através dos maiores bancos comerciais do mundo, sendo a
taxa de câmbio correspondente ao valor obtido na troca de uma moeda por outra.

Riscos do mercado financeiro de câmbio são ligados às oscilações nas taxas de câmbio, que
ameaçam as finanças das empresas nacionais em negociações com o exterior ou seja, a
incerteza quanto ao valor de uma moeda é o maior risco.

d) Taxa de juros

A variação das taxas em um investimento, relacionado à possibilidade de perda de potencial


em razão de oscilações nas taxas de juros, é outro dos tipos de risco financeiro.

Quem determina a rentabilidade dos fundos prefixados é o Banco Central, através da variação
dos preços dos títulos em carteira de cada fundo.

Quando a taxa de juros aumenta, o valor dos títulos prefixados diminui. Essa redução, por sua
vez, incide sobre o valor da cota e a rentabilidade do fundo.

e) De Liquidez ou Financiamento

Qualquer financiamento envolve riscos, tanto para quem o concede como para quem o
contrata. Por isso, esse é mais um dos tipos de risco financeiro que qualquer empresa
enfrenta.

As instituições financeiras, em geral, são rigorosas ao analisar pedidos de financiamentos e


de empréstimos, considerando minuciosamente os riscos financeiros do negócio.
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Aqui entra a confiabilidade da empresa e também a responsabilidade de seus negociadores de
conhecer os perigos e viabilidades da transacção, estando aptos a obter linhas de crédito com
taxas de juros mais acessíveis e prazos mais longos.

É impossível evitar certos riscos financeiros de uma empresa, mas é possível gerenciá-los,
avaliá-los e mensurá-los. Esse processo pode ser realizado com probabilidades e estatísticas
que identifiquem processos e situações problemáticos.

f) Solvência

O risco de solvência ou risco de falência, quando a instituição não tem capacidade


para proceder à cobertura, com capital disponível das perdas geradas pelos riscos

mencionados.

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4. ACORDO DE BASILEIA I

O (primeiro) Acordo de Basileia, agora conhecido como Basileia I, foi emitido durante a
convenção de 1988, e foi ratificado por mais de 100 países e a adesao em Moçambique só se
deu em 1994 através dos avisos 02/GGBM/94 que determinavam os elementos que podem
integrar nos Fundos Proprios, Aviso 03/GGBM/94 que fixou o racio de solvabilidade e os
ponderadores dos activos pelas Classes de risco e a adopcao, a partir de 1994 , de racios e
limites prudenciais segundo as recomendacoes de CSBB. Chamado oficialmente de
International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards, ele teve como
base três regras principais:

 A criação de uma metodologia comum de avaliação de risco de crédito para as


operações financeiras, a qual obriga os bancos a analisarem o perfil do tomador do
empréstimo;
 A obrigação das instituições bancárias de manterem um índice mínimo de capital
depositado em caixa (em outras palavras, impôs uma taxa mínima de reservas
fraccionárias nos bancos). O índice era de no mínimo 8%, e esta regra também ficou
conhecida como Índice de Basileia;
 E a regra do capital regulatório, que impunha que as instituições bancárias
mantivessem uma quantia de capital próprio para a mitigação de possíveis riscos.

As recomendações do Acordo de Basileia foram divulgadas para serem aplicadas


primeiramente por bancos maiores e internacionalmente activos G-10 mas acabaram sendo
aplicados por todo o sector bancário de quase todos os países industrializados e
desenvolvidos, e ainda por grande parte dos países emergentes e em desenvolvimento
(incluindo Moçambique), preservadas as devidas necessidades de adaptações. Previa se a
implementação do acordo a partir de 1992.

O Acordo recomendava aos bancos internacionalmente activos do G-10 a manutenção de


fundos próprios mínimos de 8% do valor apurado na ponderação dos activos pelo risco de
crédito a que os bancos estavam expostos. Para o efeito foram definidos fundos próprios e as
ponderações dos activos por classe de riscos.

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4.1 Fundos Próprios

A tarefa inicial do comité foi definir o conceito de fundos próprios, o BM atraves do Aviso
2/GGBBM/94 fixou os elementos que podem integrar os funos proprios de uma instituicao de
credito dividindo-o em duas partes: os fundos próprios de base e os complementares.

Compõem os fundos próprios de base:

i. O capital social
ii. As reservas

Os Fundos complementares estão compostos por:

i. Reservas Ocultas
ii. Provisões gerais
iii. Instrumentos Híbridos De Capital
iv. Divida Subordinada

Por outro lado, o Acordo de Basileia I obriga a dedução de certos activos dos fundos próprios.
Estas deduções se referem as diferenças de consolidação positivas e aos investimentos em
subsidiárias que exercem actividade no sector financeiro.

Assim os fundos próprios são a soma dos fundos próprios de base e complementares. Sendo
que o total de fundos próprios deve ser compostos por no mínimo 50% de fundos próprios de
base.

4.2 Comité de Supervisão Bancária de Basileia

O Comité de Supervisão Bancária de Basileia foi constituído (CSBB) em 1974 com o


patrocínio do Bank for International Settlements (BIS). Este comité é composto por
representantes dos bancos centrais e autoridades de supervisão bancaria do G-10. Tem como
objective melhorar a colaboração entre bancos centrais para estabilizar o Sistema financeiro
internacional, definir normas comuns para a supervisão bancaria e responder a crescente
integração dos sistemas financeiros

Em Abril de 1997, o Comité formulou 25 princípios básicos, indispensáveis para um Sistema


de supervisão realmente eficaz a serem implementadas por todos os órgãos de supervisão
bancaria a partir de Janeiro de 1998; Estes princípios referem se a:

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 Precondições para uma supervisão bancária eficaz – Princípio 1
 Autorizações e estrutura – Princípios 2 a 5
 Regulamentos e requisitos prudenciais – Princípios 6 a 15
 Métodos de supervisão bancária contínua – Princípios 16 a 20
 Requisitos de informação – Princípio 21
 Poderes formais dos supervisores – Princípio 22, e
 Actividades bancárias internacionais – Princípios 23 a 25.

Os Princípios são requisitos mínimos que em muitos casos, poderão requerer Suplementação
mediante outras medidas definidas para atender a condições e riscos particulares dos sistemas
financeiros de cada país, individualmente.

4.3 Ponderação dos Activos por Classe de Risco

O Acordo de Basileia I estabeleceu fundos próprios mínimos relativos de 8% em relação a


soma do valor dos activos (intra e extra patrimoniais) ponderados pelo risco.

Estas ponderações são agrupadas em cinco categorias, conforme a seguinte classificação de


grupos de risco de crédito:

a) Activos com Risco 0%


i. Caixa;
ii. Elementos do activo representativo de crédito sobre governos centrais e bancos
expressos e financiados em moeda local;
iii. Elementos do activo representativo de outros créditos sobre governo de países
membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Economico (OCDE) e
respectivos bancos centrais;
iv. Elementos do active cobertos por garantias constituídas por títulos de governos
centrais de países membros da OCDE ou garantidos por governos centrais de países
membros da OCDE

b) Activos com Risco Ponderado a 20%


i. Elementos do Activo representativos de crédito sobre bancos multilaterais de
desenvolvimento e crédito garantidos e ou encobertos por garantias constituída por títulos
emitidos por tais bancos;

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ii. Elementos do activo representativo de crédito sobre instituições de crédito países
membros da OCDE e créditos garantidos por instituições de crédito de países membros de
OCDE;
iii. Elementos do activo representativos de crédito sobre instituições de crédito de Países não
membros da OCDE com prazo de vencimento residual inferior ou igual a um ano que
gozem de garantias de instituições de crédito de Países não membros da OCDE.
iv. Elementos do active representativos de crédito sobre entidades do sector publico de
Países estrangeiros membros da OCDE (excluindo governos centrais), e crédito
garantidos por tais entidades;
v. Valores a cobrança.

c) Activos com risco ponderado a 50%

Empréstimos garantidos por hipoteca sobre imóveis destinados a habitação do mutuário ou


arrendamento.

d) Activos com risco ponderado a 100%


i) Elementos do activo representativo de crédito sobre o sector privado;
ii) Elementos do activo representativo de crédito sobre instituições de crédito de
países não membros da OCDE com prazo de vencimento residual superior a um
ano;
iii) Elementos do activo representativo de crédito sobre governos centrais de países
não membros da OCDE (exceptuando créditos expressos e financiados em moeda
local);
iv) Elementos do activo representativo de créditos sobre empresas públicas;
v) Imóveis, equipamentos e outros activos fixos;
vi) Investimentos Imobiliários e Outros (Incluindo participações em empresas não
consolidadas);
vii) Títulos representativos do capital de outras instituições de crédito (a menos que
deduzidos do capital);
viii) Quaiquer outros activos.

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e) Activos Extrapatrimoniais

O BM não deixou de considerar as operações extrapatrimoniais. Estas operações são


agrupadas em varias categorias nos termos do Acordo de Basielia I, a saber:

i) Operações com natureza de substituto de crédito (como garantias gerais com


natureza de substitutos de crédito, aceites, cartas de crédito stand by com a
natureza de substitutos de crédito). Estas operações são convertidas a activos de
riscos pelo seu valor nominal de acordo com um factor de conversão igual a 50%.
ii) Certas contingências relacionadas com transacções (como títulos de participações,
garantias que não tenham a natureza de substitutos de crédito e cartas de crédito
stand by relacionadas com transacções especificas). Estas operações são
convertidas a activos de riscos pelo seu valor nominal de acordo com um factor de
conversão igual a 50%.
iii) Contingências de curto prazo e de liquidação automática associadas ao movimento
de mercadorias (como créditos documentarias garantidos por documentos de
embarque) Estas operações são convertidas a activos de risco pelo seu valor
nominal de acordo com um factor de conversão igual a 20%.

f) Mitigação de Risco de Crédito

O Acordo de Basileia I admite garantias concluídas por títulos emitidos por governos centrais
e bancos centrais de países membros de OCDE, atribuindo uma ponderação de 0% aos
créditos garantidos nestes termos. No caso de créditos garantidos por entidades do sector
publico desses países, a ponderação atribuída é de 20%. Por último, a créditos garantidos por
instituições de crédito de países não membros da OCDE é aplicada a ponderação de 20%, no
caso de operações com prazo de vencimento residual ou igual a um ano. Quaisquer outras
garantias (como títulos de empresa) não são consideradas para efeitos de redução da
ponderação de risco.

O Acordo de Basileia I reconhece apenas de forma limitada o impacto da existência de avales


e garantias na mitigação do risco de crédito (Ono, 2002)

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O sector bancário tem vindo a adoptar técnicas progressivamente mais sofisticadas de
avaliação dos riscos, em especial nas vertentes do risco de crédito, dos riscos de mercado e do
risco operacional. Neste contexto, têm surgido iniciativas de âmbito internacional centradas
na adaptação das regras de adequação de fundos próprios às novas realidades dos serviços
financeiros, nomeadamente as preconizadas pelo Acordo de Basileia II.

5. ACORDOS DE BASILEIA II

O Acordo de Basileia II e entendido como o novo acordo internacional de adequação de


capitais, conforme o número 2 do artigo 1 do Aviso 3/2012 do Banco de Moçambique.

Criado em Julho de 2004 com o objectivo de aperfeiçoar o então vigente (Acordo de Basileia
I) e eliminar as suas deficiências.

Foi adoptado pelo Sistema Financeiro Moçambicano aos 01 de Janeiro de 2013, de acordo
com o Aviso do BM supracitado, o Acordo de Basileia II procura preservar a solidez dos
sistemas financeiros, aumentando o grau de sensibilidade ao perfil de risco efectivo das
instituições, e admitindo conceitos mais abrangentes de risco, como por exemplo a introdução
do conceito de risco operacional, visando também assegurar a convergência internacional de
mensuração de capitais e padrões de capital face aos riscos inerentes à actividade financeira e
assenta em 3 pilares:

Pilar I – adequação de capitais,

Pilar II – processo de revisão de supervisão (SREP – Supervisory Review Evaluation


Process) e,

Pilar III – disciplina de Mercado

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5.1 Pilar I:

Requisitos mínimos de capital para a cobertura dos riscos de crédito, operacional e de


mercado. Estabelece as regras e as metodologias de cálculo dos requisitos mínimos de
capitais;

Para efeitos de cálculo dos requisitos de fundos próprios regulamentares, as instituições de


crédito devem:

a) Implementar o modelo padrão simplificado para o cálculo dos activos ponderados


pelo risco (risco de crédito), nos termos definidos em Aviso próprio;
Tal requisito e conhecido também como Índice de Basileia (em Moçambique
conhecido como rácio de Solvabilidade) e expresso pela seguinte fórmula

Fundos próprios/ (Risco de crédito +Risco de Mercado +Risco operacional)⪰8%

O acordo de Basileia II manteve a definição de fundos próprios e de requisitos mínimo de


8%para activos ponderados pelo nível de risco, porem a forma de calcular os riscos sofreu
significativas alterações. Apresenta uma nova tecnologia de mensuração, analise, e gestão de
risco de crédito e operacional, e introduz pela primeira vez o requerimento de fundos próprios
para fazer face ao risco operacional e manteve o risco de cálculo de rico inalterado.

b) Adoptar o método de indicador básico (BIA – Basic Indicator Approach), método padrão
(TSA – The Standardised Approach), este último mediante autorização do Banco de
Moçambique ou, ambos, para o cálculo dos requisitos de fundos próprios para o risco
operacional, nos termos definidos em Aviso próprio;

c) Computar os requisitos de fundos próprios para a cobertura do risco de mercado, nos


termos definidos em Aviso próprio (source-Aviso 3/GBM/2012)

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5.2 Pilar II:

Processo de revisão de supervisão. Estabelece as regras de orientação do supervisor no


processo de supervisão (SREP – Supervisory Review Evaluation Process). Assenta na
premissa de que os supervisores têm de assegurar que cada instituição financeira tem
instituído um processo interno para avaliar a adequação dos seus fundos próprios face aos
riscos assumidos, bem como as regras para a realização do processo interno de auto-avaliação
da adequação do capital interno pelas instituições de crédito (ICAAP – Internal Capital
Adequacy Assessment Process). Visa também definir objectivos para os fundos próprios
sejam compatíveis com os perfil de risco e ambiente de controlo interno de cada instituição
financeiro, devendo os supervisores intervir sempre que necessário.

Importa referir que o objectivo não cinge na transferência de responsabilidades as autoridades


supervisoras, mas aumentar o relacionamento entre estas e os seus bancos de tal forma que as
acções mais rápidas e decisivas sejam tomadas para se reduzir o risco quando forem
identificados quaisquer deficiências.

5.3 Pilar III:

Disciplina de mercado. É complementar às exigências de capital mínimo (Pilar I) e do


processo de revisão de supervisão (Pilar II), estabelecendo os critérios para a divulgação
pública de informação que permita aos participantes do mercado avaliar o âmbito de
aplicação, o capital, os níveis de exposição ao risco, os processos de avaliação de risco, bem
como os níveis de adequação de capital das instituições de crédito.

O terceiro pilar visa no aumento da transparência dos bancos para que os agentes do Mercado
sejam bem informados e possam entender melhor o perfil de riscos dos bancos. Para isso o
comité definiu algumas recomendações e exigências de divulgação de ordem quantitativa
como o valor de fundos próprios, e a distribuição das exposições de créditos por vencimento,
sector, pais, e de ordem qualitativa como a política de avaliação dos activos e passivos, os
aprovisionamentos, as estratégias e as práticas de gestão de riscos de crédito entre outras.

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Principais diferencas entre Basileia I e II:

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5.4 Impactos da adopção do Acordo da Basileia II

Uma das limitações do AB I e que também vale para o caso Moçambicano, deve-se ao facto
de apesar da exigência de 8% de fundos próprios mínimos, são ignorados os diferentes tipos
de riscos aos quais os bancos incorrem . Existe portanto, uma lacuna a comportamentos
mais arriscados, pois para um mesmo limite de fundos próprios mínimos e definida uma
ponderação de 100% para empréstimos a empresas independentemente de suas
características.

Para limitar este tipo de comportamentos, o AB II usa agências de classificação interna ou


externa de clientes.

O AB II amplia o papel das agências de classificação de riscos ou rating sendo as funções


dessas agências, avaliar a capacidade de pagamento dos devedores e tornar publica esse
conhecimento, resultando na disposição de informações e maior eficácia na classificação de
riscos em comparação aos Bancos.

Em Moçambique, os principais impactos da implementação do Acordo de Basileia II são:

a) Impacto na rentabilidade dos fundos próprios;


b) Impacto na gestão de riscos;
c) Impacto na competitividade
d) Impacto nos custos operacionais.

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6. CONCLUSÃO

Embora possa parecer simples a principio mitigar os riscos em uma instituição financeira é
uma actividade complexa que deve ser integrada no planeamento estratégico e aplicado dia-a-
dia no Banco.

Todos os tipos de gerenciamento de riscos devem ter como objectivo final a maximização do
resultado económico, isto é, contribuir para elevar o lucro da instituição. Para que possa ser
atingido um gerenciamento de rico satisfatório em uma em uma instituição financeira é
necessário um investimento inicial em banco de dados, equipamento e pessoal quilificado o
que não acontece em todas as instituições.

Um dos motivos que levam as instituições bancarias a investir na gestão de risco é devido a
actuação em um ambiente instável, no qual existe uma volatilidade, e também devidos aos
órgãos controladores que impõem padrões mínimos de identificação, medição e controle.

Cabe ressaltar que as instituições financeiras devem saber trabalhar com cenários futuros,
entretanto devido a incertezas das condições de mercado e outros factores externos, existe
apenas a condição de se trabalhar com noções de risco baseadas em probabilidades e
tendências, e nem sempre será possível avaliar todas as causas de efeitos.

O sucesso na implementação de uma gestão de riscos esta relacionada com a conscientização


e o apoio da Directoria, uma vez que este deve fazer parte da cultura e da política da mesma
além da integração com o seu Planeamento Estratégico e Financeiro fornecendo condições
favoráveis para a realização das tarefas, agregar valor aos processos e contribuir para o
direccionamento das instituições aos objectivos estabelecidos.

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BIBLIOGRAFIA

Banco de Moçambique, AVISO 2/GBM/2012.

Banco de Moçambique, AVISO 3/GBM/2012.

Banco de Moçambique, AVISO 4/GBM/2012.

Banco de Moçambique, AVISO 8/GBM/2007.

BARALDI, Paulo. Gerenciamento de Riscos Empresariais. São Paul: Campus, 2005.

CROUHY, Michel, GALAI, Dany, MARK, Robert. Gerenciamento de Risco Banco:


Abordagem Conceiptual e Pratica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.

Google- http://recipp.ipp.pt, o acordo de Basileia II

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