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Gestao de Risco Financeiro

Gestão De Riscos Financeiros é o conjunto de acções de uma empresa para identificar origem,
classificação, probabilidade e impacto de um eventual prejuízo, além de montar uma estratégia
de recuperação e controle de danos para diminuir tal impacto e implementar uma solução.

A actividade bancaria envolve em suas operacoes diversas formas de riscos. Estes riscos
precisam ser explorados e entendidos pelos supervisors bancarios para que possam realizar uma
avaliacao e gestao eficas das instituicoes financeiras.

É tarefa dos bancos Centrais assegurar que os Bancos operem de maneira saudavel e Segura e
que mantenham fundos proprios suficientes para suportar os custos inerentes as suas actividades.

Em Mocambique a entidade responsavel pela supervisao bancaria é o Banco de Mocambique. A


supervisao é feita atraves do acompanhamento das instituicoes, vigiando a observancia das
normas, sanando irregularidades e, por vezes sancionando os infractores.

As competencias dos bancos centrais em materia de supervisao bancaria tem evoluido em termos
de poderes e metodos de execucao como resultado do processo de cooperacao internacional entre
os bancos centrais. Esse processo de cooperacao conheceu varias fases, sendo a mais importante
a elaboracao dos Acordos de Capital de Basileia.

1. Comite de Supervisao Bancaria de Basileia

O Comite de supervisao Bancaria de Basileia foi constituida (CSBB) em 1974 com o patrocinio
do Bank for International Settlements(BIS). Este comite e compost por representantes dos
bancos centrais e autoridades de supervisao bancaria do G-10. Tem como objective melhorar a
colaboracao entre bancos centrais para estabilizar o Sistema financeiro internacional, definir
normas comuns para a supervisao bancaria e responder a crescente integracao dos sistemas
financeiros
Em Abril de 1997, o Comite formulou 25 principios basicos , insispensaveis para um Sistema de
suprevisao realmente eficaz a serem implementadas por todos os orgaos de supervisao bancaria a partir de
Janeiro de 1998; Estes principios referem se a:

 Precondições para uma supervisão bancária eficaz - Princípio 1


 Autorizações e estrutura - Princípios 2 a 5
 Regulamentos e requisitos prudenciais - Princípios 6 a 15
 Métodos de supervisão bancária contínua - Princípios 16 a 20
 Requisitos de informação - Princípio 21
 Poderes formais dos supervisores - Princípio 22, e
 Atividades bancárias internacionais - Princípios 23 a 25.

Os Princípios são requisitos mínimos que em muitos casos, poderão requerer

suplementação mediante outras medidas definidas para atender a condições e riscos

particulares dos sistemas financeiros de cada país, individualmente.

2. Acordo de Basileia I

O (primeiro) Acordo de Basileia, agora conhecido como Basileia I, foi emitido durante a
convenção de 1988, e foi ratificado por mais de 100 países. Chamado oficialmente de
International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards, ele teve como base
três regras principais:

 A criação de uma metodologia comum de avaliação de risco de crédito para as operações


financeiras, a qual obriga os bancos a analisarem o perfil do tomador do empréstimo;
 A obrigação das instituições bancárias de manterem um índice mínimo de capital
depositado em caixa (em outras palavras, impôs uma taxa mínima de reservas
fracionárias nos bancos). O índice era de no mínimo 8%, e esta regra também ficou
conhecida como Índice de Basileia;
 E a regra do capital regulatório, que impunha que as instituições bancárias mantivessem
uma quantia de capital próprio para a mitigação de possíveis riscos.
As recomendacoes do Acordo de Basileia foram divulgadas para serem aplicadas primeiramente
por bancos maiores e internacionalmente activos G-10 mas acabaram sendo aplicados por todo o
sector bancario de quase todos os paises industrializados e desenvolvidos, e ainda por grande
parte dos paises emergentes e em desenvolvimento (incluindo Moçambique), preservadas as
devidas necessidades de adaptacoes. Previa se a implementacao do acordo a partir de 1992.

O Acordo recomendava aos bancos internacionalmente activos do G-10 a manutencao de fundos


proprios minimos de 8% do valor apurado na ponderacao dos activos pelo risco de credito a que
os bancos estavam expostos. Para o efeitos foram definidos fundos proprios e as ponderacoes dos
activos por classe de riscos.

2.1. Fundos Próprios

A tarefa inicial do Comite foi definir o conceito de fundos proprios, dividindo-o em duas partes:
os fundos proprios de base e os complementares.

Compõem os fundos próprios de base:

i. O capital social
ii. As reservas

Os Fundos complementares estao compostos por:

i. Reservas Ocultas
ii. Provisoes gerais
iii. Instrumentos Hibridos De Capital
iv. Divida Subordinada

Por outro lado, o Acordo de Basileia I obriga a deducao de certos activos dos fundos proprios.
Estas deducoes se referem as diferencas de consolidacao positivas e aos investimentos em
subsidiarias que exercem actividade no sector financeiro.

Assim os fundos proprios sao a soma dos fundos proprios de base e complementares. Sendo que
o total de fundos proprios deve ser compostos por no minimo 50% de fundos proprios de base.
2.2. Ponderacao dos Activos por Classe de Risco

O Acordo de Basileia I estabeleceu fundos proprios minimos relativos de 8% em relacao a soma


do valor dos activos (intra e extra patrimoniais) ponderados pelo risco.

Estas ponderacoes sao agrupadas em cinco categorias, conforme a seguinte classificacao de


grupos de risco de credito:

a) Activos com Risco 0%


i. Caixa;
ii. Elementos do activo representativos de credito sobre governos centrais e bancos
expressos e financidos em moeda local;
iii. Elementos do activo representativos de outros creditos sobre governo de paises membros
da Organizacao para Cooperacao e Desenvolvimento Economico (OCDE) e respectivos
bancos centrais;
iv. Elementos do active cobertos por garantias constituidas por titulus de governos centrais
de paises membros da OCDE ou garantidos por governos centrais de paises membros da
OCDE

b) Activos com Risco Ponderado a 20%


i. Elementos do Activo representativos de credito sobre bancos multilaterais de
desenvolvimento e credito garantidos eou encobertos por garantias constituida por titulus
emitidos por tais bancos;
ii. Elementos do activo representativos de credito sobre instituicoes de credito paises membros
da OCDE e creditos garantidos por instituicoes de creditos de paises mebros de OCDE;
iii. Elementos do activo representativos de creditos sobre instituicoes de creito de paises nao
membros da OCDE com prazo de vencimento residual inferior ou igual a um ano que gozem
de garantias de instituicoes de credito de paises nao membros da OCDE.
iv. Elementos do active representativos de creditos sobre entidades do sector publico de paises
estrangeiros membros da OCDE( excluindo governos centrais), e e creditos garantidos por
tais entidades;
v. Valores a cobranca
c) Activos com risco ponderado a 50%

Emprestimos garantidos por hipoteca sobre imoveis destinados a habitacao do mutuario ou


arrendamento.

d) Activos com risco ponderado a 100%


i) Elementos do activo representativos de credito sobre o sector privado;
ii) Elementos do active representative de credito sobre instituicoes de credito de paises
nao membros da OCDE com prazo de vencimento residual superior a um ano;
iii) Elementos do activo representativos de credito sobre governos centrais de paises nao
membros da OCDE (exceptuando creditos expressos e financiados em moeda local);
iv) Elementos do activo representativos de creditos sobre empresas publicas;
v) Imoveis, equipamentos e outros activis fixos;
vi) Investimentos Imobiliarios e Outros (Incluindo participacoes em empresas nao
consolidadas);
vii) Titulos representativos do capital de outras instituicoes de credito(a menos que
deduzidos do capital);
viii) Quaiquer outros activos.

e) Activos Extrapatrimoniais

O CSBB nao deixou de considerar as operacoes extrapatrimoniais. Estas operacoes sao


agrupadas em varias categorias nos termos do Acordo de Basielia I, a saber:

i) Operacoes com natureza de substituto de credito (como garantias gerais com natureza
de substitutos de credito, aceites, cartas de credito stand by com a natureza de
substitutos de credito). Estas operacoes sao convertidas a activos de riscos pelo seu
valor nominal de acordo com um factor de conversao igual a 50%.
ii) Certas contigencias relacionadas com transaccoes (como titulos de participacoes,
garantias que nao tenham a natureza de substitutos de credito e cartas de credito stand
by relacionadas com transacoes especificas ). Estas operacoes sao convertidas a
activos de riscos pelo seu valor nominal de acordo com um factor de conversao igual
a 50%.
iii) Contigencias de curto prazo e de liquidacao automatica associadas ao movimento de
mercadorias( como creditos documentarias garantidos por documentos de embarque)
Estas operacoes sao convertidas a activos de risco pelo seu valor nominal de acordo
com um factor de conversao igual a 20%.

f) Mitigacao de Risco de Credito

O Acordo de Basileia I admite garantias concluidas por titulos emitidos por governos centrais e
bancos centrais de paises membros de OCDE, atribuindo uma ponderacao de 0% aos creditos
garantidos nestes termos. No caso de creditos garantidos por entidades do sector publico desses
paises, a ponderacao atribuida é de 20%. Por ultimo, a créditos garantidos por instituicoes de
crédito de paises nao membros da OCDE é aplicada a ponderacao de 20%, no caso de operacoes
com prazo de vencimento residual ou igual a um ano. Quaisquer outras garantias( como titulos
de empresa) nao sao consideradas para efeitos de reducao da ponderacao de risco.

O Acordo de Basileia I reconhece apenas de forma limitada o impacto da existencia de avales e


garantias na mitigacao do risco de credito (Ono, 2002)

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