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A importância do Gerenciamento de Risco na Empresa

1.1. Definição de risco

Antes de tudo devemos ter em mente um conceito do que vem a ser o risco.

Solomon e Pringle citado por Souza (2002, p.149) afirma que "risco é o grau de
incerteza a respeito de um evento.”

"O risco está portanto, diretamente ligado à possibilidade de ocorrência de um


evento futuro, esperado, ou não.” (SOUZA, 2002, p.149).

Não é necessário ser nenhum gênio para entender que uma empresa atuante,
está frequentemente se confrontando com situações que a colocam em
exposição aos riscos.

Toda empresa quer ter um desenvolvimento sustentável; todavia, o risco é


inerente a qualquer aspiração de ascensão. Apesar do gerenciamento destes
riscos serem de fundamental importância para o crescimento seguro e
sustentável das empresas, nem todas os gerenciam como deveriam.

1.2. O Risco na última década

A maioria das corporações enfatizam muito o risco financeiro de suas


operações cotidianas, e se esquecem ou desdenham dos riscos que podem
afetar sua imagem diante do mercado, dos investidores ou até mesmo suas
operações internas.

Isto se deve a uma questão cultural, pois apesar de atualmente as corporações


enfatizarem muito a gerencia de risco, e da profissão de atuário existir a mais
tempo; não faz muito tempo que a gestão de risco começou a ser embutida
com ênfase no meio empresarial. Santos afirma que:

[...] a adoção de gestão de riscos nas empresas é muito recente, pois somente
a partir de 1995 é que tais profissionais começaram a aparecer nos
organogramas das companhias americanas. (SANTOS, 2002, p.76).
O gerenciamento dos riscos dentro do contexto empresarial, apesar de ser de
grande importância; em algumas áreas ou ambientes só passou a ser
valorizado após incidentes de grande repercussão.

O cenário da gestão de risco nas empresas vem sendo modificado com o


decorrer do tempo, devido a grandes catástrofes que tem molestado
corporações de renome, e isto tem servido como objeto de reflexão para os
profissionais da área e também para os CEO’s no que tange a adoção de uma
visão mais abrangente dos riscos. Exemplos de fatos que serviram para
despertar a reflexão de muitos em 2001 foi o escândalo da Enron e o atentado
terrorista de 1 de setembro.

Estes dois fatos demonstraram a total fragilidades das corporações e a falta de


procedimentos estratégicos e operacionais no que tange aos controles
internos, transparência nas suas operações e continuidade de negócios. Esses
dois fatos também resgataram um conceito surgido na década de 80, o ERM –
Enterprise Risk Management, que naquela época já defendia a visão integrada
e holística dos riscos corporativos. (BRASILIANO, 2007, p.4).

Tendo em vista este cenário, vamos procurar mostrar os riscos que permeiam
as atividades empresariais em geral, e daremos ênfase na sua importância
segundo abordagem pelos profissionais da gestão de risco.

1.3. Os Tipos de Risco

De acordo com Santos (2002) os riscos podem ser oriundos do ambiente


externo e ou ambiente interno.

Os riscos do ambiente externo provavelmente sejam os riscos mais perigosos


devido a limitação no relacionamento do administrador com a empresa e sua
percepção muita das vezes focada nos acontecimentos internos. Todavia os
riscos internos não são menos importantes, e se não forem bem gerenciados a
empresa pode ser afetada por problemas oriundos do interior de suas
instalações ou operações.

1.3.1. Riscos Externos

Esses riscos sob a ótica de Santos (2002) são divididos em dois níveis: o
Macroambiente e o Ambiente Setorial.
1.3.1.1. Riscos do Macroambiente

O Macroambiente encontra-se mais distante do dia-a-dia da empresa, o que


torna bastante difícil identificar se e em que magnitude algum evento terá
impacto na organização. A sobrevivência e o crescimento a longo prazo,
porém, dependerão diretamente da forma como tais riscos serão gerenciados.
(SANTOS, 2002, p.27).

Segundo Santos (2002) os riscos do macroambiente se classificam em:

• Riscos Político-Legais • Riscos Econômicos

• Riscos Demográficos

• Riscos Naturais

• Riscos Tecnológicos

• Riscos Sociais

1.4. Riscos do Ambiente Setorial

Os riscos setoriais são os mais próximos das operações da empresa, e por isso
não são necessáriamente mais importantes que os outros, mas, merecem um
cuidado especial, tendo em vista que os resultados a curto prazo dependem de
um gerenciamento minucioso dos mesmos. Quanto a isso, Santos (2002) diz
que:

Os interesses e expectativas dos componentes do ambiente setorial são


normalmente antagônicos em relação aos da empresa, cabendo a área de
gerenciamento de risco a análise estratégica de tais interesses para dotar os
setores responsáveis diretos pela interface com esses elementos de
informações adequadas para os processos de negociações. (SANTOS, 2002,
p.47).

Os Riscos do ambiente setorial, conforme Santos (2002) se classificam em: •


Riscos de Fornecedores

• Riscos de Clientes

• Riscos de Concorrentes
• Riscos de Produtos Alternativos

1.5. Riscos Internos

Os riscos internos são basicamente aqueles que surgem dentro das


instalações da empresa ou grupo econômico. Os riscos internos são divididos
em financeiros e operacionais.

1.5.1. Riscos Financeiros

Segundo Santos (2002, p.58) “a área financeira da empresa deve atuar em


conjunto com a área de riscos na busca de adequada gestão dos riscos
financeiros.” Os riscos financeiros se dividem em:

• Riscos de Liquidez

• Riscos de Credito

• Riscos de Mercado

• Riscos Legais

1.5.2. Riscos Operacionais

O ambiente operacional, comumente é o mais dinâmico dentro de qualquer


corporação, e exatamente por esse dinamismo, torna-se um natural gerador de
riscos. Os riscos operacionais podem ser gerais ou funcionais, entendendo
como gerais os que estão ligados a empresa numa visão holística e funcionais
os que se relacionam especificamente com alguma área ou setor da empresa.
Santos (2002) diz que os riscos operacionais se dividem em:

2.3.2.3 Riscos Operacionais Gerais:

• Riscos Operacionais Gerais • Riscos de Infra-Estrutura

• Riscos de Fraudes Diversas

• Riscos de Erros

• Riscos de Greves
• Riscos da Estrutura de Custos

• Riscos da Sucessão

• Riscos Corporativos

• Riscos de Recursos Humanos

1.5.3. Riscos Operacionais Funcionais

• Riscos da Área Administrativa • Riscos da Área de Compras

• Riscos da Área de Marketing

• Riscos da Área de Vendas

• Riscos da Área de Produção e Logística

• Riscos da Área de Sistemas

• Riscos da Área Contábil e Fiscal • Riscos da Área de Distribuição

2. GERENCIAMENTO DE RISCO

2.1. Instrumentos para o gerenciamento de risco

Como visto anteriormente, o risco é algo inerente ao negócio, quanto maior o


risco maior o provável retorno.

Todo empreendedor via de regra, necessita de um bom gerenciamento de


riscos para a sobrevivência do mesmo no mercado.

Segundo Santos (2002, p.75) “A empresa está constantemente exposta a


riscos que podem provocar perdas financeiras e até conduzi-las à quebra”.

Por essa ótica o gerenciamento de risco se torna uma conduta de vital


importância para as organizações. Um dos pontos chave para um bom
gerenciamento de riscos é a criação de um departamento responsável pelo
mesmo:
[...] Parece vantajoso, portanto, a existência de um departamento com a função
formal de gerenciamento de riscos agindo no sentido da percepção, análise,
quantificação e divulgação aos setores componentes dos riscos internos e
externos reais e potenciais. (SANTOS, 2002 p.75).

Embasado em Santos (2002, p.76) “Muitas empresas nacionais como a Net


(ex-Globo Cabo) e a CSN, [...] possuem em suas estruturas um Chief Risk
Officer – CRO, encarregado da identificação, avaliação e solução dos
problemas.

A KPMG divulgou pesquisa feita em 2000 com mais de 450 empresas


brasileiras em que 1% delas tinham um CRO, enquanto outra pesquisa,
também da KPMG feita em 2000 e com as 500 maiores empresas americanas
listadas na Fortune, revelou que 14% das mesmas tinham tal profissional e,
ainda , que 81% delas já tinham abordagem de gerenciamento de riscos como
comitês internos ou contratos com consultorias. (SANTOS, 2002, p.76).

A tabela abaixo representa em relação a pesquisa supra citada, as principais


áreas ou atividades para as quais as empresas têm, ou pretendem ter, um
plano de gestão de riscos(em porcentagens de respostas):

Área ou atividade Pretensão de um plano de gestão de riscos

Tecnologia da informação 12,0% Seguro e Hedge 1,0% Operacional 9,0% Meio


ambiente 8,0% Legal e jurídica 8,0% Finanças 8,0% Gerenciamento de clientes
7,0% Segurança e privacidade 5,0% Capital humano 5,0% Atuação da
concorrência 5,0% Cadeia de suprimentos 5,0% Manutenção das atividades
4,0% Gerenciamento de imagem/marca 4,0% Fraude 4,0% Forças externas
1,0%

FONTE: Adaptado de SANTOS,


2002

Outros 4,0% Total respostas 100,0% FIGURA 1 – Tabela de pretensão de um


plano de gestão de riscos

É óbvio que dependendo do porte da empresa o custo da criação de um


departamento de gerenciamento de risco sobrepõe ao benefício auferido.

Empresas de médio/pequeno porte podem contar pelo menos com um


profissional de riscos, não tendo que constituir todo um departamento ou,
ainda, com consultorias especializadas. (SANTOS, 2002, p.7).
Segundo Santos (2002), “É importante que se constitua um Comitê de Riscos
com pelo menos um representante de cada área mais eventualmente os
consultores externos e os auditores da empresa.

O Departamento de riscos deve coordenar as atividades de tal Comitê,


agendando reuniões periódicas ou emergenciais e mantendo os registros das
discussões e decisões tomadas. O Comitê de Riscos também será o
responsável pelo desenvolvimento de um mapa, ou matriz de risco [...].
(SANTOS, 2002 p.78).

Contudo, observa-se a necessidade de outras áreas incorporarem a cultura de


riscos, Santos (2002), expõe como exemplos:

• Compliance: área responsável pela certificação do cumprimento das normas


da empresa.

• Auditoria Operacional: área tradicional das empresas que precisa aderir uma
cultura de riscos em seus procedimentos.

• Inspetoria: área de fiscalização comum em empresas comerciais (lojas) e de


serviços (transportadoras e viações).

• Cadastro/Crédito: área que analisa informações cadastrais e econômico-


financeiras de pretendentes a crédito.

• Contabilidade/Controladoria: área à qual compete a contratação de auditores


externos que irão verificar a exatidão das demonstrações contábeis da
empresa. A mesma pode agir juntamente com a área de gestão de riscos.

• Área de gestão de Operações de Seguros: encarregado de avaliar riscos


seguráveis, contratar e monitorar os contratos de seguros.

Atentando aos riscos mais enfatizados ou mais impactantes citados acima


observa-se que:

Pretende-se com a atividade de gerenciamento de riscos introduzir a idéia de


limites e responsabilidades entre o consciente (a atividade dentro da
organização) e a incerteza (a ligação entre ameaça e risco), tendo como fator
de consistência a visão da instituição, inserida no contexto psicológico, social,
econômico e político, para o atendimento de objetivos e metas a longo prazo.
(ZAMITH, 2007, p.63).

Para Zamith (2007), o fator mais importante no gerenciamento de risco é a


aceitabilidade do tratamento do mesmo como elemento vital para a gestão.
Tratar o risco significará admitir estar entre assumir ou eliminar a probabilidade
de vir a acontecer o dano, isto é, aproveitar uma oportunidade ou permitir a
existência de uma ameaça. Não se pretende apenas interferir na freqüência da
ocorrência, mas também na severidade com que possa atingir o todo.
(ZAMITH, 2007, p.63).

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro. Brasiliano & Associados revista


eletrônica: Gestão de Riscos: na empresa e varejo. Ed.32, set./ago. 2007.
Disponível em: <http://w.brasiliano.com.br/revistas/edicao_32.pdf?
PHPSESSID=98794ab1e0232 5c1139855172a66488d> Acesso em: 16 abr.
2010

SANTOS, Paulo Sergio Monteiro dos. Gestão de riscos empresariais: um guia


prático e estratégico para gerenciar os riscos de sua empresa. São Paulo:
Novo Século, 2002.

SOUZA, Silney de. Seguros: contabilidade, atuária e auditoria. 2. ed. rev. e


atual. São Paulo: Saraiva, 2007.

ZAMITH, José Luis Cardoso. Gestão de riscos & prevenção de perdas: um


novo paradigma para a segurança nas organizações. Rio de Janeiro: Ed. FGV,
2007.

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