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FUNÇÃO E A ORIGEM DO

GERENCIAMENTO DE RISCOS

C ONTEXTUALIZAÇÃO

A função do Gerenciamento de Riscos é reduzir perdas e


minimizar os seus efeitos. Isso quer dizer que se assume a
existência de perdas em todos os processos industriais, como um fato
perfeitamente natural. Entretanto, por meio de técnicas, basicamente de
inspeções e de análises, procura-se evitar que essas perdas venham a
ocorrer com certa frequência, ou reduzir os efeitos dessas mesmas
perdas, limitando-as a valores aceitáveis, ou dentro do perfil estipulado
pela empresa em seus orçamentos anuais.

Não existe um método único de Gerenciamento de Riscos, ou uma


metodologia padrão. Costuma-se confrontar os procedimentos em vigor
com procedimentos-padrão para aquele tipo de etapa, analisando as
possíveis alterações existentes, através de um amplo conhecimento das
várias etapas da atividade analisada.

O Gerenciamento de Riscos é um contínuo processo de busca de


defeitos, ou de quase-defeitos, com vistas à sua prevenção. Esses
defeitos são chamados riscos. Risco é uma chance de perda e
provavelmente, o mais importante degrau no processo de identificação e
gerenciamento das perdas.

Com as informações obtidas por intermédio da aplicação das várias


técnicas adotadas no Gerenciamento de Riscos e o emprego de
metodologias específicas pode-se também quantificar riscos. A partir do
momento que se qualifica e quantifica um risco tem-se a sua real
magnitude ou sua expressão matemática. A qualificação é a identificação
do tipo de risco ou da qualidade, se é que podemos assim dizer a respeito
das características dos eventos que podem surgir. Trata-se de um risco de
incêndio, ou de um risco de explosão, ou de um risco de danos elétricos,
etc.

A quantificação é a determinação do valor da perda, expressa em


percentual do valor dos bens ou em valores absolutos, ou do tamanho do
prejuízo a se verificar no futuro. O risco, se ocorrer, poderá gerar uma
perda que irá afetar 48% do patrimônio da indústria. A perda potencial é de
cerca de $500,000. Como veremos adiante, tanto o tipo de risco quanto o
valor da perda gerada são bastante importantes para a fixação do custo
do risco, ou seja, do valor que a perda, se ocorrida, pode assumir.

Essa informação é muito importante para a execução de um programa de


tratamento do risco. Em função do custo do risco, que pode vir a ser
razoavelmente calculado por processos simples, consegue-se elaborar
um plano de retenção das perdas ou de transferência para uma
Seguradora, por intermédio de um contrato de seguros. Se as perdas são
pequenas e a probabilidade de virem a ocorrer é baixa, com toda a
certeza pode se tratar de um caso de retenção do risco, ou de um auto
seguro.

Por outro lado, se a perda tem características de vir a apresentar danos


severos, é o momento de se pensar em transferi-la, por intermédio da
contratação de uma apólice de seguros. Passaremos a entender que uma
transferência de risco não é uma operação isolada. O fato de se transferir
um risco não é um pressuposto de que todas as preocupações da
empresa serão resolvidas, ou todos os prejuízos serão reembolsados, ou
as perdas reparadas. Normalmente existem mecanismos dentro do
contrato de seguros que transformam a empresa em corresponsável
pelas perdas. Ou seja, se um sinistro vier a ocorrer, a empresa terá que
bancar uma parte do mesmo e a seguradora a quem ela transferiu a
responsabilidade será responsável pela diferença.

Esse mecanismo de corresponsabilidade é o que denominamos de


franquia ou participação obrigatória do segurado (POS). Assim, a empresa
por não ter condições técnicas de repassar 100% tem que se preparar
para evitar as ocorrências dos eventos. Uma das formas de prevenção se
dá por intermédio da aplicação das técnicas corretas de Gerenciamento
de Riscos, associada à adoção de mecanismos ou de sistemas de
prevenção de perdas. No tocante a esses, destinaremos alguns
momentos para tratar desse assunto especificamente.

ORIGEM DO GERENCIAMENTO DE RISCOS

A Gerência de Riscos surgiu como técnica nos Estados Unidos, no ano de


1963, com a publicação do livro Risk Management in the Business
Enterprise, de Robert Mehr e Bob Hedges. Seguramente uma das fontes
de consulta ou de inspiração dos autores foi um trabalho de Henry Fayol,
divulgado na França em 1916. A origem da Gerência de Riscos é a
mesma da Administração de Empresas, a qual, por sua vez, conduziu os
processos de Qualidade e de Produtividade.

Por ser uma técnica relativamente nova, sua divulgação e adaptação


pelos países variou de acordo com as necessidades de momento, das
experiências dos técnicos que a difundiram, da fase de desenvolvimento
pela qual estava passando o país e outros motivos mais.

No Brasil o seu ingresso deu-se na segunda metade da década de 1970,


com aplicação voltada especificamente para a área de seguros, com
vistas à prevenção de riscos em bens patrimoniais, segurados pelas
empresas do setor.

Desta forma, seus conceitos começaram a se propagar juntamente com


os conceitos prevencionistas do Mercado Segurador Brasileiro,
principalmente no que diz respeito ao risco de incêndio. Porém, com o
intercâmbio entre os países e a melhor compreensão da técnica
vislumbrou-se um melhor futuro para a mesma.

Quase ao final da década de 70, com o desenvolvimento da Engenharia


de Confiabilidade de Sistemas, ou a Engenharia de Segurança de
Sistemas, alguns conceitos comuns passaram a se mesclar, dando nova
configuração à Gerência de Riscos. Nas aulas a seguir faremos uma
análise de alguns tipos de processos industriais, com destaque para os
seus principais riscos e sugestões de formas ou de maneiras adotadas
para o tratamento dos riscos.

Nos deteremos mais no tópico prevenção e combate a incêndios nessas


análises, por ser esse o principal risco das empresas, sem, entretanto,
descuidarmos da análise e da exemplificação de outros riscos. Existem
inúmeros eventos que constantemente ameaçam o patrimônio das
empresas. Porém, em linhas gerais, dos eventos geradores de danos que
incidem em instalações industriais, tanto no que diz respeito à frequência
de ocorrências, como também no tocante à severidade das perdas, o
incêndio é o mais comum.

Na ilustração a seguir apresenta-se um gráfico com os percentuais


médios, aplicados aos riscos maiores ou geradores das ocorrências,
verificados nos acidentes envolvendo indústrias.
Figura 1 - Gráfico com os percentuais médios, aplicados
aos riscos maiores ou geradores das ocorrências

Na análise em questão abordaremos desde o conhecimento das


características dos agentes extintores até o seu emprego, sempre com
vistas à prevenção e ao controle dos riscos. Finalmente, cumpre ressaltar
que muitas vezes a Gerência de Riscos é confundida com a Segurança
Industrial. Ambas têm caráter preventivo. Entretanto, na Gerência de
Riscos procura-se tratar o risco sob o prisma matemático de sua
ocorrência, quase que para fins de estudos, enquanto que a Segurança
Industrial parte direto para as medidas corretivas.

A linha de trabalho que consideramos ideal é aquela que associa os


métodos de análise empregados na Gerência de Riscos com os
procedimentos da Segurança Industrial.

Atividade Extra

Acesse o site https://vicenzisantiago.com/quer-conhecer-a-evolucao-da-


gestao-de-riscos/ onde podemos verificar as relações iniciais para a
gerencia de risco, escolha um dos artigos presentes no site e faça uma
resenha crítica do artigo que julgar mais interessante!
 

Referência Bibliográfica


NAVARRO, A, F. A função e a origem do Gerenciamento de Riscos,
Universidade Federal Fluminense – UFF, Niteroi, RJ,  http://www.uff.br
1999.


NABUCO, J. Gestão de Risco da Segurança do Trabalhador: Como
manter sua indústria segura. Fortaleza, CE sesi-ce.org.br, 2018.


VIANA, G. Gerenciamento de perigos e riscos na saúde e segurança
do trabalho, Consultoria Online Verde Gaia, Campinas, UNICAMP,
2017.

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