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Gerenciamento de Riscos

C ONTEXTUALIZAÇÃO

Diante de um cenário nacional preocupante, onde a estimativa


média é que, a cada cinquenta e nove segundos, um
trabalhador sofre um acidente de trabalho e, a cada três horas e trinta oito
minutos, um trabalhador perde a vida em virtude do trabalho, é de
extrema importância e relevância que a Gestão de Riscos de Segurança
do Trabalho se torne uma rotina dentro das organizações.

Os dias de trabalho perdidos com afastamentos previdenciários


acidentários e os gastos da previdência social com benefícios acidentários
crescem assustadoramente. Segundo o observatório digital de saúde e
segurança do trabalho, no período de 2012 a 2017, mais de 305 milhões
de dias já foram perdidos com afastamentos e mais de 66 bilhões de reais
já foram gastos com benefícios acidentários ativos.

Atualmente, observa-se que nos países desenvolvidos, as grandes


empresas e muitas pequenas e médias se utilizam, com êxito, da gestão
de riscos de segurança do trabalho, pois ela proporciona uma correta
proteção dos ativos e do patrimônio dos acionistas, eliminando e/ou
reduzindo, efetivamente, a grande maioria dos riscos ocupacionais.

Portanto, a incorporação de práticas de gestão de segurança no trabalho


contribui para a proteção contra os riscos presentes no ambiente laboral,
prevenindo e reduzindo os acidentes. Dessa forma, os trabalhadores, a
empresa e a produtividade do país só têm a ganhar. 
 

O QUE A ANÁLISE DE RISCOS CONTEMPLA:

Para que o entendimento da análise de riscos aconteça de forma clara, é


interessante que o entendimento da gestão de riscos seja definido como
sendo a elaboração e a implantação de medidas e procedimentos,
técnicos e administrativos, que têm por objetivo prevenir, reduzir e
controlar os riscos bem como manter uma instalação operando dentro de
padrões de segurança considerados toleráveis ao longo de sua vida útil.

Considerando que o risco é a possibilidade de ocorrência de um evento


(acidente) que pode causar danos (consequências) a uma empresa, a
redução dos riscos pode ser conseguida por meio da implementação de
medidas que visem tanto reduzir a possibilidade de ocorrência do acidente
(ações preventivas) como as suas respectivas consequências (ações de
proteção). Os danos podem ser humanos, patrimoniais, financeiros, de
imagem, dentre outros.

Ao contrário do perigo, o risco pressupõe uma medição da chance desse


evento ocorrer e a estimativa da sua gravidade. Por exemplo, um
terremoto é um perigo. Já a chance de um terremoto ocorrer em
determinada localidade e seus impactos é o risco. Se uma localidade
possui prédios adaptados para suportar os tremores da terra, o risco de
danos será menor, ainda que o perigo seja o mesmo.

Uma análise de risco bem elaborada consiste na avaliação da


probabilidade de um perigo acontecer e na mensuração do seu possível
impacto e consequente prejuízo para a organização. Algumas perguntas
importantes devem ser respondidas numa análise de riscos de
determinada instalação, tais como:
Quais os riscos presentes no ambiente verificado e o que pode acontecer
de errado? Qual a probabilidade de ocorrência de acidentes devido aos
riscos presentes? Quais os efeitos e as consequências destes acidentes?
Como poderiam ser eliminados ou reduzidos estes riscos?

COMO REALIZAR A GESTÃO DE RISCOS?

É necessário que todos os colaboradores estejam comprometidos


(operadores, supervisores, técnicos, gerentes, diretores e presidência da
organização) para que a gestão e redução de riscos ocorra, pois, desta
forma será possível a formação de hábitos seguros e de uma cultura de
gerenciamento de riscos exercida por todos da organização.

A inspeção de segurança é um método preventivo de extrema


importância, que identifica a possibilidade de eliminação de possíveis
acidentes, seja ao patrimônio ou às pessoas. A importância da gestão de
risco reflete nos benefícios que ela pode trazer para a empresa, tais como:
a preservação de bens e vidas humanas, manutenção do fluxo produtivo
e reputação da empresa, funcionários motivados, aumento da produção e
competitividade, entre outros.

Uma vez elaborada a análise de riscos, a gestão desse processo deverá


ocorrer de forma natural. Segundo a norma OHSAS 18001:2007*, a
organização deve estabelecer e manter procedimentos para a contínua
identificação de perigos, avaliação de riscos e a implantação de medidas
de controle necessárias.

Assim, toda e qualquer empresa que desenvolva atividades que possam


acarretar acidentes deve estabelecer um melhor gerenciamento de seus
riscos, objetivando prover uma sistemática voltada para o estabelecimento
de orientações gerais de gestão, com vistas à prevenção dos acidentes.
 

O AVANÇO DE LEIS E NORMAS E A CRIAÇÃO DE


PROCEDIMENTOS:

Com o passar dos anos as leis concernentes a saúde e segurança do


trabalhador têm se tornado cada vez mais rigorosas. Nesse sentido,
implantar o gerenciamento de perigos e riscos visando a proteção do
colaborador tornou-se uma obrigação das organizações que queiram
manter-se corretamente diante da legislação e que também compartilham
em seu estatuto, valores ligados à saúde e segurança da sua equipe.

Provavelmente você já deve ter ouvido falar, pelo menos uma vez, algum
caso de acidente de trabalho. As chances desse episódio ter ocorrido em
uma obra da construção civil são muito grandes. Isso porque segundo a
Organização Internacional do Trabalho (OIT), o ramo da construção civil é
o setor onde mais apresenta risco ao trabalhador. Para minimizar casos
de acidentes como esses, a Organização Internacional de Normatização
(ISO) traz a norma OHSAS 18001 focada na Gestão de Segurança e
Saúde Ocupacional. Assim como a ISO 9001 e a ISO 14001, essa é mais
uma norma passível de certificação, ou seja possibilita às empresas a
aquisição do selo.

Um dos principais requisitos da OHSAS 18001 é o gerenciamento de


perigos e riscos que uma empresa pode proporcionar ao colaborador. A
norma estipula a listagem de todas as ações ou itens da empresa que
possam ser classificadas em um destes dois termos. Mas qual a diferença
entre o conceito de perigo e risco?

Discutiremos o significado de Perigo e Risco segundo a OHSAS 18001.


Perigo, no requisito 3 da OHSAS 18001:2007, é definido como fonte,
situação ou ato com potencial para o dano em termos de lesões,
ferimentos ou danos para a saúde ou uma combinação destes. Ou seja,
de forma simples o termo perigo refere-se a fonte geradora do problema.
Alguns exemplos são: andaime de uma construção, a atividade de carga
e descarga de uma transportadora; as longas escadas na rotina diária de
um pintor.

Já a definição de Risco no trabalho, segundo a OHSAS 18001, consiste


na Combinação da Probabilidade da ocorrência de um acontecimento
perigoso ou exposição (ões) e da severidade das lesões, ferimentos, ou
danos para a saúde, que pode ser causada pelo acontecimento ou pela(s)
exposição(ões).

Em linhas gerais, podemos entender o risco como os “efeitos da fonte


geradora”. Utilizando-se dos exemplos citados no item perigo, fica mais
fácil compreender o que significa risco. Por exemplo, se o andaime é o
perigo, a queda do colaborador deste espaço, seria classificado como
risco. No caso do pintor, se a escada é o perigo, o acidente com a escada
seria denominado o risco. Portanto, o Perigo é a fonte, situação ou Ato,
enquanto o Risco é a probabilidade X Gravidade.

É importante destacar que muitos empresários vêem a importância da


OHSAS 18001 apenas como um instrumento para evitar acidentes no
local de trabalho como a fratura de um braço ou situações mais graves.
No entanto, o gerenciamento de perigos e riscos da OHSAS 18001 pode
evitar problemas ou doenças devido às ações repetitivas realizadas ao
longo dos anos. Citamos como exemplo o ato de digitar incorretamente
que pode provocar lesões tanto na coluna quanto nas mãos. Identificando
os perigos e avaliando os riscos gerenciamento de perigos e riscos na
saúde e segurança do trabalho.

Para tornar o processo de identificação e avaliação o mais eficaz possível.


É necessário que sejam observados e registrados tanto situações
corriqueiras no ambiente de trabalho, quanto situações emergenciais ou
atípicas. Nesse sentido, as operações como um todo da empresa
precisam ser listadas e avaliadas. Recomenda-se que neste processo
avaliem-se todas as fontes de perigos da organização, sobretudo aquelas
que poderão proporcionar algum tipo de risco aos colaboradores ou
pessoas presentes no ambiente.

Para compreender melhor a terminologia, as fontes de perigo são todas


aquelas fontes que de alguma maneira apresentem risco ao funcionário
ou as outras pessoas presentes no local. Como explicado no tópico
anterior, quando se avalia os processos dos riscos, consequentemente
serão identificados os perigos, tendo em vista que o perigo é fonte
geradora e os riscos são os efeitos da fonte geradora. Há locais de maior
atenção no apontamento de perigo, como as das fontes de energia. Para
cada empresa exigem-se cuidados e atenções específicas devido a
singularidade de cada negócio. Uma dica importante é analisar os riscos
segundo a severidade e probabilidade de ocorrência. MELHORIA
CONTÍNUA DO SISTEMA DE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL
PERIGOS E RISCOS CONSTRUÇÃO CIVIL

Toda mudança na empresa deve levar em conta o sistema de gestão de


Saúde e Segurança Ocupacional, uma vez que deve ser observado se a
mudança poderá apresentar algum perigo ou risco, segundo o
levantamento que já foi realizado com a implementação da OHSAS
18001. Dessa maneira, o processo se tornará cada vez mais eficiente,
evitando futuros problemas no SGSSO. Outra forma do aperfeiçoamento
contínuo do sistema é a criação de novas listas de perigos e avaliação de
riscos de tempos em tempos, segundo a necessidade dos processos da
organização.

A ideia é que as medidas de proteção se tornem cada vez mais


minuciosas e eficientes no controle dos perigos e riscos no local de
trabalho. Como criar o próprio sistema de gerenciamento de perigos e
riscos? A OHSAS 18001 oferece as diretrizes necessárias para a análise e
levantamento dos perigos e riscos. Portanto, é possível seguir as
orientações presentes na norma para implantar o gerenciamento.

Todavia, os processos são bastantes minuciosos e exigem atenção extra


para interpretação de possíveis ou futuras causas de acidentes. Sendo
assim, recomenda-se que o trabalho seja feito por um profissional
habilitado que possua experiência na área.

Uma vez que para a implementação da norma com o objetivo da


conquista do selo, exige-se que cada um dos requisitos da OHSAS 18001
sejam atendidos corretamente. Não apenas para contar com o sistema de
gerenciamento de perigos e riscos, mas para estar em conformidade com
a ISO e com a legislação em vigor, o acompanhamento de uma
consultoria profissional é imprescindível.
 

Atividade Extra

O site https://www.venki.com.br/blog/o-que-e-gerenciamento-de-riscos/
tem vários artigos que falam bem sobre o que é a gerência de riscos.
Utilize esse site como padrão para criação de um texto crítico no qual você
demonstra reconhecer a função do processo e como ele se iniciou.

Referência Bibliográfica
 


NABUCO, J. Gestão de Risco da Segurança do Trabalhador: Como
manter sua indústria segura. Fortaleza, CE sesi-ce.org.br, 2018.


VIANA, G. Gerenciamento de perigos e riscos na saúde e segurança
do trabalho, Consultoria Online Verde Gaia, Campinas, UNICAMP,
2017.

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