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Paulo Roberto da Cunha – pauloccsa@gmail.com
Especialização em Controladoria e Finanças – CEAVI/UDESC
Área temática
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
A palavra risco é derivada da palavra risicu ou riscu, em latim, da qual significa ousar.
O risco é entendido como a possibilidade de algo não dar certo, mas seu conceito atual
envolve a quantificação e qualificação da incerteza, tanto no que diz respeito às perdas como
aos ganhos, com relação dos acontecimentos planejados, seja por indivíduos, seja por
organizações (IBGC, 2007).
Segundo Holton (2004) a definição de risco, mais famosa é a do economista Frank
Knight, da qual faz a distinção entre a incerteza e o risco, onde defende que o conceito de
incerteza deve ser radicalmente desligado do conceito de risco, pois o risco é algo
mensurável, ao contrário da incerteza, que não pode ser medida.
Por sua vez, o risco está relacionado a tudo que um indivíduo ou empresa faz, seja
montando uma bicicleta, gerenciando um projeto, negociando com clientes, determinando
prioridades de trabalho, na decisão da compra de novos equipamentos, entre outros. A
necessidade de gerenciar os riscos sistematicamente aplica-se também a todos os indivíduos e
as empresas, assim como, todas as funções e atividades existentes em uma empresa. Tal
necessidade deve ser reconhecida como de fundamental importância por toda a equipe
pertencente à empresa, de acordo com Standarts Australia and Standars New Zealand 4360
de 2004 (AS/NZS 4360, 2004).
Para Assaf Neto (2010), se o risco não pode ser eliminado é essencial que sejam
adotadas medidas para minimizá-los de forma a permitir que a organização atinja da melhor
forma possível seus objetivos estabelecidos. Segundo o Committe of Sponsoring
Organizations of the Treadway Comission - COSO (2004), a gestão de riscos pode ser
aplicada para todos os tipos de atividades e operações, de qualquer empresa pública, privada,
ou em qualquer forma/entidades, independente do seu porte.
Segundo Fernandes (2014) a gestão de riscos reporta-se a questão de que eventos
incertos podem vir a ocorrer e causar prejuízos à empresa e a seus diversos segmentos.
Portanto, uma gestão de riscos eficaz fornece subsídios aos empresários/gestores, auxiliando-
os e mostrando os riscos aos quais a empresa está exposta.
Ao observar o contexto das Micro e Pequenas Empresas - MPEs, em nível mundial,
observa-se que está crescendo também a relevância da gestão de risco nestas empresas. Ao
analisar as MPEs brasileiras, constata-se que as mesmas não possuem um sistema de controle
eficaz, e acabam não dando a devida importância para a gestão de riscos, muitas vezes, por
desconhecimento (FERNADES, 2014).
A discussão da importância do contexto das MPEs na economia é recorrente,
reforçada por pesquisas como da Delloite (2014) na qual demonstra que dentre as MPEs que
mais cresceram no Brasil está no setor de alimentos.
Conforme demonstra o relatório da Associação Brasileira de Supermercados –
ABRAS (2014), a evolução dos supermercados imprimiu um forte ritmo de desenvolvimento
ao setor e, particularmente nos últimos anos, a competitividade entre as lojas tem sido
crescente. A maior competitividade vem exigindo caminhos criativos e eficientes para a
sobrevivência e a diferenciação no negócio.
Em 2013, o autosserviço alimentar chegou ao décimo ano seguido de expansão real
em suas vendas, alcançando uma impressionante série histórica, um crescimento de 5,5% nas
vendas. A receita nominal do autosserviço teve incremento de 12%, e em valores absolutos o
setor faturou R$ 272,2 bilhões em 2013 contra R$ 243 bilhões em 2012. O número de lojas
ficou próximo dos 84 mil, representando 0,4% a mais do que em 2012, e o de funcionários em
988,5 mil em 2013, contra 986,1 mil no ano anterior. (ABRAS, 2014)
Conforme dados apresentados acima, é possível verificar que os supermercados estão
crescendo, em quantidades físicas bem como em quantidade de faturamento. O crescimento
de lojas implica o aumento da concorrência, onde gera a possível perda de colaboradores e,
aumenta a necessidade de planejamentos estratégicos, necessita maior controle financeiro,
maior exigência de conhecimento tanto do gestor como se seus colaboradores.
Segundo a ABRAS (2014) atualmente, Santa Catarina detém a sexta posição na
participação de faturamento no Brasil, e vem crescendo gradativamente apesar da baixa
expectativa econômicas.
Diante deste contexto se estabelece a seguinte questão de pesquisa: Qual o panorama
da gestão de riscos dos supermercados da Rede Master Vale?
A relevância desta pesquisa está em verificar empiricamente quais os riscos presentes
nos supermercados que pertencem a Rede Master Vale, conforme modelo apresentado por
Benetti (2011), conforme modelo apresentado por Benetti (2011). O modelo possui por
objetivo identificar os riscos empresariais, quais seus níveis e seus tratamentos. O modelo foi
escolhido por condizer com o objetivo geral deste estudo, que visa identificar o panorama
geral da gestão de riscos dos supermercados da Rede Master Vale.
A pesquisa concentra-se em identificar como os supermercados mantém sua gestão de
riscos, sejam operacionais, estratégicos, financeiros, de conhecimento ou legais. O risco é
inerente a qualquer atividade sendo na vida pessoal, profissional ou empresarial, e pode
implicar em perdas, bem como em oportunidades (FERNANDES, 2014). O estudo justifica-se
também pela possibilidade de demonstrar a exposição ao risco no qual os supermercados
participantes da amostra encontram-se e despertar o interesse dos gestores para incluir este
tema como pauta de gestão.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesta seção são discutidos os riscos empresariais, bem como suas tipologias, seguidos
da apresentação dos principais modelos de gestão de riscos preconizados na literatura sobre o
tema.
2.1 RISCOS EMPRESARIAIS
Dentre os diversos termos utilizados para definir a palavra risco FERMA (2003),
define risco como:
Vanca (2003) salienta que riscos são situações que possam impedir o alcance de
objetivos corporativos e ou operacionais.
Para Brito (2000) é necessário conhecer, mensurar e divulgar a variável risco
adequadamente para melhor tomar a decisão. O controle desses riscos e a identificação dos
retornos pertinentes tornou-se importante instrumento para melhor realizar a tomada de
decisão.
Segundo Baraldi (2005), os riscos empresariais são todos os eventos que impedem a
empresa e as pessoas de ganharem dinheiro e respeito. São elementos incertos e as
expectativas que agem constantemente sobre os meios estratégicos e o ambiente e que
provocam os desastres financeiros
Assim, o risco empresarial pode surgir de várias formas, podendo estar ligado às
decisões de investimentos estratégicos, no lançamento de determinado produto, nas
estratégias de marketing, competição de mercado e incertezas quanto ao comportamento das
vendas entre outros fatores (LINSMEIER & PEARSON, 1996).
2.4.1 FERMA(2003)
A Norma de Gestão de Riscos é o resultado do trabalho de uma equipe composta por
pessoas das principais Organizações de Gestão de Riscos do Reino Unido, o Instituto de
Gestão de Risco (IRM), a Associação de Seguro e Gerentes de Risco (AIRMIC) e o Fórum
Nacional de Risco Gestão no Setor Público (ALARME). (FERMA, 2003).
Na tentativa de auxiliar as empresas em todo o processo de gestão dos riscos, FERMA
(Federation of European Risk Management Associations) órgão reconhecido mundialmente
quando o assunto é risco, publicou um documento intitulado: Normas de Gestão de Risco.
Neste documento o FERMA aborda o assunto gestão de risco de diversas formas, desde a
gestão de risco, tecnologia utilizada, implementação, forma de condução frente aos riscos,
monitoramento e comunicação dos mesmos aos usuários externos. (CZESNAT, 2011)
Ferma (2003) apresenta que a Gestão de Riscos protege e acrescenta valor as
organizações, buscando atender os seguintes objetivos:
a) Criação de uma estrutura na organização que permita que uma atividade futura
se desenvolva de forma consistente e controlada;
b) Melhoria da tomada de decisões, fazer planejamento e da definição de
prioridades, através da interpretação abrangente e estruturada da atividade do
negócio, da volatilidade dos resultados e das oportunidades / ameaças do
projeto;
c) Atribuição mais eficiente do capital social e dos recursos dentro da organização;
d) Redução da volatilidade em áreas de negócio não essenciais;
e) Proteção e melhoria dos ativos e da imagem da empresa;
f) Desenvolvimento e apoio à base de conhecimentos das pessoas e da
organização;
g) Otimização da eficiência operacional.
2.4.3 COSO
Há mais de uma década, o Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway
Commission (COSO) publicou a obra Internal Control – Integrated Framework para ajudar
empresas e outras organizações a avaliar e aperfeiçoar seus sistemas de controle interno. A
referida estrutura foi incorporada em políticas, normas e regulamentos adotados por milhares
de organizações para controlar melhor suas atividades visando o cumprimento dos objetivos
estabelecidos (COSO, 2004).
O COSO é uma entidade sem fins lucrativos que desenvolve ações visando à melhoria
das demonstrações financeiras das organizações. Criado em 1992, seu enfoque principal está
voltado aos controles internos das organizações (COSO, 1992).
O COSO, possui por intenção promover melhorias nas informações financeiras das
organizações, por meio da ética, da efetividade do ambiente de controle e da adoção de boas
práticas de governança corporativa (Zonato, 2010).
Para Zonato, (2010), o modelo COSO não possui por objetivo a eliminação total dos
riscos, mas sim a administração destes eventos em níveis aceitáveis pela organização. O foco
da gestão de riscos está direcionado aos eventos que possam afetar o alcance dos resultados
esperados pela organização. A finalidade é que os gestores entendam quais os riscos a que as
empresas estão expostas e avaliar os controles necessários para o gerenciamento destes riscos
e, por sua vez, se estes se encontram ativos.
Os riscos operacionais são os riscos que estão relacionados a possíveis perdas, e estão
ligados a resultados de sistemas e controles inadequados, falhas de gerenciamento e erros
humanos; e são divididos em;
O risco operacional - Tipo 5, a ser tratado é se os fatos externos a empresa não geram
interrupção das atividades da empresa, conforme tabela 9.
O risco estratégico - Tipo 2 a ser tratado é o de estratégia para estipular os preços dos
produtos e/ou serviços, conforme tabela 13.
O risco estratégico - Tipo 4 a ser tratado é a satisfação dos clientes com relação aos
produtos e/ou serviços oferecidos, conforme tabela 17.
O risco estratégico - Tipo 5 a ser tratado é a satisfação dos clientes com relação aos
produtos e/ou serviços oferecidos, conforme tabela 19.
O risco financeiro - Tipo 1 a ser tratado é a empresa não apresenta problemas com
falta de capital de giro, conforme tabela 23.
O risco financeiro - Tipo 4 a ser tratado é se a operação com capital próprio e uso
eficiente do capital de terceiros, conforme tabela 25.
Este tipo de risco envolve possíveis perdas com contratos que não estão legalmente
amparados por documentação insuficiente, ilegalidade, falta de representatividade e/ou
autoridade por parte de um negociador (Benetti, 2011).
Abaixo, segue a identificação e avaliação de cada tipo de riscos, em seguida o nível de
risco dos supermercados e a sugestão para não possuírem mais os riscos evidenciados.
5 CONCLUSÃO
Este trabalho teve por objetivo traçar um panorama da gestão de riscos dos
supermercados da Rede Master Vale do Alto Vale do Itajaí - SC. Na pesquisa foi aplicada
metodologia descritiva, com analise de conteúdo por survey, com abordagem quantitativa
para análise de dados.
De acordo com as respostas da amostra, constata-se que os tipos de riscos
demostraram que mais de 50% dos supermercados estão expostos de alguma maneira ao risco
foram os; Risco Operacional – Tipo 1, 2, 3, 4 e 5, Risco Estratégico – Tipo 3, 4 e 5, Risco
Financeiro – Tipo 3 e 4, Risco da Gestão do Conhecimento – Tipo 1 e 4.
Conclui-se que os riscos operacionais são altos nos supermercados na Rede Master
Vale e que num panorama geral a sua gestão é baixa, sendo necessária uma postura
diferenciada dos gestores como; oferecer cursos e treinamentos a seus colaboradores,
identificar quais os colaboradores que mais cometem erros e possuir seguros caso ocorra
algum tipo de catástrofe.
O nível dos riscos estratégicos na sua maioria está baixo, somente o risco o
relacionamento com fornecedores que apresentou num nível alto, desta forma num panorama
geral pode se verificar que a gestão dos riscos estratégicos é realizada, no entanto, precisam
desenvolver um melhor relacionamento com fornecedores potenciais.
Nos riscos financeiros os supermercados estão no baixo e alto risco, num panorama
geral a gestão é realizada, no entanto, não de forma eficaz, devendo ser tratado da seguinte
forma; identificar suas receitas e despesas, ao realizar um investimento identificar quais os
retornos que terá e desenvolver controles financeiros sobre as operações da empresa.
Os riscos de gestão de conhecimento se destacaram nos Tipo 1 e Tipo 2 como altos,
num panorama geral a gestão de riscos não é realizada de forma adequada e precisa ser
tratada, realizando algumas atividades, como; possuir pessoal treinado para exercer as
atividades chaves e manter controle sobre a segurança das informações dos seus ex-
funcionários.
Os supermercados não estão exposto ao risco conformidade/legal e num panorama
geral os supermercados realizam de forma eficaz a sua gestão.
O estudo foi relevante, pois através dele pôde-se identificar qual o panorama da gestão
de risco para a Rede Master Vale, evidenciando que os supermercados que compõem a Rede
na sua maioria estão expostos a algum risco, sendo operacional, estratégico, financeiro e de
gestão de riscos, por isso necessitam criar mecanismos para combater estes riscos.
Recomenda-se que outros pesquisadores repliquem esta pesquisa ou alguma similar a
outros segmentos econômicos.
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