aNO 26 • Nº 318 • Fevereiro 2021 • r$ 35,00

FUTURO DO TRABALHO
2021 EXIGE ALÉM DO PRESENCIAL E
INOVAÇÃO E AMPLA HOME OFFICE
Estudos mostram que a tendência

GESTÃO DE RISCOS
Abese e Fenavist fazem projeções e alertam sobre
mundial é atuar de qualquer lugar

os desafios na área de Segurança. O que esperar?

Confira as orientações de ambas entidades

DESIGUALDADE DIGITAL
ESTÁ NO TOPO DO RISCO
CRÍTICO
Relatório de Riscos Globais mostra
os impactos desta realidade

PLACAS MERCOSUL. DÁ
PARA CONFIAR?
Identificação mais restrita pode
facilitar crimes

ASSÉDIO SEXUAL NO
AMBIENTE CORPORATIVO
Números impressionam.
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 EDITORIAL
Gravadores de vídeo para
uso corporal e veicular, Expediente AVALIAR PARA ACERTAR MAIS EM 2021
utilizados na Segurança DIRETOR / JORNALISTA
RESPONSÁVEL
A tradição nacional diz que o país só começa a aquecer economicamente depois

Pública e Privada Jornalista Dr.h.c: Fábio M.A.R. Caruso |

MTB 66379SP
do carnaval. Com a pandemia, a tão conhecida festa brasileira foi suspensa. E, agora?
Será que teremos novas perspectivas mais cedo? O que o setor pode esperar deste ano?
Para analisar prós e contras do mercado de Segurança, fizemos nesta edição a matéria
CONSELHO EDITORIAL
de capa direcionada às projeções, desafios e riscos do segmento. Quem faz essa
Prof. Dr. Antonio Celso Ribeiro
Brasiliano, CRMA, CES, DEA, DSE, avaliação mais profunda é Selma Migliori, presidente da ABESE – Associação Brasileira
MBS (Brasiliano & Associados); Prof. das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança e também fundadora e presidente
Dr.h.c. Ms. Carlos Caruso, CPP (Ética
da FENABESE – Federação Interestadual das Empresas de Sistemas Eletrônicos de
Consultoria); Carlos Mauritônio
Nunes, DSE; Prof. Eng. Edson Menezes Segurança. Além dela, ouvimos também Jeferson Nazário, presidente da Fenavist -
(Domínio Tecnologia); Emir Pinho Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores. Ambos passam
(EMP Consultoria); Cel. Fernando
Albuquerque Montenegro; Prof.
informações valiosas para quem atua na área e deseja entender melhor o contexto atual
Fernando Soares; Prof. Heron Luiz; a fim de se preparar melhor para o que vem aí.
Prof. Humberto Oriá Filho; Dr. Jorge
Aproveitando a carona de olhar para o futuro, como vão ficar as relações de traba-
Body Worn Camera Lordello; Dr. Jorge Luiz Bezerra; Dr.
José Lázaro de Sá (S & A Advogados); lho daqui pra frente?
Linha Completa - 4G / WI-FI / GPS Dr. José Roberto Romeiro Abrahão;
Marcelo A. Oliveira Souza, Prof. Dr.
Na seção Mercado & Tendências, Emir Pinho, especializado em segurança privada,
Nino Ricardo Meireles (CPSI, DIDS); conta que o trabalho presencial e até o home office serão renovados, seguindo uma
A Estação de Ancoragem (Docking Station) Selma Dabus. tendência global de atuar de qualquer lugar. Confira as pesquisas que ele traz sobre
permite a coleta segura dos dados das Body MDVRs esse assunto. Já Antônio Brasiliano, doutor em Ciência e Engenharia da Informação,
EDITORA
Worn, com a finalidade de obtenção de 4G/ WI-FI / GPS revela dados da 16ª edição do Relatório de Riscos Globais. As informações foram apre-
Roselaine Araujo |MTB 38.256
provas em um incidente específico. Controle de frota sentadas no Forum Econômico Mundial 2021, que classificou a desigualdade digital
DIAGRAMAÇÃO
Ines Júlia Castelli como um risco crítico de curto prazo. Além disso, outras perspectivas foram reveladas e
DEPARTAMENTO FINANCEIRO todas elas sinalizam que devemos continuar mais alertos do que nunca.
Miriam Gaspar
Em Foco, Jorge Lordello, especialista em Segurança pública e privada, aborda um
DEPARTAMENTO COMERCIAL crime que todos sabem, mas pouco denunciam: assédio sexual no trabalho. As esta-
Pedro Caprino
tísticas mostram que uma a cada cinco trabalhadoras já sofreu abusos assim. Aprenda
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO no artigo a identificar melhor e, sobretudo combater essa grande violência responsável
Alfredo Freitas, Antonio Brasiliano,
Augusto Schmoisman, Emir Pinho, por gerar traumas e pedidos recorrentes de demissão. Tem também Fernando Soares,
Fernando Soares, Heron Luiz, Jorge professor de Programação Neurolinguística e consultor de segurança. Neste número,
Lordello e Selma Dabus. ele ensina como utilizar as âncoras (estímulos mentais) ao seu favor. Imperdível. E, há
CIRCULAÇÃO NACIONAL ainda outros artigos com conteúdo de qualidade para facilitar o desenvolvimento dos
Composição dos associados: decisores; negócios. Confira todos!
influenciadores; consumidores;
consultores; integradores e
compradores nos segmentos: hospitais,
bancos, escolas, universidades, Boa leitura e um grande abraço!
empresas de segurança privada, Roselaine Araujo, editora
transportadoras, hotéis, empresas
multinacionais, indústrias, autarquias,
órgãos de Segurança Pública e
Forças Armadas, condomínios e
administradoras, entre outras.
Tiragem: 10 mil exemplares
* Os artigos assinados não refletem
necessariamente a opinião da revista.
Publicação mensal da FAMARC - Comércio de
Jornais e DVDs.
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CEP: 01153-010 - São Paulo (SP)
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Telefone: (11) 3666-9893 | SEGURANÇA ESTRATÉGICA
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2 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021 Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 3
+55 11 5524-5491 • relm@relm.com.br • www.relm.com.br • facebook.com.br/relmchatraloficial www.portaldaseguranca.com.br
Radar

GRASP LANÇA PRODUTO PARA COMBATER

COVID-19
A Grasp lançou no mercado o Cov-Rid, um sanitizante para eliminar vírus e bactérias, incluindo o coronavírus. De
origem Britânica, o produto é usado na Europa desde o ano passado. Além da eficiência virucida, o Cov-Rid se destaca
pela forma inovadora de aplicação. O uso das soluções tradicionais desse tipo de sanitizante, em geral, requer borrifa-
mento em todas as superfícies por pressurização a frio, como um spray de tinta que precisa cobrir uma superfície para
que seja pintada. Na solução, o sanitizante é aplicado por vaporização a quente no ambiente. Ou seja, uma nuvem
preenche o volume do local e o vapor permanece naturalmente nas superfícies, frestas, cantos e regiões de difícil
acesso. A eficiência do produto é de 99,99%, segundo testes realizados pelo laboratório de virologia da UNICAMP, em
novembro de 2020. A facilidade de aplicação o torna ideal para veículos, transporte público, aeronaves, academias,
escritórios ou qualquer local público. A aplicação pode ser feita com os mesmos geradores de neblina de segurança
utilizados por quase todos os bancos, transportadoras de valores e joalherias. Saiba mais, acesse: www.grasp.com.br.

PF INVESTIGA MEGAVAZAMENTO DE DADOS

A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o megavazamento de dados de cidadãos e autoridades na Internet. No início de fevereiro, o
M

CM
crime digital veio à tona. O problema atingiu mais de 223 milhões de brasileiros, incluindo pessoas já falecidas, que tiveram informações
expostas na rede mundial. É o maior vazamento do tipo já identificado no Brasil. No dia 28 de janeiro, a PF pediu a Autoridade Nacional de MY

Proteção de Dados (ANPD) para abrir a investigação. O órgão da administração pública federal é responsável por zelar pela proteção de dados CY

pessoais e por implementar e fiscalizar o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados no Brasil. Além da investigação do vazamento, o CMY

ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou também a apuração da possível venda pela Internet de CPFs e
dados pessoais. K

GENETEC FAZ PAINEL SOBRE SEGURANÇA PARA

SUPERMERCADOS
A Genetec, especializada em tecnologia de soluções unificadas de
segurança, operações e inteligência de negócios, em parceria com a
Associação Brasileira de Supermercados (Abras),
realizou no início de janeiro o encontro online “Federação: melho-
rando a experiência do usuário e do cliente final”, no qual foram
apresentadas soluções ao setor de segurança.
“ Falamos sobre o conceito de sistema federado e sobre ferramentas
analíticas disponíveis nas nossas soluções de segurança, que permitem
aos supermercados tomar ações que tragam benefícios práticos para os
controladores e os seus clientes”, ressaltou Michel Ricardo, gerente de
contas da Genetec. A empresa oferece aos supermercados monitora-
mento por câmeras, ferramentas de proteção, controle das instalações,
gerenciamento logístico de centros de distribuição e estoques, entre
outros serviços. Tudo isso unificado em uma única plataforma acessível
em uma central, na própria loja e até mesmo pelo celular. Para mais
informações sobre a Genetec, visite: www.genetec.com/br

4 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021 Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 5

Mercado & Tendências
FUTURO DO TRABALHO:
PRESENCIAL OU HOME OFFICE?
A NOVA TENDÊNCIA É O “WORK ANYWHERE”
C
om a chegada das vacinas para a Covid-19, as discussões e
planos para retomar as atividades de forma plena e presencial
são inevitáveis. No entanto, várias empresas refizeram cálcu-
los e compararam as equações entre os custos, resultados e
benefícios desse novo modelo de trabalho, considerando principalmen-
te os números durante os períodos mais críticos da pandemia. Assim,
diversas cias já cogitam a manutenção do home office como benefício
para seus colaboradores, principalmente aqueles que atuam nas áreas
de desenvolvimento estratégico, tático e administrativo.
Vou dar um exemplo que realça bastante essa relação e justifica
a hesitação sobre os modelos.
6 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021
Há pouco tempo, conheci uma grande desenvolvedora de
sistemas ERP, sediada do Rio Grande do Sul. A empresa com mais
de 1000 colaboradores, sendo 80% no setor de desenvolvimento de
softwares, construiu, em 2019, um grande prédio no Vale do Sinos
para concentrar o grande volume desses colaboradores. Em março de
2020, surpreendida pela pandemia e obrigada a praticar ações que
mantivessem seu potencial de desenvolvimento, criou um programa
emergencial de trabalho remoto, devidamente acompanhado por seus
gestores de desenvolvimento humano e gerentes de projetos.
O resultado foi surpreendente não apenas do ponto de vista de
produtividade, que cresceu em torno de 30%, mas principalmente na
gigantesca redução de toda a operação. Pode não parecer muito, mas
foram economizados alguns milhões de copinhos de café, toneladas
de café, açúcar e alimentação, além de quilômetros de papel higiênico.
Sem contar a diminuição com os gastos fixos, como: energia elétrica,
água, ar-condicionado, entre outros.
Ou seja, a organização constatou uma enorme redução de custos
e despesas para fazer a mesma coisa que faziam antes. Gerando
assim, imediata elevação no fluxo de caixa sem apresentar despesas
diretas, proporcionando uma inteligente rentabilidade e aumento de
“gordura”, permitindo à empresa, praticar preços mais agressivos e
tornando-a mais competitiva.
CAMINHO PARA SUCESSO EMPRESARIAL
É bacana ressaltar aqui o que todo empresário sabe ou deveria
saber sobre administração. Existem oito princípios fundamentais para
o êxito de qualquer empresa:
1 – Diminuir custos e despesas sem agredir ou reduzir a qualidade;
2 – Aumentar o fluxo de caixa, tornando-a hipercompetitiva e saudável;
3 – Ser estratégica nas vendas e na agressividade sobre o mercado;
4 – Manter cobrança constante e com baixíssimo índice de inadimplência;
5 – Praticar preços suportáveis pelo mercado;
6 – Manter estoques e/ou estruturas prontas para a entrega de produ-
tos ou execução de serviços em dia;
7 – Evitar desvios de produtos/serviços ou quedas dos níveis de
qualidade;
8 – Tornar-se essencial pela expertise e potencialidade para atender
as demandas do mercado (know how).
Diante de todos esses fatores, os gestores dessa empresa que apon-
tei também perceberam que o ânimo, responsabilidade, engajamento
e a felicidade da equipe cresceram em home office. Talvez pela simples
alegria de trabalhar em casa sem deslocamentos, menos stress, ao som
das músicas preferidas e, às vezes, de chinelos e pijama.
Além disso, as jornadas de trabalho se alongaram naturalmente, pois
foi ampliado o senso de responsabilidade dos times, focados nas suas
respectivas etapas de desenvolvimento e metas por objetivos de projetos.
Resultado: a empresa não apenas vai continuar adotando o
home office como já iniciou um novo programa de incentivo neste
formato, gerando aumento nos ganhos aos colaboradores por meio
de bônus que podem chegar até 20% sobre seus salários, auxiliando
a todos nos custos e despesas referente às estruturas, como melhorias
para navegar na Internet ou mesmo suporte para gastos, como
energia elétrica e até instalação de ar-condicionado. Tudo isso poderá
fazer parte das PLR’s – Participações sobre Lucros e Rentabilidades.
Ainda assim, a empresa vai gastar bem menos do que antes da
pandemia. Se os números do home office já justifica essas mudanças,
o que dirá do novo momento e do futuro de inúmeras atividades,
que se comprovaram perfeitamente executáveis em “work anywhere”
(trabalhe em qualquer lugar), indo bem mais além do “home”?
Uma recente pesquisa desenvolvida pelo MIT - Instituto de Tecnolo-
gia de Massachusetts, MIT Technology Review, FGV IBRE, FGV SAÚDE E
FGV IDE, revela que 100% dos entrevistados acreditam que os modelos
híbridos e remotos (home office e work anywhere) farão parte dos
formatos de atividades funcionais em 80% das empresas. Os dados
mostram inclusive alguns outros números bastante interessantes sobre
o teletrabalho.
De 434 ocupações analisadas, os profissionais com maior
potencial para o trabalho remoto são os de ciências e intelectuais,
diretores, gerentes, técnicos e profissionais de ensino médio.
Por outro lado, os resultados também mostram algumas grandes
diferenças regionais. Confira:
ATIVIDADES REMOTAS POR REGIÃO
• Distrito Federal: 31,6% das ocupações (cerca de 450 mil
pessoas) podem ser realizadas remotamente;
• São Paulo: 27,7% ou 6,1 milhões de pessoas;
• Rio de Janeiro: 26,7% ou 2 milhões de pessoas.
É grande o número de gestores que defendem os modelos
híbridos de trabalho, reservando um ou dois dias no escritório
e os demais fora do escritório. Destacando que aqueles que por
ventura, voltarem aos escritórios e ambientes corporativos, tais como
coworking’s, encontrarão realidades bem diferentes daquelas deixa-
das no primeiro semestre de 2020.
As vacinas terão um papel fundamental para que isso se torne
fato e tenhamos uma nova estruturação nas culturas profissionais,
que agora devem ser mais colaborativas e movidas mais pelos objeti-
vos e menos por métodos.
A pesquisa ainda apontou que apenas 6,5% dos entrevistados
não querem trabalhar em home office contra 93,5% que prefe-
rem seguir com o novo modelo. Seja no formato que for, algumas
constatações são cada vez mais claras e contundentes: o futuro do
trabalho, das profissões e os formatos de atividades a serem executa-
dos sofrerão várias modificações.
Para isso, é essencial que as empresas estejam empenhadas em
realizar transformações digitais e migrações parciais ou totais para o
universo virtual, pois o mundo não voltará a ser como era antes. O
teletrabalho se tornou potencial. A nova cultura é inevitável!
Quer conversar comigo sobre esse e outros assuntos futurísticos?
Então me siga em todas as redes sociais pelo @emirpinho, envie seu
e-mail para: emir@vendabilidade.com.br ou me chame pelo WhatsA-
pp: (51) 999 67 3306. Terei imensa alegria em conversar com você e
até ajudar sua empresa para os novos processos de transformação e
alinhamento evolutivo.
Emir Pinho é consultor especializado em empresas
de segurança privada, palestrante e membro do
Conselho Editorial da revista Segurança Estratégica.
É CEO da empresa Vendabilidade & Consultor de
Segurança.
Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 7
Matéria de capa

CAMINHO À FRENTE EXIGE MAIS INOVAÇÃO E

GERENCIAMENTO DE INÚMEROS RISCOS
Depois da ampla crise que explodiu com a pandemia no ano
passado, representantes de entidades setoriais na área de
Segurança contam o que está planejado e o que podemos esperar
em 2021. Dá para renovar as esperanças? Descubra.

Por Roselaine Araujo

N
a matéria de capa desta edição, decidimos
convidar representantes na área de Segu-
rança para avaliar de modo mais profundo
esse mercado, levantando em consideração
pontos imprescindíveis para o segmento na atua-
lidade, como perspectivas, riscos, desafios, ações,
entre outros aspectos que impactam diretamente nos
negócios. Confira a análise dos próximos meses feita
por Selma Migliori, presidente da ABESE – Associa-
ção Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos
de Segurança e Jeferson Nazário, presidente da Fena-
vist - Federação Nacional das Empresas de Seguran-
ça e Transporte de Valores (Fenavist).

8 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021 Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 9

Matéria de capa
ABESE
PROJEÇÕES DO SETOR PARA 2021
A Segurança Eletrônica acabou se destacando. Com
todos em casa, escritórios fechados, estabelecimentos
comerciais vazios e as necessárias medidas de isolamen-
to físico, a combinação entre tecnologia e segurança
desempenhou um papel imprescindível para a prote-
ção do patrimônio público e privado, mas, sobretudo,
humano. Para 2021, acreditamos que a popularização
das aplicações de Segurança Eletrônica deve consolidar
um legado que não é apenas tecnológico, mas de valor
social: a tecnologia é essencial e não mais opcional. Com
isso, esperamos a consolidação de negociações iniciadas
antes da pandemia, mas que não puderam se consolidar
devido ao isolamento social. Contudo, até aqui a expec-
tativa é que a segurança eletrônica mantenha o ritmo de
crescimento ou, pelo menos, se aproxime da média.
RISCOS E DESAFIOS
O risco principal ao qual todos os setores estão
expostos é agravamento da pandemia. Contudo, a
vacinação aponta uma melhora gradativa e retorno às
atividades econômicas no mundo todo. Outro impor-
Selma Migliori é presidente da ABESE – Associação Brasileira
das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança e
também fundadora e presidente da FENABESE – Federação
Interestadual das Empresas de Sistemas Eletrônicos de
Segurança.
10 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021
tante desafio é saber ler o momento pelo qual estamos
passando para oferecer as soluções mais adequadas às
demandas e necessidades do atual cenário. Outro bom
desafio que o segmento enfrentará será o de fidelizar os
novos clientes que investiram em soluções de segurança
eletrônica durante a pandemia - por exemplo, supermer-
cados que adotaram câmeras termográficas, empresas
que estruturaram controle de acesso inteligente ou
condomínios que aprovaram portarias eletrônicas. Assim,
será necessário pautar os próximos passos no conceito de
“Integração e Amadurecimento Digital”. Estou certa que
os profissionais do segmento estão preparados para se
adaptar ao que virá.
PLANOS DE AÇÃO DA ABESE
O nosso foco serão eventos virtuais, lives e uma vasta
agenda de cursos de capacitação na Academia ABESE.
Iniciamos em janeiro a agenda de cursos 2021 e os dois
primeiros do ano entregaram um conteúdo de altíssima
qualidade para um grande público participante. A realiza-
ção da Exposec, principal evento e vitrine tecnológica da
América Latina para o setor de segurança, também está
entre as nossas principais ações do ano.
“
ESTATUTO DA SEGURANÇA PRIVADA
Para 2021, acreditamos
que a popularização das
O projeto do Estatuto da Segurança Privada envolve diversos
aplicações de Segurança
interesses e segmentos. Tudo isso aliado ao complexo sistema que temos
para adequar à lei a todo o Brasil. Por isso, é até natural o retardamento
da aprovação. Como não podemos ficar à mercê desta realidade, as
saídas que enxergamos já há algum tempo são as boas práticas do
mercado, norteando o padrão de desenvolvimento das empresas de
segurança eletrônica. Esta abordagem contribui, ainda, com a cons-
Eletrônica deve
cientização do público consumidor para que tenha critérios ao contratar
serviços de segurança. A ABESE trabalha essas premissas considerando
leis já existentes e outras recém aprovadas e que de alguma maneira
consolidar um legado que
não é apenas tecnológico,
influenciam neste ambiente, como a LGPD, por exemplo.
DESEMPENHO DAS EMPRESAS
BRASILEIRAS mas de valor social: a
O desempenho das empresas brasileiras é marcado pela criatividade e
adaptabilidade das soluções. Este é um ponto forte dos nossos empresá-
tecnologia é essencial e
“
rios. Por outro lado, ainda precisamos avançar na regulamentação e certifi-
cação dos nossos profissionais. Quando comparamos ao mercado externo,
não mais opcional
enxergo uma falta de interesse em pesquisa, sobretudo nas internacionais,
que podem nos ajudar a observar outros mercados ao redor do mundo.
Essa é uma experiência que enriquece o portfólio e que acelera a inovação.
Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 11
Matéria de capa

Fenavist
pulação, das medidas de ajuda aos cidadãos e o setor produtivo, desenvolvendo uma cartilha com orientações as empresas, vigilantes e a
além de uma redução nas disputas políticas, que só atrasa a sociedade em geral sobre questões relacionadas ao racismo.
aprovação de medidas estruturantes, como a reforma tributária.
Esse é um momento decisivo para o Brasil. A alta carga tributária,
a burocracia e legislações arcaicas, combo que forma o custo

“
PROJEÇÕES DO SETOR PARA 2021
Diante de todo o cenário provocado pela pandemia, não
há como se fazer nenhuma previsão a longo prazo. Aspectos
como o tempo que o Brasil levará para imunizar a maior parte da
população e as ações do governo para aliviar a pressão sobre o
setor produtivo são fundamentais para que possamos vislumbrar o
futuro. Porém, tudo isso é incerto no momento.
A segurança privada, assim como todas as atividades pro-
dutivas do país, cresce e se desenvolve diante de uma economia
forte, o que não ocorreu no ano passado e que pode se repetir esse
ano. A Fenavist, sindicatos, empresas do setor e trabalhadores vão
trabalhar unidos para evitar mais perdas e o fechamento de postos
de trabalho.
RISCOS E DESAFIOS
O principal desafio é criar condições para que o segmento de
segurança privada consiga atravessar mais um ano de incertezas. É
essencial estancar os efeitos negativos na saúde e na economia pro-
vocados pela pandemia. Antes de pensar no crescimento, o momento
é de sobrevivência. Precisamos lutar pela manutenção dos empre-
gos, nos adequar aos desafios impostos pela crise sanitária, buscar
novas tecnologias e nichos de mercado. No entanto, tudo isso está
relacionado à aprovação do Estatuto da Segurança Privada, que teve
a votação derradeira no Senado adiada novamente no final de 2020.
Os riscos estão atrelados a questões que não dependem da
gente. A retomada da economia requer o controle da pandemia.
Dependemos de quanto tempo o governo levará para imunizar a po-
Brasil, mostraram sua pior face nesta pandemia. Se mudanças
não forem feitas, a economia brasileira, continuará a regredir
afastando investimentos e tornando o Brasil menos competitivo, o
que gera fechamento de empresas e a diminuição dos empregos.
PLANOS DE AÇÃO FENAVIST
A principal ação da Fenavist continuará sendo a luta pela
aprovação do Estatuto da Segurança Privada. Sem a nova
legislação, a sobrevivência do segmento fica cada vez mais
ameaçada. O Estatuto traz atualizações fundamentais para que
a atividade possa se desenvolver nos dias atuais. Regulamenta
novas tecnologias, nichos de mercado, funções, além de dar
maior poder a Polícia Federal no controle e fiscalização da
atividade, o que é fundamental para o combate às empresas
clandestinas. É sempre preciso ressaltar que o texto tramita no
Congresso Nacional desde 2010, a matéria foi incluída na pauta
de votações algumas vezes, como no final do ano passado, mas
sempre é retirada no último momento sem explicação plausível.
Tudo isso é muito frustrante já que o texto foi construído a várias
mãos por todos os atores envolvidos com a segurança privada.
ESTATUTO DA SEGURANÇA PRIVADA
O Estatuto da Segurança Privada é a principal bandeira do
segmento. Ele vai mudar toda a engrenagem, aumentar o controle
sobre as empresas e o combate a clandestinidade. A nova legisla-
ção abrirá uma série de novos nichos de atuação, que irão gerar
milhares de empregos diretos a curto e médio prazo. Também vai
regulamentar a segurança eletrônica, que hoje está à margem da
legislação, bem como permitirá a utilização de novas tecnologias e
armamentos que elevarão o serviço prestado a outro patamar.
A atividade é uma das que mais emprega no país, com cerca
de 600 mil trabalhadores, também é uma das que mais pagam
tributos. Mais de 80% do faturamento das empresas retornam
aos governos federal, estadual e municipal em forma de impostos.
Somos o principal parceiro da segurança pública, já que onde tem
segurança privada, as polícias ficam liberadas para atuar de forma
ostensiva contra a criminalidade.
Por isso, a aprovação do Estatuto é tão importante. O futuro
do segmento passa por ele. No entanto, isso não significa que a
Federação não trabalhe com alternativas. Uma das principais é o
Projeto Fenavist. Por intermédio de parcerias, a entidade propor-
ciona às empresas de qualquer tamanho a aquisição de produtos

Precisamos lutar Trabalhadores, Polícia Federal e empresas defendem a aprovação

do texto como está. Durante a longa e lenta tramitação, dezenas
de empresas e milhares de empregos deixaram de existir, o que
e serviços essenciais com os melhores preços do mercado. O
princípio é o da compra coletiva. Ao fechar parceria com o Projeto,
os fornecedores calculam o preço dos produtos e serviços a partir

pela manutenção dos prejudica a economia do Brasil.

Também está na lista de prioridades da Federação a
aprovação da reforma tributária e a desoneração da folha de
da totalidade das empresas e trabalhadores do segmento, o que
possibilita uma grande redução de custo. Nossa consultoria jurídica
também atua junto ao Congresso Nacional e tribunais superiores

empregos, nos adequar

de forma a pacificar e criar jurisprudências em questões que afetam
pagamento. A atividade é majoritariamente formada por mão de
diretamente o segmento de segurança privada.
obra, logo, os tributos que incidem sobre a folha de pagamento
encarecem o serviço e dificultam a geração de novos empregos.

aos desafios impostos O mesmo ocorre com a alta carga de impostos que incidem sobre
todas as atividades econômicas, o que torna o Brasil um dos paí-
ses mais caros do mundo para o desenvolvimento das empresas.
DESEMPENHO DAS EMPRESAS
BRASILEIRAS
pela crise sanitária, A Fenavist ainda trabalha para diminuir o custo causado por
decisões judiciais que não levam em consideração as especificida-
des do segmento. Este será um ano de intenso trabalho político,
As empresas de segurança privada avançaram muito nos
últimos 10 anos tendo que se aperfeiçoar frente aos avanços
tecnológicos, exigências dos clientes e também aumento da

buscar novas tecnologias

convencimento dos parlamentares e do governo federal sobre

“
a importância desses três tópicos. Sem eles, a sobrevivência do criminalidade. Sem isso, muitos ficam do pelo caminho, fechando
mercado de segurança privada será ainda mais complicada. seus postos ou sendo incorporados por grandes conglomerados. A
tendência será realmente a diminuição do número de empresas no

e nichos de mercado
Por fim, tão importante quanto as ações já citadas, está o
Brasil, gerando maior concentração dos postos de trabalho num
desenvolvimento do projeto “Segurança sem Preconceito”. A parceria
menor número de organizações. Não somos diferentes dos países
com o Movimento AR e a Universidade Zumbi dos Palmares será
evoluídos considerados de primeiro mundo, ou seja, estamos no
intensificada em 2021. As empresas já estão sendo orientadas sobre
caminho natural da evolução da segurança privada mundial. Países
práticas e treinamentos que vão ampliar e melhorar o entendimento
Jeferson Nazário é presidente da Fenavist - Federação Nacional das de primeiro escalão remuneram melhor e exigem mais de seus
sobre questões raciais e sociais, o que permitirá a obtenção de um
Empresas de Segurança e Transporte de Valores. Com mais de 30 anos profissionais já nos países mais pobres temos pouca qualificação,
selo de qualidade do serviço prestado. Além disso, a Fenavist já está
de experiência em empresas de segurança, ele também foi presidente do baixos salários e pouco resultado na segurança efetiva.
Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Paraná (Sindesp-PR).

12 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021 Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 13

14 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021 Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 15
Tecnologia
GLOBAL RISK
REPORT
CLASSIFICA A
DESIGUALDADE
DIGITAL COMO
RISCO CRÍTICO
Documento de 2021 mostra grandes ameaças em curto prazo.
Descubra quais são os impactos dessa análise para o mundo inteiro
O
s entrevistados da 16ª edição do Relatório de Riscos
Globais do Fórum Econômico Mundial 2021 classificou
a desigualdade digital como um risco crítico de curto
prazo. O conceito de desigualdade digital faz referência
à distância existente entre os grupos sociais em relação ao acesso
e uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC). Este
fato pode ocorrer por questões econômicas, sociais ou geográficas.
Quando a desigualdade existe, há pessoas que acessam e usam
16 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021
ferramentas tecnológicas com assiduidade, enquanto outras não têm
a mesma possibilidade. Tal exclusão digital gera um grande desequi-
líbrio de oportunidades, pois sem acesso à tecnologia não é possível
gerar novos conhecimentos.
O relatório ressalta que o custo humano e econômico imediato
provocado pela COVID-19 foi e ainda será severo nas economias
mundiais. Existe a ameaça de reduzir anos de progresso na diminui-
ção da pobreza e desigualdade, enfraquecendo mais a coesão social
e a cooperação global. Perdas de empregos, divisão digital crescente,
interações sociais interrompidas e mudanças abruptas nos mercados
podem gerar consequências terríveis e oportunidades perdidas para
grande parte da população global. As ramificações — na forma de
agitação social, fragmentação política e tensões geopolíticas — mol-
darão a eficácia de respostas ao mundo às outras ameaças fundamen-
tais já previstas para a próxima década, como ataques cibernéticos,
armas de destruição em massa e, principalmente, mudanças climáticas.
Entre os maiores riscos de probabilidade dos próximos dez anos,
estão o clima extremo, falha da ação climática e os danos ambientais
liderados pelo homem. Além disso, teremos concentração de energia
digital, desigualdade digital e falha na segurança cibernética. Quanto
aos riscos de impacto da próxima década, podemos citar: doenças
infecciosas que aparecem em primeiro lugar, seguidas pela falha da
ação climática e outros riscos ambientais. Há também as armas de
destruição em massa, crises de subsistência e de dívida e, por fim, a
quebra da infraestrutura de Tecnologia da Informação (T.I).
Todos esses riscos se tornarão uma ameaça crítica ao mundo,
porém os prenúncios mais iminentes e prováveis nos próximos dois
anos incluem crises de emprego, meios precários de subsistência,
desilusão juvenil generalizada, desigualdade digital, estagnação
econômica, danos no ambiente humano, erosão da coesão social e
ataques terroristas.
Os riscos econômicos se destacam no período de três a cinco
anos, incluindo bolhas de ativos, instabilidade de preços, choques de
commodities e crises de dívida. Todos seguidos de riscos geopolíticos,
incluindo relações interestaduais e conflitos, além de falhas quanto à
geopolítica de recursos. No prazo de cinco a dez anos, os riscos am-
bientais, como a perda de biodiversidade, as crises de recursos naturais
e a falha na ação climática dominarão ao lado de armas de destruição
em massa, efeitos adversos da tecnologia e colapso de estados ou
instituições multilaterais.
As disparidades subjacentes em saúde, educação, estabilida-
de financeira e tecnologia vão impactar de modo desproporcional
certos grupos e países. Não foi só a Covid-19 que causou mais de
dois milhões de mortes até o momento, mas também os impactos
econômicos e de longo prazo, que fragilizaram a saúde e certamente
irá trazer consequências devastadoras. A onda de choque econômico
da pandemia — horas de trabalho equivalentes a 495 milhões de
empregos perdidos apenas no segundo trimestre de 2020 — aumen-
tará imediatamente a desigualdade e infelizmente teremos que encarar
ainda uma recuperação bastante desigual. Espera-se que apenas 28
economias tenham crescido em 2020. “Doenças infecciosas” e “crises
de subsistência” são classificadas pelo Global Risk Report 2021 como
riscos que potencializam crises no curto prazo. A perda de vidas e
meios de subsistência aumentará a possibilidade de “erosão da coesão
social”, um risco dependente e mapeado.
A Covid-19 acelerou a Quarta Revolução Industrial, ampliando
a digitalização do ser humano, o e-commerce, educação online e
trabalho remoto. Essas mudanças transformaram a sociedade depois
da pandemia. Elas prometem enormes benefícios, como a capacidade
de teletrabalho e o rápido desenvolvimento de vacinas. Por outro lado,
existe chances de agravar a desigualdade digital.
A lacuna crescente nessa área pode piorar as fraturas sociais
e minar as perspectivas de uma recuperação inclusiva. O progresso
na inclusão digital está ameaçado pelo crescimento da dependência
digital, acelerando rapidamente a automação, supressão e manipu-
lação de informações. Sem contar as interrupções na regulação e
capacidades tecnológicas.
COMO ISSO IMPACTA?
Enquanto o salto digital desbloqueou oportunidades para alguns
jovens, outros entram com uma força de trabalho na era glacial de
emprego. Jovens adultos em todo o mundo estão passando por sua
segunda grande crise global em uma década. Exposta à degradação
ambiental, às consequências da crise financeira, ao aumento da
desigualdade e à ruptura da transformação industrial, essa geração
enfrenta sérios desafios relacionados à educação, perspectivas econô-
micas e saúde mental.
A desigualdade digital é motriz para o risco de “desilusão
juvenil”. Realidade negligenciada pela comunidade global e que
logo mais revelará uma ameaça crítica para o mundo em curto prazo.
Vitórias duras da sociedade podem ser derrubadas se a geração atual
não tiver um caminho adequado para oportunidades futuras já que
irá predominar a perda da fé nas instituições econômicas e políticas
atuais.
CONSEQUÊNCIAS
Haverá um esgarçamento do tecido social, fazendo com que
um exército de jovens desiludidos sejam cooptados para os crimes
organizados, principalmente pelos ataques cibernéticos. Aliás, esse
tipo de crime virou uma indústria sofisticada em busca de fragilidades
tanto dentro das empresas como dos governos. Adolescentes e novos
adultos desiludidos e sem condições de acesso ao mundo digital,
agora são agentes sociais vulneráveis para entrarem no submundo
da cibernética, sendo financiados pelo crime organizado.
Uma geração duplamente interrompida de jovens está emergindo
numa era de oportunidades perdidas. Este é nosso maior risco motriz,
que se encontra entre os dez riscos globais de maior probabilidade,
trazendo consigo ataques cibernéticos e terroristas. Não podemos
esquecer as respostas de combate às desigualdades, caso contrário
sofreremos muito mais ameaças numa escala exponencial. Espero que
consigamos vencer esta anomia social.
Prof. Dr. Antônio Brasiliano é doutor em Ciência e
Engenharia da Informação e também em Inteligência
Estratégica pela Université Paris-Est (Paris, França). É
presidente da empresa Brasiliano Interisk Gestão de Riscos.
Possui diversas certificações, entre elas de especialista em
Investigação Empresarial (CIEIE), Seguridad Internacional
(CPSI), Gestión de Riesgos (CIGR), entre outras. Brasiliano
integra o Conselho Editorial da revista Segurança
Estratégica. Mais informações, escreva para:
abrasiliano@brasiliano.com.br
Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 17
PNL
Crescimento

I
IMPULSIONE
magine você dirigindo seu carro,
indo para o trabalho, descontraído, Mãe
pensando nas suas atividades pro- Família
fissionais. Neste momento, no rádio
toca uma música da sua adolescência,
que marcou a primeira experiência
romântica com aquela pessoa especial.
Ao ouvir a música, os pensamentos

SUAS ÂNCORAS
daquela época tomam conta da sua
mente, rico em detalhes (imagens, sons, Trabalho
cheiro, entre outras sensações diversas). Dinheiro
Talvez surja até novas emoções daquele
momento.
Esse processo que acabamos de ler
é chamado de Âncora na PNL.
Este termo é dado para qualquer
Saúde Amigos

PARA CRESCER
Estímulos mentais batizados de âncoras
na PNL, podem ser cheiros, músicas,
imagens e até objetos que geram inúmeras
sensações. Aprenda a tirar o melhor
proveito deles na vida pessoal e profissional
estímulo (gatilho mental) que esteja
associado a uma experiência e resposta
específica, alterando inconscientemente
pensamentos, emoções e muitas vezes
nossos comportamentos.
O exemplo musical foi algo que você lembrou de forma
consciente da experiência da adolescência. Porém, várias
âncoras são captadas pelo nosso inconsciente, alterando
emoções, que não conseguimos entender e explicar naquele
momento, mas que são as razões para alterações de humor.
Os estímulos externos que “dispararam” algumas âncoras
podem ser um gesto, imagem, jeito de falar, cheiro, tom de voz
ou um assunto específico.
Ou seja, o inconsciente não separa a experiência anterior
do gatilho (evento externo) atual. Certa vez, num show de
humor presenciei um fato que demonstra o poder da âncora.
O humorista contava diversas piadas e todos riam, mas num
dado momento começou a falar sobre pessoas traídas. O casal
da mesa ao lado, que estava rindo bastante de repente parou.
Ambos ficaram sérios de cabeça baixa, o que nos leva a crer
que o tema “traição” é uma âncora forte na vida deles.
De forma geral, as pessoas não conhecem nossa história
de vida. Elas não sabem o que disparam emoções e com-
portamentos positivos ou negativos. Cabe a cada um de
nós aprender a lidar melhor com aquilo que essas poderosas
“chaves” proporcionam. Por outro lado, como líder ou gestor
de uma equipe, é importante buscar entender quais são
algumas âncoras capazes de aperfeiçoar comportamentos de
um time inteiro, verificando ainda emoções e comportamentos
negativos que devemos evitar.
Tem uma frase na vida profissional que representa um
“gatilho” muito forte. Quando o gestor fala no período da ma-
nhã: “quero falar com você no final do dia”. Para alguns, isso
pode remeter à experiência anterior boa, como uma promoção.
Para outros, pode significar algo ruim, como demissão.
O britânico Derren Brown, autor, apresentador, ilusionista
e especialista em PNL, fez uma experiência com uma cientista
no seu programa de TV. Ele utilizou vários recursos da progra-
mação neurolinguística, entre eles as famosas âncoras, confira:
www.youtube.com/watch?v=oT5NWS0gYZ8&t=3s.
Outro exemplo interessante foi feito por Ivan Pavlov, um
fisiologista russo que ganhou o prêmio Nobel de Fisiologia,
em 1904, com o trabalho sobre os processos digestivos dos
animais. Ele estudou e utilizou com maestria o conceito de
âncora em sua tese científica.
Nunca é demais ressaltar que cada pessoa é única e com
experiências pessoais diferentes. Mesmo com o fato externo
(gatilhos) semelhantes, vivemos uma representação distin-
ta uns dos outros. Esse entendimento é fundamental para
utilizarmos o poder das âncoras em nossos relacionamentos
pessoais e profissionais. A mesma música ou outra âncora que
gera boas lembranças numa pessoa, pode gerar tristeza num
outro ser.
Conheça e pratique todas as ferramentas da PNL. Melhore
seus resultados e de toda sua equipe. Saiba mais, entre no
site: www.golfinho.com.br.
Fernando Soares é consultor sênior em
Segurança da Ética Consulting (www.
eticaconsulting.com.br), professor da
Escola Superior de Segurança (ESS) e da
FIA – Fundação Instituto de Administração.
Possui MBA em Gestão Estratégica de
Segurança, além de ser Master Trainer
Practitioner em PNL. Foi policial, atua no
mercado de segurança pública e privada há
30 anos e integra o Conselho Editorial da
revista Segurança Estratégica.

18 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021 Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 19

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FIQUE POR DENTRO

PLACA MERCOSUL T
odas as ações do poder público deveriam ser
melhores estudadas dentro dos critérios da visão
estratégica de segurança, pois antecipar fatos e
possibilidades de ações marginais é algo funda-
tam apenas com dois pequenos parafusos para prendê-las.
Por isso, o percentual de perda da placa aumentou de modo
considerável.
Outro aspecto curioso é que essas placas são identifica-

DESAFIA SETOR DE
mental. Neste quesito, considero desastrosa a adoção das
novas placas veiculares tipo Mercosul. Fruto de um acordo
feito em 2014 por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, o
novo padrão de identificação veicular, que ficou conhecido
como placa Mercosul, começou a ser implantado no Brasil
em 2018, no Rio de Janeiro, porém desde fevereiro do ano
passado é obrigatório em todo o país.
das por QR Code, porém cada fabricante imprime o código,
conforme a sua maneira. Não são do mesmo tamanho
nem da mesma cor. As texturas das impressões também
são diferentes, inclusive há tipografias rasas e outras mais
profundas.
Durante a minha pesquisa, recebi a seguinte informação:

SEGURANÇA
Sem identificação de cidades e nem padrões específicos,
as novas placas facilitam furtos e outros tipos de crimes
“caso o QR Code esteja com problemas de legibilidade, a
Gargalos de segurança surgiram com essa alteração. autoridade policial ou de trânsito considerará como se fosse
Compare o passado e o presente. As placas anteriores um “lacre rompido” e apreenderá o veículo.
nas cores cinza e preto possuíam tarjetas de identificação
Agora, vamos avaliar essas questões na área da seguran-
por Estado de origem e tinham lacres com arames de aço
ça. Fica claro que a clonagem e os furtos de placas ficaram
trançados e integrados. Um automóvel com placa de lacre
mais fáceis. As empresas do nosso setor e os condomínios
rompido, cabo trançado de forma irregular ou com emenda,
precisam ficar mais atentos uma vez que facilmente as placas
era facilmente visto. Uma tarjeta nova sobre uma placa velha
traseiras dos carros poderão ser furtadas e instaladas em
ficava visível assim como a diferença de tonalidade das cores
entre elas. Se os rebites das tarjetas fossem substituídos,
outros veículos de igual modelo e cor. Os controladores de
acessos dos condomínios, vão precisar treinar muito mais a
logo saltava aos olhos, principalmente para os policiais.
Certa vez um carro ficou parado na minha rua. Ele
memorização.
Ao entrar nos carros, os próprios moradores devem ad-
era de outra cidade e a partir do segundo dia que estava
quirir um novo hábito: checar se as duas placas, principal-
estacionado, os vizinhos começaram a questionar de quem
mente a traseira, não foram furtadas. No caso de motos, é
era aquele veículo. A polícia foi acionada e descobriram que
ainda pior. Retira-se a placa, de acordo com a conveniência
o carro era roubado. Esta é a tática para ver se o automóvel
de seu condutor. Lembrem-se: os bandidos obtém êxito nas
tem rastreador. Os bandidos deixam o veículo parado na via
ações porque seguem treinamentos e tecnologias utilizadas
pública por alguns dias. Um olheiro passa para verificar o
em condomínios e empresas. Em suma, esse novo produto
movimento. Depois vem outro meliante, que não participou
não foi pensado para a realidade de um país como o Brasil.
do furto e leva o veículo embora. As placas atuais conhecidas
A mudança gerou insegurança em vários aspectos, inclusive
como Mercosul são o oposto das antigas. Desde o lançamen-
prejudicou o trabalho visual dos policiais. Nunca pode-
to, comecei a observá-las. Antes de falar de suas caracterís-
mos esquecer que as novidades que surgem no mercado
ticas, observo que pesquisei em cinco locais diferentes. São
despertam nos marginais interesse maior diante de novas
inúmeras as situações que destoam da normalidade. O preço,
oportunidades. Segurança se faz com observações, treina-
por exemplo, é variável. Cada lugar tem sua tabela. Outro
mentos e tecnologias. Boa sorte a todos! Desejo saúde, paz
fator que chama a atenção é a produção descentralizada.
e sucesso em 2021!
Não existe uma padronização absoluta nas placas. Não há
tarjeta de identificação por Estado, o que existe é apenas
uma identificação com o nome Brasil seguida de uma “sopa
de letras e números”. Possui uma composição alfanumérica Heron Luiz é diretor de vendas e especialista
alternada, sendo letras, números, letra e números. Ou seja, em planejamento de segurança em condomínios.
dificulta bastante a memorização. Vale lembrar que, em Com 20 anos de experiência na área de vendas
casos de atropelamentos ou crimes diversos, ficará cada vez de equipamentos, presta consultoria de gestão de
mais difícil para as testemunhas memorizarem tais placas. segurança patrimonial e eletrônica.
Além disso, elas também não têm lacre. Portanto, con-

22 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021 Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 23

Cibercrime
Falta de segurança de
dados causam danos
financeiros e judiciais
inimagináveis
U
ma nova tempestade se
aproxima para as empresas
ao lidar com ataques
cibernéticos e, com ela,
mudanças na perspectiva de como
agir diante dos cuidados e con-
sequências de um vazamento de
informações. Recentemente, uma
pesquisa mundial feita pela Allianz
Global Corporate & Specialty revelou
que dos 59 executivos entrevistados,
47% afirmam que ameaças ciber-
néticas são a principal preocupação
atualmente, ultrapassando os 29%
que veem a pandemia como o maior
risco deste ano.
24 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021
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Os danos dos ciberataques ainda são inimagináveis aos olhos de
muitos empresários que poderão enfrentar uma grande batalha com
ações judiciais, além de imensuráveis perdas como queda nas ações,
reputação e credibilidade dos negócios e um grande prejuízo financeiro,
muitas vezes, tendo que arcar com o valor da extorsão estabelecido
pelos hackers. Afinal, um ataque bem desenvolvido estuda a empresa,
a capacidade de pagamento quanto às extorsões, os recursos, fluxo
financeiro e ativos.
Os criminosos ameaçam as empresas que não pagam suas
extorsões, como uma forma de instigar o medo nos empresários e suas
consequências para os próximos ataques. Quanto mais danos eles cau-
sam, maior será o valor de extorsão. Para o cibercriminoso profissional,
mesmo sendo algo ilegal e ele estando ciente de tamanho crime, isso é
uma perspectiva de negócio.
Por outro lado, neste momento, profissionais jurídicos não têm
somente auxiliado as empresas a compreenderem e se adequarem à Lei
Geral de Proteção de Dados (LGPD), que já está em vigor, mas começa-
rá a aplicar multas no segundo semestre deste ano. Eles também estão
na linha de frente atendendo às vítimas que possuem o direito de serem
ressarcidas ao terem seus dados expostos, entrando com ações judiciais
coletivas contra as corporações.
Isso mostra que a nova modalidade dos cibercriminosos, já há
algum tempo, é publicar as informações extraídas. Assim, a companhia
tem um impasse. Se não ceder às chantagens ou extorsões, tem seus
dados publicados e pode ter que arcar com a indenização das vítimas,
com valores exorbitantes. Obviamente, além das multas que os gover-
nos aplicam por não fornecerem uma proteção mais adequada e eficaz.
O que quero ressaltar é que os prejuízos chegam por vários
caminhos e não estão sendo vistos - o que é uma lástima porque as
empresas não entendem que o uso ou tratamento adequado dos dados
é o que vai ajudar no crescimento do negócio. Infelizmente, o Brasil
também possui uma estrutura deficitária de profissionais preparados
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para enfrentar essa situação da noite para o dia.
Há muito a se pensar e antes de se programar para pagar uma
extorsão ou recusar e enfrentar os riscos de ações judiciais em con-
junto, multas e outras perdas financeiras. Estamos vendo somente
a “ponta do iceberg” porque os estudos dos advogados serão
divididos entre aqueles que defendem as empresas e aqueles que
defendem as vítimas como um grupo. É preciso agir imediatamente
sem esperar até agosto, quando iniciará a aplicação das multas da
LGPD, para ter uma mudança de comportamento sobre o assunto.
Encurtar a distância e diminuir a comunicação entre diretor de infor-
mações (CIO), diretor de tecnologia (CTO) e diretor de segurança da
informação (CISO) com o CEO é o primeiro passo.
Sob nenhum pretexto se deve ter medo ou fingir que não há
riscos. É preciso estar preparado, protegendo, da melhor maneira
possível, as “joias da coroa” ou as partes mais sensíveis do negócio
e da estrutura, fortalecendo as defesas com base nas vulnerabilida-
des e riscos de cada entidade.
Lembre-se, se os dados ou processos da empresa forem digitaliza-
dos, ela já está no jogo. Os ciberataques a companhias brasileiras au-
mentaram de forma exorbitante nos últimos seis meses. Por isso, elas
não devem, de maneira alguma, negligenciar os riscos que correm.
A prevenção e o preparo podem, em um primeiro momento,
parecerem caras, mas a reparação dos danos pode ser incalculável.A
mudança e o avanço tecnológico são inevitáveis, crescer é opcional.
Augusto Schmoisman é especialista
em defesa cibernética corporativa, militar,
aeroespacial e CEO da Citadel Brasil.
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Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 25
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Pistas & Rodas
DIREÇÃO DEFENSIVA E SEGURA
PARA CONDUTORES DE FROTA REQUER
TREINAMENTO CONSTANTE
Pesquisa mostra que cerca de 90% dos acidentes de trânsito
acontecem por falhas humanas. O número serve de alerta a todas
as empresas que possuem a responsabilidade de gerenciar frotas
de veículos para equipes internas
D
e acordo com levantamentos feitos pelo Observató-
rio Nacional de Segurança Viária (ONSV), 6% dos
acidentes de trânsito são causados por más condições
das vias, 4% por falhas mecânicas e 90% ocorrem
por falha humana, ou seja, 90% dos acidentes de trânsito são
evitáveis. As principais causas são velocidade excessiva, desres-
peito à sinalização, imperícia, imprudência, negligência, falta de
atenção, efeito de álcool, medicamentos ou drogas.
Empresas que investem em treinamentos de direção defensi-
va e segura, bem como na especialização periódica e constante
de seus funcionários condutores de frota, obtém benefícios e
contribuem para:
- Redução de acidentes e incidentes de trânsito;
- Diminuição do número de infrações;
- Menor custo com a manutenção dos veículos;
- Corte de despesas com o consumo de combustível;
- Elevação na produtividade dos veículos;
- Aumento na produção dos funcionários condutores;
- Otimização e maior eficiência na gestão dos condutores de frota.
Independentemente se os condutores são do time de vendas,
gerencial, prestadores de serviços ou outros, e da maneira como
os grupos são administrados, cada empresa é corresponsável por
qualquer evento causado por um funcionário condutor da frota.
 É imprescindível que as empresas mantenham atualizada
sua política de frotas na qual deve estar especificado de maneira
minuciosa todos os pontos relacionados às regras, procedimen-
tos, periodicidade de treinamentos e aplicabilidade da mesma.
De modo geral, é recomendável que os treinamentos de
direção defensiva e segura sejam implementados com frequência
26 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021
anual, considerando todas as atualizações pertinentes. A
modalidade dessa capacitação pode ser no formato e-learning,
live/teleconferência, presencial. Vale lembrar que, mesmo em
tempos de pandemia, quando a circulação de carros tende a ser
menor, tais práticas não podem deixar de ser aplicadas e elas
devem contemplar:
- Técnicas de direção segura;
- Legislação de trânsito atualizada;
- Políticas internas de condução segura;
- Penalizações, se houver;
- Técnicas de direção segura;
- Como lidar com situações emergenciais no trânsito;
- Fatores físicos e emocionais que influenciam na dirigibilidade;
- Treinos práticos.
A gestão de frotas dentro das organizações nem sempre
estão dentro da estrutura de segurança corporativa. Caso não
esteja, sugiro agregar tópicos aos estudos que tratem sobre
segurança pessoal, de maneira a abordar também cuidados
e noções sobre proteção para as equipes de vendas, que
trabalham mais tempo externamente, porém destaco que esse
conhecimento é válido a todos.
Treinamentos de direção defensiva e segura devem entrar na
agenda das organizações que gerenciam frotas, visto que o tema Selma Helena Dabus é gerente de Segurança
está intrinsecamente relacionado à questão da responsabilida- Regional para América Latina na Clariant, uma das
líderes mundiais em especialidades químicas. Com
de corporativa. A empresa parceira de frotas ou a área interna
diversos títulos de certificação e mais de 20 anos
responsável, deve monitorar as infrações e acidentes veiculares, de experiência em gestão empresarial, Selma é
prover treinamento, colher assinaturas, ceder certificados e manter especializada em Segurança Corporativa e integra o
atualizado o programa de capacitação sobre o tema. Segurança é Conselho Editorial da revista Segurança Estratégica.
responsabilidade de todos. Salvar vidas é premissa básica.
Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 27
carreira
internet facilita carreira
profissional e inclusão de
Pessoas com Deficiência
Dados do IBGE mostram que pelo
menos 45 milhões de brasileiros têm
algum tipo de deficiência, o que
representa quase 25% da população.
O último Censo da Educação Superior
apontou que houve um aumento
de 113% no número de alunos com
deficiência matriculados em cursos
de graduação entre 2009 e 2018.
Educação online está levando pessoas
com deficiência a alcançar, inclusive,
diploma nos Estados Unidos.
28 | Segurança Estratégica • Fevereiro 2021
A
modalidade de educação online, que ganhou maior
respeitabilidade durante 2020 devido à pandemia, já
representava uma solução eficaz para formação de
pessoas com deficiência no Brasil mesmo antes do novo
coronavírus. O ensino a distância no Brasil, que foi regulamentado há
14 anos, superou pela primeira vez, a oferta de vagas da educação
presencial no país. De acordo com o Censo mais recente da Edu-
cação Superior, foram oferecidas 7,1 milhões de vagas a distância,
frente a 6,3 milhões de vagas presenciais.
Em dez anos, o crescimento dos ingressantes em EAD foi de
226%, contra 19% da modalidade presencial, o número superou as
expectativas para no ano 2020. Dados recentes mostram que já são
quase 10 milhões de brasileiros matriculados no ensino à distância.
Número de matrículas pode dobrar no pós-pandemia. O impulso
na modalidade de ensino via Internet no Brasil, expôs o quão útil
e eficaz é a metodologia e obrigou o fim imediato do preconceito
com o ensino online, afirma o especialista em educação e tecnologia
Alfredo Freitas, que dirige a Universidade Americana - Ambra.
“É importantíssimo e urgente pensarmos a educação da forma
mais abrangente possível. É preciso alcançar todos. Sem dúvida a for-
mação online auxilia, e muito, as pessoas com deficiência, inclusive
a buscar posição no mercado de trabalho. A pandemia escancarou
as distinções na oferta de cursos vida Internet, que assim como na
modalidade presencial, não são iguais. É preciso estar, no entanto,
atento às ofertas que vão, de fato, impulsionar a vida e a carreira
profissional”, orienta Alfredo Freitas.
Freitas explica que detectaram, na Ambra University - que forma
mestres e doutores nos EUA em português e com diploma america-
no, aumento da procura por pessoas com deficiência em busca de
formação no exterior no conforto de seus lares no Brasil. Segundo
ele, é uma forma inteligente de investir no estudo sem enfrentar as
dificuldades do ensino presencial como locomoção, adequação dos
ambientes físicos das universidades, entre outros fatores.
“O Ensino via Internet está cada vez mais ganhando espaço no mer-
cado e no mundo acadêmico por conta da flexibilidade e mobilidade
o que, com certeza, está contribuindo para aumentar o acesso das
pessoas com deficiência ao ensino superior no Brasil. Em razão do
ambiente virtual que colabora com a acessibilidade, principalmente
na graduação, o ensino a distância superior cresceu 19,1% no ano
passado e os investimentos em tecnologia também vem seguindo o
mesmo ritmo”, explica Freitas.
INCLUSÃO ONLINE
Alfredo Freitas que tem mais de 15 anos de experiência em
Educação e Tecnologia, pondera que o atual cenário de conectivida-
Alfredo Freitas é pós-graduado em ‘Project Management’ pela Sheridan College no Canadá, graduado em Enge-
nharia de Controle e Automação e Mestre em Ciências, Automação e Sistemas, pela Universidade de Brasília. Com
mais de 15 anos de experiência em Tecnologia e Educação, atualmente atua como diretor de Educação e Tecnologia
da Ambra University. A Universidade americana é credenciada e tem cursos reconhecidos pelo Florida Department
of Education (Departamento de Educação da Flórida) sob o registro CIE-4001. Além disso, a universidade conta com
histórico de revalidação de diplomas no Brasil.
de está impactando de forma irreversível a educação. Segundo
ele, atualmente, um dos maiores desafios do modelo do ensino
a distância é a inclusão. Freitas explica que já existem muitas
tecnologias da educação desenvolvidas para as pessoas com
deficiência com maior capacidade de inclusão e facilitação da
aprendizagem.
O Censo EAD de 2018 comprova um movimento neste
sentido. Segundo o mapeamento 55,56% das provas são
adaptadas; 52,59% dispõe de computadores com recursos de
acessibilidade; 28,17% proporcionam lupas e lentes aumento;
23,70% oferecem roteiros de aprendizagem diferenciados;
19,26% concedem material em braile. Freitas pondera, no
entanto, que ainda há muito por fazer.
O primeiro grande desafio é a ruptura de preconceitos
com a modalidade de ensino via Internet. Para o especialista, a
pandemia obrigou o fim do preconceito e abriu um mundo de
possibilidades para a educação via Internet. Escancarou tam-
bém como as diferenças sociais e de acesso podem aumentar
a distância entre as pessoas e as oportunidades do mercado
de trabalho. Exemplo desta realidade ficou demonstrada na
pesquisa da DataSenado: contabilizou que quase 20 milhões de
alunos deixaram de ter aulas durante a pandemia.
BRASIL CONECTADO
O ano de 2020 pode ser considerado como o ano da
conectividade. Muito embora o resultado tenha sido influencia-
do pela pandemia, foi um ano inédito para a conectividade. O
Brasil conta com mais de 134 milhões de usuários de Internet,
de acordo com pesquisa TIC Domicílios, do Comitê Gestor
da Internet (CGI.br), o que representou 74% da população
conectada, surpreendentemente superando todos os outros
anos da pesquisa.
Além dos brasileiros estarem mais conectados, a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, mostrou algumas
peculiaridades. Por exemplo, o acesso no celular chegou a
80,2% dos domicílios brasileiros. No Nordeste, o acesso por
banda larga fixa ultrapassa a móvel: 77,9% das residências
usam a banda larga fixa contra 64,1% de banda larga móvel.
“Esta conectividade deve impulsionar ainda mais, nos
próximos anos, o ensino a distância no Brasil. O setor hoje tem
crescido concomitantemente com conectividade e familiaridade
dos usuários. O Censo E.AD realizado recentemente pela Asso-
ciação Brasileira de Educação a Distância (ABED), mostra que o
ensino superior à distância no Brasil já corresponde a 26% do
número total de alunos no Brasil. Números que não poderão
ser ignorados”, conclui Freitas.
Fevereiro 2021 • Segurança Estratégica | 29
 A PROTEÇÃO DE SEU
ASSÉDIO SEXUAL
EM FOCO
PATRIMÔNIO EXIGE TUDO O
QUE OFERECEMOS:
NO TRABALHO ESTRATÉGIA, TREINAMENTO
E TECNOLOGIA.
Uma a cada cinco trabalhadoras já sofreu assédio
sexual no ambiente profissional, mas esse tipo de
crime ainda é pouco denunciado. Descubra como
identificá-lo dentro da sua empresa para combatê-lo

É
um dado assustador, mas é real. Quase metade das mulheres já sofreu algum assédio
sexual no trabalho, segundo pesquisa do LinkedIn e da consultoria de inovação social
Think Eva. O estudo ouviu 414 profissionais em todo o país, em outubro de 2020 e foi feito
totalmente online. Cerca de 15% dessas vítimas pediram demissão do trabalho depois do
assédio e somente 5% denunciaram o ocorrido ao departamento de Recursos Humanos. Nesta
edição, Jorge Lordello, especialista em segurança pública e privada, fala sobre o assunto. Confira:
O crime de assédio sexual ocorre quando um homem ou uma mulher, valendo-se de sua posição
hierárquica superior, passa a constranger o subordinado com a finalidade de obter algum tipo de satisfação
sexual. Vale ressaltar que para a configuração desse delito, não existe necessidade de ato sexual com pene-
tração. Não havendo diferença hierárquica entre assediador e assediado no ambiente de trabalho, a conduta
pode ser considerada delituosa com outra capitulação de pena, como a importunação ofensiva ou pudor. É
incontestável que o local de trabalho não deve ser palco das necessidades sexuais de ninguém.
Veja quais atitudes materializam o verbo “constranger” no crime de assédio sexual:
1. Tecer comentários em relação ao jeito de vestir do assediado;
2. Contar piadas de cunho obsceno;

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3. Enviar, via meios eletrônicos, foto ou vídeo de cunho sensual ou explicitamente sexual;
4. Encostar, abraçar, apalpar, cutucar e até tentar beijar;
5. Enviar presente sem razão ou motivo, seguidos de galanteios;
6. Avaliar subordinado tendo em vista seus atributos físicos ou aparência;
7. Seguir, perseguir, vigiar mostrando interesse alheio às tarefas do trabalho;
8. Fazer perguntas ou mostrar curiosidade em saber sobre a vida pessoal e até sexual.                                    
Abordagens desse tipo tornam o ambiente de trabalho insuportável para a pessoa assediada e excitante para
o assediador. Enquanto um sofre, podendo adquirir sérios problemas de ordem emocional, o outro se instiga cada
vez mais ao cercar sua “presa” com a expectativa de satisfazer sua libido.  A pena criminal para quem pratica o
assédio sexual é de um a dois anos de detenção, além de a vítima ter o direito de requerer na justiça cível indeniza-
ção por danos morais e materiais.
A ODIN SEGURANÇA vai fazer uma análise de suas necessidades para oferecer
Jorge Lordello é doutor em Segurança, especialista em Segurança pública e privada
um novo conceito de segurança que utiliza tecnologia, treinamento e
e analista de risco condominial e empresarial. Atua também como escritor, palestran- processos. Para ter melhorias é preciso mudança e a ODIN SEGURANÇA quer
te, pesquisador criminal e apresenta o Operação de Risco na Rede TV.
fazer parte dessa mudança. Entre em contato e conheça nosso método.
Lordello é membro do Conselho Editorial da revista Segurança Estratégica.

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