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5 Relatório de gestão

de riscos

160 Resumo executivo


164 A. Pilares da função de riscos
165 B. Modelo de controle e gestão de
riscos - Advanced Risk Management -
166 B1. Mapa de riscos
166 B2. Governança de riscos
169 B3. Processos e ferramentas
de gestão
175 B4. Cultura de riscos - Risk Pro
177 C. Cenário e próximos desafios
183 D. Perfil de risco
183 D1. Risco de crédito
215 D2. Riscos de mercado de negociação e
estruturais
235 D3. Risco de liquidez e financiamento
243 D4. Risco operacional
254 D5. Risco de compliance e conduta
263 D6. Risco de modelo
265 D7. Risco estratégico
266 D8. Risco de capital
275 Anexo: Transparência EDTF
5. Relatório de gestão de riscos  » Resumo executivo

Resumo executivo

Pilares da função de riscos páginas de 164 a 164

Através de uma gestão antecipada de todos os riscos, o Grupo Santander mantém um ambiente
de controle robusto, enquanto avança na construção do seu futuro.

Cultura de riscos integrada em toda a organização, que Independência da função de riscos em relação às funções de
abrange uma série de atitudes, valores, habilidades e negócio.
normas de atuação frente a todos os riscos.
Best in class em processos e infraestruturas.
Estratégia de negócio delimitada pelo apetite por risco.
Riscos geridos pela unidades que os gera, através de modelos e
Visão antecipada de todos os tipos de riscos. ferramentas avançadas.

Consolidação da melhora do perfil de riscos de crédito páginas de 183 a 214

Risco de crédito a clientes por regiões Índice de inadimplência Custo de crédito1


% % %

Resto 20% Reino Unido 30%


4,36 1,25
Portugal 4% 1,18
3,93
Chile 5%

Brasil 10%
Espanha 20%
Estados Unidos 11% 2015 2016 2015 2016

Mais de 80% do risco corresponde ao banco comercial. • O índice de cobertura se mantém estável em torno de 74%.
Elevada diversificação geográfica e setorial.
• Dotações anuais reduzidas para 9.518 milhões de euros,
 onsolida-se a tendência de melhora dos principais
C principalmente pela Espanha.
indicadores de qualidade de crédito para dezembro de
2016: Custo de crédito cai para 1,18% (-7 pb), em linha com a
• O índice de inadimplência do Grupo continuou melhora do perfil de crédito.
em declínio para 3,93%, com uma redução de 43
pontos base em relação ao final do ano anterior, com
destaque para Espanha, Polônia, SCF e Chile.

Riscos de mercado de negociação e estruturais páginas de 215 a 234

Graças às operações de serviço Evolução do VaR 2014-2016


ao cliente e à diversificação Milhões de euros. VaR de 99% com horizonte temporal de um dia.
geográfica, o VaR médio na 35
atividade de negociação do SGCB — VaR MÁX (32,9)
permanece em níveis baixos. 30 — Média móvel de 15 dias
— VaR médio de 3 anos
Uma estrutura de equilíbrio 25
adequada permite que as variações 20
nas taxas de juros tenham um
impacto reduzido na margem e no 15
valor dos recursos próprios. 10 MÍN (8,2)
Níveis de cobertura da taxa de core 5
Jan 2014

Fev 2014

Abr 2014

Jun 2014

Ago 2014

Out 2014

Dez 2014

Fev 2015

Abr 2015

Mai 2015

Jul 2015

Set 2015

Nov 2015

Jan 2016

Mar 2016

Mai 2016

Jul 2016

Ago 2016

Out 2016

Dez 2016

capital em torno de 100% frente às


flutuações das taxas de câmbio.

1. Custo do crédito = provisões para insolvência em doze meses / média de empréstimos.

160 RELATÓRIO ANUAL 2016


Risco de liquidez e financiamento páginas de 235 a 242

Índice de cobertura de liquidez no curto prazo (LCR) O Santander apresenta uma folgada posição de liquidez,
% apoiada em sua força comercial e nos modelos de agências
autônomas com elevado peso em depósito de clientes.
146 146
Cumprimento antecipado de requisitos regulatórios
(LCR de 146%) e uma reserva de liquidez de 265.913
120 milhões de euros.
A proporção de créditos sobre depósitos se mantém em
níveis muito confortáveis (114%).
Cenário de mercado similar a 2015 quanto aos custos, com
a ressalva de que as políticas monetárias do BCE e do BoE
possibilitaram menos recursos para o financiamento em
nível de atacado no médio e no longo prazo: 23 unidades
Dez 14 Dez 15 Dez 16 emitindo em 16 países e 13 moedas.

Riscos não financeiros páginas de 243 a 262

Risco operacional Risco de conformidade e conduta


• Projeto de transformação para gestão avançada do • Aumento da proteção ao consumidor, tanto da perspectiva
risco operacional. do ambiente regulatório, quanto do reforço das políticas
• Estímulo para medidas contra riscos cibernéticos, de internas do Grupo, em linha com a cultura SPJ.
segurança da informação e de fraude. • Desenvolvimento do modelo de risco de reputação e de
• Implantação do novo processo de auto-avaliação de elementos para uma gestão mitigadora de tal risco.
riscos e controles em toda a organização. • Novos desafios associados ao ambiente digital.

Capital regulatório páginas de 266 a 274

Evolução da CET1 (%FL)


% O CET1 se situa em um nível de 10,55%, em linha com as
perspectivas de crescimento orgânico. O Grupo excede os
requisitos mínimos de reserva de capital estabelecidos pelo
+50 pb
BCE para 2017.
10,55
10,05 No stress test da EBA:
• O Santander mostra uma grande resistência, devido ao
seu modelo de banco comercial e à sua diversificação
geográfica.
• No cenário adverso, o Santander é o banco que consome
menos capital entre os concorrentes.
2015 2016

RELATÓRIO ANUAL 2016 161


5. Relatório de gestão de riscos  » Mapa de navegação

Ao longo deste relatório de gestão se fornecem informações documentos publicados pelo Grupo: Relatório anual, Relatório de
abrangentes sobre os riscos a que o Grupo está exposto, a forma auditoria e contas anuais e Relatório com relevância preventiva (IRP ou
como são geridos e controlados e como afetam atividade e os Pilar III). No mesmo sentido de promover a transparência, o IRP inclui
resultados do Grupo. As ações que o Banco está tomando para um glossário de termos que abrange a terminologia básica de risco
minimizar a sua ocorrência e atenuar sua gravidade também são utilizada nesta seção, bem como o próprio IRP.
detalhadas.
Anexa ao final do relatório de gestão de riscos encontra-se a tabela
Inclui-se, a seguir, adotando as melhores práticas de mercado, um mapa com a localização das recomendações da EDTF (Enhanced Disclosure
de navegação que facilita o acompanhamento dos principais temas Task Force, promovida pelo Financial Stability Board) na informação
abordados neste relatório de gestão de riscos através de diferentes publicada pelo Grupo Santander.

162 RELATÓRIO ANUAL 2016


Mapa de navegação nos documentos do Grupo Santander com informações sobre gestão e controle de riscos
Relatório anual
Relatório de auditoria IRP
Bloco Pontos anual e contas (Pilar III)
Nota 54.a e
Pilares da função outras notas
Pilares da função de riscos Pág. 164 Seção 3*
de riscos e informações
relacionadas
Mapa de riscos Pág. 166
Governança de riscos Pág. 166
Linhas de defesa Pág. 166
Estrutura de comitês de riscos Pág. 167
Estrutura organizacional da função de riscos Pág. 168
Relação do Grupo com as filiais na gestão de riscos Pág. 168 "Nota 54.a e
Modelo de gestão e Processos e ferramentas de gestão Pág. 169 outras notas
Seção 3*
controle de riscos Apetite por risco e estrutura de limites Pág. 169 e informações
relacionadas"
Risk Identification Assessment (RIA) Pág. 172
Análise de cenários Pág. 172
Planos de viabilidade e de resolução (recovery & resolution
Pág. 173
plans) e Marco de gestão de situações especiais
Risk Data Agreggation and Risk Reporting Framework (RDA & RRF) Pág. 175
Cultura de riscos Pág. 175
Cenário e próximos
Cenário e próximos desafios Pág. 177 Seção 1
desafios
Introdução ao tratamento do risco de crédito Pág. 183
Principais dimensões e evolução (mapa de risco, evolução, conciliação,
Pág. 184
distribuição geográfica e segmentação, métricas de gestão)
Detalhamento das principais regiões Reino Unido, Espanha, Estados Unidos, Brasil Pág. 192
Outras visões do riscos de crédito (risco de crédito por atividades em mercados "Nota 54.a e
Pág. 202
financeiros, risco de concentração, risco país, risco soberano, e risco social e ambiental) outras notas
Risco de crédito Seção 3*
Ciclo de risco de crédito (pré-venda, venda e pós-venda) Pág. 209 e informações
Estudo do risco e processo de qualificação creditícia; relacionadas"
Pág. 210
planejamento e definição de limites
Decisão sobre operações (técnicas de mitigação do risco de crédito) Pág. 211
Acompanhamento, previsão, medição e controle Pág. 213
Gestão recuperatória Pág. 214
Atividades sujeitas a risco de mercado e tipos de risco de mercado Pág. 215
Risco de mercado de negociação Pág. 217
Principais magnitudes e evolução Pág. 217
Metodologias Pág. 226 "Nota 54.d e
Riscos do mercado Sistema de controle de limites Pág. 228 outras notas
de negociação Seção 5
Riscos estruturais de balanço Pág. 229 e informações
e estruturais
Principais magnitudes e evolução Pág. 229 relacionadas"
Metodologias Pág. 232
Sistema de controle de limites Pág. 233
Riscos de pensões e atuarial Pág. 233
Gestão da liquidez no Grupo Santander Pág. 235 "Nota 54.e e
Risco de liquidez Estratégia de financiamento e evolução da liquidez em 2016 Pág. 236 outras notas
Seção 7.1*
e financiamento e informações
Perspectivas de financiamento em 2017 Pág. 242 relacionadas"
Definição e objetivos Pág. 243
Modelo de gestão e controle do risco operacional (ciclo de gestão, identificação do “Nota 54.i e
Pág. 243
modelo, medição e avaliação de riscos, implantação do modelo, sistema de informação) outras notas
Risco operacional Seção 6*
Evolução das principais métricas. Medidas de mitigação e informações
Pág. 248 relacionadas”
Plano de continuidade do negócio
Outros aspectos de controle e acompanhamento do risco operacional Pág. 252
Alcance, missão, definições e objetivo Pág. 254
Controle e supervisão dos riscos de conformidade e conduta Pág. 255
Governança e modelo organizacional Pág. 255 “Nota 54.g e
Risco de compliance Conformidade regulatória Pág. 257 outras notas
Seção 7.2*
e conduta Governança de produtos e proteção ao consumidor Pág. 259 e informações
Prevenção de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo Pág. 260 relacionadas”
Risco reputacional Pág. 261
Modelo de risk assessment de conformidade e apetite por risco Pág. 261
Projetos corporativos transversais Pág. 261
Risco de modelo Risco de modelo Pág. 263 Nota 54.h Seção 3.7.1
Risco estratégico Risco estratégico Pág. 265 Nota 54.i Seção 3*
Marco regulatório Pág. 268 “Nota 54.i e
Capital regulatório Pág. 268 outras notas
Risco de capital Seção 2
Capital econômico Pág. 271 e informações
Planejamento de capital e testes de resistência Pág. 273 relacionadas”
Anexo
Tabela de recomendações da EDTF Pág. 275 Seção 3
Transparência EDTF
* Seções com referência cruzada a este capítulo sobre riscos do relatório anual

RELATÓRIO ANUAL 2016 163


5. Relatório de gestão de riscos  » Pilares da função de riscos

RESUMO EXECUTIVO
A. PILARES DA FUNÇÃO DE RISCOS
B. MODELO DE CONTROLE E GESTÃO DE RISCOS - Advanced Risk Management
C. CENÁRIO E PRÓXIMOS DESAFIOS
D. PERFIL DE RISCO
ANEXO: TRANSPARÊNCIA EDTF

A. Pilares da função de riscos

Alcançar a excelência na gestão de riscos tem sido sempre uma 3. A visão antecipativa para todos os tipos de riscos deve estar
prioridade para o Grupo Santander ao longo de sua história de integrada nos processos de identificação, avaliação e gestão dos
160 anos. Assim, em 2016, continuamos a evoluir para prever as riscos.
mudanças no ambiente econômico, social e normativo em que
operamos. 4. A independência da função de riscos abarca todos os riscos
e proporciona uma adequada separação entre as unidades
Através de uma gestão antecipada de todos os riscos, o Grupo geradoras de risco e as encarregadas de seu controle. Implica
Santander mantém um ambiente de controle robusto, enquanto que conta com autoridade suficiente e acesso direto aos órgãos de
avança na construção do seu futuro. Em consequência, a gestão direção e governança que têm a responsabilidade pela fixação e
de riscos é uma das funções essenciais para que o Grupo continue supervisão da estratégia e das políticas de riscos.
sendo um banco sólido, seguro e sustentável, em que possam confiar
empregados, clientes, acionistas e a sociedade. 5. A gestão de riscos precisa contar com os melhores processos
e infraestruturas. O Grupo Santander pretende ser o modelo de
A função de riscos fundamenta-se nos seguintes pilares, que referência em um desenvolvimento de infraestruturas e processos de
estão alinhados com a estratégia e o modelo de negócio do Grupo apoio à gestão dos riscos.
Santander e consideram as recomendações dos órgãos supervisores
e reguladores e as melhores práticas do mercado: 6. Uma cultura de riscos integrada em toda a organização, que
abrange uma série de atitudes, valores, habilidades e normas para
1. A estratégia de negócio está delimitada pelo apetite pelo atuação frente a todos os riscos. O Grupo Santander entende que a
risco. O conselho do Grupo Santander determina a quantidade e gestão avançada do risco não poderá ser alcançada sem uma forte e
a tipologia dos riscos que considera razoável assumir na execução constante cultura de riscos que esteja presente em todas e em cada
de sua estratégia de negócios e seu desenvolvimento em limites uma de suas atividades.
objetivos, comparáveis e coerentes com o apetite por risco para cada
atividade relevante.

2. Todos os riscos devem ser administrados pelas unidades que os


geram através de modelos e ferramentas avançadas e integrados
nos distintos negócios. O Grupo Santander está impulsionando uma
gestão avançada dos riscos com modelos e métricas inovadoras, às
quais se soma um marco de controle, relatórios e encaminhamento
que permitem identificar e administrar os riscos a partir de diferentes
perspectivas.

164 RELATÓRIO ANUAL 2016


RESUMO EXECUTIVO
A. PILARES DA FUNÇÃO DE RISCOS
B. MODELO DE CONTROLE E GESTÃO DE RISCOS - Advanced Risk Management
1. Mapa de riscos
2. Governança de riscos
3. Processos e ferramentas de gestão
4. Cultura de riscos - Risk Pro
C. CENÁRIO E PRÓXIMOS DESAFIOS
D. PERFIL DE RISCO
ANEXO: TRANSPARÊNCIA EDTF

B. Modelo de controle e gestão de


riscos - Advanced Risk Management

O modelo de gestão de risco do Grupo tem um ambiente de controle Com estas premissas, em 2016 continuou a evolução do apetite por
que assegura a manutenção do perfil de risco dentro dos níveis risco para uma versão mais homogênea e granular.
estabelecidos pelo apetite de risco e pelos limites restantes.
Foi reforçada a independência da função de riscos e o ambiente de
Os principais elementos que asseguram um controle efetivo são: controle mediante o modelo de governança de riscos, que garante a
separação das tarefas de controle e de decisão em todos os níveis.
1. Uma governança robusta, com uma estrutura clara de comitês
onde se separa por um lado a tomada de decisões e por outro lado, Também se tem avançado em todos os modelos de gestão de forma
o controle dos riscos, enquadrado e desenvolvido dentro de uma otimizada para mitigar todos os riscos que o banco enfrenta em seu
sólida cultura de riscos. dia a dia:

2. Um conjunto de processos chave interrelacionados no • impulso significativo na gestão do risco operacional. Foram
planejamento da estratégia do Grupo (processos orçamentares, implantados os fundamentos da estrutura de risco operacional em
apetite por risco, exercícios periódicos de autoavaliação de capital todas as regiões.
e liquidez, e planos de viabilidade e resolução).
• Progresso no modelo de gestão de risco. A unidade de controle de
4. Supervisão e consolidação agregadas de todos os riscos. risco de modelo foi potencializada, independentemente da função
de desenvolvimento e dos usuários dos modelos, o que garante
5. Os requisitos dos reguladores e supervisores são incorporados na uma dupla camada sólida e eficiente de controle.
gestão diária dos riscos.
• Melhoria da gestão do risco de crédito. Dispõe de planos
5. Avaliação independente por parte de auditoria interna. estratégicos comerciais (PEC) para as principais carteiras de
crédito, que são uma importante ferramenta para a gestão diária
6. Uma tomada de decisões sustentada em uma adequada gestão da do risco de crédito. Além disso, tem havido progresso na gestão
informação e infraestrutura tecnológica. do começo ao fim do ciclo do risco de crédito, alinhado com os
modelos de negócios.
Para assegurar a evolução para uma gestão avançada de todos os
riscos, durante 2014 o Grupo implementou o programa Advanced • Otimização da capacidade de prever e identificar os riscos no Grupo
Risk Management (ARM), definindo as bases para dispor do melhor através da melhoria na análise de cenário e de teste de resistência
modelo de gestão integral de riscos do setor. Em 2016, concluiu em todas as regiões.
este programa, e o modelo de gestão avançada de riscos já é uma
realidade no Grupo. Além disso, impulsionou-se a definição de um novo quadro de gestão
especial junto com a Divisão Financeira para reforçar as medidas
O modelo de gestão avançada de riscos permite ao Grupo fazer mais disponíveis para o banco para ante situações inesperadas e graves de
e melhores negócios, ter um marco de controle robusto, obter uma qualquer tipo de crise.
maior capacidade de gestão, desenvolver os talentos e dispor de
maior autonomia para as diferentes unidades do Grupo.

RELATÓRIO ANUAL 2016 165


5. Relatório de gestão de riscos  » Modelo de controle e gestão de riscos - Advanced Risk Management

B.1. Mapa de riscos


A identificação e a avaliação de todos os riscos é a pedra angular para • Risco de liquidez: risco de não cumprir com as obrigações de
o controle e a gestão deles. pagamento no prazo ou de fazê-lo com um custo excessivo.

O mapa de riscos abrange as principais categorias de risco em que • Riscos estruturais e de capital: risco ocasionado pela gestão das
o Grupo tem exposições atuais e/ou potenciais mais significativas, diferentes partidas do balanço, incluindo as relativas à suficiência de
facilitando esta identificação. recursos próprios e as derivadas das atividades de seguros e pensões.

No primeiro nível do mapa de riscos incluem-se os seguintes tipos: Riscos não financeiros
• Risco operacional: risco de perdas devidas à inadequação ou
falha dos procedimentos, às pessoas e aos sistemas internos ou a
Riscos Riscos
acontecimentos externos.
financeiros não financeiros Riscos transversais
• Risco de conduta: aquele ocasionado por práticas inadequadas
Risco Risco de na relação do banco com seus clientes, no trato e nos produtos
Risco de crédito
operacional modelo oferecidos ao cliente, e sua adequação a cada cliente específico.

Risco de Risco de Risco • Riscos de compliance e legal: risco devido ao descumprimento


mercado conduta reputacional do marco legal, das normas internas ou dos requisitos de órgãos
reguladores e supervisores.
Risco de Riscos de Risco
liquidez compliance estratégico
e legal Riscos transversais
Riscos
• Risco de modelo: reúne as perdas originadas por decisões
estruturais e fundamentadas principalmente nos resultados de modelos, devido
de capital a erros na concepção, aplicação ou utilização dos modelos.

• Risco reputacional: risco de danos na percepção do Banco por


Riscos financeiros parte da opinião pública, seus clientes, investidores ou qualquer
• Risco de crédito: risco que pode ocorrer em decorrência do outra parte interessada.
descumprimento das obrigações contratuais acordadas nas
transações financeiras. • Risco estratégico: é o risco associado às decisões de caráter
estratégico e a mudanças nas condições gerais da entidade e do
• Risco de mercado: aquele em que se incorre como conseqüência ambiente, com impacto relevante em seu modelo de negócio e na
da possibilidade de mudanças nos fatores de mercado que afetam o estratégia de médio e longo prazo.
valor das posições nas carteiras de negociação.
Qualquer risco deve ser referido para organizar a sua gestão e
controle, bem como informações sobre o mesmo, para os tipos
básicos de risco constantes do mapa de risco.

B.2. Governança de riscos


A governança da função de riscos deve velar por uma tomada de • Assegurar una visão agregada de todos os tipos de riscos, medidos
decisões de riscos adequada e eficiente, assim como pelo controle em função do apetite de risco agregado do Grupo.
eficaz dos riscos, e assegurar que sejam administrados de acordo com
o nível de apetite de risco definido pela alta administração do Grupo • Fortalecer os comitês de controle de riscos.
e das unidades.
• Manter uma estrutura simples de comitês.
Com esta finalidade, são estabelecidos os seguintes princípios:

• Separação entre tomada de decisões e controle dos riscos. » B.2.1. Linhas de defesa
• Fortalecimento da responsabilidade das funções geradoras de risco O Banco Santander segue um modelo de gestão e controle de riscos
na tomada de decisões. baseado em três linhas de defesa.

• Assegurar que todas as decisões de riscos tenham um processo As funções de negócio ou atividades que assumem ou geram
formal de aprovação. exposição a um risco constituem a primeira linha de defesa frente
a este. A assunção ou geração de riscos na primeira linha de defesa
deve se ajustar ao apetite e aos limites definidos. Para cumprir

166 RELATÓRIO ANUAL 2016


sua função, a primeira linha de defesa deve dispor dos meios para relacionada com o controle de riscos, incluindo a política sobre
identificar, medir, tratar e reportar os riscos assumidos. modelos internos de risco e sua validação interna.

A segunda linha de defesa é constituída pela função de controle • Apoiar e assessorar o conselho na relação com supervisores e
e supervisão dos riscos e pela função de cumprimento e conduta. reguladores nos vários países onde o Grupo está presente.
Esta linha zela pelo controle efetivo dos riscos e assegura uma gestão
de acordo com o nível de apetite definido. • Fiscalizar o cumprimento do Código Geral de Conduta, manuais
e procedimentos de prevenção à lavagem de dinheiro e ao
A auditoria interna, como terceira linha de defesa e com a tarefa financiamento do terrorismo e, em geral, das regras de governança
de última etapa de controle, avalia periodicamente se as políticas, e do programa de cumprimento da empresa, bem como fazer
métodos e procedimentos são adequados e comprova sua efetiva as propostas necessárias para melhorias. Em particular, cabe à
implantação. Comissão receber informações e, se necessário, emitir parecer
sobre medidas disciplinares para a alta gerência.
A função de controle de riscos, a função de cumprimento e a
função de auditoria interna contam com o nível de separação • Supervisionar a política e as regras de governança e cumprimento
e independência suficiente, entre si e em relação às outras que do Grupo e em particular a adoção de ações e medidas como
controlam ou supervisionam, para o desempenho de suas funções e resultado de relatórios ou atividades de inspeção das autoridades
têm acesso ao Conselho de Administração e/ou suas comissões por administrativas de supervisão e controle.
intermédio dos responsáveis máximos.
• Dar prosseguimento e avaliar as propostas e novidades regulatórias
resultantes da aplicação e possíveis conseqüências para o Grupo.
» B.2.2. Estrutura dos comitês de riscos
Comitê de controle de riscos (CCR):
A responsabilidade em matéria de controle e gestão de riscos e, em Este órgão colegiado ocupa-se do controle efetivo dos riscos,
especial, na determinação do apetite de risco para o Grupo, recai em assegurando que sejam administrados de acordo com o nível de
última instância no conselho de administração, do qual emanam as apetite por risco aprovado pelo conselho, considerando em todas as
faculdades que são delegadas em comissões e comitês. O conselho ocasiões uma visão integral de todos os riscos incluídos no marco
se apoia no comitê de supervisão de riscos, regulamentação e geral de riscos. Isso implica identificação e acompanhamento de
compliance como entidade independente de controle e supervisão riscos atuais e estratégicos e seu impacto no perfil de riscos do
de riscos. Adicionalmente a comissão executiva do Grupo dedica Grupo.
atenção especial à gestão dos riscos do Grupo.
Este comitê é presidido pelo Group Chief Risk Officer (GCRO) e está
Os seguintes órgãos formam o nível superior de governança de composto por executivos da entidade. Estão representadas, pelo
riscos: menos, entre outras, a função de riscos, que exerce a presidência, e
as funções de cumprimento, financeira e intervenção geral e controle
Órgão de controle independente de gestão. Participarão de forma periódica os CROs das entidades
locais com o fim de reportar, entre outros, o perfil de risco das
Comissão de supervisão de riscos, regulação e cumprimento: distintas entidades.
Esta comissão tem como missão apoiar o conselho em matéria de
supervisão e controle de riscos, na definição das políticas de riscos O comitê de controle de riscos reporta-se à comissão de supervisão
do Grupo, nas relações com as autoridades supervisoras e em de riscos, regulação e cumprimento, e a assessora em sua função de
matéria de regulação e cumprimento, sustentabilidade e governança apoio ao conselho.
corporativa.
Órgãos para a tomada de decisões
É composta por conselheiros externos ou não executivos, com Comitê executivo de riscos (CER):
representação majoritária de conselheiros independentes e presidida É o órgão colegiado responsável pela gestão do risco, de acordo com
por um conselheiro independente. as faculdades atribuídas pelo conselho de administração, e se ocupa,
em seu âmbito de atuação e decisão, de todos os riscos.
As funções da comissão de supervisão de riscos, regulação e
cumprimento em matéria de riscos são: Intervém na tomada de decisões de assunção de riscos ao mais alto
nível, garantindo que estejam dentro dos limites determinados no
• Apoiar e assessorar o conselho na definição e avaliação das apetite por risco do Grupo, e informa sobre sua atividade ao conselho
políticas de riscos que afetam o Grupo e na determinação da ou suas comissões, quando necessário.
propensão ao risco e na estratégia de riscos.
Este comitê é presidido por um vice-presidente executivo do
• Dar assistência ao conselho no monitoramento da aplicação da Conselho e composto pelo conselheiro delegado, conselheiros
estratégia de riscos e seu alinhamento com os planos estratégicos executivos e outros executivos da entidade, estando representadas,
comerciais. entre outras, a função de riscos, a função financeira e a função de
cumprimento. O CRO do Grupo tem direito de veto sobre as decisões
• Revisar sistematicamente as exposições com os principais clientes, deste comitê.
setores econômicos de atividade, áreas geográficas e tipos de risco.

• Conhecer e avaliar as ferramentas de gestão, iniciativas de


melhoria, evolução de projetos e qualquer outra atividade relevante

RELATÓRIO ANUAL 2016 167


5. Relatório de gestão de riscos  » Modelo de controle e gestão de riscos - Advanced Risk Management

» B.2.3. Estrutura organizacional » B.2.4. Relação do Grupo com as


da função de riscos filiais na gestão de riscos
O Group Chief Risk Officer (GCRO) é o responsável pela função Respeito ao alinhamento das unidades com o centro corporativo
de riscos no Grupo e se reporta a um vice-presidente executivo do O modelo de gestão e controle de riscos compartilha, em todas as
Banco, que é membro do Conselho de Administração e presidente do unidades do Grupo, alguns princípios básicos através dos marcos
comitê executivo de riscos. corporativos. Estes emanam do conselho do Grupo e há adesão das
entidades filiais através de seus respectivos órgãos de administração,
O GCRO, que realiza um trabalho de assessoria e challenge à linha configurando as relações entre as filiais e o Grupo, incluindo a
executiva, reporta-se adicionalmente e de forma independente participação destes na tomada de decisões relevantes mediante sua
à comissão de riscos, regulação e cumprimento, assim como ao validação.
conselho.
Muito além desses princípios e fundamentos, cada unidade adapta
Com o impulso do GCRO, em 2016 é consolidada a gestão avançada sua gestão de riscos à sua realidade local, de acordo com os marcos
de riscos, com base em uma visão holística e antecipativa dos riscos, corporativos e documentos de referência fornecidos pela corporação,
no uso intensivo de modelos, um sólido ambiente de controle e o que permite reconhecer um modelo de gestão de riscos comum no
cultura de riscos do Grupo, ao mesmo tempo em que cumpre os Grupo Santander.
requisitos do regulador e supervisor.
Um dos pontos fortes deste modelo é a adoção de melhores práticas
Neste sentido, o modelo de gestão e controle de riscos estrutura- desenvolvidas em cada uma das unidades e mercados em que
se nos seguintes eixos: o Grupo opera. A Divisão de Riscos atua como centralizadora e
transmissora de tais práticas.
• Coordenação da relação entre os países e a corporação, valorizando
a efetiva implantação do marco de gestão e controle de riscos em Além disso, para garantir o controle dos riscos no Santander, o
cada unidade e assegurando o alinhamento na consecução dos Modelo de Governança Grupo-Subsidiárias e boas práticas de
objetivos estratégicos de riscos. governança para subsidiárias determina uma interação regular e um
relatório funcional de cada CRO local para o GCRO, bem como a
• Enterprise Risk Management (ERM) implica uma visão consolidada participação do Grupo no processo de nomeação, estabelecimento
de todos os riscos à alta administração e aos órgãos de governança de metas, avaliação e compensação de tais CRO locais.
do Grupo, assim como o desenvolvimento do apetite de risco e
o exercício de identificação e avaliação de todos os riscos (Risk Respeito à estrutura de comitês
identification & assessment). O Modelo de Governança Grupo-Subsidiárias e as boas práticas de
governança para as subsidiárias recomenda que cada subsidiária
• Gestão dos riscos financeiros, não-financeiros e transversais (ver disponha de comitês de riscos de âmbito legal e outros de caráter
mapa de riscos na seção B.1 Mapa de riscos), verificando-se que a executivo, em conformidade com os mais elevados padrões de
exposição de gestão e de risco por tipo esteja em conformidade governança corporativa, homogêneos em relação aos existentes no
com o estabelecido pela alta administração. Enfatiza-se o ambiente grupo.
de controle de riscos não-financeiros, destacando as medidas
implantadas que fortaleçam o controle de risco operacional, Os órgãos de governança das entidades filiais são estruturados
incluindo. entre outras, o reforço do papel dos riscos cibernéticos, o atendendo também aos requisitos locais regulatórios e legais, e à
que é especialmente relevante em um ambiente de processamento dimensão e complexidade de cada filial, sendo coerentes com os
digital. da matriz, de acordo com o estabelecido no marco de governança
interno, facilitando assim a comunicação, os relatórios e o controle
• Desenvolvimento transversal de regulamentos internos, efetivo.
metodologias de análise de cenários e testes de resistência e infra-
estrutura de informação, assim como uma robusta governança de Os órgãos de administração das filiais, de acordo com o marco
riscos. de governança interna estabelecido pelo Grupo, contam com seu
próprio modelo de faculdades de riscos (quantitativas e qualitativas),
devendo seguir os princípios de atuação contidos nos marcos e
modelos de referência desenvolvidos em nível corporativo.

Considerando sua capacidade de visão integral e agregada de todos


os riscos, a corporação reserva-se as faculdades de validação e
questionamento das operações e políticas de gestão nas distintas
subsidiárias, na medida em que afetam o perfil de risco do Grupo.

168 RELATÓRIO ANUAL 2016


B.3. Processos e ferramentas de gestão

Planos de Risk Data Aggregation


Apetite Risk identification and viabilidade e & Risk Reporting
por risco Assessment (RIA) Análise de cenários de resolução Framework (RDA/RRF)
• Melhorar as • Aumento da robustez e • Fornecer maior • Adaptação às • Conformidade com os
métricas com mais sistematicidade da avaliação robustez ao novas diretrizes princípios contidos nos
granularidade e do perfil de risco. planejamento internacionais. regulamentos do BCBS*.
incorporação de • Metodologia
baseada em: estratégico mediante • Novo Marco • Melhorias estruturais
métricas adicionais. o challenge ao de gestão e operacionais para
- Desempenho do risco.
• Novo marco modelo. de situações reforçar a informação de
- Avaliação do ambiente de
corporativo de • Elaboração de especiais. todos os riscos em todos
controle.
apetite que reforce planos de melhoria os níveis.
a sua integração na - Identificação dos principais de processos e
gestão. riscos (Top Risks). procedimentos,
apoiados por
exercícios de
autoavaliação.

* Basel Committee on Banking Supervision.

» B.3.1. Apetite por risco e estrutura de limites Também este ano reforçaram-se os sistemas de gestão com um
desenvolvimento específico do controle dos limites do apetite de
O apetite por risco é definido no Grupo Santander como a quantia e risco, que permite a identificação precoce de potenciais excessos e
tipologia dos riscos que se considera razoável assumir na execução garante um dimensionamento robusto deles.
de sua estratégia de negócios, de modo que o Grupo possa manter
sua atividade ordinária frente à ocorrência de eventos inesperados. Modelo de negócios bancário e
Para isso, são considerados cenários severos, que poderiam ter um fundamentos do apetite por risco
impacto negativo em seus níveis de capital, liquidez, rentabilidade e/ A definição e o estabelecimento do apetite de risco no Grupo
ou no preço de sua ação. Santander é consistente com sua cultura de riscos e seu modelo
de negócios bancário a partir da perspectiva de risco. Os principais
O Conselho de Administração é o órgão responsável pelo elementos que definem esse modelo de negócios e fundamentam o
estabelecimento e atualização anual do apetite de risco da Entidade, apetite de risco no Grupo Santander são:
pelo acompanhamento de seu perfil de risco efetivo e por assegurar a
consistência entre ambos. • Um perfil geral de risco médio-baixo e previsível baseado em um
modelo de negócios diversificado, centrado em banco de varejo
O apetite por risco é formulado para o conjunto do Grupo, assim com uma presença diversificada internacionalmente e participações
como para cada uma de suas principais unidades de negócio, de de mercado relevantes, e um modelo de negócio de banco de
acordo com uma metodologia corporativa adaptada às circunstâncias atacado que privilegie a relação com a base de clientes nos
de cada unidade/mercado. Em nível local, os conselhos de mercados principais do Grupo.
administração das correspondentes filiais são os responsáveis por
aprovar as respectivas propostas de apetite por risco, uma vez que • Uma política estável e recorrente de geração de resultados e de
tenham sido validadas pelo Grupo. remuneração aos acionistas, sobre uma forte base de capital e
liquidez, e uma estratégia de diversificação efetiva de fontes de
Toda a organização compartilha a mesma estrutura corporativa financiamento e prazos.
do apetite ao risco, que inclui requisitos comuns em processos,
métricas, órgãos de governo, controles e padrões corporativos para • Uma estrutura societária baseada em filiais autônomas e
a integração na gestão, assim como sua tradução eficaz e rastreável autossuficientes em termos de capital e de liquidez, minimizando
nas políticas e limites de gestão (cascating down). o uso de sociedades não operacionais ou instrumentais, e
assegurando que nenhuma filial apresente um perfil de risco que
Em 2016 continuamos com a expansão do escopo das métricas, possa colocar em perigo a solvência do Grupo.
incorporando novas métricas para o risco estratégico, risco
operacional, cumprimento, governança de produtos e e proteção do • Uma função de riscos independente e com uma intensa
consumidor, assim como a prevenção da lavagem de dinheiro. Além participação da alta administração que garanta uma forte cultura de
disso, as métricas foram incorporadas para reforçar o alinhamento riscos com foco em proteção e garantia da rentabilidade adequada
entre a declaração apetite de risco e os planos de gestão de crises. do capital.

RELATÓRIO ANUAL 2016 169


5. Relatório de gestão de riscos  » Modelo de controle e gestão de riscos - Advanced Risk Management

• Um modelo de gestão que assegure uma visão global e função de riscos e dos responsáveis pelas linhas e unidades
interrelacionada de todos os riscos, mediante um ambiente de de negócios. O perfil de risco, que contrasta com os limites do
controle e acompanhamento corporativo de riscos robusto, com apetite de risco, é determinado pela agregação das medições em
responsabilidades de alcance global: todos os riscos, todos os nível de carteira, unidade e linha de negócio.
negócios, todas as regiões.
• Coerência no apetite por risco das diversas unidades e
• Foco no modelo de negócios naqueles produtos em que o Grupo se linguagem de riscos comum a toda a organização. O apetite
considera suficientemente conhecedor e com capacidade de gestão de risco de cada unidade do Grupo deve ser consistente com o
(sistemas, processos e recursos). definido nas demais unidades e definido para o Grupo como um
todo.
• Desenvolvimento de sua atividade com base em um modelo de
conduta que vele pelos interesses de seus clientes e acionistas. • Revisão periódica, contraste contínuo e adaptação a melhores
práticas e requisitos normativos. A avaliação do perfil de risco da
• Uma disponibilidade adequada e suficiente de recursos humanos, Entidade e seu contraste com as limitações impostas pelo apetite
sistemas e ferramentas que permitam garantir a manutenção de de risco devem ser um processo iterativo. Devem ser estabelecidos
um perfil de riscos compatível com o apetite de risco estabelecido, mecanismos de acompanhamento e de controle adequados, que
tanto em nível global como local. assegurem a manutenção do perfil de risco dentro dos níveis fixos,
e a adoção de medidas corretivas e mitigadoras necessárias em
• A aplicação de uma política de remuneração que contenha os caso de descumprimento.
incentivos necessários para assegurar que os interesses individuais
dos empregados e dirigentes estejam alinhados com o marco Estrutura de limites, acompanhamento e controle
corporativo de apetite de riscos, e sejam consistentes com a A formulação do exercício de apetite por risco é anual e inclui uma
evolução dos resultados da Entidade no longo prazo. série de métricas e limites sobre as métricas (limites de apetite
por risco ou statements) , que expressam em termos quantitativos
Princípios corporativos do apetite por risco e qualitativos a exposição de risco máxima que cada entidade do
O apetite de risco no Grupo Santander é regido em todas as Grupo e o Grupo em seu conjunto estão dispostos a assumir.
entidades pelos seguintes princípios:
O cumprimento dos limites do apetite por risco é objeto de
• Responsabilidade do conselho e da alta administração. O acompanhamento contínuo. As funções especializadas de controle
Conselho de Administração da Entidade é o responsável máximo informam no mínimo trimestralmente ao conselho e à sua comissão
por determinar o apetite de risco e seu suporte normativo, assim especializada em riscos sobre a adequação do perfil de risco em
como supervisar seu cumprimento. relação ao apetite por risco autorizado.

• Visão integral do risco (Enterprise Wide Risk), contraste e Os excessos e falhas do apetite de risco são relatados pela função
questionamento do perfil de risco. O apetite por risco deve de controle de risco para os organismos governamentais relevantes.
considerar todos os riscos significativos aos quais a Entidade está Sua apresentação é acompanhada por uma análise das causas que
exposta, facilitando uma visão agregada do perfil de risco através os provocaram, uma estimativa do tempo que permanecerão e
do uso de métricas quantitativas e indicadores qualitativos. Permite uma proposta de ação para corrigir os excessos quando o órgão
ao conselho e à alta direção questionar e assimilar o perfil de risco governamental correspondente considere adequado.
atual e esperado nos planos de negócio e estratégicos e a sua
coerência com os limites máximos de risco. A vinculação dos limites de apetite por risco com os limites utilizados
na gestão das unidades de negócio e das carteiras representa um
• Estimativa futura de riscos (forward-looking view). O apetite de elemento essencial para obter a efetividade do apetite por risco
risco deve considerar o perfil de risco desejável no momento atual e como ferramenta de gestão de risco.
a médio prazo, considerando tanto as circunstâncias mais prováveis
quanto os cenários de estresse. Assim, as políticas de gestão e a estrutura de limites utilizadas na
gestão de diferentes tipos e categorias de risco, que são descritas
• Vinculação com os planos estratégicos e de negócio e integração com mais detalhes nas seções D.1.5.2. Planejamento (Plano
na gestão (plano trienal, orçamento anual, ICAAP, ILAAP e planos Estratégico de Negócio), D.2.2.3. e D.2.3.3. O sistema de controle
de crise e recuperação). O apetite de risco é uma referência em de limites deste relatório guarda relação direta e rastreável com os
planejamento estratégico e de negócios e se integra na gestão princípios e limites estabelecidos no apetite de risco.
através de uma dupla abordagem de baixo para cima e de cima para
baixo: Desta forma, as mudanças no apetite de risco se traduzem em
mudanças nos limites e controles utilizados na gestão de riscos do
• Visão de cima para baixo: o conselho da Entidade deve liderar a Santander, e cada uma das áreas de negócio e de risco é responsável
definição do apetite de risco, garantindo a repartição, distribuição por verificar se os limites e controles usados na sua gestão diária
e tradução de limites globais para os limites de gestão fixados em são fixados de modo que não possam violar os limites do apetite de
nível da carteira, unidade ou linha de negócio. risco. A função de controle e supervisão de risco validará após essa
avaliação, garantindo a adequação dos limites da gestão do apetite
• Visão de baixo para cima: o apetite de risco da Entidade deve de risco.
surgir da interação efetiva do conselho com a alta direção, da

170 RELATÓRIO ANUAL 2016


Eixos do apetite por risco
O apetite de risco é expresso através de limites sobre métricas
quantitativas e indicadores qualitativos que medem a exposição ou
o perfil de risco da Entidade por tipo de risco, carteira, segmento
e linha de negócio, tanto nas condições atuais quanto nas de
estresse. Essas métricas e os limites de apetite por risco articulam-
se em cinco grandes eixos que definem o posicionamento que
a alta administração do Santander deseja adotar ou manter no
desenvolvimento de seu modelo de negócios:

• A volatilidade na conta de resultados que o Grupo esteja disposto


a assumir.

• A posição de solvência que o Grupo quer manter.

• A posição de liquidez mínima de que o Grupo queira dispor.

• Os níveis máximos de concentração que o Grupo considera


razoável assumir.

• Riscos não financeiros e transversais.

Eixos do apetito por risco e principais métricas


Volatilidade
de resultados Solvência Liquidez Concentração Aspectos complementares
• Perda máxima que o • Posição de capital • Posição mínima de • Concentração por • Indicadores qualitativos
Grupo está disposto mínimo que o Grupo liquidez estrutural cliente individual de riscos não financeiros:
a assumir ante está disposto a assumir • Posição mínima • Concentração em • Fraude
um cenário em um ácido cenário de horizontes de contrapartidas non
de alto estresse de alto estresse • Tecnológicos
liquidez que o grupo investment grade
• Nível máximo de está disposto a assumir • Segurança e risco
• Concentração em cibernético
alavancagem que o em diferentes cenários altas exposições
Grupo está disposto a de alto estresse • Processos judiciais
assumir em um cenário • Posição mínima • Outros...
de alto estresse de cobertura de liquidez • Perdas máximas por
risco operacional
• Perfil de risco máximo

Volatilidade de resultados dentro do processo de planejamento de capital implantado no Grupo


O seu objetivo é limitar a potencial volatilidade negativa dos e que se estende por um período de três anos. (Para mais detalhes
resultados projetados no plano estratégico e de negócios sob consulte a seção D.8. Capital do presente relatório e o relatório com
condições de estresse. relevância prudencial - Pilar III)-.

Nesse eixo são coletadas métricas que medem o comportamento e a Posição de liquidez
evolução de perdas comerciais reais ou potenciais. O Santander desenvolveu um modelo de financiamento baseado em
subsidiárias autônomas, que são responsáveis pela cobertura de suas
Os testes de resistência incluídos neste eixo medem o nível máximo próprias necessidades de liquidez.
de queda nos resultados, sob condições adversas, nos principais tipos
de riscos a que o Banco está exposto e probabilidade de ocorrência Nesta premissa, a gestão de liquidez é realizada no nível de cada uma
plausível e similares por tipo de risco (de forma que sejam agregável). das subsidiárias dentro de uma estrutura de gestão empresarial que
desenvolve seus princípios básicos (descentralização, equilíbrio no
Solvência médio e longo prazos das fontes-aplicações, alto peso dos depósitos
Este eixo tem por objetivo garantir que o apetite de risco considere de clientes, diversificação das fontes atacadistas, redução do apelo
adequadamente a manutenção e a conservação dos recursos da no curto prazo, reserva de liquidez suficiente) e é construída em
entidade, preservando o capital acima dos níveis estabelecidos pelos torno de três pilares: modelo de governança, análise de balanço e
requisitos regulamentares e pelas exigências do mercado. medição do risco de liquidez, e gestão adaptada às necessidades de
negócios. Mais informações sobre o quadro de gestão empresarial,
O seu objetivo é determinar o nível mínimo de capital que a entidade seus princípios e pilares são detalhadas na seção D.3. Risco de
considera necessário manter para assumir as perdas potenciais em liquidez e financiamento do presente Relatório.
condições normais e de estresse e derivadas de suas atividades e dos
seus planos de negócio e estratégicos. O apetite por risco de liquidez do Santander define alguns objetivos
exigentes de posição e horizontes de liquidez ante cenários de
Esta abordagem de capital, inclusa no âmbito do apetite de risco,
é complementar e compatível com o objetivo de capital aprovado

RELATÓRIO ANUAL 2016 171


5. Relatório de gestão de riscos  » Modelo de controle e gestão de riscos - Advanced Risk Management

estresse sistêmicos (locais e globais) e idiossincráticos. Além disso, independente e incrementando sua aplicação nos diferentes riscos
é fixado um limite de proporção de financiamento estrutural, que se do Grupo, de acordo com o mapa de riscos estabelecido.
relaciona com os depósitos de clientes, recursos próprios e emissões
de longo e médio prazos com as necessidades estruturais de Além disso, foram realizados avanços significativos nos usos do
financiamento, bem como um limite mínimo de posição de cobertura exercício. Destacar-se o perfil de risco como métrica estratégica
de liquidez. dentro do apetite por risco local e de Grupo; foi incluído como
peça na geração dos planos estratégicos e análise de suas ameaças
Concentração potenciais; análise da visão interna de perfil de risco e contraste
O Santander quer manter uma carteira de risco diversificada do com a percepção de agentes externos; os riscos identificados
ponto de vista da sua exposição a grandes riscos, certos mercados e dentro de RIA são usados como inputs para a geração de cenários
produtos específicos. Em primeira instância, isto é obtido em virtude idiossincráticos em planejamento de capital, liquidez e planos
da orientação do Santander ao negócio de banco de varejo com alta de recuperação e resolução; inclui o efeito de diversificação do
diversificação internacional. modelo de negócios do Grupo e serve como contraste para o
cálculo realizado com outros modelos; e a exploração do ambiente
Nesta área incluem-se, entre outros, limites de exposição máxima de controle de riscos é considerada no planejamento de auditoria
individual com clientes, de exposição máxima agregada com grandes interna.
contrapartidas, de exposição máxima por setor de atividade, em
Commercial Real Estate e em carteiras com perfil de alto risco. Além O RIA tornou-se uma ferramenta de destaque para a gestão de
disso, é feito um acompanhamento dos clientes com um rating riscos, que mediante a implantação de um ambiente de controle
interno menor do que o equivalente ao grau de investimento e que rigoroso e um acompanhamento das fraquezas detectadas, permite
supere uma determinada exposição. ao Grupo Santander realizar mais e melhores negócios nos mercados
onde opera sem colocar em perigo sua conta de resultados nem os
Riscos não financeiros e transversais objetivos estratégicos definidos, reduzindo a volatilidade dos seus
O seu objetivo é definir as exposições a riscos não financeiros e resultados.
transversal recolhidos no mapa de riscos corporativos.
A RIA, dentro de um processo de revisão e melhoria contínua,
São consideradas métricas quantitativas e indicadores qualitativos encaminha-se para consolidar, melhorar e simplificar sua
que ajudam a refinar a exposição a riscos não financeiros. Entre esses, metodologia, contemplando a totalidade dos riscos e unidades do
computam-se indicadores específicos de fraude, risco tecnológico, Grupo e uma maior integração na gestão diária de riscos. Destacando
riscos de segurança e cibernéticos, a prevenção de lavagem de como uma das prioridades a ordenação e a governança dos diferentes
dinheiro, o cumprimento normativo, a governança de produtos e a assessments dentro do Grupo em geral e da divisão de riscos em
proteção ao cliente. particular; estabelecendo um modelo de referência de avaliação que
permita robustez e consistência nas diferentes avaliações realizadas,
e governando os distintos exercícios que são realizados a partir de
» B.3.2. Risk identification and assessment (RIA) diversas áreas de gestão.

O Grupo continua evoluindo na identificação e avaliação dos


diferentes tipos de riscos e envolvendo as diversas linhas de » B.3.3. Análise de cenários
defesa em sua execução com o fim de potenciar uma gestão de
riscos avançada e proativa, definindo padrões de gestão que não O Banco Santander realiza uma gestão avançada de riscos através
apenas cumpram os requisitos regulatórios, mas também estejam da análise do impacto que diferentes cenários do ambiente em que o
alinhados com as melhores práticas do mercado. A RIA também é um banco opera poderiam provocar. Esses cenários são expressos tanto
mecanismo de transmissão da cultura de riscos e envolvimento em em termos de variáveis macroeconômicas como de outras variáveis
sua gestão das linhas de negócios das distintas unidades. que afetam a gestão.

Além de identificar e avaliar o perfil de risco do Grupo por fator A análise de cenários é uma ferramenta muito útil para a gestão em
de risco e unidade, o RIA analisa sua evolução e identifica áreas de todos os níveis, já que permite avaliar a resistência do banco em
melhoria em cada um dos blocos que o compõem. ambientes ou cenários de estresse, assim como implantar conjuntos
de medidas que diminuam o perfil de risco do banco nesses cenários.
• Desempenho do risco, que permite conhecer o risco residual por O objetivo é maximizar a estabilidade da demonstração de resultados
fator de risco através de um conjunto de métricas calibradas com e dos níveis de capital e liquidez.
base em padrões internacionais.
A robustez e a consistência dos exercícios de análise de cenários
• Avaliação do ambiente de controle, que mede a implantação do baseiam-se em três pilares:
modelo de gestão objetivo estabelecido de acordo com padrões
avançados. • O desenvolvimento e a integração de modelos matemáticos que
estimem a evolução futura de métricas (como, por exemplo, as
• Análise prospectiva da unidade com base em métricas de perdas de crédito), baseando-se tanto em informação histórica
estresse e/ou identificação e avaliação das principais ameaças (interna do Grupo e externa do mercado), quanto em modelos de
ao plano estratégico (Top Risks), estabelecendo planos de ação simulação.
específicos para mitigar seus potencias impactos e realizando um
acompanhamento destes planos. • A incorporação de critério especializado e conhecimento das
carteiras, questionando e contrastando o resultado dos modelos.
A iniciativa RIA avança em sua integração na gestão de riscos,
desenvolvendo cada um de seus blocos metodológicos de forma

172 RELATÓRIO ANUAL 2016


• O backtesting ou contraste periódico do resultado dos modelos
contra os dados observados, que assegure a adequação desses
resultados.
• Ferramenta de análise de cenário: implantação de uma
• A governança de todo o processo, abarcando os modelos, os ferramenta avançada para estimar perdas com maior solidez
cenários, os pressupostos e a razão dos resultados e seu impacto na e automatização da gestão da informação, com a capacidade
gestão de adicionar diferentes tipos de riscos e com um ambiente de
execução multiusuário.
A aplicação desses pilares no teste de resistência da Autoridade
Bancaria Europeia (EBA, na sigla em inglês), realizado e reportado • Governança: revisão do regime de governança os exercícios de
em 2016, permitiu que o Santander cumprisse satisfatoriamente análise de cenários para atender a crescente importância desses
os requisitos detalhados, tanto quantitativos quanto qualitativos, critérios, o aumento da pressão regulatória e as melhores práticas
e colaborasse nos excelentes resultados obtidos pelo Banco, de mercado.
especialmente em relação ao grupo de concorrentes de referência
(consulte o quadro 1 da seção C. Ambiente e próximos desafios). • Modelos: preparação de planos de desenvolvimento de modelos
estatísticos de estresse que tenham precisão e granularidade
Usos da análise de cenários suficientes não só satisfazer as exigências não só de regulação e
• Usos regulatórios: em que são realizados testes de resistência supervisão atuais, mas também melhorar a capacidade preditiva de
de cenários em conformidade com as diretrizes definidas pelo risco em conformidade com uma gestão avançada.
regulador europeu ou cada um dos distintos supervisores nacionais
do Banco. • Processos e procedimentos: execução contínua de exercícios de
autoavaliação e planos de melhoria para evoluir os processos no
• Exercícios internos de autoavaliação de capital (ICAAP) ou liquidez contexto de gestão avançada de análise de cenários.
(ILAAP) em que, embora o regulador possa impor determinados
requisitos, o Banco desenvolve sua própria metodologia para avaliar • Integração na gestão: promover e melhorar o uso de análise de
seus níveis de capital e liquidez perante diferentes cenários de cenários em várias áreas da gestão de riscos.
estresse. Estas ferramentas permitem planejar a gestão de capital e
liquidez.
» B.3.4. Planos de viabilidade e de resolução
• Apetite de risco. Contém contém métricas estressadas sobre as (recovery & resolution plans) e marco
quais são estabelecidos níveis máximos de perdas (ou mínimos de de gestão de situações especiais
liquidez) que o Banco não deseja ultrapassar. Estes exercícios estão
relacionados com capital e liquidez, embora tenham diferentes Em 2016, foi elaborada a sétima versão do plano de viabilidade
freqüências e apresentem diferentes níveis de granularidade. O corporativo, cuja parte mais relevante contempla as medidas que
Banco continua a trabalhar para melhorar o uso da análise de a Entidade teria disponíveis para sair sozinha de uma situação
cenários de apetite de risco e garantir a relação adequada dessas de crise muito severa. O plano foi elaborado de acordo com as
métricas com aquelas utilizados na gestão diária dos riscos. Para normas aplicáveis na União Europeia1. O plano também segue
mais detalhes, consulte a seção B.3.1. Apetite de risco e estrutura as recomendações não vinculantes efetuadas na matéria por
de limites e D.3 Risco de liquidez e financiamento do presente organismos internacionais, como o Conselho de Estabilidade
relatório. Financeira (Financial Stability Board – FSB).2).

• Gestão diária de riscos. A análise de cenários é usada em O plano, como nas versões anteriores de 2010 a 2015, foi apresentado
processos orçamentários e de planejamento estratégico, na geração às autoridades competentes (pela segunda vez ao Banco Central
de políticas comerciais de admissão de risco, na análise global de Europeu (BCE) em setembro, diferença em relação anos anos
riscos pela alta administração ou em análises específicas sobre o anteriores, em que era entregue apenas ao Banco de España) para
perfil de atividades ou carteiras. Nas seções de risco de crédito sua avaliação durante o quarto trimestre de 2016.
(seção D.1.5.2. Planejamento (Plano Estratégico de Negócio), de
mercado (D.2.2.1.6. e D.2.2.2.3. Análise de cenários) e liquidez (D.3.1. Este plano consiste no plano corporativo (que é o correspondente
Gestão de liquidez no Grupo Santander) se oferecem mais detalhes. ao Banco Santander SA) e nos planos individuais para as unidades
locais mais relevantes (Reino Unido, Brasil, México, Estados Unidos,
A fim de melhorar a gestão através de métricas e modelos avançados, Alemanha, Argentina, Chile, Polônia e Portugal), cumprindo assim o
o projeto de análise de cenários é estruturado em torno de cinco compromisso assumido pelo Banco com as autoridades competentes
eixos: em 2010. É importante mencionar os casos dos países acima referidos

1. Diretiva 2014/59 / (Diretiva da UE sobre gestão de crises) da UE; regulamentação existente da Autoridade Bancária Europeia em matéria de planos de recuperação (EBA /
RTS / 2014/11; EBA / GL / 2014/06; EBA / GL / 2015/02); recomendações da Autoridade Bancária Europeia para linhas de negócios mais importantes da Comissão e funções
críticas (EBA / op / 2015/05); regulamentação da Autoridade Bancária Europeia pendente de aprovação (EBA / CP / 2015/01 sobre os seus modelos para planos de resolução);
regulamentação da Autoridade Bancária Europeia não diretamente relacionada com a recuperação, mas com implicações significativas neste domínio (EBA / GL / 2015/03
em gatilhos para medidas de intervenção precoce); bem como as normas locais da Espanha: Lei 11/2015 de recuperação e resolução de instituições de crédito e empresas de
serviços de investimento e Decreto Real 1012/2015 que desenvolve essa lei.
2. Elementos do FSB essenciais aos sistemas efetivos de resolução para instituições financeiras (15 de outubro de 2014, atualização da primeira publicação de outubro de
2011), orientações sobre a identificação de funções críticas e serviços compartilhados críticos (15 de Julho de 2013) e orientações sobre os elementos que desencadeiam a
recuperação e cenários de crise (15 de Julho de 2013).

RELATÓRIO ANUAL 2016 173


5. Relatório de gestão de riscos  » Modelo de controle e gestão de riscos - Advanced Risk Management

fora da União Europeia, onde, independentemente da sua obrigação As principais conclusões extraídas da análise do conteúdo do plano
de ser parte do plano empresarial, seu desenvolvimento completo corporativo de 2016 confirmam que:
também obedece as exigências regulamentares decorrentes de
transposição ao seu sistema local da Diretiva 2014/59/UE (Diretiva de • Não há interdependências materiais entre as diferentes regiões do
Gestão de Crises da União Europeia). Grupo.

Dois dos objetivos mais importantes do plano são verificar, em • As medidas disponíveis garantem uma grande capacidade de
primeiro lugar, a viabilidade, a eficácia e a credibilidade das medidas recuperação em todos os cenários descritos no plano. Além disso,
de recuperação identificadas no plano e, em segundo lugar, o nível de o modelo de diversificação geográfica do Grupo acaba por ser um
adequação dos indicadores específicos e limites definidos que deve, ponto positivo sob a perspectiva da viabilidade.
ser alcançados para a possível ativação do processo de governança
previsto no plano em diferentes situações de estresse. • Cada subsidiária tem capacidade de recuperação suficiente para sair
por conta própria de uma situação de recuperação, o que fortalece
Para este fim, foram projetados no plano corporativo diferentes a resiliência do modelo de Grupo com base em filiais autônomas
cenários de crise macroeconômica e / ou financeira em que são em termos de capital e liquidez.
esperados eventos idiossincráticos e / ou sistêmicos relevantes para
a entidade, de acordo com as disposições do artigo 5.6 da Diretiva • Nenhuma das filiais, no caso de queda, poderia ser considerada
2014 /59/ UE. Estes cenários referidos na regulamentação aplicável como tendo importância suficiente para levar a uma ruptura nos
referem-se a situações de crises graves que podem afetar a viabilidade níveis mais graves estabelecidos para os indicadores de viabilidade
do Grupo. Além disso, o plano foi concebido sob a premissa de que, que possa causar a ativação potencial do plano de viabilidade
se ativado, não existiriam os auxílios públicos extraordinários, como corporativo.
exigido pelo artigo 5.3 da Diretiva 2014/59/UE.
De tudo isso se deduz que o modelo e a estratégia de diversificação
Por outro lado, é importante notar que o plano não deve ser geográfica do Grupo, com base em um modelo de filiais autônomas
interpretado como um instrumento independente de outros em liquidez e capital, continua a ser resiliente do ponto de
mecanismos estruturais estabelecidos para medir, gerenciar e vista da viabilidade. Durante 2017, o Grupo pretende continuar
monitorar o risco assumido pelo Grupo. desenvolvendo os planos em conformidade com as recomendações
das autoridades de supervisão, bem como com as melhores práticas
Assim, o plano de recuperação do Grupo é integrado, entre outros, da indústria em termos de planos de viabilidade.
pelos seguintes instrumentos: estrutura do apetite ao risco,
declaração do apetite de risco, processo de avaliação de identificação Deve-se notar em relação à governança em situações de crise
de riscos, sistema de gestão de continuidade de negócios e, por fim, detalhadas nos planos de viabilidade do Grupo durante 2016,
processos internos para avaliar a suficiência de capital e liquidez. foi formalmente aprovado e implantado tanto a empresa e os
principais regiões do Marco de Gestão de Situações Especiais, que,
Durante 2016, prosseguiu o trabalho de adaptação da estrutura e do juntamente com os documentos que se desenvolvem:
conteúdo do plano às novas diretrizes internacionais. Assim, foram
incluídas diversas melhorias: i) estabelece os princípios comuns para a identificação,
encaminhamento e gestão de eventos que poderiam envolver
(I) na seção de governança (principalmente uma descrição mais um risco grave para o Santander ou alguma de suas entidades e,
detalhada do Marco de gestão de situações especiais, que é se ocorresse, afetar sua robustez, reputação, desenvolvimento
explicado mais tarde, e da estrutura dos indicadores de viabilidade), de sua atividade, liquidez, solvência e, inclusive, a sua viabilidade
(II) no capítulo sobre cenários, está incorporada uma situação crise presente ou futura,
que leva à desagregação dos indicadores de liquidez e uma crise
sistêmica multilocal que afeta duas das mais importantes unidades ii) define as funções e responsabilidades básicas nesta matéria
do grupo, e , (iii) finalmente, se proporcionou mais granularidade e e identifica os elementos de planejamento necessários e os
detalhes nas seções de análise estratégica e de medidas. processos essenciais, e

A alta administração do Grupo está plenamente envolvida na iii) determina os elementos essenciais de sua governança,
elaboração e acompanhamento periódico do conteúdo dos planos, procurando assegurar, em todo caso, a atuação coordenada entre
com a celebração de comitês específicos de caráter técnico, assim as entidades do Grupo e, quando necessário, a participação
como de acompanhamento em nível institucional, que garantem da Corporação em sua condição de entidade matriz do Grupo
que o conteúdo e a estrutura dos documentos sejam adaptados às Santander.
normas locais e internacionais em matéria de gestão de crise, que se
encontra em contínuo desenvolvimento nos últimos anos. O citado marco tem natureza holística, resultando da aplicação
aos eventos ou situações especiais de qualquer natureza (por
A aprovação do plano corporativo corresponde ao Conselho de exemplo, financeiros e não financeiros, de caráter sistêmico ou
Administração do Banco Santander S.A., sem prejuízo de que o idiossincráticos e de evolução lenta ou rápida) em que ocorra uma
conteúdo e os dados relevantes sejam apresentados e discutidos situação de excepcionalidade, distinta da esperada, ou que deveria
previamente nos principais comitês de gestão e controle do Banco derivar da gestão ordinária dos negócios, e que possa comprometer
(comissão de supervisão de riscos, regulamentação e cumprimento, o desenvolvimento de sua atividade ou dar lugar a uma deterioração
comitê ALCO global e comitê de capital). Por sua vez, a aprovação grave na situação financeira da entidade ou do Grupo por envolver
dos planos individuais é realizado nos órgãos locais e sempre de um afastamento significativo do apetite de risco e dos limites
forma coordenada com o Grupo, já que devem formar parte do plano definidos.
corporativo.

174 RELATÓRIO ANUAL 2016


Em relação aos denominados planos de resolução, as autoridades iii) foram reforçadas as cláusulas de continuidade operacional em
competentes que são parte do Crisis Management Group (CMG) contratos com fornecedores nacionais e
chegaram a uma proposta comum sobre a estratégia a seguir para
a resolução do Grupo que, dada a estrutura jurídica e de negócio iv) houve progressos em automatizar as informações exigidas pela
com que o Santander opera, corresponde à chamada Multiple Point autoridade de supervisão.
of Entry (MPE); firmaram o correspondente acordo de cooperação
sobre resolução (Cooperation Agreement – COAG); e desenvolveram
os primeiros planos de resolução. Em particular, o plano de resolução » B.3.5. Risk Data Aggregation & Risk
corporativo de 2016 foi analisado em uma sessão do CMG realizada Reporting Framework (RDA/RRF)
em 7 de novembro de 2016.
Nos últimos exercícios, o Grupo desenvolveu e implementou as
Não obstante o anteriormente assinalado, o desenvolvimento de melhorias estruturais e operacionais necessárias para reforçar
planos de resolução nos Estados Unidos corresponde às próprias e consolidar a visão integral dos riscos, baseada em informação
entidades. completa, precisa e recorrente, permitindo em consequência que a
alta administração do Grupo avalie e decida.
Em dezembro de 2015, o Grupo entregou sua terceira versão dos
planos de resolução local, enquanto o FRB (Federal Reserve Board) e Neste contexto, o Santander concluiu que os requisitos
o FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation) relataram que não regulamentares estão alinhados com o plano estratégico da
era para entregar os planos para 2016, porque eles estão em processo transformação de risco, de modo que no presente o Grupo cumpre
de fornecimento de comentários aos planos anteriores e começam a as normas estabelecidas nos regulamentos BCBS 239. Depois de
dar orientações para os planos a entregar em Dezembro de 2017. concluídos com êxito no fim de 2015 os objetivos do projeto Risk
Data Aggregation (RDA), durante 2016 trabalhou-se na consolidação
O Grupo continua a cooperar com as autoridades competentes na do modelo integral de gestão das informações e dos dados, e em sua
preparação de planos de resolução, fornecendo todas as informações transposição nas geografias onde o Grupo opera.
detalhadas que elas, geralmente responsáveis pelo seu desenvolvimento,
requerem para o seu desenvolvimento. O Grupo também continuou Os relatórios de riscos mantêm um adequado equilíbrio entre
a fazer progressos em projetos para melhorar a sua capacidade dados, análises e comentários qualitativos, incorporam medidas
de resolução. Estas medidas incluem as destinadas a assegurar a forward-looking,e informações sobre apetite de risco e limites e
continuidade operacional em situações de resolução. Neste sentido: riscos emergentes, são distribuídos em tempo e informam a alta
administração.
i) o Banco Santander S.A. aderiu em novembro de 2016 ao protocolo
ISDA para a liquidação de derivativos em situações de resolução, O Grupo conta com uma taxonomia comum de dados e reporting de
riscos, que abrange todas as áreas de risco significativas dentro da
ii) levou a cabo uma análise de infraestruturas de mercado a que o organização, em consonância com a dimensão, o perfil de risco e a
Grupo está ligado, avaliando sua criticidade e continuidade desses atividade do Grupo.
serviços em caso de resolução,

B.4. Cultura de riscos - Risk Pro


Nossa cultura interna (The Santander Way) inclui uma maneira de Assim, a excelência na gestão de riscos é uma das prioridades
gerir os riscos, uma cultura de riscos do Santander, chamada risk pro, estratégicas a que se propôs o Grupo. Isso envolve a consolidação
que é uma das nossas principais vantagens competitivas no mercado. de uma cultura de riscos forte em toda a organização, uma cultura
de risco que todos os funcionários do Grupo Santander conhecem e
A sólida cultura de riscos do Banco é uma das chaves que tem aplicam.
permitido ao Grupo Santander responder às variações dos ciclos
econômicos, às novas exigências dos clientes e ao acirramento da Esta cultura de riscos é definida por cinco princípios que devem fazer
concorrência, posicionando-se como uma entidade que merece a parte da gestão diária de todos os colaboradores do Grupo:
confiança de funcionários, clientes, acionistas e da sociedade.
Responsabilidade, porque todas as unidades e funcionários
Hoje, em um ambiente em constante mudança com novos tipos de (independentemente da sua função) devem conhecer e compreender
riscos e maiores exigências regulatórias, o Grupo Santander quer os riscos em que incorrem em suas atividades diárias e ser
manter a excelente gestão de riscos para alcançar o crescimento responsáveis pela sua identificação, avaliação, gestão e relatório.
sustentável.

RELATÓRIO ANUAL 2016 175


5. Relatório de gestão de riscos  » Modelo de controle e gestão de riscos - Advanced Risk Management

Resiliência, definida como a soma de prudência e flexibilidade. Neste sentido, nos planos de formação de todos os colaboradores
Todos os funcionários devem ser cautelosos e evitar riscos que não foi incluído um módulo de riscos. Além disso, a Risk Pro Banking
conhecem ou que excedem o apetite de risco estabelecido. E devem School, juntamente com as outras escolas locais de riscos, tem
também ser flexíveis, porque a gestão de riscos tem de se adaptar contribuído para difundir a cultura de riscos, desenvolver os
rapidamente a novos ambientes e cenários imprevistos. melhores talentos e formar profissionais do Grupo. Ao longo
deste exercício foram ministradas55.497 horas de formação com a
Desafio, porque se estimula o debate contínuo no seio da participação de 20.690 funcionários do Grupo Santander.
organização. Questiona-se de forma proativa, positiva e aberta como
gerenciar riscos e, assim, sempre se tem uma visão que permite Como resultado, na pesquisa global de engajamento do Grupo
prever os desafios futuros. Santander de 2016, 95% dos funcionários disseram que eram
diretamente responsável pela gestão de riscos, independentemente
Simplicidade, porque uma gestão de riscos universal requer clareza de sua posição no banco.
de processos e decisões, documentados e compreendidos pelos
funcionários e pelos clientes. • Comunicação. Através de vários canais de comunicação foram
divulgados entre todos os funcionários os princípios da cultura de
E, claro, orientação ao cliente. Todas as ações de riscos são riscos e se proporcionou a eles, de forma clara e compreensível,
orientadas ao cliente em seus interesses de longo prazo. todas as informações que facilitam a gestão de riscos avançada.
Eles também conheceram comportamentos, ações e decisões que
A visão do Grupo Santander é ser o melhor banco comercial, são exemplos de cultura de riscos.
ganhando a confiança e a lealdade dos funcionários, clientes,
acionistas e sociedade. • Avaliação e mensuração dos riscos. Banco Santander realizada
uma avaliação sistemática e consistente da cultura de risco do
O caminho para isso passa por contribuir proativamente para o Grupo para identificar continuamente as áreas de melhoria e
progresso dos nossos clientes com uma excelente gestão de riscos. implementar planos de ação. Neste sentido, conta com indicadores
específicos que medem o nível de penetração e difusão da cultura
de risco no Grupo e realiza pesquisas que fornecem o grau de
percepção dos empregados em relação ao seu conhecimento e
responsabilidade pela gestão de riscos .

• Programa avançado de gestão de riscos (Advanced Risk


Orientação
ao cliente Management Programme – ARM). Em 2016, o programa ARM
Responsabilidade atingiu sua fase final. Com base em uma forte cultura de risco,
desenvolveu-se um modelo avançado de gestão de riscos em todas
as unidades. Para o Grupo Santander a gestão de riscos avançada é
uma prioridade para permanecer um banco forte e sustentável no
longo prazo.

Todas as unidades do Grupo e todos os funcionários exercem as suas


atividades sob a nossa cultura de risco, risk pro, com um objetivo
Simplicidade comum: construir o futuro através de uma gestão antecipada de
Resiliência
todos os riscos e proteger o presente com um ambiente de controle
robusto.

Desafio

A cultura de risco, risk pro, está se fortalecendo em todas as unidades


do Grupo Santander através de quatro alavancas:

• Ciclo de vida do funcionário. Tem consistido em gerar, desde


a fase de seleção e recrutamento, a consciência da importância
e da responsabilidade pessoal na gestão de riscos de cada novo
funcionário e reforçá-la na sua atividade diária.

176 RELATÓRIO ANUAL 2016


RESUMO EXECUTIVO
A. PILARES DA FUNÇÃO DE RISCOS
B. MODELO DE CONTROLE E GESTÃO DE RISCOS - Advanced Risk Management
C. CENÁRIO E PRÓXIMOS DESAFIOS
D. PERFIL DE RISCO
ANEXO: TRANSPARÊNCIA EDTF

C. Cenário e próximos
desafios
Durante 2016, as economias avançadas mantiveram um crescimento O ambiente regulatório em 2016 apresentou uma alta atividade.
moderado e menor do que o alcançado no ano anterior. Este Alguns dos aspectos mais importantes que ocorreram este ano são:
abrandamento afetou os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão
e se concentrou na primeira metade do ano para mostrar alguma • O Comité de Basileia continua a trabalhar na revisão dos marcos
recuperação no segundo semestre. Os Estados Unidos estão em para o cálculo de requisitos de capital por risco de crédito, risco de
um estágio avançado do ciclo e mostram perspectivas favoráveis mercado e operacional. Além disso, em abril foi apresentada uma
para 2017, apoiadas pelas expectativas de expansão fiscal, que proposta final para a revisão do tratamento regulamentar da taxa
provavelmente conduzirá a novos aumentos das taxas de juros. de juros na carteira de investimento.
O Reino Unido enfrenta a incerteza associada ao impacto da sua
decisão de deixar a União Europeia. A Zona do Euro cresce em • A Autoridade Bancária Europeia (EBA) continuou a emitir normas
ritmo modesto, embora resistente a episódios de instabilidade, e e orientações que desenvolvem aspectos da regulamentação
inflação subjacente manteve-se abaixo de 1%, de modo que a política de capitais europeus (CRR / CRD IV) e ajudam a garantir uma
monetária manteve-se muito expansiva, não havendo previsão de implementação harmonizada na União Europeia dos requisitos
alta dos juros. mínimos de capital. Adicionalmente, essa organização publicou em
julho os resultados dos testes de resistência a que os 51 maiores
As economias emergentes cresceram em conjunto para um ritmo bancos na União Europeia se submeteram (para mais detalhes, veja
semelhante ao de 2015, embora, como ocorre com as arrancadas a Tabela 1 - testes de resistência).
na reta final do ano, o tom fosse mais favorável. Houve maiores
progressos na correção dos desequilíbrios, o que dá um tom mais • As diversas alterações e interpretações de diferentes órgãos
positivo para 2017. Em todo caso, houve uma evolução muito reguladores nacionais e internacionais relacionadas com a definição
diferenciada em áreas distintas. e o tratamento tanto da carteira de créditos de recuperação
duvidosa quanto da carteira redirecionada.
A atividade bancária continua a ser afetada por taxas de juros em
mínimos históricos, por medidas de estímulo dos vários bancos Principais riscos estratégicos (Top Risks)
centrais, em grande parte dos mercados desenvolvidos, pela Como indicado no anexo B.3.2 Risk Identification and Assessment, o
incerteza sobre a solvência do setor financeiro, pelo o aumento Grupo, no âmbito das sua tradicional gestão preventiva de riscos,
da concorrência em alguns mercados (principalmente no setor de identifica, avalia e acompanha os potenciais de eventos de risco
ativos) e por um ambiente regulamentar cada vez mais exigente. futuro, através deste exercício periódico .

Neste ambiente, o Banco Santander mantém o seu perfil de risco Atualmente, os principais riscos estratégicos identificados pelo
médio-baixo. A sólida cultura de risco do banco se propaga para Grupo, que estão sendo monitorados regularmente pela alta
todas as métricas de qualidade de crédito. administração do Banco, por meio de uma governança que permite a
gestão e a mitigação adequada dos riscos, se enquadram nas quatro
O índice de inadimplência situou-se em 3,93% (-43 pb em relação categorias listadas a seguir:
a dezembro de 2015), o custo do crédito em 1,18% (-7 pontos
percentuais em relação a dezembro de 2015), e o índice de cobertura
permanece estável no nível de 74%.

RELATÓRIO ANUAL 2016 177


5. Relatório de gestão de riscos  » Cenário e próximos desafios

Riscos macroeconômicos e políticos: A inovação e a transformação digital são uma das peças-chave do
A economia europeia já está no caminho da recuperação, embora se nosso modelo de negócio.
estime que ainda continuará fraca nos próximos anos. Este ambiente
de baixo crescimento se caracteriza pela fraca demanda, também Há uma crescente pressão supervisora e regulamentadora sobre
influenciada pela incerteza sobe os resultados das eleições a serem os aspectos de conduta, transparência, proteção aos consumidores
realizadas em vários países da Zona do Euro e pelas negociações e venda de produtos adequados, impulsionada em parte por certos
complexas do Reino Unido com a UE. Todos esses fatores favorecem eventos relevantes de irregularidades ocorridas no setor nos últimos
a manutenção de um ambiente de baixas taxas de juros e sua anos.
extensão no tempo.
Perante este quadro, o Banco desenvolveu uma estrutura de
A confiança na economia brasileira está melhorando, na medida em governança sólida em que as funções de conformidade e de conduta
que diminui incerteza política e aumenta a percepção geral de que o se reportam diretamente ao conselho de administração e em que
crescimento passe a ser positivo em 2017, apoiada por uma melhoria são determinantes para o processo de aprovação de produtos e para
contínua dos recentes indicadores de confiança de empresas e o regime geral do Código de Conduta. No anexo D.5 deste relatório,
consumidores . que trata de risco de conduta e conformidade, explicam-se em
detalhes as funções relacionadas com a gestão deste risco.
No entanto, algumas ameaças estruturais para a economia - como
o déficit fiscal e o aumento da volatilidade financeira internacional - Além disso, os reguladores estão colocando ênfase na acumulação
persistem após os resultados das eleições nos EUA, que levaram ao de ativos no setor financeiro que não apresentam um retorno
aumento da aversão ao risco (flight to quality) e que podem afetar as adequado, para os quais existem dificuldades de alienação e que,
perspectivas de crescimento da economia brasileira. portanto, podem comportar dificuldade em termos de liquidez do
mercado. Para reduzir sua exposição, o Banco dispõe de uma área
A economia do Reino Unido, uma vez que o resultado do referendo específica dedicada à gestão e venda de ativos potencialmente
em junho foi favorável à saída da UE, poderia ser afetada pelo problemáticos.
resultado das complexas e prolongadas negociações entre o
governo britânico e a UE. Embora o resultado não envolva mudanças Ambiente normativo
imediatas na estrutura atual do banco ou das suas operações, Nos últimos anos, principalmente em resposta à crise financeira,
tem causado o aumento da volatilidade nos mercados, incluindo houve intensa atividade de propostas de regulamentação para
a depreciação da libra esterlina, e poderia continuar causando melhorar a capitalização dos bancos e sua capacidade de resistência
incerteza à medida do avanço das negociações. a choques na economia, com um impacto maior sobre as instituições
considerados sistêmicas.
Finalmente, o resultado das eleições nos EUA pode implicar alguma
incerteza acerca do seu potencial impacto sobre as economias A nova regulamentação diz respeito, principalmente, às necessidades
emergentes, especialmente da América Latina, e a própria economia de capital, liquidez e solvência, bem como à consistência na gestão
dos EUA; no entanto, deve-se levar em conta a solidez da região. da informação e à adequação da governança interna das instituições.

Diante destes riscos macroeconômicos e políticos, o modelo de O contexto de mudanças e o nível crescente das exigências
negócio do Banco Santander, com base em uma diversificação pressupõem um grande esforço das entidades e contribuem para
geográfica equilibrada entre mercados maduros e emergentes e em uma redução significativa da rentabilidade.
um perfil de banco de varejo, reforça a estabilidade dos resultados e
facilita a manutenção de um perfil de risco médio-baixo. É muito importante para a indústria contar com um quadro
normativo estável e duradouro a fim de estabelecer estratégias
Ambiente competitivo e relacionamento com o cliente válidas no médio prazo e fazer uma avaliação contínua e abrangente
O Banco enfrenta o desafio de adaptar a sua forma de fazer negócios do impacto deste quadro com a finalidade de assegurar um bom
às novas necessidades dos clientes com a rapidez com que a inovação equilíbrio entre estabilidade financeira e crescimento econômico.
e as novas tecnologias disruptivas estão sendo introduzidas na
indústria financeira. Ameaças aos sistemas (risco cibernético)
Como qualquer outra organização, o Banco pode ser alvo de ataques
Neste sentido, a crescente digitalização do setor exige inovação cibernéticos que alteram o bom funcionamento dos seus serviços,
constante, que permite ao Banco estar à frente das mudanças que incluindo os realizados digitalmente, ameaçam a informação interna
estão ocorrendo e proteger a sua participação de mercado ante do Banco e dos seus clientes e / ou revelam fraquezas de segurança.
a entrada de novos concorrentes digitais - start-up financeiras, Nos últimos tempos tem havido um aumento de casos deste tipo.
grande empresas de tecnologia, etc. - e a publicação da nova
regulamentação que incentiva a desintermediação financeira como a O Banco Mundial está trabalhando duro para desenvolver controles
nova diretiva de serviços de pagamento (PSD2), que entra em vigor de proteção baseados em normas internacionais e medidas
em janeiro de 2018. preventivas para estar preparado para enfrentar incidentes desta
natureza. Na seção D.4.4 Medidas de mitigação do risco operacional
A identificação e avaliação do impacto deste risco têm permitido ao tais medidas são detalhadas.
Banco Santander transformar essa ameaça em uma oportunidade.

178 RELATÓRIO ANUAL 2016


» Quadro 1: Testes de Resistência (Stress Test)
Em julho passado, a Autoridade Bancária Europeia (EBA) publicou O resultado de tudo isso é que o nosso modelo de negócio,
os resultados de testes de resistência a que foram submetidos os estável e previsível, exige menos capital e carrega um menor
51 maiores bancos na União Europeia. custo de capital.

Desta vez, um nível mínimo de capital não foi estabelecido para Resultados dos Testes de Resistência da EBA
passar no teste, mas os resultados finais são usados como uma
variável para o BCE determinar os requisitos de capital mínimos Índice CET1 fully Índice CET1 fully
para cada banco (no âmbito do Supervisory Review and Evaluation loaded ST básico loaded ST básico
Process - SREP). % %

Este teste apresenta dois cenários macroeconômicos (básico e +299pb


adverso), tendo como ponto de partida a situação dos saldos 13,17
bancários no final de 2015 e com um horizonte de tempo de -199pb
10,19% 10,19
três anos, com 2018 como ponto de chegada. Este teste não é
comparável ao realizado em 2014, uma vez que é parte de um 8,20
cenário mais exigente e com hipóteses distintas.

O cenário adverso, com baixíssima probabilidade de ocorrência,


contempla uma forte depreciação do mercado macroeconômico
e financeiro, tanto na Europa quanto em outros países em que índice Impacto índice índice Impacto índice
CET1 CET1 CET1 CET1
o Banco Santander está presente. Por exemplo, para o conjunto Dez 15 ajustado Dez 15 ajustado
da Zona do Euro, pressupõem-se uma queda acumulada do PIB Dez 18 Dez 18
de 3%, declínios notáveis nos mercados de capital (-30%) e nos
preços da habitação (-11%) e o aumento dos spreads da dívida Em situações adversas, o Santander apresenta maior resistência
pública. que os concorrentes3 pela elevada geração recorrente de receitas
e resultados, devido ao seu modelo de banco comercial e a uma
Santander voltou a obter excelentes resultados, como nos diversificação geográfica única.
testes realizados nos últimos anos.
Variação CET1 2015 vs Variação CET1 2015 vs
No cenário adverso, o Santander é o banco que perde menos Cenário básico (pb) Cenário adverso (pb)
capital entre os concorrentes. O índice de capital CET1 fully
loaded caiu 199 pontos básicos (contra 335 da media), variando de C1 Santander
340 -199
10,2% em 2015 para 8,2% em 2018.
Santander 299 C1 -210
C2 210 C2 -230
No cenário básico, o Santander é a segunda entidade que gera
C3 170 C3 -240
mais capital entre os concorrentes. Portanto, não apenas perde
C4 120 C4 -240
menos capital, mas também gera mais.
C5 110 C5 -290
Em suma, o Santander apresenta maior resistência que os C6 110 C6 -310
concorrentes pela elevada geração recorrente de receitas e C7 110 C7 -320
resultados, devido ao seu modelo de banco comercial e a uma C8 100 C8 -330
diversificação geográfica única. C9 100 C9 -330
C10 70 C10 -340
C11 50 C11 -370
C12 40 C12 -410
C13 30 C13 -470
C14 -20 C14 -740

123 -335

4. Concorrentes: BBVA, BNP, Soc Gen, C.Agricole, Deutsche Bank, Commerzbank, Unicredit, Intensa Sanpaolo, ING, Nordea, Lloyds, HSBC, Barclays and RBS.

RELATÓRIO ANUAL 2016 179


5. Relatório de gestão de riscos  » Cenário e próximos desafios

» Quadro 2: Novo modelo de classificação e avaliação de


instrumentos financeiros (NIIF 9/IFRS 9)
1. Introdução • A maior parte dos ativos de renda fixa classificados como
Em julho de 2014, o International Accounting Standards Board ativos financeiros disponíveis para venda seja contabilizada em
(IASB) adoptou o Internacional Financial Reporting Standard valor justo com alterações em outro resultado total ou a custo
9 - Instrumentos Financeiros (IFRS 9 ou IFRS 9 por sua sigla amortizado. Não obstante, alguns destes ativos serão avaliados
em Inglês), para substituir o IAS 39 - Instrumentos Financeiros: em valor justo com alterações no resultado do período.
Reconhecimento e Mensuração após a orientações que surgiram
na reunião do G-20 Abril de 2009. • Os ativos de renda variável sejam contabilizados conforme a
NIIF 9 em valor justo com alterações no resultado, a menos que
A NIIF 9, que estabelece os requisitos de reconhecimento e a instituição opte, no caso de ativos que não sejam de trading,
mensuração tanto dos instrumentos financeiros quanto de por classificá-los de forma irrevogável em valor justo com
determinados tipos de contratos de compra e venda de itens não alterações em outro resultado total.
financeiros, será aplicada a partir de 1 de janeiro de 2018. Ela foi
endossada pela Comissão Europeia em novembro de 20164. • Os critérios estabelecidos pela NIC 39 para a classificação
e avaliação de passivos financeiros sejam mantidos
2. Modelo proposto pela NIIF 9 substancialmente de acordo com a NIIF 9. Não obstante,
Os principais aspectos contidos na nova norma são: na maior parte dos casos, as alterações alterações no valor
justo dos passivos financeiros designados em valor justo com
2.a Classificação dos instrumentos financeiros alterações no resultado, provocados pelo risco de crédito da
O critério de classificação dos ativos financeiros dependerá tanto instituição, serão registradas no patrimônio líquido.
do modelo de negócio para sua gestão como das características
de seus fluxos contratuais. Com base no que precede, o ativo será 2.b Modelo de depreciação por risco de crédito
avaliado a custo amortizado, em valor justo com mutações no A principal novidade com respeito à norma atual consiste em que
patrimônio líquido ou em valor justo com mutações no resultado o novo padrão contábil introduz o conceito do prejuízo esperado
do período. Além disso, a NIIF 9 estabelece a opção de designar em relação ao modelo atual (NIC 39) fundamentado no prejuízo
um instrumento em valor justo com mutações nos resultados sob incorrido.
determinadas condições.
Perímetro de aplicação
A principal atividade do Grupo Santander é a concessão de O modelo de depreciação de ativos da NIIF 9 se aplica aos ativos
operações de banco comercial, não concentrando sua exposição financeiros avaliados a custo amortizado, aos instrumentos de
em torno de produtos financeiros complexos. O principal dívida avaliados em valor justo por meio de outro resultado
objetivo do Grupo é buscar uma implementação homogênea completo, a créditos por leasing, bem como aos riscos e
da classificação de instrumentos financeiros nas carteiras compromissos contingentes não avaliados em valor justo.
estabelecidas de acordo com a NIIF 9 e, para isso, foram
desenvolvidos alguns modelos padronizados para permitir uma Utilização de soluções práticas na NIIF 9
classificação homogênea em todas as unidades. A NIIF 9 abrange uma série de soluções práticas que podem ser
empregadas pelas instituições a fim de facilitar sua implantação.
Atualmente, o Grupo está fazendo uma análise de suas carteiras No entanto, para atingir uma implantação completa e de alto
utilizando os modelos mencionados com o objetivo de associar os nível da norma e seguindo as melhores práticas da indústria, em
instrumentos financeiros à sua carteira correspondente de acordo geral estas soluções práticas não serão utilizadas:
com a NIIF 9.
• Presunção de aumento significativo do risco a partir de 30 dias
Com base na análise em curso, não havendo expectativas de que de inadimplência: este limite será utilizado como um indicador
ocorram variações significativas na composição das carteiras até adicional, mas não como um indicador primário do aumento
2018, o Grupo Santander espera que: significativo do risco.

• A maior parte dos ativos financeiros classificados como • Ativos com baixo risco de crédito na data do relatório: todos
empréstimos e recebíveis conforme a NIC 39 continue sendo os ativos serão avaliados, independentemente de poderem ser
contabilizada a custo amortizado conforme a NIIF 9. classificados como ativos de baixo risco.

5. Official Journal of the European Commission, Commission Regulation (EU) 2016/2067 of 22 November 2016

180 RELATÓRIO ANUAL 2016


Metodologia para estimar a depreciação Utilização de informações atuais, passadas e futuras
A carteira de instrumentos financeiros sujeitos a depreciação será Atualmente, o Grupo utiliza informações futuras em processos
dividida em três categorias ou fases, atendendo à fase em que regulatórios e de gestão interna, incorporando diversos cenários.
se encontre cada instrumento referente ao seu nível de risco de Neste sentido, o Grupo reaproveitará sua experiência na
crédito: gestão de informações futuras e manterá a consistência com as
informações usadas nos demais processos.
• Fase 1: se entenderá que um instrumento financeiro está nesta
fase quando não tiver ocorrido um aumento significativo no Registro da depreciação
risco desde o seu reconhecimento inicial. Nesse caso, a correção A principal novidade com respeito à norma atual consiste
da avaliação por perdas refletirá as perdas creditícias estimadas em que, no caso dos ativos mensurados em valor justo com
e resultantes de possíveis inadimplências no decorrer dos 12 modificações em outro resultado completo, será refletida a parte
meses seguintes à data do relatório. das modificações no valor justo devido a prejuízos de crédito
esperados na demonstração do resultado do exercício em que
• Fase 2: se tiver ocorrido um aumento significativo do risco ocorre a variação, refletindo o restante em outro resultado
desde a data em que foi reconhecido inicialmente, sem que a completo.
depreciação tenha se materializado, o instrumento financeiro
se enquadrará nesta fase. Neste caso, o montante relativo à 2.c Contabilização de coberturas
correção de valor por perdas refletirá as perdas esperadas por A NIIF 9 inclui novos requisitos em hedge accounting que
defaults ao longo da vida residual do instrumento financeiro. têm dois objetivos: simplificar os requisitos atuais e alinhar
Para a avaliação do aumento significativo do risco de crédito o hedge accounting com a gestão de riscos, permitindo uma
serão considerados os indicadores quantitativos de mensuração maior variedade de instrumentos financeiros de derivativos que
utilizados na gestão ordinária do risco de crédito, bem como poderiam ser considerados como instrumentos de hedge.
outras variáveis qualitativas tais como a indicação de que uma
operação não depreciada for considerada como refinanciada, ou Além disso, são necessários detalhamentos adicionais que
operações incluídas em um acordo especial de sustentabilidade proporcionem informações úteis sobre o efeito do hedge
da dívida. accounting nas demonstrações financeiras, bem como a
estratégia de gestão de riscos da instituição.
• Fase 3: um instrumento financeiro será catalogado nesta fase
quando mostrar sinais efetivos de depreciação como resultado O tratamento das macrocoberturas está sendo desenvolvido
de um ou mais eventos já ocorridos que serão materializados como um projeto separado da NIIF 9. As instituições têm a opção
em uma perda. Neste caso, o montante relativo à correção de continuar aplicando o estabelecido pela NIC 39 com respeito
de valor por perdas refletirá as perdas esperadas por risco de às coberturas contábeis até a conclusão desse projeto. De acordo
crédito ao longo da vida residual esperada do instrumento com a análise efetuada até a presente data, o Grupo espera
financeiro. continuar aplicando a NIC 39 nas suas coberturas contábeis.

A metodologia requerida para a quantificação do prejuízo 2.d Transição


esperado por eventos de crédito se baseará em uma consideração A NIIF 9 foi adotada pela União Europeia. Os critérios
não tendenciosa e ponderada pela probabilidade de ocorrência de estabelecidos por essa norma para a classificação e avaliação,
um leque de possíveis cenários futuros que possam impactar na bem como para a depreciação dos ativos financeiros, serão
cobrança dos fluxos de caixa contratuais, considerando sempre aplicados de forma retroativa, ajustando o saldo de abertura na
tanto o valor temporal do dinheiro como todas as informações data da primeira aplicação.
disponíveis e relevantes sobre fatos passados, condições atuais
e previsões de evolução dos fatores macroeconômicos que se 2.e Estratégia de implantação da NIIF 9
demonstrem relevantes para estimar este valor (por exemplo PIB, O Grupo tem estabelecido um projeto global e multidisciplinar
preço do imóvel residencial, taxa de desemprego, etc.). com o objetivo de adaptar seus processos à nova norma de
classificação de instrumentos financeiros, hedge accounting
Para avaliar os parâmetros empregados para estimar a perda e de estimativa da depreciação do risco de crédito, para que
estimada (EAD, PD, LGPD e taxa de desconto), o Grupo esses processos sejam aplicados de forma homogênea em
aprimorou sua experiência no desenvolvimento de modelos todas as unidades do Grupo e, ao mesmo tempo, adaptados às
internos para o cálculo de parâmetros tanto no âmbito particularidades de cada unidade.
regulatório quanto para efeitos de gestão. O Grupo é consciente
das diferenças existentes entre esses modelos e os requisitos Para isso, em 2016 o Grupo trabalhou na definição de um modelo
da norma de provisões e, por isso, está focando seus esforços interno objetivo e na análise do conjunto de modificações
na elaboração e adaptação às particularidades dessa norma no necessárias para adaptar as classificações contábeis e os modelos
desenvolvimento dos modelos para a NIIF 9. de estimativa da depreciação do risco de crédito vigente em cada
unidade em relação ao que foi previamente definido.

RELATÓRIO ANUAL 2016 181


5. Relatório de gestão de riscos  » Cenário e próximos desafios

Em princípio, a estrutura de governança implementada 2.g Diretrizes e normas complementares


atualmente tanto em nível corporativo como em cada uma das Complementando as normas emitidas pelo IASB, vários órgãos
unidades cumpre os requisitos da nova norma. reguladores e de supervisão emitiram considerações adicionais
tanto sobre o modelo de depreciação de ativos financeiros da
Quanto à estrutura de governança do projeto, o Grupo NIIG 9 quanto sobre elementos diretamente relacionados ao
organizou uma reunião periódica de gestão do projeto e uma modelo. Entre esses, destacam-se os seguintes documentos e
equipe de trabalho para realizar as respectivas tarefas, bem iniciativas:
como para garantir o envolvimento das equipes responsáveis
correspondentes e a coordenação com todas as áreas geográficas. • Autoridade Bancária Europeia (EBA) – Draft guidelines on
credit institutions’ Credit risk management practices and
Neste sentido, as principais divisões envolvidas no mais alto accounting for Expected Credit Losses (julho de 2016, status de
nível no projeto e, portanto, representadas nos órgãos de anos consulta): o objetivo do documento é transferir para as normas
de governança do projeto mencionados anteriormente são as europeias as diretrizes elaboradas pelo Comitê de Supervisão
de Riscos, Intervenção Geral e Controle de Gestão, bem como Bancaria de Basileia, proporcionando práticas adequadas de
Tecnologia e Operações. Também contamos com a participação gestão do risco de crédito em relação à execução do cálculo das
da divisão de Auditoria Interna e, ao mesmo tempo, o plano de perdas creditícias estimadas.
implementação é compartilhado com o auditor externo e são
feito acompanhamentos regulares sobre o estado do projeto. • Autoridade Bancária Europeia (EBA) – The EBA 2017 Annual
Work Programme (setembro de 2016): estabelece um plano
2.f Principais fases e metas do projeto de trabalho que inclui, por exemplo, uma análise quantitativa
Neste exercício, o Grupo finalizou satisfatoriamente a fase e qualitativa da NIIF 9 como resultado das normas técnicas e
de projeto e desenvolvimento do plano de implantação. As diretrizes que a EBA irá desenvolver para prestar assessoria nas
principais metas alcançadas compreendem: áreas de contabilidade e auditoria.

• Completar a definição dos requisitos funcionais, técnicos e • Banco Central Europeu – Draft guidance to banks on non-
metodológicos, bem como o projeto de um modelo operacional performing loans (setembro de 2016, status de consulta):
adaptado aos requisitos da NIIF 9. compreende um conjunto de diretrizes de supervisão em
matéria de exposição à inadimplência, estabelecendo um
• Executar um plano de treinamento do pessoal que possa se conjunto de melhores práticas para as entidades de gestão de
envolver ou ser impactado com a aplicação da norma. risco europeias.

• No âmbito de sistemas, foram identificadas as necessidades do • Comitê de Supervisão Bancária de Basileia – Discussion paper
ambiente tecnológico como também as adaptações necessárias on regulatory treatment of accounting provisions (outubro
para o marco de controle existente. de 2016, status de consulta): o objetivo deste documento é
propor alternativas para a interação entre capital regulamentar
Atualmente, o Grupo se encontra na fase de implantação dos e as provisões seguintes à entrada em vigor dos modelos de
modelos e requisitos definidos. perda estimada para o cálculo das provisões. Nesse documento
são propostas diferentes abordagens e um tratamento
Nesta etapa, o objetivo do Grupo é garantir uma implementação particular das provisões durante o período de transição.
eficiente, otimizando seus recursos, bem como os projetos
elaborados em etapas anteriores. • Financial Accounting Standards Board (FASB) – Accounting
Standard Update Number 2016-13, Financial Instruments,
Concluída a fase de implantação, o Grupo irá assegurar o credit losses (junho de 2016, status final): versão final das
funcionamento eficaz do modelo através de várias simulações. normas contábeis dos EUA, incluindo o cálculo da perda
Esta última etapa compreende a execução paralela dos cálculos estimada para as entidades que devem publicar seus relatórios
de provisões, como complemento às simulações internas que financeiros, em conformidade com as disposições do FASB.
o Grupo vem realizando durante as distintas fases do projeto e
à participação do Grupo nos diferentes exercícios de impactos
realizados pelos reguladores.

182 RELATÓRIO ANUAL 2016


RESUMO EXECUTIVO
180 A. PILARES DA FUNÇÃO DE RISCOS
B. MODELO DE CONTROLE E GESTÃO DE RISCOS - Advanced Risk Management
C. CENÁRIO E PRÓXIMOS DESAFIOS
D. PERFIL DE RISCO
1. Risco de crédito
2. Risco de mercado de negociação e estruturais
4. Risco de liquidez e financiamento
5. Risco operacional
5. Risco de compliance e conduta
6. Risco de modelo
7. Risco estratégico
8. Risco de capital
ANEXO: TRANSPARÊNCIA EDTF

D. PERFIL DE RISCO
D.1. Risco de crédito
» Organização da seção • O segmento de PME, empresas e instituições inclui as pessoas
jurídicas e as pessoas físicas com atividade empresarial. Também
Após uma introdução ao conceito de risco de crédito e segmentação inclui as entidades do setor público em geral e as entidades do
que o Grupo usa para o seu tratamento, apresentam os principais setor privado sem fins lucrativos.
indicadores de 2016 e sua evolução [pág. 184-191].
• O segmento Santander Global Corporate Banking (SGCB) é
Adiante se relacionam as principais regiões geográficas, detalhando composto de clientes corporativos, instituições financeiras e
as características mais relevantes do ponto de vista do risco de soberanas, que compõem uma lista fechada revista anualmente.
crédito [pág. 192-201]. Esta lista é determinada em função de uma análise completa
da empresa (negócio, países em que opera, tipos de produtos
Em seguida, apresentam-se os aspectos qualitativos e quantitativos que utiliza, volume de receitas que representa para o Banco,
de outras visões de risco de crédito, incluindo informação sobre os antiguidade na relação com o cliente, etc).
mercados financeiros, o risco de concentração, o risco país, o risco
soberano e risco ambiental [pág. 202-209]. O gráfico seguinte mostra a distribuição do risco de crédito em
função do modelo de gestão.
Finalmente, inclui-se uma descrição do ciclo do risco de crédito
no Grupo Santander, com explicação detalhada das várias etapas Distribuição de risco de crédito
que fazem parte das fases de pré-venda, venda e pós-venda, bem
como as principais métricas de gerenciamento de risco de crédito SGCB
15%
[pág. 209-214].

Pessoas físicas
» D.1.1. Introdução ao tratamento 56%
do risco de crédito
PME, empresas
O risco de crédito é originado pela possibilidade de perdas derivadas e instituições
29%
do descumprimento total ou parcial das obrigações contratuais
acordadas nas transações financeiras contraídas com o Grupo por
parte de seus clientes ou contrapartes.
O perfil do Grupo Santander é principalmente varejista, sendo que
A segmentação do ponto de vista de gestão do risco de crédito 85% do risco total é gerado pelo negócio de banco comercial.
baseia-se na distinção entre três tipos de clientes:

• O segmento de pessoas físicas inclui todas as pessoas físicas, com


exceção daquelas com uma atividade empresarial. Este segmento,
por sua vez, divide-se em subsegmentos por nível de rendas, o que
permite uma gestão do risco adequada ao tipo de cliente.

RELATÓRIO ANUAL 2016 183


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

» D.1.2. Principais magnitudes e evolução


D.1.2.1. Mapa global de risco de crédito 2016
A tabela a seguir mostra detalhadamente o mapa global de risco de
crédito, expresso em valores nominais (com exceção da exposição em
derivativos e acordos de recompra expressos em equivalentes de risco
de crédito), ao qual o grupo estava exposto em 31 de dezembro de 2016.

Exposição bruta ao risco de crédito, classificada por região


Milhões de euros

Derivativos
Crédito para pessoas e Contratos
Créditos a clientes jurídicas2 Renda fixa 3
de Recompra
Disponível1 Disponível Disponível Disponível Soberana Privada REC4 Total
Europa Continental 334.720 80.126 27.960 809 52.405 11.927 18.861 526.807
Espanha 205.961 65.370 20.923 368 38.490 6.306 16.708 354.126
Alemanha 34.562 1.099 2.032 - 203 103 - 37.999
Portugal 31.827 4.756 1.425 378 6.119 4.076 1.868 50.448
Otros 62.370 8.902 3.579 63 7.594 1.442 286 84.235
Reino Unido 239.446 46.574 20.921 - 12.208 8.539 17.968 345.656
Latinoamérica 163.484 44.454 32.889 24 32.645 6.981 7.695 288.171
Brasil 78.941 26.636 20.011 23 20.344 5.090 4.583 155.628
Chile 40.401 10.310 2.889 0 3.517 1.608 1.322 60.046
México 28.809 6.461 4.575 - 7.345 270 1.765 49.224
Otros 15.334 1.048 5.414 - 1.439 14 25 23.273
Estados Unidos 83.912 26.966 10.513 230 9.255 8.226 30 139.132
Outros países 681 302 79 - - 56 - 1.118
Total Grupo 822.244 198.421 92.361 1.062 106.513 35.730 44.554 1.300.885
% s/Total 63,2% 15,3% 7,1% 0,1% 8,2% 2,7% 3,4% 100,0%
Var. s/ Dez-15 (2,1%) 1,8% 3,7% 67,6% 11,3% (5,7%) (14,5%) (0,7%)

Evolução exposição bruta ao risco de crédito


Milhões de euros
2016 2015 2014 Var.s/15 Var.s/14
Europa Continental 526.807 529.030 480.551 (0,4%) 9,6%
Espanha 354.126 365.071 333.227 (3,0%) 6,3%
Alemanha 37.999 35.069 32.929 8,4% 15,4%
Portugal 50.448 53.622 43.754 (5,9%) 15,3%
Otros 84.235 75.267 70.641 11,9% 19,2%
Reino Unido 345.656 382.366 349.169 (9,6%) (1,0%)
Latinoamérica 288.171 248.292 264.459 16,1% 9,0%
Brasil 155.628 131.673 160.532 18,2% (3,1%)
Chile 60.046 49.034 46.084 22,5% 30,3%
México 49.224 46.681 43.639 5,4% 12,8%
Otros 23.273 20.905 14.204 11,3% 63,8%
Estados Unidos 139.132 149.609 123.758 (7,0%) 12,4%
Outros países 1.118 896 450 24,8% 148,1%
Total Grupo 1.300.885 1.310.193 1.218.387 (0,7%) 6,8%
1. Saldos com clientes incluem passivos contingentes (detalhadas no "Relatório de Auditoria e Demonstrações Financeiras", nota 35) e excluem Contratos de Recompra (14.244
milhões de euros) e outros ativos financeiros de crédito a clientes (19.023 milhões de euros)).
2. Os saldos com instituições de crédito e bancos centrais incluem passivos contingentes e excluem Contratos de Recompra, carteira comercial e outros ativos financeiros.
4. O total de renda fixa exclui a carteira de negociação.
5. REC (Risco Equivalente de Crédito: valor líquido de reposição mais o valor potencial máximo. Inclui mitigantes).

A exposição bruta (crédito a clientes, entidades, renda fixa, O risco se encontra diversificado entre las principais regiões
derivativos e acordos de recompra) ao risco de crédito em 2016 subiu geográficas em que o Grupo está presente: Europa continental, 40%;
para 1.300.885 milhões de euros. Reino Unido, 27%; América Latina, 22%, e Estados Unidos, 11%.

Predomina o crédito a clientes e instituições de crédito, Durante 2016, a exposição ao risco de crédito experimentou um declínio
considerando em conjunto 86% do total. de 0,7%, principalmente devido ao efeito da exposição de crédito mais
baixa no Reino Unido (motivado pelo efeito da taxa de câmbio).

184 RELATÓRIO ANUAL 2016


Mudanças no perímetro A carteira incorporada apresentou uma taxa de inadimplência em
Em 2016 concluiu a incorporação no negócio de acordo de torno de 1,9% no final de dezembro, seguindo a tendência observada
financiamento ao consumidor com PSA (joint venture a 50% do no ano anterior.
Banque PSA Finance e Santander Consumer Finance - SCF), cujo
principal objetivo é financiar a compra de carros da Peugeot , Citroën A cobertura da nova incorporação se situa em níveis de cerca de
e DS por parte dos clientes finais, bem como operações com veículos 100%, semelhante às do SCF. Com as incorporações realizadas ao
em concessionárias das três marcas francesas. Esta incorporação longo de 2016 se dá por concluído o processo de incorporação deste
significou um aumento de cerca de 8.176.000 € de exposição em negócio.
dezembro de 2016.
D.1.2.2. Evolução dos indicadores em 2016
Essa aliança permitiu que a SCF reforçasse a sua posição no mercado,
fortalecendo sua presença em países onde já tem exposição, como a A seguir, são mostradas as principais magnitudes relacionadas com o
Alemanha e a Itália, e entrando em novos mercados como a Bélgica, risco de crédito derivado da atividade com clientes:
ampliando assim o seu perímetro.

Principais indicadores do risco de crédito derivado da atividade com clientes

Risco de crédito com clientes2 Inadimplência Índice de inadimplência


(milhões de euros) (milhões de euros) (%)
2016 2015 2014 2016 2015 2014 2016 2015 2014
Europa continental 331.706 321.395 310.008 19.638 23.355 27.526 5,92 7,27 8,88
Espanha 172.974 173.032 182.974 9.361 11.293 13.512 5,41 6,53 7,38
Santander Consumer Finance 88.061 76.688 63.654 2.357 2.625 3.067 2,68 3,42 4,82
Portugal 5 30.540 31.922 25.588 2.691 2.380 2.275 8,81 7,46 8,89
Polônia 21.902 20.951 18.920 1.187 1.319 1.405 5,42 6,30 7,42
Reino Unido 255.049 282.182 256.337 3.585 4.292 4.590 1,41 1,52 1,79
Latinoamérica 173.150 151.302 161.974 8.333 7.512 7.767 4,81 4,96 4,79
Brasil 89.572 72.173 90.572 5.286 4.319 4.572 5,90 5,98 5,05
México 29.682 32.463 27.893 819 1.096 1.071 2,76 3,38 3,84
Chile 40.864 35.213 33.514 2.064 1.980 1.999 5,05 5,62 5,97
Argentina 7.318 6.328 5.703 109 73 92 1,49 1,15 1,61
Estados Unidos 91.709 90.727 76.014 2.088 1.935 1.838 2,28 2,13 2,42
Porto Rico 3.843 3.924 3.871 274 273 288 7,13 6,96 7,45
Santander Bank 54.040 54.089 45.817 717 627 647 1,33 1,16 1,41
SC USA 28.590 28.280 22.782 1.097 1.034 903 3,84 3,66 3,97
Total Grupo 855.510 850.909 804.084 33.643 37.094 41.709 3,93 4,36 5,19

Índice de cobertura Provisão líquida de ASR33 Custo do crédito


(%) (milhões de euros) (% s/risco)4
2016 2015 2014 2016 2015 2014 2016 2015 2014
Europa continental 60,0 64,2 57,2 1.342 1.975 2.880 0,44 0,68 1,01
Espanha 48,3 48,1 45,5 585 992 1.745 0,37 0,62 1,06
Santander Consumer Finance 109,1 109,1 100,1 387 537 544 0,47 0,77 0,90
Portugal 5 63,7 99,0 51,8 54 72 124 0,18 0,29 0,50
Polônia 61,0 64,0 60,3 145 167 186 0,70 0,87 1,04
Reino Unido 32,9 38,2 41,9 58 107 332 0,02 0,03 0,14
Latinoamérica 87,3 79,0 84,5 4.911 4.950 5.119 3,37 3,36 3,70
Brasil 93,1 83,7 95,4 3.377 3.297 3.682 4,89 4,50 4,91
México 103,8 90,6 86,1 832 877 756 2,86 2,91 2,98
Chile 59,1 53,9 52,4 514 567 521 1,43 1,65 1,75
Argentina 142,3 194,2 143,3 107 148 121 1,72 2,15 2,54
Estados Unidos 214,4 225,0 193,6 3.208 3.103 2.233 3,68 3,66 3,31
Porto Rico 54,4 48,5 55,6 96 85 55 2,58 2,12 1,43
Santander Bank 99,6 114,5 109,4 120 64 26 0,23 0,13 0,06
SC USA 328,0 337,1 296,2 2.992 2.954 2.152 10,72 10,97 10,76
Total Grupo 73,8 73,1 67,2 9.518 10.108 10.562 1,18 1,25 1,43
1. (1) SCF inclui PSA nos dados de 2015 e 2016.
2. (2) Inclui créditos brutos a clientes, avais e cartas de crédito.
3. Ativos Pendentes Recuperados (1.582 milhões de euros).
4. Custo de crédito = provisões para insolvências doze meses / média de empréstimos.
5. Portugal inclui o Banif nos dados de 2015 e 2016.
NOTA: Foram reelaborados os dados de 2014 pela transferência das unidades do Banco Santander International e da sucursal de Nova York para os EUA.

RELATÓRIO ANUAL 2016 185


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

Em 2016, o risco de crédito com clientes aumentou ligeiramente em As provisões totais para insolvência são de 24,835 milhões de euros,
cerca de 0,6%, principalmente pelos aumentos de Brasil, SCF e Chile, elevando o índice de cobertura do Grupo em 74%. É importante
que compensam a redução no Reino Unido, motivada principalmente considerar que o índice é afetado para baixo pelo peso das carteiras
pelo efeito da taxa de câmbio. O crescimento, em moeda local, é hipotecárias (especialmente no Reino Unido e na Espanha) que, por
generalizado, destacando-se o Reino Unido. terem garantia, requerem menores provisões no balanço.

Esses níveis de investimentos, junto com uma queda da Conciliação dos principais indicadores
inadimplência para 33.643 milhões de euros (9% em relação a 2015), No relatório financeiro consolidado é detalhada a carteira de crédito
reduzem o índice de inadimplência do Grupo para 3,93%. a clientes, mostrando os fundos brutos e líquidos. O risco de crédito
inclui o risco de subscrição. A tabela a seguir mostra a relação entre
Para a cobertura desta inadimplência, o Grupo contabilizou provisões os conceitos que compõem estes indicadores.
para insolvência de 9.518 milhões de euros (-6% em relação a 2015),
após a dedução de falidos recuperados. Este declínio se materializa
em uma queda no custo do crédito para 1,18%, o que representa 7 pb
menos do que o ano anterior.

Cifras em milhões de euros

RISCO DE CRÉDITO COM CLIENTES 855.510*


CAPÍTULO
Recompra, outros ativos RISCO DE CRÉDITO
Disponível clientes financeiros
Repartição 1 822.244** 33.266 * Tabela Principais
indicadores

Empréstimos Risco de fiança ** Tabela Exposição


(crédito a clientes) bruta ao risco
Repartição 2 42.370 de crédito
813.140

INVESTIMENTO EM CRÉDITO
(CRÉDITO PARA CLIENTELA)
813.140

Ajuste Risco
País e Outros +1.723

CRÉDITOS A CLIENTES (BRUTO) 814.863

Carteira de Valor
Empréstimos e recebíveis negociação justo
787.763 9.504 17.596 BALANÇO DO CAPÍTULO
RELATÓRIO FINANCEIRO
CONSOLIDADO

Fundos
(24.393) Ativo: empréstimos:
créditos para clientes
763.370 9.504 17.596

CRÉDITOS A CLIENTES (LÍQUIDO) 790.470

186 RELATÓRIO ANUAL 2016


Distribuição geográfica e segmentação
Considerando a segmentação descrita acima, a distribuição
geográfica e a posição da carteira ficam como se mostra nos gráficos
seguintes:
Milhões de euros
Total
Outros Espanha 821.867 813.815
20% 20% 762.375

Brasil
Total 10%
Estados Unidos
11% 855.510
Chile Não duvidoso 
5%
Duvidoso 33.643 37.094 41.709
Portugal Reino Unido
4% 30%
2016 2015 2014

Indivíduos
Espanha
Outros 11%
23%
469.450 472.807
Brasil 436.612
7%

Total

Estados Unidos 483.182


10%
Não duvidoso 
Chile Reino Unido
5% Duvidoso
40% 13.732 16.204 17.482
Portugal
4%
2016 2015 2014

PME, empresas e instituições

Outros 228.303
16% Espanha 211.612
29% 199.657

Estados Unidos
14% Total

245.607
Chile Não duvidoso 
6% Brasil 20.869
Duvidoso 17.304 17.137
10%
Portugal
4%
Reino Unido 2016 2015 2014
21%

SGCB
Outros
19% 129.397
Espanha 124.113 126.107
38%

Estados Unidos Total


8%
Chile 126.721
3%
Portugal Não duvidoso 
2%
Duvidoso
Reino Unido 2.607 3.752 3.357
7%
Brasil
23% 2016 2015 2014

RELATÓRIO ANUAL 2016 187


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

A seguir, comentam-se os principais indicadores por região Carteira em situação normal: valores vencidos a receber
geográfica: Os montantes de pagamentos em atraso por períodos inferiores a
três meses representam 0,32% do total de risco de crédito a clientes.
• Europa Continental A tabela a seguir apresenta a composição em 31 de Dezembro, 2016,
classificada de acordo com a antiguidade do vencimento:
• Na Espanha5 , o índice de inadimplência situou-se em 5,41%
(-112 pb em relação a 2015), devido à evolução favorável dos Valores vencidos pendentes de cobrança
pagamentos em atraso por entradas menores na maioria das Milhões de euros
carteiras e, em menor medida, por normalização de posições
Menos De 1 a 2 De 2 a 3
reestruturadas e vendas de carteiras. O índice de cobertura de 1 mês meses meses
permanece em 48% (estável no ano).
Depósitos em instituições de crédito 20 1 -

• Portugal experimenta uma tendência de queda na inadimplência Crédito a clientes 1.672 659 393
devido a entradas menores nos principais segmentos e a vendas Administrações públicas 8 2 -
de carteiras, embora os ajustes feitos pela aquisição do Banif
Outros setores privados 1.664 657 393
coloquem a taxa de inadimplência em 8,81% (+135 pb no que diz
respeito a 2015) e o índice de cobertura em 64%. Instrumentos de dívida - - -
Total 1.692 660 393
• Na Polônia continua a tendência de queda na taxa de
inadimplência para se situar em 5,42% (-88 pb em relação a 2015).
O índice de cobertura situa-se em 61%. Carteira duvidosa e provisões: evolução e composição
Os ativos de liquidação duvidosa são classificados como:
• No Santander Consumer a taxa de inadimplência, depois da
ampliação do perímetro, situou-se em 2,68% (-74 pb no ano), com • Ativos duvidosos por causa dos atrasos de contraparte:
bom desempenho global das carteiras de praticamente todos os instrumentos de dívida, qualquer que seja o titular ou a garantia,
países. O índice de cobertura permanece em 109%. que têm algum valor em atraso há mais de 90 dias.

• O Reino Unido6 reduziu a sua taxa de inadimplência, situando-


se em 1,41% (-11 pb no ano), devido ao bom comportamento
generalizado em todos os segmentos, em especial de PME e A cobertura desses ativos, no caso de exposições individualmente
pessoas físicas. A taxa de cobertura, por sua vez, se situa em 33%. significativas, é a diferença entre o valor nominal do ativo e o valor
atual dos fluxos de caixa que se espera receber.
• O Brasil7, em um ambiente macroeconômico adverso, a gestão de
riscos proativa permite uma diminuição da taxa de inadimplência • Ativos duvidosos por razões distintas da inadimplência
de 5,90% (-8 pb no ano). O índice de cobertura ficou em 93%. da contraparte: são instrumentos de dívida nos quais, sem a
ocorrência de razões para classificá-los como duvidosos por causa
• O Chile reduziu sua taxa de inadimplência, situando-a em 5,05% da inadimplência, há dúvida razoável sobre seu reembolso nos
(-57 pb no ano), graças ao bom desempenho da inadimplência na termos acordados contratualmente. A cobertura destes ativos, no
maioria dos segmentos, com destaque ao de pessoas físicas. O caso de exposições individualmente significativas, é a diferença
índice de cobertura alcançou 59%. entre o valor registrado do ativo e o valor atual dos fluxos de caixa
que se espera cobrar.
• No México, a taxa de inadimplência caiu para 2,76% (-62 pb no ano),
devido à queda da inadimplência, principalmente nos setores de
pessoas físicas e de atacado. O índice de cobertura ficou em 104%.

• Nos Estados Unidos8 a taxa de inadimplência situou-se em 2,28%


(+15 pb no ano) e o índice de cobertura permaneceu em níveis
elevados, atingindo 214%.

• No Santander Bank a taxa de inadimplência situou-se em 1,33%


(+16 pb), como resultado do aumento ocorrido no setor de
Petróleo e Gás no primeiro trimestre, embora haja uma evolução
positiva desde então. A cobertura subiu para 100%.

• Quanto ao SC USA, a alta rotatividade da carteira e a


precoce gestão da inadimplência permitem colocar a taxa de
inadimplência em 3,84% e elevar a cobertura para 328%.

• Porto Rico, por sua vez, aumentou a taxa de inadimplência,


atingindo 7,13%, enquanto que a cobertura aumentou para 54%.

5. Não inclui atividade imobiliária. Mais detalhes na seção D.1.3.2. Espanha.


6. Mais detalhes na seção D.1.3.1. Reino Unido.
7. Mais detalhes na seção D.1.3.4 Brasil.
8. Mais detalhes na seção D.1.3. Estados Unidos.

188 RELATÓRIO ANUAL 2016


A figura a seguir mostra a evolução dos saldos duvidosos segundo os Evolução 2014- 2016
conceitos que o compõem: Milhões de euros
2014 2015 2016
Evolução dos pagamentos em atraso Fundos (início do período) 25.681 28.046 27.121
pelos conceitos que a compõem
Milhões de euros De ativos depreciados 19.118 19.786 17.706
De outros ativos 6.563 8.260 9.414
7.362 1.946 (12.758)
Provisão bruta ativos
37.094 depreciados e consolidação 11.766 10.670 11.045
33.643
Provisão 11.766 10.670 11.045
Consolidações - - -
Provisão outros de ativos 156 814 52
Diferenças de câmbio e outros 2.271 (48) (625)

Inadimplência Receitas líquidas Perímetro Incobráveis Inadimplência Incobráveis (11.827) (12.361) (12.758)
2015 e Taxa de 2016
câmbio Fundos (fim do período) 28.046 27.121 24.835

Evolução 2014- 2016 Carteira reconduzida


Milhões de euros O Grupo Santander define recondução de dívidas como a
modificação das condições de pagamento de uma operação que
2014 2015 2016
permitem que um cliente com dificuldades financeiras (atuais
Inadimplência (início ou previsíveis) cumpra suas obrigações de pagamento e, se tal
do período) 41.652 41.709 37.094
modificação não tivesse ocorrido, existiria uma certeza razoável
Entradas líquidas 9.652 7.705 7.362 de ele não poder cumprir essas obrigações de pagamento. A
Perimetro 497 106 734 modificação pode ser na mesma operação original ou por meio
Diferenças de de uma nova operação que a substitui. Estas modificações estão
câmbio e outros 1.734 (65) 1.211 acompanhadas de concessões por parte do banco (condições mais
Incobráveis (11.827) (12.361) (12.758) favoráveis que as estabelecidas pelo mercado).
Inadimplência (fim
do período) 41.709 37.094 33.643 O Grupo conta com uma detalhada política de recuperação de
dívidas de clientes, que é usada como referência nas diferentes
transposições locais de todas as entidades financeiras que formam
o Grupo e que compartilham os princípios estabelecidos tanto
Evolução das provisões para insolvência de
acordo com os conceitos que a compõem na Circular do Banco de España 6/2012, quanto nos critérios
Milhões de euros técnicos publicados em 2014 pela Autoridade Bancaria Europeia,
desenvolvendo-os de forma mais granular em função do nível de
52 depreciação dos clientes.
11.045 (12.758)

(625) Esta política estabelece critérios rigorosos para a avaliação, a


27.121 24.835 classificação e o acompanhamento destas operações, assegurando
De outros ativos
9.414 De outros ativos o máximo cuidado e diligência na sua concessão e vigilância.
9.369 Destacam, entre outros, os seguintes princípios:

De ativos depreciados De ativos depreciados • A operação de recondução deve estar focada na recuperação dos
17.706 15.466 montantes devidos; as obrigações de pagamento devem se adaptar
às condições reais do cliente, e se forem estimadas quantias
irrecuperáveis, será necessário reconhecer a perda o quanto antes.
Provisão Provisão Provisão ou- Diferenças Incobráveis Fundos
2015 bruta ativos tros ativos de câmbio 2016 • Em hipótese alguma as reconduções serão utilizadas para atrasar o
depreciados e outros
e consoli- reconhecimento imediato das perdas ou para que seu uso desvie o
dações oportuno reconhecimento do risco de inadimplência.

• Se for considerado que, a fim de maximizar os resultados


recuperatórios, houver a necessidade de fazer uma nova
recondução, esta poderá ser realizada, garantindo sempre

RELATÓRIO ANUAL 2016 189


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

o oportuno reconhecimento do risco e sem incentivar a Superado este período, a operação deixa de ser considerada
inadimplência por parte do cliente. duvidosa, embora continue sujeita a um período de teste em
vigilância especial. Este acompanhamento é mantido enquanto se
• A recondução deve contemplar sempre a manutenção das garantias considerar que pode ter dificuldades financeiras, tenha transcorrido
existentes e, se for possível, melhorá-las. um prazo mínimo de dois anos, o titular tenha pago as parcelas
acumuladas de principal e juros desde a data em que foi formalizada
• As decisões de recondução devem partir de uma análise da a reestruturação ou refinanciamento, e que o titular não tenha
operação em um nível adequado da organização que seja distinto nenhuma outra operação com montantes vencidos há mais de 30
daquele que a concedeu originalmente ou, se for o mesmo, deverá dias no final do período de teste.
ser submetida a uma revisão por um nível ou órgão de decisão
superior. Com relação ao volume de recuperação, o total da carteira em
dezembro se situa em 48.460 milhões, com os seguintes detalhes9.
Além disso, deverão ser estabelecidos os pressupostos para
considerar operações com dificuldade financeira e, portanto, de Volume de recuperação de crédito
recondução. Neste sentido, embora a consideração de dificuldade Milhões de euros
financeira fique a critério do analista ou administrador, com base em
Não
uma série de indicadores de risco (nível elevado de endividamento, duvidosos Duvidoso Risco total
quedas na cifra de negócios, estreitamento de margens, dificuldades
%
de acesso aos mercados, operações incluídas em um acordo de Cobertura
sustentabilidade da dívida, riscos de titulares declarados processo de Montante Montante Montante s/total
insolvência sem pedido de liquidação, etc.), é uma razão suficiente Total de
para que esta seja considerada como uma recondução, se a operação reconduções 29.770 18.690 48.460 23%
apresentou irregularidades há mais de 30 dias pelo menos uma vez
nos três meses anteriores à sua modificação.
O nível de recuperação de crédito do Grupo diminuiu 14,5%, em linha
Por outro lado, são definidos os critérios de classificação das com a tendência dos anos anteriores. Em resposta à qualificação de
operações reconduzidas a fim de ter os riscos reconhecidos crédito, 39% da carteira recuperada é classificada como de créditos
adequadamente. As operações que não estiverem classificadas de recuperação duvidosa, com uma cobertura de 59% dos créditos de
como duvidosas na data da recondução são, em geral, consideradas cobrança duvidosa (23% do total da carteira).
normais em vigilância especial. Por outro lado, caso as operações
devam permanecer classificadas como risco duvidoso por não Métricas de gestão10
cumprirem, no momento da recondução, os requisitos para Na gestão de risco de crédito são usadas métricas além das
reclassificação a outra categoria, devem cumprir um calendário discutidas nas seções anteriores, entre as quais a VMG (Variação de
prudencial de pagamento de 12 meses para assegurar uma razoável Morta de Gestão) e a de perdas esperadas. Ambas permitem que ao
certeza da recuperação da capacidade de pagamento. gerente formar um quadro completo da evolução e das perspectivas
futuras da carteira.

A VMG é obtida como resultado do saldo final menos o saldo inicial


dos atrasados do período considerado, mais os falidos deste período,
menos os ativos pendentes recuperados do período idêntico. Isso é
muitas vezes considerado em relação à média de investimentos que
a gera, resultando no que é conhecido como prêmio de risco, cuja
evolução pode ser vista abaixo.

9. Para mais detalhes, consulte a nota 54 do relatório anula de auditoria e contas.


10. Para mais detalhes sobre estas métricas, consulte a seção D.1.5.6. Mensuração e controle neste mesmo capítulo.

190 RELATÓRIO ANUAL 2016


Prêmio de risco (VMG / saldos médios)
Dados em taxa de câmbio constante

2014  2015  2016

4,88
4,31
3,42

1,07
0,80 0,721
0,04 0,28
0,01

-0,07
-0,49 -0,55
Grupo Brasil Reino Unido Espanha

(1) Ajuste de gestão por modificação do perímetro.

O prêmio de risco em nível do Grupo continua em 2016 com A tabela a seguir mostra com detalhes a distribuição da perda
tendência de baixa, com a proporção caindo na maioria das regiões. esperada por segmento em termos de EAD, PD e LGD. A título de
exemplo se observa como a consideração da LGD na métrica faz
A perda esperada é a estimativa das perdas econômicas que com que as carteiras de home equity geralmente causem uma perda
irão ocorrer durante o próximo ano da carteira existente em um esperada inferior, resultado da recuperação que ocorre em caso de
determinado momento e reflete as características da carteira em descumprimento através de imóvel hipotecado.
relação à exposição (EAD), a probabilidade de descumprimento
(PD) e a gravidade ou a recuperação uma vez que ocorra o A perda esperada com os clientes da carteira de crédito normal é de
descumprimento (LGD). 1,12% (1,00% em 2015), sendo 0,88% para o conjunto da exposição de
crédito do Grupo (0,79% em 2015), mantendo-se o perfil de risco de
crédito entre médio e baixo.

Segmentação da exposição ao risco de crédito


% EAD Perda
Segmentos EAD1 total PD Média LGD Média esperada
Dívida soberana 184.387 16,5% 0,30% 6,26% 0,02%
Bancos e outras entidades financeiras 62.037 5,5% 0,38% 38,05% 0,14%
Setor público 3.688 0,3% 1,83% 21,50% 0,39%
Corporativo 151.836 13,6% 0,75% 31,16% 0,23%
Pequenas e médias empresas 169.243 15,1% 3,26% 41,31% 1,35%
Hipotecas pessoas físicas 317.533 28,4% 2,44% 7,15% 0,17%
Consumo pessoas físicas 168.387 15,0% 6,36% 48,98% 3,12%
Cartões de crédito pessoas físicas 46.911 4,2% 3,80% 65,62% 2,49%
Outros ativos 15.812 1,4% 2,46% 34,47% 0,85%
Promemória clientes 2
857.596 76,6% 3,15% 35,66% 1,12%
Total 1.119.832 100,0% 2,51% 35,08% 0,88%

Dados de dezembro de 2016.


1. Exclui ativos duvidosos.
2. Exclui Dívida soberana, Bancos e outras entidades financeiras e Outros ativos.

RELATÓRIO ANUAL 2016 191


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

» D.1.3. Detalhamento das principais geografias Concentração geográfica


%
A seguir se descrevem as carteiras das regiões onde o Grupo
Santander tem maior concentração de risco, com base nos dados South East (Exc London)
descritos na seção D.1.2.2. Evolução dos indicadores em 2016. 5% 3% 5% Greater London
4% Yorks And Humber
3% 30% North
D. 1.3.1. Reino Unido
8% North West
Wales
1.3.1.1. Visão geral da carteira 3% South West
O risco de crédito com clientes no Reino Unido é 255.049 milhões de
East Anglia
euros em dezembro de 2016, representando 30% do total do Grupo. 8%
East Midlands
2% West Midlands
A carteira do Santander UK é distribuída de acordo com a seguinte 5% 24% Northern Ireland
tabela: Scotland

Segmentação da carteira Todas as propriedades são avaliadas de forma independente antes


%
da aprovação de cada nova operação, de acordo com os princípios
estabelecidos pelo Grupo em sua gestão de riscos.
Outros pessoas físicas
3% Para os empréstimos hipotecários já concedidos em carteira, é
PME e empresas
20% realizada uma atualização trimestral do valor dos imóveis em
garantia, por parte de uma agência independente, mediante um
sistema de avaliação automática, de acordo com as práticas habituais
do mercado e em cumprimento da legislação vigente.

Hipotecas pessoas físicas Do ponto de vista do tipo de tomador, a carteira tem a distribuição
77% exibida no gráfico seguinte:

1.3.1.2. Carteira hipotecária Tipologia dos empréstimos da carteira hipotecária


Por sua relevância, não apenas para o Santander UK, mas também Milhões de euros
para o conjunto de empréstimos do Grupo Santander, é necessário
ressaltar a carteira de empréstimos hipotecários, cujo montante no 180.476 19.709
fim de dezembro de 2016 era de 180.476 milhões de euros.
4% 7.664 13% 2.598
Esta carteira está composta por operações de empréstimos
hipotecários para aquisição ou reforma de moradia, concedidos 34% 61.961
tanto a clientes novos como aos já existentes, sempre com status
de primeira hipoteca, já que não são originadas operações que 48% 9.530
impliquem segundas ou sucessivas cargas sobre os imóveis
hipotecados.
43% 76.827
O imóvel sobre o qual a garantia hipotecária é constituída deve 13% 2.661
sempre estar localizado dentro do território do Reino Unido,
independentemente do destino do financiamento, exceto no caso
19% 34.024 25% 4.920
de algumas operações pontuais realizadas na Ilha de Man. Existe a
possibilidade de conceder empréstimos para a aquisição de moradias
Stock Nova produção
fora do Reino Unido, mas a garantia hipotecária deve estar, em todos
os casos, constituída sobre uma propriedade localizada no país. First-time buyers1  Home movers2 Re-mortgagers3  Buy to let4

Geograficamente, a exposição de crédito é mais predominante na 1. First-time buyers: clientes que adquirem una residência pela primeira vez.
zona sudeste do país, e especialmente na zona metropolitana de 2. Home movers: clientes que mudam de residência com ou sem alterar a instituição
financeira que concede o empréstimo.
Londres, onde foi observado um comportamento de preços com alta
4. Re-mortgages: clientes que transferem a sua hipoteca de uma outra instituição
durante o último ano. financeira.
5. Buy to let: residências compradas com a finalidade de alugá-las.

192 RELATÓRIO ANUAL 2016


Existem variedades de produtos com diferentes perfis de risco, todos • Operações de renegociação que, de acordo com a política
sujeitos às limitações das políticas de um credor prime como é o corporativa, são consideradas como "acordos de pagamento" e
Santander UK. classificadas simultaneamente como de recuperação duvidosa.

A seguir se descrevem as características de alguns deles (entre Se fossem excluídos esses conceitos, não considerados para efeitos
parênteses, a percentagem da carteira de hipotecas que eles do cálculo da taxa de inadimplência no mercado do Reino Unido e em
representam): que se classificam as operações em atraso em dezembro de 2016 com
valor de 637 milhões de euros, a taxa de inadimplência hipotecária
• Interest only loans (36,5%)11: o cliente paga juros mensais e amortiza seria de 1,01%.
o principal no vencimento. É preciso haver um plano adequado de
reembolso tal como um plano de pensão, fundos de investimento, As rigorosas políticas de crédito mencionadas anteriormente limitam
etc. É um produto comum no mercado do Reino Unido, no qual o o loan to value máximo a 90% para empréstimos que amortizam juros
Santander UK aplica políticas restritivas a fim de mitigar os riscos e capital, e 50% para os que amortizam juros de forma periódica e o
inerentes. Por exemplo: LTV máximo de 50%, pontos de corte mais capital no vencimento. A implantação destas políticas tem permitido
elevados no score de concessão ou a avaliação da capacidade de situar a LTV média simples da carteira em 42,9%, e a LTV média
pagamento simulando a amortização de parcelas de principal e ponderada em 38,9%. A proporção da carteira com loan to value
juros em vez de apenas juros. superior a 100% foi reduzida para 1,2%, frente ao 1,7% de 2015.

• Flexible loans (11,3%): Este tipo de empréstimo permite que ao Os gráficos a seguir mostram a distribuição em termos de LTV para
cliente modificar os pagamentos mensais ou constituir provisões o estoque da carteira de hipotecas residenciais e a distribuição em
adicionais de fundos até um limite pré-estabelecido, assim como termos de taxa de empenho (income multiple) da nova produção em
dispor das quantias que tenham sido pagas acima desse limite. dezembro de 2016:

• Buy to let (4,2%): os empréstimos hipotecários buy to let (compra Loan to value Income multiple (em
de um imóvel com a finalidade de alugá-lo) representam uma (em média 42,9%)1 média 3,0)2
pequena percentagem do volume total da carteira.. A concessão foi
totalmente paralisada de 2009 a 2013, altura em que foi reativado
depois da melhora das condições do mercado, sendo aprovados sob 3,1%
86,3% 71,4%
rigorosas políticas de risco. Em dezembro de 2016 respondiam por 17,1%
10,6%
cerca de 13% da concessão total.

Em moeda local se observa um crescimento de 0,9% em 2016 em um 11,5%


ambiente afetado pela incerteza desde o segundo semestre, apesar
de o mercado imobiliário ter mostrado aumentos dos preços.

O índice de inadimplência diminuiu de 1,44% em 2015 para 1,35%


em dezembro de 2016. A redução do índice de inadimplência apóia-
se no comportamento da inadimplência, que experimentou uma
melhoria graças a um ambiente macroeconômico mais favorável, e < 75% 75-90% > 90% < = 2,5 > 2,5-3 > 3,0
no aumento das saídas de inadimplência, motivado pelas melhorias
1. Loan to value: relação entre o valor do empréstimo e o valor avaliado do imóvel
obtidas na eficiência das equipes de recuperação. Desse modo, hipotecado. Baseado em índices.
o montante dos créditos inadimplentes diminuiu 6%, seguindo a 2. Income multiple: relação entre o montante total original da hipoteca e a renda bruta
tendência observada no exercício 2015. anual declarada no pedido do cliente.

Além disso, é necessário destacar a abordagem mais conservadora As políticas de risco de crédito vigentes proíbem explicitamente
na definição do padrão pelo Santander UK, em linha com os critérios os empréstimos considerados de alto risco (hipotecas subprime),
estabelecidos pelo Banco de Espanha e pelo Grupo Santander com estabelecendo requisitos rigorosos quanto à qualidade de crédito,
respeito ao padrão aplicado no mercado britânico. Esta abordagem tanto das operações como dos clientes. Como exemplo, a partir de
inclui a seguinte classificação de créditos de recuperação duvidosa: 2009 não é permitida a admissão de empréstimos hipotecários com
loan to value superior a 100%.
• Clientes com atraso de entre 30 e 90 dias e que já foram
publicamente declarados falidos nos últimos dois anos.

• Operações em que, uma vez atingida a data de vencimento, ainda


existe um capital pendente de pagamento com mora superior a
90 dias, mesmo que o cliente esteja em dia com o pagamento das
parcelas mensais recentes.

11. Porcentagem calculada para empréstimos com total ou algum componente de interest only.

RELATÓRIO ANUAL 2016 193


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

Um indicador adicional do bom comportamento da carteira é D. 1.3.2. Espanha


o reduzido volume de propriedades adjudicadas, que era de 42
milhões de euros em dezembro de 2016, menos de 0,03% do total da 1.3.2.1. Visão geral da carteira
exposição hipotecária. A gestão eficiente desses casos e a existência O risco de crédito total (incluindo avais e cartas de crédito) na
de um mercado dinâmico para este tipo de moradias permite sua Espanha (sem incluir a unidade de atividade imobiliária, que é
venda em prazo curto, em média 18 semanas, contribuindo para os comentada adiante) é de 172.974 milhões de euros (20% do total do
bons resultados obtidos. Grupo), mostrando um adequado nível de diversificação, tanto em
sua visão de produto quanto de segmento de clientes.
1.3.1.3 PME e empresas
Como se apresentou no gráfico com a segmentação da carteira no Em 2016, o risco de crédito total se mantém em linha com o exercício
início desta seção, os empréstimos para PME e empresas, com um anterior, após anos de redução. O volume crescente das novas
total de 47,234 milhões de euros, representaram 20% do total no produções nas principais carteiras dos segmentos de particulares
Santander UK em dezembro de 2016. e empresas compensa o menor financiamento às administrações
públicas e o ritmo de amortizações. No segmento de particulares, as
Entre estas carteiras, incluem-se os seguintes subsegmentos: amortizações são superiores ao crescimento das novas produções. O
segmento de empresas volta à senda do crescimento.

Risco de crédito por segmento


Segmentos carteira PME e empresas Milhões de euros
Var Var
2016 2015 2014 16/15 15/14
Social housing Risco de Chile
20,7% crédito total* 172.974 173.032 182.974 0% 5%
Hipotecas
PME habitacionais 46.219 47.924 49.894 (4%) (4%)
38,7%
Outros créditos
pessoas físicas 16.608 16.729 17.072 (1%) (2%)
SGCB
Empresas 96.081 92.789 96.884 4% (4%)
19,7% Administrações
públicas 14.065 15.590 19.124 < 10% (18%)
* Incluindo avais e carta de crédito.
Empresas
20,9%
A taxa de inadimplência do total da carteira é de 5,41%, 112 pb inferior
ao encerramento de 2015, conseqüência da evolução descendente da
PME: nesse segmento se incluem as pequenas empresas inadimplência. A diminuição das entradas brutas em inadimplemento
pertencentes às linhas de negócios de small business banking e nos segmentos de particulares e empresas, 24% inferiores a
regional business centers. 2015, e em menor medida a normalização de diversas posições
reestruturadas e as ventas de carteira explicam essa evolução.
O total de empréstimos em dezembro de 2016 subiu para 18.295
milhões de euros, com uma taxa de inadimplência de 3,4%. A taxa de cobertura se mantém em 48%, em linha com o fechamento
de 2015.
Empresas: estão incluídas neste segmento as empresas que têm
um analista de risco atribuído. Ele também inclui as carteiras
consideradas não estratégicas legacy e non-core. O investimento em
dezembro totalizou 9.867 milhões de euros, e a taxa de inadimplência
ficou em 2,3%.

GCB: inclui empresas sob o modelo de gestão de riscos doo


Santander Global Corporate Banking. O investimento de dezembro
foi de 9.314 milhões de euros, com uma inadimplência de 0,01%.

Social housing: inclui empréstimos para empresas envolvidas na


construção, venda e aluguel de habitações de programas sociais. Este
segmento tem o apoio do governo local e central britânico e não tem
inadimplência. O montante de investimento em dezembro foi de
9,.758 milhões de euros.

194 RELATÓRIO ANUAL 2016


Taxa de inadimplência e cobertura Taxa de inadimplência hipotecas residenciais Espanha

Índice de cobertura 6,72%

Taxa de inadimplência 5,82%


5,09%
48% 48%
44% 45% 3,83%

2013 2014 2015 2016


7,49% 7,38%
6,53%
5,41%
A carteira de hipotecas para famílias para moradia na Espanha
apresenta características que mantém seu perfil de risco em um
nível médio-baixo e com uma expectativa limitada de depreciação
2013 2014 2015 2016
adicional:

Nas seções seguintes, as carteiras mais importantes são detalhadas. • Todas as hipotecas têm amortização do principal a partir do
primeiro dia da operação.
1.3.2.2. Carteira de crédito a famílias
para aquisição de residências • Há uma prática habitual de amortização antecipada, com o que a
O crédito concedido a particulares para aquisição de residências na vida média da operação é muito inferior à contratual.
Espanha, no encerramento de 2016, foi de 46,864 milhões de euros,
representando 27% do risco de crédito total. Desses, 99% contam • Alta qualidade do colateral concentrada quase exclusivamente em
com garantia hipotecária. financiamento de primeira casa.

Crédito a famílias para aquisição de residências * • O índice de empenho médio mantém-se em 28,3%.
Milhões de euros
• 74% da carteira têm um LTV inferior a 80% calculado como risco
2016 2015 2014
total sobre o montante da última avaliação disponível.
Valor bruto 46.864 48.404 50.388
Sem garantia hipotecária 645 480 496 Taxa de empenho Loan to value
Com garantia hipotecária 46.219 47.924 49.894 % %

do qual os duvidosos 1.796 2.477 2.964 9%


25% 53,8% 22%
Sem garantia hipotecária 27 40 61
17%
Com garantia hipotecária 1.769 2.437 2.903

* Não inclui a carteira de crédito imobiliário do Santander Consumer España (2,192


milhões de euros com carteira duvidosa de 97 milhões de euros).

24%
21,2%
A taxa de inadimplência em hipotecas concedidas às famílias para 28%
aquisição de residências situou-se em 3,83%, 126 pb abaixo de 2015. A
queda dos investimentos (aumentando a taxa de inadimplência em
TE< 30% LTV< 40%
19 pb), resultante de amortizações superiores às novas produções
30% < TE< 40% LTV entre 40% e 60%
crescentes, foi compensada pela redução da inadimplência
(diminuição da taxa de inadimplência de 145 pb), apoiada por TE> 40% LTV entre 60% e 80%
entradas brutas em atraso que continuaram a diminuir, enquanto o LTV entre 80% e 100%
ritmo da recuperação permanecia em níveis de 2015. LTV> 100%

Loan to value: porcentagem que indica o total de risco sobre o valor da última
avaliação disponível.
Taxa de empenho: relação entre as parcelas anuais e as receitas líquidas do cliente.

RELATÓRIO ANUAL 2016 195


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

A evolução das safras em 2016 continua a apresentar bom


comportamento, com base na qualidade das medidas implantadas na
concessão, desde 2008, e uma mudança na demanda para melhores
perfis, o que se reflete na queda dos pagamentos em atraso .

Maturação de safras
7,0%
2008
6,46%
6,0%
Índice de inadimplência

5,0%

4,0%

3,0%

2,0%
2011 2009
1,77% 1,86%
2016 2015 2014
0,01% 0,13% 0,13% 2010
1,0% 1,28%
2012
2013 0,81%
0,0% 0,36%
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115
Meses de maturação

1.3.2.3. Carteira de empresas Durante 2016, a taxa de inadimplência dessa carteira situou-se em
O risco de crédito assumido diretamente com PME e empresas, 5,79%, 185 pb abaixo de 2015. O crescimento dos investimentos
96.081 milhões de euros, constitui o segmento mais relevante dentro (redução da taxa de inadimplência em 16 pb), juntamente com o
dos empréstimos na Espanha, representando 56% do total. declínio da inadimplência (redução da taxa de inadimplência em
169 pb), com a inadimplência bruta 33% mais baixa do que no ano
93% da carteira correspondem a clientes aos quais foi designado um anterior e uma taxa de recuperação em níveis semelhantes explicam
analista, que faz acompanhamento contínuo do cliente durante todas esse declínio.
as fases do ciclo de risco.
1.3.2.4. Atividade imobiliária na Espanha
A carteira é bastante diversificada, com mais de 199.561 clientes O Grupo administra em uma unidade independente a atividade
ativos e sem concentrações significativas por setor de atividade. imobiliária na Espanha, que abrange créditos de clientes cuja
atividade seja principalmente de incorporação imobiliária e
Distribuição carteira empresas apresentam um modelo de gestão especializado, as participações em
sociedades do setor imobiliário12 e os ativos adjudicados.
Comércio e Hotelaria 4,4%
reparos 13,8% A estratégia do Grupo nos últimos anos tem levado à redução desses
Outros 4,2%
Indústria ativos, os quais, em setembro, chegaram a um total líquido de 9.262
manufatureira 13,5% Indústria
alimentícia 3,2% milhões de euros, que representam em torno de 3% dos ativos na
Construção 12,0%
Fornecimento de
Atividades Espanha e menos de 1% dos ativos do Grupo. A composição da
administrativas 2,3%
energia elétrica, carteira é a seguinte:
gás, água 9,9% Metalurgia,
fabricação de
Atividades
imobiliárias 8,6%
produtos de • Os empréstimos líquidos são de 1.874 milhões de euros, com 722
ferro, aço e ligas
Atividades financeiras de ferro 1,3% milhões de redução em relação a dezembro de 2015 e com uma
e securitárias 8,6% Outros serviços cobertura de 54%.
Atividades sociais 1,0%
profissionais, Indústrias
científicas e • Os ativos adjudicados líquidos fecharam em 3.403 milhões de euros,
extrativas 0,6%
técnicas 7,1% com uma cobertura de 58%.
Transporte e
armazenagem 4,8%
• O valor líquido das ações em empresas do setor imobiliário subiu
Informação e
comunicações 4,7% para 660 milhões de euros.

A exposição bruta de empréstimos e adjudicados continua a


tendência iniciada em anos anteriores e supõe uma queda de 65%
entre 2008 e 2016.

12. A partir de dezembro de 2014, a participação na Metrovacesa se consolidou com integração global.

196 RELATÓRIO ANUAL 2016


A tabela a seguir mostra a evolução e a classificação da carteira de • Santander Consumer USA (SC USA): Financeira de automóveis,
créditos e adjudicados: com um investimento de crédito de 28.590 milhões de euros
(31% do total dos EUA) a que se deve somar a carteira de leasing
de veículos de 9.120 milhões de euros. Sua atividade apóia-se
principalmente na relação comercial existente com o grupo Fiat
Carteira de créditos e adjudicados Chrysler Automobiles (FCA) iniciada em 2013 e mediante a qual a SC
Milhões de euros USA tornou-se a financeira preferencial para os veículos da marca
Chrysler nos EUA.
2016 2015
Saldo % Saldo Saldo % Saldo • Outros negócios nos Estados Unidos: O Banco Santander Puerto
bruto cobert. líquido bruto cobert. líquido
Rico (BSPR) é o banco comercial que opera em Porto Rico. Conta
1. Crédito 4.069 54% 1.874 5.959 56% 2.596 com um investimento, no encerramento de 2016, de 3.843 milhões
a. Não de euros ou 4% do total do investimento dos Estados Unidos. O
Duvidoso 228 5% 217 435 27% 318 Santander Investment Securities (SIS), de Nova York, é a sociedade
b. Duvidoso 3.841 57% 1.657 5.524 59% 2.278 dedicada ao negócio de banco atacadista, com um investimento no
encerramento de 2016 de 1.459 milhões de euros (2% do total dos
2. Adjudicados 8.061 58% 3.403 8.253 55% 3.707
EUA). O Banco Santander International (BSI), de Miami, por último,
Total 1+2 12.130 56% 5.277 14.212 56% 6.303 tem foco no negócio de banco privado, com um investimento, no
encerramento de 2016, de 3.760 milhões de euros , 4% do total do
investimento nos EUA.
Assim, sob o perímetro da gestão da unidade de atividade imobiliária,
a exposição líquida foi reduzida em 16% durante 2016. Quanto ao comportamento da carteira em nível consolidado, o
Santander US tem registrado um crescimento do investimento de
Por tipos de edifícios que garantem os empréstimos e de ativos 1,1% em relação ao final de 2015. A inadimplência e o custo de crédito
adjudicados, as coberturas são as seguintes. permanecem em níveis estáveis graças ao melhor desempenho das
carteiras de automóveis na SC USA, após a implantação da nova
Cobertura por tipo de garantia política de riscos, que ocorreu no primeiro trimestre, com foco em
Milhões de euros melhorar o perfil das novas operações, e após os ajustes realizados
no setor de Petróleo e Gás, em linha com a indústria, no Santander
Crédito Imóveis
imobiliário adjudicados Total Bank. Deste modo, a taxa de inadimplência foi no encerramento do
exercício de 2,28% (+15 pb), e o custo de crédito de 3,68% (+2 pb).
Expos. Cobert. Expos. Cobert. Expos. Cobert.
A seguir, são fornecidos os detalhes sobre esta evolução nos itens
Edifícios específicos das principais unidades do Santander US.
concluídos 2.120 47% 2.178 49% 4.298 48%
Promoção em Adicionalmente, ocorreram grandes avanços no campo dos projetos
construção 97 26% 839 46% 936 44%
derivados dos diferentes compromissos regulatórios existentes,
Solo 1.517 62% 5.044 63% 6.561 63% especialmente em tudo o que está relacionado com os testes de
Outras resistência e CCAR (Comprehensive Capital Adequacy and Review)),
garantias 335 72% - - 335 72% reduzindo-se em 66% o número de recomendações existente.
TOTAL 4.069 54% 8.061 58% 12.130 56%
1.3.3.1. Evolução do Santander Bank N.A.
O investimento de crédito no Santander Bank conta com uma
D. 1.3.3. Estados Unidos elevada proporção de créditos com garantia real, 60% do total, tanto
A filial do Santander USA, cujo risco de crédito é de 91.70913 milhões em forma de hipotecas a particulares como de crédito a empresas, o
de euros no encerramento de 2016, é composta pelas seguintes que explica suas reduzidas taxas de inadimplência e custo de crédito.
unidades de negócios, após a integração delas na Santander Holdings Os empréstimos se mantiveram estáveis em 2016.
USA em julho deste exercício:
A taxa de inadimplência manteve-se em níveis muito reduzidos,
• Santander Bank N.A.: Com um investimento de crédito, incluindo como se mostra nos gráficos a seguir, e encerrou o ano em 1,33%,
risco de fiança, de 54.040 milhões de euros (59% do total dos EUA). frente a 1,17% do encerramento de 2015. O incremento explica-se
Sua atividade concentra-se em banco comercial com um balanço pelas classificações realizadas no primeiro trimestre no mencionado
distribuído entre banco de particulares, com 33%, e empresas, com segmento de Oil&Gas, embora tenha sido observada uma melhoria
aproximadamente 67%. Um dos principais objetivos estratégicos significativa durante o resto do ano, graças à gestão ativa da
para esta unidade é o plano de transformação com foco no carteira e à evolução favorável dos preços do petróleo. Isso motivou
cumprimento de todos os projetos de caráter regulatório, assim também que o custo de crédito fosse 0,23%, +10 pb em relação ao
como a evolução de seu modelo de banco comercial para uma encerramento de 2015, devido principalmente aos incrementos de
solução integral para os clientes. cobertura realizados sobre os clientes pertencentes ao setor. A taxa
de cobertura continua, portanto, em níveis confortáveis, encerrando
o exercício em 100%.

13. Inclui 17 milhões de euros de investimento sob a Holding

RELATÓRIO ANUAL 2016 197


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

Índice de inadimplência Taxa de cobertura Custo do crédito

114% 109% 0,27%


1,47% 1,41% 100% 0,23%
1,27% 1,33% 95% 96% 0,21%
1,16% 0,19%
0,13%

4T15 1T16 2T16 3T16 4T16 4T15 1T16 2T16 3T16 4T16 4T15 1T16 2T16 3T16 4T16

Como uma prioridade estratégica, a unidade continua imersa em mix da nova produção e de sua rentabilidade, assim como em um
seu plano de transformação, dedicada à conformidade regulatória menor volume de nova produção em empréstimos de financiamento
e à adequação das normas de gestão e de governança ao modelo de veículos.
corporativo, com progressos significativos realizados ao longo do
exercício. A carteira de leasing, negócio desenvolvido exclusivamente no
âmbito do acordo com a FCA e com foco em um segmento de
1.3.3.2. Evolução dos negócios do SC USA clientes de melhor perfil de crédito, apresenta um crescimento
A unidade do Santander Consumer USA apresenta indicadores de de 30,9% no ano, alcançando 9.120 milhões de euros Embora do
riscos superiores ao resto das unidades dos EUA devido à natureza ponto de vista de comportamento dos clientes a evolução seja
do seu negócio, baseado no financiamento de automóveis, mediante favorável, o foco está atualmente na gestão e mitigação do risco do
empréstimos ou leasing. Eles abarcam um amplo espectro quanto valor residual do leasing, entendido como a diferença entre o valor
ao perfil de crédito de seus clientes, buscando a otimização do risco contábil dos veículos no momento da assinatura do contrato e o
assumido e sua rentabilidade associada. Deste modo, os custos de preço final potencial dos veículos no fim do contrato. Essas ações
crédito são superiores aos observados em outras unidades do Grupo, mitigantes articulam-se sob o marco prudente do apetite por riscos,
embora sejam altamente compensados pelas receitas obtidas. Isso é mediante a definição de limites, assim como através da própria
possível graças a uma das mais avançadas plataformas tecnológicas gestão do negócio, mediante a venda dos veículos até a finalização
do setor, incluindo uma estrutura de servicing a terceiros dos contratos de forma rápida e eficiente. Atualmente, estão sendo
perfeitamente escalável e eficiente. O excelente conhecimento do avaliadas estruturas de “share agreements” e acordos de vendas com
setor, assim como a utilização de modelos de pricing, concessão, terceiros.
acompanhamento e recuperações desenvolvidos internamente, a
partir de bancos de dados completos que são explorados de forma Graças ao crescimento desta carteira, comentado anteriormente,
efetiva, representam também uma clara vantagem competitiva. a rentabilidade continua em níveis adequados e a evolução das
A isto, agrega-se a existência de numerosas alavancas de gestão receitas foi favorável. Isso se reflete nos resultados positivos obtidos
disponíveis, como descontos de marcas de veículos, políticas de dos contratos que venceram durante este exercício, assim como na
preços com uma ágil capacidade de recalibração, monitoramento avaliação mark to market existente dos veículos correspondentes à
rigoroso das novas produções e uma ótima gestão em recuperações. tal carteira, com lucros no encerramento de 2016 de 67 milhões de
euros frente ao valor contábil registrado nos livros.
Os empréstimos do Santander Consumer USA também incluem
a carteira de crédito ao consumidor (Personal Lending), que é
considerada não estratégica. De fato, no início de 2016 foi vendido o
negócio de Lending Club (portal de financiamento entre particulares
Peer to Peer) por 824 milhões de euros.

Quanto à taxa de inadimplemento, apresenta níveis moderados de


3,84% (+18 pb frente ao ano anterior), graças à gestão antecipada
da inadimplência, fruto da tipologia de negócio. Observa-se uma
evolução positiva do custo de crédito, encerrando o exercício em
10,72% frente aos 10,97% do encerramento de 2015, graças à nova
política de riscos implementada no primeiro trimestre, com critérios
mais rigorosos e que está resultando em uma melhor qualidade do

198 RELATÓRIO ANUAL 2016


A taxa de cobertura continua em níveis elevados, e foi 328% frente
aos 337% do exercício anterior.

Índice de inadimplência Taxa de cobertura Custo do crédito

3,82% 3,84% 11,37%


375%
3,66% 357% 11,09%
3,55% 10,97% 11,02%
337% 10,72%
3,28% 323% 328%

4T15 1T16 2T16 3T16 4T16 4T15 1T16 2T16 3T16 4T16 4T15 1T16 2T16 3T16 4T16

A SC USA continua a mostrar o aumento do acesso a fontes de No final de Dezembro de 2016, em moeda local, foi registrada
financiamento, com um aumento de recursos de financiamento uma diminuição de cerca de 1,5%, em linha com outros bancos
obtidos a partir do ano anterior de + 7,5%. privados, devida principalmente à falta de demanda solvente, ao
vencimento de operações de atacado (parcialmente compensada no
Os principais focos estratégicos se baseiam em continuar último trimestre com a assinatura de operações de confirming) e à
melhorando o mix da carteira e a rentabilidade, em linha com o que valorização do real frente ao dólar norte-americano.
foi observado durante o ano de 2016 e em continuar a melhorar
o controle do processo e monitorização decorrentes de eventos Ao longo de 2016, foi dada continuidade à estratégia de mudança
relacionados com a conformidade regulamentar e as práticas com de mix iniciada nos últimos anos, registrando um crescimento mais
clientes. intenso nos segmentos com um perfil de risco mais conservador, e
impulsionando a vinculação dos clientes e a digitalização. Dentro
D. 1.3.4. Brasil do segmento de particulares, destaca-se o crescimento da carteira
O risco de crédito do Brasil foi de 89.572 milhões de euros, hipotecária e a carteira de empréstimos com desconto em folha de
registrando um incremento de 24,1% em relação ao exercício de 2015, pagamento através da marca Olé Consignado, assim como esforços
motivado pela valorização experimentada pelo real brasileiro. Deste comerciais dirigidos ao segmento select e no terceiro trimestre a
modo, o Santander Brasil representa 10,5% do total do investimento campanhas comerciais para incrementar a exposição em cartões.
de crédito do Grupo Santander. Conta com um adequado nível de
diversificação e perfil varejista, com aproximadamente 51,4% do Quanto ao segmento de PME, também perderam peso os produtos
crédito focado em pessoas físicas, financiamento ao consumo e PME. sem garantia, como cheque especial, em detrimento de outras
formas de financiamento com menor perfil de risco, entre os quais se
Mix da carteira destaca a Adquirência. Finalmente, as carteiras de empresas e SGCB
% (com posições de liderança em dólares em ambos os casos) foram
afetadas pela valorização do real em relação ao dólar, bem como
Outros pela estratégia de reduzir a exposição em determinados setores
1,5% de matérias-primas (petróleo e energia, principalmente), enquanto
Pessoas físicas se impulsionaram o segmento de agronegócio e as operações de
31,1%
comércio exterior.
SGCB
30,9%

Santander financiamentos*
9,4%
Empresas
15,0%
PME
Instituições 10,9%
1,2%

* Santander Financiamentos: unidade de financiamento ao consumidor


(principalmente veículos).

RELATÓRIO ANUAL 2016 199


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

A tabela a seguir mostra os níveis de investimento e de crescimento


em segmentos-chave com taxa de câmbio constante.

Investimento: segmentação
Milhões de euros. Taxa de câmbio fixa em 31 de dezembro de 2016

2016 2015 2014 16 / 15 15 / 14


Pessoas físicas 29.200 23.838 23.131 22% 3%
Hipotecas 8.069 7.677 6.321 5% 21%
Consumo 11.687 8.810 9.814 33% ( 10%)
Cartões 5.973 5.535 5.313 8% 4%
Otros 3.472 1.816 1.683 91% 8%
Santander financiamentos 8.420 7.592 8.207 11% 7%
PME e grandes empresas 51.952 56.365 51.707 (8%) 9%
PME 10.838 10.609 11.131 2% 5%
Empresas 13.436 15.033 13.507 (11%) 11%
Corporativo 27.678 30.723 27.069 ( 10%) 13%

A seguir se mostram os principais indicadores sobre o perfil


de crédito de novas produções (safras), em que é realizado um
monitoramento contínuo, confirmando a resiliência da Entidade
neste ambiente macroeconômico.

As safras mostram as operações de mais de 30 dias de atraso em três


e seis meses, respectivamente, desde sua origem, para antecipar
qualquer deterioração potencial da carteira. Isso permite a definição
de planos de ação corretivos (Plano de Defesa) no caso de desvios
frente ao esperado. Como se pode ver, estas safras são mantidas em
níveis confortáveis através de uma gestão proativa de riscos.

Safras. Evolução do índice Over 30* nos três a seis meses de admissão de as safras
Em porcentagem

Pessoas físicas PME1


4,6% 4,5%
3,9% 3,6% 4,3%
3,2% 3,7%
3,2% 3,1%
3,0% 3,0% 2,8% 2,7% 2,9% 3,1%
2,7% 2,7% 3,0%
2,7%
2,4% 2,4%
2,2%
2,1% 2,0%
1,9% 1,9% 1,7%
1,4% 1,5% 1,4% 1,5% 1,6% 1,4%
1,3% 1,1% 1,3% 1,2% 1,2% 1,4% 1,3% 1,3% 1,3% 1,4% 1,5% 1,3% 1,1% 1,1%
1,1% 1,1%
1,0%
Dez14 15

Mar 15

Jun 15

Set 15

Dez 15

Ene 16

Fev 16

Mar 16

Abr 16

Mai 16

Jun 16

Jul 16

Ago 16

Set 16
Dez 14

Mar 15

Jun 15

Set 15

Dez15

Jan 16

Fev 16

Mar 16

Abr 16

Mai 16

Jun 16

Jul 16

Ago 16

Set 16

Over30 Mob3 2  Over30 Mob6 2

* índice calculado como o valor total das operações com mais de 30 dias de atraso no pagamento do montante total da safra.
1. De acordo com a nova segmentação das PME.
2. Months on Book.

200 RELATÓRIO ANUAL 2016


Em relação à taxa de inadimplência, ficou em 5, 90% no final de 2016 Esta gestão de riscos proativa, com base no conhecimento dos
(-8 pb em relação ao ano anterior). Apesar do ambiente econômico nossos clientes, políticas rígidas e mecanismos de controle está
que o país atravessa, as perspectivas são cada vez mais otimistas, permitindo ao Santander Brasil reforçar a sua posição durante o ciclo
como se reflete no aumento dos índices de confiança, assim como econômico atual. Prova disso, como já referido anteriormente, é o
por um nível de inflação que converge para o objetivo do governo, o retrocesso da taxa de deterioração da carteira de crédito (conhecida
que permitiu nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária localmente coma taxa over 90), que fechou o ano em 3,40%,
reduzir a taxa de juros oficial do dinheiro (SELIC) depois de um mantendo-se abaixo da média dos bancos privados brasileiro, que é
período de aumentos. Não obstante, a recuperação poderia ser de 4,52%.
um pouco mais lenta em termos de PIB e desemprego, o que afeta
diretamente as entradas/saídas em inadimplência. Over90 total
Perante esta situação, o Santander Brasil continuou reforçando sua 5,75%
gestão de riscos para antecipar qualquer deterioração potencial da
5,25%
carteira de empréstimos através do Plano de Defesa, já implantado
no exercício anterior e que continua gerando resultados satisfatórios. 4,75%
Entre esses resultados, podemos destacar o comportamento da
carteira retail em termos de conformidade orçamentar, assim como 4,25%
a evolução do índice over 90 (taxa de inadimplência local publicada
3,75%
sobre o setor financeiro brasileiro). Em detalhes, entre as medidas
defensivas que compõem o citado plano, destacam-se: 3,25%

2,75%
• Gestão preventiva da irregularidade, ampliando-se sob a
modalidade de desconto em folha de pagamento (consignado). 2,25%
4T12
1T13
2T13
3T13
4T13
1T14
2T14
3T14
4T14
1T15
2T15
3T15
4T15
1T16
2T16
3T16
4T16
• Implementação de produtos específicos de renegociação para
segmentos/produtos (Santander Financiamentos e crédito Santander  Sistema  Bancos privados
imobiliário).
Observa-se uma tendência de alta no custo do crédito, de 4,50%
• Redução de limites em produtos/clientes de alto risco e em 2015 para 4,89% em 2016, impulsionada principalmente pelo
implementação de limites de endividamento máximo. aumento da cobertura efetuado em grupos econômicos das carteiras
de empresas e SGCB (impacto generalizado sobre o sistema
• Migração de produtos revolving a produtos por parcelas. financeiro local), bem como a situação econômica já mencionada.
No entanto, espera-se que o quarto trimestre do ano seja um ponto
• Maior colateralização da carteira. de inflexão a partir do qual o custo do crédito deverá ser corrigidos
gradualmente nos próximos trimestres, em conseqüência dos
• Melhorias em modelos de admissão, mais precisos e preditivos, e esforços anteriores.
em canais de cobrança.
O índice de cobertura encontrava-se no final de 2016 em 93,1%, o
• Tratamento mais individualizado nas PMEs de maior tamanho. que representa um aumento de 9,4 pp em relação ao final do ano
anterior, devido ao aumento da cobertura para pessoas jurídicas.
• Gestão do apetite de risco por setores, assim como restrição de
faculdades nos setores mais críticos.

Índice de inadimplência Taxa de cobertura Custo do crédito

7,38%
6,90% 95% 95% 6,34%
5,64% 5,98% 5,90% 90% 93%
5,05% 84%
4,84% 4,89%
4,50%

2012 2013 2014 2015 2016 2012 2013 2014 2015 2016 2012 2013 2014 2015 2016

RELATÓRIO ANUAL 2016 201


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

» D.1.4. Outras perspectivas do risco de crédito Além disso, em dezembro de 2016, registraram-se ajustes de CVA
(Credit Valuation Adjustment) em 643,9 milhões de euros (-24,3%
D. 1.4.1. Risco de crédito por atividades em relação a 2015), e os ajustes de DVA (Debt Valuation Adjustment)
em mercados financeiros no valor de 390,2 milhões euros (-26,4%). As reduções se devem
Neste item, é incorporado o risco de crédito gerado na atividade principalmente às melhoras metodológicas no cálculo das exposições
de tesouraria com clientes, principalmente com entidades de e a um declínio generalizado dos spreads creditícios14.
crédito. O operacional é desenvolvido tanto através de produtos de
financiamento em mercado monetário com diferentes instituições Cerca de 93% do risco de contrapartida em termos nominais é com
financeiras como através de produtos com risco de contraparte as instituições financeiras e entidades de contrapartida centrais (CCP
destinados a prestar serviço aos clientes do Grupo. por sua sigla em inglês) com as quais operamos quase inteiramente
sob acordos de netting e garantias. O resto das operações com
Conforme é definido no capítulo sexto da CRR (Regulamento UE diferentes clientes de instituições financeiras corresponde, em geral,
No.575/2013), o risco de crédito de contraparte é o risco de que o às operações destinadas à cobertura. Pontualmente, seria possível
cliente em uma operação possa incorrer em inadimplemento antes realizar operações com fins distintos da cobertura, sempre com
da liquidação definitiva dos fluxos de caixa dessa operação. Inclui os clientes especializados.
seguintes tipos de operações: instrumentos derivativos, operações
com compromisso de recompra, operações de empréstimo de valores Distribuição do risco de contrapartida por
ou matérias-primas, operações com liquidação diferida e operações rating do cliente (em termos nominais)*
de financiamento de garantias.
AAA 0,88%

Para medir a exposição, convivem duas metodologias, uma de Mark- AA 7,61%


to-Market –MtM (valor de reposição em derivativos ou montante A 77,30%
disposto em linhas comprometidas), mais uma exposição potencial BBB 11,05%
futura (addon) e outra, introduzida em meados de 2014 para algumas
BB 3,14%
geografias e alguns produtos, que incorpora o cálculo de exposição
por simulação de Montecarlo. Adicionalmente, se calcula também o B 0,02%
capital em risco ou perda inesperada, ou seja, a perda que, depois de OUTROS 0,003%
subtraída a perda esperada, constitui o capital econômico, líquido de *R
 atings baseados em equivalências entre ratings internos e ratings de qualificadoras.
garantias e recuperação.

No fechamento dos mercados, são recalculadas as exposições


ajustando todas as operações a seu novo horizonte temporal, é
ajustada a exposição potencial futura e são aplicadas as medidas
de mitigação (netting, colateral, etc.), de forma que as exposições
possam ser controladas diariamente em relação aos limites
aprovados pela alta administração. O controle do risco é realizado
com um sistema integrado e em tempo real que permite conhecer
em cada momento o limite de exposição disponível com qualquer
contraparte, em qualquer produto e prazo e em qualquer unidade do
Grupo.

Exposições ao risco de contrapartida: Operação Over the


Counter (OTC) e em Mercados Organizados (MMOO)
Em dezembro de 2016, a exposição total, com critérios de gestão em
termos de valor de mercado positivo após a aplicação de acordos
de netting e garantia para atividades de risco de contrapartida,
é 16.834 milhões de euros (em termos de exposição líquida é
de 44.554 milhões de euros ) e se concentra em contrapartidas
com alta qualidade de crédito, de modo que 85,79% do risco com
contrapartidas são mantidos com um rating igual ou superior a A.

14. A definição e a metodologia para o cálculo de CVA e DVA estão na seção D.2.2.2.6. Credit Valuation Adjustment (CVA) e Debt Valuation Adjustment (DVA) deste relatório.

202 RELATÓRIO ANUAL 2016


Risco de contrapartida: distribuição por risco nominal e valor de mercado bruto*
M
 ilhões de euros
2016 2015 2014
Valor de mercado Valor de mercado Valor de mercado
Nominal Positivo Negativo Nominal Positivo Negativo Nominal Positivo Negativo
CDS proteção comprada** 23.323 83 (384) 32.350 80 (529) 38.094 60 (769)
CDS proteção vendida 19.032 339 (33) 26.195 428 (52) 31.565 658 (48)
Total derivativos de crédito 42.355 422 (416) 58.545 508 (581) 69.659 717 (817)
Forwards renda variável 134 48 (0) 980 5 (6) 1.055 117 (17)
Opções renda variável 15.154 448 (426) 23.564 959 (1.383) 36.616 1.403 (2.192)
Spot renda variável 234 0 (0) 20.643 794 - 19.947 421 -
Swaps renda variável 15.388 631 (461) 28 - (1.210) 472 - (701)
Renda variável - MMOO 36.512 - - 6.480 - - 8.616 - -
Total derivativos de
renda variável 67.421 1.127 (888) 51.695 1.758 (2.598) 66.705 1.941 (2.910)
Forwards renda fixa 6.357 37 (83) 11.340 39 (66) 3.905 3 (124)
Opções renda fixa 483 5 (2) 789 8 - 423 4 0
Spot renda fixa 5.159 5 (2) 3.351 - - 5.055 - -
Renda fixa - MMOO 349 - - 831 - - 1.636 - -
Total derivativos de renda fixa 12.348 48 (88) 16.311 47 (66) 11.018 8 (124)
Câmbio a termo e em data fixa 150.095 3.250 (6.588) 148.537 5.520 (3.315) 151.172 3.633 (2.828)
Opções de taxas de câmbio 31.362 479 (624) 32.421 403 (644) 44.105 530 (790)
Outros derivativos de câmbio 606 7 (27) 189 1 (4) 354 3 (6)
Swaps de taxas de câmbio 510.405 25.753 (24.175) 522.287 20.096 (21.753) 458.555 14.771 (15.549)
Taxas de Câmbio - MMOO 824 - - - - - - - -
Total derivativos de
taxa de câmbio 693.292 29.489 (31.413) 703.434 26.019 (25.716) 654.187 18.936 (19.173)
Asset swaps 22.948 1.178 (758) 22.532 950 (1.500) 22.617 999 (1.749)
Call money swaps 223.005 2.006 (1.581) 190.328 2.460 (1.792) 264.723 1.228 (1.150)
Estruturas taxas de juros 7.406 2.321 (593) 8.969 2.314 (3.031) 23.491 2.215 (2.940)
Forwards taxas de juros-FRAs 370.433 41 (106) 178.428 19 (78) 171.207 13 (63)
IRS 3.182.305 92.268 (92.873) 3.013.490 85.047 (85.196) 2.899.760 95.654 (94.624)
Outros derivativos taxas de juros 210.061 3.762 (2.985) 194.111 3.838 (3.208) 218.167 4.357 (3.728)
Taxa de juros - MMOO 117.080 - - 26.660 - - 38.989 - -
Total derivativos taxa de juros 4.133.238 101.576 (98.896) 3.634.518 94.628 (94.806) 3.638.955 104.466 (104.253)
Matérias-primas 539 108 (5) 468 130 (40) 1.020 243 (112)
Matérias primas - MMOO 47 - - 59 - - 208 - -
Total derivativos
de matérias primas 586 108 (5) 526 130 (40) 1.228 243 (112)
Total derivativos OTC 4.794.429 132.770 (131.706) 4.431.000 123.089 (123.805) 4.392.303 126.312 (127.389)
Total derivativos
MMOO *** 154.812 34.028 49.449
Recompra 122.035 2.374 (2.435) 128.765 3.608 (3.309) 166.047 3.871 (5.524)
Empréstimo de valores 33.547 9.449 (4.124) 30.115 10.361 (1.045) 27.963 3.432 (628)
Total risco
de contrapartida 5.104.823 144.593 (138.265) 4.623.908 137.058 (128.159) 4.635.762 133.615 (133.541)

* Dados com critérios de gestão.


** Derivativos de crédito adquiridos incluem coberturas sobre empréstimos.
*** Corresponde à operação de derivativos listados (carteira própria). O valor de mercado dos derivativos listados é zero. No se recebem garantias por este tipo de operação.

RELATÓRIO ANUAL 2016 203


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

Risco de contrapartida: exposição em termos de valor de mercado e risco equivalente de crédito, incluindo efeito de mitigação1
M
 ilhões de euros
2016 2015 2014
Valor de mercado efeito netting2 34.998 34.210 28.544
Garantia recebida 18.164 15.450 11.284
Valor de mercado com efeito netting e garantia3 16.834 18.761 17.260
REC Líquido4 44.554 52.148 50.077
1. Dados com critérios de gestão. O valor de mercado dos derivativos listados é zero. No se recebem garantias por este tipo de operação.
2. O valor de mercado utilizado para incluir os efeitos dos acordos de mitigação para calcular o a exposição ao risco de contraparte.
3. Considerando a mitigação dos acordos de netting e subtraída a garantia recebida.
4. REC / Risco Equivalente de Crédito: o valor líquido da reposição mais o valor potencial máximo, menos as garantias recebidas. Ele inclui EAD regulamentar para Mercados
Organizados (3,1 milhões de euros em dezembro de 2016, 41 milhões de euros em dezembro de 2015 e 71 milhões de euros em 2014).

Risco de contrapartida: distribuição de nominais por vencimento*


M
 ilhões de euros
Até 1 ano Até 5 anos Até 10 anos Mais de 10 anos TOTAL
CDS Proteção comprada** 9.113 13.413 79 717 23.323
CDS Proteção vendida 7.020 11.681 54 277 19.032
Total de derivativos de crédito 16.133 25.094 134 994 42.355
Forwards renda variável 134 0 134
Opções renda variável 5.400 7.520 2.111 122 15.154
Spot renta variável 234 234
Swaps renda variável 12.503 2.885 15.388
Renda variável - MMOO 10.490 24.678 1.343 0 36.512
Total de derivativos renda variável 28.761 35.084 3.455 122 67.421
Forwards renda fixa 6.333 24 6.357
Opções renda fixa 483 483
Spot renda fixa 4.156 952 36 15 5.159
Renda fixa - MMOO 349 0 0 0 349
Total de derivativos renda fixa 11.321 976 36 15 12.348
Câmbio a termo e em data fixa 132.349 16.994 702 51 150.095
Opções de taxas de câmbio 25.462 5.900 31.362
Outros derivativos de câmbio 560 46 606
Swaps de taxas de câmbio 186.913 178.562 106.320 38.611 510.405
Taxas de Câmbio - MMOO 824 0 0 0 824
Total derivativos taxa de câmbio 346.107 201.501 107.022 38.662 693.292
Asset swaps 200 1.121 1.584 20.043 22.948
Call money swaps 133.823 77.070 11.026 1.086 223.005
Estruturas taxas de juros 1.428 2.859 1.394 1.726 7.406
Forwards taxas de juros - FRAs 355.486 14.947 370.433
IRS 495.424 1.433.620 859.276 393.985 3.182.305
Outros derivativos taxas de juros 38.011 107.215 50.262 14.573 210.061
Taxa de juros - MMOO 60.906 55.241 881 53 117.080
Total derivativos taxa de juros 1.085.277 1.692.073 924.423 431.465 4.133.238
Matérias-primas 308 1 229 539
Matérias primas - MMOO 47 0 0 0 47
Total derivativos de matérias primas 355 1 0 229 586
Total derivativos OTC 1.415.338 1.874.811 1.032.845 471.434 4.794.429
Total derivativos MMOO *** 72.616 79.919 2.224 53 154.812
Recompra 113.687 7.716 632 0 122.035
Empréstimo de valores 26.017 2.751 95 4.685 33.547
Total risco de contrapartida 1.625.289 1.965.196 1.035.797 476.172 5.104.823
* Dados com critérios de gestão.
** Derivativos de crédito adquiridos incluem coberturas sobre empréstimos.
*** Corresponde à operação de derivativos listados (carteira própria). O valor de mercado dos derivativos listados é zero. No se recebem garantias por este tipo de operação.

204 RELATÓRIO ANUAL 2016


A distribuição do risco de contrapartida em valores nominais por Risco de contrapartida, mercados organizados
tipo de cliente está concentrada principalmente em instituições e câmaras de compensação
financeiras (38%) e em câmaras de compensação (55%). As políticas do Grupo procuram se antecipar na medida do possível
na aplicação de medidas resultantes das novas regulações relativas a
Risco de contrapartida por tipo de cliente operações com derivativos OTC, acordos de recompra e empréstimos
de valores, tanto mediante liquidação por câmera de compensação
central quanto por sistema bilateral. Assim, nos últimos anos,
Empresas/pessoas Soberano/supranacional
2% 2% alcançou-se uma padronização gradual das operações de OTC para
Corporativo/ realizar a liquidação e a compensação através de câmeras de todas
pessoas físicas
4% as operações de novas contratações que as novas regulações assim
o exigirem, além do fomento interno da utilização de sistemas
execução eletrônica.
Câmaras de compensação
55% Quanto aos mercados organizados, embora dentro da gestão do risco
de contrapartida não se considere o risco de crédito para este tipo
Instituições de de operação15, desde 2014, com a entrada em vigor da nova CRD
financeiras
38% IV (Diretiva de Requisitos de Capital) e do CRR (Regulamento de
Requisitos de Capital), que traduzem os princípios de Basileia III, com
o cálculo do capitam se calcula a exposição regulatória de crédito
Em relação à distribuição geográfica, 58% do nominal corresponde para este tipo de operação.
a contrapartidas britânicas (cujo peso no total é explicado
pelo aumento do uso de câmaras de compensação), 14% com Nas tabelas a seguir, é possível observar o peso que as operações
contrapartidas americanas e 7% com contrapartidas espanholas. liquidadas por câmaras assumiu sobre o total do risco de
contrapartida no fechamento de 2016 e a evolução significativa das
Risco de contrapartida por região operações liquidadas por câmaras desde 2014.

América Latina Otros


3%
França 4%
6%
Espanha
7%

Resto Europa
8%

Reino Unido
Estados Unidos 58%
14%

Distribuição do risco de contrapartida em função do canal de liquidação e do tipo de produto *


Nominal em milhões de euros
Mercados
Bilateral CCP** organizados ***
Nominal % Nominal % Nominal % Total
Derivativos de crédito 38.440 90,8% 3.916 9,2% - 0,0% 42.355
Derivativos de renda variável 30.853 46% 56 0,1% 36.512 54,2% 67.421
Derivativos de renda fixa 11.999 97,2% - 0,0% 349 2,8% 12.348
Derivativos de taxa de câmbio 691.874 99,8% 595 0,1% 823,8 0,1% 693.292
Derivativos de taxa de juros 1.401.135 33,9% 2.615.023 63,3% 117.080,1 2,8% 4.133.238
Derivativos de matérias primas 539 92,0% - 0,0% 46,8 8,0% 586
Recompra 92.272 75,6% 29.763 24,4% - 0,0% 122.035
Empréstimo de valores 33.543 100% 4 0,0% - 0,0% 33.547
Total geral 2.300.653 2.649.358 154.812 3,0% 5.104.823

* Dados com critérios de gestão.


** Entidades centrais de contrapartida (ECC) ou CCP por suas siglas em inglês.
*** Corresponde à operação de derivativos listados (carteira própria). O valor de mercado dos derivativos listados é zero. No se recebem garantias por este tipo de operação.

15. O risco de crédito é eliminado ao atuar nos mercados organizados como contrapartida nas operações, visto que contam com mecanismos que lhes permitem proteger sua
posição financeira através de sistemas de depósitos e substituição de garantias e processos que garantem a liquidez e a transparência das transações .

RELATÓRIO ANUAL 2016 205


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

Distribuição do risco liquidado por CCP e Risco de crédito fora de equilíbrio


MMOO por produto e evolução* Nesta seção se incorpora o risco fora de balanço correspondente a
Nominal em milhões de euros compromissos de financiamento e garantias com clientes de atacado,
2016 2015 2014 no montante de 93.279 milhões de euros, distribuídos entre os
seguintes produtos:
Derivativos de crédito 3.916 1.778 1.764
Derivativos de renda variável 36.568 6.522 8.686
Exposição fora de balanço
Derivativos de renda fixa 349 896 1.651 Milhões de euros
Derivativos de taxa de câmbio 1.419 11.755 484 Vencimento
Derivativos de taxa de juros 2.732.103 2.069.802 1.778.261 1-3 3-5
Produto <1 ano anos anos >5 anos Total
Derivativos de matérias primas 47 59 208
Financiamento* 11.860 14.772 32.848 3.168 62.648
Recompra 29.763 44.679 57.894
Avais técnicos 4.976 8.379 952 431 14.738
Empréstimo de valores 4 - -
Avais comerciais
Total geral 2.804.170 2.135.489 1.848.948 e financeiros 4.311 4.636 3.416 2.907 15.271
* Dados com critérios de gestão. Comércio exterior** 344 254 25 0 622
Total geral 21.492 28.041 37.241 6.505 93.279
O Grupo gerencia ativamente as operações liquidadas por câmaras, * Inclui linhas de crédito compromissadas bilaterais e sindicadas.
tratando de otimizar o seu volume, dadas as exigências de capital e ** Inclui principalmente stand by letters of credit.
de margem que os novos regulamentos impõem.

Em geral, as transações com instituições financeiras estão sob Atividade em derivativos de crédito
acordos de netting e garantias, e esforços contínuos são feitos para O Grupo Santander utiliza derivados de crédito com a finalidade
que o resto da operação seja coberta ao abrigo desses acordos. de cobrir operações de crédito, negócios de clientes nos mercados
Em geral, os contratos de garantia firmados pelo Grupo são financeiros e nas operações de trading. Apresenta uma dimensão
bilaterais, havendo poucas exceções, principalmente com entidades reduzida em comparação com outros bancos com as mesmas
multilaterais e fundos de capitalização. características e também está sujeito a um ambiente robusto de
controles internos e de minimização do risco operacional.
A garantia recebida ao abrigo dos vários tipos de acordos de
garantia (CSA, OSLA, ISMA, GMRA, etc.) firmados pelo Grupo subiu O risco desta atividade é controlado através de um conjunto
para18.164 milhões de euros (dos quais 12.870 milhões de euros são abrangente de limites como Value at Risk (VaR)16 nominal por rating,
relativos a garantias recebidas para operações de derivativos), sendo sensibilidade ao spread por rating e nome, sensibilidade à taxa de
principalmente em espécie (77,4%) e estando submetidas a outros recuperação e sensibilidade à correlação. Ainda assim são fixados
tipos de garantias e estritas políticas de qualidade em relação ao tipo limites de jump-to-default por nome individual, região geográfica,
de emitente e seu rating, seniority da dívida e haircuts aplicados. setor e liquidez.

Geograficamente, a garantia recebida é distribuída como se vê no Em termos nominais, a posição CDS incorpora a proteção comprada
gráfico a seguir: em 19.984 milhões de euros17 e a proteção vendida em 19.029 milhões
de euros.
Garantia recebida. Distribuição geográfica
Em 31 de dezembro de 2016, a sensibilidade da atividade de crédito
Brasil Outros aos aumentos nos spreads de 1 ponto-base era de -4,1 milhões de
5% chile 5% euros, enquanto o VaR médio, no final de 2016 subiu para 1,7 milhões
México
5% de euros, inferior a 2015 (2,4 milhões de euros).

D. 1.4.2. Risco de concentração


Reino Unido
O controle do risco de concentração constitui um elemento essencial
26% de gestão. O Grupo realiza um acompanhamento contínuo do grau
Espanha
de concentração das carteiras de risco de crédito em diferentes
59% dimensões relevantes: por país, por setor e por grupos de clientes.

O conselho de administração, através do apetite de risco, determina


os níveis máximos de concentração, conforme detalhado na seção
B.3.1. Apetite de risco e estrutura de limites. Em linha com o apetite
por risco, o comitê executivo de riscos estabelece as políticas de risco
e revisa os níveis de exposição apropriados para a adequada gestão
do grado de concentração das carteiras de risco de crédito.

16. A definição e a metodologia de cálculo do VaR encontram-se na seção 2.2.2.1. Value at Risk (VaR) deste relatório.
17. Este dado não inclui CDS, de aproximadamente 2.389 milhões de euros nominais que cobrem os empréstimos, para evitar divergências contábeis, é classificado contabilmente
como garantia financeira em vez de derivativo de crédito, uma vez que não tem nenhum impacto sobre a variação do valor dos resultados nem sobre as reservas.

206 RELATÓRIO ANUAL 2016


O risco de crédito com clientes é diversificado geograficamente nos No final de dezembro, após a aplicação de técnicas de mitigação de
principais mercados onde o Grupo está presente, como mostrado no risco, nenhum grupo atingiu os limiares mencionados acima.
gráfico abaixo.
Entretanto, a exposição de crédito regulatória com os 20 maiores
Risco de crédito a clientes grupos no âmbito de grandes riscos representou 4,7% do risco de
crédito disposto para clientes (investimento mais riscos de fiança).
Outros
20% Espanha A divisão de Riscos colabora estreitamente com a divisão Financeira
20%
na gestão ativa das carteiras de crédito que, entre seus eixos de
atuação, contempla a redução da concentração das exposições
mediante diversas técnicas, como a contratação de derivativos de
Estados Unidos Brasil crédito de cobertura ou operações de titularização, com o fim último
11% 10%
de otimizar a relação retorno-risco da carteira total.
Chile
5%
Portugal
D. 1.4.3. Risco país
4% O risco país é um componente do risco de crédito que incorpora
Reino Unido todas as operações de crédito transfronteiriças (cross-border) por
30%
circunstâncias distintas do risco comercial habitual. Seus elementos
principais são o risco soberano, o risco de transferência e os demais
Do risco de crédito do Grupo, 56% correspondem a clientes riscos que possam afetar a atividade financeira internacional
individuais, que pela sua própria natureza, têm um alto nível de (guerras, catástrofes naturais, crise na balança de pagamentos, etc.).
diversificação. Além disso, do ponto de vista setorial a carteira de
crédito do Grupo é bem distribuída e sem concentrações relevantes Em 31 de dezembro de 2016, a exposição suscetível a
em setores específicos. No gráfico a seguir é mostrada a distribuição provisionamento devido ao risco-país subia a 181 milhões de euros
setorial no fim do ano. (193 milhões de euros em 2015). O fundo de cobertura, em dezembro
2016, foi de 29 milhões de euros em comparação com 25 milhões
do período anterior. Note-se que em todo 2016 a Argentina passou
a ser considerada no Grupo 4 em vez do Grupo 5 de acordo com a
Diversificação setorial classificação do Banco de España18.

Pessoas físicas 56,4% Outros Os princípios de gestão de risco país continuaram obedecendo um
Comércio e intermediários critério de máxima prudência, sendo assumido o risco país de uma
reparos 6,1% financeiros 2,0%
forma muito seletiva em operações claramente rentáveis para o
Atividade Admin. Pública sem
imobiliária 5,5% admin. Central 1,7% Grupo, e que reforçam a relação global com seus clientes.
Construção e obras Alimentação,
públicas 3,8% bebidas e D. 1.4.4. Risco soberano e frente às
Transporte e tabaco 1,5%
outras administrações públicas
comunicações 2,9% Outros serviços
sociais 1,3% Como critério geral, no Grupo Santander é considerado risco
Outras indústrias
manufatureiras 3,3% Hotelaria 1,1% soberano ou contraído por operações com o banco central (incluído
Outros serviços Refino de o encaixe regulatório), o risco emissor do Tesouro ou entidade
empresariais 2,7% petróleo 0,8% similar (carteira de dívida do Estado) e o derivado de operações com
Prod. e distrib. Metalurgia de entidades públicas com as seguintes características: seus fundos
Eletricidade, gás transformação 0,8%
e água 1,8% Outros <1% 8,3% provenham unicamente das receitas orçamentárias do Estado,
tenham reconhecimento legal de entidades diretamente integradas
no setor Estado, e desenvolvam atividades que não tenham caráter
comercial.
O Grupo está sujeito à regulamentação sobre “Grandes Riscos”
contida na parte quarta da CRR (Regulamento UE No.575/2013), Este critério, empregado historicamente pelo Grupo, apresenta
segundo a qual a exposição contraída por uma entidade em relação algumas diferenças em relação ao solicitado pela Autoridade
a um cliente ou um grupo de clientes vinculados entre si será Bancária Europeia (EBA) para seus testes de resistência periódicos.
considerada “grande exposição” quando seu valor for igual ou As mais significativas são que o critério da EBA não inclui o risco
superior a 10% de seu capital calculável. Adicionalmente, para limitar contraído com os bancos centrais, as exposições mantidas em
as grandes exposições, nenhuma entidade poderá assumir frente a empresas de seguros, nem as exposições indiretas via garantias ou
um cliente ou grupo de clientes vinculados entre si uma exposição outros instrumentos. Por outro lado, inclui administrações públicas
cujo valor exceda 25% de seu capital admissível, depois de considerar em geral (incluindo regionais e locais) e não apenas o setor Estado.
o efeito da redução do risco de crédito contido na norma.

18. A tipologia dos países para cada grupo de risco é definida na Circular nº 4/2004 do Banco de España.

RELATÓRIO ANUAL 2016 207


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

A exposição ao risco soberano (segundo critério aplicado no Grupo) Exposição por nível de rating
deriva-se principalmente das obrigações às quais estão sujeitos %
os bancos filiais de constituição de determinados depósitos nos 30 dez. 2016 31 dez. 2015 31 dez. 2014
correspondentes bancos centrais, da constituição de depósitos com
AAA 16% 34% 29%
os excedentes de liquidez e de carteiras de renda fixa mantidas
dentro da estratégia de gestão do risco de juros estrutural do balanço AA 17% 4% 4%
e em livros de negociação nas tesourarias. A ampla maioria dessas A 29% 22% 28%
exposições é materializada em moeda local e financiada sobre
BBB 8% 33% 32%
a base dos depósitos de clientes captados localmente, também
denominados em moeda local. Menos de BBB 30% 7% 7%

A exposição soberana local, mas em divisas diferentes da oficial do A distribuição do nível de exposição por nível de rating soberano
país de emissão, é pouco relevante (14.477 milhões de euros, 6,5% foi afetada nos últimos anos por numerosas revisões de rating dos
do risco soberano total, e menos ainda a exposição de emitentes emitentes soberanos de países em que o Grupo opera (Brasil, Reino
soberanos não locais, que representam risco cross-border (2.028 Unido, etc.).
milhões de euros, 0,90% do risco soberano total).
Se nos restringirmos as critérios da EBA discutidos acima, a
No geral, nos últimos anos, a exposição total ao risco soberano tem- exposição a administrações públicas nos fechamentos dos últimos
se mantido em níveis adequados para apoiar as razões regulatórias e três anos é mostrada nas tabelas abaixo20.
estratégicas desta carteira.
A exposição é moderada e mantém uma tendência de alta durante
A estratégia de investimento em risco soberano também leva 2016. A exposição ao risco soberano da Espanha (país onde o grupo
em conta a qualidade do crédito de cada país quando da fixação tem a sua sede social), em comparação com outras entidades de
de limites máximos de exposição. A tabela a seguir mostra a perfil semelhante (peers), não é elevada em termos de ativos totais
porcentagem de exposição por nível de rating19. (3,5% em dezembro de 2016).

Exposição ao risco soberano (critérios EBA)


Milhões de euros

31 dez 2016 Carteira 31 dez 2015 Carteira


Negocia- Exposição Negocia- Exposição
ção e Disponí- Emprésti- Carteira de direta ção e Disponí- Emprésti- Carteira de direta
outros vel para mos e investimen- líquida outros vel para mos e investimen- líquida
a VR venda recebíveis to a termo. total a VR venda recebíveis to a termo. total
Espanha 9.415 23.415 11.085 1.978 45.893 Espanha 8.954 26.443 11.272 2.025 48.694
Portugal (58) 5.982 1.143 4 7.072 Portugal 104 7.916 1.987 0 10.007
Itália 1.453 492 7 0 1.952 Itália 2.717 0 0 0 2.717
Grécia 0 0 0 0 0 Grécia 0 0 0 0 0
Irlanda 0 0 0 0 0 Irlanda 0 0 0 0 0
Resto zona euro (1.171) 751 79 0 (341) Resto zona euro (211) 143 69 0 1
Reino Unido 475 1.938 7.463 7.764 17.639 Reino Unido (786) 5.808 141 0 5.163
Polônia 287 5.973 30 0 6.290 Polônia 13 5.346 42 0 5.401
Resto Europa 0 502 289 0 791 Resto Europa 120 312 238 0 670
Estados Unidos 1.174 3.819 720 0 5.713 Estados Unidos 280 4.338 475 0 5.093
Brasil 4.044 16.098 1.190 2.954 24.286 Brasil 7.274 13.522 947 2.186 23.929
México 2.216 5.072 3.173 0 10.461 México 6.617 3.630 272 0 10.519
Chile 428 2.768 330 0 3.525 Chile 193 1.601 3.568 0 5.362
Resto da Resto da
América 134 497 541 0 1.172 América 155 1.204 443 0 1.802
Outros países 1.903 889 683 0 3.475 Outros países 3.657 1.687 546 0 5.890
Total 20.300 68.197 26.732 12.701 127.930 Total 29.087 71.950 20.000 4.211 125.248

19. Usando ratings internos.


20. Adicionalmente, em 31 de dezembro de 2016, o Grupo mantinha exposições diretas líquidas em derivativos cujo valor justo chegava a 2.505 milhões de euros , assim como
exposição indireta líquida em derivativos cujo valor justo era de 2 milhões de euros .

208 RELATÓRIO ANUAL 2016


A exposição soberana na América Latina ocorre quase D. 1.4.5. Risco social e ambiental
exclusivamente em moeda local, sendo esta contabilizada nos livros O Banco Santander promove a proteção, conservação e recuperação
locais e com foco nos prazos curtos, de menor risco de taxa de juros do meio ambiente e a luta contra a mudança climática. Para isso, o
e de maior liquidez. Santander analisa os riscos sociais e ambientais de suas operações
de financiamento no âmbito de suas políticas de sustentabilidade.
Risco soberano e frente a outras Administrações Estas políticas foram atualizadas no fim de 2015 após um intenso
Públicas: Exposição direta líquida (critério EBA) processo de revisão, considerando as melhores práticas e padrões
Milhões de euros internacionais.

140.000 Durante 2016, foi realizado um processo intenso de comunicação


e difusão das novas versões, foi intensificada a coordenação entre
120.000 as diferentes equipes afetadas e foram aprimorados processos
Outros internos para aplicar os novos requisitos das políticas sociais e
100.000 América Latina ambientais. Foi desenvolvida documentação de apoio para as
Resto da Europa equipes de negócios e riscos e foi realizado um curso de formação
Espanha
80.000 ministrado por especialistas externos e dirigido às áreas envolvidas
na implementação das políticas em setores sensíveis, como energia
60.000 e soft commodities (relacionadas com o setor primário), assim como
em outros setores, como o mineiro-metalúrgico e químico. O curso
40.000 obteve uma participação registrada de 440 alunos de várias regiões
onde o Grupo está presente.
20.000
O processo de implementação de políticas em todo o Grupo
0 foi realizado através da criação de grupos de trabalho de risco
Dez 14 Dez 15 Dez 16
socioambiental nas principais geografias onde opera Banco
Santander e presidido pelo Chief Compliance Officer. Esses grupos
foram criados como uma réplica do grupo de trabalho corporativo
presidido pelo Group Chief Compliance Officer e no qual participaram
todas as funções envolvidas na originação, revisão e tomada de
decisões, a fim de chegar a um consenso sobre a compreensão e
opinião sobre as operações e clientes afetados pelas políticas.

Além disso, o Grupo Santander, sem prejuízo do acima exposto,


aplica os princípios do Equador (PdE), aos quais aderiu desde 2009,
nas operações de Project Finance e financiamento corporativo com
31 dez 2014 destino conhecido, incluindo empréstimos-ponte antes da concessão
Carteira
de financiamento de projetos e de financiamentos corporativos
Negocia- Exposição
ção e Emprésti- direta destinados à construção ou remodelação de um projeto específico.
outros Disponível mos e líquida
a VR para venda recebíveis total
Espanha 5.778 23.893 15.098 44.769 » D.1.5. Ciclo de risco de crédito
Portugal 104 7.811 589 8.504
Itália 1.725 0 0 1.725 O processo de gestão de risco de crédito consiste em identificar,
Grécia 0 0 0 0 analisar, controlar e decidir, em cada caso, os riscos incorridos pela
Irlanda 0 0 0 0 área operacional do Grupo. Durante o processo, intervêm tanto as
Resto zona euro (1.070) 3 1 (1.066) áreas de negócio e a alta administração, como as áreas de riscos.
Reino Unido (613) 6.669 144 6.200
Polônia 5 5.831 30 5.866 A gestão do risco de crédito está construída em torno de um
sólido modelo organizacional e de governança do qual participam
Resto Europa 1.165 444 46 1.655
o conselho de administração e o comitê executivo de riscos, que
Estados Unidos 88 2.897 664 3.649
estabelece as políticas e procedimentos de riscos, os limites e
Brasil 11.144 17.685 783 29.612
delegações de faculdades, e aprova e supervisiona o marco de
México 2.344 2.467 3.464 8.275
atuação da função de risco de crédito.
Chile 593 1.340 248 2.181
Resto da Dentro do âmbito exclusivo de risco de crédito, o comitê de controle
América 181 1.248 520 1.949
de risco de crédito é o órgão colegiado responsável por supervisão
Outros países 4.840 906 618 6.364
e controle do risco de crédito do Grupo Santander. Seu objetivo
Total 26.284 71.194 22.205 119.683
é ser um instrumento para o controle efetivo do risco de crédito,

RELATÓRIO ANUAL 2016 209


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

assegurando e assessorando o Chief Risk Officer e o comitê de nos sistemas automáticos de alerta e nos clientes objeto de um
controle de riscos para que o risco de crédito seja administrado acompanhamento mais intenso. De igual modo, também são
de acordo com o nível de apetite de risco do Grupo aprovado revisadas as próprias ferramentas de qualificação, para poder ajustar
pelo conselho de administração, o que inclui a identificação e o com precisão a qualificação que atribuem.
monitoramento do risco de crédito tanto atual quanto emergente e
seu impacto no perfil de risco do Grupo. Scoring é uma avaliação automática de solicitações de operações
de crédito, de modo que se atribui automaticamente uma avaliação
No ciclo de risco, são diferenciadas três fases: pré-venda, venda e individualizada do cliente para avançar para a tomada de decisões de
pós-venda. O processo realimenta-se constantemente, incorporando crédito, conforme explicado na seção Decisão sobre operações.
os resultados e conclusões da fase de pós-venda ao estudo do risco e
planejamento da pré-venda. D. 1.5.2. Planejamento (Plano Estratégico Comercial)
Esta fase tem por objetivo limitar, de forma eficiente e abrangente,
Cada uma destas fases é associada a diferentes modelos de decisão, os níveis de risco que o Grupo assume.
entendidos esses como a realização de objetivos de negócios e
da política de crédito que os sustenta em uma seqüência lógica O processo de planejamento de risco de crédito serve para
associada a evento de decisão, e que tem como objetivo aplicar as estabelecer os pressupostos e limites em nível de carteira. O
políticas de crédito definidas pela Entidade na tomada de decisões. planejamento é instrumentado mediante o Plano Estratégico
Comercial (PEC), que nasce como uma iniciativa conjunta entre a
REALIMENTAÇÃO
área comercial e a de riscos.

O Plano Estratégico de Comércio (PEC), entendido como um modelo


Pré-venda Venda Pós-venda de gestão que articula o planejamento e acompanhamento das
carteiras de crédito do Grupo tornou-se um trabalho dinâmico em
que de forma integrada e coordenada entre todos os participantes
CONTROLE necessário na gestão de carteiras de crédito (riscos, negócios,
1. Estudo do risco 4. Decisão sobre 5. Acompanhamento controle de gestão, de capital, de gestão financeira). Esta forma de
e do processo de operações / Antecipação trabalhar permite planejamento e integração entre as estratégias
qualificação de crédito • Mitigadores 6. Medição e controle empresariais e políticas de crédito com base no apetite de risco,
2. Planejamento 7. Gestão recuperatória
(Plano Estratégico bem como a verificação da concessão dos meios necessários para se
• Carteira deteriorada
Comercial - PEC) e reestruturada alcançar os orçamentos de cada negócio.
• Análise de cenários
4. Estabelecimento
de limites / pré- Do ponto de vista de autorização e acompanhamento, corresponde
classificações e ao comitê executivo de riscos máximo de cada entidade. Em nível
pré-aprovados
corporativo, é realizada sua validação e acompanhamento.

D. 1.5.1. Estudo do risco e processo de qualificação de crédito Os PECs permitem articular o mapa de todas as carteiras de crédito
De forma geral, o estudo do risco consiste em analisar a capacidade do Grupo.
do cliente para honrar seus compromissos contratuais com o Banco
e com outros credores. Isso implica analisar a qualidade de crédito Análise de cenários
do mesmo, suas operações de risco, sua solvência e a rentabilidade a Em linha com o descrito na seção B.3.3. A análise de cenários de risco
obter em função do risco assumido. de crédito permite à alta administração ter um melhor entendimento
da evolução da carteira em condições de mercado e conjuntura
Com este objetivo, o Grupo emprega desde 1993 modelos de mutável e é uma ferramenta fundamental para avaliar a suficiência
qualificação de crédito de clientes. Esses modelos são empregados das provisões constituídas e do capital em cenários de estresse.
tanto no segmento SGCB – Santander Global Corporate Banking
(soberano, entidades financeiras, empresas corporativas), empresas e Essas análise de cenários, normalmente com um horizonte temporal
instituições, como no segmento PMEs e particulares. de três anos, são realizadas sobre todas as carteiras relevantes do
Grupo. O processo para executá-las é estruturado com os seguintes
No caso dos clientes SGCB, empresas e PME com tratamento passos principais:
individualizado, os modelos de qualificação são conhecidos como
rating e em pessoas físicas e PME com tratamento padronizado, • Definição de cenários de referência, tanto o central ou mais
como modelos de scoring. provável (cenário básico) quanto os cenários econômicos mais
ácidos que, embora mais improváveis, sejam possíveis (cenários de
Rating é o resultado da aplicação de algoritmos matemáticos stress). No caso de cenários de stress define-se um nível global em
que incorporam um módulo quantitativo baseado em índices de que se descreve uma situação de crise global e como isso afeta cada
balanço ou variáveis macroeconômicas, e um módulo qualitativo uma das principais regiões onde o Grupo opera. Adicionalmente,
complementado com o critério especializado aportado pelo analista. é definido um cenário de estresse local que afeta de forma isolada
algumas das principais unidades do Grupo e com um grau maior de
As qualificações dadas ao cliente são revisadas periodicamente, acidez do que o estresse global.
incorporando as novas informações financeiras disponíveis e a
experiência no desenvolvimento da relação bancária. A periodicidade
das revisões é incrementada no caso de clientes que alcancem
determinados níveis nos indicadores previamente estabelecidos

210 RELATÓRIO ANUAL 2016


Esses cenários, em geral, são definidos pelo Serviço de Estudos em simplificado para os clientes que cumprem determinados requisitos
coordenação com cada unidade, tendo como referencia os dados (alto conhecimento, rating, etc.).
publicados pelos principais organismos internacionais. Os cenários
são acompanhados de uma fundamentação e contrastados e No âmbito de pessoas físicas e PME, quando concorrem
revistos por todas as áreas envolvidas no processo de simulação. determinadas características também se estabelecem limites com a
visão do cliente. O objetivo é determinar as operações pré-aprovadas
• Determinação do valor dos parâmetros de risco (probabilidade de para os clientes, assim como as operações pré-concedidas para
inadimplência, perda por inadimplência) ante os distintos cenários clientes potenciais nas várias campanhas e políticas de fomento
definidos. Estes parâmetros são obtidos através de modelos do uso do limite. Por exemplo, a venda de um produto específico, a
estatísticos econométricos desenvolvidos internamente com base oferta de aumento dos limites operacionais, a concessão de créditos
no histórico de inadimplência e perdas das carteiras para os quais ao consumidor sob medida para cada cliente, e assim por diante.
se desenvolvem e sua relação com as séries históricas de variáveis
macroeconômicas. Os modelos de simulação utilizados pelo REALIMENTAÇÃO
Grupo usam dados de um ciclo econômico completo para calibrar
o comportamento dos fatores de risco perante alterações nas
variáveis macroeconômicas. Prevenção Venda Pós-venda

Estes modelos de stress test seguem o mesmo ciclo de


desenvolvimento, validação e governança dos outros modelos CONTROLE
internos do grupo e estão sujeitos a processos de backtesting e 1. Estudo do risco 5. Decisão sobre 5. Acompanhamento
recalibração periódica para garantir que reflitam adequadamente e do processo de operações / Antecipação
qualificação de crédito • Mitigadores
a relação entre as variáveis macroeconômicas e os parâmetros de 6. Medição e controle
2. Planejamento 7. Gestão recuperatória
risco. (Plano Estratégico • Carteira deteriorada
Comercial - PEC) e reestruturada
• Análise de cenários
• Estimativa de perda esperada associada a cada um dos cenários
4. Estabelecimento de
propostos, assim como do restante das métricas relevantes de limites / pré-classificações
risco de crédito derivadas dos parâmetros obtidos (inadimplência, e pré-aprovados
provisões, índices, etc.).

• Análise e fundamentação da evolução do perfil de risco de D. 1.5.4. Decisão sobre operações


crédito em nível de carteira, segmento, unidade e Grupo perante A fase de venda está constituída pelo processo de decisão, que tem
distintos cenários e em relação a exercícios anteriores. por objeto a análise e a resolução de operações, sendo a aprovação
por parte de riscos um requisito prévio antes da contratação de
• Além disso, o processo se completa com um conjunto de controles qualquer operação de risco. Este processo deve considerar as
e contrastes que asseguram a adequação das métricas e cálculos. políticas definidas de aprovação de operações e avaliar tanto o
apetite por risco como os elementos da operação que são relevantes
Todo o processo ocorre dentro de um marco corporativo de na busca do equilíbrio entre risco e rentabilidade.
governança, adequando-se à crescente importância do mesmo e às
melhores práticas do mercado, facilitando à alta direção do Grupo o No âmbito de pessoas físicas, negócios e PME de menor faturamento,
conhecimento e a tomada de decisões. é facilitada a gestão de grandes volumes de operações de crédito
com a utilização de modelos de decisão automáticos que qualificam o
D. 1.5.3. Estabelecimento de limites / Pré- binômio cliente/operação. Com eles, o investimento fica classificado
classificados e pré-aprovados em grupos homogêneos de risco a partir da qualificação que o
O planejamento e o estabelecimento de limites são realizados modelo outorga à operação, de forma coerente e em função de
mediante documentos acordados entre as áreas de negócios e riscos, informação sobre as características da operação e características de
e aprovados pelo comitê executivo de riscos ou comitês delegados seu titular.
por este, em que são moldados os resultados esperados do negócio
em termos de risco e rentabilidade, assim como os limites aos quais Como mencionado acima, é o modelo de concessão em que se decide
devem estar sujeitas a atividade e a gestão de riscos associada por sobre a operação a partir dos limites pré-aprovados nos modelos de
grupo/cliente. pré-venda e com a comparação das informações adicionais e / ou
atualizadas com os arquivos de informações internas e externas. No
Além disso, no âmbito atacadista e resto de empresas e instituições, caso de não haver um limite pré-aprovado, a operação é analisada
é realizada uma análise em nível de cliente. Quando ocorrem diretamente no modelo de não pré-aprovados.
determinadas características, é atribuído um limite individual ao
cliente (pré-classificação). No campo de empresas e SGCB, como mencionado acima, na
etapa anterior ao estabelecimento de limites é possível seguir dois
Assim, para os grandes grupos corporativos, é utilizado um caminhos diferentes, que levam a diferentes tipos de decisão:
modelo de pré-classificações baseado em um sistema de medição
e acompanhamento de capital econômico. O resultado da pré-
classificação é o nível máximo de risco que se pode assumir com um
cliente ou grupo em termos de montante ou prazo. No segmento
de empresas, é utilizado um modelo de pré-classificações mais

RELATÓRIO ANUAL 2016 211


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

• Ser automática e consistir em verificar por parte de negócios se que isso represente um impedimento no requisito do maior nível
a operação proposta é pertinente (em montante, produto, prazo de garantias reais ou pessoais possíveis. Para o cálculo de capital
e outras condições) dentro dos limites autorizados ao amparo de regulatório, só são consideradas aquelas que cumprem os requisitos
mencionada pré-classificação. Este processo geralmente é aplicado qualitativos mínimos que estão descritos nos acordos de Basileia.
às pré-classificações de SGCB.
Um caso muito relevante de garantia real financeira é o colateral.
• Requerer a autorização do analista, embora seja compatível em O colateral é constituído por um conjunto de instrumentos com
montante, prazo e outras condições no limite pré-classificado. Este valor econômico certo e com elevada liquidez que são depositados/
processo geralmente é aplicado às pré-classificações de empresas. transferidos por uma contraparte a favor de outra para garantir/
reduzir o risco de crédito de contraparte que possa resultar das
Técnicas de mitigação do risco de crédito carteiras de operações de derivativos com risco existentes entre elas.
O Grupo Santander aplica diversas formas de redução do risco de
crédito em função, entre outros fatores, do tipo de cliente e do A natureza dos acordos de colateral é diversa; contudo, seja qual for
produto. Como veremos a seguir, algumas são próprias de uma a forma concreta de colateralização, o objetivo final, assim como na
operação concreta (por exemplo, garantias imobiliárias), enquanto técnica do netting, é reduzir o risco de contraparte.
outras se aplicam a conjuntos de operações (por exemplo, netting e
colateral). As operações sujeitas a acordo de colateral são avaliadas
periodicamente (normalmente dia a dia) e, sobre o saldo líquido
As diferentes técnicas de mitigação podem se agrupar nas seguintes resultante da avaliação, são aplicados os parâmetros acordados
categorias: definidos no contrato de forma a obter um montante de colateral
(normalmente dinheiro em espécie ou valores) a pagar ou receber da
Determinação de um saldo líquido por contraparte contraparte.
O conceito de netting refere-se à possibilidade de determinar um
saldo líquido entre operações de um mesmo tipo, sob o guarda-chuva Com relação às garantias imobiliárias, existem processos de
de um acordo-quadro, como o ISDA ou similar. reavaliação periódicos, baseados nos valores reais de mercado
dos diferentes tipos de imóveis, que cumprem todos os requisitos
Consiste na agregação dos valores de mercado positivos e estabelecidos pelo órgão regulador.
negativos das operações de derivativos que o Santander tem com
uma determinada contraparte, de modo que, em caso de default, Na aplicação de técnicas de mitigação seguem-se os requisitos
esta deva (ou o Santander deva, se o líquido é negativo) um único mínimos estabelecidos nas políticas de gestão de garantias, que, em
montante líquido e não um conjunto de valores positivos ou síntese, consistem em monitorar:
negativos correspondentes a cada operação que tenha sido fechada.
• A segurança jurídica. Deve-se avaliar e garantir que em todos
Um aspecto importante dos contratos-quadro é que pressupõem os momentos seja possível exigir legalmente a liquidação das
uma obrigação jurídica única que engloba todas as operações garantias.
que ampara. Isso é fundamental ao calcular os riscos de todas as
operações cobertas pelo contrato com uma mesma contraparte. • A ausência de correlação positiva substancial entre a contraparte e
o valor da garantia.
Garantias reais
São considerados desta forma os bens que ficam sujeitos ao A documentação adequada de todas as garantias.
cumprimento da obrigação garantida e que podem ser prestados não
apenas pelo próprio cliente, mas também por um terceiro. Os bienes • A disponibilidade de documentação das metodologias utilizadas
ou direitos reais objeto de garantia podem ser: para cada técnica de mitigação.

• Financeiros: dinheiro, depósitos de valores, ouro, etc. • O adequado acompanhamento e controle periódico das garantias.

• Não financeiros: imóveis (tanto moradias como locais comerciais, • A rastreabilidade dos bens / ativos objetos da garantia.
etc.), outros bens móveis, etc.
Garantias pessoais e derivativos de crédito
Assim, diferentes tipos de garantias podem ser: Esta tipologia de garantias corresponde às que colocam um terceiro
perante a necessidade de responder por obrigações adquiridas por
• Garantia pignoratícia / ativos financeiros: operações com outro frente ao Grupo. inclui, por exemplo, fianças, avais, stand-by
garantia real nas quais os ativos ativos recebidos em garantia são letters of credit, etc. Só podem ser reconhecidas, para fins de cálculo
instrumentos de dívida, de patrimônio ou outros ativos financeiros. de capital, as garantias aportadas por terceiros que cumpram os
requisitos mínimos estabelecidos pelo supervisor.
• Garantia hipotecária imobiliária: operação com garantia hipotecária
ordinária ou máxima sobre ativos imobiliários. Os derivativos de crédito são instrumentos financeiros cujo objetivo
principal consiste em cobrir o risco de crédito comprando proteção
• Outras garantias reais: operação com garantia real diferente das de um terceiro, pelo que o banco transfere o risco do emissor do
descritas acima. subjacente. Os derivativos de crédito são instrumentos OTC (over
the counter), ou seja, são negociados em mercados não organizados.
Por norma geral, e do ponto de vista da admissão de riscos, será a As coberturas com derivativos de crédito, realizadas principalmente
capacidade de reembolso que primará na tomada da decisão, sem

212 RELATÓRIO ANUAL 2016


mediante credit default swaps, são contratadas com entidades Para os riscos de indivíduos, negócios e PME de menor faturamento,
financeiras de primeira linha. é realizada uma tarefa de acompanhamento mediante alertas
automáticos dos principais indicadores com o objetivo de detectar
Informações sobre técnicas de mitigação podem ser obtidas na desvios no comportamento da carteira de crédito em relação às
seção Técnica de redução do risco de crédito, do Relatório relevância previsões realizadas nos planos estratégicos.
prudencial (Pilar III). Você também pode encontrar mais detalhes
sobre derivativos de crédito no tópico Atividade com derivativos D. 1.5.6. Medição e controle
de crédito da seção D.1.4.1. O risco de crédito nas atividades dos Adicionalmente ao acompanhamento da qualidade de crédito dos
mercados financeiros deste Relatório. clientes, o Santander estabelece os procedimentos de controle
necessários para analisar a carteira atual e sua evolução, através das
REALIMENTAÇÃO
distintas fases do risco de crédito.

A função é desenvolvida através de uma visão integral do risco


Pré-venda Venda Pós-venda de crédito, avaliando os riscos a partir de diferentes perspectivas
complementares entre si, estabelecendo como principais eixos
o controle por geografias, áreas de negócio, modelos de gestão,
CONTROLE produtos, etc., facilitando a detecção antecipada de focos de atenção
1. Estudo do risco 5. Decisão sobre 5. Acompanhamento específicos, assim como a elaboração de planos de ação para corrigir
e do processo de operações / Antecipação eventuais depreciações.
qualificação de crédito • Mitigadores 6. Medição e controle
2. Planejamento 7. Gestão recuperatória
(Plano Estratégico Na análise da carteira é controlada, de forma permanente e
• Carteira deteriorada
Comercial - PEC) e reestruturada sistemática, a evolução do risco em relação a orçamentos, limites e
• Análise de cenários
padrões de referência, avaliando os efeitos perante situações futuras,
4. Estabelecimento de
limites / pré-classificações tanto exógenas quanto as provenientes de decisões estratégicas,
e pré-aprovados com o objetivo de estabelecer medidas que situem o perfil e o
volume da carteira de riscos dentro dos parâmetros fixados e em
alinhamento com o apetite estabelecido pelo Grupo.
D. 1.5.5. Acompanhamento / Antecipação
A função de acompanhamento é fundamentada em um processo Na fase de controle de risco de crédito são usadas, entre outras e de
de observação contínua, que permite detectar antecipadamente as forma adicional às métricas tradicionais, as seguintes:
variações que podem ocorrer na qualidade de crédito dos clientes
com o objetivo de empreender ações para corrigir os desvios que • VMG (Variação de Mora de Gestão)
tenham impacto negativo.
Ao contrário da inadimplência, a VMG refere-se ao total da carteira
O acompanhamento baseia-se na segmentação de clientes, e depreciada em um período, independentemente da situação em que
é realizado com equipes de riscos dedicadas, locais e globais, essa se encontre (duvidosa ou falida). Isso faz com que a métrica seja
complementadas com o trabalho de auditoria interna. um importante driver ao estabelecer medidas de gestão da carteira.
A VMG e seus componentes desempenham um papel decisivo como
No modelo de empresas e PMEs com analista designado, a variáveis de controle.
função é concretizada, entre outras tarefas, na identificação e
acompanhamento de firmas cuja situação merece uma maior A VMG é medida como o resultado do saldo final menos o saldo
intensidade no acompanhamento, nas revisões de ratings e no inicial da inadimplência no período considerado, mais os falidos
monitoramento contínuo de indicadores. deste período, menos os ativos pendentes recuperados do mesmo
período.
Em função do nível de preocupação das circunstâncias observadas,
são diferenciados quatro graus (extinguir, afiançar, reduzir e É uma media agregada em nível de carteira e de caráter
acompanhar). A inclusão de uma posição em algum desses quatro antecipatório, que permite reagir à depreciação observada na
graus não implica que tenham sido registrados descumprimentos, evolução da inadimplência.
mas sim a conveniência de adotar uma política específica com
a mesma, determinando responsável e prazo em que deve ser • PE (perda esperada) e capital
realizada. Os clientes qualificados são revisados pelo menos
semestralmente, e a revisão é trimestral para os dois graus mais Ao contrário da perda sofrida, empregada pelo Grupo para estimar
graves. As vias pelas quais uma empresa se qualifica são o próprio as provisões para devedores duvidosos, a perda esperada é a
trabalho de acompanhamento, a decisão do gestor comercial estimativa das perdas econômicas que irão ocorrer durante o
que tutela a empresa, a entrada em funcionamento do sistema próximo ano na carteira existente em um determinado momento.
estabelecido de alarmes automáticos, ou as revisões realizadas por Seu componente prospectivo complementa a visão oferecida pela
auditoria. VMG na hora de analisar a carteira e sua evolução.

As revisões dos rating designados são realizadas no mínimo


anualmente. Contudo, se forem detectadas fraquezas, ou em função
do próprio rating, são realizadas com maior periodicidade.

RELATÓRIO ANUAL 2016 213


5. Relatório de gestão de riscos  » Perfil de risco > Risco de crédito

É mais um custo da atividade e deve ser refletido no preço das pretende adiantar-se ao evento de descumprimento e tem foco na
operações. gestão preventiva.

Seu cálculo envolve essencialmente três parâmetros: O ambiente macroeconômico afeta de forma direta o índice de não
pagamento e inadimplência dos clientes. Por isso, a qualidade das
• EAD (exposure at default): valor máximo que se poderia perder como carteiras é fundamental para o desenvolvimento e o crescimento dos
resultado da inadimplência. nossos negócios nos diferentes países, sendo as funções de cobrança
e recuperação de dívida um foco especial e contínuo para garantir
• PD (probability of default) é a probabilidade de inadimplência de um que a qualidade esteja em todos os momentos dentro dos níveis
cliente durante o próximo ano. esperados.

• LGD (severidade ou loss given default): reflete a porcentagem de As diversas características dos clientes tornam necessária uma
exposição que não pode ser recuperado em caso de inadimplência. segmentação para realizar uma gestão recuperatória adequada.
Para calcular a desconto no momento da inadimplência descontam- A gestão massiva para grandes coletivos de clientes com perfis e
se os os montantes recuperados durante todo o processo de produtos semelhantes é realizada mediante processos com um
recuperação e compara-se este valor percentualmente com o valor alto componente tecnológico, enquanto a gestão pessoalizada é
devido pelo cliente naquele momento. orientada a clientes que, por seu perfil, requerem a designação de um
gestor específico e uma análise mais individualizada.
Outros aspectos também estão incluídos no risco de operações,
como a quantificação das exposições fora do balanço ou a A atividade recuperatória tem estado alinhada com a realidade
porcentagem esperada de recuperações, relacionados com garantias social e econômica dos diferentes países e são utilizados, com os
associadas à operação e outras propriedades, como tipo de produto, adequados critérios de prudência, diferentes mecanismos de gestão
prazo, etc. em função de sua antiguidade, garantias e condições, assegurando
sempre, como mínimo, a qualificação e provisão requerida.
Os parâmetros de risco também são considerados no cálculo do
capital, tanto econômico quanto estatutário. Dentro da função recuperatória, foi colocada ênfase especial na
gestão dos mecanismos descritos anteriormente para a gestão
A integração das métricas de capital na gestão é fundamental para antecipada, seguindo as políticas corporativas, considerando as
otimizar a sua utilização. Para mais detalhes, consulte o Capítulo diversas realidades locais e com um estreito acompanhamento das
D.8. Risco de capital. produções, estoques e respectivo desempenho. Essas políticas são
revisadas e adaptadas periodicamente com o objetivo de refletir
D. 1.5.7. Gestão recuperatória tanto as melhores práticas em gestão como as modificações
A atividade recuperatória é uma função relevante dentro do âmbito regulatórias aplicáveis.
de gestão dos riscos do Grupo. Esta função é desenvolvida pela área
de cobrança e recuperações, que define uma estratégia global e um Além das atuações orientadas a adequar as operações à capacidade
enfoque integral da gestão recuperatória. de pagamento do cliente, merece menção especial a gestão
recuperatória, onde são buscadas soluções alternativas à via jurídica
O Grupo conta com um modelo corporativo de gestão recuperatória para a cobrança antecipada das dívidas.
que estabelece as diretrizes e pautas gerais de atuação que
são aplicadas nos diferentes países, sempre considerando as Uma das vias para recuperar dívida de clientes com grave perda
particularidades locais que a atividade recuperatória precisa, seja da capacidade de pagamento é a adjudicação (judicial ou dação
por seu ambiente econômico, por seu modelo de negócios ou pela em pagamento) dos ativos imobiliários que servem de garantia às
mescla de ambos. operações. Em regiões com elevada exposição ao risco imobiliário,
como é o caso da Espanha, existem instrumentos muito eficientes de
As áreas de recuperação são áreas de gestão direta de clientes, pelo gestão de venda que permitem maximizar a recuperação e reduzir
que este modelo corporativo tem foco nos negócios, cuja criação de o saldo do stock a um ritmo superior ao do restante das entidades
valor de forma sustentável no tempo baseia-se na gestão eficaz e financeiras.
eficiente da cobrança, seja por regularização de saldos pendentes de
pagamento, seja pela recuperação total.

O modelo de gestão recuperatória requer coordenação adequada


de todas as áreas de gestão (comerciais, tecnologia e operações,
recursos humanos e riscos) e está sujeito a uma permanente
revisão e melhoria continua dos processos e metodologia de gestão
que o sustentam, mediante a aplicação das melhores práticas
desenvolvidas nos diferentes países.

Para realizar uma gestão recuperatória adequada, atua-se em quatro


fases principais: irregularidade ou inadimplemento antecipado,
recuperação de dívidas em atraso, recuperação de créditos falidos e
gestão dos bens adjudicados. De fato, o âmbito de atuação da função
recuperatória começa inclusive antes do primeiro não pagamento,
quando o cliente apresenta sintomas de depreciação, e finaliza
quando a dívida foi paga ou regularizada. A função recuperatória

214 RELATÓRIO ANUAL 2016


D.2. Risco de mercado de
negociação e estruturais

» Organização da seção • O risco de taxa de juros é a possibilidade de que variações nas


taxas de juros possam afetar de forma adversa o valor de um
Em primeiro lugar são descritas as atividades sujeitas ao risco instrumento financeiro, uma carteira ou o Grupo em sua totalidade.
de mercado, detalhando os diferentes tipos e fatores de risco Afeta, entre outros, os empréstimos, depósitos, títulos de dívida,
[pág. 215-216]. a maioria de ativos e passivos das carteiras de negociação, assim
como os derivativos.
Em seguida, dedicamos uma seção a cada um dos tipos de risco de
mercado em função da finalidade do risco, distinguindo o risco de • O risco de taxa de inflação é a possibilidade de que variações nas
mercado de negociação [pág. 217-229] e os riscos estruturais taxas de inflação possam afetar de forma adversa o valor de um
[pág. 229-234], e, dentro destes últimos, os risos estruturais de instrumento financeiro, uma carteira ou o Grupo em sua totalidade.
balanço e os riscos de pensões e atuarial. Afeta, entre outros, empréstimos, títulos de dívida e derivativos,
cuja rentabilidade está vinculada à inflação ou a uma taxa de
Para cada tipo de risco, são detalhados os aspectos mais importantes, variação real.
como os principais números e sua evolução no ano, as metodologias
e métricas empregadas no Santander, bem como os limites usados • O risco de taxa de câmbio é definido como a sensibilidade do valor
para seu controle. da posição em moeda diferente da moeda base a um movimento
potencial das taxas de câmbio. Desta forma, uma posição longa
ou comprada em uma moeda estrangeira produzirá uma perda
» D.2.1. Atividades sujeitas a risco de se a moeda se depreciar frente à moeda base. Entre as posições
mercado e tipos de risco de mercado afetadas por este risco estão os investimentos em filiais em moedas
diferentes do euro, assim como empréstimos, valores e derivativos
O perímetro de atividades sujeitas a risco de mercado abarca as denominados em moeda estrangeira.
operações onde se assume risco patrimonial como consequência de
mudanças nos fatores de mercado. São incluídos tanto os riscos da • O risco de renda variável é a sensibilidade do valor das posições
atividade de negociação (trading) como os riscos estruturais que abertas em títulos de renda variável perante movimentos adversos
também são afetados pelos movimentos dos mercados. nos preços de mercado ou nas expectativas de dividendos futuros.
Entre outros instrumentos, afeta posições em ações, índices de
O risco surge da variação dos fatores de risco – taxa de juros, taxas renda variável, títulos conversíveis e derivativos sobre subjacentes
de inflação, taxa de câmbio, renda variável, spread de crédito, preço de renda variável (put, call, equity swaps, etc.).
de matérias-primas e volatilidade de cada um dos anteriores – assim
como do risco de liquidez dos distintos produtos e mercados em que
o Grupo opera.

RELATÓRIO ANUAL 2016 215


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de mercado de negociação e estruturais

• O risco de spread de crédito é o risco ou sensibilidade do valor Por outro lado, também dependem das movimentações nos fatores
das posições abertas em títulos de renda fixa ou em derivativos de mercado o risco de pensões e o risco atuarial, que são descritos
de crédito perante os movimentos nas curvas de spread de mais adiante.
crédito ou nas taxas de recuperação (TR) associadas a emissores
e taxas de dívida concretas. O spread é um diferencial entre Em função da finalidade de risco, as atividades se segmentam da
instrumentos financeiros negociados com uma margem sobre seguinte forma:
outros instrumentos de referência, principalmente TIR de valores
do Estado e taxas de juros interbancários. a) Negociação: atividade de serviços financeiros a clientes e
atividade de compra-venda e posicionamento em produtos de
• O risco de preço de matérias-primas é o derivado do efeito que renda fixa, renda variável e divisas, principalmente. A divisão
as mudanças potenciais têm nos preços de matérias-primas. A de SGCB (Santander Global Corporate Banking) é a principal
exposição no Grupo a este risco não é relevante e está concentrada responsável pela gestão.
em operações de derivativos sobre matérias-primas com clientes.
b) Riscos estruturais: distinguimos entre os riscos de balanço e os
• O risco de volatilidade é o risco ou sensibilidade do valor da riscos de pensões e atuarial:
carteira perante mudanças na volatilidade dos fatores de risco:
taxas de juros, taxas de câmbio, ações, spreads de crédito b.1) Riscos estruturais de balanço: riscos de mercado inerentes
e matérias-primas. Incorre-se neste risco nos instrumentos no balanço, excluindo a carteira de negociação. As decisões
financeiros que têm como variável em seu modelo de avaliação a de gestão desses riscos são tomadas através dos comitês
volatilidade. O caso mais significativo são as carteiras de opções ALCO de cada país, em coordenação com o comitê ALCO do
financeiras. Grupo, e são executadas pela divisão de Gestão Financeira. O
objetivo da gestão é dar estabilidade e recorrência à margem
Todos esses riscos de mercado podem ser mitigados parcial ou financeira da atividade comercial e ao valor econômico do
totalmente com o uso de derivativos como opções, futuros, forwards Grupo, mantendo níveis adequados de liquidez e solvência.
e swaps. Esses riscos são:

Adicionalmente, há outros tipos de riscos de mercado, cuja • Risco de interesse estrutural: surge devido às defasagens
cobertura é mais complexa. São os seguintes: existentes nos vencimentos e reavaliação de todos os ativos
e passivos do balanço.
• Risco de correlação. É definido como a sensibilidade do valor da
carteira perante mudanças na relação que existe entre fatores de • Risco de mudança estrutural/cobertura de resultados:
risco (correlação), sejam do mesmo tipo (por exemplo, entre duas risco de taxa de câmbio, porque a divisa em que os
taxas de câmbio) ou de natureza distinta (por exemplo, entre uma investimentos são realizados é diferente do euro tanto nas
taxa de juros e o preço de uma matéria-prima). empresas consolidáveis como nas não consolidáveis (taxa
de câmbio estrutural). Adicionalmente, estão incluídas
• Risco de liquidez de mercado. Risco de que uma Entidade do neste item as posições de cobertura de taxa de câmbio de
Grupo ou o Grupo em seu conjunto não seja capaz de desfazer ou resultados futuros geradas em moedas diferentes do euro
fechar uma posição a tempo sem impacto no preço de mercado (cobertura de resultados).
ou no custo da transação. O risco de liquidez de mercado pode
ser causado pela redução do número de criadores de mercado ou • Risco de renda variável estrutural: estão incluídos neste
de investidores institucionais, a execução de grandes volumes de item os investimentos por meio de participações de capital
operações e a instabilidade dos mercados, aumentando com a em empresas que não consolidam, financeiras e não
concentração existente em certos produtos e moedas. financeiras, assim como pelas carteiras disponíveis para
venda formadas por posições em renda variável.
• Risco de pagamento antecipado ou cancelamento. Quando
em determinadas operações a relação contratual permite, de b.2) Riscos de pensões e atuarial
forma explícita ou implícita, o cancelamento antecipado antes do
vencimento sem negociação, existe o risco de que os fluxos de caixa • Risco de pensões: risco assumido pela entidade em relação
tenham que ser reinvestidos a uma taxa de juros potencialmente aos compromissos de pensões com seus empregados.
mais baixa. Afeta principalmente empréstimos ou títulos Consiste na possibilidade de que o fundo não cubra esses
imobiliários. compromissos no período de acumulação da prestação e
a rentabilidade obtida pela carteira não seja suficiente e
• Risco de seguros. Aparece como consequência da participação obrigue o Grupo a aumentar o nível de contribuições.
de uma entidade no asseguramento de uma colocação de títulos
ou outro tipo de dívida, assumindo o risco de passar a possuir • Risco atuarial: perdas inesperadas produzidas como
parcialmente a emissão ou o empréstimo como consequência da consequência de um aumento nos compromissos com os
não colocação do total entre os potenciais compradores. tomadores do seguro, assim como as perdas derivadas de um
aumento imprevisto nos gastos.

216 RELATÓRIO ANUAL 2016


» D.2.2. Risco de mercado de negociação D.2.2.1.1. Análises do VaR21
Em 2016, o Grupo manteve sua estratégia de concentrar sua
D.2.2.1. Principais magnitudes e evolução atividade de negociação no negócio de clientes, minimizando, na
O perfil de risco de negociação do Grupo manteve-se medida do possível, as exposições de risco direcionais abertas em
moderadamente baixo em 2016, em linha com os exercícios termos líquidos. Isso se refletiu no Value at Risk (VaR) da carteira de
anteriores, porque historicamente a atividade do Grupo tem estado negociação do SGCB que, apesar da volatilidade do mercado devido
centrada em prestar serviço a seus clientes, na exposição limitada a aos diferentes eventos ocorridos durante o ano (o Brexit, as eleições
ativos estruturados complexos e na diversificação geográfica e por gerais na Espanha e nos EUA, a situação política e econômica no
fator de risco. Brasil, o referendo constitucional na Itália), evoluiu em torno da
média dos três últimos anos e encerrou 2016 em 17,9 milhões de
euros22.

Evolução VaR 2014-2016


Milhões de euros. VaR a 99% com horizonte temporal de um dia

35
— VaR
— Média móvel 15 dias MÁX (32,9)
— VaR médio 3 anos
30

25

20

15

10
MÍN (8,2)
5
Jan 2014

Mar 2014

Mai 2014

Jul 2014

Set 2014

Nov 2014

Jan 2015

Mar 2015

Mai 2015

Jul 2015

Set 2015

Nov 2015

Dez 2015

Jan 2016

Mar 2016

Mai 2016

Jul 2016

Set 2016

Nov 2016

Dez 2016
Em 2015, o VaR flutuou entre 11,1 e 32,9 milhões de euros. As Histograma de risco VaR
variações mais significativas decorreram das mudanças na exposição VaR a 99% com horizonte temporal um dia
à taxa de câmbio e taxa de juros, bem como à volatilidade do Número de dias (%) em cada faixa
mercado.
19,0%
18,3% 18,4%
O VaR médio em 2016, 18,3 milhões de euros, foi bastante similar ao 17,4%
assumido nos dois anos anteriores (15,6 milhões de euros em 2015 e
16,9 milhões de euros em 2014).
Número de dias (%)

O histograma a seguir descreve a distribuição de frequências


apresentada pelo risco medido em termos de VaR no período de 2014
a 2016. Pode-se observar o acúmulo de dias com níveis entre 8,5 e 9,4%
24,25 milhões de euros (96%). Os valores acima de 24,25 milhões de 7,9%
euros (3,9%) concentram-se em períodos afetados principalmente
por aumentos pontuais de volatilidade, particularmente no real em 4,6%
relação ao dólar e ao euro, bem como as taxas de juros de ambas as 3,9%
moedas.
0,1% 1,0%
<8,25

10,25

12,25

14,25

16,25

18,25

20,25

22,25

24,25

>24,25

VaR em milhões de euros

21. Value at Risk. A definição e a metodologia de cálculo do VaE encontra-se no item D.2.2.2.1. Value at Risk (VaR).
22. Relativo à atividade de negociação em mercados financeiros do SGCB (Santander Global Corporate Banking). Além da atividade de negociação do SGCB,
há outras posições classificadas contabilmente como negociação, sendo o VaR total de negociação desse perímetro contábil de 17,8 milhões de euros.

RELATÓRIO ANUAL 2016 217


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de mercado de negociação e estruturais

Risco por fator


A tabela a seguir apresenta os valores médios e últimos de VAR a
99% por fator de risco nos dois últimos anos, bem como os valores
mínimos e máximos em 2016 e o expected shortfall (ES) a 97,5%23 no
encerramento de 2016:

Estatísticas do VaR e Expected Shortfall por fator de risco24, 25


Milhões de euros. VaR a 99% e ES a 97,5% com horizonte temporal de um dia
2016 2015 2014
ES
VaR (99%) (97,5%) VaR VaR
Mínimo Médio Máximo Último Último Médio Último Médio Último
Total 11,1 18,3 32,9 17,9 17,6 15,6 13,6 16,9 10,5
Efeito diversificação (3,6) (10,3) (20,9) (9,6) (9,5) (11,1) (5,8) (13,0) (9,3)
Total negociação

Taxa de juros 8,9 15,5 23,1 17,9 16,8 14,9 12,7 14,2 10,5
Renda variável 1,0 1,9 3,3 1,4 1,7 1,9 1,1 2,7 1,8
Taxa de câmbio 3,3 6,9 13,3 4,8 4,9 4,5 2,6 3,5 2,9
Spread de crédito 2,4 4,2 7,4 3,3 3,6 5,2 2,9 9,3 4,6
Matérias-primas 0,0 0,1 0,2 0,1 0,1 0,2 0,1 0,3 0,1

Total 6,0 9,0 19,5 9,4 9,1 11,6 11,1 12,2 7,3
Efeito diversificação (3,7) (9,1) (18,1) (7,6) (7,7) (8,3) (5,6) (9,2) (5,5)
Taxa de juros 5,0 8,2 14,9 9,1 8,6 10,6 10,9 8,9 6,2
Europa

Renda variável 0,9 1,6 2,8 1,5 1,6 1,4 1,0 1,7 1,0
Taxa de Câmbio 1,5 4,1 13,2 3,0 3,2 3,3 1,9 2,9 1,5
Spread de crédito 2,1 4,1 7,0 3,4 3,3 4,4 2,8 7,6 3,9
Matérias-primas 0,0 0,1 0,2 0,1 0,1 0,2 0,1 0,3 0,1

Total 5,9 13,7 26,9 13,5 14,4 10,6 9,7 12,3 9,8
América Latina

Efeito diversificação (0,6) (3,6) (15,1) (2,7) (3,0) (4,8) (4,4) (3,5) (12,2)
Taxa de juros 5,4 11,4 21,6 13,0 14,1 10,7 9,3 11,8 9,8
Renda variável 0,4 1,4 3,8 0,8 0,8 1,5 0,5 2,1 3,0
Taxa de câmbio 1,3 4,5 11,4 2,4 2,5 3,2 4,3 2,0 9,2

Total 0,7 1,3 4,8 2,7 2,8 0,9 0,9 0,7 0,7
Efeito diversificação (0,2) (0,5) (1,2) (0,6) (0,2) (0,5) (0,4) (0,3) (0,2)
EUA e Ásia

Taxa de juros 0,7 1,3 4,9 2,7 2,8 0,8 0,8 0,7 0,7
Renda variável 0,0 0,1 0,6 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1 0,0
Taxa de câmbio 0,1 0,4 0,9 0,5 0,2 0,4 0,4 0,3 0,2

Total 0,3 0,6 1,9 0,5 0,8 1,6 0,4 2,3 1,9
Atividades globais

Efeito diversificação 0,0 (0,1) (0,3) (0,1) (0,1) (0,6) (0,2) (0,6) (0,6)
Taxa de juros 0,0 0,1 0,2 0,1 0,1 0,5 0,1 0,6 0,4
Spread de crédito 0,3 0,5 1,9 0,5 0,8 1,6 0,4 2,2 1,9
Taxa de câmbio 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,2

23. A seção D.2.2.2.2 detalha a definição dessa métrica. Seguindo a recomendação do Comitê da Basileia em seu documento para consulta “Fundamental review of the trading
book: a revised market risk framework” (outubro de 2013), o nível confiança de 97,5% representa aproximadamente um nível de risco similar ao capturado pelo VaR com o nível
de confiança de 99%.
24. VaR de atividades globais inclui operações não designadas a nenhuma área geográfica específica.
25. Na América Latina, nos Estados Unidos e na Ásia, os níveis de VaR dos fatores spread de crédito e matérias-primas não são mostrados separadamente por sua escassez ou
pouca importância.

218 RELATÓRIO ANUAL 2016


No encerramento do ano de 2016, o VaR aumentou 4,3 milhões de D.2.2.1.2. Medidas de calibração e contraste
euros em relação a 2015, com um aumento do VaR médio de 2,7 As perdas reais podem diferir das prognosticadas pelo VaR por
milhões de euros. Por fator de risco, o VaR médio apresentou um distintas razões relacionadas com as limitações desta métrica, que
aumento nas taxas de câmbio e de juros e renda variável, ao passo são detalhadas mais adiante na seção de metodologias. Por isso,
que registrou uma queda em spread de crédito e matérias-primas. Por o Grupo realiza regularmente análises e testes de contraste da
área geográfica, aumentou ligeiramente nos Estados Unidos/Ásia, bondade do modelo de cálculo do VaR, com o objetivo de confirmar
tendo registrado queda nas demais regiões. sua confiabilidade.

A evolução do VaR por fator de risco seguiu, em geral, uma tendência O teste mais importante consiste nos exercícios de backtesting,
de estabilidade nos últimos anos. Os saltos transitórios no VaR dos analisados tanto em nível local como global, seguindo em todos os
diversos fatores são explicados mais por aumentos pontuais da casos a mesma metodologia. O exercício de backtesting consiste em
volatilidade dos preços de mercado que por variações significativas comparar as medições de VaR prognosticadas, dado um determinado
nas posições. nível de confiança e horizonte temporal, com os resultados reais de
perdas obtidos durante um horizonte temporal igual ao estabelecido.
Histórico de VaR por fator de risco Isso permite, se for o caso, detectar anomalias no modelo de VaR da
Milhões de euros. VaR a 99% com horizonte temporal de um dia carteira em questão (por exemplo, deficiências na parametrização
(média móvel 15 dias) dos modelos de avaliação de determinados instrumentos, proxies
— VaR Taxa Juros — VaR Commodities pouco adequadas, etc.).
— VaR Spread Crédito — VaR Taxa de Câmbio
— VaR R. Variável No Santander, são calculados e avaliados três tipos de backtesting:
25

• Backtesting ‘limpo’: o VaR diário é comparado com os resultados


20
obtidos sem considerar os resultados intradia nem as mudanças nas
posições da carteira. Com este método, é contrastada a bondade
15 dos modelos individuais utilizados para avaliar e medir os riscos das
distintas posições.
10
• Backtesting sobre resultados completos: o VaR diário é comparado
com os resultados líquidos do dia, incluindo os resultados das
5
operações intradia e os gerados por comissões.

0 • Backtesting sobre resultados completos sem margens (markups)


Jan 2014
Mar 2014
Mai 2014
Jul 2014
Set 2014
Nov 2014
Jan 2015
Mar 2015
Mai 2015
Jul 2015
Set 2015
Nov 2015
Dez 2015
Jan 2016
Mar 2016
Mai 2016
Jul 2016
Set 2016
Nov 2016
Dez 2016

nem comissões: o VaR diário é comparado com os resultados


líquidos do dia, incluindo os resultados das operações intradia,
mas excluindo os gerados por margens e comissões. Com este
método, pretende-se ter uma ideia do risco intradia assumido pelas
Por último, a tabela a seguir mostra estatísticas comparativas do VaR tesourarias do Grupo.
em relação ao Stressed VaR26 para a atividade de negociação das duas
carteiras com o maior VaR médio em 2016. Para o primeiro dos casos e a carteira total, em 2016,
ocorreram quatro exceções de Value at Earnings (VaE)27 a 99%
Estatísticas de Stressed VaR vs VaR em (dias em que o lucro diário foi superior ao VaE) nos dias 12 e 18 de
2016: principais carteiras fevereiro, 13 de abril e 24 de junho, explicadas principalmente pelos
Milhões de euros. Stressed VaR a 99% e VaR a 99% com horizonte fortes movimentos nas taxas de câmbio do euro e dólar em relação
temporal de um dia ao real, assim como nas curvas de taxas de juros nessas divisas, junto
2016 2015 com o aumento de volatilidade experimentada de forma generalizada
Mín Médio Máx Último Médio Último
nos mercados como consequência do Brexit.

VaR (99%) 3,1 5,7 14,1 4,7 8,9 11,2 Também ocorreu uma exceção de VaR a 99% (dias em que a
Espanha Stressed perda diária foi superior ao VaR) em 3 de fevereiro, explicada
VaR (99%) 10,5 14,9 23,9 14,3 19,4 13,5 “principalmente como nos casos anteriores”, pela alta volatilidade
VaR (99%) 4,5 12,0 26,8 10,6 9,5 9,4 das taxas de câmbio e curvas de taxas de juros, neste caso do euro e
Brasil do real brasileiro.
Stressed
VaR (99%) 6,4 22,2 47,5 23,0 16,6 14,2
O número de exceções produzidas é consistente com as hipóteses
especificadas no modelo de cálculo de VaR.

26. Descrição na seção D.2.2.2.2.


27. A definição e a metodologia de cálculo do VaE encontra-se na seção D.2.2.2.1.

RELATÓRIO ANUAL 2016 219


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de mercado de negociação e estruturais

Backtesting de carteiras de negociação: resultados diários vs. Valor em Risco (VaR) dia anterior
Milhões de euros

60 — P&L Limpo
— VaE 99%
— VaE 95%
45 — VaR 99%
— VaR 95%

30

15

-15

-30

-45
2 jan 2014

19 fev 2014

8 abr 2014

26 mai 2014

13 jul 2014

30 ago 2014

17 out 2014

4 dez 2014

21 jan 2015

10 mar 2015

27 abr 2015

14 jun 2015

1 ago 2015

18 set 2015

5 nov 2015

23 dez 2015

9 fev 2016

28 mar 2016

15 mai 2016

2 jul 2016

19 ago 2016

6 out 2016

23 nov 2016

30 dez 2016
D.2.2.1.3. Distribuição de riscos e resultados de gestão28
Binômio VaR – Resultado de gestão:
Distribuição geográfica Distribuição geográfica
VaR médio (a 99%, com horizonte temporal de 1 dia) e resultado de
Na atividade de negociação, a contribuição média da América Latina gestão acumulado anual (milhões de euros). % sobre totais anuais
ao VaR total do Grupo em 2016 foi de 69,6%, em relação a uma
contribuição de 50,1% para os resultados econômicos. Por sua vez, 80%
a Europa, com um peso de 29,7% no risco global, contribuiu com Resultado da gestão
41,9% dos resultados. Em relação a anos anteriores, observa-se uma 70%
2014  2015  2016
homogeneização progressiva no perfil da atividade nas diferentes
60% VaR médio anual
unidades do Grupo, com foco de forma generalizada no serviço a
clientes profissionais e institucionais. 50%
2014  2015  2016

40%
A seguir, apresentamos a contribuição geográfica ao total do Grupo
em porcentagem, tanto em riscos, medidos em termos de VaR, como 30%
em resultados, medidos em termos econômicos.
20%

10%

0%
2014
2015
2016
2014
2015
2016
2014
2015
2016
2014
2015
2016
2014
2015
2016
2014
2015
2016
2014
2015
2016
2014
2015
2016
Resultado da
gestão anual

VaR médio
anual

Resultado da
gestão anual

VaR médio
anual

Resultado da
gestão anual

VaR médio
anual

Resultado da
gestão anual

VaR médio
anual

América Latina Europa EUA e Ásia Atividades


Globais

28. Resultados em termos semelhantes à Margem Bruta (não incluem despesas operacionais; o financeiro seria o único custo).

220 RELATÓRIO ANUAL 2016


Distribuição temporal
O gráfico a seguir mostra o perfil temporal da assunção de risco,
em termos de VaR, frente ao resultado ao longo de 2016. Pode-se
observar que o VaR médio se manteve relativamente estável, embora
com valores mais elevados no segundo trimestre do ano, ao passo
que os resultados evoluíram de forma mais regular durante o mesmo
período, sendo maiores no primeiro semestre.

Distribuição temporal de riscos e resultados em 2016: porcentagens sobre totais anuais


VaR (a 99%, com horizonte temporal de 1 dia) e resultado de gestão acumulado anual (milhões de euros), % sobre totais anuais.

20%

Resultado de gestão mensal  VaR médio mensal

15%

10%

5%

0%
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

O histograma de frequências a seguir detalha a distribuição dos D.2.2.1.4. Gestão de risco de derivativos
resultados econômicos diários em função de sua magnitude no A atividade de derivativos está focada principalmente na
período 2014-2016. Observa-se que em mais de 95,9% dos dias comercialização de produtos de investimento e na cobertura de
com mercado aberto os rendimentos diários29 situaram-se em um riscos para clientes. A gestão está orientada para que o risco líquido
intervalo entre –12 e +13 milhões de euros. aberto seja o menor possível.

Histograma de frequências de resultados Esse tipo de operações inclui tanto opções de renda variável como
de gestão diários (MtM) de renda fixa e de taxa de câmbio. As unidades de gestão onde
Resultados diários de gestão “limpos” de comissões e operações principalmente essa atividade foi realizada são Espanha, Santander
intradia (milhões de euros). Número de dias (%) em cada faixa UK “e em menor escala”, Brasil e México.
37,3%
O gráfico a seguir mostra a evolução do riscoVaR Vega30 do negócio
de derivativos nos três últimos anos. Observa-se que flutuou em
torno de uma média de 5 milhões de euros. Em geral, os períodos
27,8%
com níveis de VaR mais elevados correspondem a episódios de
Número de dias (%)

aumento significativo da volatilidade nos mercados.

Em 2015, o VaR Vega, embora semelhante ao do ano anterior durante


16,7% o primeiro trimestre, foi afetado nos dois trimestres seguintes pela
alta volatilidade do mercado resultante de eventos como o resgate
da Grécia, a alta volatilidade da bolsa na China e a desvalorização
9,1%
de sua moeda, o rebaixamento do rating do Brasil, bem como a
forte desvalorização do real em relação ao euro e ao dólar. Como
3,1% 3,4% foi mencionado anteriormente, em 2016, ocorreram vários eventos
1,0% 1,0% 0,3% 0,3% que provocaram um aumento da volatilidade no mercado (o Brexit,
as eleições gerais na Espanha e nos EUA, a situação política e
<-15,0

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

>25,0

econômica no Brasil, o referendo constitucional na Itália).

29. Rendimentos ‘limpos’ de comissões e resultados derivados de operações intradia.


30. Entende-se pelo termo grego “Vega” a sensibilidade do valor de uma carteira diante de alterações no preço da volatilidade de mercado.

RELATÓRIO ANUAL 2016 221


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de mercado de negociação e estruturais

Evolução de risco (VaR) do negócio de derivativos


Milhões de euros. VaR Vega a 99% com horizonte temporal de um dia.

16

— VaR Vega
14
— Média móvel 15 dias

12

10

0
Jan 2014

Mar 2014

Mai 2014

Jul 2014

Set 2014

Nov 2014

Jan 2015

Mar 2015

Mai 2015

Jul 2015

Set 2015

Nov 2015

Jan 2016

Mar 2016

Mai 2016

Jul 2016

Set 2016

Nov 2016

Dez 2016
Quanto ao VaR Vega por fator de risco, em média, a exposição esteve
concentrada, nessa ordem, em taxa de juros, renda variável, taxa de
câmbio e matérias-primas. Isso é mostrado na tabela a seguir.

Derivativos financeiros. Risco (VaR) por fator de risco


Milhões de euros. VaR a 99% com horizonte temporal de um dia

2016 2015 2014


Mínimo Médio Máximo Último Médio Último Médio Último
VaR Vega Total 2,4 4,0 11,4 2,5 6,8 (7,0) 3,3 2,7
Efeito diversificação (1,1) (2,4) (7,1) (2,3) (2,3) (1,7) (2,1) (2,6)
VaR taxa de juros 2,0 3,6 10,6 2,6 6,5 7,3 2,4 1,7
VaR renda variável 0,9 1,7 3,0 1,3 1,5 0,8 1,8 2,0
VaR taxa de câmbio 0,5 1,1 4,8 0,9 1,1 0,6 1,2 1,6
VaR matérias-primas 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1 0,0 0,0 0,1

222 RELATÓRIO ANUAL 2016


Quanto à sua distribuição por unidade de negócio, a exposição se
concentrou principalmente, nesta ordem, na Espanha, Santander UK,
Brasil e México.

Derivativos financeiros. Risco (VaR) por unidade


Milhões de euros. VaR a 99% com horizonte temporal de um dia

2016 2015 2014


Mínimo Médio Máximo Último Médio Último Médio Último
VaR Vega Total 2,4 4,0 11,4 2,5 6,8 7,0 3,3 2,7
Espanha 2,1 3,6 11,3 2,3 6,6 6,9 2,4 1,5
Santander UK 0,6 1,3 3,4 0,9 0,9 0,9 1,4 0,9
Brasil 0,3 0,8 2,4 0,7 0,7 0,4 0,8 0,7
México 0,2 0,4 0,8 0,2 0,8 0,3 0,9 1,3

O risco médio em 2016, 4 milhões de euros, é inferior ao de 2015 e um A política do Santander referente à aprovação de novas operações
pouco maior do de 2014, pelos motivos comentados anteriormente. relacionadas com esses produtos continua sendo muito prudente e
conservadora, e está sujeita a uma rigorosa supervisão por parte da
O Grupo continua tendo uma exposição muito limitada a alta administração do Grupo. Antes de autorizar a implementação
instrumentos ou veículos estruturados complexos, reflexo da de uma nova operação, produto ou subjacente, do ponto de vista da
manutenção de uma cultura de gestão em que a prudência na divisão de riscos, verifica-se:
gestão de riscos constitui um de seus principais sinais de identidade.
Concretamente, no encerramento de 2016, o Grupo contava com: • A existência de um modelo de avaliação adequado para o
acompanhamento do valor de cada exposição, mark-to-market,
• Hedge Funds: a exposição total não é significativa (179,4 milhões mark-to-model ou mark-to-liquidity.
de euros no encerramento de 2016), sendo toda indireta, atuando
como contrapartida em operações de derivativos. O risco com • A disponibilidade de dados observáveis no mercado (inputs)
este tipo de contrapartes é analisado caso a caso, estabelecendo necessários para aplicar o modelo de valoração.
as porcentagens de colateralização em função das características
e ativos de cada fundo. A exposição diminuiu em relação ao ano Sempre que forem cumpridos os dois pontos anteriores:
anterior.
• A disponibilidade de sistemas adequados e devidamente adaptados
• Monolines: a exposição do Grupo a empresas seguradoras de para o cálculo e acompanhamento diário dos resultados, posições e
títulos (denominadas monolines) em dezembro de 2016, era de riscos das novas operações propostas.
49,5 milhões de euros, relacionada principalmente à exposição
indireta, 49 milhões de euros em virtude da garantia prestada por • O grau de liquidez do produto ou subjacente, para possibilitar sua
este tipo de entidades a diversas operações de financiamento ou cobertura no momento em que for considerado oportuno.
securitização tradicional. A exposição neste caso é ao duplo default,
sendo os subjacentes primários de alta qualidade de crédito. O D.2.2.1.5. Risco emissor nas carteiras de negociação
pequeno saldo resultante é exposição direta (por exemplo, via A atividade de negociação em risco de crédito concentra-se
compra de proteção de risco de não pagamento de alguma destas principalmente na Tesouraria da Espanha. É implementada por meio
empresas seguradoras por meio de um credit default swap). A de posições em títulos e CDS (Credit Default Swaps) com prazos
exposição diminuiu em relação ao ano anterior. diferentes sobre referências corporativas e financeiras, bem como em
índices (Itraxx, CDX).
Sua origem deve-se principalmente à integração de posições de
entidades adquiridas pelo Grupo, como a Sovereign em 2009. Todas
estas posições eram conhecidas no momento da compra, tendo sido
devidamente provisionadas. Desde a integração no Grupo, estas
posições reduziram-se notavelmente, com o objetivo final de sua
eliminação do balanço.

RELATÓRIO ANUAL 2016 223


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de mercado de negociação e estruturais

A tabela a seguir mostra as maiores posições no encerramento do


ano para a Espanha, distinguindo entre posições compradas (compra
de títulos ou venda de proteção via CDS) e posições vendidas (venda
de títulos ou compra de proteção via CDS).

Milhões de euros. Dados em dezembro de 2016


Maiores posições compradas Maiores posições vendidas
(venda de proteção) (compra de proteção)
Exposição em caso % sobre Exposição em caso % sobre
de default (EAD) EAD total de default (EAD) EAD total
1ª referência 1.132,6 18,5% (30,9) 0,7%
2ª referência 132,3 2,2% (24,0) 0,5%
3ª referência 90,9 1,5% (19,0) 0,4%
4ª referência 87,3 1,4% (19,0) 0,4%
5ª referência 81,9 1,3% (18,7) 0,4%
Subtotal top 5 1.525,0 24,9% (111,6) 2,4%
Total 6.130,0 100% (4.748,4) 100%

Nota: supõe-se recuperação nula (LCR = 0) no cálculo da EAD.

D.2.2.1.6. Análise de cenários


Em 2016, foram calculados e analisados periodicamente (pelo menos
mensalmente) diferentes cenários de estresse em nível local e global,
sobre todas as carteiras de negociação e considerando os mesmos
casos por fator de risco.

Cenário de volatilidade máxima (worst case)


É dedicada uma atenção especial a esse cenário, combinando
movimentos históricos dos fatores de risco com uma análise ad-
hoc para descartar combinações de variações muito improváveis
(por exemplo, quedas fortes da bolsa acompanhadas de uma queda
na volatilidade). A título de variações, aplica-se uma volatilidade
histórica, equivalente a seis desvios típicos em uma distribuição
normal. O cenário está definido tomando para cada fator de risco
aquele movimento que representa uma perda potencial maior na
carteira, descartando as combinações mais improváveis em termos
econômico-financeiros.

No encerramento do ano, esse cenário implicava, para a carteira


global, altas das curvas de taxas de juros nos mercados latino-
americanos e quedas nos mercados core, quedas das bolsas,
desvalorização de todas as moedas em relação ao euro, alta dos
spreads de crédito e da volatilidade.

A tabela a seguir mostra os resultados desse cenário em dezembro


de 2016.

Cenário de estresse: máxima volatilidade (worst case)


Milhões de euros. Dados dezembro de 2016

Taxa de juros Renda variável Taxa de câmbio Spread crédito Matérias-primas Total
Total negociação (100,5) (3,1) (10,3) (10,0) (0,1) (124,0)
Europa (14,7) (1,2) (2,9) (9,2) (0,1) (28,1)
América Latina (74,8) (1,9) (6,8) 0,0 0,0 (83,5)
Estados Unidos (7,5) 0,0 (0,5) 0,0 0,0 (8,0)
Atividades globais (0,1) 0,0 0,0 (0,8) 0,0 (0,9)
Ásia (3,4) 0,0 (0,1) 0,0 0,0 (3,5)

Conclui-se, com o resultado da análise, que a retração econômica


que o Grupo sofreria em suas carteiras de negociação em termos

224 RELATÓRIO ANUAL 2016


de resultado mark to market (MtM),supondo que ocorreriam no em janeiro de 2016. Respondia inicialmente a um cenário adverso
mercado os movimentos de estresse definidos nesse cenário, seria de proposto por bancos europeus pensando em um horizonte 2014–2016
124 milhões de euros, prejuízo que estaria concentrado na América e atualizado este ano para o horizonte 2016-2018. Reflete os riscos
Latina (nesta ordem, em taxas de juros, taxa de câmbio e renda sistêmicos considerados como as maiores ameaças à estabilidade do
variável) e na Europa (nesta ordem, em taxas de juros, spread de setor bancário da União Europeia.
crédito, taxa de câmbio e renda variável).
Este último cenário substituiu o de "Crise soberana" em novembro
Outros cenários globais de estresse de 2014. Tratava-se de um cenário histórico que diferenciava quatro
"Crise Abrupta": cenário ad-hoc com movimentos muito bruscos nos zonas geográficas (Estados Unidos, Europa, América Latina e Ásia) e
mercados. Alta das curvas de taxas de juros, forte recuo das bolsas, estabelecia altas nas curvas de taxas de juros, quedas das bolsas e de
forte valorização do dólar em relação a outras divisas, aumento da suas volatilidades, aumento de spreads de crédito e desvalorização
volatilidade e dos spreads de crédito. do euro e das moedas latino-americanas, e a valorização das moedas
asiáticas em relação ao dólar.
"Crise subprime": cenário histórico da crise ocorrida no mercado
depois da crise das hipotecas nos Estados Unidos. O objetivo da Em 2016, foi incluída a análise dos Reverse Stress Tests, em que
análise é captar o impacto nos resultados da diminuição da liquidez parte-se da determinação de um resultado pré-definido (inviabilidade
nos mercados. Os cenários têm dois horizontes temporais distintos, de um modelo de negócio ou possibilidade de quebra) e,
um dia e dez dias; nos dois casos se estabelecem quedas nas posteriormente, realiza-se a identificação dos cenários e movimentos
bolsas, queda nas taxas de juros nos mercados core e aumento nos de fatores de risco que podem levar a essa situação.
emergentes, e valorização do dólar em relação a outras divisas.
Mensalmente, é preparado um relatório de avaliação de cenário de
"Cenário Plausível Forward Looking": cenário hipotético plausível estresse consolidado, com as explicações das principais variações
definido em nível local nas unidades de riscos de mercado, com dos resultados para os vários cenários e unidades. Estabeleceu-se
base nas posições das carteiras e seu parecer de especialista sobre também um mecanismo de alerta, de forma que, quando a perda
os movimentos a curto prazo das variáveis de mercado que podem de um cenário é elevada em termos históricos e/ou de capital
afetar negativamente essas posições. Foi incluído este ano ao jogo de consumido pela carteira em questão, o fato é comunicado ao
cenários administrados pela entidade. responsável pelo negócio.

"Cenário adverso da EBA": cenário apresentado pela Autoridade Mostramos os resultados dos cenários globais para os três últimos
Bancária Europeia (EBA) inicialmente em abril de 2014 em seu anos:
exercício de estresse “The EBA 2014 EU-Wide Stress Test” e atualizado

Resultados de estresse. Comparação de cenários 2014-2016 (médias anuais)


Milhões de euros

2014  2015  2016


100

-100

-200

-300

-400

-500

-600
Worst Crise Plausible Crise 07 08 Crise 07 08 Adverso
case abrupta Fwd Looking 1d 10d EBA

RELATÓRIO ANUAL 2016 225


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de mercado de negociação e estruturais

D.2.2.1.7. Vinculação com os itens do balanço.


Outras medidas de risco alternativas
A seguir, mostramos os itens do balanço patrimonial consolidado
do Grupo sujeitos a risco de mercado, distinguindo as posições cuja
principal métrica de risco é o VaR dos itens cujo acompanhamento é
realizado com outras métricas. Destacam-se os itens sujeitos ao risco
de mercado de negociação.

Relação de métricas de risco com os saldos do balanço patrimonial consolidado do Grupo


Milhões de euros. (dezembro de 2016)
Métrica principal de
risco de mercado
Saldo no Principal fator de risco
balanço VaR Outras para balanço em "Outras"
Ativos sujeitos a risco de mercado 1.339.125 189.372 1.149.753
Caixa e depósitos em bancos centrais 76.454 76.454 Taxa de juros
Carteira de negociação 148.187 147.738 449 Taxa de juros, spread de crédito
Outros ativos financeiros em valor justo 31.609 31.284 325 Taxa de juros, spread de crédito
Ativos financeiros disponíveis para venda 116.774 - 116.774 Taxa de juros, renda variável
Participações 4.836 - 4.836 Renda variável
Derivativos utilizados como hedge 10.377 10.350 27 Taxa de juros, taxa de câmbio
Empréstimos e Recebíveis 854.472 854.472 Taxa de juros
Outros ativos financeiros1 35.531 35.531 Taxa de juros
Outros ativos não financeiros2 60.885 60.885
Passivos sujeitos a risco de mercado 1.339.125 157.098 1.182.027
Carteira de negociação 108.765 108.696 69 Taxa de juros, spread de crédito
Outros passivos financeiros com valor justo 40.263 40.255 8 Taxa de juros, spread de crédito
Derivativos utilizados como hedge 8.156 8.147 9 Taxa de juros, taxa de câmbio
Passivos financeiros a custo amortizado3 1.044.688 1.044.688 Taxa de juros
Provisões 14.459 14.459 Taxa de juros
Outros passivos financeiros 9.025 9.025 Taxa de juros
Patrimônio 102.699 102.699
Outros passivos não financeiros 11.070 11.070
1. Inclui: Ajustes a macrocoberturas, ativos não correntes à venda, ativos por resseguro e contratos de seguros vinculados a aposentadorias e ativos fiscais.
2. Inclui: ativo intangível, ativo tangível e outros ativos
3. Ajustado por macrocoberturas.

Pela atividade gerenciada com métricas diferentes do VaR, são D. 2.2.2. Metodologias
utilizadas medidas alternativas, principalmente sensibilidades aos
diferentes fatores de risco (taxas de juros, spread de crédito, etc.). D.2.2.2.1. Value at Risk (VaR)
A metodologia padrão aplicada no Grupo para a atividade de
No caso da carteira de negociação, as securitizações e as exposições negociação é o valor em risco (VaR), que mede a perda máxima
"nível III" (aquelas em que dados não observáveis de mercado esperada com um nível de confiança e um horizonte de tempo
constituem informações significativas em seus modelos internos de determinados. É utilizado como base o padrão de simulação histórica
avaliação correspondentes) são excluídas da medição por VaR. com um nível de confiança de 99% e um horizonte temporal de um
dia, e são aplicados ajustes estatísticos que permitem incorporar
As securitizações são tratadas principalmente como se fossem de forma eficaz e rápida os acontecimentos mais recentes que
carteiras de risco de crédito (em termos de probabilidade de condicionam os níveis de riscos assumidos. Concretamente, é usada
inadimplência, taxa de recuperação, etc). Para as exposições "nível uma janela temporal de 2 anos, ou 520 dados diários, obtidos desde
III", com pouca relevância no Grupo Santander (basicamente a data de referência de cálculo do VaR, voltando atrás no tempo.
derivativos vinculados ao HPI - Home Price Index - na atividade de São calculadas diariamente duas cifras, uma aplicando um fator de
mercados no Santander UK e derivativos de taxas de juros e de decaimento exponencial que atribui menor peso às observações mais
correlação entre o preço das ações na atividade de mercados da distantes no tempo em vigor e outra com pesos uniformes para todas
matriz), bem como em geral para as informações de avaliação não as observações. O VaR reportado é o maior de ambos.
observáveis no mercado (correlação, dividendos, etc.), seguimos uma
política muito conservadora, refletida tanto em ajustes de avaliação
como de sensibilidade.

226 RELATÓRIO ANUAL 2016


Simultaneamente, é calculado o Value at Earnings (VaE), que analisa-se o histórico de um subconjunto de fatores de risco de
mede o ganho máximo potencial com um nível de confiança e um mercado escolhidos com base no critério especializado, em função
horizonte temporal determinados, aplicando a mesma metodologia das posições contábeis mais relevantes. Para a obtenção do Stressed
que para o VaR. VaR, diferentemente do que ocorre no cálculo do VaR, não se aplica
o máximo entre o percentil com peso uniforme e o percentil com
Pela simulação histórica, o VaR apresenta muitas vantagens como a pesos exponenciais, mas utiliza-se diretamente o percentil com
métrica de risco (resume em um único número o risco de mercado de peso uniforme.
uma carteira, baseia-se em movimentos de mercado que realmente
ocorreram sem a necessidade de fazer pressupostos de formas Por outro lado, também calculamos o chamado Expected Shortfall
funcionais nem de correlação entre fatores de mercado, etc.), mas (ES), para estimar o valor esperado da perda potencial quando esta
também apresenta limitações. for maior que o nível estabelecido pelo VaR. O ES, ao contrário do
VaR, apresenta as vantagens de captar melhor o risco de perdas altas
Algumas limitações são intrínsecas à métrica VaR em si, de baixa probabilidade (tail risk) e de ser uma métrica subaditiva31.
independentemente da metodologia empregada para seu cálculo, No futuro próximo, o Comitê da Basileia recomenda a substituição
entre as quais se encontram: do VaR pelo Expected Shortfall como métrica de referência para o
cálculo do capital regulatório das carteiras de negociação32. O Comitê
• O cálculo do VaR está calibrado a um nível de confiança considera que o nível de confiança de 97,5% representa um nível de
determinado que não indica os níveis de possíveis perdas risco similar ao captado pelo VaR com o nível de confiança de 99%. O
superiores a ele. ES é calculado aplicando pesos uniformes a todas as observações.

• Podem ser encontrados na carteira alguns produtos com um D.2.2.2.3. Análise de cenários
horizonte de liquidez maior frente ao especificado no modelo de VaR. Além do VaR, o Grupo utiliza outras medidas que permitem ter
um maior controle dos riscos em todos os mercados onde atua.
• O VaR é uma análise estática do risco da carteira e, por isso, a Dentro dessas medidas está a análise de cenários, que consiste
situação pode mudar significativamente ao longo do dia seguinte, em definir alternativas do comportamento de diferentes variáveis
embora isso possa ocorrer com uma probabilidade muito baixa. financeiras e obter o impacto nos resultados ao aplicá-los sobre as
atividades. Esses cenários podem replicar fatos ocorridos no passado
Outras limitações resultam da utilização da metodologia de (como crises) ou determinar alternativas plausíveis que não se
simulação histórica: correspondem a eventos passados.

• Alta sensibilidade da janela histórica utilizada. O impacto potencial nos resultados de aplicar diferentes cenários
de estresse é calculado e analisado periodicamente em todas as
• Incapacidade de captar eventos plausíveis de grande impacto, se carteiras de negociação e considerando os mesmos pressupostos
estes não ocorreram na janela histórica utilizada. por fator de risco. No mínimo, são definidos três tipos de cenários:
plausíveis, severos e extremos, obtendo junto com o VaR, um
• Existência de parâmetros de avaliação que não dispõem de espectro muito mais completo do perfil de riscos.
informações de mercado (como correlações, dividendos e taxa de
recuperação). Além disso, foram estabelecidos certos níveis de alerta para os
cenários globais (triggers), em função dos resultados históricos
• Adaptação lenta a novas volatilidades e correlações, se os dados desses cenários e do capital associado à carteira em questão. Se
mais recentes receberem o mesmo peso que os dados mais antigos. ambos os níveis de alerta forem superados, o fato é comunicado
aos responsáveis pela gestão da carteira, para que sejam tomadas
Parte destas limitações é corrigida utilizando o Stressed VaR e o as medidas pertinentes. Além disso, os resultados dos exercícios de
Expected Shortfall, o cálculo de um VaR com queda exponencial estresse em nível global, bem como dos possíveis excessos sobre os
e a aplicação de ajustes de avaliação conservadores. Além disso, níveis de alerta marcados, são revisados regularmente e comunicados
conforme mencionado anteriormente, o Grupo realiza regularmente à alta administração se forem considerados pertinentes.
análises e testes de contraste da bondade do modelo de cálculo do
VaR (backtesting). D.2.2.2.4. Análise de posições, sensibilidades e resultados
As posições são utilizadas para quantificar o volume líquido dos
D.2.2.2.2. Stressed VaR (sVaR) e Expected Shortfall (ES) valores de mercado das transações em carteira, agrupados por fator
Além do tradicional VaR, calcula-se diariamente o Stressed VaR para de risco principal, considerando o delta dos futuros e opções que
as principais carteiras. Sua metodologia de cálculo é idêntica à possam existir. Todas as posições de risco podem ser expressas
utilizada para o cálculo do VaR, com duas únicas exceções: na moeda base da unidade e na divisa de homogeneização das
informações. As mudanças nas posições são controladas diariamente
• Período histórico de observação dos fatores: no cálculo do Stressed a fim de detectar a ocorrência de possíveis incidências, para fazer sua
VaR é utilizada uma janela de 260 dados, em vez de uma janela de correção imediata.
520, como no cálculo do VaR. Além disso, não são os últimos dados,
mas sim um período contínuo de estresse relevante para a carteira As medidas de sensibilidade de risco de mercado são as que estimam
em questão; para determiná-lo, para cada carteira relevante, a variação (sensibilidade) do valor de mercado de um instrumento

31. La subaditividade é uma das propriedades desejáveis que, segundo a literatura financeira, deve apresentar uma métrica coerente de risco. Essa propriedade estabelece que
f(a+b) seja inferior ou igual a f(a)+f(b). Intuitivamente, se supõe que quanto mais instrumentos ou fatores de risco existirem em uma carteira, menor risco apresentará com os
benefícios da diversificação. O VaR não se adequa a essa propriedade por determinadas distribuições, ao passo que o ES, se adequa sempre.
32. “Minimum Capital Requirements for Market Risk” (Documento da Comitê de Basileia sobre supervisão bancária, janeiro de 2016).

RELATÓRIO ANUAL 2016 227


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de mercado de negociação e estruturais

ou carteira diante de variações em cada um dos fatores de risco. O Debt Valuation Adjustment (DVA) é um ajuste para a avaliação
A sensibilidade do valor de um instrumento diante de variações semelhante ao CVA; porém, neste caso, como consequência do risco
nos fatores de mercado pode ser obtida por meio de aproximações próprio do Grupo que assume suas contrapartidas nos derivativos
analíticas por derivadas parciais ou mediante a reavaliação total da OTC.
carteira.
D.2.2.3. Sistema de controle de limites
Por outro lado, a elaboração diária das demonstrações de resultados O estabelecimento de limites de risco de mercado e de negociação
é um excelente indicador de riscos, na medida em que permite é concebido como um processo dinâmico que responde ao nível
identificar o impacto que as alterações nas variáveis financeiras do apetite por risco do Grupo Santander (descrito na seção B.3.1.
tiveram nas carteiras. Apetite por risco e estrutura de limites deste relatório). Esse
processo faz parte do plano anual de limites, que é promovido pela
D.2.2.2.5. Atividade de derivativos e gestão de crédito alta administração do Grupo e envolve todas as entidades que o
Merece uma menção especial o controle das atividades de compõem.
derivativos e gestão de crédito que, devido ao seu caráter atípico,
é realizado diariamente com medidas específicas. No primeiro Os limites de risco de mercado de negociação utilizados no Grupo
caso, são controladas as sensibilidades aos movimentos de preço são estabelecidos por diferentes métricas e englobam todas as
do subjacente (delta e gama), da volatilidade (vega) e do tempo atividades sujeitas a esse risco, a partir de várias perspectivas,
(teta). No segundo, é feita a revisão sistemática de medidas como a usando um critério conservador. Os principais são:
sensibilidade ao spread, jump-to-default, concentrações de posições
por nível de rating, etc. • Limites de VaR e Stressed VaR.

Em relação ao risco de crédito inerente nas carteiras de negociação, • Limites de posições equivalentes e/ou nominais.
e em linha com as recomendações do Comitê de Supervisão Bancária
da Basileia e a norma vigente, é calculada uma métrica adicional, • Limites de sensibilidades a taxas de juros.
o Incremental Risk Charge (IRC), com o objetivo de cobrir o risco de
descumprimento e de migração do rating que não esteja capturado • Limites de vega.
adequadamente no VaR, por meio da variação dos spreads de crédito
correspondentes. Os produtos controlados são basicamente os • Limites de risco de entrega por posições vendidas em títulos (renda
títulos de renda fixa, tanto públicos como privados, os derivativos fixa e variável).
sobre títulos (forwards, opções, etc.) e os derivativos de crédito
(credit default swaps, asset backed securities, etc.). O método de cálculo • Limites destinados a restringir o volume de perdas efetivas ou a
do IRC se baseia em medições diretas sobre as caudas da distribuição proteger os resultados já gerados durante o período:
de perdas ao percentil apropriado (99,9%), sobre um horizonte
temporal de um ano. É utilizada a metodologia de Monte Carlo, • Loss trigger.
aplicando um milhão de simulações.
• Stop loss.
D.2.2.2.6. Credit Valuation Adjustment (CVA)
e Debt Valuation Adjustment (DVA) • Limites de crédito:
O Grupo Santander incorpora o CVA e DVA no cálculo de seus
resultados das carteiras de negociação. O Credit Valuation • Limite à exposição total.
Adjustment (CVA) é um ajuste para a avaliação dos derivativos OTC
(over the counter) como consequência do risco associado à exposição • Limite ao jump to default por emissor.
creditícia que se assume com cada contrapartida.
• Outros.
O cálculo de CVA é realizado levando em consideração a exposição
potencial com cada contrapartida em cada prazo futuro. O CVA para • Limites para operações de originação.
uma determinada contrapartida é igual à soma do CVA para todos os
prazos. Para calculá-lo, consideram-se as seguintes informações: Esses limites gerais são complementados com outros sublimites para
ter uma estrutura de limites suficientemente granular que permita a
• Exposição esperada: inclui, para cada operação, o valor de mercado realização de um controle efetivo dos diferentes tipos de fatores de
atual (MtM) e o risco potencial futuro (Add-on) a cada prazo. risco de mercado de negociação sobre os quais se mantém exposição.
Consideram-se atenuantes como colaterais e contratos de netting, Assim, é feito um acompanhamento diário das posições, tanto de
como também um fator de declínio temporário para os derivativos cada unidade como globalmente, com um controle exaustivo das
com pagamentos intermediários. modificações realizadas nas carteiras, a fim de detectar as possíveis
incidências que possam ocorrer para sua correção imediata. Por
• Severidade: porcentagem de prejuízo final assumido no caso de outro lado, a elaboração diária das demonstrações de resultados por
evento de crédito/inadimplência da contrapartida. parte da divisão de Riscos é um excelente indicador de riscos, na
medida em que permite identificar o impacto que as alterações nas
• Probabilidade de inadimplência/default: para os casos em que não variáveis financeiras tiveram nas carteiras.
houver informações de mercado (curva de spread negociada por
meio de CDS, etc.) utilizam-se proxies gerados a partir de empresas A implementação da Volcker Rule em todo o Grupo em julho de
com CDS negociados do mesmo setor e rating externo que a 2015 implicou uma reorganização das atividades para garantir o
contrapartida. cumprimento da nova norma, a elaboração de novas métricas e a
definição de limites em nível de mesa.
• Curva de fatores de desconto.

228 RELATÓRIO ANUAL 2016


São estabelecidas três categorias de limites em função de seu âmbito esterlina com 166 milhões de euros, do dólar norte-americano com
de aprovação e de controle: limites de aprovação e controle globais, 140 milhões de euros e do zloty polonês com 32 milhões de euros, em
limites de aprovação global e controle local e limites de aprovação todos os casos com risco de quedas nas taxas.
e controle locais. Os limites são solicitados pelo responsável pela
atividade de cada país/entidade atendendo a particularidade do Sensibilidade da margem financeira (NII)34
negócio e para a execução do orçamento estabelecido, buscando a % sobre o total
consistência entre os limites e o índice risco/retorno, e aprovados
pelo órgão de riscos competente em cada caso. Outros
11,7%
As unidades de negócio devem respeitar a todo momento o
cumprimento dos limites aprovados. Se um determinado limite for Reino Unido Matriz
ultrapassado, os responsáveis pelo negócio local são obrigados a 28,7% 29,6%
explicar, por escrito no mesmo dia, os motivos do excesso e o plano
de ação para corrigir a situação que, em geral, pode consistir em
reduzir a posição até entrar nos limites vigentes ou em detalhar a Polônia
estratégia que justifique um aumento neles. 6,0%

EUA
Se a situação de excesso continuar sem resposta por parte da 24,0%
unidade de negócios durante três dias, solicita-se aos responsáveis Outros: Portugal e SCF.
globais pelo negócio que exponham as medidas que serão tomadas
para o ajuste aos limites existentes. Se essa situação se mantiver por Na mesma data, o risco sobre o valor econômico do patrimônio mais
dez dias depois do primeiro excesso, a alta administração de riscos é relevante, medido como sensibilidade do risco perante variações
informada para que tome uma decisão a respeito, podendo obrigar paralelas do pior cenário entre ± 100 pontos-base, era o da curva
que os tomadores de risco reduzam os níveis de risco assumidos. de juros do euro, com 3.736 milhões de euros, seguido da curva do
dólar com 341 milhões de euros e da curva da libra esterlina com 59
milhões de euros e do zloty polonês com 45 milhões de euros, em
» D.2.3. Riscos estruturais de balanço33 todos os casos em risco de baixas de taxas, cenários atualmente
muito pouco prováveis.
D. 2.3.1. Principais magnitudes e evolução
O perfil dos riscos de mercado inerentes no balanço do Grupo, Sensibilidade do valor patrimonial (EVE)35
em relação com o volume de ativos e de recursos próprios, assim % sobre o total
como com a margem financeira orçamentada, manteve-se em níveis
moderados em 2016, em linha com os exercícios anteriores. Outros
EUA 4,6%
4,8%
D.2.3.1.1. Risco de juros estrutural Reino Unido
1,9%
Europa e Estados Unidos
Os balanços principais, Matriz, Reino Unido e Estados Unidos, em
mercados maduros e em um contexto de taxas de juros baixas,
costumam apresentar sensibilidades do valor patrimonial e da Matriz
88,6%
margem financeira positivas a aumentos nas taxas de juros.

Em qualquer caso, o nível de exposição em todos os países é


moderado em relação com o orçamento anual e o montante de
Outros: Polônia, Portugal e SCF.
recursos próprios.

No encerramento de 2016, o risco sobre a margem financeira em


1 ano, medido como sensibilidade deste em relação a variações
paralelas do pior cenário entre ± 100 pontos-base, se concentrava nas
curvas de taxas de juros do euro com 186 milhões de euros, da libra

33. Inclui o total do balanço, com exceção das carteiras de negociação.


34. Sensibilidade para o pior cenário entre +100 e -100 pontos-base.
35. Sensibilidade para o pior cenário entre +100 e -100 pontos-base.

RELATÓRIO ANUAL 2016 229


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de mercado de negociação e estruturais

Nos quadros a seguir, mostramos os detalhes por prazo do risco de


juros do balanço mantido no Santander Matriz e no Santander UK,
em dezembro de 2016.

Matriz: Gap de reprecificação de taxas de juros36


Milhões de euros (dezembro de 2016)
Total 3 meses 1 ano 3 anos 5 anos > 5 anos Não sensível
Ativo 365.495 112.927 67.646 21.565 15.836 27.989 119.534
Passivo 399.667 112.551 43.856 57.518 43.329 59.929 82.484
Fora de balanço 34.172 34.174 (445) 2.477 45 (2.079) 0
Gap líquido 0 34.550 23.346 (33.477) (27.448) (34.020) 37.049

Santander UK: Gap de reprecificação de taxas de juros37


Milhões de euros (dezembro de 2016)
Total 3 meses 1 ano 3 anos 5 anos > 5 anos Não sensível
Ativo 322.299 162.655 37.162 63.408 19.719 19.106 20.249
Passivo 326.740 194.038 23.848 27.133 21.550 29.803 30.368
Fora de balanço 4.441 (18.061) 8.872 (713) 8.598 5.745 0
Gap líquido 0 (49.443) 22.186 35.562 6.766 (4.953) (10.118)

Em geral, os gaps por prazos se mantêm em níveis razoáveis em Em relação ao risco sobre o valor patrimonial, medido como
relação ao tamanho do balanço. sensibilidade do risco perante variações paralelas do pior cenário
entre ± 100 pontos-base, também está concentrado no Brasil (489
América Latina milhões de euros), no Chile (166 milhões de euros) e no México (113
Os balanços costumam estar posicionados tanto em valor milhões de euros).
patrimonial como em margem financeira para reduções de taxas
de juros, exceto no caso da margem financeira do México, porque Sensibilidade do valor patrimonial (EVE)39
investe a curto prazo seu excedente de liquidez em moeda local. % sobre o total

Durante 2016, foi mantido um nível de exposição moderado em


todos os países em relação com o orçamento anual e o montante de Outros
México 1,9%
recursos próprios. 14,4%

No encerramento do ano, o risco sobre a margem financeira em


1 ano, medido como sensibilidade do risco diante de variações
paralelas do pior cenário entre ± 100 pontos-base, se concentra em Chile Brasil
21,2% 62,4%
três países: Brasil (112 milhões de euros), Chile (37 milhões de euros)
e México (32 milhões de euros), como se observa no gráfico a seguir.

Sensibilidade da margem financeira (NII)38


% sobre o total
Outros: Argentina e Uruguai.

Outros
1,7%
México
17,4%

Brasil
60,8%
Chile
20,1%

Outros: Argentina e Uruguai.

36. Gap agregado de todas as divisas no balanço da unidade do Santander Matriz, expressado em euros.
37. Gap agregado de todas as divisas no balanço da unidade do Santander UK, expressado em euros.
38. Sensibilidade para o pior cenário entre +100 e -100 pontos-base.
39. Sensibilidade para o pior cenário entre +100 e -100 pontos-base.

230 RELATÓRIO ANUAL 2016


No quadro a seguir, mostramos os detalhes por prazo do risco de
juros do balanço mantido no Brasil em dezembro de 2016.

Brasil: Gap de reprecificação de taxas de juros40


Milhões de euros (dezembro de 2016)
Total 3 meses 1 ano 3 anos 5 anos > 5 anos Não sensível
Ativo 205.668 102.488 21.710 20.601 8.911 16.078 35.880
Passivo 205.668 141.865 7.188 7.322 3.734 7.027 38.533
Fora de balanço 0 15.059 2.506 2.572 (140) 2.384 (22.382)
Gap líquido 0 (24.317) 17.028 15.852 5.037 11.435 (25.035)

VaR de taxa de juros estrutural do balanço O risco de taxa de juros estrutural, medido em termos de VaR a 1 dia
Além das sensibilidades aos movimentos de taxas de juros (não e a 99%, alcançou uma média de 340,6 milhões de euros em 2016.
apenas são avaliados movimentos de +/- 100 pb, mas também de +/- É destacável a elevada diversificação entre os balanços de Europa e
25, +/-50, +/-75 para caracterizar melhor o risco nos países com níveis EUA, e os da América Latina.
de taxas muito baixos), o Santander emprega outros métodos para o
acompanhamento do risco de juros estrutural do balanço, entre eles D.2.3.1.2. Risco de taxa de câmbio estrutural/
a análise de cenários e o cálculo do VaR, utilizando uma metodologia cobertura de resultados
similar à usada para as carteiras de negociação. O risco de taxa de câmbio estrutural deriva-se das operações do
Grupo em divisas, relacionado principalmente com os investimentos
Para os três últimos anos, os valores médios, mínimos, máximos e financeiros permanentes, os resultados e as coberturas de ambos.
últimos do VaR de risco de juros estrutural aparecem na seguinte
tabela: A gestão do risco de mudança é dinâmica, e trata de limitar o
impacto no índice core capital dos movimentos das taxas de câmbio41.
Risco de juros estruturais do balanço (VaR) Em 2016, os níveis de cobertura do índice core capital por risco de
Milhões de euros. VaR a 99% com horizonte temporal de um dia câmbio se mantiveram em torno de 100%.

2016 No encerramento de 2016, as maiores exposições de caráter


permanente (com seu potencial impacto no patrimônio)
Mínimo Médio Máximo Último
materializavam-se, nesta ordem: em reais, libras esterlinas, dólares
VaR taxa de juros dos EUA, pesos chilenos, pesos mexicanos e zlotys poloneses. O
estrutural* 242,5 340,6 405,8 327,2
Grupo cobre parte dessas posições de caráter permanente por meio
Efeito diversificação (129,2) (271,0) (294,3) (288,6) de instrumentos financeiros derivados da taxa de câmbio.
Europa e EUA 157,7 376,8 449,3 365,0
Adicionalmente, a divisão de Gestão Financeira em nível consolidado
América Latina 214,0 234,9 250,8 250,8
é responsável pela gestão do risco de mudança dos resultados e
* Inclui VaR por spread creditício nas carteiras ALCO. dividendos esperados do Grupo nas unidades cuja moeda base for
diferente do euro.
2015
Mínimo Médio Máximo Último D.2.3.1.3. Risco de renda variável estrutural
O Santander mantém posições de renda variável em seu balanço
VaR taxa de juros (banking book), adicionalmente às da carteira de negociação. Essas
estrutural* 250,5 350,0 775,7 264,2
posições são mantidas como carteiras disponíveis para venda
Efeito diversificação (90,8) (181,1) (310,7) (189,1) (instrumentos de capital) ou como participações, de acordo com a
Europa e EUA 171,2 275,2 777,0 210,8 porcentagem ou controle.
América Latina 170,1 255,9 309,3 242,6
A carteira de renda variável disponível para venda do banking book
* Inclui VaR por spread creditício nas carteiras ALCO. no encerramento de 2016 está diversificada em valores de diversas
áreas geográficas, sendo as principais Espanha, China, Estados
2014 Unidos, Brasil e Países Baixos. Quanto a setores, está investida
Mínimo Médio Máximo Último principalmente no setor de atividades financeiras e de seguros;
VaR taxa de juros outros setores representados em menor proporção são o dos órgãos
estrutural* 411,3 539,0 698,0 493,6 públicos (pela participação na Sareb), atividades profissionais,
científicas e técnicas, o setor de transporte e armazenamento e a
Efeito diversificação (109,2) (160,4) (236,2) (148,7)
indústria manufatureira.
Europa e EUA 412,9 523,0 704,9 412,9
América Latina 107,6 176,4 229,4 229,4

* Inclui VaR por spread creditício nas carteiras ALCO.

40. Gap agregado de todas as divisas no balanço da unidade do Brasil, expressado em euros.
41. No início de 2016, o critério foi alterado no momento de cobrir o índice core capital, passando de phase-in a fully loaded.

RELATÓRIO ANUAL 2016 231


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de mercado de negociação e estruturais

As posições de renda variável estruturais estão expostas a risco de


mercado. Para estas posições, são realizados cálculos de VaR utilizando
séries de preço de mercado ou proxies. No encerramento de 2016, o
VaR a 99% a um dia foi de 323 milhões de euros (208,1 e 208,5 milhões
de euros no encerramento de 2015 e 2014, respectivamente).

D.2.3.1.4. VaR estrutural


Por último, com uma métrica homogênea com o VaR, é possível
fazer um acompanhamento do risco de mercado total do balanço
excluindo a atividade de negociação do Santander Global Corporate
Banking (a evolução do VaR dessa atividade está descrita na seção
2.2.1.1), distinguindo entre renda fixa (considerando tanto a taxa
de juros como o spread de crédito para as carteiras ALCO), taxa de
câmbio e renda variável.

De forma geral, pode-se dizer que o VaR estrutural não é elevado em


termos do volume de ativos ou de recursos próprios do Grupo.

VaR Estrutural
Milhões de euros. VaR a 99% com horizonte temporal de um dia
2016 2015 2014
Mínimo Médio Máximo Último Médio Último Médio Último
VaR Não Negociação 717,8 869,3 990,6 922,1 698,5 710,2 718,6 809,8
Efeito diversificação (288,0) (323,4) (399,5) (316,6) (509,3) (419,2) (364,1) (426,1)
VaR taxa de juros* 242,5 340,6 405,8 327,2 350,0 264,2 539,0 493,6
VaR taxa de câmbio* 564,1 603,4 652,7 588,5 634,7 657,1 315,3 533,8
VaR renda variável 199,3 248,7 331,5 323,0 223,2 208,1 228,4 208,5

* Inclui VaR por spread creditício nas carteiras ALCO.

D. 2.3.2. Metodologias Sensibilidade da margem financeira (NII)


É um parâmetro essencial para medir a rentabilidade da gestão
D.2.3.2.1. Risco de juros estrutural do balanço. É calculada como a diferença produzida na margem
O Grupo realiza análises de sensibilidade da margem financeira financeira líquida durante um período de tempo determinado
e do valor patrimonial perante variações nas taxas de juros. Esta como consequência de um movimento paralelo das taxas de juros.
sensibilidade está condicionada pelas defasagens nas datas de O período de tempo padrão para medidas de risco da margem
vencimento e de revisão nas taxas de juros dos diferentes itens do financeira é de um ano.
balanço.
Sensibilidade do valor patrimonial (EVE)
Atendendo ao posicionamento de taxa de juros do balanço e à Mede o risco da taxa de juros implícito no valor patrimonial que, para
situação e perspectivas do mercado, são acordadas as medidas fins de risco de taxa de juros, é definido como a diferença entre o
financeiras para adequar o posicionamento ao desejado pelo Grupo. valor atual líquido dos ativos menos o valor atual líquido dos passivos
Estas medidas podem abranger desde a tomada de posições em exigíveis sobre a base da incidência de uma variação das taxas de
mercados até a definição das características de taxa de juros dos juros sobre os valores atuais.
produtos comerciais.
Tratamento de passivos sem vencimento definido
As métricas usadas pelo Grupo para o controle do risco de juros No modelo corporativo, o volume total dos saldos de contas sem
nestas atividades são o gap de reprecificação, as sensibilidades da vencimento se divide entre saldos estáveis e saldos instáveis. Esta
margem financeira e do valor patrimonial a variações nos níveis de separação é obtida utilizando um modelo baseado na relação entre
taxas de juros, a duração dos recursos próprios e o valor em risco os saldos e suas próprias médias móveis.
(VaR), para fins de cálculo de capital econômico.
A partir desse modelo simplificado, é obtida a corrente de cash flows
Gap de taxas de juros em ativos e passivos mensais, com os quais são calculadas as sensibilidades NII e EVE.
É o conceito básico para identificar o perfil de risco da taxa de
juros da instituição e mede a diferença entre a quantidade de O modelo requer uma variedade de informações, que são
ativos sensíveis e passivos sensíveis dentro e fora do balanço relacionadas brevemente a seguir:
que revalorizam (isto é, que vencem ou revisam taxas) em um
determinado momento (denominados buckets). Permite uma • Parâmetros próprios do produto.
aproximação imediata à sensibilidade do balanço de uma instituição
e seu impacto sobre a margem financeira e valor patrimonial diante
de variações das taxas de juros do mercado.

232 RELATÓRIO ANUAL 2016


• Parâmetros de comportamento do cliente (nesse caso, é feita O Grupo está trabalhando na implementação das diretrizes
uma combinação de análise de dados históricos e o parecer dos publicadas pelo Comitê da Basileia, na sua revisão do tratamento
especialistas do negócio). do risco de taxa de juros no balanço (IRRBB-Interest Rate Risk in the
Banking Book), publicada em abril de 2016 e que entrará em vigor em
• Dados de mercado. 2018.

• Dados históricos da própria carteira. D.2.3.2.2. Risco de taxa de câmbio estrutural/


cobertura de resultados
Tratamento do pagamento antecipado de determinados ativos O acompanhamento destas atividades é realizado através de medidas
Atualmente, a questão do pagamento antecipado afeta o Grupo de posição, VaR e resultados, com periodicidade diária.
principalmente no crédito imobiliário com taxa fixa nas unidades nas
quais as curvas de taxas de juros relevantes para essas carteiras se D.2.3.2.3. Risco de renda variável estrutural
encontram em níveis baixos. Nessas unidades, esse risco é modelado, O acompanhamento destas atividades é realizado através de medidas
podendo também ser aplicado com algumas modificações em ativos de posição, VaR e resultados, com periodicidade mensal.
sem vencimento definido (negócios de cartões de crédito e similares).
D.2.3.3. Sistema de controle de limites
As técnicas habituais utilizadas na avaliação de opções não Como já foi mencionado para o risco de mercado de negociação, no
podem ser aplicadas diretamente devido à complexidade dos âmbito do plano de limites anual, são estabelecidos os limites para
fatores que determinam o pagamento antecipado dos devedores. os riscos estruturais de balanço, respondendo ao nível de apetite por
Consequentemente, os modelos para avaliação de opções devem risco do Grupo.
ser combinados com modelos estatísticos empíricos que tentem
capturar o comportamento do pagamento antecipado. Alguns dos Os principais são:
fatores que condicionam esse comportamento são:
• Risco de juros estrutural do balanço:
• Taxa de juros: diferencial entre a taxa fixa do crédito imobiliário e
a taxa de mercado sob a qual poderia ser refinanciado, líquido de • Limite de sensibilidade da margem financeira a 1 ano.
custos de cancelamento e abertura.
• Limite de sensibilidade do valor patrimonial.
• Seasoning: tendência de o pagamento antecipado ser baixo no
início do ciclo de vida do instrumento (assinatura do contrato) e de • Risco de taxa de câmbio estrutural:
crescer e se estabilizar no decorrer do tempo.
• Posição líquida em cada divisa (para as posições de cobertura de
• Seasonality (sazonalidade): as amortizações ou cancelamentos resultados).
antecipados costumam ocorrer em datas específicas.
Em caso de ocorrer um excedente sobre um desses limites ou seus
• Burnout: tendência de diminuição na velocidade do pagamento sublimites, os responsáveis pela gestão do risco devem explicar os
antecipado conforme o vencimento do instrumento se aproxima, motivos e informar o plano de ação para corrigi-lo.
que inclui:

a) Age, define índices baixos de pagamento antecipado. » D.2.4. Riscos de pensões e atuarial
b) Cash pooling, que define como mais estáveis os empréstimos que D. 2.4.1. Risco de pensões
superaram vários ciclos de quedas nos juros. Ou seja, quando Na gestão do risco dos fundos de pensões de empregados de
uma carteira de créditos já passou por um ou mais ciclos de taxas prestação definida, o Grupo assume os riscos financeiros, de
em baixa e, portanto, níveis altos de pagamento antecipado, os mercado, de crédito e de liquidez em que se incorre pelo ativo e o
créditos “sobreviventes” têm uma probabilidade de pagamento investimento do fundo, assim como os riscos atuariais derivados do
antecipado significativamente menor. passivo, as responsabilidades por pensões a seus empregados.

c) Outros: mobilidade geográfica, fatores demográficos, sociais, O objetivo do Grupo em matéria de controle e gestão do risco de
renda disponível, etc. pensões tem foco na identificação, medição, acompanhamento,
mitigação e comunicação do risco. A prioridade do Grupo é,
O conjunto de relações econométricas que buscam capturar o efeito portanto, identificar e mitigar todos os focos de risco.
de todos esses fatores é a probabilidade de pagamento antecipado
de um crédito ou de um pool de créditos e é denominado modelo de Por isso, na metodologia utilizada pelo Grupo, são estimadas
pagamento antecipado. anualmente as perdas conjuntas em ativos e passivos em um cenário
definido de estresse por mudanças nas taxas de juros, inflação, bolsas
Value at Risk (VaR) e imóveis, além de risco de crédito e operacional.
Para a atividade de balanço e carteiras de investimento, define-
se como o percentil de 99% da função de distribuição de perdas
do valor patrimonial, calculado considerando o valor de mercado
atual das posições, a partir dos retornos obtidos nos dois últimos
anos e com um nível de certeza estatística (nível de confiança) e
para um horizonte temporal definido. Tal como para as carteiras
de negociação, utiliza-se uma janela temporal de 2 anos, ou 520
dados diários, obtidos desde a data de referência de cálculo do VaR,
voltando atrás no tempo.
RELATÓRIO ANUAL 2016 233
5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de mercado de negociação e estruturais

D.2.4.2. Risco atuarial


O risco atuarial é gerado por mudanças biométricas na esperança
de vida dos segurados nos seguros de vida, por aumento no
esperado das indenizações previstas nos seguros de não vida e, em
qualquer caso, por mudanças não esperadas no comportamento dos
tomadores de seguros no exercício das opcionalidades previstas nos
contratos.

Assim, distinguimos os seguintes riscos atuariais:

Risco de passivo de vida: risco de perda no valor do passivo dos


seguros de vida provocado por flutuações nos fatores de risco que
afetam os passivos:

• Risco de mortalidade/longevidade: risco de perda por movimentos


no valor do passivo como consequência de mudanças na estimativa
das probabilidades de falecimento/sobrevivência dos segurados.

• Risco de mortalidade: risco de perda por movimentos no valor do


passivo derivados de mudanças na estimativa da probabilidade de
invalidez/incapacidade dos segurados.

• Risco de resgate/queda: risco de perda por movimentos no valor


do passivo como consequência do cancelamento antecipado do
contrato, mudanças no exercício do direito de resgate por parte dos
tomadores, assim como das opções de aporte extraordinário e/ou
suspensão de aportes.

• Risco de gastos: risco de perda por variação do valor do passivo em


consequência de desvios negativos dos gastos previstos.

• Risco de catástrofe: perdas provocadas pela ocorrência de eventos


catastróficos que aumentem o passivo de vida da entidade.

Risco de passivo de não vida: risco de perda por variação do valor


do passivo dos seguros de não vida provocado por flutuações nos
fatores de risco que afetam esses passivos:

• Risco de prêmio: perda que deriva da insuficiência de prêmio para


atender os sinistros que possam ocorrer no futuro.

• Risco de reserva: perda que deriva da insuficiência das reservas


de sinistros, já incorridos mas não liquidados, incluídos os gastos
derivados da gestão desses sinistros.

• Risco de catástrofe: perdas provocadas pela ocorrência de eventos


catastróficos que incrementem o passivo de não vida da entidade.

234 RELATÓRIO ANUAL 2016


D.3. Risco de liquidez e financiamento

» Organização da seção • Disponibilidade de uma reserva de liquidez suficiente, que inclui a


capacidade de desconto em bancos centrais para uso em situações
Em primeiro lugar, apresentamos a Gestão da liquidez do Grupo, adversas.
que inclui tanto os princípios em que se baseia como o marco em que
se enquadra. • Cumprimento dos requisitos regulatórios de liquidez exigidos em
nível de Grupo e de filiais, como novo condicionante da gestão.
Em segundo lugar, fazemos referência à estratégia de financiamento
desenvolvida pelo Grupo e suas filiais, com ênfase especial na A aplicação efetiva desses princípios por parte de todas as entidades
evolução da liquidez em 2016. Em relação ao último exercício, que constituem o Grupo exigiu o desenvolvimento de um marco de
mostramos a evolução dos índices de gestão de liquidez e as tendências gestão único construído em torno de três pilares fundamentais:
de negócios e de mercados que a orientaram [pág. 236-241].
• Um sólido modelo organizacional e de governança, que assegura
Para finalizar, incluímos uma descrição qualitativa das perspectivas o envolvimento da alta administração das filiais na tomada de
em termos de financiamento no próximo exercício para o Grupo e decisões e sua integração dentro da estratégia global do Grupo.
suas principais regiões. 242]. O processo de tomada de decisões relativo a todos os riscos
estruturais, incluindo o risco de liquidez e financiamento, é
realizado por meio de comitês de ativos e passivos (ALCO) locais
» D.3.1. Gestão da liquidez no Grupo Santander em coordenação com o ALCO Global, que é o órgão facultado pelo
Conselho de Administração do Banco Santander de acordo com o
A gestão da liquidez estrutural busca financiar a atividade recorrente marco corporativo de ALM.
do Grupo em condições ótimas de prazo e custo, evitando assumir
riscos de liquidez indesejados. Este modelo de governança foi reforçado ao ficar integrado
no Marco de apetite por risco do Santander. Com este marco,
No Santander, a gestão da liquidez está baseada nos seguintes respondemos à demanda de reguladores e participantes do
princípios: mercado derivada da crise financeira para o fortalecimento dos
sistemas de gestão e controle de riscos das entidades.
• Modelo de liquidez descentralizado.
• Uma análise de balanço e uma medição do risco de liquidez em
• As necessidades derivadas da atividade a médio e longo prazo profundidade, que apoia a tomada de decisões e seu controle. O
devem estar financiadas por instrumentos de médio e longo prazo. objetivo é garantir que o Grupo mantenha os níveis adequados de
liquidez para cobrir suas necessidades no curto e no longo prazo
• Elevada participação dos depósitos de clientes, derivada de um com fontes de financiamento estáveis, otimizando o impacto de seu
balanço de natureza comercial. custo sobre a demonstração de resultados, tanto em circunstâncias
normais como em situações de tensão.
• Diversificação de fontes de financiamento atacadista por:
instrumentos/investidores, mercados/moedas, e prazos. Para isso, foram definidas métricas de apetite por risco com níveis
específicos, para os distintos índices e horizontes mínimos de
• Limitada necessidade de recorrer ao financiamento atacadista a liquidez em diferentes cenários de tensão. Com caráter geral,
curto prazo. são definidos os seguintes cenários para todas as unidades do
Grupo em seu reportamento à alta administração, sem prejuízo do
desenvolvimento local de cenários ad hoc:

RELATÓRIO ANUAL 2016 235


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de liquidez e financiamento

a. Crise idiossincrática: Só afeta a entidade, mas não o seu Em termos gerais, são mantidas as tendências implementadas pelas
ambiente. filiais do Santander em suas estratégias de financiamento e gestão da
liquidez.
b. Crise sistêmica local: Considera uma situação de desconfiança
dos mercados financeiros internacionais para o país em que a • Manter níveis adequados e estáveis de financiamento atacadista de
unidade está localizada. médio e longo prazo.

c. Crise global: Ocorre uma deterioração da economia mundial, • Garantir um volume suficiente de ativos descontáveis nos bancos
principalmente nos EUA e na Europa, contagiando os principais centrais como parte da reserva de liquidez.
países emergentes (BRICs).
• Forte geração de liquidez do negócio comercial por menor
• Uma gestão adaptada na prática às necessidades de liquidez crescimento do crédito e maior ênfase em captação de fundos de
de cada negócio. Para isso, é elaborado anualmente, partindo clientes.
das necessidades do negócio, um plano de liquidez que assegura
uma estrutura de balanço sólida, com presença nos mercados Todos esses desenvolvimentos, com base em um sólido modelo
atacadistas diversificada por produtos e vencimentos, com um de gestão de liquidez, possibilitaram que o Santander desfrute
recurso moderado aos mercados de curto prazo; a manutenção de atualmente de uma estrutura de financiamento muito robusta,
buffers de liquidez e uma utilização limitada dos ativos do balanço cujas características básicas são:
assim como o cumprimento das métricas tanto regulatórias como
as outras incluídas na declaração de apetite por riscos de cada • Elevada participação dos depósitos de clientes em um balanço
entidade. Ao longo do ano, é realizado o acompanhamento de todas de natureza comercial. Os depósitos de clientes são a principal
as dimensões do plano. fonte de financiamento do Grupo. Representam em torno de
dois terços do passivo líquido do Grupo (ou seja, do balanço
O Grupo desenvolve o ILAAP (Internal Liquidity Adequacy Assessment de liquidez) e correspondem a 87% dos créditos líquidos no
Process), que consiste em um processo interno de autoavaliação encerramento de 2016.
da adequação da liquidez e que deve estar integrado aos outros
processos estratégicos e de gestão de riscos do Grupo. Tem foco em Além disso, são recursos de grande estabilidade, devido à sua
aspectos tanto quantitativos como qualitativos, e é usado como input origem principalmente de atividade com clientes de varejo (89%
para o SREP (Supervisory Review and Evaluation Process). O ILAAP dos depósitos do Grupo procedem de bancos comerciais e privados,
compartilha os cenários de estresse mencionados antes e, em todos enquanto os 11% restantes correspondem a grandes clientes
eles, o Grupo Santander apresenta índices de liquidez confortáveis. corporativos e institucionais).

Balanço de liquidez do Grupo Santander


» D.3.2. Estratégia de financiamento %. Dezembro de 2016
e evolução da liquidez em 2016
D.3.2.1. Estratégia e estrutura de financiamento
Nos últimos anos, a atividade de financiamento do Santander
apoiou-se na extensão do modelo de gestão a todas as filiais do
Grupo, incluindo as novas incorporações e, sobretudo, na adaptação 65% Depósitos
da estratégia das filiais às crescentes exigências, tanto dos mercados
como dos reguladores. Créditos 75%

• O Santander desenvolveu um modelo de financiamento baseado


em subsidiárias autônomas, que são responsáveis pela cobertura de 5% Securitizações
suas próprias necessidades de liquidez.
14% Financiamento
e longo prazo
em médio
Ativos fixos e outros 8%
Patrimônio
• Esta estrutura permite que o Santander aproveite seu modelo de Ativos 13% e outros passivos
financeiros 17%
negócios de banco comercial para manter posições folgadas de 3% Financiamento de curto prazo
liquidez em nível de Grupo e em suas principais unidades, inclusive Ativo Passivo
em situações de estresse dos mercados.

• Nos últimos anos, foi necessário adaptar as estratégias de • Financiamento atacadista diversificado com foco no médio
financiamento às novas tendências do negócio comercial, às e longo prazo e com peso muito reduzido do curto prazo. O
condições dos mercados e aos novos requisitos regulatórios. financiamento atacadista de médio e longo prazo representa
20% do passivo líquido do Grupo e permite cobrir o restante dos
• Em 2016, o Santander continuou melhorando em aspectos créditos líquidos não financiados com depósitos de clientes (lacuna
concretos sobre uma posição de liquidez muito confortável em comercial).
nível de Grupo e de filiais, sem mudanças materiais nas políticas e
práticas de gestão de liquidez e financiamento. Tudo isso permite Este financiamento apresenta um adequado equilíbrio por
enfrentar 2017 em uma boa situação inicial, sem restrições ao instrumentos (aproximadamente, 40% dívida sênior, 30%
crescimento. securitizações e estruturados com garantias, 20% cédulas, e o
restante são preferenciais e subordinados) e também por mercados,
de forma que os que têm um maior peso em emissões são aqueles
onde a atividade investidora é mais elevada.

236 RELATÓRIO ANUAL 2016


A seguir, apresentamos gráficos com a distribuição geográfica
no Grupo dos créditos a clientes e do financiamento atacadista de
médio e longo prazo para que se possa apreciar sua similitude.

Créditos líquidos a clientes Financiamento


Dezembro de 2016 atacadista M/LP
Dezembro de 2016

América Latina América Latina


Zona 6% Zona do
10% Euro
do Euro
35% Brasil 36%
Brasil 12%
10%
Estados
Estados Unidos
Unidos 15%
11%

Resto
Europa
2%
Reino
Reino Unido Unido
32% 31%

A maior parte do financiamento atacadista de médio e longo prazo


está constituído pelas emissões de dívida. Seu saldo vivo em mercado
no encerramento de 2016 foi de 149.578 milhões de euros nominais e
apresenta um adequado perfil de vencimentos, com uma vida média
de 4,3 anos.

A seguir, apresentamos os detalhes por instrumentos nos últimos


três anos e seu perfil de vencimentos contratuais:

Emissões de dívida de médio e longo prazo. Grupo Santander


Milhões de euros

Evolução saldo vivo em valor nominal

Dez-16 Dez-15 Dez-14

Preferenciais 8.515 8.491 7.340

Subordinados 11.981 12.262 8.360

Dívidas sênior 89.568 83.630 68.457

Cédulas 39.513 45.010 56.189


Total 149.578 149.393 140.346

Distribuição por vencimento contratual. Dezembro de 2016*


0-1 1-3 3-6 6-9 9-12 12-24 2-5 mais de
mês meses meses meses meses meses anos 5 anos Total

Preferenciais - - - - - - - 8.515 8.515

Subordinados 61 - - - 215 601 580 10.524 11.981

Dívidas sênior 2.035 7.331 4.438 6.892 8.018 15.374 32.310 13.170 89.568

Cédulas 3.112 749 3.284 - 4.850 1.073 11.629 14.816 39.513


Total* 5.208 8.079 7.722 6.892 13.083 17.048 44.520 47.025 149.578

* No caso de emissões com put a favor do detentor, se considera o vencimento do put em lugar do vencimento contratual.

RELATÓRIO ANUAL 2016 237


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de liquidez e financiamento

Adicionalmente às emissões de dívida, o financiamento atacadista • O índice que relaciona os depósitos de clientes e o financiamento a
de médio e longo prazo se completa com títulos de securitização médio e longo prazo com os créditos se mantém no ano em 114%.
colocados em mercado, financiamentos colateralizados e outros
especiais por um montante conjunto de 57.012 milhões de euros e • Reduzida necessidade no Grupo de recorrer ao financiamento
vencimento em 1,7 ano. atacadista de curto prazo. Seu índice, em torno de 3%, está em linha
com exercícios anteriores.
O financiamento atacadista dos programas de emissão de curto
prazo é uma parte residual da estrutura financeira do Grupo • Por último, o excedente estrutural do Grupo (ou seja, o
(representa em torno a 3% do passivo líquido), que se relaciona com excedente dos recursos estruturais de financiamento – depósitos,
as atividades de tesouraria e está coberta em excesso por ativos financiamento a médio e longo prazo, e capital – sobre as
financeiros líquidos. necessidades estruturais de liquidez – ativos fixos e créditos)
aumentou eme 2016, alcançando um saldo médio de 151.227 milhões
Em dezembro de 2016, seu saldo vivo alcançava 27.250 milhões de euros, mantendo-se constante no encerramento do ano anterior.
de euros, distribuídos da seguinte forma: distintos programas de
certificados de depósitos e papel comercial do Reino Unido, 36%; Em 31 de dezembro de 2016, o excedente estrutural foi de 150.105
European Commercial Paper, US Commercial Paper e programas milhões de euros em base consolidada. Este excedente é composto
domésticos da matriz, 25% e o restante de programas de outras por ativos de renda fixa (169.931 milhões de euros), de renda variável
unidades, 39%. (17.139 milhões), parcialmente compensados pelo financiamento
atacadista de curto prazo (-27.250 milhões de euros) e os depósitos
D.3.2.2. Evolução da liquidez em 2016 líquidos tomados a interbancários e a bancos centrais (-9.716 milhões
A evolução da liquidez em 2016 pode ser resumida nos seguintes de euros). Em termos relativos, seu volume total equivale a 14%
aspectos: do passivo líquido do Grupo, mesmo nível que o registrado em
dezembro de 2015.
i. Os índices básicos de liquidez continuam em níveis confortáveis.
A seguir, apresentamos os detalhes dos índices de liquidez mais
ii. Continuamos cumprindo antecipadamente os índices utilizados relativos às principais unidades de gestão do Santander em
regulatórios. dezembro de 2016.

iii. Nossa elevada reserva de liquidez continua aumentando.


Principais unidades e índices de liquidez
%. Dezembro de 2016
iv. Uso moderado de ativos compromissados em operações de
financiamento (Asset Encumbrance). Índice LTD
(créditos (Depósitos +
líquidos/ financiamento M/LP)
i. Índices básicos de liquidez em níveis confortáveis depósitos) sobre créditos líquidos
A tabela mostra a evolução nos últimos anos das métricas básicas de
Espanha 86% 148%
acompanhamento de liquidez em nível de Grupo:
Portugal 91% 124%

Métricas de acompanhamento. Grupo Santander Santander Consumer


Finance 243% 66%
2016 2015 2014 Polônia 88% 116%
Créditos líquidos sobre ativo líquido 75% 75% 74% Reino Unido 118% 109%
Índice créditos íquidos/depósitos (LTD) 114% 116% 113% Brasil 104% 129%
Depósitos de clientes e financiamento a
médio e longo prazo sobre créditos líquidos 114% 114% 116% México 94% 115%

Financiamento atacadista a curto Chile 138% 99%


prazo sobre passivo líquido 3% 2% 2%
Argentina 72% 141%
Excedente estrutural de liquidez
(% sobre passivo líquido) 14% 14% 15% Estados Unidos 132% 113%
Total Grupo 114% 114%
No encerramento de 2016, e em relação ao exercício anterior, o
Grupo apresenta:
De forma geral, foram duas as chaves da evolução em 2016 da
• Um índice estável de créditos sobre ativo líquido (total do ativo posição de liquidez do Grupo e de suas filiais (sem os efeitos da taxa
menos derivativos de negociação e saldos interbancários) de 75%, de câmbio):
mantendo um valor similar ao dos últimos anos. Seu elevado nível
em comparação com concorrentes europeus reflete o caráter 1. Bom comportamento dos depósitos nas principais regiões em
comercial do balanço do Grupo Santander. que o Grupo está presente, em particular, Espanha e Reino Unido.
Este comportamento propiciou uma redução da lacuna comercial,
• Um índice de créditos líquidos sobre depósitos de clientes (índice já que mais do que compensou o incremento do investimento de
LTD) de 114%, dentro de níveis muito confortáveis (inferiores a crédito.
120%). Esta estabilidade mostra um crescimento equilibrado entre
ativos e passivos. 2. A atividade de emissão continuou a um bom ritmo, principalmente
por parte das unidades europeias; porém, de forma mais seletiva

238 RELATÓRIO ANUAL 2016


em sua execução diante das menores necessidades do balanço e realizadas emissões e securitizações em 13 divisas, em que
das maiores facilidades de financiamento implementadas pelos participaram 23 emissores relevantes de 16 países, com um
bancos centrais, particularmente o Term Funding Scheme do vencimento médio em torno de 4 anos, similar ao do exercício
Banco da Inglaterra após o referendo do Reino Unido sobre a UE. passado.

Em 2016, o total captado de financiamento de médio e longo prazo ii. Cumprimento antecipado dos coeficientes regulatórios
pelo conjunto do Grupo foi de 45.995 milhões de euros. Dentro de seu modelo de gestão da liquidez, o Grupo
Santander tem administrado nos últimos anos a
Por instrumentos, as emissões de renda fixa a médio e longo implementação, o acompanhamento e o cumprimento
prazo (dívida sênior, cédulas, subordinadas e preferenciais) são antecipado dos novos requisitos de liquidez estabelecidos pela
as que mais diminuíram, 25% até alcançar os 32.851 milhões de regulamentação financeira internacional.
euros, principalmente pela diminuição da dívida sênior. Espanha e
Reino Unido foram os maiores emissores, seguidos por Santander LCR (Liquidity Coverage Ratio)
Consumer Finance, concentrando entre os três 73% das emissões. Sua implementação foi adiada para outubro de 2015, embora
As atividades relacionadas com securitizações e financiamento tenha sido mantido o nível de cumprimento inicial de 60%,
estruturado alcançaram 13.144, com uma redução de 9% em relação porcentagem que deve aumentar gradualmente até 100% em
a 2015. 2018.

Por regiões, o Brasil e o Reino Unido registram as maiores quedas. A posição de partida na liquidez a curto prazo unida à gestão
O primeiro, devido a uma menor necessidade de financiamento pela autônoma do índice em todas as grandes unidades permitiram
evolução do ativo. No Reino Unido, devido a uma evolução mais manter ao longo de todo o ano níveis de cumprimento
favorável do que era esperado em depósitos. superiores a 100%, tanto em nível consolidado como individual
em todas elas. Em dezembro de 2016, o índice LCR do Grupo
Por sua vez, o Santander Consumer Finance alcançou um volume de era de 146% superando com folga o requisito regulatório.
securitizações em torno de 4.868 milhões de euros, sensivelmente Ainda que o requisito seja válido somente em nível de Grupo,
superior ao registrado em 2015 pelas novas incorporações. nas demais subsidiárias esse mínimo também é superado com
folga: Espanha 134%, Reino Unido 139%, Brasil 165%.
A seguir, apresentamos maiores detalhes de sua distribuição por
instrumentos e regiões: NSFR (Net Stable Funding Ratio)
Quanto ao coeficiente de financiamento estável líquido,
Distribuição por instrumento sua definição final foi aprovada pelo Comitê de Basileia em
Emitido em 2016 (%) outubro de 2014, entrando em vigor em 1º da janeiro de 2018.

Cédula hipotecária Em relação a isso, o Santander se beneficia de um elevado


10% peso dos depósitos de clientes, que são mais estáveis, de
Securitizações
29% algumas necessidades permanentes de liquidez derivadas da
atividade comercial financiadas por instrumentos de médio e
longo prazo, e de uma limitada necessidade de recurso a curto
prazo. Todo isso lhe permite manter uma estrutura de liquidez
equilibrada com elevados níveis no índice NSFR. Esse índice
está acima de 100%, em nível do Grupo e na maioria das filiais
Subordinada no encerramento de 2016, ainda que só se torne obrigatório
5%
Dívida antiga após 2018.
56%

Distribuição por regiões Em resumo, a gestão e o modelo de liquidez permitem que


Emitido em 2016 (%) o Santander antecipe o cumprimento das duas métricas
regulatórias por parte do Grupo e de suas principais filiais,
Chile México muito à frente dos requisitos legais.
1%
Brasil 7% Santander
7% 20%
iii. Elevada reserva de liquidez
É o terceiro aspecto essencial que reflete a folgada posição de
Santander liquidez do Grupo durante 2016.
Consumer
Finance
22% A reserva de liquidez é o conjunto de ativos altamente líquidos
que o Grupo e suas filiais mantêm com a finalidade de servir de
Santander UK recurso de última instância em situações de máximo estresse
23% de mercados, quando não é possível obter financiamento em
Santander US prazos e preços adequados.
20%

Consequentemente, esta reserva inclui os depósitos em


Em resumo, o Grupo Santander mantém uma ampla capacidade bancos centrais e o caixa, a dívida pública não compromissada,
de acesso aos distintos mercados em que opera, que se reforçou a capacidade de desconto em bancos centrais, além daqueles
com a incorporação de novas unidades emissoras. Em 2016, foram ativos financiáveis e linhas disponíveis em órgãos oficiais (por
exemplo, os Federal Home Loans Banks nos EUA).

RELATÓRIO ANUAL 2016 239


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de liquidez e financiamento

Tudo isso representa um reforço para a sólida posição de liquidez A maior parte dos ativos está denominada na própria divisa do país
que o modelo de negócios Santander (diversificado, foco em banco e, por isso, não há restrições para sua utilização, embora existam
comercial, filiais autônomas…) confere ao Grupo e suas filiais. na maior parte das regiões restrições regulatórias que limitam a
atividade entre entidades relacionadas.
Em 31 de dezembro de 2016, o Grupo Santander tinha uma reserva de
liquidez de 265.913 milhões de euros, 3% superior à de dezembro de A reserva de liquidez está localizada geograficamente da seguinte
2015 e 10% acima da média do exercício. A seguir, detalhamos esse forma: 51% no Reino Unido, 25% na zona do euro, 10% nos EUA, 6%
volume por taxa de ativos conforme seu valor efetivo (líquido de no Brasil e 8% nas outras regiões.
haircuts):
Localização da Reserva de Liquidez
Milhões de euros
Reserva de liquidez
Valor efetivo (líquido de haircuts) em milhões de euros
Outros
Média Brasil 8%
2016 de 2016 2015 6% Reino Unido
51%
Estados Unidos
Caixa + depósitos em bancos centrais 52.380 45.620 48.051 10%
Dívida pública disponível 89.135 81.040 85.454
Desconto disponíveis
em bancos centrais 105.702 100.531 110.033
Ativos financiáveis e
linhas disponíveis 18.696 15.358 14.202 Zona do Euro
25%
Reserva de liquidez 265.913 242.549 257.740

iv. Ativos compromissados em operações de financiamento


Reserva de Liquidez (asset encumbrance, em terminologia internacional)
Líquido de haircuts Por último, merece destaque o moderado uso de ativos por parte
do Grupo Santander como garantia nas fontes de financiamento
Ativos financiáveis Caixa + depósitos estrutural do balanço.
e linhas disponíveis em bancos centrais
7% 19%
Seguindo as diretrizes estabelecidas pela Autoridade Bancária
Europeia (EBA) em 2014, sob o conceito de ativos compromissados
em operações de financiamento (asset encumbrance) estão incluídos
242.549 tanto os ativos em balanço aportados como garantia em operações
milhões para obter liquidez como aqueles fora de balanço que foram
de euros
Dívida pública recebidos e reutilizados com propósito similar, assim como outros
Desconto disponíveis disponível
em bancos centrais ativos associados a passivos por motivos distintos de financiamento.
33%
41%

Este aumento em volume foi acompanhado por um aumento


qualitativo da reserva de liquidez do Grupo, derivado da evolução
diferenciada por seus ativos. Assim, as duas primeiras categorias
(caixa e depósitos em bancos centrais + dívida pública disponível),
as mais líquidas (ou high quality liquidity assets na terminologia da
Basileia, como ‘primeira linha de liquidez’) cresceram acima da média.
No ano, houve um aumento de 8.010 milhões de euros, elevando
seu peso para 53% das reservas totais no encerramento do exercício
(frente a 52% em 2015).

Dentro da autonomia que o modelo de financiamento confere às


filiais, cada uma mantém uma composição de ativos de sua reserva
de liquidez adequada às condições de seu negócio e mercado (por
exemplo, capacidade de mobilização de seus ativos ou recurso a
linhas adicionais de desconto, como nos EUA).

240 RELATÓRIO ANUAL 2016


A seguir, apresentamos o relatório da informação do Grupo
Santander exigida pela EBA no encerramento do exercício de 2016:

Grupo Santander
Ativos compromissados em balanço
Valor contábil Valor justo
Valor contábil de Valor justo de ativos de ativos não de ativos não
Milhares de milhões de euros ativos compromissados compromissados compromissados compromissados
Ativos 303,2 1.035,9
Créditos e empréstimos 210,2 725,0
Instrumentos de capital 10,9 10,9 9,7 9,7
Instrumentos de dívida 62,6 62,4 128,8 128,9
Outros ativos 19,5 172,5

Grupo Santander
Garantias recebidas compromissadas
Valor justo de Valor justo das garantias
garantias recebidas e recebidas ou da dívida
compromissadas ou de emitida pela própria
dívida emitida pela própria entidade disponíveis para
Milhares de milhões de euros entidade e onerada serem compromissadas
Garantias recebidas 54,6 43,6
Créditos e empréstimos 0,0 0,0
Instrumentos de capital 1,9 3,1
Instrumentos de dívida 50,5 35,5
Outras garantias recebidas 2,2 5,1
Instrumentos de dívida emitidos pela entidade
distintos de cédulas ou de securitização 0,0 4,1

Grupo Santander
Ativos e garantias recebidas compromissadas e passivos relacionados
Ativos compromissados
e garantias recebidas,
incluindo instrumentos
Passivos, passivos de dívida emitidos pela
contingentes ou entidade diferentes
empréstimos de títulos de títulos garantidos
associados aos ativos ou de securitização,
Milhares de milhões de euros compromissados compromissados
Total de fontes de gravame (valor contábil) 279,4 357,8

Os ativos compromissados em balanço alcançam 303,2 milhares de TLTRO por parte do Grupo em 2016 foi compensado por vencimentos
milhões de euros, dos quais mais de dois terços são empréstimos de dívida secured (principalmente cédulas hipotecárias).
(hipotecários, corporativos, etc.). Por sua vez, os ativos
compromissados fora de balanço chegam a 54,6 milhares de milhões Por último, cabe destacar a diferente natureza das fontes de
de euros e correspondem, em sua grande maioria, a títulos de dívida gravame, assim como seu papel no financiamento do Grupo:
recebidos em garantias em operações de aquisição de ativos e que
foram reutilizados. As duas categorias somam um total de 357,8 • 47% do total dos ativos compromissados correspondem a garantias
milhares de milhões de euros de ativos compromissados, que dão aportadas em operações de financiamento de médio e longo prazo
lugar a um volume de passivos associados a eles de 279,4 milhares de (com um vencimento residual superior a 1 ano) para financiar
milhões. a atividade comercial do balanço. Isso situa o nível de ativos
compromissados em operações de financiamento, entendido como
No encerramento do exercício, o total de ativos compromissados em “estrutural”, em 12% do balanço ampliado conforme o critério EBA.
operações de financiamento representa 25% do balanço ampliado do
Grupo de acordo com o critério EBA (total do ativo mais garantias • Os outros 53% correspondem a operações no mercado com um
recebidas: 1.437 milhares de milhões de euros em dezembro de 2016). vencimento residual inferior a 1 ano ou a garantias aportadas
O índice de ativos compromissados em operações de financiamento em operações com derivativos e cuja finalidade não é financiar a
se situa em 25%, em relação aos 26% do ano passado: o recurso ao atividade regular dos negócios, e sim a gestão eficiente da liquidez
de curto prazo.

RELATÓRIO ANUAL 2016 241


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de liquidez e financiamento

» D.3.3. Perspectivas de financiamento para 2017


O Grupo Santander inicia 2017 com uma cômoda situação de início
e boas perspectivas para o financiamento no próximo exercício.
Contudo, no ambiente persistem fatores de instabilidade como a
volatilidade nos mercados financeiros ou riscos geopolíticos.

Com vencimentos a serem assumidos nos próximos trimestres,


com a ajuda do peso reduzido do curto prazo e uma dinâmica vital
de emissões de médio e longo prazo similar à de anos anteriores, o
Grupo administrará cada região que permita manter uma estrutura
de balanço sólida nas unidades e no Grupo.

No conjunto do Grupo, estão previstas necessidades comerciais


reduzidas, como consequência de que, na maior parte dos casos,
o crescimento do crédito será compensado principalmente pelo
aumento dos depósitos de clientes. As maiores exigências de liquidez
terão origem nas unidades de Santander Consumer Finance e do
Reino Unido.

Sem prejuízo do anterior em nível de Grupo, o Santander mantém


seu plano a longo prazo de emitir passivos calculáveis em capital. O
plano que tem como objetivo reforçar de maneira eficiente os índices
regulatórios atuais também considera requisitos regulatórios futuros.
Concretamente, o cumprimento do TLAC (capacidade total de
absorção de perdas) que entrará em vigor em 2019 para as entidades
de importância sistêmica mundial. Embora ainda seja apenas um
acordo em nível internacional e à espera de sua transposição à
regulamentação europeia, já está sendo incorporado pelo Grupo
em seus planos de emissão para cobrir necessidades potenciais. A
emissão desses instrumentos não envolverá tanto uma exigência
de maiores volumes de emissão, mas sim a necessidade de ter
foco em instrumentos concretos de natureza não garantida. Como
consequência desse fato, a previsão é de que, ao longo dos próximos
trimestres, o nível de ativos compromissados em operações de
financiamento a longo prazo seja limitado ainda mais.

Dentro deste marco geral, diversas unidades do Grupo aproveitaram


as boas condições dos mercados no início do exercício de 2017 para
fazer emissões, captando um volume superior a 5 bilhões de euros
em janeiro.

242 RELATÓRIO ANUAL 2016


D.4. Risco operacional
» Organização da seção O objetivo desse programa é elevar as capacidades de gestão do RO
dentro de um enfoque de gestão avançada do risco, contribuindo
Após uma introdução ao conceito de risco operacional, com isso para a redução do nível de exposição futura e das perdas
descrevemos o modelo de gestão e controle de risco operacional que afetam a demonstração de resultados.
[pág. 243-248].
Neste sentido, cabe destacar o impulso que a conclusão do exercício
A seguir, detalhamos a evolução das principais métricas associadas de identificação e avaliação de riscos representou em termos
a este fator de risco [pág. 248-250]. Em seguida, apresentamos inerentes e residuais e seu ambiente de controle, bem como a
as medidas de mitigação relacionadas com as principais fontes de implementação da nova ferramenta Heracles42.
risco e o Plano de Continuidade de Negócio estabelecido pelo Grupo
[pág. 250-252]. Para o cálculo de capital regulatório por RO, o Grupo vem aplicando
o método padrão previsto na Diretiva Europa de Capital. O programa
Por último, detalhamos outros aspectos de controle e AORM contribuirá para dispor de modelos internos de estimativa de
acompanhamento do risco operacional [pág. 252-253]. capital nas principais regiões, tanto para o capital econômico e stress
testing como para a aplicação em potencial para o capital regulatório.
Em 2016, desenvolvemos uma metodologia para estimar perdas
» D.4.1. Definição e objetivos operacionais em estresse seguindo as pautas indicadas pea EBA na
nota metodológica de 2016 EU-wide stress test (risco de conduta e
O Grupo define o risco operacional (RO), seguindo as diretrizes de outros riscos operacionais).
Basileia, como o risco de perda devido a inadequação ou falha de
procedimentos, pessoas e sistemas internos, ou a acontecimentos O Relatório com relevância prudencial (Pilar III) inclui informações
externos, contemplando, portanto, categorias de riscos como fraude, relativas ao cálculo dos requisitos de recursos próprios por risco
risco tecnológico e digital, jurídico ou de conduta, entre outros. operacional.

O risco operacional é inerente a todos os produtos, atividades,


processos e sistemas, e é gerado em todas as áreas de negócio e de » D.4.2. Modelo de gestão e controle
apoio. Por este motivo, é responsabilidade de todos os funcionários a de risco operacional
gestão e o controle dos riscos gerados em seu âmbito de atuação.
D.4.2.1. Ciclo de gestão do risco operacional
Este capítulo se refere aos riscos operacionais em geral (também A gestão do RO no Grupo Santander é desenvolvida atendendo aos
denominados no Santander como riscos não financeiros). Os seguintes elementos:
aspectos particulares de determinados fatores de risco são
apresentados com mais detalhes em seções específicas (por exemplo,
na D.5. Risco de conformidade e conduta). Comunicação

O objetivo do Grupo em matéria de controle e gestão do risco


Pla
ão

operacional tem foco em identificação, medição/avaliação,


Mitigaç

neja

monitorização, controle, mitigação e comunicação do risco.


Gestão
m
ento

A prioridade do Grupo é, portanto, identificar, avaliar e mitigar focos e controle


de risco, independentemente de que tenham produzido perdas ou RO
ento

não. A análise da exposição ao risco operacional contribui para o


nh l RO
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A M

estabelecimento de prioridades na gestão desse risco.


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Em 2016, o Grupo continuou fomentando o aprimoramento de seu Aco a çã
o
modelo de gestão por meio de diferentes iniciativas promovidas
pela divisão de Riscos, cabendo destacar a continuação do projeto
de transformação AORM (Advanced Operational Risk Management).

42. Heracles é uma ferramenta GRC (Governance, Risk & Compliance) para a gestão integrada de riscos.

RELATÓRIO ANUAL 2016 243


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco operacional

As distintas etapas do modelo de gestão e controle de RO envolvem: • As informações de RO contribuem para melhorar os processos e
controles, reduzir as perdas e a volatilidade das receitas.
• Identificar o risco inerente a todas as atividades, produtos,
processos e sistemas do Grupo. • Facilita o estabelecimento de limites de apetite por risco
operacional.
• Definir o perfil objetivo de risco operacional, especificando
as estratégias por unidade e horizonte temporal, por meio do • Prioriza os riscos e as medidas de mitigação associadas para a
estabelecimento do apetite e tolerância ao RO, da estimativa anual tomada de decisões.
de perdas e de seu acompanhamento.
O Grupo Santander estabeleceu um esquema de governança para
• Promover o envolvimento de todos os funcionários com a cultura a gestão do RO que cumpre as exigências regulatórias e que está
de risco operacional, por meio de um treinamento adequado em alinhado com a cultura de riscos do Grupo e com o perfil de risco
todos os âmbitos e níveis da organização. de suas atividades. Este esquema prevê a interlocução das diversas
linhas de defesa e a interação com a governança corporativa,
• Medir e avaliar o risco operacional de forma objetiva, continuada assegura a cobertura completa dos riscos operacionais e garante o
e coerente com os padrões regulatórios (Basileia, Autoridade envolvimento da alta administração do Grupo na gestão do RO.
Bancária Europeia, Mecanismo Único de Supervisão, Banco de
Espanha, etc.) e o setor. O comitê corporativo de risco operacional (CCRO) é o órgão
colegiado responsável por velar pela supervisão da identificação,
• Realizar um acompanhamento contínuo das exposições de risco mitigação, acompanhamento e reportamento do risco
operacional, implementar procedimentos de controle, melhorar o operacional no Grupo, vela pelo cumprimento do marco de risco
ambiente de controle interno e mitigar as perdas. operacional, dos limites de tolerância ao risco e das políticas e
procedimentos estabelecidos neste assunto e supervisiona a
• Estabelecer medidas de mitigação que eliminem ou minimizem o identificação e o controle dos riscos operacionais tanto atuais
risco. como emergentes e seu impacto no perfil de risco do Grupo,
bem como a integração da identificação e gestão do risco
• Elaborar relatórios periódicos sobre a exposição ao RO e seu nível operacional em seus processos de decisão. Consiste em um comitê
de controle para a alta administração e áreas/unidades do Grupo, transversal, uma vez que conta com a participação de todas as
assim como informar o mercado e órgãos reguladores. divisões corporativas implicadas na gestão e controle do RO.

• Definir e implementar a metodologia necessária para estimar Além disso, e como resultado da amplitude do risco e
o cálculo interno de capital em termos de perda esperada e particularidades de suas diferentes categorias, o Grupo estabeleceu
inesperada. uma série de comitês e fóruns especializados. Por exemplo, os
comitês de comercialização ou de prevenção de lavagem de
Para cada um dos processos essenciais anteriormente indicados, é dinheiro (ver mais detalhes no capítulo D.5 Risco de conformidade
necessário: e conduta deste Relatório), o comitê de fornecedores, o comitê
de segurança digital ou os fóruns de gestão de fraude, de danos
• Definir e implementar sistemas que permitam monitorar e em ativos físicos, de práticas de emprego ou de cibersegurança.
controlar as exposições ao RO, integrados na gestão diária Participam deles as funções de primeira e segunda linha de
do Grupo, aproveitando a tecnologia existente e buscando a defesa, sendo realizado um acompanhamento especial deste
automatização máxima dos aplicativos. risco e de suas medidas de mitigação na organização.

• Definir e documentar as políticas para a gestão e o controle do D.4.2.2. Modelo de identificação,


risco operacional, e implementar as metodologias e ferramentas de medição e avaliação do risco
gestão deste risco, em conformidade com a norma e as melhores Para realizar a identificação, medição e avaliação desse risco,
práticas. definimos um conjunto de técnicas/ferramentas corporativas,
quantitativas e qualitativas, que se combinam para realizar um
O modelo de gestão e controle de risco operacional implementado diagnóstico a partir dos riscos identificados e obter uma avaliação
pelo Grupo Santander traz as seguintes vantagens: por meio da medição e avaliação da área/unidade.

• Promove o desenvolvimento de uma cultura de risco, designando A análise quantitativa deste risco é realizada principalmente com
responsabilidades na gestão do risco a todas as funções da ferramentas que registram e quantificam o potencial nível de perdas
organização. associadas a eventos de risco operacional. A análise qualitativa trata
de avaliar aspectos (cobertura/exposição) ligados ao perfil de risco,
• Permite uma gestão integral e eficaz do RO (identificação, medição, permitindo com isso capturar o ambiente de controle existente.
avaliação, controle, mitigação, e informação).

• Estabelece ferramentas, taxonomias e métricas comuns para toda a


organização.

• Melhora o conhecimento dos riscos operacionais, tanto reais como


potenciais, e sua atribuição às linhas de negócio e de suporte.

244 RELATÓRIO ANUAL 2016


As ferramentas de risco operacional utilizadas pelo Grupo são, • Sistema corporativo de indicadores. São estatísticas ou
principalmente: parâmetros de diversas categorias, que proporcionam informações
sobre a exposição ao risco e ao ambiente de controle de uma
• Base de dados interno de eventos, cujo objetivo é a captura dos entidade. Esses indicadores são revisados periodicamente para
eventos de risco operacional do Grupo. A captura de eventos alertar sobre mudanças que possam indicar problemas com o risco.
relacionados com o risco operacional não se restringe ao
estabelecimento de limites, ou seja, não são realizadas exclusões Em 2016, o Grupo aperfeiçoou os indicadores a fim de monitorar
em função do valor e contém tanto eventos com impacto contábil os principais focos de risco do Grupo e da indústria. Além disso,
(incluindo impactos positivos) como não contábeis. potencializou-se o uso de indicadores em todos os âmbitos da
organização, a partir das primeiras linhas gestoras dos riscos. A
Existem processos de conciliação contábil que garantem a intenção é que os indicadores mais representativos do nível de risco
qualidade das informações contidas no banco de dados. Os eventos dos diversos fatores façam parte das métricas que fundamentam o
mais relevantes do Grupo e de cada unidade de risco operacional apetite por risco operacional.
são especialmente documentados e revisados.
• Cálculo de capital pelo método padrão (ver seção correspondente
• Autoavaliação dos risos e controles operacionais (RCSA). no Relatório com relevância prudencial - Pilar III).
A autoavaliação dos riscos e controles operacionais é definida
como o processo qualitativo que permite, por meio do uso do • Modelo de dados interno e teste de estresse: consiste na
critério e da experiência de um grupo de especialistas de cada aplicação de modelos estatísticos para medir a perda esperada e
função, determinar os principais riscos operacionais da unidade e inesperada, baseada principalmente em informações contidas no
designados às diferentes funções da organização. banco de dados de eventos internos. Em 2016, o Grupo avançou na
realização de exercícios de modelização. A principal aplicação neste
O propósito do RCSA é identificar e avaliar os riscos operacionais exercício foi a estimativa de perdas de risco operacional no stress
relevantes que possam impedir que as unidades de negócio ou de test da EBA.
suporte alcancem seus objetivos. Uma vez avaliados em termos
inerentes e residuais, bem como o planejamento e o funcionamento • Recomendações de auditoria e dos reguladores. Proporcionam
dos controles, são identificadas as medidas de mitigação, se os informações relevantes sobre riscos inerentes devido a fatores
níveis de risco estiverem acima do perfil tolerável. internos e externos e permite a identificação de debilidades nos
controles.
O Grupo estabeleceu um processo contínuo de autoavaliação do
risco operacional, de forma que os riscos relevantes são avaliados • Reclamações de clientes. A evolução que o Grupo está realizando
pelo menos uma vez por ano. Esse processo combina o parecer de quanto à sistematização do acompanhamento das reclamações e,
especialistas e a participação em oficinas ou workshops, contando sobretudo, das respectivas causas-raiz proporciona informações
com a participação de todas as partes interessadas, principalmente igualmente importantes para identificar e medir o nível de risco
as primeiras linhas responsáveis pelos riscos e controles, e também das entidades. Neste sentido, a função de conformidade e conduta
da figura do facilitador, que é neutro e sem autoridade de decisão, elabora uma análise detalhada, conforme descrito na seção D.5.3.
ajudando o Grupo a obter os resultados esperados. Governança e modelo organizacional deste Relatório.

Além disso, o Grupo elabora risk assessments de diversas fontes • Outros instrumentos específicos que permitem uma análise mais
específicas de risco operacional que permitem uma identificação detalhada do risco tecnológico como, por exemplo, o controle dos
transversal mais granular do nível de risco. Especificamente, são incidentes críticos nos sistemas e eventos de segurança digital.
realizadas para os riscos tecnológicos e para os fatores de possíveis
descumprimentos da norma e exposição à lavagem de dinheiro • Avaliação específica dos riscos vinculados aos processos de gestão
e financiamento do terrorismo. Estes dois últimos, junto com o da infraestrutura tecnológica, da aquisição e desenvolvimento de
exercício do fator dos riscos de conduta em 2016 são descritos com soluções, controle da segurança da informação e governança de TI.
mais detalhes no capítulo D.5. Risco de conformidade e conduta
deste Relatório. O apetite dos riscos não financeiros foi estruturado da seguinte
forma:
• Banco de dados externo de eventos, uma vez que o Santander
participa de consórcios internacionais, como ORX (Operational • Uma afirmação (statement) geral, na qual se indica que o Grupo
Risk Exchange). Além disso, foi reforçada a utilização de bancos de Santander tem como princípio a aversão aos eventos de risco
dados externos que proporcionam informações quantitativas e operacional que possam implicar perda financeira, fraudes e
qualitativas, permitindo uma análise mais detalhada e estruturada descumprimentos operacionais, tecnológicos, legais e regulatórios,
de eventos relevantes ocorridos no setor, e a preparação adequada de conduta ou dano reputacional.
dos exercícios de análise de cenários, que é comentada a seguir.
• Métricas gerais. Inclui mensurações relativas ao volume de perdas
• Análises de cenários de RO. Obtém-se opiniões de especialistas sobre a margem bruta, perdas com estresse, índice de eventos
das linhas de negócio e dos gestores de risco e controle, com relevantes, multiplicador de perdas e recomendações vencidas de
o objetivo de identificar eventos potenciais com muito pouca auditorias.
probabilidade de ocorrência, mas que, por sua vez, podem implicar
uma perda muito elevada para uma instituição. É feita a avaliação • Para os fatores de risco mais relevantes, inclui também um
de seu possível efeito na instituição e são identificados controles statement para cada risco específico e uma série de métricas
adicionais e medidas de mitigação que reduzem a eventualidade de prospectivas para seu acompanhamento. Especificamente sobre
um elevado impacto econômico. os seguintes: fraude, risco tecnológico, cibernético, risco legal,

RELATÓRIO ANUAL 2016 245


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco operacional

prevenção da lavagem de dinheiro, comercialização de produtos, (multiplicador de perdas) e com o controle da gestão de
conformidade regulatória e gestão de fornecedores. fornecedores, bem como para a gestão e o controle de lavagem de
dinheiro, conduta e conformidade regulatória (conforme descrito
D.4.2.3. Implementação do modelo e iniciativas na seção D.5.8. Modelo de Risk assesstment de conformidade e
Atualmente, o modelo incorpora praticamente todas as unidades apetite por risco).
do Grupo, com um nível elevado de homogeneidade Não obstante,
o ritmo diferente de implementação e a profundidade histórica dos • Melhoria do processo relativo a seguros, certificação e supervisão
respectivos bancos de dados se traduzem em diferenças no nível de do modelo de controle e integração das atividades de controle no
avanço entre os diversos países. processo de autoavaliação dos riscos.

Conforme indicado na seção D.4.1. Definição e objetivos. Em 2015, o • Implementação de processos mais robustos de comparação entre
Grupo acelerou seu processo de transformação com foco na gestão os diferentes instrumentos de risco operacional, permitindo um
avançada de riscos operacionais (AORM). O objetivo do programa maior entendimento dos riscos relevantes da organização.
é, por um lado, consolidar o esquema de gestão de risco operacional
atual e, por outro, alcançar as melhores práticas de mercado e • Programa de treinamento em todos os níveis da organização (desde
alavancar o monitoramento de um perfil de risco operacional o Conselho até os funcionários mais expostos ao risco nas primeiras
integrado e consolidado para conduzir, de forma proativa, a linhas de negócios) e de iniciativas de intercâmbio de experiências
estratégia de negócio e as decisões táticas. (jornadas de melhores práticas, lançamento de uma newsletter
mensal, etc.).
O programa foi estruturado em linhas de trabalho chave (apetite,
autoavaliação de riscos, cenários, métricas, etc.), permitindo • Avanço dos planos de mitigação sobre aspectos de especial
focar nas melhorias realizadas e que foram praticamente relevância (segurança da informação e segurança digital em
concluídas em 2016, cobrindo as dez maiores regiões do Grupo. sentido amplo e controle de fornecedores, entre outros): controle
Para o monitoramento adequado do progresso do programa, foi da implementação de medidas corretivas e dos projetos em
estabelecida uma gestão de acompanhamento no nível mais alto desenvolvimento.
da organização, tanto no nível corporativo como de cada uma das
unidades locais. • Melhorias na qualidade e granularidade das informações analisadas
e apresentadas sobre esse risco nos principais fóruns de decisão.
O programa conta com o suporte do desenvolvimento de uma
solução customizada e integrada de risco operacional (Heracles). A • Melhorias nos planos de contingência e continuidade do negócio e,
implementação para los principais instrumentos de gestão do risco de forma geral, na gestão de crises (iniciativa ligada aos planos de
operacional foi realizada em 2016 em todas as regiões do Grupo, em viabilidade e resolução).
conjunto com o desenvolvimento do plano de transformação.
• Impulso no controle do risco associado ao uso das tecnologias
Destacamos a seguir as principais atividades e iniciativas globais (desenvolvimento e manutenção de aplicativos, desenho,
que vêm sendo adotadas a fim de garantir a gestão efetiva do risco implementação e manutenção de plataformas tecnológicas,
operacional: produção de processos informatizados, etc.).

• Consolidação do marco de risco operacional e das políticas e • Desenvolvimento do modelo e governança da função de
procedimentos tanto na corporação como nas diferentes regiões. conformidade e conduta, conforme descrito na seção D.5. Risco de
Neste sentido, cabe destacar a aprovação do novo modelo de conformidade e conduta.
fraude, bem como a revisão da estrutura de documentação e o
impulso das políticas de risco operacional nas primeiras linhas de No caso especial do controle de fornecedores citado anteriormente,
defesa. Tudo isso independentemente do novo marco de conduta foi feita, em 2016, uma revisão do marco e do modelo de referência
ao qual nos referimos na seção D.5. Risco de conformidade e corporativos, cobrindo os novos requisitos emitidos pelo regulador
conduta. neste âmbito e alinhando-os às melhores práticas do setor. Por
outro lado, continuamos avançando na definição e implementação
• Impulso da governança e dos instrumentos de risco operacional nas de procedimentos e ferramentas nas entidades do Grupo a fim de
primeiras linhas de defesa, conseguindo um maior envolvimento e adaptar os processos atuais aos princípios e requisitos do modelo.
integração nos negócios e funções de suporte, por meio de: Principalmente, no presente exercício, os esforços têm sido
direcionados ao seguinte:
• Clara definição das funções e responsabilidades relativas à gestão
e mitigação do risco. • Identificação e atribuição de papéis e responsabilidades para cobrir
as diversas atividades descritas no modelo para a gestão completa
• Envolvimento das primeiras linhas nos instrumentos de risco do ciclo de vida da relação com o fornecedor ou terceiro (decisão,
(autoavaliação, banco de dados, escalamento de eventos, homologação, contratação, acompanhamento e conclusão) e
indicadores, etc.). assegurar a adequação ao esquema de três linhas de defesa,
onde as funções de gestão estão designadas às primeiras linhas
• Novo enfoque de apetite por risco operacional detalhado para as
unidades de negócio mais relevantes.

• Inclusão de métricas adicionais de apetite por risco relacionadas


com o volume de perdas relevantes sobre o total de perdas

246 RELATÓRIO ANUAL 2016


e o procedimento de controle para verificar o cumprimento dos • Treinamento e conscientização com referência a riscos associados a
princípios do modelo é executado por parte de riscos. fornecedores e terceiros.

• Evolução do sistema corporativo de gestão de fornecedores para O Grupo continua trabalhando na implementação do modelo,
dar cobertura aos novos requisitos do modelo, principalmente no reforçando e homogeneizando as atividades que serão desenvolvidas
que se refere a: ao longo do ciclo de gestão com os fornecedores e terceiros.

• Inclusão de uma ferramenta de decisão que permite discriminar D.4.2.4. Sistema de informações de risco operacional
os serviços de acordo com sua relevância e nível de risco O Grupo conta com um sistema de informações corporativo, que
associado e, por conseguinte, é possível estabelecer os controles apoia as ferramentas de gestão de risco operacional e facilita as
mais apropriados a cada caso nas demais fases do ciclo de vida do funções e necessidades de informação e reporting tanto em nível
serviço. local como corporativo.

• Definição de questionários específicos utilizados na fase de Com o objetivo de implementar o modelo avançado de gestão de
homologação do fornecedor para assegurar que dispõe dos risco operacional e melhorar a tomada de decisões em todo o Grupo
controles adequados para dar cobertura aos riscos associados ao e, considerando as sinergias que ocorrerão em termos de controle
serviço a prestar. (integração, em uma mesma ferramenta, das funções de controle
de risco operacional em sentido amplo, de suas particularidades
• Estabelecimento de fluxos de aprovação para guiar todo o no âmbito de conformidade e dos processos de documentação e
processo de decisão, homologação, negociação e contratação. certificação de controle do modelo de controle interno), o Grupo
está investindo em uma nova ferramenta GRC (Governance, Risk and
• Criação de comitês específicos por região para o acompanhamento Compliance) baseada na plataforma de SAP, denominada Heracles. O
e a tomada de decisões em relação a serviços e fornecedores objetivo do Heracles é melhorar a tomada de decisões no processo
relevantes, e revisão dos procedimentos e critérios de escalamento. de gestão de risco operacional em toda a organização.

• Definição e acompanhamento de indicadores e quadro de controle Esse objetivo é alcançado garantindo que os responsáveis por riscos
relativo à implementação do modelo. Inclusão de métricas em toda a organização disponham de uma visão completa de seu
específicas de fornecedores no relatório do apetite por risco do risco e que contem com as informações de suporte necessárias de
Grupo. forma oportuna. Essa visão completa e em tempo hábil é obtida
como resultado da integração de vários programas, como a avaliação
• Revisão e reforço da qualidade de informação dos estoques de de riscos, cenários, eventos e métricas com um set comum de
serviços relevantes e os fornecedores associados. taxonomias e padrões metodológicos. O resultado dessa integração
é um perfil de risco mais preciso e uma melhoria significativa da
eficiência, ao evitar esforços redundantes e duplicidades.

GESTÃO PROATIVA DE RISCOS

FLUXOS DE APROVAÇÃO

Avaliação TRANSPARÊNCIAAvaliação
(RESPONSABILIDADE) Políticas e
AVALIAÇÃO DE RISCOS E CONTROLES

de riscos temática Regulações


INFLUENCIAR COMPORTAMENTO

Riscos
CULTURA (AORM/ARM)

TAXONOMIAS

Regulamentos Estrutura Controles


Org.
Avaliação
Métricas de Controles

Planos de ação

Eventos Auditoria
Cenários de Perda Interna

FUNÇÕES RESPONSÁVEIS PELO RISCO E CONTROLES

TRANSPARÊNCIA (RESPONSÁVEL/EXECUTOR)

RELATÓRIO ANUAL 2016 247


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco operacional

Além disso, o Heracles permite a interação das pessoas interessadas conforme detalhado na seção D.5.9. Projetos corporativos
na gestão do risco operacional e na informação do sistema, mas transversais deste Relatório.
com necessidades específicas ou limitadas a um determinado
âmbito. Sempre com a premissa da existência de uma única fonte de Também em 2016, foram desenvolvidas outras novas iniciativas de
informações para as diferentes funções que operam em conjunto. treinamento como as sessões de divulgação e sessões presenciais
específicas. Cabe ressaltar a criação do Programa Superior de
No encerramento do exercício de 2016, o Heracles já havia sido Risco Operacional, cujo objetivo é proporcionar um alto nível
implementado de forma global no Grupo e proporciona informações de conhecimento aos funcionários com maior envolvimento no
integradas de riscos e controles para as unidades que geram e assunto. Com respeito ao treinamento para ajudar a implementação
controlam os riscos. da nova ferramenta corporativa Heracles, ao longo do ano foram
desenvolvidos cursos específicos sobre cada um de seus módulos.
Especificamente, neste exercício, foram completados na ferramenta
os exercícios de autoavaliação de riscos e de certificação de O Grupo potencializa a implementação de uma melhor cultura de
controles, bem como a migração do banco de dados interno risco operacional por meio de várias iniciativas, entre as quais se
de eventos e dos indicadores de RO, estando pendente o destaca a newsletter de RO. O objetivo é a conscientização sobre
desenvolvimento da funcionalidade do programa de cenários de risco a relevância deste risco, distribuição de procedimentos e guias,
operacional, que será implementado no próximo exercício. eventos externos relevantes, temas de interesse relacionados e
eventos realizados no Grupo.
Por sua vez, em 2016, trabalhamos na automatização da carga de
informação nos sistemas de gestão de RO, bem como nas melhorias
das capacidades de reporting, no âmbito do projeto a fim de cumprir » D.4.3. Evolução das principais métricas
a norma sobre princípios da agregação efetiva e o reporting (Risk Data
Agreggation/Risk Reporting Framework - RDA/RRF). Em relação aos bancos de dados de eventos e após a consolidação
das informações recebidas, a evolução das perdas líquidas (incluindo
Para que os objetivos desse projeto sejam alcançados, foi definida tanto as perdas incorridas como as alocações líquidas de provisões)
uma arquitetura tecnológica de referência, com soluções que por categoria de risco da Basileia43 nos três últimos exercícios é
envolvem a captura de informações, o armazenamento em um banco refletida no gráfico a seguir:
de dados íntegro e confiável (denominado Golden Source) e a geração
de relatórios de risco operacional a partir dele.

No âmbito da implementação da norma de RDA, os avanços neste


exercício estão vinculados à extensão do alcance, por meio da
definição de novas métricas no dicionário relativas às ferramentas de
RIA e apetite por risco.

Além disso, continuamos trabalhando na automatização do


abastecimento de informações a partir dos sistemas locais das
entidades.

D.4.2.5. Treinamento e cultura de risco


Com a cultura risk-pro, o Grupo promove o conhecimento e
a conscientização do risco operacional em todos os níveis da
organização. Em 2016, foram realizadas diferentes sessões de
treinamento por meio de um formato e-learning, cobrindo
conhecimentos gerais de RO e específicos de segurança digital.
Estes cursos destinam-se a todos os funcionários do Grupo, embora
existam cursos específicos para diretores.

Além disso, a função de conformidade e conduta elaborou e lançou


um conjunto de ações de treinamento de caráter divulgativo,

43. As categorias de Basileia incluem riscos que estão detalhados no capítulo D.5. Risco de conformidade e conduta

248 RELATÓRIO ANUAL 2016


Distribuição de perdas líquidas por categorias de risco operacional44
% s/total

2014  2015  2016


80%

70%

58,7%
60%

50%

40%

30%

19,1% 17,1%
20%

10%
0,7% 1,6% 2,3%
0,4%
0%
I - Fraude interna II - Fraude externa III - Práticas de IV - Práticas com V - Danos em VI - Interrupção do VII - Execução,
emprego, saúde clientes, produtos ativos físicos negócio e falhas entrega e gestão
e segurança e de negócio nos sistemas dos processos
no trabalho

A evolução das perdas por categoria mostra uma forte redução, em feitas durante o ano anterior, principalmente para cobrir as futuras
termos relativos, das categorias de práticas com clientes, produtos e reclamações pela venda do Payment Protection Insurance (PPI).
de negócios, apesar de continuar sendo a de maior valor.
Em relação à fraude externa, os principais focos de risco se mantêm
Durante o exercício de 2016, as perdas mais relevantes por categoria na utilização fraudulenta de cartões de débito e crédito, cartão não
e região correspondem a ações judiciais no Brasil, onde se mantém presente e canais (internet banking e banco móvel).
um conjunto de medidas para melhorar o serviço aos clientes
(agrupadas dentro de um plano de mitigação completo, conforme Portanto, a evolução do número de eventos de risco operacional por
descrito na seção 4.4 Medidas de mitigação), que permitiu reduzir categoria da Basileia nos últimos três exercícios é refletida no gráfico
o volume de perdas por causas judiciais. Por outro lado, em 2016, a seguir:
o volume de perdas diminuiu no Reino Unido, graças às provisões

Distribuição do número de eventos por categorias de risco operacional45


% s/total

2014  2015  2016


60%
52,3%
50%

40%
34,4%

30%

20%
10,9%
10%
0,1% 0,1% 1,5% 0,8%
0%
I - Fraude interna II - Fraude externa III - Práticas de IV - Práticas com V - Danos em VI - Interrupção do VII - Execução,
emprego, saúde clientes, produtos ativos físicos negócio e falhas entrega e gestão
e segurança e de negócio nos sistemas dos processos
no trabalho

44. De acordo com a prática local, os reembolsos a funcionários no Brasil são gerenciados como parte do custo de pessoal da entidade sem prejuízo do seu tratamento, segundo
a classificação aplicável no âmbito do risco operacional da Basileia, motivo pelo qual não estão incluídos.
45. De acordo com a prática local, os reembolsos a funcionários no Brasil são gerenciados como parte do custo de pessoal da entidade sem prejuízo do seu tratamento, segundo
a classificação aplicável no âmbito do risco operacional da Basileia, motivo pelo qual não estão incluídos.

RELATÓRIO ANUAL 2016 249


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco operacional

Em 2015, o Grupo estabeleceu um novo procedimento para escalar • Implementação do padrão de comércio eletrônico seguro
eventos relevantes (tanto por impacto financeiro como pelo número (3DSecure) para as compras pela Internet, exigindo códigos
de clientes que poderiam estar afetados) que permite canalizar adicionais de segurança no momento de realização de uma
com maior eficácia medidas corretivas de resolução. Em 2016, foi transação, incluindo códigos de uso único (OTP-SMS).
atualizado, incluindo mais detalhes de impactos relacionados com a
segurança das informações dos clientes. O nível de concentração de • Implementação progressiva no Brasil de um novo sistema de
eventos relevantes sobre o total de eventos permaneceu em níveis autenticação biométrica em caixas automáticos e caixas de filiais.
baixos e inferiores ao exercício anterior. Graças a este novo sistema, os clientes poderão retirar dinheiro
dos caixas automáticos utilizando sua impressão digital como
assinatura de operações.
» D.4.4. Medidas de mitigação
• Incorporação de elementos passivos e de detectores anti-skimming
De acordo com o modelo, o Grupo realiza um acompanhamento nos caixas eletrônicos a fim de evitar a clonagem de cartões.
das medidas de mitigação relacionadas com as principais fontes
de risco que foram identificadas através das ferramentas (banco • Revisão dos limites dos cartões em função do produto e segmentos
de dados interno de eventos, indicadores, autoavaliação, cenários, de clientes visando a adequação ao nível de risco.
recomendações de auditoria, etc.) utilizadas na gestão do risco
operacional, assim como da implementação preventiva de políticas e • Aplicação de regras específicas nas ferramentas de monitoramento
procedimentos de gestão e controle do risco operacional. e detecção de fraudes para bloquear operações suspeitas no
exterior.
Durante 2016, intensificou-se a importância da gestão ativa da
mitigação, introduzindo o novo modelo de governança, em que Em relação à fraude eletrônica:
intervém tanto a primeira linha de defesa como a função de controle • Implementação de medidas de proteção para o banco móvel, como
de risco operacional, que estabelece um controle adicional por meio a identificação e o registro dos dispositivos dos clientes (Device Id).
das funções especialistas de negócios e suporte.
• Melhoria no sistema de autenticação de Internet Banking, pelo qual
Especificamente, em relação à identificação de medidas no exercício são solicitados controles adicionais em função do nível de risco do
de autoavaliação, foi estabelecido um volume significativo delas, que cliente ou da operação a realizar.
são distribuídas em função da causa-raiz do risco, da seguinte forma:
• Validação de operações no banco on-line, mediante um segundo
Mitigação 2016 - por causa raiz do risco fator baseado em senhas de uso único. Dependendo da região,
a tecnologia está sendo aperfeiçoada (por exemplo, baseado em
Ambiente códigos de imagens (códigos QR) gerados a partir dos dados da
Tecnologia 13% própria operação).
27%

Pessoas Planos de cibersegurança e segurança da informação:


14%

Processos
46%

Para impulsionar e complementar as ações em andamento, foi


As medidas de mitigação mais relevantes centraram-se na melhoria
elaborado o Santander Cyber-Security Program, que estipula:
da segurança dos clientes na operação habitual dos clientes, na
gestão da fraude externa, assim como na melhoria contínua dos • uma governança que integra as três linhas de defesa;
processos e da tecnologia, e na gestão para a venda de produtos e a • um eixo de atuação orientado à resiliência cibernética, que
prestação de serviços adequadas. contempla ações na identificação e prevenção, proteção, bem
como detecção e reação;
Concretamente, em relação à redução da fraude, as medidas • aspectos de cibersegurança que incidem no treinamento,
específicas mais relevantes foram: controle de acessos e segregação de funções, bem como o
desenvolvimento seguro de programas de software;
Em relação a fraude com cartões:
• iniciativas para o reforço organizacional.
• Implementação de cartões com chip (EMV) nas diversas regiões,
em linha com o calendário estabelecido pela indústria de meios de
pagamento e aplicação de medidas de segurança adicionais:
Durante o ano de 2016, o Santander continuou mantendo uma total
• Substituição de cartões vulneráveis por novos, baseados na atenção perante os riscos relacionados com a cibersegurança, que
tecnologia de autenticação avançada (CDA), que reduz o risco
de clonagem por contar com algoritmos criptografados mais
robustos e completos que os anteriores.

• Sólida validação das transações (Full Grade) com cartões, levando


em conta mais controles e sendo realizadas sempre on-line.

250 RELATÓRIO ANUAL 2016


afetam todos os tipos de empresas e instituições, incluindo as do no Brasil a fim de melhorar los processos internos e os produtos
setor financeiro. Esta situação, que gera preocupação em entidades e oferecidos para proporcionar um melhor serviço aos clientes do
reguladores, impulsiona a adoção de medidas preventivas para estar Banco e, com isso, reduzir o volume de incidentes e reclamações.
preparados perante ataques desta natureza. Esse projeto incorpora várias linhas de atuação destinadas a melhorar
as práticas de comercialização e proteção ao cliente: influência nas
Em nível técnico, entre outras, cabe destacar a melhoria nas medidas decisões de desenho dos produtos e serviços, análise e solução da
para a proteção diante de ataques de recusa de serviço. causa-raiz das reclamações de clientes, desenvolvimento de um
esquema e acompanhamento único de reclamações, bem como a
O Grupo evoluiu seu modelo interno de referência de melhoria das redes de proteção nos pontos de contato.
cibersegurança, inspirado em padrões internacionais (entre outros,
o framework do NIST - National Institute of Standards and Technology-
dos EUA) incorporando conceitos que permitem avaliar o grau de » D.4.5. Plano de Continuidade de Negócios
maturidade em sua implementação. Com base neste novo modelo
de avaliação, foram realizadas análises independentes in-situ nas O Grupo dispõe de um sistema de gestão de continuidade de
principais regiões, para identificar deficiências e incorporá-las nos negócios(SGCN), para garantir a continuidade dos processos de
Planos Diretores de cibersegurança. negócios de suas entidades em caso de desastre ou incidente grave.

Também foram reforçadas a estrutura organizacional e a governança el o d e G est ão d e


do Grupo para a gestão e o controle deste risco. Para isso, foram M od Co
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estabelecidos comitês específicos e foram incorporadas métricas de ín u uid
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cibersegurança no apetite por risco do Grupo. co

de
Definição

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Análise estratégia de

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Por sua vez, foi reforçada a função de inteligência e análise do Grupo,
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de impacto continuidade

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mediante a contratação de novos serviços de monitorização de cio       M e diç ão -
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ameaças sobre as entidades.

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Avançou-se nos mecanismos de registros, notificação e Política
encaminhamento de incidentes para o reporting tanto interno como
para supervisores. Go
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Treinamento

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Outra boa prática que continua é a participação das entidades nos Desenvolvimento
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e teste de de procedimentos
de

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distintos exercícios digitais, coordenados nos diferentes países com manutenção de gestão
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organismos públicos, assim como a realização de cenários internos de crises
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de segurança digital como mecanismos de avaliação de riscos, e ti n co
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testes de capacidades de resposta perante esta tipologia de eventos. eC
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Adicionalmente, a observação e o estudo dos eventos acontecidos


no setor e em outras indústrias, com uma perspectiva analítica, nos
permite atualizar e adaptar nossos modelos às ameaças emergentes. Este objetivo básico concretiza-se em:

Outras medidas de mitigação relevantes: • Minimizar os possíveis danos nas pessoas e impactos financeiros e
O Grupo estabeleceu medidas de mitigação para otimizar a gestão de negócios adversos para o Grupo, derivados de uma interrupção
de processos de acordo com as necessidades dos nossos clientes. das operações normais do negócio.
Especificamente, nesta seção são consideradas de maior relevância
alguns planos no Reino Unido, dentro do banco de varejo e comercial, • Reduzir os efeitos operacionais de um desastre, fornecendo uma
cujo objetivo é conseguir uma melhoria na transacionalidade e na série de guias e procedimentos predefinidos e flexíveis para uso na
gestão das contas dos clientes. retomada e recuperação dos processos.

No que se refere às medidas de mitigação relativas a práticas com • Retomar as operações do negócio e funções de suporte associadas,
clientes, produtos e de negócios, o Grupo Santander vem realizando sensíveis ao tempo, com o objetivo de conseguir a continuidade do
uma melhoria contínua e a posterior implementação de políticas negócio, a estabilidade dos ganhos e o crescimento planejado.
corporativas de comercialização de produtos e serviços, ou a
prevenção da lavagem de dinheiro e do financiamento do terrorismo. • Proteger a imagem pública e a confiança no Grupo Santander.
A seção D.5.2. contém informações detalhadas sobre esta questão.
Controle e supervisão dos riscos de conformidade. • Satisfazer as obrigações do Grupo para com seus funcionários,
clientes, acionistas e outras partes interessadas.
Em relação também a essa mesma categoria de risco operacional,
cabe destacar o projeto Trabalhar Bem que está sendo desenvolvido

RELATÓRIO ANUAL 2016 251


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco operacional

Em 2016, o Grupo continuou avançando na implementação e keeping em matéria de monitorização de canais de comunicação
melhoria contínua de seu sistema de gestão de continuidade adaptados às novas regulamentações.
de negócios. Realizamos uma revisão da metodologia para
contemplar a definição de cenários e planos de resposta perante • Reforço dos controles sobre cancelamentos e modificações de
riscos emergentes (como cyber-risk), atualizamos a política de operações e cálculo de seu custo real, caso se devam a erros
referência para a elaboração de planos de contingência de TI operacionais.
e projetamos e implementamos um quadro de controle para
acompanhar o estado dos planos de continuidade em todas as • Reforço de controles adicionais para a detecção e prevenção de
regiões em que o banco opera. operações irregulares (por exemplo, estabelecimento de controles
sobre operação triangulada).
Por outro lado, foi feita uma atualização da ferramenta corporativa
na qual são registrados e guardados os planos de continuidade do • Formalização de procedimentos, ferramentas e sistemas de TI para
Grupo, melhorando as funcionalidades (cenários e estratégias de proteção, prevenção e treinamento de cibersegurança.
continuidade, quadro de controle com métricas de acompanhamento,
etc.) que facilitam a gestão diária do acompanhamento e da • Revisão do procedimento específico para o controle e a governança
manutenção dos planos. das operações em livros remotos existente em algumas regiões e
extensão às demais.
Por outro lado, e como resultado das melhorias introduzidas nos
planos de viabilidade do Grupo, foi definido um novo modelo integral • Desenvolvimento do Projeto Keeping the B, em que intervêm
de gestão de situações especiais (crises) (ver mais detalhes na seção várias equipes interdisciplinares para reforçar aspectos relativos
B.3.4. Planos de viabilidade de resolução), derivado deste e que, a governança corporativa, controles e procedimentos do risco
portanto, respeita situações em potencial de estresse de natureza de conformidade e prevenção de lavagem de dinheiro, do risco
não financeira (por ex.: operações ou de reputação, etc.), implica um de crédito, arquitetura de informação financeira e operacional,
reforço dos protocolos e processos de escalamento e governança plataformas tecnológicas, aspectos regulatórios, organizacionais e
estabelecidos especificamente para situações de crise, os quais são suficiência de recursos.
adicionais aos contemplados em situações normais.
Para obter mais informações sobre os aspectos de conformidade
Em 2016, promovemos a implementação deste novo modelo no regulatória em matéria de mercados, consultar a seção D.5.4.
centro corporativo e nas principais regiões, realizando a adequação Conformidade regulatória.
dos atuais comitês de continuidade de negócio ao governo e os
procedimentos de escalamento descritos no novo modelo. Por último, cabe mencionar que o negócio está imerso em
uma transformação global e evolução do modelo de gestão de
risco operacional que traz uma modernização das plataformas
» D.4.6. Outros aspectos de controle e tecnológicas e dos processos operacionais que incorpora um robusto
acompanhamento do risco operacional modelo de controle e que permite reduzir o risco operacional
associado à atividade.
Análises e acompanhamento dos controles
na operação de mercados Informação corporativa
Devido à especificidade e complexidade dos mercados financeiros, A função de risco operacional conta com um sistema de informações
o Grupo realiza uma melhoria contínua dos procedimentos de de gestão de risco operacional que permite proporcionar dados
controle operacional para manter-se alinhado com a nova normativa dos principais elementos de risco do Grupo. As informações
e boas práticas do mercado. Assim, durante o ano, continuou-se a disponíveis de cada país/unidade no âmbito de risco operacional são
melhorar o modelo de controle deste negócio, com especial ênfase consolidadas de modo a obter uma visão global com as seguintes
na elaboração de um marco sobre trading não autorizado, assim características:
como na elaboração de uma metodologia de avaliação para medir
a robustez do ambiente em cada uma das áreas geográficas. Além • Dois níveis de informação: uma corporativa com informação
disso, continuou-se trabalhando no reforço dos seguintes pontos: consolidada e outra individualizada para cada país/unidade.

• Análises da operação individual de cada operador da Tesouraria • Difusão das melhores práticas entre os países/unidades do Grupo
com o objetivo de detectar possíveis comportamentos anômalos Santander, obtidas mediante o estudo combinado dos resultados
em função de limites específicos para cada mesa. derivados das análises qualitativas e quantitativas de risco
operacional.
• Melhoria da ferramenta Speachminer, que permite reforçar o
controle de escutas, assim como cumprir novos requisitos de record Concretamente, são elaboradas informações sobre os seguintes
aspectos:

• Modelo de gestão de risco operacional no Grupo Santander e de


suas principais unidades e áreas geográficas do Grupo.

• Perímetro de gestão do risco operacional.

252 RELATÓRIO ANUAL 2016


• Acompanhamento das métricas de apetite. • Avaliação técnica do nível de proteção proporcionado pela apólice,
custo e níveis de retenção que o Grupo assumirá (franquias e
• Perfil de risco por país e por categoria de risco e principais focos de outros elementos a cargo do segurado) com objetivo de decidir
risco operacional. sobre sua contratação.

• Capital regulatório de risco operacional. • Negociação com fornecedores e adjudicação de acordo com os
procedimentos estabelecidos para esse fim pelo Grupo.
• Planos de ação associados aos focos de risco.
• Acompanhamento dos incidentes declarados nas apólices, assim
• Distribuição de perdas por região e categoria de risco. como dos não declarados ou não recuperados por uma declaração
incorreta, estabelecendo protocolos de atuação e fóruns específicos
• Evolução de perdas (acumulado anual, desvio em comparação ao de acompanhamento.
ano anterior e ao orçamento (e provisões por data de detecção e
data contábil. • Análises da adequação das apólices do Grupo aos riscos cobertos,
tomando as oportunas medidas corretivas para as deficiências
• Análise do banco de dados interno sobre eventos e de eventos detectadas.
externos relevantes.
• Colaboração estreita dos responsáveis locais de risco operacional
• Análise dos riscos mais relevantes detectados por meio de com coordenadores locais de seguros, para reforçar a mitigação de
diferentes fontes de informação, como por exemplo, os exercícios risco operacional.
de autoavaliação de riscos operacionais e tecnológicos ou cenários
de risco operacional. • Participação ativa das duas áreas na mesa de sourcing global de
seguros, órgão técnico máximo no Grupo para a definição das
• Avaliação e análise de indicadores de risco. estratégias de cobertura e contratação de seguros, no fórum de
acompanhamento do risco segurado (criado especificamente em
• Medidas mitigadoras/gestão ativa. cada região para o acompanhamento das atividades mencionadas
nesta seção), no fórum de acompanhamento de sinistros e no
• Planos de continuidade do negócio e planos de contingência. comitê corporativo de risco operacional.

Esta informação serve de base para atender as necessidades de Além disso, a área de seguros próprios aumentou sua presença em
reporting para o comitê de controle de riscos, o comitê de supervisão diversos fóruns do Grupo (danos em ativos físicos, fraude, cenários,
de riscos, regulação e conformidade, comitê de risco operacional, alta gestão de situações especiais, etc.), aumentando assim sua interação
administração, reguladores, agências de rating, etc. com outras funções do Grupo e sua capacidade de identificar e
avaliar apropriadamente os riscos seguráveis e otimizar a proteção
Os seguros na gestão do risco operacional da demonstração de resultados.
O Grupo Santander considera os seguros um elemento-chave na
gestão do risco operacional. Em 2016, continuou-se a desenvolver
procedimentos destinados a uma melhor coordenação entre as
diferentes funções envolvidas no ciclo de gestão dos seguros que
mitigam o risco operacional. Uma vez estruturada a relação funcional
entre as áreas de seguros próprios e de controle de risco operacional,
o objetivo fundamental é divulgar para as diferentes áreas de gestão
de riscos em primeira linha as diretrizes adequadas para uma efetiva
gestão do risco assegurável, destacando as seguintes atividades:

• Identificação de todos os riscos no Grupo que possam ser objeto de


uma cobertura de seguro, incluindo também novas coberturas de
seguro sobre riscos já identificados no mercado.

• Estabelecimento e implementação de critérios para quantificar o


risco segurável, apoiando-se na análise de perdas e em cenários de
perdas que permitam determinar o nível de exposição do Grupo a
cada risco.

• Análises da cobertura disponível no mercado segurador, assim


como o planejamento preliminar das condições que melhor se
ajustem às necessidades previamente identificadas e avaliadas.

RELATÓRIO ANUAL 2016 253


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de conformidade e conduta

D.5. Risco de conformidade e conduta

» Organização da seção De acordo com a atual configuração corporativa das três linhas de
defesa do Grupo Santander, a função de conformidade e conduta
Depois da introdução da função de conformidade e conduta, se consolidou, ao longo de 2016, como uma função de controle
detalhamos sua gestão, o modelo organizacional e as funções independente de segunda linha, com reportamento direto e
destinadas a efetuar o controle e a supervisão dos riscos que estão periódico ao Conselho de Administração e aos seus comitês, por
em seu âmbito [pág. 254-257]. intermédio do Group Chief Compliance Officer (GCCO), que o
realiza de forma independente. A função de conformidade e conduta
Em seguida, detalhamos as funções transversais, bem como as que depende do diretor executivo. Esta configuração está alinhada
controlam e supervisionam riscos especializados de: conformidade com os requisitos da regulação bancária e com as expectativas dos
regulatória, gestão de produtos e proteção ao consumidor, prevenção supervisores.
da lavagem de dinheiro e do financiamento do terrorismo, bem como
do risco reputacional [pág. 257-261]. São definidos como riscos de conformidade os seguintes:

Por último, detalhamos o exercício anual de risk assessment, assim • Risco de conformidade: risco que se deve ao descumprimento do
como a formulação do apetite por riscos proposta pela área de marco legal, das normas internas ou dos requisitos de reguladores e
conformidade e conduta ao Conselho em 2016 [pág. 261-262]. supervisores.

• Risco de conduta: risco ocasionado por ações das pessoas ou do


» D.5.1. Alcance, missão, definições e objetivo próprio banco em seu conjunto, que podem acarretar resultados
insuficientes para los clientes ou mercados em que opera.
A função de conformidade e conduta promove a adesão do Grupo
Santander às normas, aos requisitos de supervisão, e aos princípios • Risco reputacional: o risco de danos na imagem que a opinião
e valores de boa conduta, mediante o estabelecimento de padrões, pública, clientes, investidores e outros grupos de interesse têm do
debatendo, aconselhando e informando, para o interesse dos Banco.
funcionários, clientes, acionistas e da sociedade em geral.
O objetivo do Grupo nesta matéria é minimizar a probabilidade de
Seu alcance abrange todas as matérias relacionadas com a que ocorram descumprimentos e irregularidades, e caso ocorram,
conformidade regulatória, a prevenção de lavagem de dinheiro e que sejam identificadas, avaliadas, reportadas e solucionadas
do financiamento do terrorismo, a governança dos produtos e a rapidamente.
proteção ao consumidor, bem como o risco reputacional.
No controle desses riscos, participam ainda outras funções de
controle (riscos e auditoria).

254 RELATÓRIO ANUAL 2016


» D.5.2. Controle e supervisão dos Por sua vez, o Código Geral de Conduta reúne as normas de conduta
riscos de conformidade e conduta e os princípios éticos que regem a atuação de todos os funcionários
do Grupo Santander e é complementado, em determinados temas,
De acordo com a configuração das linhas de defesa no Grupo com as normas que constam em outros códigos e sua norma de
Santander e em particular dentro desta função, a responsabilidade desenvolvimento interno.
primária pela gestão dos riscos dessa função está nas primeiras
linhas de defesa, de forma conjunta entre as unidades de negócios Além dos mencionados marcos, o Código Geral de Conduta
que originam diretamente os riscos e a função de conformidade e estabelece:
conduta, seja mediante a designação de atividades ou tarefas de
conformidade, seja diretamente em alguns casos. • As funções e responsabilidades de conformidade.

Adicionalmente, corresponde à função estabelecer, impulsionar • As normas que regulam as consequências do seu descumprimento.
e alcançar a adesão das unidades aos marcos, políticas e padrões
homogêneos em todo o Grupo. Para isso, foram implementadas • O canal para o envio e a tramitação de notificações de atuações
distintas iniciativas em 2016 em todo o Grupo, assim como seu supostamente irregulares (whistle-blowing channel).
acompanhamento e controle.
Corresponde à função de conformidade e conduta, sob a supervisão
O reportamento aos órgãos de governança e administração do comitê de conformidade e do comitê de supervisão de riscos,
do Grupo Santander correspondem ao GCCO, que também é regulação e conformidade (CSRRC), velar pela efetiva implementação
responsável por assessorar e informar, bem como promover o e realizar o acompanhamento do Código Geral de Conduta, uma
desenvolvimento da função, de acordo com o programa anual. Tudo vez que o Conselho é o seu titular e dos marcos corporativos que
isso independentemente do reportamento que o vice-presidente desenvolvem esta função.
de riscos e o GCRO fazem também aos órgãos de governança e
administração de todos os riscos do Grupo, que também incluem os
de conformidade e conduta. » D.5.3. Governança e modelo organizacional
No exercício 2016, implementamos o novo modelo de conformidade Ao longo de 2016, e de acordo com o mandato da função de
e conduta em nível corporativo e também iniciamos seu processo de conformidade e conduta definido pelo Conselho, um processo de
desenvolvimento nas principais unidades do Grupo dos diferentes transformação em nível global está sendo desenvolvido – “TOM”. Na
países, fornecendo os componentes básicos para que esses riscos primeira fase, foram definidos o alcance e os objetivos do modelo e,
sejam administrados (marcos e políticas em matéria de prevenção da em 2016, foi realizada sua implementação na corporação. Além disso,
lavagem de dinheiro e do financiamento do terrorismo, governança foi iniciado o processo de avaliação e desenvolvimento nas principais
de produtos e serviços e proteção ao consumidor, conformidade unidades do Grupo, com o objetivo de alcançar, no fim de 2018,
regulatória, risco reputacional, etc…) e velando para que os demais uma função de conformidade e conduta em linha com os melhores
sejam devidamente atendidos pelas unidades correspondentes padrões do setor financeiro.
(códigos de conduta, políticas de financiamento responsável, etc…).
Para isso, estão estabelecidos os oportunos sistemas de governança, Adicionalmente, é necessário mencionar a coordenação que existe
controle e supervisão. com a função de riscos e em particular com a de risco operacional, e
que através da governança de riscos se integra a visão conjunta de
Além disso, a Auditoria Interna (dentro de suas funções de terceira todos os riscos do Grupo. Informa igualmente ao Conselho e a seus
linha de defesa) realiza as revisões e auditorias necessárias para comitês.
comprovar que os controles e elementos de supervisão adequados
estão sendo aplicados, e para o cumprimento das normas e D.5.3.1. Governança
procedimentos estabelecidos no Grupo. Como órgãos colegiados (com competências em matéria de
conformidade), encontram-se os seguintes comitês corporativos que
Os marcos corporativos da função de conformidade e conduta são: são detalhados a seguir, com suas correspondentes réplicas locais:

• Marco geral de conformidade e conduta. O comitê de conformidade regulatória é o órgão colegiado de


governança em matéria de conformidade regulatória. Suas funções
• Marco de comercialização de produtos e serviços, e proteção ao principais são:
consumidor.
(i) Controlar e supervisionar o risco de conformidade regulatória no
• Marco de prevenção da lavagem de dinheiro e do financiamento do Grupo, como segunda linha de defesa.
terrorismo.
(ii) Definir o modelo de controle do risco de conformidade
Esses marcos corporativos estão desenvolvidos no âmbito da regulatória no Grupo e validar os planos anuais de trabalho das
governança interna do Grupo Santander e em conformidade com o diferentes unidades locais.
modelo de relação matriz-filiais. Para integrar melhor esses temas e
simplificar sua gestão, durante o exercício de 2016, unificamos em um (iii) Avaliar as propostas de programas de conformidade
único documento os antigos marcos de comercialização de produtos regulatória, ou sua modificação, para apresentação ao comitê
e serviços, e proteção ao consumidor. de conformidade e posterior aprovação pelo Conselho de
Administração.

Em 2016, o comitê de conformidade regulatória realizou quatro


reuniões.

RELATÓRIO ANUAL 2016 255


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de conformidade e conduta

O comitê de comercialização é o órgão colegiado de governança O comitê de prevenção de lavagem de dinheiro e do


para a validação de produtos e serviços. Suas funções principais são: financiamento do terrorismo é o órgão colegiado neste tema. Suas
funções principais são:
(i) Validar novos produtos ou serviços apresentados por parte da
matriz ou de qualquer filial/unidade do Grupo, antes do seu (i) Controlar e supervisionar o risco de prevenção da lavagem de
lançamento. dinheiro e do financiamento do terrorismo (PBC/FT) no Grupo,
como segunda linha de defesa.
(ii) Estabelecer o modelo de controle do risco de comercialização no
grupo, incluindo os indicadores do risk assessment e propondo (ii) Definir o modelo de controle do risco de PBC/FT no Grupo
o apetite por risco em matéria de comercialização ao comitê de Santander.
conformidade.
(iii) Considerar propostas do marco corporativo de PBC/FT
(iii) Estabelecer critérios de interpretação e aprovar os modelos para consideração por parte do comitê de conformidade ou
de referência em desenvolvimento do marco corporativo atualizações desse marco.
de comercialização de produtos e serviços e proteção ao
consumidor e de sua norma de referência, bem como validar as (iv) Considerar e analisar as adaptações locais dos modelos e validá-
adaptações locais dos modelos. las conforme o caso.

(iv) Avaliar e decidir sobre as questões relevantes em matéria de Em 2016, este comitê realizou quatro sessões.
comercialização que possam resultar em um risco potencial para
o Grupo, em função das faculdades que tenha outorgadas ou das O comitê de conformidade. Com o objetivo de reforçar a governança
atribuições que deva exercer por imperativo legal. da função em 2016, foram alinhados os objetivos e as funções dos
mencionados comitês, para adequá-los ao modelo de governança
No exercício de 2016, foram realizadas 15 sessões do comitê de do Grupo, integrando suas atuações no comitê de conformidade,
comercialização, nas quais se analisaram um total de 128 produtos/ como órgão colegiado de nível superior da função de conformidade e
serviços novos, tendo sido validados todos eles. conduta que agrupa os objetivos dos citados comitês.

O comitê de acompanhamento e proteção ao consumidor Assim, tem como funções principais as seguintes:
é o órgão colegiado de governança do Grupo em matéria de
acompanhamento de produtos e serviços, e de avaliação de assuntos (i) Acompanhar e avaliar o risco de conformidade e conduta que
de proteção ao consumidor em todas as unidades do Grupo. Suas possa ter impacto no Grupo Santander, como segunda linha de
funções principais são: defesa.

(i) Realizar um acompanhamento da comercialização de produtos (ii) Propor a atualização ou modificação do marco geral de
e serviços por país e por tipo de produto, revisando toda a conformidade e dos marcos corporativos da função, para sua
informação disponível, com foco nos produtos e serviços em aprovação final pelo Conselho de Administração.
acompanhamento especial, bem como nos custos de conduta,
compensações a clientes, sanções, etc. (iii) Revisar os eventos e situações relevantes dos riscos de
conformidade e conduta, as medidas adotadas e sua efetividade,
(ii) Realizar acompanhamento da metodologia comum de medição e e propor, quando necessário, seu encaminhamento ou traslado.
reportamento de reclamações, com base na análise causa-raiz, e
na qualidade e suficiência das informações obtidas. (iv) Estabelecer e avaliar as medidas corretivas quando forem
identificados riscos nesta matéria no Grupo, seja por pontos
(iii) Estabelecer e avaliar a efetividade das medidas corretivas quando fracos na gestão e controle estabelecidos, ou pelo surgimento de
forem identificados riscos em matéria de governança de produtos novos riscos.
e proteção ao consumidor no Grupo.
(v) Seguir as novas regulamentações que apareçam ou as que forem
(iv) Identificar, administrar e comunicar de forma preventiva as modificadas, assim como estabelecer seu âmbito de aplicação
problemáticas, eventos, situações relevantes e melhores práticas no Grupo e, se for o caso, as medidas de adaptação ou mitigação
em matéria de comercialização e proteção ao consumidor de necessárias.
forma transversal no Grupo.
Em 2016, foram realizadas oito sessões do comitê de conformidade.
Em 2016, foram realizadas 24 sessões do comitê de acompanhamento
e proteção ao consumidor.

256 RELATÓRIO ANUAL 2016


D.5.3.2. Modelo organizacional c) Melhora de Processos. Identifica o mapa de processos-chave
Como resultado do processo de transformação antes mencionado da função e suas métricas associadas. Define e supervisiona a
(TOM) e com o objetivo de ter uma visão e uma gestão integradas aplicação da metodologia de melhoria contínua nos processos
dos diferentes riscos de conformidade e conduta, a função está identificados.
estruturada de forma híbrida, para integrar os riscos especializados
(funções verticais), com uma visão agregada e homogenizada deles d) Projetos. Lidera projetos da função e outros projetos vinculados
(funções transversais). ao plano de transformação. Coordena a gestão dos requisitos com
as equipes de tecnologia e operações. Implementa a metodologia
Esta estrutura funcional foi consolidada e reforçada em 2016, de execução e o acompanhamento de projetos.
contribuindo para a missão do Grupo nesta questão:
Funções verticais
Funções transversais Conformidade regulatória
Governança, planejamento e consolidação. Realiza o controle e a supervisão do risco de conformidade
a) Governança. Governa e gerencia o funcionamento da função regulatória dos eventos relacionados com os funcionários, com
de conformidade e conduta em nível corporativo. Desenvolve aspectos organizacionais, com os mercados internacionais e
iniciativas e elementos de cultura, treinamento, talento e mercados de valores, desenvolvendo políticas e normas e velando
desenvolvimento profissional dentro da função, com visão de pelo seu cumprimento nas unidades.
longo prazo. Interatua e articula a relação com outra funções de
controle e suporte e atua com o staff do GCCO. Governança de produtos e proteção ao consumidor
Dirige, controla e supervisiona no Grupo a governança de produtos
b) Planejamento. Planeja e promove a definição da estratégia e serviços, os diferentes elementos que compõem o risco de conduta
de conformidade e conduta, faz o planejamento anual para com clientes na comercialização, a proteção ao consumidor, o risco
dar sentido a essa estratégia e faz o reportamento à a alta fiduciário e de custódia dos diferentes instrumentos financeiros
administração. Mantém o mapa normativo e as políticas de desenvolvendo políticas e normas específicas nesta matéria.
conformidade e conduta. Gerencia e coordena os processos de
organização interna e de recursos humanos da função. Prevenção da lavagem de dinheiro e do
financiamento do terrorismo.
c) Consolidação. Consolida os diferentes riscos de conformidade Dirige, controla e supervisiona a aplicação do marco de atuação
e conduta em nível global, mediante a realização do exercício na prevenção da lavagem de dinheiro e do financiamento do
anual de risk assesment nas diferentes unidades do Grupo, em terrorismo, coordena a análise de informação local e do Grupo
coordenação com a área de riscos. Supervisiona a aplicação das para identificar novos riscos suscetíveis de sanções nacionais e
medidas de mitigação definidas e planos de avaliação de riscos internacionais, analisa novos fornecedores e participantes em
e monitora a resposta e a implementação de solicitações por operações corporativas para sua homologação e assegura a adesão
parte dos reguladores. Executa a proposta de apetite por riscos das unidades às normas e políticas estabelecidas na matéria, assim
de conformidade e conduta, mediante a integração das diferentes como a consolidação da visão global desses riscos no Grupo e as
propostas em nível local, no apetite por riscos do Grupo. tendências globais.

d) Radar Regulatório. Desenvolve e coordena a criação e a Risco reputacional.


administração do repositório global de normas e regulamentos, Desenvolve o modelo de controle e supervisão do risco reputacional,
que se aplicam a todas as unidades, mediante um processo mediante a prevenção, a detecção antecipada de eventos e a
multidisciplinar do qual participam diferentes funções. mitigação de qualquer impacto potencial da reputação do Grupo,
percebida pelos funcionários, clientes, acionistas, investidores e pela
Coordenação com unidades comunidade em geral.
Coordena as interações com as diferentes unidades do Grupo,
proporcionando uma perspectiva global sobre os riscos de
conformidade e o modelo dessas unidades. » D.5.4. Conformidade regulatória
Processos de conformidade e sistemas de informação. Funções
a) Sistemas de informação de conformidade e conduta. Define Para o adequado controle e supervisão dos riscos de conformidade
o modelo de gestão da informação da função e desenvolve seus regulatória, estão estabelecidas as seguintes funções:
indicadores-chave.
• Realizar a aplicação do Código Geral de Conduta e dos demais
b) Sistemas, operações e qualidade da informação. Define o códigos e respectivas normativas de desenvolvimento. Assessorar
plano de sistemas da função, proporcionando a visão total de na resolução das dúvidas que surjam em sua aplicação.
conformidade e conduta com respeito às necessidades de sistemas
e sua priorização. Atua como interlocutor principal com a função • Colaborar com a Auditoria Interna nas revisões periódicas que
de tecnologia e operações. esta realize, no que se refere ao cumprimento do Código Geral de
Conduta e dos demais códigos e normas de desenvolvimento, sem
prejuízo das revisões periódicas que sejam necessárias realizar
diretamente sobre assuntos de conformidade.

RELATÓRIO ANUAL 2016 257


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de conformidade e conduta

• Elaborar, em relação a normas concretas, programas de Em 2016, foi implementado um canal de denúncias para fornecedores
conformidade ou sua modificação, para serem apresentados ao pelo qual os prestadores de serviços do Banco Santander S.A. ou
comitê de conformidade regulatória e, se for o caso, para posterior de qualquer uma de suas filiais na Espanha poderão informar a área
aprovação pelo Conselho de Administração ou seus comitês. de conformidade e conduta as condutas inapropriadas por parte
dos funcionários do Grupo no âmbito da relação contratual entre o
• Informar periodicamente a CSRRC e o Conselho de Administração fornecedor e o Grupo.
sobre o desenvolvimento do marco e a aplicação do programa de
conformidade. Aspectos organizacionais
Em 2016, merece destaque o lançamento do projeto da nova norma
• Avaliar as mudanças que sejam convenientes realizar no programa europeia de proteção de dados, ou GDPR, na sigla em inglês (General
de conformidade, especialmente no caso de detecção de situações Data Protection Regulation), fruto do qual o centro corporativo
de risco não reguladas e procedimentos suscetíveis de melhoria, desenvolveu alguns guias com critérios uniformes para facilitar a
bem como propor as mudanças ao comitê de conformidade adaptação à norma por parte dos países do Grupo afetados. Em
regulatória ou à CSRRC. 2017 e até maio de 2018, quando o regulamento será obrigatório, o
foco estará no acompanhamento do replanejamento dos processos
• Receber e tramitar as denúncias efetuadas pelos funcionários por impactados e em aumentar o nível de conscientização sobre a
meio do canal de denúncias. importância de cumprir este novo regulamento.

• Dirigir e coordenar as investigações realizadas sobre Além disso, neste âmbito, realiza-se um trabalho duplo em termos de
descumprimentos, podendo solicitar a ajuda da Auditoria Interna intercâmbio automático de informações fiscais entre estados, FATCA
e propor ao comitê de irregularidades as sanções procedentes em e CRS: de apoio para a implementação, e de segunda linha, para o
cada caso. cumprimento do regulamento pelo Grupo.

• Supervisionar a atividade de treinamento obrigatório sobre o Regulamentos dos mercados


programa de conformidade. Em 2016, uma vez implementado o projeto corporativo de adequação
ao regulamento norte-americano Volcker Rule, passou-se à supervisão
O TOM de conformidade situa o foco da função de conformidade do cumprimento desta norma, que limita as operações de propietary
regulatória nos seguintes âmbitos: trading a casos bastante concretos que o Grupo controla por meio de
um programa de conformidade. É feito também o acompanhamento
Funcionários do cumprimento de outros regulamentos específicos dos mercados
Seu objetivo, partindo do Código Geral de Conduta, é estabelecer de valores, como para os derivativos, estabelecidos pela norma
padrões na prevenção de riscos criminais e conflitos de interesse, norte-americana Dodd Frank em seu título VII, ou pelo seu homólogo
bem como, a partir da perspectiva regulatória, colaborar com outras europeu, o EMIR (European Market Infrastructure Regulation).
áreas no estabelecimento de pautas relativas a remunerações e na
relação com os fornecedores. Cabe à área de conformidade regulatória a difusão das informações
relevantes do Grupo nos mercados. No exercício de 2016, o Banco
Na prevenção de riscos criminais, é assumida a responsabilidade de Santander publicou 57 fatos relevantes, que podem ser consultados
minimizar o impacto da responsabilidade penal das pessoas jurídicas, no site do Grupo como também no site da Comisión Nacional de
por possíveis delitos cometidos por conta e proveito destas, por Mercado de Valores (CNMV).
seus administradores ou representantes e pelos funcionários como
consequência da falta de controle. Conduta nos mercados de valores
O Código de Conduta nos Mercados de Capitais (CCMV),
Em 2016, foi realizado um projeto de implementação de um modelo complementado pelo Código de Conduta para a Atividade de
corporativo de corporate defense que se concentrou nas principais Análise e outra série de normas de desenvolvimento contém as
unidades do Grupo, com o objetivo de desenvolver atividades de políticas do Grupo sobre esse tema e define as responsabilidades de
conscientização para os principais riscos criminais na organização. conformidade regulatória, entre outras, as seguintes:
Este modelo se articula em cada país com o reconhecimento formal
desta função por cada diretoria de conformidade e com a nomeação • Registrar e controlar as informações confidenciais conhecidas e
de um subject matter expert, que é responsável pela gestão do modelo geradas no Grupo.
em nível local, bem como pela coordenação com o centro corporativo
e difusão local das políticas e ferramentas corporativas na unidade. • Manter as listas de títulos afetados, das pessoas com acesso a
informações privilegiadas e monitorar as operações com esses
Em 2014, foi obtida a certificação pela AENOR do sistema de gestão títulos.
de riscos para a prevenção de delitos criminais, cuja vigência foi
objeto de auditoria 2016 com um resultado favorável. • Monitorar as operações com títulos restritos de acordo com o tipo
de atividade, carteiras ou grupos nos quais a restrição for aplicável.
Um elemento fundamental do referido sistema é o canal de
denúncias (whistle-blowing channel). Existem 5 canais principais de • Receber e cuidar das comunicações e os pedidos de autorização de
denúncia no Grupo, que receberam cerca de 450 denúncias em 2016. operações por conta própria;

258 RELATÓRIO ANUAL 2016


• Controlar a operação por conta própria das pessoas sujeitas ao • Identificar e difundir as melhores práticas relativas à
CCMV e gerenciar os possíveis descumprimentos desse código. comercialização e proteção ao consumidor.

• Identificar, registrar e resolver conflitos de interesse e as situações Enumeramos a seguir as principais atividades realizadas por esta
que possam originá-los. função em 2016:

• Analisar possíveis ações suspeitas de constituir abuso de mercado • Atualização do marco corporativo de comercialização de produtos
e, se for o caso, relatá-las às autoridades de supervisão. e serviços e proteção ao consumidor (inclui o anterior marco
corporativo de gestão de reclamações) e tramitação para sua
• Solucionar as dúvidas levantadas sobre o CCMV. aprovação pelos órgãos competentes.

Em 2016, merece destaque o esforço feito pelo centro corporativo • Atualização dos regulamentos dos comitês associados à função,
na implementação de novas ferramentas de informática a fim integrando subcomitê de riscos fiduciários na função e adaptando
de detectar possíveis cenários de abuso de mercado, a revisão suas responsabilidades à nova estrutura organizacional, funções e
de procedimentos para sua adaptação ao regulamento europeu governança da função corporativa de conformidade e conduta.
de abuso de mercado e os programas de treinamento que foram
lançados para divulgar as novidades deste novo regime. • Desenvolvimento e difusão no Grupo do procedimento para o
controle do treinamento para a venda de produtos e serviços,
que define o conjunto de atividades que deve ser executado
» D.5.5. Governança de produtos para garantir um correto treinamento/certificação da força de
e proteção ao consumidor vendas e, assim, minimizar os riscos derivados de uma inadequada
comercialização e do descumprimento da norma aplicável.
A função de governança de produtos e proteção ao consumidor
define os elementos essenciais para uma adequada gestão e • Atualização do novo procedimento corporativo que regula os
controle dos riscos de comercialização e proteção ao consumidor, processos de aprovação e acompanhamento de fornecedores de
entendendo-se estes como aqueles resultantes de práticas custódia de ativos próprios e/ou de clientes.
inadequadas na relação com os clientes, o tratamento e os produtos
oferecidos ao cliente e sua adequação a cada cliente concreto. • Elaboração do relatório “Alertas de Crédito”, em colaboração com
a função corporativa de risco de crédito, e distribuição a unidades.
Esta função promove no Grupo Santander uma cultura adequada,
fomentando a transparência e um enfoque Simples, Pessoal e • Participação, em coordenação com a função de recursos humanos
Justo para os clientes a fim de proteger seus direitos. Para isso, as do Grupo, na definição das políticas corporativas de remuneração
seguintes funções foram estabelecidas, que se articulam com base variável associada à força de vendas.
no marcos corporativo de comercialização de produtos e serviços e
proteção ao consumidor e um conjunto de políticas que determinam • Além dos 128 produtos e serviços apresentados ao comitê de
os princípios básicos e as normas de atuação nesse aspecto. comercialização, a função de governança de produtos e proteção
ao consumidor analisou:
O marco corporativo de comercialização de produtos e serviços e
proteção ao consumidor define os elementos essenciais para uma - 32 produtos ou serviços considerados como não novos.
adequada gestão e controle dos riscos de conformidade, conduta e
de reputação derivados da comercialização/distribuição em todas as - 37 títulos estruturados emitidos pelo Santander International
fases (projeto, venda e pós-venda). Products Plc. (filial 100% do Banco Santander), para a qual é
revisada a conformidade dos acordos aplicáveis.
Funções
Para o adequado controle e supervisão dos riscos de conformidade - 172 consultas procedentes de diversas áreas e países para sua
regulatória, foram estabelecidas as seguintes funções: resolução.

• Promover a adesão das unidades ao marco corporativo descrito • Preservar a proteção interna aos consumidores, com o objetivo
anteriormente. de melhorar a relação com o Grupo, promovendo efetivamente
seus direitos, facilitando a solução de possíveis controvérsias, de
• Facilitar as funções do comitê corporativo de comercialização, acordo com as melhores práticas por meio de qualquer canal, bem
assegurando a correta validação de qualquer novo produto ou como fomentando o conhecimento financeiro. Tudo isso para ter
serviço proposto por parte de qualquer filial do Grupo ou da matriz, relações duradouras com os clientes.
antes de seu lançamento.
• Identificar, analisar e controlar o risco fiduciário gerado pelos
• Obter das unidades locais, analisar e reportar aos órgãos de negócios de banco privado, gestão de ativos, seguros e atividades
governança do Grupo as informações necessárias para fazer um terceirizadas dos serviços de custódia para os instrumentos
adequado acompanhamento e análise do risco da comercialização financeiros dos clientes. É considerado como risco fiduciário
dos produtos e serviços ao longo de todo o ciclo de vida e das o risco em que se incorre ao atuar como fiduciário ou como
reclamações, com uma visão dupla: possível impacto nos clientes administrador de ativos de terceiros. A gestão ou administração
e no Grupo. Identificar e fazer o acompanhamento das ações indevida dos ativos poderia resultar em perdas para o cliente
mitigadoras dos riscos detectados. e o fiduciário poderia ser responsável por tais perdas, com o
conseguinte impacto econômico ou reputacional.

RELATÓRIO ANUAL 2016 259


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de conformidade e conduta

A gestão do risco fiduciário inclui os processos de admissão e de » D.5.6. Prevenção da lavagem de dinheiro
acompanhamento dos produtos, bem como do desempenho e da e do financiamento do terrorismo.
exposição do patrimônio de clientes gerenciados por unidades
do Grupo Santander ou cuja gestão foi delegada a terceiros. Para o Grupo Santander, constitui um objetivo estratégico dispor de
Esta gestão inclui veículos de investimento coletivo, carteiras um sistema de prevenção de lavagem de dinheiro e do financiamento
perfiladas de gestão discricional e produtos de seguros de do terrorismo avançado e eficaz, permanentemente adaptado às
poupança/investimento, para os quais se realiza: últimas regulamentações internacionais e com a capacidade de lidar
com o surgimento de novas técnicas por parte das organizações
- A avaliação periódica do cumprimento dos mandatos dos criminais.
produtos, de forma que o risco associado às posições de
clientes seja tutelado atuando sempre para o melhor interesse • Sua atuação se articula com base em um marco corporativo que
do cliente. estabelece os princípios e pautas básicas de atuação para definir
padrões mínimos que as unidades de Grupo Santander devem
- O acompanhamento do resultado final dos investimentos, observar. Estes são elaborados com base nos princípios contidos
tanto relativos à relação fiduciária com o cliente, como aos nas recomendações do Grupo de Ação Financeira Internacional
competidores. (GAFI) e nas obrigações e postulados das diretivas comunitárias
relativas à prevenção da utilização do sistema financeiro para a
• Estabelecer e manter as metodologias para a avaliação dos lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo.
riscos de comercialização e fazer um acompanhamento dessas
avaliações. • As unidades locais são responsáveis por dirigir e coordenar os
sistemas e procedimentos de prevenção de lavagem de dinheiro
• Análises e tramitação para a validação corporativa na sede do e financiamento do terrorismo nos países onde o Santander tem
subcomitê de riscos fiduciários de: presença. Além disso, investigam e tramitam as comunicações de
operações suspeitas e dos requisitos de informação solicitados
- 519 pedidos relativos ao lançamento, renovação ou modificação pelos correspondentes supervisores, existindo em cada uma delas
de características de produtos (314 veículos de investimento responsáveis por esta função.
coletivo e carteiras perfiladas de gestão discricional, 46 seguros
de poupança/investimento, 134 produtos distribuídos por • Foram estabelecidos sistemas e processos corporativos em todas
Bancos Privados e 25 títulos/depósitos estruturados). suas unidades, baseados em sistemas tecnológicos de exploração
descentralizada, que permitem obter informação e dados de gestão
- 69 pedidos relacionadas com políticas, focus list de distribuição local, para uma gestão ativa e preventiva, analisando, identificando
de fundos e ETFs e pedidos de opinião procedentes de outras e seguindo as operações suscetíveis de estarem vinculadas à
áreas. lavagem de dinheiro ou ao financiamento do terrorismo. Estes
sistemas possibilitam o reportamento à função corporativa que
• Analisar e consolidar as informações relativas a reclamações e de realiza o acompanhamento e controle.
sua gestão procedente de 25 países e 36 unidades de negócio e 10
sucursais do SGCB. • O Grupo Santander é membro fundador do denominado Grupo
de Wolfsberg, do qual participa, em conjunto com outras grandes
Projetos corporativos instituições financeiras internacionais, com o objetivo de
• Definição da taxonomia de riscos de conduta na comercialização estabelecer padrões internacionais e desenvolver iniciativas que
sobre a qual foi executado o primeiro exercício de autoavaliação aumentem a eficácia dos programas nesta questão. As autoridades
com um alcance de 19 entidades, em 16 áreas regiões diferentes. de supervisão e os especialistas no tema consideram que o Grupo
de Wolfsberg e seus princípios e diretrizes são um importante
• Criação do fórum de conduta de seguros em 7 países para passo na luta para combater a lavagem de dinheiro, a corrupção, o
identificar, avaliar e gerenciar os riscos na comercialização, de terrorismo e outros delitos graves.
forma a centralizar as informações e os controles que atualmente
são realizados localmente sobre a comercialização de seguros, A organização de prevenção atende 169 unidades diferentes
obtendo uma visão unificada e simplificando as linhas de reporting. do Grupo estabelecidas em 31 países. Atualmente, mais de mil
profissionais do Grupo desempenham a função de prevenção da
• Lançamento, na corporação, do treinamento obrigatório on-line de lavagem de dinheiro e do financiamento do terrorismo.
risco de conduta na comercialização e comunicação para as filiais
do Grupo para sua implementação. A seguir, detalhamos os indicadores principais de atividade em 2016:

• Filiais revisadas: 169

• Expedientes de investigação: 118.453

• Comunicação a autoridades: 32.036

• Treinamento de funcionários: 139.246

O Grupo dispõe de programas de treinamento tanto em nível local


como corporativo, com o objetivo de abranger todos os funcionários.

260 RELATÓRIO ANUAL 2016


Além disso, existem programas de treinamento específicos para De acordo com o novo TOM, no exercício 2016, foram revisados e
as áreas mais sensíveis relacionadas à prevenção de lavagem de aperfeiçoados os diferentes indicadores, dos diferentes riscos de
dinheiro e do financiamento do terrorismo. conformidade e conduta. Adicionalmente e de forma coordenada
com a função de riscos, foi estabelecido um plano de convergência,
para integrar a visão conjunta de riscos não financeiros, em uma
» D.5.7. Risco reputacional ferramenta comum, denominada Heracles.

Como resultado da transformação da função de conformidade no Com este objetivo, a função de conformidade e conduta apresentou
desenvolvimento do TOM, avançamos de forma muito relevante na ao Conselho de Administração o apetite por riscos, por meio de
concretização do modelo de risco reputacional. seus órgãos de governança de sua função e dos de riscos, em
julho de 2016. O Conselho de Administração aprovou a proposta
As características específicas do risco reputacional são: origem em e, atualmente, está sendo realizado o desenvolvimento e a
uma grande variedade de fontes e uma percepção que podem variar implementação desse apetite nas unidades do Grupo.
muito em seu entendimento e pelos diversos grupos de interesse.
Isso requer um enfoque e modelo de gestão e controle único, distinto Também no desenvolvimento do TOM, foi revisada a taxonomia
de outros riscos. dos diferentes tipos de riscos de conformidade e conduta, em
coordenação com a função de riscos, para realizar sua clara
O modelo de risco reputacional baseia-se em um enfoque identificação.
eminentemente preventivo, mas também em processos eficazes de
gestão de crise.
» D.5.9. Projetos corporativos transversais
Dessa forma, deseja-se que a gestão do risco reputacional se integre De acordo com os princípios organizacionais definidos no TOM, as
tanto nas atividades de negócio e de apoio, como nos processos funções transversais suportam as funções especializadas verticais,
internos e que permita às funções de controle e supervisão do risco fornecendo-lhes metodologias e meios, sistemas e informações de
integrá-la em suas atividades. gestão e apoio na execução de projetos multidisciplinares.

Além disso, o modelo de risco reputacional implica um entendimento Em 2016, primeiro ano de existência destas funções transversais,
integrado, não apenas das atividades e processos do banco no houve um grande avanço em três áreas principais:
desenvolvimento de sua atividade, mas também de como é percebido
pelos grupos de interesse (funcionários, clientes, acionistas e • Desenvolvimento da estrutura organizacional da função e dos
investidores e sociedade em Geral), em seus diferentes ambientes. meios necessários para seu funcionamento e o acompanhamento
Este enfoque exige uma estreita coordenação entre as funções de de seu impacto.
gestão, suporte e controle com os diferentes grupos de interesse.
• Desenvolvimento de uma nova cultura de conformidade e conduta
A governança do risco reputacional se integra nos elementos de fundamentada na cultura Simples, Pessoal e Justo e alinhada com o
governança de conformidade, como foi descrito. O reportamento espírito do TOM.
à alta administração sobre o risco reputacional corresponde a esta
função, uma vez consolidada a informação sobre as fontes deste risco. • Impulsionamento dos sistemas de informação de suporte e a
implementação de uma metodologia de melhoria contínua em
processos.
» D.5.8. Modelo de risk assessment de
conformidade e apetite por risco • Desenvolvimento organizacional e acompanhamento do nível de
maturidade do TOM nas unidades.
A formulação do apetite por risco do Grupo, em matéria de
conformidade e conduta, é caracterizada pela existência de Em 2016, foi feito um esforço para incorporar à função de
uma declaração de inapetência de riscos deste tipo, com o claro conformidade e conduta novos perfis de recursos humanos para
objetivo de minimizar a incidência de qualquer impacto econômico, promover e facilitar a transformação da função.
regulatório ou reputacional no Grupo. Para isso, é realizada uma
sistemática homogênea nas unidades, por meio de uma metodologia Um dos pilares básicos de todas as funções corporativas é o
comum e abrangente, com o estabelecimento de uma série de acompanhamento da implementação de modelos por parte
indicadores de risco de conformidade e de matrizes de avaliação das unidades. Para essa finalidade, encontra-se em processo de
preparados por cada unidade local. desenvolvimento a definição de uma metodologia que permita:

Como em anos anteriores, a função de conformidade e conduta • Adquirir um conhecimento objetivo do nível de implementação do
realizou um exercício de risk assessment regulatório em 2016, com TOM por parte de cada uma das unidades.
foco nas principais unidades do Grupo. Anualmente, este exercício
é realizado seguindo um processo bottom-up, onde as primeiras • Seguir regularmente o progresso na implementação do modelo.
linhas das unidades locais identificam o risco inerente das normas
e regulamentações aplicáveis e, após a avaliação da consistência • Ser uma fonte para a identificação conjunta (Grupo-unidades) dos
dos seus controles, determina-se o risco residual de cada entidade, planos de trabalho que se definam com caráter anual.
estabelecendo-se, conforme o caso, os correspondentes planos de
ação. É realizado um acompanhamento trimestral - unidade por Essa metodologia se encontra atualmente em fase de testes para que
unidade - dos planos de ação desenhados para mitigar os riscos seja implementada durante o ano de 2017.
identificados neste risk assessment.

RELATÓRIO ANUAL 2016 261


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de conformidade e conduta

A fim de velar pelo cumprimento das atividades de treinamento


obrigatórias para o Grupo, foi lançado conjuntamente com a divisão
de Recursos Humanos um projeto para determinar as diretrizes
mínimas a serem respeitadas pelas unidades, além de definir as
métricas de reportamento exigidas por este tipo de treinamento.
Em paralelo, em 2016, as funções verticais elaboraram e lançaram
diversos e-learnings em assuntos como o Código Geral de Conduta
e Corporate Defense, prevenção do abuso de mercado, riscos de
conduta na comercialização, Volcker Rule e outros também foram
compartilhados com as unidades.

Seguindo as melhores práticas já aplicadas em outras unidades


do Grupo, foi feito um esforço significativo para a identificação
e documentação de todos os processos da função corporativa
de conformidade e conduta. Uma vez detalhadas as atividades e
identificados os principais riscos e controles operacionais, a seguinte
fase a ser desenvolvida em 2017 é a implementação de dinâmicas de
melhoria contínua. Dentro deste contexto, cabe destacar o projeto já
iniciado de automatização e digitalização dos principais processos.

Em relação aos sistemas de informação, configurou-se, junto com a


função de tecnologia e operações, o mapa e a estratégia de sistemas.
Assim, estamos trabalhando ativamente no desenvolvimento de
soluções que permitam o intercâmbio de informações entre unidades
de conformidade, o acompanhamento do nível de implementação
do TOM, a efetiva aplicação de metodologias de gestão regulatória
e Risk Assessment e a execução dos modelos de controle ligados à
função de segunda linha. Exemplos de sistemas em que trabalhamos
ativamente em 2016: Opera (governança de produtos), Catálogo
Fiduciário (repositório de informação consolidada, riscos fiduciários
Grupo), Codcon (código de conduta no mercado de valores), Apama
(cenários de abuso de mercados), FIT (gestão de casos unidade
de inteligência financeira), Radar Regulatório (gestão end-to-end
processo de avaliação e implementação de nova norma), etc…

Finalmente, no que se refere às informações de gestão, foram


realizados os seguintes avanços: de acordo com o mandato e
objetivos contidos no TOM para os tipos de risco, foram revisadas
as métricas de gestão, identificando as mais relevantes e
prestando especial atenção à cobertura do apetite por risco. Além
disso, os relatórios de gestão estão sendo melhorados por tipo de
risco, para que sejam um suporte adequado para as decisões dos
diferentes órgãos de governança. Este processo de adequação das
nossas informações de gestão foi coordenado com a equipe do
Chief Data Officer (CDO), assegurando que todas as métricas e
relatórios de conformidade cumprem os padrões de governança de
dados no Grupo.

262 RELATÓRIO ANUAL 2016


D.6. Risco de modelo

O Grupo Santander conta com uma trajetória longa no uso de A função é desempenhada tanto na corporação como em cada uma
modelos para apoiar as decisões de diversa índole, com especial das principais entidades onde o Grupo tem presença. A função
relevância na gestão dos distintos tipos de riscos. é regida pelo marco de risco de modelo, um marco de controle
comum a todo o Grupo, em que são detalhados aspectos relativos
Modelo é definido como um sistema, enfoque ou método a organização, governança, gestão de modelos e validação, entre
quantitativo que aplica teorias, técnicas e pressupostos estatísticos, outros. Segundo a norma interna em vigor, a responsabilidade por
econômicos, financeiros ou matemáticos para transformar autorizar o uso dos modelos cabe, principalmente, ao comitê de
dados de entrada em estimativas quantitativas. Os modelos modelos.
são representações simplificadas das relações do mundo real
entre características, valores e pressupostos observados. Esta O comitê de modelos é o órgão colegiado responsável pela
simplificação permite centrar a atenção nos aspectos concretos que supervisão e controle do risco de modelo do Grupo Santander. O
são considerados mais importantes para a aplicação de um modelo comitê é constituído de acordo com as condições previstas no marco
determinado. de risco de modelo, no marco de risco de crédito e no marco de
admissão e controle de risco de mercado, estrutura e de liquidez,
O uso dos modelos resulta no surgimento do risco de modelo, que conforme as faculdades delegadas pelo comitê executivo de riscos.
é definido como as potenciais consequências negativas derivadas
das decisões baseadas em resultados de modelos incorretos, Seu objetivo é ser um instrumento para o controle efetivo do risco
inadequados ou utilizados de forma indevida. de crédito, assegurando com as distintas funções e assessorando o
responsável pela função de riscos (Chief Risk Officer) e o comitê de
Segundo esta definição, as fontes que geram esse risco são: controle de riscos, que o risco de modelo é administrado de acordo
com o nível de apetite por risco do Grupo aprovado pelo Conselho
• o modelo em si, pela utilização de dados incorretos ou incompletos de Administração, o que inclui a identificação e o monitoramento do
em sua construção, assim como pelo método de modelização risco de modelo tanto atual como emergente e seu impacto no perfil
utilizado e por sua implementação nos sistemas. de risco do Grupo.

• o uso inadequado do modelo. A alta administração do Grupo Santander, tanto nas distintas
unidades como na corporação, realiza um acompanhamento
A materialização do risco de modelo pode acarretar perdas periódico do risco de modelo por meio de diversos relatórios que
financeiras, tomada de decisões comerciais e estratégicas permitem obter uma visão consolidada e tomar decisões a esse
inadequadas ou dano para a reputação do Grupo. respeito.

O Grupo Santander tem trabalhado na definição, gestão e controle


do risco de modelo durante os últimos anos, e desde 2015, existe uma
área específica, dentro de sua divisão de Riscos, para controlar esse
risco.

RELATÓRIO ANUAL 2016 263


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de modelo

A gestão e o controle do risco de modelo estão estruturados


em torno do ciclo de vida de um modelo, conforme definido no
Grupo Santander, cujos detalhes se encontram na figura a seguir:

6 7
1 2 3 4 5
Implementação Acompanhamento
Identificação Planejamento Desenvolvimento Validação Aprovação
e uso e controle

1.- Identificação fins para os quais são utilizados e que conclui sobre sua robustez,
Assim que um modelo é identificado, é necessário assegurar que utilidade e efetividade. O parecer de validação é concretizado em
este está incluído no âmbito de controle do risco de modelo. uma qualificação que resume o risco de modelo associado a ele.

Um elemento-chave para realizar uma gestão adequada desse A validação interna abarca todos os modelos no âmbito de controle
risco é dispor de um inventário completo e exaustivo dos de risco de modelo, desde os utilizados na função de riscos (modelos
modelos em uso. de risco de crédito, mercado, estruturais e operacionais, modelos de
capital, tanto econômico como regulatório, modelos de provisões,
O Grupo Santander possui um inventário centralizado, que teste de estresse, etc.), até outros tipos de modelos utilizados em
foi desenvolvido usando uma taxonomia uniforme para todos distintas funções para ajudar na tomada de decisões.
os modelos usados nas diferentes unidades de negócio. Este
inventário contém toda a informação relevante de cada um dos O alcance da validação inclui não apenas os aspectos mais teóricos
modelos, permitindo fazer um acompanhamento adequado ou metodológicos, mas também os sistemas tecnológicos e a
deles, de acordo com sua relevância. O inventário permite qualidade dos dados em que se apoia seu funcionamento efetivo.
realizar análises transversais da informação (por região, tipos Em geral, inclui todos os aspectos relevantes na gestão: controles,
de modelos, materialidade, etc.), facilitando, assim, a tomada de reporting, usos, envolvimento da alta administração, etc.
decisões estratégicas em relação aos modelos.
Deve-se indicar que este ambiente corporativo de validação interna
2.- Planejamento do Grupo Santander está plenamente alinhado com os critérios
Nesta fase, intervêm todos os envolvidos no ciclo de vida do sobre validação interna de modelos avançados emitidos pelos
modelo (proprietários e usuários, desenvolvedores, validadores, diferentes supervisores pelos quais o Grupo passou. Neste sentido,
fornecedores de informação, tecnologia, etc.), acordando e é mantido o critério de separação de funções entre as unidades
estabelecendo prioridades quanto aos modelos que serão de desenvolvimento e uso de modelos (1ª linha de defesa), as de
desenvolvidos, revisados e implementados ao longo do ano. validação interna (2ª linha de defesa) e auditoria interna (3ª linha) que,
como última camada de controle, se encarrega de revisar a eficácia
O planejamento é realizado anualmente em cada uma das da função, o cumprimento das políticas e procedimentos internos e
principais unidades do Grupo, sendo aprovado pelos órgãos de externos, e de opinar sobre seu grau de independência efetiva.
governança locais e referendado na corporação.
5.- Aprovação
3.- Desenvolvimento Antes de ser implementado e, portanto, utilizado, cada modelo
É a fase de construção do modelo, baseada nas necessidades deve ser apresentado aos órgãos correspondentes para aprovação,
estabelecidas no plano de modelos e com a informação fornecida conforme estabelecido pela norma interna em vigor em cada
pelos especialistas para tal fim. momento, e pelos esquemas de delegação aprovados.

A maior parte dos modelos usados pelo Grupo Santander é 6.- Implementação e uso
desenvolvida por equipes metodológicas internas, embora Fase em que o modelo desenvolvido é implementado no sistema
também existam modelos adquiridos de fornecedores externos. através do qual será usado. Como mencionamos, esta fase de
Nos dois casos, o desenvolvimento deve ser realizado com implementação é outra das possíveis fontes de risco de modelo; por
padrões comuns para o Grupo, definidos pela corporação. Desta isso, um requisito indispensável é a realização de testes por parte das
forma, garante-se a qualidade dos modelos usados para a tomada equipes técnicas e dos proprietários do modelo, certificando que o
de decisões. modelo foi implementado de acordo com a definição metodológica e
que funciona conforme o esperado.
4.- Validação independente
Além de ser um requisito regulatório em alguns casos, a 7.- Acompanhamento e controle
validação independente dos modelos constitui um pilar Os modelos devem ser revisados periodicamente para assegurar
fundamental para a gestão adequada e o controle do risco de que funcionam corretamente e que são adequados para o uso
modelo no Grupo Santander. intencionado, caso contrário, devem ser adaptados ou redesenhados.

Por isso, existe uma unidade especializada com plena Adicionalmente, as equipes de controle devem assegurar que a
independência dos desenvolvedores ou usuários, que emite uma gestão do risco de modelo seja realizada de acordo com as normas e
opinião técnica sobre a adequação dos modelos internos aos os princípios estabelecidos no marco de risco de modelo e as normas
internas relacionadas.

264 RELATÓRIO ANUAL 2016


D.7. Risco estratégico

Para o Grupo Santander, o risco estratégico é um dos considerados em sua natureza ou pelos pressupostos consideradas, levando a
como risco transversal, e conta com um modelo de controle e resultados não esperados. Também se deve considerar o custo de
gestão deste risco que serve de referência para as filiais do Grupo. oportunidade de elaborar outra estratégia mais apropriada ou,
Este modelo inclui a definição do risco, os princípios e processos inclusive, por não elaborá-la.
essenciais de gestão e controle, assim como aspectos funcionais e de
governança. • Risco de execução da estratégia: É o risco associado à execução
dos planos estratégicos a longo prazo e dos planos a três
Risco estratégico é o risco associado às decisões de caráter anos. Os riscos a considerar incluem os fatores internos como
estratégico e a mudanças nas condições gerais da entidade, com externos descritos anteriormente, a falta de capacidade de
impacto relevante em seu modelo de negócio e estratégia tanto a resposta às mudanças no ambiente do negócio e, por último, os
médio como longo prazo. riscos associados às operações de desenvolvimento corporativo
(que envolvem mudança no perímetro e atividade da entidade,
O modelo de negócio da entidade é um elemento-chave que norteia aquisições ou transmissões de participações significativas e ativos,
o risco estratégico. Deve ser viável e sustentável, ou seja, capaz de joint ventures, alianças estratégicas, acordos de sócios e operações
gerar resultados em conformidade com os objetivos do Banco, a cada de capital), que também podem afetar a execução da estratégia.
ano e ao menos durante os três anos seguintes.
Por último, além dos três componentes anteriores, na gestão e
Dentro do risco estratégico, são diferenciados três componentes: controle do risco estratégico são considerados também outros
riscos cuja origem pode ser de natureza não estratégica (riscos
• Risco do modelo de negócio: é o risco associado ao modelo de crédito, mercado, operacionais, cumprimento, etc.), mas que
de negócio da entidade. Inclui, entre outros, o risco de estar podem envolver um impacto significativo ou afetar a estratégia e o
defasado, tornar-se irrelevante e/ou perder valor para continuar modelo de negócios da entidade. Conjuntamente, a identificação,
gerando os resultados desejados. Este risco é ocasionado tanto avaliação e gestão desses riscos é realizada através do exercício
por fatores externos (aspectos macroeconômicos, regulatórios, corporativo Risk Identification and Assessment, detalhado no
sociais e políticos, mudanças no setor bancário, etc.) como internos item B.3.2, em que participam as próprias áreas de negócios,
(força e estabilidade da demonstração de resultados, modelo conjuntamente com as áreas de riscos do banco, e cujo resultado
de distribuição/canais, estrutura de receitas e custos, eficiência são os Top Risks que são informados periodicamente à alta
operacional, adequação dos recursos humanos e sistemas, etc.). administração do banco através de uma governança que permite
seu adequado acompanhamento e mitigação.
• Risco de elaboração da estratégia: é o risco associado à estratégia
refletida no plano estratégico para cinco anos da entidade.
Concretamente, inclui o risco de que o plano possa ser inadequado

RELATÓRIO ANUAL 2016 265


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de capital

D.8. Risco de capital

» Organização da seção O Grupo Santander mantém uma posição de solvência confortável,


acima dos níveis exigidos pela norma e pelo Banco Central Europeu.
Após uma introdução ao conceito de gestão e adequação de capital
e os níveis de solvência no encerramento de 2016, apresentamos Os principais índices de solvência do Grupo, em 31 de dezembro de
as principais magnitudes de capital [pág. 266-267]. 2016, eram:

Em seguida, descrevemos o marco regulatório relativo a capital


Fully loaded Phase-in
[pág. 268-268].
Common Equity (CET1) 10,55% 12,53%
A seguir, apresentamos as cifras tanto de capital regulatório como Tier1 11,53% 12,53%
de capital econômico [pág. 268-273].
Índice Total 13,87% 14,68%

Por último, descrevemos o processo de planejamento de capital e Índice de alavancagem 5,00% 5,40%
exercícios de estresse no Grupo Santander [pág. 273-274]. Os índices phase-in são calculados aplicando os calendários transitórios de
implementação da Basileia III, enquanto os índices fully loaded são calculados com a
Para mais detalhes, consultar o Relatório com relevância prudencial norma final.
do Grupo Santander (Pilar III).
No final de 2016, o BCE comunicou a cada entidade os requisitos
prudenciais mínimos de capital para o ano seguinte. Em 2017, em
» D.8.1. Introdução nível consolidado, o Grupo Santander deve manter um índice mínimo
de capital de 7,75% de CET1 phase-in (sendo 4,5% o requisito do
O Santander define o risco de capital como o risco de que o Grupo Pilar 1, 1,5% o requisito do Pilar 2R (requirement), 1,25% o requisito
ou alguma de suas sociedades tenha quantidade e/ou qualidade de de buffer de conservação de capital e 0,50% o requisito de G-SIB).
capital insuficiente para cumprir os requisitos regulatórios mínimos Adicionalmente, o Grupo Santander deve manter um índice mínimo
estabelecidos para operar como banco, responder às expectativas de capital de 9,25% de Tier 1 phase-in, assim como um índice mínimo
do mercado em relação à sua solvência de crédito e respaldar o total de 11,25% phase-in.
crescimento dos negócios e as possibilidades estratégicas que se
apresentem, e de acordo com seu planejamento estratégico. Como pode observado na tabela anterior, o Capital do Grupo
ultrapassa a exigência mínima do BCE.
A gestão e adequação de capital no Grupo são realizadas de uma
forma integral, buscando garantir a solvência da entidade, cumprir Principais cifras de capital e índices de solvência
os requisitos regulatórios e maximizar sua rentabilidade. São
determinadas pelos objetivos estratégicos e o apetite por riscos
definido pelo Conselho de Administração. Com este objetivo, 14,68% Índice de Capital
definimos uma série de políticas que conformam o enfoque que o (transicional)
T2 2,15%
Grupo atribui à gestão do capital: 11,25% Total capital

• Estabelecer um adequado planejamento de capital que permita 2,00% T2


12,53% AT1
cobrir as necessidades atuais e que proporcione os recursos 1,50% G-SIB
próprios necessários para cobrir as necessidades dos planos de 0,50% CCoB
CET 1 1,25%
negócios, as exigências regulatórias e os riscos associados a curto e Requisito Pilar ll CET1
1,50% 7,75%
médio prazo, mantendo o perfil de risco aprovado pelo Conselho.
4,50% Pilar l mínimo
• Assegurar que, em cenários de estresse, o Grupo e suas sociedades
mantenham capital suficiente para cobrir as necessidades Índices regulatórios Requisito regulatório
Dez 16 (transicional) 2017
resultantes do aumento dos riscos por deterioração das condições
macroeconômicas.
O Grupo está trabalhando com o objetivo de ter um índice CET1 fully
• Otimizar o uso de capital mediante uma adequada designação loaded superior a 11% em 2018.
entre os negócios, baseada no retorno relativo sobre o capital
regulatório e econômico, considerando o apetite por riscos, seu
crescimento e os objetivos estratégicos.

266 RELATÓRIO ANUAL 2016


Magnitudes de capital
O Grupo considera as seguintes magnitudes relacionadas com o conceito de capital:

Capital regulatório Criação de valor


• Requisitos de capital: quantidade mínima de recursos próprios Lucro gerado acima do custo do capital econômico. O Banco
exigidos pelo regulador para garantir a solvência da entidade em criará valor quando a rentabilidade ajustada ao risco, medida pelo
função dos riscos de crédito, mercado e operacional assumidos Rorac, for superior ao seu custo de capital; destruindo valor em
pela entidade. caso contrário. Mede a rentabilidade ajustada ao risco em termos
• Capital computável: quantidade de recursos próprios considerados absolutos (unidades monetárias) complementando o ponto de vista
elegíveis pelo regulador para cobrir as necessidades de capital. Seus do Rorac.
elementos principais são o capital contábil e as reservas.

Perda esperada
Capital econômico É a perda por insolvências que, como média, a Entidade terá ao
• Autoexigência de capital: quantidade mínima de recursos longo de um ciclo econômico. A perda esperada considera as
próprios que o Grupo necessita com um determinado nível de insolvências com um custo que pode ser reduzido mediante uma
probabilidade para absorver as perdas inesperadas resultantes seleção de crédito adequada.
da exposição atual ao conjunto de todos os riscos assumidos pela
entidade (incluindo riscos adicionais àqueles contemplados nos
requisitos de capital regulatório). Índice de Alavancagem
• Capital disponível: quantidade de recursos próprios
Medida regulatória que monitora a solidez e fortaleza da instituição
considerados elegíveis pela a própria instituição financeira sob um
financeira, relacionando o porte da instituição com seu capital.
critério de gestão para cobrir as necessidades de capital.
Esse índice é calculado como o quociente entre o Tier1 e a
exposição de alavancagem, em função do tamanho do balanço.

Custo de capital
Rentabilidade mínima exigida pelos investidores (acionistas) como Rentabilidade ajustada ao consumo regulatório (Rorwa)
remuneração pelo custo de oportunidade e pelo risco assumido ao
investir seu capital na entidade. Esse custo de capital representa uma É definida como a rentabilidade (a rentabilidade entendida como
‘taxa de corte’ ou ‘rentabilidade mínima’ a ser alcançada e permitirá resultado líquido de impostos) sobre os ativos ponderados por risco
comparar a atividade das unidades de negócio e analisar sua eficiência. correspondentes a um negócio.
O uso do Rorwa permite ao Banco estabelecer estratégias de
designação de capital regulatório e garantir a obtenção do máximo
rendimento sobre ele.
Rentabilidade ajustada ao risco (RORAC)
É definida como a rentabilidade (sendo a rentabilidade entendida
como resultado líquido de impostos) sobre o capital econômico
exigido internamente. Dada essa relação, um nível mais alto de
capital econômico diminui o Rorac. Por esse motivo, o banco deve
exigir rentabilidade mais alta daquelas operações ou unidades de
negócio que representem um maior consumo de capital.
Considera o risco de investimento e, portanto, é uma medida de
rentabilidade ajustada ao risco.
O uso do Rorac permite que o Banco administre melhor e avalie a
verdadeira rentabilidade dos negócios ajustada ao risco assumido e
que seja mais eficiente na tomada de decisões de investimento.

RELATÓRIO ANUAL 2016 267


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de capital

» D.8.2. Marco regulatório novidade mais relevante, é implementado o Term Sheet do TLAC
emitido pelo FSB (Financial Stability Board) no marco de capital, de tal
Em dezembro de 2010, o Comitê de Supervisão Bancária publicou forma que as entidades sistêmicas terão que cumprir os requisitos de
um novo marco regulatório global para as normas internacionais de TLAC em um Pilar I, enquanto as não sistêmicas terão que cumprir
capital (Basileia III) que reforçava os requisitos estabelecidos nos somente o MREL em um Pilar II que a autoridade de resolução irá
marcos anteriores, conhecidos como Basileia I, Basileia II e Basileia decidindo caso a caso.
2.5, aumentando a qualidade, consistência e transparência da base de
capital e melhorando a cobertura do risco. Em 26 de junho de 2013, o Para mais detalhes sobre as novidades regulatórias produzidas ao
marco legal da Basileia III foi incorporado no ordenamento europeu longo do ano, ver o Relatório com Relevância Prudencial, seção 1.3.1.1.
por meio da Diretiva 2013/36 (doravante CRD IV), que derroga as
Diretivas 2006/48 e 2006/49; e o Regulamento 575/2013 sobre os Em 2016, a Autoridade Bancária Europeia realizou o exercício de
requisitos prudenciais das instituições de crédito e as empresas de transparência, em que foi publicada informação de capital, solvência
investimentos (doravante CRR). e detalhamento de posições soberanas em dezembro de 2015 e
junho de 2016 para 131 bancos de 24 países europeus. O objetivo
A CRD IV foi transposta para a norma espanhola mediante a lei do exercício foi fomentar a transparência e o conhecimento da
10/2014 de ordenação, supervisão e solvência de instituições de informação de capital e solvência dos bancos europeus, contribuindo
crédito e seu posterior desenvolvimento regulamentar mediante o para a disciplina de mercado e a estabilidade financeira da União
Real Decreto lei 84/2015 e a Circular 2/2016 do Banco de Espanha, Europeia. Os resultados demonstram a posição confortável de capital
que completa sua adaptação ao ordenamento jurídico espanhol. Esta e solvência do Grupo Santander, estando na liderança suas entidades
Circular derroga em sua maior parte a Circular 3/2008 (embora seja comparáveis em muitas das principais métricas.
mantida sua vigência nos aspectos em que a Circular 5/2008, sobre
recursos próprios mínimos e informações de remissão obrigatória Por último, o Supervisory Board do BCE lançou o exercício de
das sociedades de garantia recíproca, remete ao regime estabelecido Targeted Review of Internal Models (TRIM) com o propósito de
naquela), sobre determinação e controle dos recursos próprios; ajudar a restaurar sua credibilidade, homogeneizar a divergência
e uma seção da Circular 2/2014, relativa ao exercício de diversas nos requisitos de capital que não correspondam ao perfil do risco
opções regulatórias contidas no CRR. A CRR é aplicável diretamente das exposições e padronizar as práticas supervisoras através de
nos Estados-membros a partir de 1º de janeiro de 2014 e derroga um melhor conhecimento dos modelos. Esta revisão afeta cerca
as normas de nível inferior que impliquem requisitos adicionais de de 70 entidades em nível europeu, cerca de 2.000 modelos e será
capital. desenvolvida durante os exercícios 2016, 2017 e 2018, com distintos
marcos intermediários.
A CRR contempla um calendário de implementação gradual que
permite uma adaptação progressiva aos novos requisitos na União
Europeia. Esses calendários foram incorporados à regulamentação » D.8.3. Capital regulatório
espanhola mediante a aprovação da Circular 2/2014 do Banco de
Espanha, afetando tanto as novas deduções, como as emissões e O marco de capital regulatório se baseia em três pilares:
elementos de fundos próprios que, com esta nova regulamentação,
deixam de ser elegíveis como tais. Também estão sujeitos a uma • O Pilar I determina o capital mínimo exigido por risco de crédito,
implantação gradual os buffers de capital previstos na CRD IV, mercado e operacional, incorporando a possibilidade de utilizar
a serem aplicados pela primeira vez em 2016 e que devem estar qualificações e modelos internos (IRB) para o cálculo das
totalmente implementados em 2019. exposições ponderadas por risco de crédito, bem como modelos
internos (VaR) para o risco de mercado e modelos internos para o
O marco regulatório da Basileia baseia-se em três pilares. O Pilar risco operacional. O objetivo é que os requisitos regulatórios sejam
I determina o capital mínimo exigido, incluindo a possibilidade mais sensíveis aos riscos que as instituições realmente suportam no
de utilizar classificações e modelos internos para o cálculo das desempenho de seus negócios.
exposições ponderadas por risco. O objetivo é que os requisitos
regulatórios sejam mais sensíveis aos riscos que as instituições • O Pilar II estabelece um sistema de revisão pela autoridade
realmente suportam no desempenho de seus negócios. O Pilar supervisora para melhorar a gestão interna dos riscos e de
II estabelece um sistema de revisão pela autoridade supervisora autoavaliação da idoneidade do capital em função do perfil de risco.
para melhorar a gestão interna dos riscos e de autoavaliação da
idoneidade do capital em função do perfil de risco. Por último, o Pilar • Por último, o Pilar III define os elementos que se referem a uma
III define os elementos que se referem à informação e disciplina de maior transparência nas informações e disciplina.
mercado.

Em 23 de novembro de 2016, a Comissão Europeia publicou uma


versão preliminar da nova CRR e CRD IV, onde incorpora distintos
padrões da Basileia, como o Fundamental Review of the Trading Book
para Risco de Mercado, o Net Stable Funding Ratio para o risco de
liquidez e o SA-CCR para o cálculo da EAD por risco de contraparte,
além de introduzir modificações relacionadas com o tratamento das
câmaras de contrapartida central, do MDA (Maximum distributable
amount), Pilar II e índice de alavancagem, entre outras. Como

268 RELATÓRIO ANUAL 2016


Em 2016, foi alcançado o objetivo de solvência estabelecido. O Capital
índice CET1 fully loaded do Santander é 10,55% no encerramento %
do exercício, demonstrando sua capacidade de geração orgânica Tier1
de capital. A seguir, detalhamos as principais cifras de capital
CET1
regulatório:
Tier2 Índice 14,40 Índice
14,68 capital
capital
Índice 13,87 Índice
Fully loaded Phase-in capital 13,05 capital Tier2 1,85 2,15 Tier2
Dez 16 Dez 15 Dez 16 Dez 15 2,34
Tier2 2,05 Tier2
Common equity (CET1) 62.068 58.705 73.709 73.478 0,95 0,98
Tier1 Tier1
Tier1 67.834 64.209 73.709 73.478
Capital total 81.584 76.209 86.337 84.350 CET1 12,55 12,53 CET1
10,55 CET1
Ativos ponderados CET1 10,05
por risco 588.088 583.917 588.088 585.633
Índice CET1 10,55% 10,05% 12,53% 12,55%
Índice Tier1 11,53% 11,00% 12,53% 12,55%
Índice de capital Total 13,87% 13,05% 14,68% 14,40%

Dez 15 Dez 16 Dez 15 Dez 16


Fully Loaded Phase in

A tabela a seguir representa os ativos ponderados pelo risco (APRs),


detalhados pelas principais regiões e tipo de risco:

Grupo Santander
Total APRS FL: 588.088
Cifras em milhões de euros

Europa continental Reino Unido América Latina Estados Unidos Outros


Total: 246.349 Total: 97.329 Total: 162.994 Total: 80.626 Total: 790

Todos os riscos: Todos os riscos: Todos os riscos: Todos os riscos: Todos os riscos:
Crédito:85% Crédito:87% Crédito:84% Crédito:85% Crédito:92%
Operacional:8% Operacional:9% Operacional:13% Operacional:15% Operacional:8%
Mercado:7% Mercado:4% Mercado:3% Mercado:0% Mercado:0%

Implementação de modelos
Em relação ao risco de crédito, o Grupo Santander continua com seu Atualmente, o Grupo Santander conta com a autorização do
plano de implementação do enfoque avançado de modelos internos órgão supervisor para o uso de enfoques avançados para o cálculo
(AIRB) de Basileia para praticamente todos os bancos do Grupo, até dos requisitos de capital regulatório por risco de crédito para a
cobrir uma porcentagem de exposição líquida da carteira de crédito matriz e as principais filiais de Espanha, Reino Unido, Portugal, e
superior a 90%, de acordo com estes modelos. O cumprimento deste determinadas carteiras na Alemanha, México, Brasil, Chile, países
objetivo a curto prazo também é condicionado pelas aquisições de nórdicos (Suécia, Finlândia, Noruega), França e Estados Unidos. O
novas entidades, assim como pela necessidade de coordenação entre foco da estratégia de implementação de Basileia no Grupo é obter
supervisores dos processos de validação dos modelos internos. o uso de modelos avançados nas principais entidades da América e
da Europa. Em 2016, obtivemos a autorização das carteiras da antiga
O Grupo está presente em regiões onde o marco legal entre empresa IFIC integrada no Santander Totta Portugal e esperamos a
supervisores é o mesmo, como ocorre na Europa por meio da Diretiva finalização do processo de validação por parte do órgão supervisor
de Capital. No entanto, em outras jurisdições, o mesmo processo para as carteiras de instituições e soberanos do Chile, crédito
está sujeito ao marco de colaboração entre o supervisor de origem e imobiliários e a maior parte de revolving do Santander Consumer
de acolhida com leis distintas, o que na prática implica em adaptação Alemanha, bem como de carteiras de consumo da PSA UK.
a diferentes critérios e calendários para obter a autorização de uso de
modelos avançados em base consolidada.

RELATÓRIO ANUAL 2016 269


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de capital

Quanto a risco operacional, o Grupo Santander utiliza atualmente A seguir, apresentamos os índices publicados pelo Grupo desde
o enfoque standard de cálculo de capital regulatório previsto na dezembro de 2015:
Diretiva Europeia de Capital. Em fevereiro de 2016, o Banco Central
Europeu autorizou a utilização do método padrão alternativo para Índice de alavancagem fully loaded
o cálculo dos requisitos de capital em nível consolidado no Banco Índice de alavancagem phase-in
Santander Brasil.
6,0%

Em relação ao demais riscos contemplados explicitamente no Pilar I


5,5% 5,4% 5,4% 5,4%
de Basileia, este ano, em risco de mercado obtivemos a autorização 5,3%
5,2%
para o uso de seu modelo interno na atividade de negociação da 4,9% 5,0% 5,0%
5,0% 4,8%
tesouraria no Reino Unido, além dos já autorizados anteriormente 4,7%
em Espanha, Chile, Portugal e México.
4,5%
Índice de alavancagem
O índice de alavancagem foi estabelecido dentro do marco 4,0%
regulatório da Basileia III como uma medição não sensível ao risco do
capital requerido às instituições financeiras. O Grupo faz o cálculo 3,5%
de acordo com o estabelecido na CRD IV e sua posterior modificação
do Regulamento UE núm. 575/2013 de 17 de janeiro de 2015, cujo 3,0%
objetivo foi harmonizar os critérios de cálculo com os especificados Dez 15 Mar 16 Jun 16 Set 16 Dez 16
no documento Basel III leverage ratio framework and disclosure
requirements do Comitê da Basileia. O índice de alavancagem ainda se encontra em fase de calibração e
se cumprimento não é obrigatório até 2018. Atualmente, está fixada
Este índice é calculado como o quociente entre o Tier 1 dividido pela a referência de 3%, que o banco supera. Durante este período, existe
exposição de alavancagem. Esta exposição é calculada como a soma somente a obrigação de publicá-lo ao mercado. Mais informações
dos seguintes elementos: podem ser consultadas no Relatório com relevância prudencial (Pilar
III), publicado no site do Grupo.
• Ativo contábil, sem derivativos e sem elementos considerados
como deduções no Tier 1 (por exemplo, é incluído o saldo dos Entidades sistêmicas de importância global
empréstimos, mas não o ágio). O Grupo Santander é uma das 30 entidades designadas como
entidade sistêmica de importância global (G-SIB).
• Contas de ordem (avais, limites de crédito concedidos sem utilizar,
cartas de crédito, principalmente) ponderados pelos fatores de A designação como entidade globalmente sistêmica tem origem em
conversão de crédito. uma medição estabelecida pelos reguladores (FSB e BCBS), com base
em 5 critérios (tamanho, atividade interjurisdicional, interconexão
• Inclusão do valor líquido dos derivativos (é feito um cálculo com outras entidades financeiras, substituibilidade e complexidade).
do líquido de ganhos e perdas com uma mesma contraparte, Estas informações são solicitadas anualmente aos bancos que
subtraídos os colaterais se cumprem determinados critérios), mais têm uma exposição de alavancagem superior aos 200 bilhões de
um acréscimo pela exposição potencial futura. euros, com a obrigatoriedade de publicá-las (ver informações em
www.gruposantander.com).
• Um acréscimo pelo risco potencial das operações de financiamento
de valores. Segundo as informações publicadas em 21 de novembro de 2016 pelo
FSB e pelo Comitê da Basileia, o Grupo Santander está incluído no
• Por último, é incluído um acréscimo pelo risco dos derivativos de grupo de bancos sistêmicos com menor buffer de capital, 1%.
crédito (CDS).
Esta designação obriga o Grupo Santander a cumprir requisitos
adicionais que consistem principalmente em um buffer de capital
(1%), em requisitos de TLAC (recursos com capacidade de absorção
de perdas) na exigência de publicar informação relevante com maior
frequência que outros bancos, em maiores exigências regulatórias
para os órgãos de controle interno, em uma supervisão especial e na
exigência de relatórios especiais a apresentar a seus supervisores.

O cumprimento desses requisitos concede ao Grupo Santander


maior solidez que seus concorrentes domésticos.

Para mais informações, consultar o Relatório com relevância


prudencial (Pilar III).

270 RELATÓRIO ANUAL 2016


» D.8.4. Capital econômico Os detalhes da base de capital econômico disponível são os
seguintes:
O capital econômico é o capital necessário, de acordo com um
modelo desenvolvido internamente, para suportar todos os riscos de
Milhões de euros
atividade com um nível de solvência determinado. No nosso caso, o
nível de solvência é determinado pelo rating objetivo a longo prazo Dez 16 Dez 15
de ‘A’ (dois níveis acima do rating da Espanha), o que representa Capital líquido e prêmios de emissão 52.196 52.004
aplicar um nível de confiança de 99,95% (superior aos 99,90%
Reservas e lucros retidos 52.967 49.673
regulatórios) para calcular o capital necessário.
Ajustes de avaliação (16.116) (15.448)
O modelo de capital econômico do Grupo Santander inclui em Não Controladores 6.784 6.148
sua medição todos os riscos significativos em que o Grupo incorre
Base de capital econômica disponível 95.831 92.377
em sua operação, pelo que considera riscos como concentração,
interesse estrutural, negócios, pensões e outros que estão fora do Capital econômico requerido 72.632 71.444
âmbito do denominado Pilar I regulatório. Além disso, o capital Excesso de capital 23.199 20.933
econômico incorpora o efeito diversificação que, no caso do
Grupo Santander, resulta essencial, pela natureza multinacional e
multinegócios de sua atividade, para determinar o perfil global de A principal diferença quanto ao CET1 regulatório tem origem no
risco e solvência. tratamento do ágio, outros intangíveis e DTAs, que consideramos
como um requisito a mais de capital e não uma dedução do capital
O capital econômico constitui uma ferramenta fundamental para a disponível.
gestão interna e o desenvolvimento da estratégia do Grupo, tanto do
ponto de vista de avaliação da solvência, como de gestão do risco das Apresentamos a distribuição das necessidades de capital econômico
carteiras e dos negócios. por tipo de risco em dezembro de 2015 no gráfico a seguir:

Do ponto de vista da solvência, o Grupo utiliza, no contexto do Milhões de euros


Pilar II de Basileia, seu modelo econômico para o processo de
autoavaliação de capital (PAC ou ICAAP em inglês). Para isso, são Ativos tangíveis
planejadas a evolução do negócio e as necessidades de capital em 2% Outros
9% Crédito Crédito 28.278
um cenário central e em cenários alternativos de estresse. Neste Negócio
4% 39% Ágio
planejamento, o Grupo garante que cumpre seus objetivos de Operacional
solvência, inclusive em cenários econômicos adversos. chile 5% 18.794
Juros (ALM) Mercado 7.666
Além disso, as métricas derivadas do capital econômico permitem a 4% Juros (ALM) 3.179
avaliação de objetivos de rentabilidade-risco, fixação de preços das Operacional 3.382
operações em função do risco, avaliação da viabilidade econômica de Negócio 3.118
Mercado
projetos, unidades ou linhas de negócios, com o objetivo último de 11% Ativos tangíveis 1.653
maximizar a geração de valor para o acionista. Outros 6.562
TOTAL CAPITAL
Ágio ECONÔMICO 72.632
Como medida homogênea de risco, o capital econômico permite 26%
explicar a distribuição de risco em todo o Grupo, colocando em uma
métrica comparável atividades e tipos de risco diferentes.

O requisito para capital econômico em dezembro de 2016 chegou


a 72.632 milhões de euros que, comparado com a base de capital
econômico disponível de 95.831 milhões, implica a existência de um
superávit de capital de 23.199 milhões.

RELATÓRIO ANUAL 2016 271


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de capital

A tabela a seguir reflete a distribuição do capital econômico por


regiões e tipos de risco em dezembro de de 2016:

Grupo Santander
Total requisitos: 72.632
Cifras em milhões de euros

Atividade. Corporativas Europa Continental Reino Unido América Latina Estados Unidos
26.561 18.129 7.524 13.121 7.297

Todos os riscos: Todos os riscos: Todos os riscos: Todos os riscos: Todos os riscos:
Ágio:71% Crédito:58% Crédito:59% Crédito:61% Crédito:66%
Mercado:18% Mercado:11% Pensões:22% Juros:11% Operacional:8%
DTAs:9% Operacional:8% Operacional:8% Negócio:9% Ativos tangíveis: 8%
Outros:2% Juros:7% Negócio:5% Operacional:7% Intangíveis:7%
Outros:16% Outros:6% Outros:12% Negócio:5%
Outros:6%

A distribuição do capital econômico entre as principais áreas de Além disso, o Grupo avalia de forma periódica o nível e a evolução
negócio reflete o caráter diversificado da atividade e risco do Grupo. da criação de valor (CV) e a rentabilidade ajustada a risco (RORAC)
do Grupo e de suas principais unidades de negócio. A CV é o
A Europa continental representa 39% do capital, a América Latina lucro gerado acima do custo do capital econômico (CE) empregado, e
incluindo o Brasil 28%, Reino Unido 17% e Estados Unidos 16%. é calculada de acordo com a seguinte fórmula:

Fora das áreas operacionais, o centro corporativo assume, Criação de Valor = Lucro recorrente – (capital econômico médio x
principalmente, o risco pelos ágios e o risco derivado da exposição custo de capital).
ao risco de câmbio estrutural (risco decorrente da manutenção de
participações em subsidiárias no exterior denominadas em moedas O lucro utilizado é obtido realizando no resultado contábil os ajustes
diferentes do euro). necessários para obter unicamente aquele resultado recorrente que
cada unidade obtém no exercício de sua atividade.
O benefício da diversificação contemplado no modelo de capital
econômico, incluindo tanto a diversificação intra-riscos (equivalente A taxa mínima de rentabilidade sobre o capital que uma operação
à regional) como inter-riscos, totaliza aproximadamente 30%. deve alcançar é determinada pelo custo de capital, que é a
remuneração mínima exigida por seus acionistas. Para esse cálculo,
RoRAC e criação de valor acrescenta-se o prêmio que o acionista exige por investir no Grupo à
O Grupo Santander utiliza a metodologia RoRAC em sua gestão do rentabilidade livre de risco. Esse prêmio dependerá essencialmente
risco desde 1993, com as seguintes finalidades: da maior ou menor volatilidade na cotação das ações do Banco
Santander com relação à evolução do mercado. O custo de capital do
• Cálculo do consumo de capital econômico e retorno sobre este das Grupo para 2016 do Grupo foi de 9,37% (em comparação a 9,31% do
unidades de negócio do Grupo, assim como de segmentos, carteiras ano anterior).
ou clientes, com o objetivo de facilitar uma designação ótima do
capital. Na gestão interna do Grupo, além de revisar anualmente o custo do
capital, também é estimado um custo de capital para cada unidade
• Medição da gestão das unidades do Grupo, mediante o de negócio, considerando as características específicas de cada
acompanhamento orçamentário do consumo de capital e RoRAC. mercado, sob a filosofia de subsidiárias autônomas em capital e
liquidez, para avaliar se cada negócio é capaz de geral valor de forma
• Análise e fixação de preços no processo de tomada de decisões individual.
sobre operações (admissão) e clientes (acompanhamento).
Se uma operação ou carteira obtém uma rentabilidade positiva,
A metodologia RoRAC permite comparar, sobre bases homogêneas, estará contribuindo para os lucros do Grupo, mas somente estará
o rendimento de operações, clientes, carteiras e negócios, criando valor para o acionista quando essa rentabilidade superar o
identificando aqueles que obtêm uma rentabilidade ajustada a risco custo do capital.
superior ao custo de capital do Grupo, alinhando assim a gestão do
risco e do negócio com a intenção de maximizar a criação de valor,
objetivo último da alta administração do Grupo.

272 RELATÓRIO ANUAL 2016


O quadro a seguir apresenta o detalhamento de criação de valor e O objetivo último dos exercícios de estresse de capital consiste
RoRAC em dezembro de 2016 para as principais áreas de negócio do em realizar uma avaliação completa dos riscos e da solvência das
Grupo: entidades que permita determinar possíveis exigências de capital,
caso sejam necessárias, quando as entidades descumprirem os
objetivos de capital definidos, tanto regulatórios como internos.
Dez 16 Dez 15
Segmentos Criação Criação Internamente, o Grupo Santander tem definido um processo de
principais RoRAC de valor RoRAC de valor
estresse e planejamento de capital não apenas para dar resposta
Europa continental 17,3% 1.426 13,9% 883 aos diferentes exercícios regulatórios, mas também como uma
Reino Unido 20,2% 825 22,5% 1.065 ferramenta-chave integrada na gestão e na estratégia do banco.
América Latina 33,1% 2.879 33,8% 2.746
O processo interno de estresse e planejamento de capital tem
Estados Unidos 9,2% (13) 13,4% 308 como objetivo assegurar a suficiência de capital atual e futura,
Total unidades inclusive perante cenários econômicos adversos, embora plausíveis.
de negócio 20,7% 5.117 20,2% 5.001 Para isso, a partir da situação inicial do Grupo (definida por suas
demonstrações financeiras, sua base de capital, seus parâmetros
de risco e seus índices regulatórios), são estimados os resultados
previstos da entidade para distintos ambientes de negócios
» D.8.5. Planejamento de capital (incluindo recessões severas, além de ambientes macroeconômicos
e exercícios de estresse normais), e são obtidos os índices de solvência do Grupo projetados
em um período habitualmente de três anos.
Os exercícios de estresse de capital constituem uma ferramenta
essencial na avaliação dinâmica dos riscos e da solvência das O processo implementado oferece uma visão integral do capital
entidades bancárias. Trata-se de uma avaliação futura, baseada em do Grupo para o horizonte de tempo analisado e em cada um dos
cenários tanto macroeconômicos como idiossincráticos que sejam cenários definidos. Incorpora na análise as métricas de capital
de baixa probabilidade, mas plausíveis. Para isso, é necessário contar regulatório, capital econômico e capital disponível.
com modelos de planejamento robustos, capazes de transferir os
efeitos definidos nos cenários projetados, aos diferentes elementos
que influem na solvência da entidade.

A estrutura do processo em vigor está demonstrada no gráfico a seguir:

1
Cenários C
 entral e de recessão
macroeconômicos Idiossincráticos: baseados em riscos específicos da Entidade
H
 orizonte multianual

2
Projeção de balanço P
 rojeção de volumes. Estratégia de negócio
e demonstração de resultados Margens e custo de financiamento
C omissões e gastos operacionais
S hocks de mercado e perdas operacionais
P erdas de crédito e provisões. Modelos de PD e LGD PIT

3
Projeção de C
 onsistentes com o balanço projetado
requisitos de capital P
 arâmetros de risco (PD, LGD e EAD)

4
Análise de solvência B ase de capital disponível. Lucro e dividendos
I mpactos normativos e regulatórios
Í ndices de capital e solvência
C umprimento dos objetivos de capital

5
Plano de ação N
 o caso de descumprimento de objetivos internos ou requisitos regulatórios

RELATÓRIO ANUAL 2016 273


5. Relatório de gestão do risco  » Perfil de risco > Risco de capital

A estrutura apresentada facilita que objetivo final almejado pelo Desde a crise econômica de 2008, o Grupo Santander foi
planejamento de capital seja alcançado, tornando-se um elemento de submetido a seis testes de resistência (exercícios de estresse) em
importância estratégica para o Grupo que: que demonstrou sua solidez e sua solvência perante os cenários
macroeconômicos mais extremos e severos. Em todos, fica refletido
• Garante a solvência do capital, atual e futura, mesmo diante de que, graças principalmente ao modelo de negócios e à diversificação
cenários econômicos adversos. geográfica existente no Grupo, o Banco Santander continuaria
gerando lucro para seus acionistas e cumprindo os requisitos
• Permite a gestão total do capital e inclui uma análise de impactos regulatórios mais rigorosos.
específicos, facilitando sua integração no planejamento estratégico
do Grupo. Neste sentido, em julho de 2016, a EBA publicou os resultados dos
testes de resistência a que se submeteram os 51 principais bancos da
• Permite melhorar a eficiência no uso de capital. União Europeia. Diferente do exercício de 2014, não se estabeleceu
um nível mínimo de capital, utilizando os respectivos resultados
• Apoia o planejamento da estratégia de gestão de capital do Grupo. como uma variável a mais para que o BCE determine os requisitos
mínimos de capital para cada um dos bancos (conforme o Supervisory
• Facilita a comunicação com o mercado e órgãos supervisores. Review and Evaluation Process – SREP). Apesar de partir de um
cenário adverso mais exigente que em exercícios anteriores, e com
Adicionalmente, todo o processo se desenvolve com o envolvimento pressupostos mais penalizadores em relação ao risco operacional,
máximo da alta administração e sua estreita supervisão, e em risco de conduta e de mercado, o Grupo Santander foi o banco que
conformidade com um marco que assegura que a governança seja menos capital destruiu entre os comparáveis (ver mais detalhes na
idônea e que todos os elementos que o configuram estejam sujeitos a seção C, Ambiente e próximos desafios, quadro 1).
níveis adequados de questionamento, revisão e análise.
Como comentamos anteriormente, além dos exercícios de estresse
Um dos elementos-chave para os exercícios de planejamento de regulatórios, o Grupo Santander realiza anualmente, desde 2008,
capital e análise de estresse, devido à sua especial relevância na exercícios internos de resistência, dentro do seu processo de
projeção da demonstração do resultado sob os cenários adversos autoavaliação de capital (Pilar II). Em todos eles, ficou demostrada,
definidos, consiste no cálculo das provisões necessárias de acordo da mesma forma, a capacidade do Grupo Santander para enfrentar
com esses cenários, principalmente para cobrir as perdas das os cenários más difíceis, tanto em nível global, como nas principais
carteiras de crédito. Especificamente, para o cálculo das provisões regiões em que está presente.
por insolvências da carteira de crédito, o Grupo Santander utiliza
uma metodologia que garante, a qualquer momento, um nível de
provisões que cobre todas as perdas de crédito projetadas a partir de
seus modelos internos de perda esperada, com base nos parâmetros
de exposição a default (EAD), probabilidade de default (PD) e
severidade ou perda, uma vez que tenha ocorrido o default (LGD).

Essa metodologia é amplamente aceita e é semelhante à utilizada em


exercícios de estresse da Autoridade Bancária Europeia de 2016, bem
como nos anteriores de 2011 e 2014, ou no teste de resistência do
setor bancário espanhol em 2012.

Finalmente, o processo de planejamento de capital e análise de


estresse termina com a análise de solvência sob diferentes cenários
projetados e ao longo do horizonte de tempo definido, com o
objetivo de avaliar a suficiência de capital e garantir que o Grupo
cumpre os objetivos de capital definidos internamente e todos os
requisitos regulatórios.

Se os objetivos de capital fixados não forem cumpridos, será definido


um plano de ação que contemple as medidas necessárias para poder
alcançar os mínimos de capital desejados. Essas medidas serão
analisadas e quantificadas como parte dos exercícios internos, ainda
que não seja necessário colocá-las em prática ao superar os limiares
mínimos de capital.

Cabe ressaltar que este processo interno de estresse e planejamento


de capital é realizado de forma transversal em todo o Grupo Santander,
não apenas em nível consolidado, mas também de forma local nas
diferentes unidades que formam o Grupo e que utilizam o processo de
estresse e planejamento de capital como ferramenta interna de gestão
e para dar resposta a seus requisitos regulatórios locais.

274 RELATÓRIO ANUAL 2016


Anexo: Transparência EDTF
O Banco Santander vem mantendo um compromisso claro com EDTF em outubro de 2012 coincidem em destacar o Santander como
a transparência. Por conta disso, tem participado ativamente no uma das instituições que estão na liderança em termos de aplicação
grupo de trabalho Enhanced Disclosure Task Force (EDTF), promovido prática dessa iniciativa em nível mundial.
pelo Financial Stability Board (FSB), com a finalidade de melhorar a
qualidade e a comparabilidade das informações de riscos divulgadas Apresentamos a seguir uma tabela com a localização das
ao mercado pelas instituições financeiras. Vários estudos que recomendações do EDTF para as informações publicadas pelo Grupo
analisaram o nível de adoção das 32 recomendações elaboradas pelo Santander.

Relatório
de auditoria
e demonstrações
Recomendações EDTF Relatório anual* anuais* IRP (Pilar III)*
1 Índice com informação riscos Resumo executivo Anexo V; Anexo VI; 1.2.4
B.1.; D.1.5.; Nota 54b; 54c; Anexo IV --> Web
2 Terminologia e medidas de risco
Gerais D.2.1.-D.2.4.; D.3.1. 54d; 54e corporativa.
3 Principais riscos e emergentes C 3
4 Novos índices regulatórios e planes de conformidade D.1.; D.3.; D.8. Nota 54c; 54e; 54j 1;2.1;2.2.2.2;7.1
5 Organização da gestão de riscos, processos e funções B; D.3.1. Nota 54b; 54e 3;2.1.1;2.1.2;2.1.3
Governança
de riscos, 6 Cultura de risco e medidas internas A; B.4. Nota 54a; 54b 3
gestão de 7 Riscos do modelo de negócio, gestão e apetite por risco B; D.8. Nota 54b; 54j 3;7.2
riscos e
modelo de B.3.1.-B.3.3.; D.1.5.;
negócio Nota 54b; 54c:
8 Usos e processos de teste de estresse D.2.2.-D.2.3.; 54d; 54e; 54j
D.3.1.; D.8.5. 2.3.2
Resumo
9 Requisitos mínimos de capital (Pilar I) D.8. Nota 54j executivo;2.2.1;2.2.2;2.2.3
1.2.7;2.2.1;Anexo
10 Componentes do capital regulatório e conciliação com o balanço III.a e III.c
2.2;2.2.1;Anexo
11 Detalhamento de movimentações no capital regulatório III.b; Anexo III.c
Capital
e ativos 12 Planejamento de capital D.8.5. Nota 54j 2.3.2
ponderados 13 Atividades de negócio e ativos ponderados por risco D.8. Nota 54j 2.2.2
por risco
14 Requisitos de capital por método de cálculo e carteira 2.2;2.2.2;3.4
15 Risco de crédito por carteiras 2.2.2.1.1;3.2-3.4
Resumo executivo;
16 Fluxos de ativos ponderados por tipo de risco 2.2.2.1;2.2.2.3;2.2.2.4
17 Back-Testing de modelos (Pilar III) 3.7;3.9;5.2.5
Liquidez 18 Necessidades de liquidez, gestão e reserva de liquidez D.3.1.; D.3.2. Nota 54e 7.1
19 Ativos compromissados e não compromissados D.3.2. Nota 54e 7.1

Financiamento 20 Vencimentos contratuais de ativos, D.3.2. Nota 54e


passivos e saldos fora de balanço
21 Plano de financiamento da entidade D.3.2.; D.3.3. Nota 54e 7.1

22 Conciliação balanço com posições de D.2.2. Nota 54d


negociação e não negociação
Risco de 23 Fatores significativos de risco de mercado D.2.1.-D.2.3. Nota 54d 5.1;5.2
mercado
24 Limitações do modelo de medição do risco de mercado D.2.2. Nota 54d 5.2:5.2.6
25 Técnicas de gestão para medir e avaliar o risco de perda D.2.2. Nota 54d 5.2.1;5.2.2;5.2.3;5.2.4;5.2.5
26 Perfil de risco de crédito e conciliação com os itens do balanço D.1.2. Nota 54c 3.2
27 Políticas para empréstimos depreciados e reestruturados D.1.2. Nota 54c
Risco de 28 Conciliação do saldo depreciado e provisões para insolvências D.1.2. Nota 54c 3.2
crédito
29 Risco de contrapartida resultante das operações com derivativos D.1.4. Nota 54c 3.10
30 Mitigação do risco de crédito D.1.5. Nota 54c 3.11
31 Outros riscos D.4.; D.6.; D.7. Nota 54f; 54h; 54i 6;7
Outros riscos
32 Discussão de eventos de risco de domínio público D.5. Nota 54g 7.2

RELATÓRIO ANUAL 2016 275

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