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A estrutura da relação do bebé com a mãe:

Historicamente, a atenção prestada à criança, enquanto indivíduo com características próprias,


distintas do adulto, bem como ao seu desenvolvimento social, foi mínima.

Contrariando aquela que vinha a ser a tendência até então, alguns investigadores começaram, na
primeira metade do século XX, a interessar-se pelas questões ligadas à infância e ao
desenvolvimento da criança. Em particular, nas primeiras décadas do século passado, os aspetos
relacionados com os designados efeitos de institucionalização começaram a ser estudados pelos
especialistas, preocupados com os danos da separação precoce e as consequências da educação de
crianças pequenas em situações de coletividade, isto é, separadas da família.

Apesar destes esforços pioneiros, a primeira teoria consistente acerca da vinculação precoce surgiu
apenas nas décadas de 1950 e 1960 e foi proposta por John Bowlby, psiquiatra e psicanalista
britânico.

John Bowlby (1907-1990)

Curiosidades: Foi o quarto de seis filhos de uma família londrina da


classe média alta, tendo sido criado por amas. Esta experiência
tornou-o particularmente sensível às consequências da privação de
cuidado maternos.

Em 1948, Bowlby foi contratado pela Organização Mundial de Saúde


(OMS) para elaborar um estudo sobre crianças que tinham sofrido
privação de cuidados maternos durante a segunda Guerra Mundial devido à evacuação, destruição
dos lares ou desaparecimento e morte dos seus cuidadores. No relatório que elaborou, Cuidados
Maternos e Saúde Mental (1951), o investigador referia a abundância de factos que demonstravam
as consequências da privação de cuidados maternos:

 Relações afetivas futuras superficiais;


 Ausência de concentração intelectual;
 Incapacidade de se relacionar socialmente com os outros;
 Inexistência de reações emocionais;
 Comportamentos desviantes e delinquência, entre outras.

Anos mais tarde, Bowlby desenvolveu um segundo estudo, desta vez centrado sobre crianças que,
por terem tuberculose, tinham sido sujeitas a internamentos prolongados em meio hospitalar. As
conclusões a que chegou, baseado nos vários estudos realizados, alteraram consideravelmente as
crenças mantidas até então a propósito do papel da primeira relação afetiva.
Bowlby foi alvo de diversas críticas, nomeadamente por ter sobrevalorizado o papel da mãe e
subvalorizado o contributo do pai para as relações afetivas precoces. Apesar das muitas objeções e
das revisões que sofreu ao longo do tempo, a teoria da vinculação de Bowlby, enriquecida com as
experiências de Harry Harlow e de Mary Ainsworth, continua a ser uma das mais abrangentes e
influentes sobre a vinculação precoce.

Esta nova forma de perspetivar a criança e de compreender as suas necessidades de afeto contribuiu
para a alteração profunda de atitudes e comportamentos em relação a primeira infância e também
para a remodelação e humanização de diversas instituições (creches, orfanatos, prisões, hospitais,
etc.).

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