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Contrariando aquela que vinha a ser a tendência até então, alguns investigadores começaram, na
primeira metade do século XX, a interessar-se pelas questões ligadas à infância e ao
desenvolvimento da criança. Em particular, nas primeiras décadas do século passado, os aspetos
relacionados com os designados efeitos de institucionalização começaram a ser estudados pelos
especialistas, preocupados com os danos da separação precoce e as consequências da educação de
crianças pequenas em situações de coletividade, isto é, separadas da família.
Apesar destes esforços pioneiros, a primeira teoria consistente acerca da vinculação precoce surgiu
apenas nas décadas de 1950 e 1960 e foi proposta por John Bowlby, psiquiatra e psicanalista
britânico.
Anos mais tarde, Bowlby desenvolveu um segundo estudo, desta vez centrado sobre crianças que,
por terem tuberculose, tinham sido sujeitas a internamentos prolongados em meio hospitalar. As
conclusões a que chegou, baseado nos vários estudos realizados, alteraram consideravelmente as
crenças mantidas até então a propósito do papel da primeira relação afetiva.
Bowlby foi alvo de diversas críticas, nomeadamente por ter sobrevalorizado o papel da mãe e
subvalorizado o contributo do pai para as relações afetivas precoces. Apesar das muitas objeções e
das revisões que sofreu ao longo do tempo, a teoria da vinculação de Bowlby, enriquecida com as
experiências de Harry Harlow e de Mary Ainsworth, continua a ser uma das mais abrangentes e
influentes sobre a vinculação precoce.
Esta nova forma de perspetivar a criança e de compreender as suas necessidades de afeto contribuiu
para a alteração profunda de atitudes e comportamentos em relação a primeira infância e também
para a remodelação e humanização de diversas instituições (creches, orfanatos, prisões, hospitais,
etc.).