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A psicologia no Brasil:

leitura histórica sobre


sua constituição.

Prof. Dr. Sérgio Domingues


Cap. 2 – A psicologia em
instituições educacionais

P. 63 a 85
O lugar da Psicologia na educação
Ciência básica e experimental para a Pedagogia.

O desenvolvimento da Psicologia aplicada a Educação levou a sua aplicação em


outras áreas como a organização do trabalho e o atendimento clínico em Serviços de
Orientação Infantil.

Influência das ideias positivistas e liberais que desembocam respectivamente numa


perspectiva cientificista e humanista.
O lugar da Psicologia na educação
Os defensores do positivismo estiveram na reforma Benjamim Constant que propôs
a liberdade, a laicidade e a gratuidade do ensino primário, buscando a substituição
da tendência humanista clássica pela tendência cientificista.

Nesse contexto as disciplinas de Filosofia são substituídas pelas de Psicologia e


Lógica.

2/3 da população brasileira em idade escolar permanecia fora da escola primária. Já


o ensino secundário continuo a ser oferecido preferencialmente em rede privada,
com forte caráter propedêutico e aristocrático. Em 1900 = 0,05% no ensino
superior.
Escolanovismo
... a centralidade da criança nas relações de aprendizagem, o respeito às normas
higiênicas na disciplinarização do corpo do aluno e de seus gestos, a cientificidade da
escolarização de saberes e fazeres sociais e a exaltação do ato de observar, de intuir,
na construção do conhecimento do aluno. (Vidal, 2003, p. 497)

O conhecimento, em lugar de ser transmitido pelo professor para memorização,


emergia da relação concreta estabelecida entre os alunos e esses objetos ou fatos,
devendo a escola responsabilizar-se por incorporar um amplo conjunto de
materiais. (VIDAL, 2003, p. 509)

Democracia educacional
Biologia e Educação
O contexto social
Autores importantes no período
Manoel Bomfim: os problemas brasileiros teriam suas raízes na colonização sofrida
pelo país.
A Educação deveria ser um instrumento contra a opressão e não apenas um meio
para superar o atraso econômico em relação a outros países.

Outros autores consideravam o analfabetismo como causa do atraso do país.

No período há um fortalecimento militar e um anticomunismo.


As novas classes dominantes passam a ter interesse no “analfabeto eleitor”.
O lugar da Psicologia na educação
Segundo Carneiro Leão, “A mera alfabetização (...) poderia ser até perigosa, pois
aqueles que até então estavam conformados com suas condições de vida,
alfabetizados, poderiam almejar melhor situação e gerar problemas sociais.”
(ANTUNES, 2007).

Cresce nesse período o interesse por uma educação técnica, que formasse mão de
obra para a nascente indústria.

O ideário escolanovista buscava um “homem novo, esculpido pela educação”.


Reformas educacionais estaduais
Destacam-se autores como Lourenço Filho, Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira.

A Psicologia atua principalmente cuidando do indivíduo e das diferenças individuais


(representada pela Psicologia Diferencial fundada na psicometria), o processo de
desenvolvimento psíquico, a aprendizagem, a dinâmica das relações interpessoais,
personalidade, vocações e aptidões, motivações, etc.

Importantes instituições no período são: Pedagogium, Instituto de Psicologia de


Pernambuco, Escola de aperfeiçoamento de professores de Belo Horizonte e escolas
normais.
Pedagogium
- Dirigido por Manoel Bomfim
- O laboratório foi desenvolvido por ele sob supervisão de Alfred Binet
- Questionava a capacidade de investigações conduzidas no laboratório,
em ambiente controlado, darem conta da complexidade dos fenômenos
psicológicos.
- Natureza social do psiquismo, em sua complexidade e concreticidade
- Criação, em 1938, do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos –
INEP
Instituto de Psicologia de Pernambuco
- Criado em 1925 por Ulysses Pernambucano
- Passa se chamar ISOP, Instituto de Seleção e Orientação Profissional em
1929
- Em 1931 o ISOP é incorporado ao Serviço de Higiene Mental do Hospital
de Alienados de Recife
- Os estudos realizados ali versavam sobre testes psicológicos de nível
mental, aptidão e outros, assim como sua padronização para a realidade
brasileira; vocabulário das crianças; elaboração de testes pedagógicos;
revisão da escala Binet-Simon; técnicas projetivas; padronização do teste de
inteligência de Ballard para seleção dos alunos da escola normal.
Escola de aperfeiçoamento de professores de Belo
Horizonte
- Reforma educacional Francisco Campos em 1927
- Missão francesa em 1928: Leon Walther e Theodore Simon
- Criação da revista do ensino
- Chegada de Helena Antipoff, 1929.
- Pesquisas do laboratório versavam sobre os temas: inteligência; relações entre
produção escolar e meio social da criança; relações entre inteligência e
vocabulário; seleção e orientação profissional; homogeneização das classes
escolares; personalidade e tipos de crianças; memória, aprendizagem e
testemunho; motricidade e fadiga; julgamento moral e social; revisão e
adaptação dos testes de inteligência e aptidão; criação de novos testes.
Escolas normais
- Destaca-se a influência de autores como Simon (autor do primeiro teste de
inteligência juntamente com Binet); Claparède (que desenvolveu estudos sobre a
educação, com destaque para a Lei do Interesse); Helena Antipoff, Piéron e Leon
Walther (com contribuições para o estudo do comportamento e de psicotécnica) e
Kohler (teoria da Gestalt).
- 1928: os cursos normais passam a ter obrigatoriamente as disciplinas de Psicologia
junto com Pedagogia, História da Educação, Didática, Sociologia, Higiene e
Puricultura.
- Destacam-se as Escolas Normais de Salvador (Isaias Alves); do Rio de Janeiro
(Manoel Bomfim); de Fortaleza (Lourenço Filho), com destaque para a utilização
dos testes psicológicas para a organização racional da educação.
Escola Normal de São Paulo
- O laboratório de Psicologia dirigido por Noemi Rudolfer foi incorporado a
cátedra de Psicologia da Universidade de São Paulo em 1934. Dois anos depois
Noemi Rudolfer foi nomeada catedrática de Psicologia Educacional da USP.
- Sampaio Dória assumiu a cátedra de Pedagogia e Psicologia ensinando autores
como Stuart Mill (ética pragmatista) e William James (funcionalista americano)
e Alfred Binet (testes de QI). Foi sucedido por Lourenço Filho em 1925.
- Inicialmente esse laboratório foi dirigido pelo italiano Ugo Pizzoli (autor do
livro Laboratório de Pedagogia Experimental). Nesse laboratório se realizava
exames antropométricos e sensoriais; atenção, tempo de reação, imaginação,
associações, perspicácia intelectual, movimento, memória, raciocínio, etc.
Psicologia nas obras pedagógicas e psicológicas
- Traduções de autores estrangeiros: Claparède, Binet-Simon, Pièron, Léon
Walther (biblioteca de educação criada em 1927, dirigida por Loreunço Filho,
da editora Melhoramentos).
- Obras pedagógicas de autores brasileiros.
- Obras de Psicologia de autores brasileiros como Clemente Qualio, Manoel
Bomfim, Medeiros de Albuquerque, Sampaio Dória, Lourenço Filho, Isaias
Alves, Waclaw Radeki (que foi o diretor do laboratório de Psicologia da
Colônia de Psicopatas do Engenho de Dentro), Maurício Campos de Medeiros,
Silvio Rabelo e Plínio Olinto.
Referências bibliográficas

⬗ ANTUNES, M. A M. A psicologia no Brasil: leitura histórica sobre sua


constituição. São Paulo: EDUC, 1999.
⬗ SAVIANI, Dermeval. O legado educacional do “longo século XX” brasileiro. In:
SAVIANI, Dermeval ( et. al.). O legado educacional do século XX no
Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2004.
⬗ VIDAL, Diana Gonçalves. Escola Nova e processo educativo. In: LOPES,
Eliane Marta, FIGUEIREDO, Luciano e GREIVAS, Cynthia (orgs.). 500 anos de
educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 3ª. Ed., 2003.

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