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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

CENTRO DE EDUCAÇÃO – CE
Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação – DFPE
Disciplina de Fundamentos da Psicologia Educacional (FPE0681)

Docente: Profª. Dra. Danielle Oliveira da Nóbrega


Discente: Maria Clara Valença Nasário Mendes

Linha do Tempo da Psicologia Educacional no Brasil

SÍNTESE INTRODUTÓRIA

O estudo da psicologia no campo educacional está intrinsecamente relacionado


ao amadurecimento de ambos os campos científicos – psicologia e educação. Segundo
Guzzo (2010, p. 131) a relação entre psicologia e educação, apesar de antiga, é
consolidada por teoria e prática, ou seja, é preciso discutir essa perspectiva e essa
consolidação, não só para aprofundar o conhecimento obtido pela união dos dois
campos, mas também para estabelecer avanços através dessa junção. Portanto, de
acordo com Antunes (2011, p. 9), é preciso compreender as articulações entre a história
da psicologia e a história da educação desde Antiguidade. Desse modo, a análise da
perspectiva histórica da psicologia educacional no Brasil se faz necessária à formação
do futuro docente, já que essa permite com que o futuro docente possa ampliar sua visão
da formação acadêmica e da prática docente. Corrobora essa ideia Guimarães (2002, p.
17) ao afirmar que os conhecimentos da Psicologia Educacional são parte integrante dos
fundamentos da Educação, logo sendo indispensáveis para a formação do futuro
professor.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
 Grécia Antiga – Os primeiros filósofos e suas escolas de abordagem
o Protágoras e os Sofistas, Platão e a Academia, etc..
 O pensamento medieval – a articulação entre a teologia, filosofia e idéias
psicológicas
 Modernidade – ampliando o espectro de análise
o A relação entre psicologia e educação acompanhando a própria história do
pensamento humano e tornando-se complexo campo de estudo (ANTUNES, 2011, p. 9)
A PSICOLOGIA EDUCACIONAL NO BRASIL

 Os saberes psicológicos permaneceram desconhecidos até os estudos de Marina


Massimi;
 Obras falam da educação articulada ao fenômeno psicológico;
 Prêmios e castigos como forma de controle do comportamento do aluno;
 Empirismo como base do entendimento da aprendizagem – aprender através da
experiência;
 Educação Feminina era um tema abordado pelos autores, porém apenas para
Pré – Institucional justificar as misoginias da sociedade portuguesa. Entretanto, alguns autores como
(Período Colonial) Feliciano de Souza Nunes e Azeredo Coutinho defendiam a educação feminina;
 Educação Indígena – também era um tema abordado, mas refletindo os
preconceitos da metrópole diante dos nativos da colônia – a educação deveria
apenas tratar da “moral” e da religião indígena para que esses deixassem de lado
suas próprias culturas. Ainda assim, alguns autores eram contrários a forma como
aculturação indígena era tratada pela metrópole;
 As obras estudadas foram todas impressas em Portugal (proibição de impressão
de textos na colônia), escritas por nobres e pessoas de classes dominantes (como o
clero), o que revela um interesse pessoal dos colonos que, apesar de dominarem
aqui no Brasil, eram dominados pela Coroa Portuguesa.

 As mais importantes fontes de estudo sobre a psicologia educacional nesse


período são as instituições de ensino superior, secundário e de ensino normal;
 Nas faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro são encontrados
estudos de alunos onde o fenômeno psicológico é relacionado com o assunto
educacional;
 As escolas eram vistas como objetos de saneamento físico e moral, tendo
como base projetos higienistas, tendo foco na formação moral do aluno e a
normatização do comportamento escolar;
 As escolas normais trazem, pela preocupação com a metodologia de ensino, as
primeiras contribuições sobre a aprendizagem e o desenvolvimento da criança
no ambiente escolar. As ideias produzidas nas escolas normais já se Institucional
aproximavam do conceito atual de Psicologia Educacional; (Séc. XIX)
 No final do século aparecem as cadeiras de Psicologia para fins de formação
docente. Autores como Locke, Rousseau e Herbart são estudados no âmbito da
Filosofia;
 As discussões sobre o uso de recompensas e castigos, além das discussões
sobre o desenvolvimento psicológico continuam sendo preocupações no estudo
da aprendizagem com teor psicológico;
 Com a instalação da Corte Portuguesa no Brasil, a preocupação com a
educação aumenta, mas os níveis de analfabetismo permanecem alarmantes até o
século XX, já que a educação era destinada às camadas dominantes. Entretanto,
a produção de ideias nesse período gerou as bases para que os saberes
psicológicos fossem incorporados à forma de pensar educação no Brasil;
 O avanço dos estudos de Psicologia na Europa e nos EUA é fundamental para
fundamentação dessas bases, já que muitos brasileiros traziam esses
conhecimentos ao frequentar escolas estrangeiras;
 Os movimentos pela modernização do país também são essenciais para
investimentos tanto na educação quanto no estudo da Psicologia como ciência
autônoma.
 Neste momento muito do que foi produzido no Brasil em Psicologia no Brasil
era o interior de outras áreas de conhecimento, mas também houve a introdução
da Psicologia como ciência autônoma, vinda da Europa e dos EUA;
 Surgimento do escolanovismo e das Reformas Estaduais de Ensino da década
de 20, além do incremento do ensino das escolas normais;
 Em 1890 é criado o Pedagogium, centro de desenvolvimento e inovação
educacional onde foi instalado o primeiro laboratório de Psicologia do Brasil,
onde as ideias de Manoel Bonfim foram as pioneiras nos processos de
entendimento da Psicologia Educacional no país, ainda que na época não tenham
sido levadas em consideração;
 A pedagogia escolanovista coloca a Psicologia como um de seus fundamentos,
a partir de estudos sobre o desenvolvimento do aluno, a relação aluno/professor,
acrescentando testes psicológicos e pedagógicos. Sendo assim, as escolas
normais foram o lugar onde se ensinava Psicologia, fazendo com que essas
escolas se tornassem as bases para os cursos de Pedagogia em nível superior,
posteriores a elas;
 Psicólogos educacionais estrangeiros vêm para o Brasil ministrar cursos,
trazendo o que havia de mais recente na área;
Autonomização
(1890 – 1930)  Ulisses Pernambucano cria em 1925, o Instituto de Psicologia do Pernambuco,
onde professoras normalistas, através de testes psicológicos e pedagógicos,
desenvolvem vários estudos na área da psicologia educacional. É criada também
a primeira escola para crianças com deficiência educacional – até então o ensino
para essas crianças era desencorajado;
 Foi criada em Minas Gerais a Escola de Aperfeiçoamento de Professores de
Belo Horizonte, fonte de produção importante para a Psicologia Educacional no
país;
 Helena Antipoff, diretora da Escola de Aperfeiçoamento de Professores de
Belo Horizonte, é pioneira na identificação dos efeitos socioeconômico-culturais
nos resultados educacionais;
 Isaias Alves é um dos pioneiros na difusão, revisão, aplicação e adaptação dos
testes psicológicos para a realidade escolar brasileira, construindo também
diversos conhecimentos sobre o desenvolvimento da criança;
 A Escola Normal de São Paulo se torna importante para o desenvolvimento da
Psicologia no Brasil, através da produção de seu laboratório, dos cursos
ministrados por psicólogos estrangeiros e sendo base para a cátedra de
Psicologia Educacional da Seção de Pedagogia da Faculdade de Filosofia,
Ciência e Letras da USP;
 A Psicologia como ciência autônoma tem seu desenvolvimento potencializado
pela conjuntura política brasileira, apesar de alguns teóricos não compartilharem
do pensamento liberal da política brasileira.
 A Psicologia se consolida como área de conhecimento e prática;
 O ensino de Psicologia continuou nas escolas normais como conhecimento de
base, o que forjou as bases das cátedras de Psicologia Educacional nos cursos de
Pedagogia;
 Destacam-se, na área do ensino de Psicologia, as instituições como a PUCSP,a
FFCL São Bento e o Instituto Sedes Sapientiae, a Universidade do Brasil no Rio
de Janeiro, entre outras;
 A pesquisa também se desenvolve, sendo fator crucial para isso a criação de
periódicos de Psicologia e Educação, que divulgavam a Psicologia Educacional.
A prática da Psicologia se estabelece, sempre mantendo seu substrato com a
Educação;
 A orientação educacional, baseada teoricamente na Psicologia, forma as bases
Consolidação
para a Psicologia do Trabalho, assim como muitos psicólogos – educadores
(1930 – 1962)
foram cruciais para o desenvolvimento dessa área;
 A Psicologia também serve como base para a didática e a metodologia de
ensino, ensinadas tanto nas faculdades de Pedagogia, quanto nos cursos normais;
 A importância do entendimento da Psicologia no campo educacional se
consolida, já que a Psicologia se torna a base teórica da Educação e a Educação
é responsável por desenvolver a Psicologia como ciência, ainda que não sem
críticas, sendo muitas dessas críticas só compreendidas muitos anos depois;
 Entretanto a Pedagogia sofre, nesse período, de psicologismo, ou seja, a
redução do processo educacional a apenas uma das suas dimensões, o que gerou
uma tendência a responsabilizar apenas o aluno pelas dificuldades do processo
de aprendizagem, não relacionando com estes disposições psicológicas, relações
familiares deficientes, fatores culturais e sociais, etc. A rotulação dos alunos,
além da tendência de diagnosticar problemas socioculturais como problemas de
aprendizagem, também foram um dos problemas desse período;
 A construção, por parte de teóricos como Pernambucano e Antipoff de uma
educação voltada aos interesses da maioria da população, indo na contramão do
momento histórico onde a educação era privilégio de uma maioria, também é
salutar.

 A profissão de Psicólogo é reconhecida em 1962, assim como o estabelecimento


do currículo dos cursos de Psicologia e dos Conselhos Regionais de Psicologia;
 Apesar desse avanço, em 1964 se instaura a Ditadura Militar no Brasil, e a
repressão do regime estabelece as bases curriculares da educação, retirando a
Psicologia do currículo escolar, além de permitir a criação de faculdades de
Psicologia privadas, criando muitos profissionais com formação ineficiente e
Profissionalização (1962 inadequada;
em diante)  Os campos de atuação do psicólogo se resumiam à clínica, trabalho e escola;
ensino e pesquisa estavam estagnados a esses campos. A clínica se torna então o
campo preferido dos psicólogos do período;
 A Psicologia e a Educação entram em choque – os educadores criticam o
psicologismo e os psicólogos criticam a Psicologia Escolar através de uma
perspectiva clínica. Contudo, o trabalho de Maria Helena Patto é um marco por
mostrar que as dificuldades de aprendizagem não existem apenas por fatores
inerentes ao aluno, mas também por uma série de fatores extraescolares;
 A Psicologia, nos dias atuais, surge como transformadora da Educação,
principalmente no âmbito da escola pública, trabalhando com outros profissionais
da educação, socializando conhecimentos psicológicos de base teórica para
mediar a prática educacional e contribuindo para a transformação do processo de
escolarização em vários segmentos, seja da educação formal ou informal,
rompendo com vários ciclos de reclusão e exclusão, como o EJA, a educação para
portadores de necessidades especiais, entre outros.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Mitsuko Aparecida Makino. Psicologia Educacional no Brasil: uma análise
histórica. In: AZZI, Roberta Gurgel; GIANFALDONI, Mônica Helena Tieppo Alves
(Org.). Psicologia e Educação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.

GUZZO, Raquel SL et al. Psicologia e Educação no Brasil: uma visão da história e


possibilidades nessa relação. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 26, p. 131-141, 2010.

GUIMARÃES, Sueli Édi Rufini; BZUNECK, José Aloyseo; SANCHES, Samuel Fabre.
Psicologia educacional nos cursos de licenciatura: a motivação dos estudantes.
Psicologia Escolar e Educacional, v. 6, p. 11-19, 2002.

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